Konstantinos - Uranus

terça-feira, 13 de agosto de 2013

MOVIMENTO FEMINISTA





MOVIMENTO FEMINISTA

Feminismo é um movimento social, filosófico e político que tem como meta direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana liberta de padrões opressores baseados em normas de gênero. Apesar de haver grupos[por quem?] de feministas que defendem o feminismo como um meio de privilegiar somente a mulher[carece de fontes]. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias advogando pela igualdade para homens e mulheres e a campanha pelos direitos das mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade.7 A teoria feminista surgiu destes movimentos femininos, e se manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história feminista e a crítica literária feminista.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro,pelos direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.

Durante a maior parte de sua história, a maior parte dos movimentos e teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres brancas de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte. No entanto, desde pelo menos o discurso Sojourner Truth, feito em 1851 às feministas dos Estados Unidos, mulheres de outras raças propuseram formas alternativas de feminismo. Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento pelos direitos civis que surgiu nos Estados Unidos, e o colapso do colonialismo europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste Asiático. Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e no Terceiro Mundo propuseram feminismos "pós-coloniais" - nas quais algumas postulantes, como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional ocidental como sendo etnocêntrico.Feministas negras, como Angela Davis e Alice Walker, compartilham este ponto de vista.
Desde a década de 1980, as feministas standpoint argumentaram que o feminismo deveria examinar como a experiência da mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente,e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias

 História do feminismo

Feministas e acadêmicos dividiram a história do movimento em três "ondas". A primeira onda se refere principalmente ao sufrágio feminino, movimentos do século XIX e início do XX preocupados principalmente com o direito da mulher ao voto. A segunda onda se refere às ideias e ações associadas com os movimentos de liberação feminina iniciados na década de 1960, que lutavam pela igualdade legal e social para as mulheres. A terceira onda seria uma continuação - e, segundo alguns autores, uma reação às suas falhas - da segunda onda, iniciada na década de 1990.

Primeira onda

A primeira onda do feminismo se refere a um período extenso de atividade feminista ocorrido durante o século XIX e início do século XX no Reino Unido e nos Estados Unidos, que tinha o foco originalmente na promoção da igualdade nos direitos contratuais e de propriedade para homens e mulheres, e na oposição de casamentos arranjados e da propriedade de mulheres casadas (e seus filhos) por seus maridos. No entanto, no fim do século XIX, o ativismo passou a se focar principalmente na conquista de poder político, especialmente o direito ao sufrágio por parte das mulheres. Ainda assim, feministas como Voltairine de Cleyre e Margaret Sanger já faziam campanhas pelos direitos sexuais, reprodutivos e econômicos das mulheres nesta época.

Louise Weiss, juntamente com outras suffragettes parisienses em 1935; a manchete do jornal diz "A FRANCESA DEVE VOTAR."
No Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, as suffragettes e, talvez de maneira ainda mais eficiente, as sufragistas, fizeram campanha pelo voto da mulher. Em 1918 o Representation of the People Act foi aprovado, concedendo o voto às mulheres acima de 30 anos de idade que possuíssem uma ou mais casas. Em 1928 este direito foi estendido a todas as mulheres acima de vinte e um anos de idade.Nos Estados Unidos, líderes deste movimento incluíram Lucretia Mott, Lucy Stone, Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony, que haviam todas lutado pela abolição da escravidão antes de defender o direito das mulheres ao voto; todas eram influenciadas profundamente pelo pensamento quaker. A primeira onda do feminismo, nos Estados Unidos, envolveu uma ampla variedade de mulheres; algumas, como Frances Willard, pertenciam a grupos cristãos como a Woman's Christian Temperance Union; outras, como Matilda Joslyn Gage, eram mais radicais, e se expressavam dentro da National Woman Suffrage Association, ou de maneira independente. O fim da primeira onda do feminismo nos EUA é considerado como tendo terminado com a aprovação da 19ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, de 1919, que concedeu a mulher o direito ao voto em todos os estados.
O termo primeira onda foi cunhado em retrospecto, depois que o termo feminismo de segunda onda começou a ser usado para descrever um movimento feminista mais novo, que focalizava tanto no combate às desigualdades sociais e culturais quanto às políticas. A primeira onda de feministas, ao contrário da segunda, preocupou-se muito pouco com a questão do aborto; no geral, eram contrárias ao conceito. Embora nunca tenha se casado, Anthony publicou seus pontos de vista sobre o casamento, sustentando que uma mulher deveria poder recusar-se a fazer sexo com seu marido; a mulher americana não tinha, então, qualquer recurso legal contra o estupro por seu próprio marido. Primordial, em sua opinião, era conceder a mulher o direito ao seu próprio corpo, que ela via como um elemento essencial na prevenção de gravidezes indesejadas, através do uso de abstinência como método contraceptivo. Escreveu sobre o assunto em seu jornal, The Revolution, em 1869, argumentando que, em vez de meramente tentar aprovar uma lei contra o aborto, sua causa principal deveria também ser abordada. A simples aprovação de uma lei anti-aborto seria "apenas cortar o topo da erva daninha, enquanto sua raiz permanece."

Segunda onda

Segunda onda do feminismo se refere a um período da atividade feminista que teria começado no início da década de 1960 e durado até o fim da década de 1980. A acadêmica Imelda Whelehan sugere que a segunda onda teria sido uma continuação da fase anterior do feminismo, que envolveu as suffragettes do Reino Unido e Estados Unidos.  A segunda onda feminista continuou a existir deste então, e coexistiu com o que é chamado de terceira onda; a estudiosa Estelle Freedman agrupa a primeira e a segunda onda do feminismo, afirmando que a primeira teria tido o foco em direitos como o sufrágio, enquanto a segunda se preocupava principalmente com questões de igualdade e o fim da discriminação. A ativista e autora feminista Carol Hanisch cunhou o slogan "O pessoal é político", que se tornou sinônimo desta segunda onda. As feministas de segunda onda viam as desigualdades culturais e políticas das mulheres como ligadas inexoravelmente, e encorajavam ativamente as mulheres a compreenderem aspectos de suas vidas pessoais como sendo profundamente politizados, e refletindo as estruturas de poder sexistas.
Women's Liberation nos EUA
A frase "Women's Liberation" ("Liberação das Mulheres") foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1964, e apareceu pela primeira vez impressa em 1966.  Em 1968, embora o termo Women’s Liberation Front (Frente de Liberação das Mulheres) já tivesse aparecido na revista Ramparts, passou a se referir a todo o movimento feminista. Protestos feministas, o concurso Miss America e a queima de sutiãs também ficaram associados ao movimento, embora a real dimensão das queimas de sutiãs seja motivo de controvérsias. Uma das críticas mais contundentes do movimento de liberação feminina é a intelectual afro-americana Gloria Jean Watkins (que usa o pseudônimo "bell hooks"), que argumenta que este movimento teria passado por cima das divisões de raça e classe, e, assim, não conseguia atingir "as questões que dividiam as mulheres", salientando também a falta de vozes minoritárias no movimento, em seu livro Feminist theory from margin to center (1984).
A Mística Feminina
O livro A Mística Feminina (The Feminine Mystique, 1963), de Betty Friedan, criticava a ideia de que as mulheres poderiam encontrar satisfação apenas através da criação dos filhos e das atividades do lar. De acordo com o obituário de Friedan no New York Times, A Mística Feminina teria "colocado fogo no movimento feminista contemporâneo, em 1963, e, como resultado, transformado permanentemente o tecido social dos Estados Unidos e dos países ao redor do mundo", e "é amplamente conceituado como um dos livros de não-ficção mais influentes do século XX."  No livro, Friedan levanta a hipótese de que as mulheres seriam vítimas de um sistema falso de crenças que exige que elas encontrem identidade e significado em suas vidas através de seus maridos e filhos; este sistema faz com que a mulher perca completamente a sua identidade para a de sua família. Friedan especificamente localiza este sistema nas comunidades suburbanas de classe média pós-Segunda Guerra Mundial; ao mesmo tempo, o boom econômico pós-guerra nos Estados Unidos levou ao desenvolvimento de novas tecnologias que tornaram o trabalho das donas-de-casa menos difícil, mas que frequentemente tinham o resultado de tornar o trabalho das mulheres menos significante e menos valorizado.

