Reuters
Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Justiça, Sergio Moro 17/06/2019 REUTERS/Adriano Machado
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que o ministro da Justiça, Sergio Moro, é um “patrimônio nacional” e saiu fortalecido após ter participado de audiência pública no Senado para prestar esclarecimento sobre supostas conversas vazadas com procuradores da Lava Jato quando era juiz da operação.
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Bolsonaro também minimizou nova reportagem do site The Intercept Brasil sobre as supostas conversas que alegadamente envolvem o atual ministro e procuradores do Ministério Público Federal.
“Já falei que o Sergio Moro é um patrimônio nacional. É um homem que conseguiu um ponto de inflexão nesse grande mal que assola o país há décadas, que é a corrupção”, disse.
“Agora, os vazamentos em si, ninguém tem certeza da fidelidade do que está publicado ali. Existem programas hoje que simulam conversas entre aplicativos entre duas pessoas que nunca se viram”, acrescentou.
Na avaliação do presidente, Moro saiu do Senado “mais fortalecido do que entrou” após prestar os esclarecimentos em audiência na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Casa. “Para mim, é motivo de honra e orgulho tê-lo em meu ministério”, afirmou.
Na quarta-feira, Moro compareceu voluntariamente ao Senado para dar explicações sobre reportagens do site The Intercept Brasil que relatariam supostas conversas dele com o chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal na operação, Deltan Dallagnol.
Na audiência, o ministro não atestou a validade das conversas, negou quaisquer irregularidades e disse que, se ficar comprovado uma atuação irregular dele no episódio das supostas trocas de mensagens, ele deixa o cargo.
Por Ricardo Brito
Reuters
Konstantinos - Uranus
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Ao STF, Dodge opina contra pedido de Lula para anular caso tríplex por suspeição de Moro
Reuters
Procuradora-Geral da Rep[ublica, Raquel Dodge 01/02/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira, contra a anulação do processo do tríplex do Guarujá (SP) pelo qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso por suspeição do ex-juiz federal e ministro da Justiça, Sergio Moro.
A 2ª Turma do STF incluiu o julgamento desse recurso da defesa do ex-presidente na pauta da próxima terça-feira, dia 25.
A defesa de Lula defende a anulação do processo do tríplex após terem vindo à tona reportagens do site Intercept Brasil que cita supostas conversas de Moro, ex-juiz da Lava Jato, e o chefe da força-tarefa da operação no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol. Nos supostos diálogos, teria havido direcionamento de ações de Moro a ações do MPF —o que ambos os lados negam.
Moro foi quem condenou o ex-presidente pela primeira vez em 2017, abrindo posteriormente caminho para que Lula fosse preso e passasse a cumprir pena há pouco mais de um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Em seu parecer, Dodge argumentou que as supostas conversas apontadas pela defesa de Lula não foram apresentadas às autoridades públicas para que a integridade fosse avaliada. Destacou também que há “fundada dúvida jurídica” sobre os fatos relatados, o que, a seu ver, leva à rejeição do pedido de suspeição de Moro.
“Diante disso, a sua autenticidade não foi analisada e muito menos confirmada. Tampouco foi devidamente aferido se as referidas mensagens foram corrompidas, adulteradas ou se procedem em sua inteireza, dos citados interlocutores”, disse.
“Estas circunstâncias jurídicas têm elevado grau de incerteza neste momento processual, que impede seu uso com evidência a corroborar a alegação de suspeição feita pela defesa do paciente nestes autos”, completou Dodge, no parecer.
No texto, Dodge aproveitou para manifestar preocupação com o fato de que as supostas mensagens tenham sido obtidas de forma criminosa, o que fere a privacidade das comunicações e caracteriza grave atentado às autoridades brasileiras. Citou ter determinado a abertura de um inquérito sobre este fato e providências administrativas no âmbito do Ministério Público Federal sobre o assunto.
Reportagem de Ricardo Brito
Reuters
Procuradora-Geral da Rep[ublica, Raquel Dodge 01/02/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira, contra a anulação do processo do tríplex do Guarujá (SP) pelo qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso por suspeição do ex-juiz federal e ministro da Justiça, Sergio Moro.
