Vittorio De Sica e seu marcante cinema
Vittorio De Sica nasceu em 1902 em Sora, perto de Roma, e cresceu em Nápoles em uma família de classe média. Seu pai, Umberto De Sica, um funcionário do banco com uma inclinação para o show business, encorajou seu filho a seguir uma carreira no palco, e logo aos 16 anos, De Sica apareceu no filme "The Clemenceau Affair". Sua carreira decolou na década de 1920, quando ele se juntou a uma companhia de teatro local e mais tarde, formou sua própria companhia, produzindo peças de teatro e co-estrelando com sua primeira esposa, Giuditta Rissone. Ao mesmo tempo, ele começou a atuar em mais filmes italianos, e tornou-se imensamente popular entre o público feminino.
Durante a Segunda Guerra Mundial, De Sica começou a dirigir. Seus primeiros quatro filmes foram produções de comédia. O seu quinto filme, “A Culpa dos Pais", foi um trabalho maduro, perceptivo e profundamente humano sobre o impacto da insensatez adulta na mente inocente de uma criança. O filme marcou o início da colaboração de De Sica com o autor e roteirista Cesare Zavattini, uma relação criativa que daria ao mundo dois dos filmes mais significativos do movimento neorrealista italiano, "Vítimas da Tormenta" (1946) e " Ladrões de Bicicletas" (1948).
Sem dinheiro disponível para produzir seus filmes, De Sica fez o uso de locais reais e atores amadores. Usando a luz disponível e os efeitos documentais, ele explorou a relação entre o trabalho e os personagens de classe baixa em um ambiente social e político indiferente e muitas vezes hostil. O resultado foi uma narrativa corajosa e sarcástica que não só revelou a verdade sobre as duras condições infligidas aos pobres da Itália, mas também representou uma ruptura radical com as convenções de uma produção cinematográfica. Em 1948, “Vítimas da Tormenta” recebeu um Prêmio Especial da Academia do Oscar, acompanhado de uma citação que dizia: “A alta qualidade deste filme, trazido à vida eloquente em um país marcado pela guerra, é prova para o mundo de que o espírito criativo pode triunfar sobre a adversidade”. De fato, o filme foi o ímpeto para a criação de um Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Dois anos depois, De Sica voltaria a ganhar um Prêmio Especial da Academia por “Ladrões de Bicicletas”, um trabalho que é amplamente considerado como um dos maiores filmes de todos os tempos.
A próxima colaboração de De Sica com Zavattini foi a fantasia satírica, “Milagre em Milão” (1950), que oscilava entre o otimismo e o desespero em seu tratamento alegórico do sofrimento dos pobres em uma sociedade industrial. “Umberto D” (1952), um triste e perturbador poema cinematográfico sobre a velhice e a solidão, foi o último filme neorrealista de De Sica e, temporariamente, a sua última obra-prima. Com a notável exceção de “O Teto” (1956) e “Duas Mulheres” (1960), pela qual Sophia Loren ganhou um Oscar de Melhor Atriz. Suas produções subsequentes como diretor foi por muito tempo marcadamente menos inspirada e significativa. Ele teve alguns sucessos de bilheteria, como " Matrimônio à italiana" e "Ontem, Hoje e Amanhã ", ambos em 1964, mas os críticos e o público da época chegaram à conclusão de que o diretor já idoso havia perdido o contato com o cinema.
Para financiar suas produções como diretor, De Sica trabalhou como ator ao longo de sua carreira. Ele se voltou quase que exclusivamente para atuar no final dos anos 1950, desfrutando de grande popularidade no papel do policial rural em “Bread Love and Dreams” de Comencini (1954), e em uma série cômica subsequente de mesmo nome co-estrelando Gina Lollobrigida. Ele estava no seu melhor interpretando papéis leves exigindo ironia e charme chamativo, mas provou-se capaz de uma sólida performance dramática em " De Crápula a Herói " de Rossellini (1959).
O diretor voltou a conquistar sucesso como diretor com “O Jardim dos Finzi-Contini”, produzido por Arthur Cohn, que o consagrou um Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Os próximos, e últimos, filmes de De Sica foram “Antes Que o Divórcio Chegue” (1972), "Amargo Despertar" (1973), um filme comovente, também produzido por Arthur Cohn, sobre o primeiro gosto de liberdade de uma mulher italiana de classe trabalhadora numa sociedade dominada por homens, e seu último filme, “Viagem Proibida” (1974), foi baseado em um livro de Pirandello.
Vittorio De Sica faleceu em 1974 aos 72 anos e deixou um grande legado como ator e diretor na história do cinema mundial, e uma grande marca em um dos principais movimentos na história do cinema.
Fonte: https://www.rosebud.club
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