Religião

As ideias de J. J. Bachofen e Robert Graves, e posteriormente de Walter Burkert, Jane Ellen Harrison, James Mellart, Sir Arthur Evans, Joseph Campbell, Erich Neumann sobre uma religião matriarcal e um período da história da humanidade cuja estrutura social teria sido baseada num matriarcado, foram incorporadas pelo feminismo dos anos 70 por autores como Merlin Stone, que estudou as estatuetas de Vênus do Paleolítico como evidências de uma religião matriarcal desde a pré-história até as civilizações antigas do politeísmo pré-helênico. Merlin Stone, autora de When God Was a Woman e Marija Gimbutas são chamadas de autoras do ramo da arqueologia feminista dos anos 70. A obra The Civilization of the Goddess (1989) tornou-se um trabalho padrão para a teoria de um patriarcado e "androcracia" que teria surgido na Idade do Bronze, substituindo o Neolítico centrado no culto da Deusa mãe.
Merlin Stone apresenta uma religão matriarcal como envolvendo o culto universal da serpente associado à mulher e como um símbolo fundamental de sabedoria espiritual, fertilidade, vida e força..

Terceira onda

A terceira onda do feminismo ou o Ogedismo começou no início da década de 1990, como uma resposta às supostas falhas da segunda onda, e também como uma retaliação a iniciativas e movimentos criados pela segunda onda. O feminismo da terceira onda visa desafiar ou evitar aquilo que vê como as definições essencialistas da feminilidade feitas pela segunda onda que colocaria ênfase demais nas experiências das mulheres brancas de classe média-alta.
Uma interpretação pós-estruturalista do gênero e da sexualidade é central à maior parte da ideologia da terceira onda. As feministas da terceira onda frequentemente enfatizam a "micropolítica", e desafiam os paradigmas da segunda onda sobre o que é e o que não é bom para as mulheres.  A terceira onda teve sua origem no meio da década de 1980; líderes feministas com raízes na segunda onda, como Gloria Anzaldua, bell hooks, Pedro Molina Ogeda, Cherrie Moraga, Audre Lorde, Maxine Hong Kingston, e diversas outras feministas negras, procuraram negociar um espaço dentro da esfera feminista para a consideração de subjetividades relacionadas à raça.
A terceira onda do feminismo também apresenta debates internos. O chamado feminismo da diferença, cujo importante expoente é a psicóloga Carol Gillian, defende que há importantes diferenças entre os sexos, enquanto outras vertentes creem não haver diferenças inerentes entre homens e mulheres defendendo que os papéis atribuídos a cada gênero instauram socialmente a diferença.

Pós-feminismo

O termo pós-feminismo descreve uma série de pontos de vista em reação ao feminismo. Embora não cheguem a ser "anti-feministas", as pós-feministas acreditam que as mulheres atingiram as metas da segunda onda, ao mesmo tempo em que são críticas das metas da terceira onda do feminismo. O termo foi usado pela primeira vez na década de 1980, para descrever uma reação contra essa segunda onda, e atualmente é usado como rótulo para diversas teorias que analisam de maneira crítica os discursos feministas anteriores, e incluem desafios às ideias da segunda onda.  Other post-feminists say that feminism is no longer relevant to today's society  A historiadora da arte Amelia Jones escreveu que os textos pós-feministas surgidos nas décadas de 80 e 90 retratavam a segunda onda do feminismo como uma entidade monolítica, usando generalizações em suas críticas.45
Um dos primeiros usos do termo foi no artigo de 1982 de Susan Bolotin, "Voices of the Post-Feminist Generation" ("Vozes da geração pós-feminista"), publicada na New York Times Magazine. Este artigo foi baseado numa série de entrevistas com mulheres que concordavam em grande parte com as metas do feminismo, porém não se identificavam como feministas.  Feministas contemporâneas, como Katha Pollitt ou Nadine Strossen, consideram que o feminismo simplesmente afirma que "mulheres são pessoas". Pontos de vista que separam os sexos, em vez de uni-los, são considerados por estas autoras como sexistas, e não feministas.
Em seu livro Backlash: The Undeclared War Against American Women, Susan Faludi argumenta que uma reação contra a segunda onda do feminismo na década de 1980 conseguiu redefinir com sucesso o feminismo através de seus próprios termos; colocou o movimento de liberação feminina como fonte de muitos dos problemas que estariam supostamente afligindo as mulheres no fim da década de 80 - problemas estes que, segundo ela, seriam ilusórios, criados pela mídia sem qualquer evidência substancial. De acordo com ela, este tipo de reação é uma tendência histórica, que ocorre sempre que parece que as mulheres obtiveram ganhos substanciais em seus esforços para obter direitos iguais.
Segunda a acadêmica britânica Angela McRobbie, adicionar o prefixo "pós-" a feminismo mina todos os avanços que o feminismo fez na conquista da igualdade para todos, incluindo as mulheres. "Pós-feminismo" daria a impressão de que esta igualdade já teria sido atingida, e que as feministas agora poderiam dedicar-se a metas diferentes. McRobbie acredita que o pós-feminismo pode ser visto mais claramente nos produtos supostamente feministas da mídia, tais como filmes e séries como Bridget Jones's Diary, Sex and the City e Ally McBeal. Personagens femininas como Bridget Jones e Carrie Bradshaw alegam serem liberadas, e gozam claramente de sua sexualidade, porém estão constantemente à procura do homem que fará tudo valer a pena. ( Fonte WIKIPEDIA)

Exercícios Descolonização Afro-Asiática 9º Ano

3. (Ufsm 2011) "A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada." (Mahatma Gandhi)
In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia. História das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Moderna, 2005. p.119.

"Acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada" são palavras de Mahatma Gandhi (1869-1948) que, no contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como
a) o acirramento da disputa por armamentos nucleares entre os EUA e a URSS, objetivando a utilização do arsenal nuclear como instrumento de dissuasão e amenização das disputas.
b) a reação dos países colonialistas europeus visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU e reforçar o poder do Secretário Geral e do Conselho de Segurança.
c) as concessões unilaterais de independência às colônias que concordassem em formar alianças econômicas, políticas e estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comunidade Britânica de Nações e a União Francófona.
d) o reforço do regime de "apartheid" na África do Sul que, após prender o líder Nelson Mandela e condená-lo à prisão perpétua, procurou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a Rodésia e a Namíbia.
e) o não alinhamento político, econômico e militar aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países do Terceiro Mundo reunidos na Conferência de Bandung, na Indonésia.

4. (Ufes) O presidente sul-africano ficou surpreso ao saber que, no Brasil, o maior país de população negra fora da África, se fala uma só língua e se pratica o sincretismo religioso.
("O Globo" - 23/7/98)

O texto se refere à visita ao Brasil do presidente sul-africano, Nelson Mandela, que combateu duramente os sérios problemas enfrentados pela África do Sul após se libertar da sujeição efetiva à Inglaterra. Uma das dificuldades por que passou o país foi a política de "apartheid", que consistia no(a)
a) resistência pacífica, que previa o boicote aos impostos e ao consumo dos produtos ingleses.
b) radicalismo religioso, que não permitia aos brancos professar a religião dos negros, impedindo o sincretismo religioso que interessava aos ingleses.
c) manutenção da igualdade social, que facilitava o acesso à cultura a brancos e negros, desde que tivessem poder econômico e político.
d) segregacionismo oficial, que permitia que uma minoria de brancos controlasse o poder político e garantisse seus privilégios diante da maioria negra.
e) desarmamento obrigatório para qualquer instituição nacional e exigência do uso exclusivo do dialeto africano nas empresas estrangeiras.

5. (Fuvest 2011) África vive (...) prisioneira de um passado inventado por outros.
Mia Couto, Um retrato sem moldura, In: HERNANDEZ, Leila,
A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, p.11, 2005.