A 2ª Turma do STF incluiu o julgamento desse recurso da defesa do ex-presidente na pauta da próxima terça-feira, dia 25.
A defesa de Lula defende a anulação do processo do tríplex após terem vindo à tona reportagens do site Intercept Brasil que cita supostas conversas de Moro, ex-juiz da Lava Jato, e o chefe da força-tarefa da operação no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol. Nos supostos diálogos, teria havido direcionamento de ações de Moro a ações do MPF —o que ambos os lados negam.
Moro foi quem condenou o ex-presidente pela primeira vez em 2017, abrindo posteriormente caminho para que Lula fosse preso e passasse a cumprir pena há pouco mais de um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Em seu parecer, Dodge argumentou que as supostas conversas apontadas pela defesa de Lula não foram apresentadas às autoridades públicas para que a integridade fosse avaliada. Destacou também que há “fundada dúvida jurídica” sobre os fatos relatados, o que, a seu ver, leva à rejeição do pedido de suspeição de Moro.
“Diante disso, a sua autenticidade não foi analisada e muito menos confirmada. Tampouco foi devidamente aferido se as referidas mensagens foram corrompidas, adulteradas ou se procedem em sua inteireza, dos citados interlocutores”, disse.
“Estas circunstâncias jurídicas têm elevado grau de incerteza neste momento processual, que impede seu uso com evidência a corroborar a alegação de suspeição feita pela defesa do paciente nestes autos”, completou Dodge, no parecer.
No texto, Dodge aproveitou para manifestar preocupação com o fato de que as supostas mensagens tenham sido obtidas de forma criminosa, o que fere a privacidade das comunicações e caracteriza grave atentado às autoridades brasileiras. Citou ter determinado a abertura de um inquérito sobre este fato e providências administrativas no âmbito do Ministério Público Federal sobre o assunto.
Reportagem de Ricardo Brito
Reuters
Trump diz ter abortado ataque em retaliação ao Irã para poupar vidas
Trump diz ter abortado ataque em retaliação ao Irã para poupar vidas
Reuters
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que abortou um ataque militar contra o Irã porque este poderia ter matado 150 pessoas, uma reação desproporcional ao fato de Teerã ter abatido um drone de vigilância dos EUA.
Presidente dos EUA, Donald Trump 20/06/2019 REUTERS/Jonathan Ernst
Trump disse que o plano era atingir três locais em resposta à derrubada do drone na quinta-feira, que Teerã afirma ter ocorrido sobre seu território e Washington diz ter acontecido no espaço aéreo internacional sobre o Estreito de Hormuz.
O incidente com o drone agravou os temores globais de um confronto militar direto entre os inimigos de longa data, e os preços do petróleo subiram nesta sexta-feira devido às apreensões a respeito de possíveis transtornos nas exportações de petróleo do Golfo.
A decisão abrupta de Trump de cancelar o ataque sugere que ele quer uma solução diplomática para acabar com semanas de tensões com o Irã, que Washington acusa de vários ataques a petroleiros na região do Golfo.
Em uma série de tuítes matutinos, Trump disse não ter pressa de lançar um ataque e que as sanções econômicas norte-americanas, concebidas para forçar o Irã a conter suas atividades nuclear e de mísseis e seu envolvimento em guerras regionais, estão surtindo efeito.
Ele ainda disse que os EUA impuseram sanções adicionais ao Irã na noite de quinta-feira, na esteira da destruição do drone Global Hawk, causada por um míssil terra-ar, mas não ficou claro de imediato quais seriam essas penalidades.
“Dez minutos antes do ataque eu o parei, não é proporcional à derrubada de um drone não-tripulado. Não estou com pressa, nossas forças militares estão recompostas, novas e prontas para agir, de longe as melhores do mundo”, tuitou Trump.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e a diretora da CIA, Gina Haspel, além do restante da equipe de Trump, foram a favor de um ataque retaliatório, disse uma autoridade sênior do governo Trump.
Mais cedo nesta sexta, autoridades iranianas disseram à Reuters que Teerã recebeu uma mensagem de Trump alertando que um ataque norte-americano ao Irã era iminente, mas dizendo que ele não quer uma guerra, e sim discutir uma série de assuntos.
