terça-feira, 3 de março de 2015
Petrobras, sede no Rio de Janeiro. 16/12/2014 REUTERS/Sergio Moraes
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O desinvestimento de quase 14 bilhões de dólares previsto pela Petrobras para os anos de 2015 e 2016 pode envolver a venda de parcelas de ativos térmicos e de distribuição de gás no Brasil, além de participação em campos petrolíferos e ativos no exterior, disse nesta terça-feira uma fonte próxima ao programa anunciado pela estatal na véspera.
A fonte, que pediu para não ser identificada, garantiu que a intenção da empresa é manter controle em parte dos ativos que serão negociados e ressaltou que a companhia "não vai se desfazer de seus bens a qualquer preço", apesar do momento de queda no mercado internacional de petróleo.
Segundo a fonte, todas as áreas da empresa apresentaram à cúpula da estatal uma lista de "possibilidades" de ativos com potencial de negociação, mas nem o modelo nem a lista dos bens a serem negociados estão completamente fechados e definidos.
"As coisas estão sendo clarificadas e a intenção é fechar isso o quanto antes... As possibilidades estão definidas, mas os modelos definitivos estão sendo construídos", afirmou a fonte à Reuters.
A Petrobras aprovou plano para desinvestir 13,7 bilhões de dólares entre 2015 e 2016, uma mudança significativa em relação ao plano de negócios para 2014-2018, que previa desinvestimentos de até 11 bilhões de dólares ao longo de cinco anos, envolvida em um escândalo de corrupção que limita sua capacidade de captar recursos no exterior.
A Petrobras disse anteriormente que trabalha para não precisar captar recursos no mercado em 2015 e recorrer o mínimo possível a contratações de dívidas nos dois anos seguintes.
A empresa informou na segunda-feira que os desinvestimentos estarão divididos entre exploração e produção no Brasil e no exterior (30 por cento), abastecimento (30 por cento) e gás e energia (40 por cento).
"O que tem de potencial já foi identificado. Não depende só de querer, mas o que é atrativo ao mercado", acrescentou a fonte. A decisão da empresa de vender ativos ocorre em um momento desfavorável do mercado, com o preço do barril de petróleo tendo caído pela metade em relação ao pico do ano passado.
Contudo, diante do elevado nível de endividamento e de uma crise de credibilidade da empresa provocada pelas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, a Petrobras decidiu recorrer à venda de ativos.
"Infelizmente, o mercado é assim. Na hora que você está cheio de recursos, o mercado está bom e você não precisa de dinheiro, os bancos querem te emprestar. Na hora que está tudo bem, você não quer vender, mas quando você está mal você precisa vender", declarou a fonte.
Mesmo diante da necessidade de fazer caixa rápido e se desfazer de ativos, a Petrobras não fará "loucuras" e "não vai se desfazer de ativos a qualquer preço" para atender o plano de desinvestimento traçado pela cúpula da companhia, afirmou a fonte.
"O melhor para vender é quando você não quer vender e não precisa vender. (Este) não é o melhor momento, mas é o momento que a empresa precisa para atingir seu objetivo", destacou. "Não vai vender por vender. Só vai ser feito o que será um bom negócio... Maus negócios não serão feitos", disse.
Na área de gás e energia, por exemplo, a ideia é que a empresa venda parte de alguns ativos, mas mantenha o controle de boa parte dos bens.
Os ativos de geração térmicos, valorizados no mercado em razão da forte demanda por energia e escassez de água, podem entrar nessa lista de venda de participações da Petrobras.
Nas áreas de Exploração e Produção e de Abastecimento, a venda de ativos parcial e total também está sendo cogitada pela empresa. Os chamados "farm outs" de campos estão na lista de possibilidades elaborada pela empresa, assim como a venda de ativos no exterior.
Segundo a fonte, na área internacional existem ativos que não mais interessariam à Petrobras. "Tem que ver se o mercado vai ser receptivo", frisou.
De acordo com a fonte, apesar da necessidade de caixa, a venda alguns ativos pode ser postergada até que o mercado internacional se reaqueça e a própria cotação do barril volte a subir, tornando os bens mais atrativos.
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