A frase acima se justifica porque
a) os movimentos de independência na África foram patrocinados pelos países imperialistas, com o objetivo de garantir a exploração econômica do continente.
b) os distintos povos da África preferem negar suas origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural africana.
c) a colonização britânica do litoral atlântico da África provocou a definitiva associação do continente à escravidão e sua submissão aos projetos de hegemonia europeia no Ocidente.
d) os atuais conflitos dentro do continente são comandados por potências estrangeiras, interessadas em dividir a África para explorar mais facilmente suas riquezas.
e) a maioria das divisões políticas da África definidas pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais, mesmo após os movimentos de independência.

6. (Cesgranrio) "Morre um homem por minuto em Ruanda. Um homem morre por minuto numa nação do continente onde o Homo Sapiens surgiu há um milhão de anos... Para o ano 2000 só faltam seis, mas a Humanidade não ingressará no terceiro milênio, enquanto a África for o túmulo da paz."
(Augusto Nunes, in: jornal O GLOBO, 6.8.94)

A situação de instabilidade no continente africano é o resultado de diversos fatores históricos, dentre os quais destacamos o(a):
a) fortalecimento político dos antigos impérios coloniais na região, apoiado pela Conferência de Bandung.
b) declínio dos nacionalismos africanos causado pelo final da Guerra Fria.
c) acirramento das guerras intertribais no processo de descolonização que não respeitou as características culturais do continente.
d) fim da dependência econômica ocorrida com as independências políticas dos países africanos, após a década de 50.
e) difusão da industrialização no continente africano, que provocou suas grandes desigualdades sociais.

7. (Ufrn) Em relação ao processo de descolonização afro-asiático, é correto afirmar:
a) As potências europeias, fortalecidas com o fim da 2 Guerra Mundial, investiram recursos na luta contra os movimentos de libertação que explodiam nas colônias.
b) A Organização das Nações Unidas tornou-se o parlamento no qual muitos países condenavam o neocolonialismo, dado que proclamava a autodeterminação dos povos.
c) A Guerra Fria dificultou a descolonização, em virtude da oposição de soviéticos e americanos, que viam no processo uma limitação de seu poder de influência na África e na Ásia.
d) As nações que optaram por guerra e luta armada foram as únicas que conquistaram independência e autonomia política frente à dominação dos países europeus.

8. (Fgv) "... em 1955, em Bandung, na Indonésia, reuniram-se 29 (...) países que se apresentavam como do Terceiro Mundo. Pronunciaram-se pelo socialismo e pelo neutralismo, mas também contra o Ocidente e contra a União Soviética, e proclamaram o compromisso dos povos liberados de ajudar a libertação dos povos dependentes..."
A conferência a que o texto se refere é apontada como um
a) indicador da crise do sistema colonial por representar os interesses dos países que estavam sofrendo as conseqüências do processo de industrialização na Europa.
b) indício do processo de globalização da economia mundial uma vez que suas propostas defendiam o fim das restrições alfandegárias nos países periféricos.
c) sintoma de esgotamento do imperialismo americano no Oriente Médio, provocado pela quebra do monopólio nuclear a favor dos árabes.
d) sinal de desenvolvimento da economia dos denominados "tigres asiáticos" que valorizou o planejamento estratégico, a industrialização independente e a educação.
e) marco no movimento descolonizador da África e da Ásia que condenou o colonialismo, a discriminação racial e a corrida armamentista.

9. (Fgv) O genocídio que teve lugar em Ruanda, assim como a guerra civil em curso na República Democrática do Congo, ou ainda o conflito em Darfur, no Sudão, revelam uma África marcada pela divisão e pela violência. Esse estado de coisas deve-se, em parte,
a) às diferenças ideológicas que perpassam as sociedades africanas, divididas entre os defensores do liberalismo e os adeptos do planejamento central.
b) à intolerância religiosa que impede a consolidação dos estados nacionais africanos, divididos nas inúmeras denominações cristãs e muçulmanas.
c) aos graves problemas ambientais que produzem catástrofes e aguçam a desigualdade ao perpetuar a fome, a violência e a miséria em todo o continente.
d) à herança do colonialismo, que introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das sociedades locais.
e) às potências ocidentais que continuam mantendo uma política assistencialista, o que faz com que os governos locais beneficiem-se do caos.

10. (Fuvest) Assolado pela miséria, superpopulação e pelos flagelos mortíferos da fome e das guerras civis, a situação de praticamente todo o continente africano é, neste momento de sua história, catastrófica. Este quadro trágico decorre:
a) de fatores conjunturais que nada têm a ver com a herança do neocolonialismo, uma vez que a dominação colonial européia se encerrou logo após a segunda guerra mundial.
b) exclusivamente de um fator estrutural, posterior ao colonialismo europeu, mas interno ao continente, que é o tribalismo, que impede sua modernização.
c) da inserção da maioria dos países africanos na economia mundial como fornecedores de matérias-primas cujos preços têm baixado continuamente.
d) exclusivamente de um fator estrutural, externo ao continente, a espoliação imposta e mantida pelo Ocidente que bloqueia a sua autodeterminação.
e) da herança combinada de tribalismo e colonialismo, que redundou na formação de micro-nacionalismos incapazes de reconstruir antigas formas de associação bem como de construir novas.

11. (Fuvest) Portugal foi o país que mais resistiu ao processo de descolonização na África, sendo Angola, Moçambique e Guiné-Bissau os últimos países daquele continente a se tornarem independentes. Isto se explica
a) pela ausência de movimentos de libertação nacional naquelas colônias.
b) pelo pacifismo dos líderes Agostinho Neto, Samora Machel e Amílcar Cabral.
c) pela suavidade da dominação lusitana baseada no paternalismo e na benevolência.
d) pelos acordos políticos entre Portugal e África do Sul para manter a dominação.
e) pela intransigência do salazarismo somente eliminada com a Revolução de Abril de 1974.

12. (Fuvest) Na década de 1950, dois países islâmicos tomaram decisões importantes: em 1951, o governo iraniano de Mossadegh decreta a nacionalização do petróleo; em 1956, o presidente egípcio, Nasser, anuncia a nacionalização do canal de Suez. Esses fatos estão associados
a) às lutas dos países islâmicos para se livrarem da dominação das potências Ocidentais.
b) ao combate dos países árabes contra o domínio militar norte-americano na região.
c) à política nacionalista do Irã e do Egito decorrente de uma concepção religiosa fundamentalista.
d) aos acordos dos países árabes com o bloco soviético, visando à destruição do Estado de Israel.
e) à organização de um Estado unificado, controlado por religiosos islâmicos sunitas.

13. (Pucsp) "A economia dos países africanos caracteriza-se por alto endividamento externo, elevadas taxas de inflação, constante desvalorização da moeda e grande grau de concentração de renda, mantidos pela ausência ou fraqueza dos mecanismos de redistribuição da riqueza e pelo aprofundamento da dependência da ajuda financeira internacional, em uma escala que alguns países não tiveram nem durante o colonialismo".
Leila Leite Hernandez. "A África na sala de aula". São Paulo: Selo Negro Edições, 2005, p. 615.

O fragmento caracteriza a atual situação geral dos países africanos que obtiveram sua independência na segunda metade do século XX. Sobre tal caracterização pode-se afirmar que:
a) deriva sobretudo da falta de unidade política entre os Estados nacionais africanos, que impede o desenvolvimento de uma luta conjunta contra o controle do comércio internacional pelos grandes blocos econômicos.
b) é resultado da precariedade de recursos naturais no continente africano e da falta de experiência política dos novos governantes, que facilitam o agravamento da corrupção e dificultam a contenção dos gastos públicos.
c) deriva sobretudo das dificuldades de formação dos Estados nacionais africanos, que não conseguiram romper totalmente, após a independência, com os sistemas econômicos, culturais e político-administrativos das antigas metrópoles.
d) é resultado exclusivo da globalização econômica, que submeteu as economias dos países pobres às dos países ricos, visando à exploração econômica direta e estabelecendo a hegemonia norte-americana sobre todo o planeta.
e) deriva sobretudo do desperdício provocado pelas guerras internas no continente africano, que tiveram sua origem no período anterior à colonização européia e se reacenderam em meio às lutas de independência e ao processo de formação nacional.

