EUA alertam Rússia que haverá 'consequências' caso o opositor Navalny morra
AFP
Brian KNOWLTON con Anna SMOLCHENKO en Moscú
Os Estados Unidos alertaram a Rússia neste domingo (18) que haverá "consequências" se Alexei Navalny morrer na prisão, enquanto seus seguidores convocaram protestos em todo o país para "salvar a vida" do principal crítico do Kremlin, doente e em greve de fome em uma colônia penal.
Um dia depois de seus médicos terem dito que o proeminente opositor russo poderia sofrer uma parada cardíaca "a qualquer momento", a pressão ocidental aumentou no domingo com a União Europeia alegando estar "profundamente preocupada" e pedindo "sua libertação imediata e incondicional".
Na segunda-feira, os chanceleres da UE também irão discutir a situação do militante anticorrupção de 44 anos. Tanto europeus quanto americanos exigem sua libertação, e a Casa Branca subiu o tom neste fim de semana.
"Haverá consequências se Navalny morrer", afirmou o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, à CNN. As autoridades russas "são responsáveis pela saúde" de Navalny, acrescentou o porta-voz da diplomacia de Washington, Ned Price.
No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia julgado a situação do opositor como "totalmente injusta".
"O mundo inteiro está falando sobre Alexei. E apenas (Vladimir) Putin e os médicos da prisão fingem que não há nada errado", disse no Twitter a porta-voz de Navalny, Kira Iarmych.
Não houve reação imediata do Kremlin, embora o embaixador russo em Londres, Andrei Kelin, tenha afirmado que "não será permitido que ele morra na prisão". "Mas posso dizer que o senhor Navalny está se comportando como um hooligan", declarou ele à BBC.
- "Hora de agir" -
A equipe de Navalny convocou no domingo a realização de grandes protestos em toda a Rússia para ajudar a salvar a vida do líder da oposição, que desde 31 de março está em greve de fome na prisão para exigir os cuidados médicos adequados com suas dores nas costas e dormência nas pernas e mãos.
As mobilizações estão programadas para quarta-feira à noite, horas após o presidente Vladimir Putin proferir seu tão esperado discurso anual sobre o estado da nação diante das duas câmaras do Parlamento.
As autoridades, no entanto, aumentaram a pressão sobre os apoiadores do principal adversário do Kremlin nos últimos meses. Mais de 10 mil manifestantes foram detidos entre janeiro e fevereiro.
Na sexta-feira, promotores russos pediram a um tribunal que considerasse a fundação anticorrupção de Navalny e sua rede de escritórios regionais como organizações "extremistas", uma medida que visa vetá-los na Rússia e que pode levar à prisão de seus membros e até mesmo seus partidários.
Um site criado pela oposição há algumas semanas para registrar os cidadãos que querem se manifestar contabilizava cerca de 460 mil pessoas no domingo.
Navalni está preso desde janeiro, quando voltou à Rússia após se recuperar de um envenenamento que quase o matou e que, segundo ele, foi orquestrado por Moscou, acusação que o Kremlin nega.
O opositor cumpre pena de dois anos e meio sob a acusação de estelionato, que ele alega ter motivação política, em uma colônia penal na cidade de Pokrov, cerca de 100 km a leste de Moscou, conhecida como uma das mais severas da Russia.
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