Konstantinos - Uranus

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Enem: aberto prazo para quem teve isenção de taxa de inscrição negada O período de recurso vai de hoje até o dia 18 de junho

 




Enem: aberto prazo para quem teve isenção de taxa de inscrição negada

O período de recurso vai de hoje até o dia 18 de junho

 

Publicado em 14/06/2021 - 12:09 Por Karine Melo - Repórter Agência Brasil - Brasília

Os candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 que tiveram o pedido de isenção da taxa de inscrição indeferido podem entrar com recurso de hoje (14) até o dia 18 de junho. Os resultados dos recursos estão previstos para serem divulgados no próximo dia 25 .


De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a aprovação da justificativa ou da solicitação de isenção não garante a inscrição no Enem 2021. As inscrições deverão ser realizadas normalmente, entre 30 de junho e 14 de julho, por meio da Página do Participante.


Provas

As provas do Enem 2021 serão aplicadas nos dias 21 e 28 de novembro, tanto na versão impressa como na digital. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) 101.100 vagas estarão disponíveis exclusivamente para a versão digital do exame.


Quem pode pedir isenção?

Pessoas que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou que foram bolsistas integrais durante toda a etapa educacional têm direito à isenção da taxa de inscrição do exame.


Alunos que estão cursando a última série do ensino médio na rede pública, no ano de 2021, também podem de pedir a isenção.


O mesmo vale para quem está em situação de vulnerabilidade socioeconômica, por ser membro de família de baixa renda. Nesse caso, é preciso comprovar a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.


Edição: Valéria Aguiar


quarta-feira, 9 de junho de 2021

Konstantinos - Oceanus [ electronic music ] [ Album : Triton ]

ButanVac: Anvisa autoriza testes com voluntários


 ButanVac: Anvisa autoriza testes com voluntários

 Mariana Rosário 

https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta quarta-feira, 9, que concedeu a autorização para a pesquisa clínica da vacina Butanvac, do Instituto Butantan. Com isso, afirmou a agência, os testes com a vacina em humanos poderão ter início no Brasil.


Vacina brasileira contra a Covid-19, a ButanVac - 26/03/2021 -© Governo do Estado de São Paulo/Divulgação Vacina brasileira contra a Covid-19, a ButanVac - 26/03/2021 -

Em nota, a Anvisa afirmou, porém, que "antes de iniciar a vacinação dos voluntários, o Butantan ainda apresentará algumas informações complementares sobre testes em andamento com a vacina. Logo em seguida, o Butantan deve iniciar a aplicação experimental da Butanvac".


Esta será a primeira vez que a vacina do Butantan contra a Covid-19 será aplicada em humanos em fases clínicas 1 e 2.  A autorização da pesquisa será publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, afirmou a agência.


A pesquisa clínica de fase 1 e 2 está dividida em três etapas (A, B e C). Neste momento, está autorizada a etapa A do estudo que vai envolver 400 voluntarios. Ao todo, a fase clínica 1 e 2 tem previsão de 6 mil voluntários com 18 anos ou mais.


A vacina será aplicada com duas doses em um intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose. O estudo deve ser realizado no Hospital das Clínicas (FMUSP) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.


Em postagem de suas redes sociais, o governador João Doria afirmou que trata-se da primeira vacina a ser produzida no Brasil sem necessidade de insumos de outros países. De acordo com Doria, o Butantan tem 7 milhões de doses prontas da ButanVac.


Cerca em Melilla separa imigrantes africanos de sonho europeu ( BBC NEWS DOCUMENTO)

As estatísticas que revelam a desigualdade racial no Brasil e nos EUA ( BBC News Documento)

O que pode estar por trás da indicação do ex-prefeito Crivella para embaixada na África do Sul


 O que pode estar por trás da indicação do ex-prefeito Crivella para embaixada na África do Sul

Juliana Gragnani

Da BBC News Brasil em Londres


Marcelo Crivella CRÉDITO,MAURO PIMENTEL/GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Marcelo Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal no país e nos países vizinhos


"A dor de ontem / Não vai vencer / Quem vive aqui / Sabe esquecer / África / África / África", canta o bispo Marcelo Crivella na canção "África", lançada no fim dos anos 1990.


Fazer esquecer "a dor de ontem" talvez seja a principal missão de Crivella em sua possível volta à África, onde a Igreja Universal do Reino de Deus que ele ajudou a fincar vive uma gigantesca crise.


Provas 'contundentes' apontam lavagem de dinheiro da Universal em Angola, dizem investigadores

Universal pressiona, mas mantém pragmatismo e apoio a Bolsonaro após conflito em Angola

O ex-prefeito do Rio de Janeiro foi preso preventivamente e afastado do cargo no ano passado acusado de chefiar um esquema de propina. Agora, foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a embaixada do Brasil na África do Sul.


A indicação ainda depende de uma resposta positiva do país e da aprovação do Senado brasileiro.


A tensão da Universal nos últimos meses se deu em Angola. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Serviço de Investigação Criminal do país disseram à BBC News Brasil, há provas fartas e contundentes contra quatro integrantes da igreja, denunciados sob acusação de crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.


A igreja refutou todas as acusações, as classificou de "fake news" e disse que os quatro membros acusados ainda não conseguiram acesso à investigação formal. "Nem a Universal, nem seus bispos e pastores praticaram crimes em Angola", disse à BBC News Brasil.


Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal, ou IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), no país e nos países vizinhos.


Na opinião especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, o movimento de Bolsonaro visa a controlar duas crises: a da Universal no continente africano e, especialmente, a do presidente com a Universal.


A indicação do governo tem uma "dupla função", diz a antropóloga Jacqueline Moraes Teixeira, professora no Programa de Pós Graduação em Educação da USP e pesquisadora do Cebrap. A primeira, é ter Crivella para "tentar de alguma maneira apaziguar possíveis levantes de outros países no continente africano" no contexto da Universal.


A segunda está relacionada à aliança do próprio governo com a Universal. "Mantê-la como apoio é fundamental para o governo Bolsonaro batalhar a sua estabilização e seu crescimento na disputa pelo voto evangélico nas eleições em 2022", afirma Teixeira.


O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola


Crise 1

Alguns anos depois da fundação da Universal em 1977, o bispo Edir Macedo começou um projeto de expansão internacional da igreja. No continente africano, essa ampliação começou em Angola, por volta de 1991. Na África do Sul, por volta de 1993.


