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quarta-feira, 1 de julho de 2015

EUA e Cuba reabrirão embaixadas em Havana e Washington este mês

EUA e Cuba reabrirão embaixadas em Havana e Washington este mês
O ESTADO DE S. PAULO

01 Julho 2015 

Obama afirmou que Kerry viajará a Havana para hastear a bandeira nas próximas semanas; Segundo Cuba, reabertura ocorrerá dia 20

DeLaurentis (esquerda) entrega carta de Obama ao ministro interino das Relações Exteriores cubano


 HAVANA/WASHINGTON - Estados Unidos e Cuba restabeleceram as relações diplomáticas nesta quarta-feira, 1, com o anúncio da reabertura das embaixadas em Washington e Havana, que deve ocorrer dia 20, segundo o governo cubano. 
O presidente Barack Obama fez o anúncio formal na Casa Branca chamando a decisão de "histórica". "O progresso que fazemos hoje é mais um exemplo de que não precisamos ficar presos ao passado", afirmou o presidente americano lembrando do momento em que o governo americano anunciou o fechamento da embaixada em Havana, há 54 anos. 
Horas antes, o chefe da Seção de Interesses dos EUA em Havana, Jeffrey DeLaurentis, esteve no Ministério das Relações Exteriores de Cuba e entregou ao ministro interino Marcelino Medina uma carta de Obama ao homólogo cubano, Raúl Castro. 
Segundo o jornal cubano Granma, Obama confirmou no documento a decisão de restabelecer as relações diplomáticas e abrir as embaixadas a partir do dia 20 desse mês. A chancelaria cubana confirmou a informação sobre a data.
Durante seu discurso, Obama não citou datas, mas afirmou que nas próximas semanas o sectretário de Estado John Kerry fará uma "viagem oficial" até Havana para hastear a bandeira americana na embaixada. A Seção de Interesses americana passará à condição de embaixada e a missão de Cuba em Washington passará por uma atualização semelhante. 
Cubanos e americanos estão andando para frente, acho que é tempo de o Congresso fazer o mesmo
Após 18 meses de negociações secretas mediadas pelo papa Francisco e Canadá, os dois líderes anunciaram em dezembro do ano passado que planejavam reabrir embaixadas nas capitais um do outro e normalizar as relações.
Desde os anos 70, a relação entre os dois países é intermediada por sessões de interesse nas duas capitais, sob proteção da Suíça, sem o status de embaixadas. "Somos vizinhos, agora podemos ser amigos", afirmou Obama, citando uma frase ouvida de um professor cubano sobre as relações entre os dois países.
História. O acordo de dezembro também incluiu uma troca de prisioneiros e tentou deixar para a história 56 anos de recriminações mútuas desde que os rebeldes comandados por Fidel Castro derrubaram o governo de Fulgencio Batista, apoiado pelos EUA, em 1.º de janeiro de 1959.
Dois anos mais tarde, o então presidente americano, Dwight Eisenhower, fechou a embaixada dos EUA em Havana, em 3 de janeiro de 1961, menos de três semanas antes de o presidente eleito, John F. Kennedy, tomar posse. Em abril do mesmo ano, Kennedy iria autorizar a invasão de Cuba pelos EUA, organizada por uma força de exilados cubanos. O ataque à Baía dos Porcos falhou e reforçou a posição de Fidel no país e no exterior.
Em outubro de 1962, Washington e Moscou quase foram à guerra nuclear por causa de mísseis soviéticos estacionados em Cuba. 
Sempre desafiando seu vizinho situado a 145 quilômetros de distância, Fidel Castro, 88 anos, permaneceu no poder até 2008, quando entregou o cargo a seu irmão Raúl, 84.
Com as relações diplomáticas restauradas, os dois países ainda têm pela frente algumas questões a resolver na agenda estabelecida há seis meses. Os principais obstáculos incluem o embargo econômico americano a Cuba e a base naval de Guantánamo, em Cuba, que os EUA arrendaram em 1903. Cuba quer que esses 116 quilômetros quadrados retornem ao país como território soberano integral.
"Começamos hoje um novo capítulo", disse Obama antes de cobrar o Congresso americano, controlado pelos republicanos, pelo fim do embargo econômico a Cuba. "Cubanos e americanos estão andando para frente, acho que é tempo de o Congresso fazer o mesmo", acrescentou o presidente democrata. Apesar do pedido, que já foi feito em outras ocasiões, a liderança conservadora no Congresso vem resistindo. /AP e REUTERS

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