segunda-feira, 9 de março de 2015
Presidente Dilma Rousseff discursa durante evento em Brasília. REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que as manifestações são importantes para o país, mas que protestos pró-impeachment carecem de conteúdo e não legitimam rupturas democráticas, nem podem significar um terceiro turno eleitoral.
A avaliação da presidente ocorre um dia depois de terem sido registrados protestos e panelaços em cidades do país, enquanto ela fazia um pronunciamento na TV, defendendo o ajuste fiscal proposto pelo governo.
Questionada sobre a legitimidade da manifestação convocada para o próximo dia 15 para defender seu impeachment, Dilma disse que "aí é outra questão". "É uma questão do conteúdo. Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não o terceiro turno das eleições", afirmou a presidente a jornalistas, após participar de cerimônia no Palácio do Planalto em que sancionou a lei que torna o feminicídio crime hediondo.
"Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura democrática", prosseguiu, acrescentando que não acredita que os brasileiros estejam dispostos a tal ruptura.
"Quem convocar, convoque do jeito que quiser. Ninguém controla quem convoca. A manifestação vai ter característica que tiverem seus convocadores, mas ela em si não representa nem a legalidade e nem a legitimidade de pedidos que rompam a democracia", afirmou.
Os protestos agendados para domingo ocorrem num momento em que a presidente tem sua pior avaliação e, segundo uma pesquisa do instituto Datafolha de fevereiro, apenas 23 por cento da população considera sua gestão ótima ou boa.
Dilma também enfrenta uma crise política com os aliados no Congresso e se esforça para fazer um forte ajuste fiscal, que pode desacelerar os investimentos públicos no país e dificultar ainda mais a retomada do crescimento econômico.
CRESCIMENTO NO FINAL DO ANO O ajuste fiscal proposto pelo governo visa a atingir uma meta de superávit primário de 1,2 por cento do Produto Interno Bruto e, para isso, estão sendo feitos cortes orçamentários e mudanças em regras de benefícios trabalhistas e previdenciários e sendo reduzidas desonerações tributárias para vários setores da economia. Essas mudanças têm sofrido resistência no Congresso e das centrais sindicais.
Passada essa fase, a presidente disse que o país poderá voltar a crescer ainda neste ano.
"Acho que o Brasil voltará a crescer. Mas não é só que ele voltará a crescer em relação ao período anterior. Eu acho que nós iremos para um patamar muito melhor do que estamos hoje", disse.
"Então, eu acho que até o final desse ano nós voltamos a ter um certo crescimento. É isso que nós esperamos", acrescentou.
O mercado, porém, não compartilha do otimismo da presidente. O boletim Focus dessa semana, que reúne as previsões das instituições financeiras para crescimento, inflação e juros, prevê uma contração de 0,66 por cento do PIB em 2015. Foi a 10ª vez seguida em que os economistas consultados pioram sua estimativa em relação ao PIB.
Em relação a 2016, a projeção para o crescimento do PIB caiu a 1,40 por cento, 0,10 ponto percentual a menos do que na pesquisa anterior.
(Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello)
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