Crivella, sobrinho de Macedo, foi enviado ao país como missionário para tocar a expansão, que se dava por meio da compra de espaços em lugares onde há maior movimentação de pessoas, abertura de templos e investimento em mídia.


"Era super importante ter alguém de confiança que realmente investisse nesse projeto de transnacionalização. Foi Crivella quem produziu esse primeiro processo de organização, elaboração e gestão do crescimento institucional da IURD pelos outros países da África e dentro da África do Sul", diz Teixeira.


"Em 1994, cheguei com minha esposa e três filhos na cidade de Durban. Saíamos pelas ruas dando folhetos, convidando as pessoas para a reunião na igreja", diz Crivella em um vídeo publicado em seu canal do YouTube em 2009. Ele está ao lado da esposa, mostrando o templo da Universal na cidade que fica no leste da África do Sul. "E logo ela [a igreja] começou a encher. Era uma lojinha pequena dentro do mercado indiano. Deus abençoou e se transformou numa grande catedral."


A data de chegada de Crivella no país coincide com o fim do Apartheid, o regime de segregação racial na África do Sul. A ideia inicial da Universal, diz lana van Wyk, professora de antropologia da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, era atingir os falantes de português, pessoas vindas de países lusófonos vizinhos - tanto que os primeiros cultos em Joanesburgo, maior cidade do país, eram nessa língua. Wyk é autora do livro The Universal Church of the Kingdom of God in South Africa (A Igreja Universal do Reino de Deus na África do Sul).


"Mas, de forma inesperada, atraiu um grupo grande de pessoas negras. A igreja saiu, então, de um bairro predominantemente branco e se imiscuiu em regiões com população negra", afirma Wyk.

Com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal


Ela lembra da presença de Crivella no país. "Grandes multidões de pessoas compareciam a seus sermões. Ele tinha uma reputação de homem forte de Deus, com histórico de milagres."


Para ela, a Universal se aproveitou do momento pós-Apartheid, em que havia sentimento de esperança no país, para angariar membros. Com seu discurso de prosperidade, deslumbrou os sul africanos desejosos de mobilidade social e integração racial. "O momento em que a igreja entrou na África do Sul foi bem escolhido. Foi num tempo de muita esperança de mudança política e econômica", diz Wyk.


"Quando a Universal chegou, as pessoas pensavam que finalmente poderiam 'usar' o poder de Deus para mudar suas vidas de maneira prática. O Deus da igreja poderia os tornar ricos e saudáveis."


Hoje, segundo o site da Universal da África do Sul, há 309 igrejas no país - menos que as 320 contabilizadas por Wyk na época em que publicou seu livro, em 2014. Segundo ela, a igreja vem perdendo força na região, com membros migrando para outras denominações pentecostais ligadas à figura de profetas.


Ao lado das movimentações em Angola, essa hemorragia de membros forma um cenário preocupante para a Universal no continente. Bispos e pastores angolanos divulgaram há dois anos um manifesto com acusações públicas contra os brasileiros da igreja, iniciando um processo de "reforma" em Angola.


Para Teixeira, a presença de Crivella, "como toda a experiência que teve na África do Sul, seria uma forma de ajudar na mediação dos conflitos e pensar na contenção de danos dessa crise gravíssima" no continente.


Voltar à África também deve cumprir um desejo antigo de Crivella, segundo ele próprio já expressou. Em junho de 2014, em entrevista ao jornal da Universal, a Folha Universal (n° 1.160, ano 22), Crivella disse não ter sido "fácil viver na África em um tempo de guerra política no fim do apartheid". "Mas agradeço muito a Deus por ter me dado a honra de ter passado por aquelas dificuldades, que apenas nos fizeram mais fortes."


Quando questionado se tinha vontade de se tornar político, Crivella responde: "Confesso que não queria. Não queria mesmo. O que eu sonhava era voltar para a África ou qualquer que fosse o país."


O sonho virou também conveniência: com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal.


Crise 2

O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola.


Para o teólogo evangélico Fábio Py, professor do programa de pós-graduação em políticas sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense, a "jogada" de Bolsonaro é uma maneira de afagar a crise entre ele e a igreja, que já cobrou diversas vezes posicionamento do presidente em relação às tensões no continente africano.


Igreja Universal do Reino de Deus iniciou suas operações em Angola em 1992 e tem mais de 300 templos no país


"Bolsonaro percebe que não consegue resolver a questão de Angola porque entra em questão nacional do país. Para dar outro caminho, ele abre possibilidade de Crivella assumir a relação Brasil-África do Sul", afirma. "É uma jogada para não perder o apoio do Macedo."


Para ele, com a indicação, Bolsonaro age para não "desamarrar a igreja Universal" de si. "Até porque está começando a pintar 2022. Bolsonaro começa a se armar por conta de Lula", diz. O presidente não quer "perder a Universal, sua estrutura e o processo de propaganda da Universal" visando às eleições


Além disso, o eleitorado evangélico tem um peso significativo para o presidente - e uma pesquisa Datafolha divulgada no dia 12 de maio apontou o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro empatados no primeiro e segundo turnos entre o eleitorado evangélico. Indica que o atual presidente precisa se mexer para não perder votos com essa parcela de eleitores.


Para Teixeira, o discurso ostensivo por parte de lideranças da Universal sobre a falta "de apoio e resguardo" do Itamaraty é o que fez o governo se mexer. "É como se o governo Bolsonaro não estivesse correspondendo ao apoio da igreja, o que pode fazer com que ela repense o apoio eleitoral", diz. "A aliança estaria em risco."


https://www.bbc.com/portuguese/brasil

terça-feira, 8 de junho de 2021

Covid-19: o americano que é naturalmente imune à doença

DIVIDINDO O 'NOVO MUNDO': OS 527 ANOS DO TRATADO DE TORDESILHAS


 DIVIDINDO O 'NOVO MUNDO': OS 527 ANOS DO TRATADO DE TORDESILHAS

No dia 7 de junho de 1494 foi assinado o documento que determinava a divisão dos novos territórios entre Portugal e Castela


GIOVANNA GOMES, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 08/06/2021, 



Planisfério de Cantino (1502) mostrando meridiano de Tordesilhas - Domínio Público/Académie de Créteil

No ano de 1492, Cristóvão Colombo se deparou, por acaso, com o Novo Mundo, que viria a ser chamado de América. Esse importante fato histórico acabou por desencadear uma enorme disputa entre Castela e Portugal, que anseavam obter o controle dos territórios encontrados.