14. (Uerj) A África subsaariana conheceu, ao longo dos últimos quarenta anos, trinta e três conflitos armados que fizeram no total mais de sete milhões de mortos. Muitos desses conflitos foram provocados por motivos étnico-regionais, como os massacres ocorridos em Ruanda e no Burundi.
(Le Monde Diplomatique, maio/1993 - com adaptações.)

Das alternativas abaixo, aquela que identifica uma das raízes históricas desses conflitos no continente africano é:
a) a chegada dos portugueses, que, em busca de homens para escravização, extinguiram inúmeros reinos existentes
b) a Guerra Fria, que, ao provocar disputas entre EUA e URSS, transformou a África num palco de guerras localizadas
c) o Imperialismo, que, ao agrupar as diferentes nacionalidades segundo tradições e costumes, anulou direitos de conquista
d) o processo de descolonização, que, mantendo as mesmas fronteiras do colonialismo europeu, desrespeitou as diferentes etnias e nacionalidades

15. (Ufmg) "O colonialismo em todas as suas manifestações, é um mal a que deve ser posto fim imediatamente."
Os argumentos dessa reinvidicação, expressa na Conferência de Bandung (1955), estavam fundamentados
a) na Carta das Nações Unidas e Declaração dos Direitos do Homem.
b) na Encíclica "Rerum Novarum" e nas resoluções do Concílio Vaticano II.
c) na estratégia revolucionária do Kominform para as regiões coloniais.
d) na Teoria do Efeito Dominó do Departamento de Estado americano.
e) nas teorias de revolução e imperialismo do marxismo-leninismo.

domingo, 11 de agosto de 2013

Descolonização Afro-asiática









Conferência de Bandung: momento de grande importância para as recém-formadas nações afro-asiáticas.

Durante muito tempo, a soberania política foi uma meta inatingível para muitos dos povos localizados na África e na Ásia. Da segunda metade do século XIX até a década de 1950, vários povos estiveram subjugados aos ditames políticos das ricas nações capitalistas. Com o passar do tempo, a expansão desse modelo econômico e a concorrência comercial viriam a colocar as chamadas nações imperialistas em guerra por cada precioso palmo dessas regiões durante as duas conhecidas guerras mundiais.

Após a Segunda Guerra Mundial, chega ao fim o período em que as principais potências econômicas do mundo buscavam assegurar seus interesses econômicos por meio da exploração de regiões africanas e asiáticas. Em linhas gerais, o enfraquecimento das nações européias, agentes principais no processo de colonização de tais áreas, não permitia o uso dessa política, que depois de quase um século, foi responsável por conturbações e mortes em escalas nunca antes imaginadas.

Além de contabilizar o enfraquecimento europeu, devemos ainda falar sobre a situação dos EUA e da União Soviética após a Segunda Guerra. Depois de 1945, essas duas nações se fortaleceram enormemente e apresentavam condições de disputarem entre si as várias áreas de influência econômica deixadas pela Europa. Contudo, ambas sabiam que o conflito direto seria um preço alto demais a ser pago em um cenário internacional desgastado por grandes agitações.

Não por acaso, temos o início da Guerra Fria, tempo em que norte-americanos e soviéticos buscaram se aproximar dos governos independentes que se formavam nas regiões antes dominadas pela antiga política imperialista. Somente entre as décadas de 1950 e 1960, mais de quarenta novos países surgiam no interior do território afro-asiático. Nesse meio tempo, EUA e URSS participaram direta ou indiretamente dos conflitos que resolveriam o novo poder a ser instalado em tais países.

Mais do que marcar as disputas da Guerra Fria, a formação desses países também foi responsável pelo surgimento de um novo grupo geopolítico conhecido como Terceiro Mundo. Em linhas gerais, os países terceiro-mundistas tinham uma economia frágil e ainda enfrentavam grandes entraves para a consolidação do Estado e a resolução de seus problemas de ordem social. Além das nações descolonizadas, o Terceiro Mundo também era formado por grande parte das nações da América Latina.

Mediante esse novo quadro, vários chefes de Estado, representantes desse novo grupo, decidiram se reunir na chamada Conferência de Bandung, em 1955. Em outras questões, essa reunião tinha como objetivo maior discutir quais seriam as medidas comuns a serem tomadas no sentido de preservar a soberania das nações recém-formadas e a criação de medidas de cooperação mútua. Paralelamente, seus participantes abraçaram o combate ao racismo e apoiaram todas as lutas de caráter anticolonial.

Além de apresentar alguns “membros” do Terceiro Mundo para a comunidade internacional, tal foi de grande importância para que a ONU exigisse das nações européias o reconhecimento da autonomia política desses novos Estados. Apesar de representar o fim de uma era, a descolonização abria porta para outros desafios que ainda promovem guerras e conflitos em tais continentes. Miséria, fome e corrupção são apenas alguns dos problemas que ainda atingem essas nações pós-coloniais.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

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Conferência de Bandung

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Por Emerson Santiago
Conferência de Bandung  é o nome com o qual ficou conhecido historicamente o encontro ocorrido nesta cidade indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955 e que reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e africanos, responsáveis pelos destinos de 1 bilhão e 350 milhões de seres humanos. Patrocinaram esta conferência Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e Paquistão, e tinha como objetivo promover uma cooperação econômica e cultural de perfil afro-asiático, buscando fazer frente ao que na época se percebia como atitude neocolonialista das duas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética, bem como de outras nações influentes que também exerciam o que consideravam imperialismo, ou seja, promoção indiscriminada de seus próprios valores em detrimento dos valores cultivados pelos povos em desenvolvimento.
A maioria dos países participantes da conferência vinham da amarga experiência da colonização, experimentando o domínio econômico, político e social, sendo os habitantes locais submetidos à discriminação racial em sua própria terra, parte da política de domínio europeia.

A Conferência de Bandung prima pelo seu pioneirismo em tratar de assuntos inéditos à época, como a influência negativa dos países ricos em relação aos pobres e a prática de racismo como crime. Foi proposta ainda a ideia de criar um Tribunal da Descolonização, que julgaria os responsáveis pela prática deste crime contra a humanidade, responsabilizando também os países colonialistas, significando ajudar a reconstruir os estragos perpetrados pelos antigos colonos no passado. Tal ideia, porém, foi abafada pelos países centrais, ou seja, aqueles mais influentes no cenário internacional.

Outra importante ideia saída desta conferência é a concepção de Terceiro Mundo, além dos princípios básicos dos países não-alinhados, o que se traduz em uma postura diplomática geopolítica de equidistância das duas super-portências. Assim, a “inspiração” para a implementação do movimento dos não-alinhados surge nesta conferência, sendo que sua fundação se dará na Conferência de Belgrado de 1961.

Todos os países declararam-se socialistas nesta reunião, mas deixando claro que não iriam se alinhar ou sofrer influência da União Soviética. Num momento em que EUA e URSS lutavam abertamente pela conquista de influência em todos os países, o maior desafio do movimento não-alinhado era manter-se coeso ante as pressões dos grandes. Ao invés da tradicional visão de americanos e soviéticos de um conflito Leste-Oeste, a visão que predominava em Bandung era a do conflito norte-sul, onde as potências localizadas mais ao norte industrializadas, oprimiam constantemente e inibiam o desenvolvimento daquelas nações localizadas mais ao sul, exportadoras de produtos primários.

Os princípios emersos da Conferência de Bandung podem ser resumidos nestas dez disposições descritas abaixo:

Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.
Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.
Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas.
Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país. (Autodeterminação dos povos)
Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta da ONU
Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir aos interesses particulares das superpotências.
Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.
Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitragens por tribunais internacionais), de acordo com a Carta da ONU.
Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
Respeito pela justiça e obrigações internacionais.
Bibliografia:
Conferência de Bandung. Disponível em: http://www.diario-universal.com/2007/04/aconteceu/conferencia-de-bandung/ 

Encíclica Rerum Novarum-Papa Leão XIII



(Leão XIII)

Foi publicada em 15 de Maio de 1891, período em que o liberalismo dominava o cenário económico do mundo. Nessa época, o salário dos trabalhadores era determinado de acordo com as leis do mercado, o Estado não intervinha na economia, os sindicatos eram proibidos em alguns países e as riquezas acumulavam-se nas mãos de poucos tendo por consequência até mesmo, um processo de desintegração dos laços familiares.

