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quarta-feira, 8 de maio de 2013

IPCA sobe mais do que o esperado em abril, mas volta à meta





Por Walter Brandimarte e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 8 Mai (Reuters) - A inflação ao consumidor brasileiro acelerou em abril e veio acima da expectativa do mercado, impulsionada pela alta dos preços de medicamentos e de alimentos, mas voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55 por cento em abril, após alta de 0,47 por cento em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Em 12 meses, o indicador ficou em 6,49 por cento, ante 6,59 por cento de março, abaixo do teto de meta de 6,5 por cento.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta mensal de 0,47 por cento em abril e de 6,41 por cento na comparação anual.
Segundo o IBGE, o principal responsável pelo resultado de abril foi o grupo Saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,28 por cento em abril, depois de ter registrado alta de 0,32 por cento em março.
Sozinho, o grupo respondeu por 0,14 ponto percentual do IPCA todo do mês passado. Segundo o IBGE, isoladamente, os preços dos remédios registraram avanço mensal de 2,99 por cento, liderando a lista dos principais impactos no IPCA do mês, com 0,10 ponto percentual.
No início de abril, o governo autorizou aumento de até 6,31 por cento nos preços dos remédios comercializados no país.
O grupo Despesas pessoais também mostrou aceleração na comparação mensal, fechando abril com 0,61 por cento, ante 0,54 por cento em março, bem como o grupo Habitação, com alta de 0,62 por cento no mês passado, ante 0,51 por cento.
O grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, mostrou desaceleração para alta de 0,96 por cento no mês passado, ante 1,14 por cento em março, mesmo com a desoneração do governo nos produtos da cesta básica.
"Mesmo desacelerando de um mês para o outro, os alimentos se mantiveram em nível bastante forte e foram responsáveis por quase a metade do índice da inflação do mês (0,24 ponto percentual)", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Entre os possíveis motivos para a resistência dos preços dos alimentos, Eulina citou, entre outros, dificuldades no escoamento da safra agrícola, problemas com a safra americana. A demanda elevada também pesa.
"Alimentação continua com pressão muito forte. A demora da queda dos preços no atacado de chegar ao varejo sustenta que há pressões de demanda contribuindo para manter os preços acima do que deveriam", avalia o economista da Tendências Sílvio Campos Neto.
A expectativa dos analistas é que esse setor continue a mostrar preços menores no varejo em maio, como reflexo da deflação já vista no atacado.

DISPERSÃO
Embora o índice de dispersão do IPCA tenha desacelerado de 69 por cento em março para 66 por cento em abril, ainda é considerado um nível elevado e insuficiente para garantir alívio ao governo em seus esforços para controlar os preços.
A inflação elevada tem tirado o sono do governo porque ocorre justamente num momento de fraca recuperação econômica mas que obrigou o Banco Central a iniciar mais um ciclo de aperto monetário no mês passado, ao elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 7,50 por cento ao ano.
"A inflação de modo geral ainda apresenta muita preocupação, o que deve contribuir para o BC manter a trajetória de alta nos juros. Mas de forma cautelosa, porque o nível da atividade tem se recuperado, mas não de forma linear", disse o economista da Austin Rating Felipe Queiroz.
Agentes econômicos consultados na pesquisa Focus do BC acreditam que a Selic vá até 8,25 por cento neste ano, ao mesmo tempo que veem o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3 por cento.
"No curto prazo, a inflação vai afetar a demanda principalmente dos consumidores de menor renda, o que afeta o volume de vendas. Portanto, no médio e longo prazo isso acaba tendo efeito negativo de diminuição do crescimento econômico", completou Queiroz.
Essa situação já impactou as vendas no varejo em fevereiro, quando houve queda de 0,4 por cento ante o mês anterior.
(Reportagem adicional de Jeb Blount, no Rio de Janeiro; Edição de Patrícia Duarte)

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