Era preciso um acordo para que a paz entre os dois Estados fosse estabelecida. Assim, tempos depois, em março de 1494, representantes de João II de Portugal e de Isabel de Castela e Fernando de Aragão se reuniram pela primeira vez em Tordesilhas, para que pudessem realizar um tratado. 


Como Colombo nem ao menos sabia ao certo onde ficavam as terras que encontrara, ele acreditava que o conflito poderia ser resolvido da seguinte maneira: deveria ser traçada uma linha dividindo os novos territórios de norte a sul, a "linha de Colombo". Conforme uma matéria da BBC, tudo indica que ela passava por Cabo Verde e pelos Açores

 

O papa intervém

Fernando e Isabel levaram a proposta do descobridor ao papa Alexandre VI, solicitando que o pontífice mediasse o conflito.


Como o religioso era de origem espanhola e devia favores aos reis católicos, logo aceitou a ideia. No entanto, deslocou a linha divisória 100 léguas a oeste dos Açores e Cabo Verde, uma vez que a proposta inicial favorecia Castela de maneira excessiva.


Contudo, durante o processo, os representantes do rei de Portugal pediram que houvesse um deslocamento da linha divisória para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.


O argumento era o de que seria necessário retornar do porto de São Jorge de Mina, na costa do Golfo da Guiné, sem ter que invadir o território castelhano.

 

Os dois lados entram em concordância

Como Isabel e Fernando acreditavam estar cedendo apenas mar a Portugal, aceitaram o pedido. Foi assim que, no dia 7 de junho de 1494, foi traçada a "linha do Tratado de Tordesilhas". Tudo localizado a leste do meridiano acordado em Tordesilhas seria para Portugal, enquanto o que estava a oeste foi atribuído a Castela.


Porem os castelhanos estavam equivocados. Eles não imaginavam que, dentro da área de domínio português havia um imenso território, o Brasil.


O documento original, escrito em castelhano e assinado por Fernando e Isabel, encontra-se hoje em Lisboa, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Já a versão em Português, assinada por João II, encontra-se no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.


https://aventurasnahistoria.uol.com.br/

PAIS ENXERGAM 'EROTIZAÇÃO': DIÁRIO DE ANNE FRANK É ALVO DE POLÊMICA ESDRÚXULA NO BRASIL


Ilustração de "O diário de Anne Frank em quadrinhos" (2017) - Divulgação/ Editora Record/ David Polonsky

Foto de Anne Frank / Crédito: Wikimedia Commons


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 PAIS ENXERGAM 'EROTIZAÇÃO': DIÁRIO DE ANNE FRANK É ALVO DE POLÊMICA ESDRÚXULA NO BRASIL

Pais de estudantes reclamaram de trecho de adaptação em quadrinhos do livro escrito pela judia; Fundação rebate acusações: “ultrajantes e ridículas”


FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 08/06/2021, 


Meses após a Alemanha nazista invadir os Países Baixos na Segunda Guerra Mundial, a pequena Anne Frank começou a relatar em seu diário os momentos vivenciados pelo grupo de judeus confinados em um esconderijo.  


Anne, pouco depois, acabou sendo capturada e transportada até o campo de concentração de Bergen-Belsen, falecendo de febre tifoide pouco antes da libertação do local, em 1945, quando tinha apenas 15 anos.  


Com os judeus em liberdade após anos de perseguições e dizimação, o pai da jovem, Otto, recebeu da ajudante Miep Gies as anotações feitas por Frank. Segundo o site Anne Frank House, a princípio, Otto não suportou ler os textos escritos pela filha. “Não tenho forças para lê-los”, escreveu em carta para sua mãe em agosto daquele ano.  


Porém, meses depois, ele mudou de ideia, decidindo compartilhar trechos com seus parentes na Basiléia, parlamente traduzindo os escritos para o alemão.


Impulsionado por amigos e familiares que achavam que os relatos eram “um importante documento”, o pai de Anne decidiu procurar uma editora para publicar os escritos da filha.  


Hoje, 76 anos depois, O Diário de Anne Frank já vendeu mais de 35 milhões de cópias em todo mundo, segundo o The New York Times. Traduzido em mais de 70 idiomas e publicado em mais de 40 nações, a obras vendeu 16 milhões de exemplares no Brasil, como aponta o site Público, de Portugal.  


O livro se tornou um importante registro de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, se tornando fundamental para quem deseja compreender os horrores do Holocausto. Apesar de sua importância histórica, a obra virou alvo de polêmicas em uma escola particular de São Paulo. 


A polêmica

Conforme aponta matéria publicada pela Folha de São Paulo na última quarta-feira, 2, pais de estudantes da Escola Móbile, em São Paulo, entraram em contato com a direção do colégio por considerarem que a versão em quadrinhos do “Diário de Anne Frank” estava erotizando a personagem.  


O livro em questão era a versão em inglês da obra, usada pelos alunos na aula do idioma estrangeiro. Em tradução livre, as partes que causaram polêmica são: “toda vez que vejo um nu feminino, vou a êxtase” e “esse buraco é tão pequeno que mal consigo imaginar como um homem entra aqui dentro [...] já é difícil enfiar meu dedo indicador dentro”. 


Rebatendo as acusações, representantes da Escola Móbile disseram que “Anne’s Frank Diary: The Graphic Adaptation” é uma versão oficial da história da judia, defendendo que o livro, inclusive, é recomendado pela Fundação Anne Frank e pela Unicef, da ONU — que considera a escrita um patrimônio da humanidade.  


Em nota, a escola disse que a adaptação em quadrinhos estava sendo usada por estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental. “A leitura integra um projeto amplo para o debate e reconhecimento dos horrores do Holocausto, estimulando a reflexão sobre seu contexto histórico”, salientando que o livro é recomendado para crianças da faixa etária entre 8 e 12 anos.  


“A Móbile salienta que todo o conteúdo textual da edição consta no diário original redigido por Anne Frank, inclusive os trechos pontuais que suscitaram a referida discussão. Por fim, a escola tem conversado com alguns pais que levantam dúvidas sobre o conteúdo do livro”, completaram. 