A notícia sobre a mensagem, entregue via Omã de madrugada, veio pouco depois de o jornal New York Times dizer que Trump cancelou ataques visando radares e baterias de mísseis iranianas na última hora.
“Em sua mensagem, Trump disse que é contra qualquer guerra com o Irã e que quer conversar com Teerã sobre vários assuntos”, disse uma das autoridades à Reuters, pedindo anonimato.
“Ele deu um período de tempo curto para receber nossa resposta, mas a resposta imediata do Irã foi que cabe ao líder supremo (aiatolá Ali) Khamenei decidir sobre esta questão”, acrescentou a fonte.
Washington também solicitou uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira sobre o Irã.
A decisão de Trump teve reações diversas em Washington, com algumas pessoas criticando-o por recuar, enquanto outras, notadamente democratas de alto escalão, elogiaram o que viram como moderação.
“Um ataque com esse tamanho de danos colaterais seria muito provocador, e estou feliz que o presidente não fez isso”, disse a repórteres a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a principal democrata no Congresso.
Já Michael Makovsky, ex-autoridade do Pentágono que dirige o Instituto Judaico de Segurança Nacional da América, um centro de estudos que favorece fortes laços de segurança entre os EUA e Israel, disse que Trump estava minando a credibilidade norte-americana.
“Trump deu a impressão de que perdeu a coragem”, disse Makovsky em um comunicado.
Reuters
Reuters
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que abortou um ataque militar contra o Irã porque este poderia ter matado 150 pessoas, uma reação desproporcional ao fato de Teerã ter abatido um drone de vigilância dos EUA.
Presidente dos EUA, Donald Trump 20/06/2019 REUTERS/Jonathan Ernst
Trump disse que o plano era atingir três locais em resposta à derrubada do drone na quinta-feira, que Teerã afirma ter ocorrido sobre seu território e Washington diz ter acontecido no espaço aéreo internacional sobre o Estreito de Hormuz.
O incidente com o drone agravou os temores globais de um confronto militar direto entre os inimigos de longa data, e os preços do petróleo subiram nesta sexta-feira devido às apreensões a respeito de possíveis transtornos nas exportações de petróleo do Golfo.
A decisão abrupta de Trump de cancelar o ataque sugere que ele quer uma solução diplomática para acabar com semanas de tensões com o Irã, que Washington acusa de vários ataques a petroleiros na região do Golfo.
Em uma série de tuítes matutinos, Trump disse não ter pressa de lançar um ataque e que as sanções econômicas norte-americanas, concebidas para forçar o Irã a conter suas atividades nuclear e de mísseis e seu envolvimento em guerras regionais, estão surtindo efeito.
Ele ainda disse que os EUA impuseram sanções adicionais ao Irã na noite de quinta-feira, na esteira da destruição do drone Global Hawk, causada por um míssil terra-ar, mas não ficou claro de imediato quais seriam essas penalidades.
“Dez minutos antes do ataque eu o parei, não é proporcional à derrubada de um drone não-tripulado. Não estou com pressa, nossas forças militares estão recompostas, novas e prontas para agir, de longe as melhores do mundo”, tuitou Trump.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e a diretora da CIA, Gina Haspel, além do restante da equipe de Trump, foram a favor de um ataque retaliatório, disse uma autoridade sênior do governo Trump.
Mais cedo nesta sexta, autoridades iranianas disseram à Reuters que Teerã recebeu uma mensagem de Trump alertando que um ataque norte-americano ao Irã era iminente, mas dizendo que ele não quer uma guerra, e sim discutir uma série de assuntos.
A notícia sobre a mensagem, entregue via Omã de madrugada, veio pouco depois de o jornal New York Times dizer que Trump cancelou ataques visando radares e baterias de mísseis iranianas na última hora.
“Em sua mensagem, Trump disse que é contra qualquer guerra com o Irã e que quer conversar com Teerã sobre vários assuntos”, disse uma das autoridades à Reuters, pedindo anonimato.
“Ele deu um período de tempo curto para receber nossa resposta, mas a resposta imediata do Irã foi que cabe ao líder supremo (aiatolá Ali) Khamenei decidir sobre esta questão”, acrescentou a fonte.
Washington também solicitou uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira sobre o Irã.
