Hồ Chí Minh (Kiem Lan, 19 de maio de 1890 – 2 de setembro de 1969) foi um revolucionário e estadista vietnamita. Nguyễn Sinh Cung nasceu na província de Nghệ An e somente mais tarde seria mundialmente conhecido como Hồ Chí Minh ("aquele que ilumina"). Embora Ho desejasse ser cremado, ele foi embalsamado e seu corpo actualmente encontra-se no seu mausoléu em Hanoi.
Biografia
Ho Chi Minh, 1921
Em 1911 começa a trabalhar como cozinheiro num navio francês, em que visita o mundo todo. Instala-se em Londres em 1915; e com 21 anos de idade parte para a França, onde vive como jardineiro e garçom. Envolve-se com os movimentos socialistas Franceses e, em 1920, ajuda a fundar o Partido Comunista Francês. Em 1923 vai para Moscovo estudar táticas de guerrilha e entra para o Comintern, braço internacional do Partido Comunista Russo.[3][4] Dois anos depois, é enviado para a China, país de onde é expulso em 1927. Vive em vários países até chegar a Hong Kong, de onde dirige o movimento anti-imperialista na Indochina, dominada pela França desde 1854.
Preso pelos Ingleses em 1930, consegue escapar e refugia-se em Moscovo. Em 1941 funda a Liga pela Independência (Viet Minh), para lutar contra os Franceses. Durante a II Guerra Mundial utiliza a guerrilha no combate aos japoneses, invasores da Indochina. No fim do conflito, forma um Estado independente ao norte da região, o Vietname. A França contra-ataca e a Guerra da Indochina só termina em 1954, com a vitória do Việt Minh. O país é dividido em dois. Ho Chi Minh, presidente do Vietname do Norte, treina e aparelha as forças da Frente de Libertação Nacional do Vietname do Sul (Vietcong), que visam reunificar o país, o que leva à Guerra do Vietname. Morre em Hanói em 2 de setembro de 1969. Em 30 de abril de 1975 um tanque Norte-Vietnamita entrou no palácio presidencial do regime Sul-Vietnamita, apoiado pelos Estados Unidos, encerrando mais de dez anos de conflito. Saigon, antiga capital do Vietname do sul, foi rebatizada posteriormente com o nome de Ho Chi Minh.
Em 1976 o Vietname vira independente.
A Batalha de Dien Bien Phu
O comandante das tropas francesas no Vietname, general Navarre, construiu uma fortaleza em Dien Bien Phu para conter a rota de fuga dos Vietnamitas para Laos e forçar uma batalha frontal. Mas, em contrapartida o general Vo Nguyen Giap, braço direito de Ho Chi Minh, cercou a fortaleza de Navarre com trincheiras. Quando os combates se iniciaram em Março de 1954, mais de 70 mil soldados do Vietname encurralaram o inimigo. Os Franceses foram atacados pela artilharia, enquanto os seus helicópteros e aviões eram vítimas de baterias anti-aéreas. A resistência durou 57 dias. Mais de sete mil soldados Franceses morreram e 11 mil foram capturados. A França estava totalmente derrotada.[
A Guerra do Vietname em números
O conflito, que perdurou por quinze anos, alcançou proporções catastróficas. Os Estados Unidos perderam 58.224 soldados e, ainda, levaram para casa mais de 150 mil feridos. A Austrália, aliada dos norte-americanos, mandou 57 mil homens para o cenário de guerra. Devido à guerra ser travada no território Vietnamita houve um alto número de baixas civis pelo lado vietnamita e não apenas militares. A Nova Zelândia, também aliada dos EUA, contribuiu para aumentar os números: 38 mortos e 186 soldados feridos. O conflito acabou numa perda táctica para França, Japão e Estados Unidos.
As inúmeras faces de Ho Chi Minh
Ho Chi Minh nasceu no distrito de Nam Dan da província de Nghe An. O seu nome verdadeiro foi Nguyen Sinh Cung. Ele era pródigo em pseudônimos, muitos usados para despistar inimigos e outros por fetiche. Quando se alistou a navio que o levou à Europa usou Nguyen Van Ba. Já na liderança do Partido Comunista da Indochina, criou o jornalista Tran Dan Tien, para se auto-entrevistar e divulgar as suas ideias. Ao todo, eram dez alcunhas. O apelido Ho Chi Minh possui duas acepções. Muitos defendem que este era o nome de um mendigo, surrupiado pelo líder do Vietname. Outra corrente afirma que Ho Chi Minh significa "aquele que traz a verdade" ou "aquele que ilumina", e por isso foi escolhida como alcunha oficial.
Os oito mandamentos de Ho Chi Minh
As directrizes do Vietminh para o trato com os camponeses, em 1948, mostram que conquistar a confiança das pessoas do campo era fundamental para vencer a guerra.
1) Não estrague a terra ou as colheitas.
2) Não insista em comprar ou pedir emprestado aquilo que as pessoas não querem vender ou emprestar.
3) Mantenha a palavra.
4) Faça os camponeses sentirem-se livres.
5) Ajude-os no seu trabalho diário.
6) No tempo livre, conte histórias simples e engraçadas que estimulem a resistência, mas não conte segredos militares.
7) Sempre que possível, compre coisas para aqueles que moram longe do mercado.
8) Ensine à população noções de cidadania e higiene.
Culto à personalidade e repressão
Apesar de ser considerado pelos socialistas e terceiro-mundistas em geral como um herói por seu desempenho na Guerra do Vietnã, pela luta contra o imperialismo norte-americano e pela luta pela independência, Ho Chi-Minh também é acusado de ter mantido, desde a década de 1950, grande censura, repressão e culto à personalidade em seu período de liderança no Vietnã. Nesse sentido, Ho Chi-Minh costuma ser comparado a Mao Zedong e a Kim Il-Sung. Sob a liderança de Ho Chi-Minh, foi criada a política do Nhân Văn-Giai Phẩm, em que eram presos intelectuais e críticos do regime de Ho Chi-Minh. Estima-se que tenham sido mortos em campos de concentração cerca de 24000 vietnamitas entre 1945 e 1956. Critica-se também a forma com que foi conduzida a Reforma Agrária e a coletivização - de forma forçada, o que acabou gerando uma série de mortes.
Atualidade
Atualmente, ainda é mantido no Vietnam gigantesco culto a Ho Chi-Minh: sua imagem é presente em quase todas as construções, em salas de aula (tanto as públicas quanto as privadas) e altares de famílias. Todos os textos que contenham críticas a Ho Chi-Minh são censurados e seus escritores são presos, por atentarem contra a revolução popular. Além disso, o Partido Comunista do Vietnam bane quaisquer textos que digam sobre relações amorosas envolvendo Ho Chi-Minh, para manter acerca do glorificado Ho Chi-Minh uma imagem puritana ao público vietnamita, realçando a imagem de Ho como "o pai da revolução" e de um "celibatário casado somente com a causa da revolução".[6] Um editor de jornal no Vietnã foi demitido de seu posto em 1991 por publicar uma história sobre Tang Tuyet Minh. De acordo com o governo do Vietnã Ho Chi-Minh não teve esposa e nem filhos.
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