Editora e Fundação se manifestam 

Com a repercussão da reclamação, a Fundação Anne Frank se manifestou oficialmente por meio de uma nota divulgada na Veja São Paulo, onde diz consideram as acusações dos pais dos estudantes como “ultrajantes e ridículas”. 


A Fundação compreende que esse tipo de reflexão poderia ser visto como pouco provável para uma jovem que vivia naquela época, mas ressaltou que Anne já tinha "ideias muito visionárias sobre a independência feminina, os direitos das mulheres e a posição das mulheres na sociedade em geral". 


Inicialmente, como a própria Fundação explica, Otto suprimiu tais passagens na primeira versão do livro, publicada em 1946. “Ele estava muito envergonhado e achou que não eram apropriados para uma menina”.  


Porém, a Fundação diz que os tempos mudam e que cada vez mais os fãs do mundo inteiro anseiam para conhecer a “REAL Anne Frank”. “Então foi decidido, após a morte de Otto Frank, publicar o Diário completo, incluindo pela primeira vez todas as passagens que Otto Frank retirou”.


A versão original que foi adaptada aos quadrinhos está disponível ao público desde 1991. "Ninguém teria, nem remotamente, a ideia maluca de adicionar algo ao diário que Anne nunca tivesse escrito. Por que faríamos uma coisa tão estúpida?", questiona a Fundação.


"Todo o propósito da existência de nossa fundação é PROTEGER o legado de Anne, o que significa ser sempre verdadeira e fiel à sua herança e defender seus direitos de personalidade sem comprometimento”, completa a Fundação, que disponibilizou ao site da revista as imagens originais das escritas de Frank sobre os trechos citados acima, que podem ser vistos na matéria publicada pela Veja. 


Parceira da Fundação Anne Frank no Brasil, a Editora Record também se manifestou, dizendo que a acusação é “totalmente infundada e descabida”. “A versão em quadrinhos, publicada com muito orgulho pela Editora Record, assim como a sua versão em inglês, retrata de forma fiel o trecho do diário em que a autora, a adolescente judia Anne Frank, fala sobre a descoberta do próprio corpo, algo comum nesta fase da vida.” 


Outras polêmicas com O Diário de Anne Frank 

Em janeiro deste ano, os escritos de Anne já haviam virado alvo de uma polêmica no Twitter. Na ocasião, como relata matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, em um post no Twitter dedicado a 'Criar uma treta literária', um usuário disse que “O Diário de Anne Frank é superestimado”, algo que foi corroborado por uns, mas criticado pela maioria. 


Em entrevista exclusiva ao Aventuras, Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, disse que O Diário de Anne Frank não pode ser analisado apenas como um produto literário, ou seja, uma obra desprovida de contexto histórico. 


“A riqueza do livro está tanto no perfil da autora quanto na possibilidade de nos identificarmos, de gerar empatia, de desenvolver a alteridade”, afirmou.


Piadas no Diário 

Pesquisadores da Fundação Anne Frank, em Amsterdã, revelaram, em 2018, conteúdos ocultos que foram descobertos no primeiro diário escrito pela menina judia, datados até novembro de 1942 — as escritas posteriores de Anne foram feitas em cadernos.  


Assim as páginas 78 e 79 — que foram cobertas com papel kraft (espécie de papelão fino), colado pela própria Anne para que não fossem lidas — foram reconstruídas por meio de um processo fotográfico digital. Nesses trechos, encontraram-se algumas piadas maliciosas e descobertas sexuais feitas pela garota.   


Segundo Frank van Vree, diretor do Instituto de Estudos da Guerra, Holocausto e Genocídio da Holanda, “qualquer pessoa que ler as passagens recém-descobertas será incapaz de evitar um sorriso”.


Para o diretor, as escritas mostram que, apesar de sua situação, Anne tinha a curiosidade e os questionamentos de qualquer garota de sua idade, como aponta matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História

Macron: presidente da França é agredido com tapa no rosto


 Macron: presidente da França é agredido com tapa no rosto

https://www.bbc.com/

O presidente da França, Emmanuel Macron, foi surpreendido com um tapa no rosto após visitar hotel-escola em Tain-l'Hermitage, no sul do país.


Um homem, vestindo uma camiseta cinza, é visto segurando o presidente, que tinha ido falar com o público presente, e desferindo o golpe.


Segundo relatos na imprensa francesa, ele teria gritado "abaixo o macronismo" enquanto agredia o presidente, que logo foi puxado por um segurança.


Dois homens foram detidos, e estavam sendo ouvidos pela polícia. O incidente fez as autoridades aumentarem o policiamento na região.


O primeiro-ministro da França, Jean Castex, condenou o ato de violência durante discurso no Parlamento. Segundo ele, tratava-se de um ataque à democracia.


Marine Le Pen, líder de extrema-direita e rival do presidente, também condenou a agressão. "Embora o debate democrático possa ser amargo, jamais pode tolerar violência física."


Logo após a agressão, Macron voltou a falar com o grupo.


Mais tarde, ele classificou o incidente como algo isolado. "Não devemos deixar pessoas ultraviolentas dominarem o debate público – elas não merecem", afirmou, segundo o jornal francês Le Dauphiné.


Campos Neto espera maior abertura da economia no segundo semestre


 Campos Neto espera maior abertura da economia no segundo semestre

Segundo ele, o avanço da vacinação contribui para esse cenário

 https://agenciabrasil.ebc.com.br/

Publicado em 08/06/2021   Por Agência Brasil - Brasília

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje (8) esperar uma maior abertura da economia no segundo semestre deste ano, bem como uma recuperação maior do setor de serviços, amplamente afetado pela pandemia de covid-19.


Contribui para esse cenário o avanço “significativo” da vacinação no Brasil e também uma resiliência maior das economias que, de alguma maneira, se adaptaram e sofrem impactos cada vez mais suaves das medidas restritivas provocadas pelas diferentes ondas de contaminação.


“A economia de alguma maneira se adaptou a essa nova maneira de fazer as coisas, e acho que em grande parte [essas mudanças] serão permanentes”, disse Campos, que fez também uma exposição dos planos do banco para a modernização da economia e dos pagamentos.


Com o avanço da vacinação, Campos Neto disse que pode acontecer no Brasil a mesma espécie de “euforia” no setor de serviços que se observa em países com vacinação mais avançada. Ele citou como exemplo os Estados Unidos, onde já há dificuldade para se reservar um quarto de hotel ou reservar um carro para viagens próximas.