A decisão de Trump teve reações diversas em Washington, com algumas pessoas criticando-o por recuar, enquanto outras, notadamente democratas de alto escalão, elogiaram o que viram como moderação.
“Um ataque com esse tamanho de danos colaterais seria muito provocador, e estou feliz que o presidente não fez isso”, disse a repórteres a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a principal democrata no Congresso.
Já Michael Makovsky, ex-autoridade do Pentágono que dirige o Instituto Judaico de Segurança Nacional da América, um centro de estudos que favorece fortes laços de segurança entre os EUA e Israel, disse que Trump estava minando a credibilidade norte-americana.
“Trump deu a impressão de que perdeu a coragem”, disse Makovsky em um comunicado.
Reuters
quinta-feira, 20 de junho de 2019
Bolsonaro diz que está à disposição para buscar reeleição caso não haja "boa" reforma política
Bolsonaro diz que está à disposição para buscar reeleição caso não haja "boa" reforma política
Por Pablo Garcia e Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que está à disposição para tentar a reeleição em 2022 caso o Congresso não faça uma “boa reforma” política e, ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, defendeu temas caros à sua base, como porte de armas e fim dos radares eletrônicos.
Presidente Jair Bolsonaro participa da Marcha para Jesus em São Paulo 20/06/2019 REUTERS/Nacho Doce
“Se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caso, jogar fora a possibilidade de reeleição, posso fazer isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política, se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos”, disse o presidente a jornalistas ao participar do evento que reúne milhares de evangélicos na capital paulista.
O presidente também rebateu declarações dadas pelo general Carlos Alberto Santos Cruz, que deixou o comando da Secretaria de Governo nesta semana e classificou a gestão Bolsonaro em entrevista à revista Época como “um show de besteiras”.
“Eu não li ainda. Caso Santos Cruz é página virada”, disse o presidente inicialmente. “Não sei o que ele falou, ele integrou o governo por seis meses e nunca falou que tinha bobagem lá dentro”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro demonstrou irritação com a pergunta sobre Santos Cruz e também expressou incômodo com questionamentos relacionados à divulgação de supostas mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, —a quem chamou de “patrimônio nacional”— e procuradores da operação Lava Jato.
Exaltado, o presidente criticou jornalistas e sugeriu o que deveriam perguntar.
“Faz uma pergunta inteligente, meu Deus do céu. Como é que está o Brasil, o que é que a gente está fazendo, a esperança, a Previdência”, disparou.
“Vocês querem voltar ao que era antes? A imprensa aqui é Lula Livre? É Lula Livre, é um bandido livre, condenado por três instâncias? Pelo amor de Deus, vamos ser coerentes. Por isso cada vez mais a imprensa cai em descrédito no Brasil.”
O presidente defendeu a medida provisória editada por seu governo que retira da Fundação Nacional do Índio (Funai) a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas —após a proposta já ter sido rejeitada pelo Congresso— assim como o decreto que flexibiliza o porte de armas e que já teve aprovada sua derrubada pelo Senado.
“Quem demarca terras indígenas sou eu, não é nenhum ministro. Quem manda sou eu. Nessa questão e em tantas outras”, disse.
“Votaram contra o decreto (das armas) ou contra o presidente Bolsonaro, para dar um recado para mim? Ninguém dá recado para mim, eu converso com o Parlamento numa boa. Se alguns querem dar um recado para mim, estão agindo de forma errada”, afirmou.
Bolsonaro também voltou a criticar o que chama de indústrias da multa, referindo-se às punições ambientais aplicadas pelo Ibama e às penalidades impostas por radares eletrônicos por excesso de velocidade.
O presidente chegou a afirmar que, ao retirar radares eletrônicos de estradas federais, está ajudando a reduzir a inflação.
“Não tem mais o Ibama multando os outros por aí. Não tem mais o Ibama atrapalhando quem quer produzir. Acabou essa brincadeira. Como estamos tirando das costas de vocês a multagem eletrônica, indústria da multa. Quem tem prazer de dirigir aqui no Brasil? Só multa em cima de multa”, defendeu.
“Hoje em dia quem produz já coloca na planilha de custo o preço da multa. Dessa maneira, estamos ajudando a diminuir a inflação.”