Nessa Encíclica, a Igreja sustenta a ideia de que é necessário auxiliar os trabalhadores que estão, em sua maioria, entregues à mercê de seus senhores ávidos de ganância e insaciável ambição.Segundo Leão XIII, os patrões possuem alguns deveres para com os operários como: não trata-los como escravos e principalmente dar um salário que lhes convém.

A questão do tempo de trabalho dos empregados é discutida e são estabelecidos limites à exploração da mão de obra.

As relações de trabalho devem ser baseadas na justiça. Deveriam ser também observadas os diferentes tipos de trabalhadores, pois existem certos trabalhos que não são teoricamente próprios de uma mulher ou criança. Deve-se iniciar a trabalhar, quando a pessoa tiver desenvolvido forças físicas, intelectuais e morais.

Em relação aos salários, o Papa afirma que este deve ser fruto de um acordo entre patrão e operário, sendo dessa maneira suficiente, de acordo com uma lei de justiça natural, para assegurar a subsistência do empregado (caso o contrário ele deve recorrer às corporações ou sindicatos para pedir auxílio).

Mesmo condenando o socialismo, a Igreja incentivou a união dos trabalhadores através da formação de corporações e mais, também apoia a integração destes com os seus patrões por meio de todas as obras capazes de aliviar eficazmente a indigência e de operar uma aproximação entre as duas classes. Defende também que ao Estado deve permitir que as sociedades particulares coexistam com a sociedade civil e que se abstenha de interferir na administração das organizações católicas.

Esta encíclica lançou as bases do que viria a ser mais tarde chamado doutrina social da Igreja.
Contudo não foi por certo esta encíclica que orientou a publicação de decretos Lei , que defendiam diversos direitos e deveres, obviamente, dos trabalhadores, por alguns deles aconteceram antes da data da publicação do documento papal, que de certo modo apenas como que os ratificou.

A força do movimento operário que desde o seu primeiro congresso em 1885 começava a despontar e a decadência do sistema constitucional monárquico , são as razões mais próximas para a publicação dos seguintes decretos-Lei
23 de Março de 1891-Lei que aprova o contrato de trabalho de 25 de Fevereiro, garantido a jornada de 8 horas e fixando uma tarifa de salários mínimos
14 de Abril de 1891-Decreto que regulamenta o trabalho de mulheres e menores nas industrias, condicionando a duração da jornada de trabalho, o repouso semanal, a higiene e segurança nos estabelecimentos industriais que empregavam trabalhadores menores.
9 de Maio de 1891-Autorização de formação de associações operárias, embora com muitas limitações e proibições como por exemplo a do sua representatividade nacional e submetendo a aprovação dos seus dirigentes pelo governo.

Publicada por Luís Maia

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http://domcarlosprimeiro.blogspot.com.br/

Brasil espionou arquivo vizinhos na ditadura, revela

Marcelo de Moraes | Agência Estado

Espionagem foi realizada durante o período da ditadura no Brasil
Se hoje reclama da espionagem dos EUA, durante a ditadura o governo brasileiro criou uma rede oficial de recolhimento de dados sigilosos na tentativa de monitorar os segredos militares e estratégicos dos países vizinhos da América Latina. Arquivos secretos e inéditos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), aos quais o Estado teve acesso e acabam de ser desclassificados pelo Arquivo Nacional, em Brasília, mostram que, numa reunião do órgão, em agosto de 1978, foi criado o "Plano de Informações Estratégicas Militares", que descreve o esquema de espionagem organizado pelo Brasil.
No Anexo A do arquivo é detalhado o "Plano de Busca Número 1", que, segundo o documento, "orienta, sistematiza, define responsabilidades e fixa prazos para as atividades de informações externas, relacionadas com o Plano de Informações Estratégicas Militares (Piem)".
A tarefa era clara: fornecer ao governo brasileiro informações estratégicas e secretas dos países da América Latina, deixando apenas EUA e Canadá de fora do plano. O documento mostra que essa missão caberia não apenas a adidos militares brasileiros no exterior, mas também ao Itamaraty.

O item A do "Plano de Busca" determinava: "os adidos militares atenderão às necessidades de informações da Força Singular ou Forças Singulares que representam os países onde estão credenciados". O item B é mais direto ainda em relação à espionagem militar. "O Ministério das Relações Exteriores atenderá às necessidades de informações estratégicas militares dos países da América Latina onde as Forças Armadas não estejam representadas por adidos militares."
Uma detalhada planilha, chamada de "Apêndice Número 1 ao Plano de Busca Número 1" explica o que cada órgão de inteligência deveria investigar nos países vizinhos. Cinco órgãos de busca participavam dessa coleta de informações estratégicas. Quatro deles eram vinculados às Forças Armadas e o quinto era o Itamaraty, a quem cabia a tarefa mais ampla na captação de dados.
Informações - São informações de todos os tipos que estão preestabelecidas no documento e não deixam dúvidas de que o objetivo era descobrir segredos militares dos vizinhos. Entre as tarefas estão a coleta de informações sobre a estrutura geral dos ministérios militares; sua organização e funcionamento; composição de cada Força; comandos; efetivos e equipamentos; distribuição e ordem de batalha; serviço militar; forças terrestres, navais, aéreas e combinadas; zonas defendidas; bases e obras permanentes no interior e no litoral; estrutura de defesa antiaérea, instalações subterrâneas; organização logística de forças terrestre, naval e aérea; contingente demográfico em idade militar, criação de animais de guerra, população de equinos, material bélico e até atividades de guerrilheiros, entre muitos outros itens. Todas essas planilhas receberam a classificação de secretas pelo EMFA.
A periodicidade do envio dessas informações também estava definida no plano. A maioria deveria ser enviada anualmente, seguindo uma data fixada pelos militares. O levantamento sobre a organização das Forças Armadas dos vizinhos, por exemplo, deveria ser enviado todos os anos em abril, assim como os dados sobre instalações de defesa. Informações sobre logística militar tinham como prazo de entrega o mês de julho, mesmo prazo estipulado para envio de informações sobre movimentos guerrilheiros nos países observados.
Informações consideradas mais relevantes, como a de mobilização militar, deveriam ser repassadas para o governo brasileiro assim que fossem obtidas. Já se sabia que os diplomatas brasileiros, por instrução do governo militar, monitoravam as atividades de integrantes de grupos de esquerda no exterior durante a ditadura.
Monitoramento - Uma série de reportagens, publicada em 2007 pelo Correio Braziliense, mostrou que os adversários do regime militar eram acompanhados pela ação do Centro de Informações do Exterior (Ciex), que fazia parte da estrutura do Itamaraty. Por meio desse monitoramento, inúmeras prisões foram feitas.
Agora, os novos papéis do EMFA mostram que os militares brasileiros também se organizaram para usar a estrutura de trabalho dos adidos e dos diplomatas para recolher dados confidenciais que poderiam pesar a favor do Brasil no caso de um conflito com algum país vizinho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sábado, 10 de agosto de 2013

Marxismo e Karl Marx

Fonte de Pesquisa: InfoEscola: Navegando e Aprendendo visite o site.


Por Lucas Martins

Karl Heinrich Marx  foi um filósofo, cientista político, e socialista revolucionário muito influente em sua época, até os dias atuais. É muito conhecido por seus estudos sobre as causas sociais. Teve enorme importância para a política européia, ao escrever o Manifesto Comunista, juntamente com Friedrich Engels, que deu origem ao “Marxismo”, citado adiante. Foi um ativista do movimento operário europeu, no chamado International Workingmen’s Association (IWA), também conhecido como First International.
A influência de suas idéias atingiram todo o mundo, como na vitória dos Bolcheviques na Rússia. Enquanto suas teorias começaram a declinar quanto à popularidade, especialmente após o colapso do regime Soviético, elas continuam sendo muito utilizadas hoje, em movimentos trabalhistas, práticas políticas, movimentos políticos.