As declarações foram dadas em inglês em uma apresentação, por videoconferência, para economistas do banco JP Morgan. Campos Neto apresentou dados que são acompanhados pelo BC sobre a pandemia e a reação das economias em países desenvolvidos e em desenvolvimento.


Campos Neto reconheceu a existência de uma pressão inflacionária em todo o mundo e que os preços de insumos encontram-se em elevação, acompanhando a alta das commodities, mas disse ver que começa a se desenhar uma curva de estabilização nos gráficos.


No Brasil, as projeção de inflação seguem pressionadas, contudo, pela expectativa de alta no preço da energia provocada pela crise hídrica, observou o presidente do BC.


Essa foi a última manifestação de Campos Neto antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que está marcada para 15 e 16 de junho. Na ata da reunião anterior, o colegiado sinalizou nova alta da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 3,5% ao ano.


Edição: Lílian Beraldo


sábado, 5 de junho de 2021

Anvisa do Brasil aprova vacina russa Sputnik V, com condições




Anvisa do Brasil aprova vacina russa Sputnik V, com condições

Jamie McgeeverLisandra Paraguassu


Frascos rotulados como "vacina contra a doença de coronavírus Sputnik V (COVID-19)", 24 de março de 2021. REUTERS / Dado Ruvic / File Photo

Um médico especialista segura um frasco da vacina Sputnik V contra o coronavírus em uma loja de departamentos em Moscou, Rússia, 18 de janeiro de 2021 REUTERS / Shamil Zhumatov

Frascos rotulados como "vacina contra a doença de coronavírus Sputnik V (COVID-19)", 24 de março de 2021. REUTERS / Dado Ruvic / File Photo

A agência reguladora de saúde brasileira, Anvisa, deu na sexta-feira luz verde para que os estados importem a vacina russa COVID-19 Sputnik V, mas com condicionantes.


A diretoria da Anvisa votou por 4 a 1 pela aprovação condicional após mais de sete horas de deliberação, seguindo recomendação de seu corpo técnico no início do dia.


A Anvisa também votou pela aprovação, novamente com condicionantes, do tiro Covaxin feito pela Bharat Biotech, empresa privada com sede na cidade indiana de Hyderabad.


“O SputnikV chegará ao Brasil em julho”, tuitou Kirill Dmitriev, presidente-executivo do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que comercializa a vacina Sputnik V no exterior.

O Sputnik V tuitou que o Brasil se torna o 67º país a autorizar a vacina.


Na manhã desta sexta-feira, a equipe técnica da Anvisa havia recomendado a aprovação da vacina, mas apenas sob certas condições, como a de ser usada apenas em adultos saudáveis.

As decisões vêm depois que o órgão regulador da saúde rejeitou no final de abril as importações da injeção de Sputnik V solicitadas por governadores desesperados por vacinas. Os estados originalmente queriam 37 milhões de doses.


Na ocasião, os cinco conselheiros da Anvisa votaram por unanimidade pela não aprovação da vacina russa, após técnicos terem destacado "riscos inerentes" e "graves" defeitos, citando a falta de dados que garantissem sua segurança, qualidade e eficácia. consulte Mais informação


A rejeição deu início a uma discussão hostil com os desenvolvedores russos, que ameaçaram processar a agência brasileira por difamação, acusando-os de ceder sob a pressão dos EUA.


O Instituto Gamaleya de Moscou e o RDIF disseram na época que o Sputnik V é 97,6% eficaz contra o COVID-19 em uma avaliação do "mundo real" baseada em dados de 3,8 milhões de pessoas.


Uma fonte envolvida no processo de análise da vacina disse à Reuters que a decisão da Anvisa na sexta-feira foi "uma tentativa de chegar a uma solução que garanta um grau mínimo de segurança. Vamos ver dados reais e eficácia agora".


O governo brasileiro assinou um contrato em fevereiro para comprar 20 milhões de doses da Covaxin, e a Bharat Biotech solicitou o uso emergencial da vacina no Brasil no início de março. No entanto, a Anvisa decidiu em 31 de março que a vacina não atendia aos padrões de fabricação.


O programa de vacinação do Brasil tem sido prejudicado por atrasos e falhas nas compras, transformando o país em um dos pontos mais fatais de COVID-19 do mundo neste ano e levando o sistema nacional de saúde à beira do colapso.


O Brasil já vacinou 47,6 milhões de pessoas com a primeira dose, o equivalente a 22,6% da população, mas apenas 22,7 milhões com duas doses, ou 10,8% da população.


O Brasil registrou 16,84 milhões de casos confirmados do coronavírus e mais de 470 mil mortes desde o início da pandemia. As mortes diárias diminuíram desde o pico da segunda onda em abril, mas permanecem muito maiores do que até mesmo o pior de 2020.


Nossos padrões: Princípios de confiança da Thomson Reuters.


 

A MISTERIOSA MORTE DE ALEXANDRE VON BAUMGARTEN, O JORNALISTA QUE DENUNCIOU A CORRUPÇÃO NA DITADURA

Dossiê produzido por ele denunciava a existência de um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia empresas privadas, o Serviço Nacional de Informação e a revista O Cruzeiro

Capa da Veja com o dossiê de Alexandre von Baumgarten / Crédito: Reprodução


A MISTERIOSA MORTE DE ALEXANDRE VON BAUMGARTEN, O JORNALISTA QUE DENUNCIOU A CORRUPÇÃO NA DITADURA

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FABIO PREVIDELLI


João Figueiredo e Alexandre von Baumgarten em uma reunião - Memorial da Democracia

Em 25 de janeiro de 1982, um corpo apareceu boiando na praia da Macumba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em um dos bolsos da vítima estavam os documentos de Alexandre von Baumgarten, famoso jornalista que estava desaparecido há 13 dias.


A última aparição de Baumgarten ocorreu na manhã de 13 de outubro. Na ocasião, ele deixava, junto com sua esposa Jeanette Hansen, o prédio onde morava e partiu para uma pescaria. Já no cais da Praça XV, o casal se encontrou com o barqueiro Manuel Valente Pires. De lá, eles embarcaram a bordo da traineira Mirimi rumo ao mar aberto, próximo das ilhas Cagarras. O tempo estava fechado, mas não foi o responsável por eles nunca mais voltarem.