(Reuters)
Por Pablo Garcia e Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que está à disposição para tentar a reeleição em 2022 caso o Congresso não faça uma “boa reforma” política e, ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, defendeu temas caros à sua base, como porte de armas e fim dos radares eletrônicos.
Presidente Jair Bolsonaro participa da Marcha para Jesus em São Paulo 20/06/2019 REUTERS/Nacho Doce
“Se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caso, jogar fora a possibilidade de reeleição, posso fazer isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política, se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos”, disse o presidente a jornalistas ao participar do evento que reúne milhares de evangélicos na capital paulista.
O presidente também rebateu declarações dadas pelo general Carlos Alberto Santos Cruz, que deixou o comando da Secretaria de Governo nesta semana e classificou a gestão Bolsonaro em entrevista à revista Época como “um show de besteiras”.
“Eu não li ainda. Caso Santos Cruz é página virada”, disse o presidente inicialmente. “Não sei o que ele falou, ele integrou o governo por seis meses e nunca falou que tinha bobagem lá dentro”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro demonstrou irritação com a pergunta sobre Santos Cruz e também expressou incômodo com questionamentos relacionados à divulgação de supostas mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, —a quem chamou de “patrimônio nacional”— e procuradores da operação Lava Jato.
Exaltado, o presidente criticou jornalistas e sugeriu o que deveriam perguntar.
“Faz uma pergunta inteligente, meu Deus do céu. Como é que está o Brasil, o que é que a gente está fazendo, a esperança, a Previdência”, disparou.
“Vocês querem voltar ao que era antes? A imprensa aqui é Lula Livre? É Lula Livre, é um bandido livre, condenado por três instâncias? Pelo amor de Deus, vamos ser coerentes. Por isso cada vez mais a imprensa cai em descrédito no Brasil.”
O presidente defendeu a medida provisória editada por seu governo que retira da Fundação Nacional do Índio (Funai) a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas —após a proposta já ter sido rejeitada pelo Congresso— assim como o decreto que flexibiliza o porte de armas e que já teve aprovada sua derrubada pelo Senado.
“Quem demarca terras indígenas sou eu, não é nenhum ministro. Quem manda sou eu. Nessa questão e em tantas outras”, disse.
“Votaram contra o decreto (das armas) ou contra o presidente Bolsonaro, para dar um recado para mim? Ninguém dá recado para mim, eu converso com o Parlamento numa boa. Se alguns querem dar um recado para mim, estão agindo de forma errada”, afirmou.
Bolsonaro também voltou a criticar o que chama de indústrias da multa, referindo-se às punições ambientais aplicadas pelo Ibama e às penalidades impostas por radares eletrônicos por excesso de velocidade.
O presidente chegou a afirmar que, ao retirar radares eletrônicos de estradas federais, está ajudando a reduzir a inflação.
“Não tem mais o Ibama multando os outros por aí. Não tem mais o Ibama atrapalhando quem quer produzir. Acabou essa brincadeira. Como estamos tirando das costas de vocês a multagem eletrônica, indústria da multa. Quem tem prazer de dirigir aqui no Brasil? Só multa em cima de multa”, defendeu.
“Hoje em dia quem produz já coloca na planilha de custo o preço da multa. Dessa maneira, estamos ajudando a diminuir a inflação.”
(Reuters)
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Com R$ 65,5 bi em dívidas, Odebrecht pede uma das maiores recuperações judiciais do Brasil
Com R$ 65,5 bi em dívidas, Odebrecht pede uma das maiores recuperações judiciais do Brasil
Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Cerca de três anos após ter sido atingida pelos efeitos de uma profunda recessão no Brasil e das investigações da operação Lava Jato, a Odebrecht formalizou nesta segunda-feira seu pedido de recuperação judicial, com dívidas de 65,5 bilhões de reais, um dos maiores processos do tipo na história no país.
O pedido, apresentado à Justiça de São Paulo, ocorreu quase três semanas após a Atvos, braço de agronegócio, ter sido a primeira a unidade do grupo a pedir recuperação judicial. O pedido apresentado à Justiça nesta segunda-feira exclui, além da própria Atvos, a Braskem, a empreiteira OEC, a Ocyan, a incorporadora OR, a Odebrecht Transport e o estaleiro Enseada.