MARXISMO

O marxismo se baseia no materialismo e o socialismo científico, constituindo ao mesmo tempo uma teoria geral e o programa dos movimentos operários. Em razão disso, o marxismo forma uma base de ação para estes movimentos, porque eles unem a teoria com a prática. Para os marxistas, o materialismo é a arma pela qual é possível abolir a filosofia como instrumento especulativo da burguesia (o Idealismo) e fazer dela um instrumento de transformação do mundo a serviço do proletariado (força de trabalho). Este conceito tem duas bases: o materialismo dialético e o materialismo histórico. O primeiro coloca a simultaneidade da matéria e do espírito, e a constituição do concreto por uma evolução concebida como “desenvolvimento por saltos, catástrofes e revoluções”, causando uma evolução em um grau mais alto, graças a “negação da negação” (dialética).

O materialismo histórico coloca que a consciência dos homens é determinada pela realidade social, ou seja, pelo conjunto dos meios de produção, base real sobre a qual se eleva uma super estrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciência social determinada.

Analisando o capitalismo, Marx desenvolveu uma teoria para o valor dos produtos: o valor é a expressão da quantidade de trabalho social utilizado na produção da mercadoria. No sistema capitalista, o trabalhador vende ao proprietário a sua força de trabalho, muitas vezes o único bem que têm, tratada como mercadoria, e submetida às leis do mercado, como concorrência, baixos salários. “Ou é isto, ou nada. Decida-se que a fila é grande”. A diferença entre o valor do produto final e o valor pago ao trabalhador, Marx deu o nome de mais-valia, que expressa, portanto, o grau de exploração do trabalho. Os empregadores tem uma tendência natural de aumentar a mais-valia, acumulando cada vez mais riquezas.

Após a Segunda Guerra Mundial, o marxismo teve um crescimento considerável, principalmente em países do terceiro mundo, onde se constituiu como ponto de referência para os movimentos de libertação nacional. Este crescimento foi acompanhado de desenvolvimentos e divisões: a crítica ao Stalinismo na antiga URSS e suas práticas nos países ocidentais, a ruptura entre URSS e a China, a análise do imperialismo por militantes políticos, como Ho Chi Minh, no Vietnã, Fidel Castro em Cuba, etc.

No Recife, IFPE oferece 6.627 vagas no vestibular 2014 para cursos

Haverá isenção ilimitada para s candidatos que cumprirem pré-requisitos.
Comissão do Vestibular da IFPE espera cerca de 60 mil escritos.
Do G1 PE


O vestibular 2014 do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) vai ofecer 6.627 vagas para o vestibular, um número 10% maior do que o concurso do ano anterior. As vagas serão distribuídas em nove campi e 19 polos de Educação à Distância. Além disso, a unidade vai conceder número ilimitado de inscrições com isenção para os candidatos que cumprirem os pré-requisitos. As pessoas que se encaixarem nas cotas sociais ou vierem de escolas públicas não vão precisar pagar a taxa de R$ 20 para cursos técnicos e R$ 40 para cursos superiores. Os detalhes do ingresso foram divulgados na manhã desta sexta-feira (9), no próprio IFPE.
As provas serão realizadas no dia 1º de dezembro. Terão direito à isenção da taxa estudantes vindos de escolas públicas, estudantes vindos de escola particular desde que tenham recebido o benefício de bolsa integral, mulheres inseridas no programa Mulheres Mil, da Rede Federal de Ensino, moradores da zona rural que se inscreverem em cursos de vocação agrícola, participantes do Proeja, da educação de Jovens e Adultos, e participantes do Proifpe, programa da instituição que visa o acesso e permanência no curso superior e o êxito do estudante no mercado de trabalho.
Das vagas, 5.243 serão para os 27 cursos técnicos e 1.384 para 15 cursos superiores. Metade delas serão destinadas a estudantes inseridos nas cotas raciais (12,5% das vagas para negros, pardos e índios), ou sociais (estudantes com renda familiar de até 1,5 salários mínimos vão corresponder a 25% das vagas disponíveis; alunos com pais agricultores  terão os outros 12,5% das vagas reservadas). A outra metade das vagas gerais será para a livre concorrência.
Já das 1384 vagas destinadas aos cursos superiores, 528 serão para estudantes selecionados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e devem começar a estudar na segunda entrada, no segundo semestre de 2014. Os cursos da IFPE são ministrados pelas unidades de Afogados da Ingazeira, Barreiros, Belo Jardim, Caruaru, Garanhuns, Ipojuca, Pesqueira, Recife, Vitória de Santo Antão e 20 pólos Educação à Distância (EAD) em várias cidades de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia.
A Comissão do Vestibular da IFPE espera cerca de 60 mil escritos. Para solucionar quaisquer dúvidas, o candidato pode entrar em contato com a Instituição pelo telefone (81) 2125.1666 ou pelo e-mail cvest2014@reitoria.ifpe.edu.br.
Cronograma
O edital será publicado no site do IFPE no dia 6 de setembro. Do dia 9 ao dia 11 do mesmo mês, os estudantes que quiserem isenção da taxa devem fazer a solicitação online. Eles terão até o dia 19 de setembro para apresentar, na institução onde será realizado o curso, os documentos necessários à comprovação de renda e aos outros critérios. Os documentos específicos ainda não foram divulgados. O resultado da isenção sai no dia 20 de setembro, também no site.
No mesmo dia, 20 de setembro, terão início as inscrições para o vestibular, que segue até o dia 14 de outubro. O pagamento da taxa deve ser feito em agências do Banco do Brasil até o dia 15 de outubro. Quando confirmada a candidatura, o estudante deve retirar o cartão de inscrição online no período que vai do dia 25 de outubro ao dia 1º de novembro. Para qualquer correção no cartão, o candidato deve retificar presencialmente no IFPE em qualquer dia entre o dia 25/10 e 04/11. O cartão retificado deve ser retirado, também online, a partir do dia 5/11. Candidatos vão fazer a prova no dia 1º de dezembro, às 9h, e o resultado deve ser divulgado no dia 20 de dezembro.
A prova
O concurso que vai selecionar alunos para o Ensino Superior consiste em uma prova com 50 questões de múltipla escolha que correspondem a 80% da nota. São 10 quesitos de matemática, 10 de português, 5 de física, 5 de química, 5 de biologia, 5 de língua estrangeira (português ou espanhol), 5 de história e 5 de geografia. A redação vai valer os outros 20% da nota. A prova para todos os cursos superiores é a mesma, exceto o curso de Licenciatura em Música Popular Brasileira, no campi de Belo Jardim, que também conta com prova específica de instrumento.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Euclides da Cunha – autor do clássico Os sertões.


Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu no dia 20 de janeiro de 1866, em Cantagalo (RJ).
Passou sua infância no Rio de Janeiro, mais precisamente em Teresópolis e São Fidélis, onde foi criado por tias, pois era órfão. Após alguns anos, ingressou na Escola Militar, da qual foi expulso por suas idéias republicanas que o levaram a desacatar o Ministro de Guerra, em 1888. Contudo, com a proclamação da República, o autor voltou à Escola Superior de Guerra e formou-se em Engenharia Militar e Ciências Naturais. Porém, Euclides da Cunha começou a contestar as decisões republicanas e resolveu desligar-se totalmente da carreira militar.

Em 1897, quando mudou-se do Rio para São Paulo, passou a fazer a cobertura da revolta de Canudos para o jornal O Estado de S. Paulo. A experiência como jornalista no nordeste resultou na obra mais conhecida do escritor: Os sertões.

