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terça-feira, 21 de julho de 2015

Justiça condena executivos da Camargo Corrêa e PF indicia Marcelo Odebrecht

Justiça condena executivos da Camargo Corrêa e PF indicia Marcelo Odebrecht

segunda-feira, 20 de julho de 2015

 Prédio da construtora Odebrecht, em São Paulo. 19/06/2015 REUTERS/Rodrigo Paiva

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Executivos ligados a duas das maiores empreiteiras do país, investigadas pela operação Lava Jato, sofreram reveses nesta segunda-feira, com o indiciamento de Marcelo Odebrecht e outros executivos ligados à construtora controlada por sua família e a condenação de pessoas ligadas à construtora Camargo Corrêa.

Marcelo Odebrecht, que exercia o cargo de presidente-executivo da Odebrecht antes de ter sua prisão preventiva decretada, e outras sete pessoas, entre elas quatro executivos ligados à construtora, foram indiciados pela Polícia Federal por corrupção, fraude, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem econômica e organização criminosa.

Horas antes do indiciamento dos executivos do Odebrecht, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, condenou três executivos ligados à Camargo Corrêa por corrupção ativa e organização criminosa, na primeira condenação de executivos de empreiteiras investigadas na Lava Jato. Dois desses executivos também foram condenados por lavagem de dinheiro.

A Polícia Federal indiciou, além de Marcelo Odebrecht, os executivos Rogério Santos de Araújo, Alexandrino Alencar, Márcio Farias da Silva e César Ramos Rocha.

O relatório enviado pela PF à Justiça aponta envolvimento dos executivos em irregularidades em obras da Petrobras, como as da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O documento menciona o suposto pagamento de propina ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e a participação da empreiteira em cartel para obter contratos de obras da petroleira.

O relatório afirma ainda haver indícios de que Marcelo Odebrecht tinha conhecimento das supostas irregularidades cometidas por executivos da companhia e de que teria tentado atrapalhar as investigações da Lava Jato.

A Polícia Federal pede ainda a manutenção da prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e dos demais executivos que têm ligação com a empreiteira "face a necessária garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal, tanto em face a potencial continuidade delitiva como pela influência negativa que soltos poderiam promover quanto as apurações ainda em curso".

Em nota, a Odebrecht afirmou que, embora sem fundamento sólido, o indiciamento já era esperado e disse que Marcelo Odebrecht e os executivos ligados à companhia "aguardarão a oportunidade de exercer plenamente o contraditório e o direito de defesa".   Também foram indiciados pela PF no mesmo procedimento o ex-funcionário da Odebrecht João Bernardi Filho, o ex-funcionário da Petrobras Celso Araripe e o empresário Eduardo de Oliveira Freitas Filho.

Em nota enviada à imprensa, a defesa de Rogério Santos de Araújo afirmou que as provas contra ele não se sustentam, alegando que o cruzamento de dados feito pelo Ministério Público Federal "está repleto de inconsistências".

CAMARGO CORRÊA

Os executivos ligados à Camargo Corrêa condenados nesta segunda-feira pela Justiça, por envolvimento no esquema de bilionário de corrupção na Petrobras, são João Auler, Dalton Avancini e Eduardo Hermelino Leite.

Avancini e Leite foram condenados pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Como ambos fizeram acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução da pena, vão cumprir prisão domiciliar.

Auler, por sua vez, foi condenado pelos crimes de corrupção ativa e organização criminosa. Ele não firmou acordo de delação premiada e foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão.

Os três foram condenados por irregularidades nas obras das refinarias Abreu e Lima e Getúlio Vargas, no Paraná.

Procurada, a Camargo Corrêa informou que, desde que tomou conhecimento das investigações, se colocou à disposição das autoridades e tem "empreendido esforços para identificar e sanar irregularidades, reforçando sua governança corporativa e sistemas de controle". Também foram condenados no mesmo processo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. Ambos já foram considerados culpados em outros processos relacionados à Lava Jato e fizeram acordo de delação premiada em troca de redução da pena.

Outro condenado foi Jayme Alves de Oliveira Filho, agora agente afastado da Polícia Federal.

A sentença de Moro determina, ainda, o pagamento de pouco mais de 50 milhões de reais a título de indenização para a Petrobras por conta das irregularidades nas obras das duas refinarias.


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