Atividade econômica no Brasil recua 0,18% em maio, aponta BC
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira teve contração em maio de acordo com dados de atividade do Banco Central, ampliando a fraqueza já vista no início do segundo trimestre em meio ao cenário de baixa confiança e inflação e juros elevados.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,18 por cento em maio na comparação com abril, segundo números dessazonalizados divulgados nesta quinta-feira, reforçando as expectativas de que a economia deve ter recuado no trimestre passado e eventual recessão técnica.
O indicador já havia mostrado fraqueza em abril e o cenário ficou ainda pior com a revisão para baixo a uma alta de 0,05 por cento, ante avanço de 0,12 por cento divulgado anteriormente pelo BC para aquele mês.
"O IBC-Br de maio corrobora nosso cenário de um fraco crescimento do PIB no segundo trimestre", afirmou a equipe de economistas do Santander por meio de nota, mantendo a projeção de recuo de 0,3 por cento do PIB no período.
Pesquisa da Reuters com especialistas apontava expectativa de queda mensal de 0,50 por cento no IBC-Br em maio.
Na comparação com maio de 2013, o IBC-Br avançou 0,38 por cento e acumula em 12 meses alta de 1,95 por cento, ainda segundo dados dessazonalizados.
Neste ano, em que a presidente Dilma Rousseff tenta a reeleição, a economia brasileira vem perdendo força, após crescimento de apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre sobre os últimos três meses do ano passado. Em 2013, o PIB brasileiro cresceu 2,5 por cento e, neste ano, as expectativas dos especialistas é de que o avanço desacelere para algo em torno de 1 por cento.
Um dos maiores pesos é a indústria, cuja produção em maio recuou 0,6 por cento, no terceiro mês seguido de perdas. O próprio BC vê contração de 0,4 por cento do setor este ano, enquanto economistas na pesquisa Focus projetam retração ainda pior, de 0,9 por cento
Soma-se a isso a fraqueza das vendas no varejo, num momento em que o consumidor enfrenta inflação elevada, com o IPCA em 12 meses estourando o teto da meta do governo em junho, e pelos juros altos, com a Selic a 11 por cento.
"No geral, um crescimento muito fraco e persistente inflação acima de 6 por cento estão prendendo a economia em um cenário de estagflação", avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.
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