Após três dias de sua identificação pelo Instituto Médico Legal, o jornalista foi enterrado após ter sido "vítima de um afogamento". No entanto, essa versão mudou em 1983 — após a publicação de uma matéria na revista Veja. Nela, o periódico revela que Baumgarten foi assassinado com dois tiros na cabeça e um no tórax.

 


A alegação foi comprovada com o laudo do IML e as capsulas de bala que estavam alojadas em seu corpo. As provas estavam anexadas ao inquérito que estava arquivado na 16ª DP da Barra da Tijuca — o crime só começou a ser investigado após ordem da Justiça.


Em fevereiro, a Veja publicou um dossiê que havia sido escrito por Baumgarten. Nele, o jornalista denunciava a existência de um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia empresas privadas, o Serviço Nacional de Informação (SNI) e a revista O Cruzeiro.


Contexto histórico


A revista O Cruzeiro foi editada pelos Diários Associados — do jornalista Assis Chateaubriand — e circulou de 1928 até 1975. Quatro anos depois, em 1979, Alexandre von Baumgarten readquiriu os direitos do título e relançou o periódico com o mesmo nome, com a intenção de criar uma vertente de opinião publica favorável à ditadura militar, que era cada vez mais impopular na época. Para isso, o SNI extorquia verbas de publicidade e repassava para a publicação.


O dossiê foi enviado apenas para dez pessoas. Cada envelope havia uma indicação de que seu conteúdo só poderia ser lido em caso de desaparecimento ou morte de Baumgarten. O documento revelava que o jornalista havia sido jurado de morte pelo general Newton Cruz, até então, chefe da Agência Central do SNI.


Militares são acusados... e julgados


Em 20 de setembro de 1985, o delegado Ivan Vasques confrontou os coronéis da reserva do Exército, Francisco Homem de Carvalho — que era ex-membro do SNI — e Dickson Grael. Após a acareação, o delegado divulgou a imprensa o nome de cinco suspeitos de participar do sequestro e morte de Baumgarten, sua esposa e o barqueiro Manuel Pires.


Grael revelou ter conhecimento dos fatos depois de uma confissão feita por Carvalho cinco meses antes. Segundo ele, os suspeitos seriam, além de Newton Cruz, os coronéis Ary Aguiar Freire e Ary Pereira; o tenente-coronel Paulo Malhães e o sargento Roberto Fábio.


Além dos militares ligados ao SNI, o nome de Ailton Guimarães, ex-capitão e oficial do DOI-CODI, também foi citado. Francisco Homem de Carvalho negou tudo, mas isso não impediu que Newton Cruz fosse indiciado. Na semana seguinte, Cruz foi fichado e prestou depoimento na delegacia.


No mês seguinte, uma nova fonte surgiu para acalentar ainda mais o caso. O ex-cabo do Exército David Antônio do Couto — que estava preso em Brasília por envolvimento na morte do jornalista Mário Eugênio — relatou à procuradoria geral da Justiça Militar que teria informações de outras quatro pessoas que estariam envolvidas na morte de Baumgarten.


Seriam eles: o coronel Sávio Costa, que, na época, ocupava a segunda seção do Exército no comando militar do Planalto; o coronel Arídio de Souza; o sargento Paulo Roberto Fábio e um major de codinome Marcos. Todos negaram i envolvimento no crime.



O general Newton Cruz foi acusado de ser o mandante do assassinato / Crédito: Wikimedia Commons

 


Em dezembro de 1987, o juiz do 1º Tribunal do Rio de Janeiro enviou Newton Cruz, Carlos Alberto Duarte da Silva e Mozart Belo da Silva a julgamento pelo sequestro e morte do jornalista.


O dia 1º de julho de 1992 ficou marcado pela absolvição, em júri popular, de Newton Cruz e Mozart Belo da Silva. O julgamento durou 30 horas. Na ocasião, o público considerou como insuficiente as provas apresentadas para condenar Cruz por sequestro, homicídio qualificado e ocultação do cadáver. Newton foi absolvido por 7 votos a 1.


Depoimento à Comissão da Verdade


Em 21 de março de 2014, o coronel da reserva do Exército Paulo Malhães, que até então tinha passado despercebido no inquérito, foi convidado pela Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro para prestar depoimento sobre o caso. Por mais de 3 horas, Malhães admitiu ter praticado crimes de tortura e assassinatos durante a ditadura militar.


Ele também assumiu que atuou na Casa da Morte, contou detalhes de tortura e acusou o coronel Freddie Perdigão  — que morreu no anos 1990 — de ter matado Alexandre von Baumgarten e atirado seu corpo no mar.


Segundo seu depoimento, o ato foi considerado um erro, já que o Exército não costumava descartar o corpo de suas vítimas desta maneira. “O único corpo que jogaram no mar foi o Perdigão, foi uma cagada”. Quando questionado quem era a vítima em questão, ele relatou: “Foi aquele cara que escrevia no Cruzeiro”. “Von Baumgarten”, questionaram o jornalista Marcelo Auler e a advogada Nadine Borges, integrantes da Comissão. “Von Baumgarten”, assentiu Malhães.


A versão de Paulo Malhães contrariava a perícia da época. O coronel afirmou que Perdigão perseguiu a traineira Mirimi na Baía de Guanabara, matou o jornalista e afundou a embarcação. Caso julgassem necessário, a Comissão da Verdade poderia solicitar um novo depoimento de Malhães para mais esclarecimentos.



No entanto, no dia 25 de abril de 2014, Malhães foi encontrado morto em seu sítio, na Baixada Fluminense. Segundo a esposa de Malhães, Cristina, ela, o marido e o caseiro do sítio foram rendidos por três homens encapuzados e mantidos como reféns por 9 horas. Ela e o caseiro teriam sido rendidos e imobilizados, já Malhães, foi levado para um quarto onde foi morto — seu corpo apresentava marcas de asfixia no rosto e pescoço.


Além do assassinato de Malhães, o grupo de criminosos revirou a casa e levou um computador, três armas antigas da coleção do coronel e outros objetos de valor. Apesar de o crime ter sido apontado como latrocínio, há uma hipótese que afirma que Paulo Malhães foi morto por queima de arquivo.