Em comunicado, a companhia informou que o processo envolve 51 bilhões de reais de dívidas concursais, ou seja, passíveis de reestruturação. Outros 14,5 bilhões de reais são compostos sobretudo por dívidas lastreadas em ações da Braskem e não passíveis de reestruturação. O montante também exclui dívidas cruzadas entre as unidades do grupo, de cerca de 30 bilhões. O processo envolve as controladoras da Odebrecht, Kiepe e Odbinv.
No documento apresentado à Justiça, ao qual a Reuters teve acesso, a Odebrecht afirma que a soma de todos esses valores chega 98,5 bilhões de reais.
“Nossa decisão foi o caminho encontrado para que possamos preservar a empresa, empregos e ao mesmo tempo permitir que nossos credores tenham a maior recuperação possível de seus recebíveis”, disse em entrevista à Reuters o presidente-executivo da Odebrecht SA, Luciano Guidolin.
O pedido de recuperação judicial expõe o fracasso das conversas da Odebrecht com seus maiores credores financeiros. Na semana passada, o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que os grandes bancos do país negociavam uma recuperação extrajudicial da Odebrecht, processo negociado que em geral descarta reestruturação de dívidas, usando em vez disso um alongamento. Foi este o caminho usado por uma das unidades do grupo a Ocyan.
Um dos ativos mais valiosos do grupo, a Braskem, vinha tendo o controle negociado pela Odebrecht para a LyondellBasell, mas as conversas para a venda foram encerradas no começo deste mês. Segundo o documento apresentado à Justiça, a Braskem respondia por 79,4% da receita bruta do conglomerado em 2018.
Segundo três fontes familiarizadas com a situação, de forma sigilosa alguns pedidos de execução de garantias começaram a ser feitos em maio, pedidas pela Caixa Econômica Federal, após lhe ter negado o pedido para receber como garantia ações da Braskem, a exemplo do que a Odebrecht já fizera com BNDES, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil.
Uma das primeiras execuções é das garantias pela Caixa foi a ligada a dívidas da Odebrecht com o banco ligadas à construção do estádio do Corinthians, em São Paulo.
A Odebrecht tem 18,1 bilhões de reais em dívidas com bancos sem garantia real, sendo 7 bilhões com o BNDES, 4,75 bilhões com o Banco do Brasil, e 4,1 bilhões de reais com a Caixa. Outros 14,5 bilhões têm garantias reais como contrapartida: 4,37 bilhões com o Bradesco, 3,1 bilhões com o BB, 3 bilhões com o BNDES e 3,5 bilhões com o Itaú Unibanco.
Procurada, a Caixa afirmou que não comentará o assunto.
Em comunicado interno enviado a funcionários, ao qual a Reuters teve acesso, Guidolin diz que a companhia foi obrigada a pedir recuperação judicial e que essa medida lhe dará, como garantidora de parcela importante dos financiamentos tomados pelas empresas operacionais “tranquilidade, transparência e resiliência para reorganizar a sua estratégia de forma coordenada com os seus credores”.
Atingida pela operação Lava Jato, que desvendou um multibilionário de esquema de corrupção envolvendo sobretudo contratos com estatais, a empresa criada em 1944 teve presos vários de seus principais executivos e linhas de financiamento interditadas para uma dívida que chegou a 110 bilhões de reais.
Com as receitas em forte queda, a companhia passou a vender ativos (Odebrecht Ambiental, Embraport, Via Rio, Via 4, Galeão, e Supervia), processo que não foi suficiente para equilibrar receitas e despesas. Com isso, a empresa que já chegou a ter 193 mil funcionários em 2013, reduziu esse quadro para 45 mil diretos e indiretos.
(Reuters)
Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Cerca de três anos após ter sido atingida pelos efeitos de uma profunda recessão no Brasil e das investigações da operação Lava Jato, a Odebrecht formalizou nesta segunda-feira seu pedido de recuperação judicial, com dívidas de 65,5 bilhões de reais, um dos maiores processos do tipo na história no país.
O pedido, apresentado à Justiça de São Paulo, ocorreu quase três semanas após a Atvos, braço de agronegócio, ter sido a primeira a unidade do grupo a pedir recuperação judicial. O pedido apresentado à Justiça nesta segunda-feira exclui, além da própria Atvos, a Braskem, a empreiteira OEC, a Ocyan, a incorporadora OR, a Odebrecht Transport e o estaleiro Enseada.