Pertencente ao Pré-Modernismo, o clássico Os sertões de Euclides da Cunha tem como característica principal: o regionalismo. A realidade do Nordeste brasileiro é retratada com fidelidade na obra, a qual descreve as condições precárias de vida da região e os motivos pelos quais ocorreu o drama da Guerra de Canudos. O sucesso da obra foi tamanho que o autor foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1903. O livro Os sertões é consagrado como referência na literatura e na sociologia para o estudo do sertanejo. Em seu livro o autor retrata a terra nordestina, o homem sertanejo e a luta travada pelos nordestinos na Guerra de Canudos.

Euclides da Cunha foi assassinado em 1909, devido a questões familiares.

Vejamos a figura do homem nordestino em um trecho da obra Os sertões:

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas”. (...)

Obras: Os sertões (1902); Peru versus Bolívia (1907); Contrastes e confrontos (1907); À margem da História (1909).

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
http://www.brasilescola.com/

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

 FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.
Criada em 16 de outubro de 1945, a FAO atua como um fórum neutro, onde todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento, se reúnem em pé de igualdade para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas.
Atualmente a FAO tem 191 países membros, mais a Comunidade Europeia. Nossa sede central é em Roma, Itália, e nossa rede mundial compreende cinco escritórios regionais e 78 escritórios nacionais.
FAO no Brasil
A FAO também é fonte de conhecimento e informação. Nós ajudamos os países a aperfeiçoar e modernizar suas atividades agrícolas, florestais e pesqueiras, para assegurar uma boa nutrição a todos e o desenvolvimento agrícola e rural sustentável.
Desde sua fundação, a FAO tem dado atenção especial ao desenvolvimento das áreas rurais, onde vivem 70% das populações de baixa renda, e que ainda passam fome.
Um compromisso

A FAO trabalha no combate à fome e à pobreza, promove o desenvolvimento agrícola, a melhoria da nutrição, a busca da segurança alimentar e o acesso de todas as pessoas, em todos os momentos, aos alimentos necessários para uma vida ativa e saudável.
Reforça a agricultura e o desenvolvimento sustentável, como estratégia a longo prazo para aumentar a produção e o acesso de todos aos alimentos, ao mesmo tempo em que preserva os recursos naturais.
Linhas de ação da FAO

Assistência Técnica aos Países em Desenvolvimento e Cooperação Sul-Sul: Apóia os países em desenvolvimento com a formulação e execução de políticas e projetos de assistência técnica em apoio de programas nas áreas agrícola, alimentar, de desenvolvimento rural, florestal e pesqueira e para a cooperação Sul-Sul.
Informação ao alcance de todos: A FAO funciona como uma rede de conhecimentos. Usamos a excelência de nosso staff – agrônomos, engenheiros florestais e outros profissionais – para coletar, analisar e disseminar informações. Também publicamos newsletters e livros, distribuímos revistas e criamos material em mídia eletrônica.
Assessoramento aos governos: A FAO divide sua experiência com os países membros prestando assessoria sobre política e planejamento agrícola, desenvolvendo legislações e criando estratégias nacionais.
Fórum neutro

Fornece a todos os países oportunidades para se reunirem, discutirem ou formularem políticas relacionadas com agricultura e alimentação. Formula normas internacionais, facilita o estabelecimento de convênios e acordos e organiza conferências, reuniões técnicas e consultorias de especialistas.
Algumas ações da FAO no Brasil desenvolvidas em parceria com programas brasileiros:
Apoio ao Programa Fome Zero, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS).
Apoio ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, em parce- ria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Apoio ao Programa de Organização Produtiva de Comunidades – PRODUZIR, em parceria com o Ministério da Integração Nacional (MI).
Apoio ao Programa Nacional de Florestas – PNF, em parceria com o Ministério do Meio Am- biente (MMA).
Apoio ao Programa Nacional de Gestão Ambiental Rural, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Apoio ao Plano Nacional de Desenvolvimento da Pesca e Aqüicultura, em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura da Presidência da República.
Apoio ao Programa Nacional de Alimentação Escolar, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Ministério da Educação (MEC).
Apoio ao Programa de Áreas Degradadas na Amazônia (Pradam), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e iniciativas regionais e subregionais vinculadas a Sanidade Animal, Proteção Vegetal, Biocombustíveis, Segurança Alimentar.
A FAO trabalha em parceria com agências do Sistema da Organização das Nações Unidas, Banco Mundial, Missão Européia, Fundo Global para o Desenvolvimento (GEF), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), entre outras.
Trabalha, também, com a Sociedade Civil como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), universidades e outras organizações. http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/fao/

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Yasser Arafat

Yasser Arafat

Líder palestiniano, de nome completo Mohammad Abdel Rauf Arafat al-Qudwa al-Husseini, nascido em 1929, em Jerusalém, começou cedo a atividade política a favor do seu povo, que se via sem território próprio onde localizar uma pátria. Destacou-se sobretudo pelos cargos de presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP), que assumiu em 1968, e presidente da Autoridade Palestiniana autónoma (com sede em Jerusalém), que governa os territórios de Jericó e da Faixa de Gaza.
Foi, de 1952 a 1956, presidente da União dos Estudantes da Palestina, tendo-se licenciado, ainda em 1956, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Cairo. Em 1959 fundou o movimento Al-Fatah, que se tornou o braço armado da OLP, organização que, em 1974, foi reconhecida como representante do povo palestiniano. Realizou diversas viagens, contactando líderes de diversos países em busca de apoios políticos para a sua causa, e foi também convidado a discursar na Assembleia Geral da ONU, facto que ficou registado na história política palestiniana.
Arafat imprimiu à luta do povo palestiniano um cunho próprio, que valorizava o empenho diplomático e os esforços de conciliação. Em 1988 proclamou a independência do Estado da Palestina. Reconheceu, em 1993, a existência do Estado de Israel, o grande adversário nesta senda, e, no ano seguinte, assinou o acordo de paz que concedia autonomia aos territórios ocupados pelos judeus. Este acontecimento chamou a atenção do Comité Nobel, que decidiu laurear Arafat, juntamente com os líderes israelitas Yitzhak Rabin e Shimon Perez, com o Prémio Nobel da Paz (1994) - Arafat visitaria Israel, pela primeira vez, logo no ano seguinte, aquando da morte de Yitzhak Rabin. Apesar dos esforços, as contendas entre palestinianos e israelitas não pararam devido a ataques de grupos extremistas, que causaram inúmeros problemas à tentativa de manutenção da paz.
O acordo de paz entre os dois territórios passou por várias dificuldades durante o mandato de Benjamin Netanyahu (1996-1999), substituto do primeiro-ministro Yitzhak Rabin.
Em maio de 1999, Ehud Barak foi eleito chefe do governo israelita. Várias tentativas foram levadas a cabo pelos dois líderes para que o acordo de paz fosse cumprido (encontros de Camp David, em 2000, nos EUA), mas fracassaram, e os atos de violência intensificaram-se. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 aos EUA agravou ainda mais a situação. Mais tarde, os acordos diplomáticos entre Ehud Barak e Yasser Arafat foram quebrados e ataques israelitas à Palestina proporcionaram o cerco à sede de Yasser Arafat em Ramallah, tornando-o prisioneiro domiciliário, em 2002. O líder palestiniano vivia um período de isolamento diplomático e resolveu anunciar eleições governamentais em 2004, mas o parlamento não lhe deu o voto de confiança necessário e o seu gabinete demitiu-se.
Em março de 2003 cedeu à pressão internacional e nomeou um primeiro-ministro, Mahmoud Abbas (líder parlamentar da Autoridade Palestiniana), que ficaria encarregado da política local, relacionada com os territórios palestinianos. Yasser Arafat continuaria com a política internacional e com o poder de demitir ou eleger o primeiro-ministro.
Em finais de outubro de 2004, sofreu um colapso que o pôs entre a vida e a morte, tendo sido assistido por uma forte equipa médica. O estado de saúde de Arafat inspirava cuidados e as autoridades israelitas levantaram o cerco a Ramallah, permitindo, assim, a hospitalização do líder palestiniano em Paris. Acabou por falecer na madrugada de 11 de novembro do mesmo ano.
Foi substituido, nas eleições de 9 de janeiro de 2005, por Mahmoud Abbas na presidência da Autoridade Palestiniana.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Israel e Palestina negociam a paz / Análise: Por acordo histórico, líderes enfrentam ceticismo e tempo

