terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Presidente-executiva da Petrobras, Graça Foster, chega a aeroporto de Brasília após encontro com a presidente Dilma Rousseff 3/02/ 2015. REUTERS/Ueslei Marcelino
Por Luciana Otoni
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e procura definir um nome para ocupar o cargo ainda em fevereiro, disse nesta terça-feira uma fonte do governo.
A Petrobras está no epicentro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um escândalo bilionário de corrupção que envolve ex-empregados, executivos de empreiteiras e políticos.
"Graça Foster vinha já há um tempo manifestando o desejo de deixar a empresa. Dessa vez, a presidente aceitou", afirmou a fonte à Reuters sob condição de anonimato.
O governo busca um executivo para comandar a estatal que preferencialmente seja ligado ao setor, afirmou a fonte, acrescentando que Dilma também quer realizar mudanças em algumas diretorias da estatal. O objetivo é ter uma nova diretoria composta por nomes do mercado e também da empresa, disse a fonte.
A mudança na diretoria da Petrobras é aguardada há meses, mas Dilma vinha, até então, defendendo a manutenção de Graça, de quem é amiga pessoal. Dilma e a executiva da Petrobras estiveram reunidas nesta terça-feira no Palácio do Planalto, em Brasília, por quase duas horas, acertando as condições da mudança no comando da companhia.
"O governo quer uma transição segura", disse a fonte, acrescentando que Dilma pretende definir o substituto ainda em fevereiro.
No entanto, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, negou no início da noite que a troca de comando da Petrobras tenha sido decidida na reunião desta terça-feira.
"O que eu posso dizer é que essa questão não foi decidida na reunião entre ela (Dilma) e Graça", afirmou o ministro a jornalistas, após ser questionado sobre a demissão da CEO da Petrobras.
Presidente-executiva da Petrobras, Graça Foster, chega a aeroporto de Brasília após encontro com a presidente Dilma Rousseff 3/02/ 2015. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Após o encontro, Graça se limitou a dizer a jornalistas que a reunião tinha sido "muito boa", e não comentou os rumores de sua demissão.
A eventual saída de Graça do comando da petroleira repercutiu no mercado.
As ações preferenciais da companhia fecharam em alta de 15,47 por cento, para 10 reais, na máxima da sessão. O Ibovespa, que reúne os principais papéis do mercado acionário do país, teve alta de 2,76 por cento.
A Petrobras divulgou na semana passada o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 citando avaliações internas de que 88 bilhões de reais em ativos estariam supervalorizados devido a corrupção e falhas administrativas.
Mas o balanço não incluiu nenhuma baixa contábil relacionada às denúncias de corrupção, e a petroleira alegou dificuldade para separar as baixas resultantes de corrupção daquelas decorrentes de outros fatores.
De acordo com a fonte do governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi escalado por Dilma para sondar nomes para a presidência da Petrobras e para ocupar o Conselho de Administração da empresa.
A Petrobras não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar o assunto.
(Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro e Ueslei Marcelino, em Brasília; e de Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)
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