Em comunicado, a companhia informou que o processo envolve 51 bilhões de reais de dívidas concursais, ou seja, passíveis de reestruturação. Outros 14,5 bilhões de reais são compostos sobretudo por dívidas lastreadas em ações da Braskem e não passíveis de reestruturação. O montante também exclui dívidas cruzadas entre as unidades do grupo, de cerca de 30 bilhões. O processo envolve as controladoras da Odebrecht, Kiepe e Odbinv.
No documento apresentado à Justiça, ao qual a Reuters teve acesso, a Odebrecht afirma que a soma de todos esses valores chega 98,5 bilhões de reais.
“Nossa decisão foi o caminho encontrado para que possamos preservar a empresa, empregos e ao mesmo tempo permitir que nossos credores tenham a maior recuperação possível de seus recebíveis”, disse em entrevista à Reuters o presidente-executivo da Odebrecht SA, Luciano Guidolin.
O pedido de recuperação judicial expõe o fracasso das conversas da Odebrecht com seus maiores credores financeiros. Na semana passada, o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que os grandes bancos do país negociavam uma recuperação extrajudicial da Odebrecht, processo negociado que em geral descarta reestruturação de dívidas, usando em vez disso um alongamento. Foi este o caminho usado por uma das unidades do grupo a Ocyan.
Um dos ativos mais valiosos do grupo, a Braskem, vinha tendo o controle negociado pela Odebrecht para a LyondellBasell, mas as conversas para a venda foram encerradas no começo deste mês. Segundo o documento apresentado à Justiça, a Braskem respondia por 79,4% da receita bruta do conglomerado em 2018.
Segundo três fontes familiarizadas com a situação, de forma sigilosa alguns pedidos de execução de garantias começaram a ser feitos em maio, pedidas pela Caixa Econômica Federal, após lhe ter negado o pedido para receber como garantia ações da Braskem, a exemplo do que a Odebrecht já fizera com BNDES, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil.
Uma das primeiras execuções é das garantias pela Caixa foi a ligada a dívidas da Odebrecht com o banco ligadas à construção do estádio do Corinthians, em São Paulo.
A Odebrecht tem 18,1 bilhões de reais em dívidas com bancos sem garantia real, sendo 7 bilhões com o BNDES, 4,75 bilhões com o Banco do Brasil, e 4,1 bilhões de reais com a Caixa. Outros 14,5 bilhões têm garantias reais como contrapartida: 4,37 bilhões com o Bradesco, 3,1 bilhões com o BB, 3 bilhões com o BNDES e 3,5 bilhões com o Itaú Unibanco.
Procurada, a Caixa afirmou que não comentará o assunto.
Em comunicado interno enviado a funcionários, ao qual a Reuters teve acesso, Guidolin diz que a companhia foi obrigada a pedir recuperação judicial e que essa medida lhe dará, como garantidora de parcela importante dos financiamentos tomados pelas empresas operacionais “tranquilidade, transparência e resiliência para reorganizar a sua estratégia de forma coordenada com os seus credores”.
Atingida pela operação Lava Jato, que desvendou um multibilionário de esquema de corrupção envolvendo sobretudo contratos com estatais, a empresa criada em 1944 teve presos vários de seus principais executivos e linhas de financiamento interditadas para uma dívida que chegou a 110 bilhões de reais.
Com as receitas em forte queda, a companhia passou a vender ativos (Odebrecht Ambiental, Embraport, Via Rio, Via 4, Galeão, e Supervia), processo que não foi suficiente para equilibrar receitas e despesas. Com isso, a empresa que já chegou a ter 193 mil funcionários em 2013, reduziu esse quadro para 45 mil diretos e indiretos.
(Reuters)
domingo, 16 de junho de 2019
Boris Johnson, candidato na disputa para substituir a primeira-ministra britânica Theresa May.
REUTERS/Toby Melville
LONDRES (Reuters) - Vários candidatos esperançosos na disputa por substituir a primeira-ministra britânica, Theresa May, criticaram o favorito Boris Johnson neste domingo, questionando sua promessa de deixar a União Europeia até o fim de outubro.