 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

CELIBATO, PINTURA E DISCURSO DE ÓDIO: A VIDA DE HITLER, ANTES DO REICH, EM 10 FATOS


Pintura do livro "Adolf Hitler - Fotos da vida do líder" - Getty Images


Pintura feita por Hitler em 1914 / Crédito: Wikimedia Commons

CELIBATO, PINTURA E DISCURSO DE ÓDIO: A VIDA DE HITLER, ANTES DO REICH, EM 10 FATOS

Neste dia, em 1945, morria a figura que encabeçou um dos mais trágicos momentos da humanidade


https://aventurasnahistoria.uol.com.br/


INGREDI BRUNATO, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 30/04/2021, 

Adolf Hitler tinha 44 anos de idade quando assumiu o posto de Chanceler de uma Alemanha borbulhando com antissemitismo. 

Era então 1933, a apenas seis anos da Segunda Guerra. Embora boa parte das cicatrizes deixadas pelo ditador genocida na História tenham ocorrido depois dessa data, vale lembrar que o austríaco já havia vivido quatro décadas àquele ponto, de forma que havia tido diversas experiências não relacionadas com seu período liderando o Partido Nazista. 

É dessa porção inicial da vida de Hitler que iremos falar nessa matéria — os acontecimentos que vieram antes dele se tornar responsável por algumas das ações mais devastadoras da época da Segunda Guerra Mundial. 

1. Fracasso acadêmico 

Um fato menos conhecido a respeito do líder nazista é que, a despeito dele ter sido excelente conduzindo multidões, sendo capaz de proferir discursos convincentes a respeito de suas ideologias perturbadoras, nunca terminou seus estudos. 

Segundo relatado pelo historiador alemão Volker Ullrich em sua obra “Adolf Hitler Vol. 1 – Os Anos de Ascensão, 1889-1939”, quando criança, o jovem Hitler tendia a se sair bem na escola, tirando notas boas, porém isso mudou quando entrou no segundo grau. 
 

A queda de seu rendimento eventualmente terminou por fazê-lo abandonar o colégio, e a falta de um diploma ainda o levou a ser recusado pela universidade local quando tentou prestar um exame de admissão. 

2. Perda da mãe 


As dificuldades enfrentadas por Adolf nessa época, entretanto, não se limitaram à área acadêmica de sua vida. Isso porque, quando tinha apenas 18 anos, se tornou órfão. 

Seu pai, considerado um homem severo (como a maioria das figuras paternas da época), havia morrido alguns anos antes, porém foi à perda da mãe para o câncer de mama que abalou o austríaco.

Também de acordo com o livro de Ullrich, o médico que tratou a mãe do futuro ditador — que, aliás, era judeu — fez uma anotação em que dizia “Em meus quase 40 anos de atividade, nunca vi um jovem tão indescritivelmente triste e arrasado como o jovem Adolf Hitler”. 

3. Morador de rua 


O rapaz que se tornaria o Führer viveu boa parte de seus anos como jovem adulto em Viena, capital da Áustria. A princípio, a junção de sua pensão de órfão, a herança materna e a ajuda financeira concedida por uma tia foram o suficiente para lhe permitir viver como bem queria, sem precisar preocupar-se em trabalhar. 

Quando a tia de Hitler faleceu, porém, o bem-bom chegou ao fim, e ele acabou até mesmo vivendo nas ruas por algum tempo. O futuro nazista só foi capaz de superar sua situação precária quando começou a pintar cartões-postais de Viena, o que gerou dinheiro suficiente para que vivesse em um pensionato masculino.  

4. Dons artísticos 


Como já mencionado, o jovem Adolf tinha habilidade suficiente com pintura para fazer alguma grana. Foi talvez por isso que, ainda segundo o historiador Ullrich, ele acabou passando uma porção considerável de sua vida investindo tempo e esforço em uma possível carreira de artista. Infelizmente, ela nunca se concretizou. 

Isso pois, a despeito das telas pintadas pelo futuro ditador terem sido relativamente rentáveis, Hitler apenas não era talentoso o bastante para criar um nome no meio artístico. Caso fosse, talvez os livros de História trouxessem uma narrativa diferente hoje. 

5. Antes dos horrores


O médico que tratou o câncer de sua mãe não foi o único judeu por quem o austríaco nutriu simpatia (afinal, foi crucial para sua família). Quando morou no pensionato, conheceu vários outros seguidores da religião judaica, sem nunca demonstrar qualquer hostilidade, pelo que foi relatado pelo livro “Adolf Hitler Vol. 1 – Os Anos de Ascensão, 1889-1939”. 

Inclusive, os donos da uma loja de artes para quem o rapaz vendia seus quadros eram, também, judeus. O ódio pelo grupo teria, assim, surgido mais tarde. 

6. Discurso de ódio


O antissemitismo desenvolvido por Hitler não foi um caso isolado, que simplesmente manifestou-se de forma espontânea. Na época, era notável a disseminação do discurso de ódio direcionado à comunidade judaica, que era inclusive propagado por figuras públicas. 

Uma dessas figuras era Georg von Schörener, um pensador que pregava a ideia de juntar os povos de origem germânica sob um único Estado e foi justamente uma das grandes inspirações do futuro líder nazista. Sua influência sobre Adolf foi atestada pelo próprio em seu livro autobiográfico, o “Minha Luta”. 

7. Celibato autoimposto 

Um dos exemplos de como o jovem Hitler seguia as ideias de Schörener possivelmente pode ser encontrado em seu comportamento pouco dado a interações sexuais, em corrente contrária à maioria dos jovens vienenses. 

Segundo Ullrich, isso deve-se ao fato do ídolo de Adolf defender que manter-se virgem até os 25 anos serviria para fortalecer o corpo e a mente. Não se sabe exatamente se o austríaco cumpriu essa meta plenamente, porém é uma alternativa provável. 

8. Mensageiro de guerra  

Aos 24, o nazista em formação mudou-se para Munique. Foi nessa época que a realidade de seu fracasso como pintor começou a atingi-lo de vez, e, segundo o historiador alemão, esse foi um dos motivos que levou Hitler a passar boa parte de seus dias trancado no quarto durante esse período. 

Um fato é que, apesar do futuro Führer ter tido suas expectativas de virar artista frustradas, sua atuação na Primeira Guerra Mundial até que foi positiva: embora ele tenha ganhado uma ocupação que o expunha a riscos diariamente, que era a de levar as mensagens dos comandantes até os soldados do front, Adolf conseguiu sair do conflito vivo, algo que nem todos os soldados alemães não podiam dizer. 