Com o ex-prefeito de Londres e ministro das Relações Exteriores Johnson mantendo um perfil discreto, os outros candidatos têm tentado apresentar seus casos para liderar o Partido Conservador. Mas a questão sempre volta para “Boris”.
A publicidade gratuita fez pouco até agora para afetar Johnson, que, ao contrário de muitos políticos, é mais conhecido pelo seu primeiro nome, Boris. Ele garantiu uma grande liderança na primeira rodada de votação e sua equipe espera por um aumento de participação nesta semana, na segunda.
Mas agora as luvas foram tiradas. Candidato após candidato questionou, no domingo, sua capacidade de navegar a saída do Reino Unido da UE, dizendo que sua promessa de sair em 31 de outubro era quase impossível e colocaria o Reino Unido no caminho de um Brexit sem acordo.
“A diferença entre mim e Boris é que eu tentaria fazer um acordo”, disse o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, que ocupa o segundo lugar no concurso de liderança.
“Não vou criar um conjunto de circunstâncias que tornem quase impossível um acordo, porque acho que deveríamos oferecer ao país algumas escolhas melhores”, disse ele ao Andrew Marr Show, do canal BBC, acrescentando ser a única “alternativa”.
Por Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - Vários candidatos esperançosos na disputa por substituir a primeira-ministra britânica, Theresa May, criticaram o favorito Boris Johnson neste domingo, questionando sua promessa de deixar a União Europeia até o fim de outubro.
Com o ex-prefeito de Londres e ministro das Relações Exteriores Johnson mantendo um perfil discreto, os outros candidatos têm tentado apresentar seus casos para liderar o Partido Conservador. Mas a questão sempre volta para “Boris”.
A publicidade gratuita fez pouco até agora para afetar Johnson, que, ao contrário de muitos políticos, é mais conhecido pelo seu primeiro nome, Boris. Ele garantiu uma grande liderança na primeira rodada de votação e sua equipe espera por um aumento de participação nesta semana, na segunda.
Mas agora as luvas foram tiradas. Candidato após candidato questionou, no domingo, sua capacidade de navegar a saída do Reino Unido da UE, dizendo que sua promessa de sair em 31 de outubro era quase impossível e colocaria o Reino Unido no caminho de um Brexit sem acordo.
“A diferença entre mim e Boris é que eu tentaria fazer um acordo”, disse o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, que ocupa o segundo lugar no concurso de liderança.
“Não vou criar um conjunto de circunstâncias que tornem quase impossível um acordo, porque acho que deveríamos oferecer ao país algumas escolhas melhores”, disse ele ao Andrew Marr Show, do canal BBC, acrescentando ser a única “alternativa”.
Por Elizabeth Piper
Joaquim Levy renuncia à presidência do BNDES
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Joaquim Levy pediu para deixar a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo informou o economista em nota publicada neste domingo, um dia após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ameaçar publicamente demiti-lo se ele não afastasse um executivo do banco de fomento.
No comunicado, Levy disse que já encaminhou o pedido de desligamento ao ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável por nomeações na área econômica.
Em comunicado, Levy agradeceu ao ministro pela confiança e disse que espera sucesso do país na aprovação de reformas.
“Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria. E, especialmente, agradeço aos inúmeros funcionários do BNDES, que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco”, disse Levy.
A relação de Levy com o planalto vinha desgastada há algum tempo e, dentre os motivos, estão temas como a devolução de recursos ao Tesouro Nacional e a abertura de informações do banco com detalhes sobre financiamentos do passado.
Mais recentemente houve um novo desgaste interno com as mudanças propostas no Fundo Amazônia, mas a gota da água foi a nomeação de um profissional para área de mercado de capitais do banco com ligação com o PT.
Levy nomeou o advogado Marcos Pinto, que teve cargo no banco durante governos do PT, para ser diretor de Mercado de Capitais da instituição.
No sábado, Bolsonaro afirmou a jornalistas que falou a Levy que ele deveria demitir Pinto ou que ele mesmo seria demitido.
O governo ainda não anunciou oficialmente a saída de Levy e o nome do substituto.
Por Rodrigo Viga Gaier
Reuters
sexta-feira, 14 de junho de 2019
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