Segundo uma reportagem de 2018 da AFP, a Alemanha teve 2 milhões de baixas na Primeira Guerra, um número superior ao de nações como o Reino Unido, a França e a Áustria-Hungria. 

9. Jogando a culpa para os judeus


Ainda de acordo com a biografia referente ao início da vida de Hitler, a derrota na guerra acabou tornando a sociedade alemã ainda mais antissemita do que era previamente.

Alguém precisava receber a culpa do fracasso. É sempre mais fácil jogar a responsabilidade nos ombros do outro. Infelizmente para os judeus, naquele momento eles haviam se tornado “o outro”, com a Alemanha rapidamente esquecendo os vários seguidores da religião que lutaram e morreram pelo país durante as batalhas. 

10. O começo do ódio


Foi no pós-guerra que Adolf decidiu fazer uma mudança no curso da sua vida, e envolver-se com outro tipo de arte: a da política, em que o austríaco se descobriria muito mais talentoso do que na outra.

Achou sua verdadeira vocação, afinal: não era tão bom quanto gostaria manipulando tintas, mas era incrível manipulando palavras. Foi assim que Hitler passou de artista sem futuro para político em ascensão responsável por um dos mais tristes capítulos da História.


 

OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


 FMI, Banco Mundial, OMS e OMC defenderam esforço para melhorar o acesso à vacinação para chegar mais rápido ao fim da pandemia| Foto: BigStock


OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


Por Helen Mendes

https://www.gazetadopovo.com.br/


Os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgaram um plano para aumentar o acesso global às vacinas da Covid-19 e encerrar a pandemia mais rapidamente. Em um comunicado publicado em vários jornais pelo mundo na terça-feira (1º), os dirigentes apelaram aos governos das nações mais ricas que promovam ações de financiamento e também doem mais vacinas aos países mais pobres. As doações serviriam não apenas para melhorar a distribuição global de vacinas, como também para evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus e a necessidade de mais restrições da pandemia em todo o mundo.


As organizações estimaram que investimentos adicionais de US$ 50 bilhões podem encerrar a pandemia mais rápido nos países em desenvolvimento, reduzir as infecções e a perda de vidas, acelerar a recuperação econômica e ainda gerar retornos econômicos de cerca de US$ 9 trilhões em produção global adicional até 2025. O apelo para o esforço coletivo e uma ação global coordenada tem base em um estudo anterior do FMI.


"Todos saem ganhando", dizem os líderes, que calculam que cerca de 60% desses ganhos iriam para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, e os 40% restantes beneficiariam o mundo desenvolvido - além dos "benefícios inestimáveis para a vida e a saúde das pessoas".


"Tornou-se bastante claro que não haverá uma recuperação ampla da pandemia de Covid-19 sem o fim da crise de saúde", afirma a nota conjunta. "O acesso à vacinação é fundamental para ambos". A carta foi publicada em preparação ao encontro do G7 no Reino Unido na semana que vem.


Nesta sexta-feira (4), Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, deve apresentar o plano de expansão da vacinação durante um encontro de ministros de Finanças do G7 em Londres.


O que precisa ser feito

O FMI e o Banco Mundial já haviam alertado, no ano passado, que a pandemia iria atrasar o progresso dos países mais pobres, agravando a pobreza. Agora, as entidades dizem que a falta de acesso às vacinas irá prolongar a pandemia.


Em primeiro lugar, é preciso vacinar mais pessoas mais rapidamente, dizem os líderes. A OMS e a sua iniciativa Covax têm a meta de vacinar cerca de 30% da população em todos os países até o final deste ano. O grupo afirma que essa meta pode aumentar até 40%, com novos acordos e investimentos, e até pelo menos 60% até a metade de 2022.


Para alcançar esses números, seriam necessários investimentos adicionais a países de baixa e média renda, principalmente em forma de subsídios e concessões, além da doação imediata de doses aos países em desenvolvimento.



Em segundo lugar está a redução do risco de surgimento de novas variantes do coronavírus que podem provocar a necessidade de doses de reforço. Para isso, é preciso aumentar a capacidade de produção de vacinas e diversificar a produção para outras regiões.


Em terceiro, o aumento imediato de testagem e rastreamento de contatos, suprimentos de oxigênio, produtos terapêuticos e medidas de saúde pública. O grupo pede ainda que os membros da OMC acelerem as negociações para uma solução pragmática sobre a propriedade intelectual das vacinas.


Distribuição global de vacinas

Mais de 2 bilhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus já foram aplicadas em pelo menos 176 países, segundo monitoramento da Bloomberg. A quantidade seria suficiente para imunizar 13,2% da população do planeta. Porém, a distribuição global está longe de ser proporcional, já que os países e regiões mais ricos estão vacinando até mais de 30 vezes mais rápido do que as nações de menor renda.


Para ilustrar a diferença de acesso às vacinas, o levantamento da Bloomberg aponta que os 27 locais mais ricos têm 28,6% das vacinações, embora tenham apenas 10,4% da população mundial.


Os Estados Unidos, por exemplo, têm 4,3% da população mundial, mas 15,2% de todas as vacinas contra Covid no mundo foram aplicadas no país norte-americano.

As nações de baixa renda receberam juntas menos de 1% das vacinas até o momento. De acordo com um relatório recente da Rockefeller Foundation, metade dos americanos e um quarto dos europeus já receberam pelo menos uma primeira dose de vacina, enquanto apenas 14% das pessoas na América do Sul, 4,8% na Ásia e 1,2% na África já estão vacinadas ao menos parcialmente. Com o ritmo atual de vacinação no mundo, levaria mais de um ano para que houvesse imunidade global capaz de conter os contágios. A nota do FMI, OMS, OMC e Banco Mundial afirma que uma pandemia de duas rotas está se formando; com os países ricos tendo acesso a vacinação e os mais pobres deixados para trás.


"Enquanto algumas nações mais prósperas já estão discutindo campanhas de doses de reforço para suas populações, a vasta maioria de pessoas em países em desenvolvimento - mesmo trabalhadores da linha de frente - ainda não receberam sua primeira dose", afirma o grupo quadrilateral, que diz ainda que as consequências da vacinação desigual são negativas para todos, mesmo para os países com vacinação avançada.