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HARRIET SHERWOOD
DO "GUARDIAN", EM JERUSALÉM
Negociadores israelenses e palestinos encaram-se depois de quase três anos para negociar um fim ao conflito.
O fato de o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ter chegado tão longe confunde os céticos.
EUA preveem processo difícil para israelenses e palestinos
Prisioneiros a serem soltos por Israel mataram pelo menos 71
Dúvidas, porém, persistem. Questão crítica é se os dois líderes --o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas-- estão dispostos a fazer as concessões necessárias.
Embora Netanyahu relute em ceder terras colonizadas nos últimos 46 anos, ele afirmou como meta "impedir um Estado binacional entre o rio Jordão e o Mediterrâneo".
Isso levaria ao fim do "Estado judaico" ou a um regime como o do apartheid, em que direitos seriam negados a palestinos. Além disso, em seu terceiro mandato, ele talvez cogite abrir mão de territórios para entrar na história.
Soma-se a isso a pressão dos EUA e da União Europeia, cuja diretiva contra apoio financeiro a entidades israelenses em assentamentos impactou a disposição das partes.
Para Mahmoud Abbas, as alternativas também são difíceis. Desistir de um Estado independente traz a perspectiva de um retorno à violência pela frustração dos palestinos.
Abbas, 78, que dedicou a maior parte da vida às negociações --até aqui, sem êxito-- também pondera um legado.
Os obstáculos são enormes. Palestinos e EUA querem fronteiras pré-1967, o que Israel nega. Há diferenças sobre Jerusalém, que ambos querem como capital --divisão rejeitada por Israel--, e o retorno de refugiados palestinos.
Governada pelo Hamas e física e politicamente separada da Cisjordânia, a faixa de Gaza mal tem sido mencionada. E a exigência de que os palestinos reconheçam Israel tem sido rejeitada. O ceticismo ainda está à frente. ( Folha/Uol)

Tradução de CLARA ALLAIN

Político e revolucionário chinês Mao Tsé-Tung

Mao Tsé-Tung
26/12/1893, Shaoshan, China
9/9/1976, Pequim, China

A Revolução Cultural promovida por Mao perseguiu intelectuais e velhas lideranças do PC


Fundador da República Popular da China e um dos mais proeminentes teóricos do comunismo do século 20, Mao Tsé-Tung (ou Mao Zedong) desenvolveu idéias sobre revolução e guerrilha que influenciaram marxistas no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde o PC do B - então na clandestinidade e ligado à China - desenvolveu ações guerrilheiras durante a década de 1970.

Mao nasceu numa família de camponeses, mas recebeu uma educação esmerada. Desde jovem, porém, revoltou-se com a situação social opressiva de seu país e foi um dos fundadores do Partido Comunista Chinês. Durante os anos 1920, conjuntamente com o Kuomitang - ou Partido Nacionalista Chinês - organizou sindicatos e entidades de classe operárias e camponesas. Em 1927, ocorreu o rompimento entre os dois partidos e teve início o processo revolucionário chinês.

Durante os anos seguintes, após um levante fracassado em Hunan, Mao estabeleceu sovietes no interior do país e organizou o Exército vermelho. Em 1931, foi eleito presidente da República Soviética da China, com base na província rural de Jiangxi. Depois de diversos enfrentamentos com os nacionalistas, e quase derrotado, Mao conduziu o Exército vermelho pela chamada "Longa Marcha", percorrendo 10 mil quilômetros até a província de Shensi. Tornou-se assim o principal líder comunista do país.

Durante a Segunda Guerra Mundial, comunistas e nacionalistas continuaram guerreando entre si, mesmo combatendo os japoneses que invadiram o país. A guerra civil chinesa foi em frente após a derrota do Japão e resultou na tomada da China continental pelos comunistas, que forçaram os nacionalistas a se fixar em Formosa (Taiwan), criando uma divisão do país que permanece até os dias de hoje.

Em 1949, foi fundada a República Popular da China. Mao tornou-se seu presidente, assim como secretário-geral do Partido Comunista Chinês. No entanto, a China era um país atrasado em termos econômicos e industriais. Na tentativa de resolvê-los, usando como combustível a ideologia revolucionária, Mao lançou em 1958 a política que chamou de "Grande Salto para a Frente", com o intuito de industrializar o país.

Essa política revelou-se desastrosa. Não só não conseguiu a industrialização do país como matou de fome cerca de 20 milhões de chineses (estimativas mais recentes mencionam 70 milhões). Isso resultou também na ruptura com a União Soviética que cortou seu auxílio à China. Mao acusou os soviéticos de traidores do marxismo e de "revisionistas".

Após um breve período em plano secundário, Mao retornou ao poder promovendo o que chamou de Revolução Cultural (1966-1976). Através dela, mobilizou as massas contra as velhas lideranças do Partido Comunista Chinês, a quem acusava de burocratização ao estilo soviético.

É desse período, mais precisamente de 1964, que data a publicação do Livro vermelho, coletânea de citações e trechos de discursos de Mao, organizado pelo ministro da defesa e chefe das forças armadas, Lin Piao. O livro, em formato de bolso, foi um instrumento eficaz no desenvolvimento do culto à personalidade de Mao. Utilizado para a doutrinação ideológica das massas, reafirmava a ideia de que o maoísmo era a culminação do pensamento marxista-leninista. Durante esse período, citações do livro eram exigidas inclusive em trabalhos científicos e sua leitura realizada, diariamente, nas escolas e nos locais de trabalho.

O passo seguinte, a criação de grupos armados de estudantes, que perseguiram intelectuais, professores e antigos membros do PC, acabou resultando num banho de sangue cujas mortes ainda não podem ser calculadas, dado o fato de a ditadura comunista chinesa continuar impedindo as investigações.

Vale mencionar que, enquanto os massacres varriam a China, os intelectuais ocidentais garantiam que tudo não passava de propaganda anticomunista e filósofos do porte de Jean-Paul Sartre se proclamava maoísta, tecendo louvores à Revolução Cultural.

Em 1976, porém, com a morte de Mao, o processo se interrompeu. A viúva de Mao, Jiang Qing, que tentou sucedê-lo, não conseguiu se manter por mais de poucos meses no poder. Os oponentes de Mao que lhe haviam sobrevivido, liderados por Deng Xiaoping, deram um golpe de estado e imprimiram novos rumos à China - sem desviar da política ditatorial do partido único.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

'Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julgá-la?', diz papa / FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A ROMA


Papa no Brasil Na mais ousada declaração de um pontífice sobre homossexualismo, o papa Francisco disse que os gays "não devem ser marginalizados, mas integrados à sociedade" e que não se sente em condição de julgá-los.

"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", afirmou Francisco aos cerca de 70 jornalistas que embarcaram a Roma com ele. "O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade."

As declarações foram em resposta a recentes revelações de que um assessor próximo seria homossexual e a uma frase atribuída a ele no início de junho, de que havia um "lobby gay" no Vaticano. Segundo ele explicou ontem, o problema não é ser gay, mas o lobby em geral.

"Vocês vêm muita coisa escrita sobre o "lobby gay". Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se encontra com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay de formar um lobby gay, porque nem todos os lobbies são bons. Isso é o que é ruim."

"O problema não é ter essa tendência [gay]. Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema."

Questionado sobre o movimento carismático no Brasil, Francisco disse que, no início, chegou a compará-los com uma "escola de samba", mas que se arrependeu: diz que os movimentos "bem assessorados" são parte da "igreja que se renova".

Antes de aceitar perguntas, Francisco disse que "foi uma bela viagem" e elogiou o "povo brasileiro". "Espiritualmente me fez bem, estou cansado, mas me fez bem", afirmou.

"A bondade e o coração do povo brasileiro são muito grandes. É um povo tão amável, que é uma festa, que no sofrimento sempre vai achar um caminho para fazer o bem em alguma parte.

Um povo alegre, um povo que sofreu tanto. É corajosa a vida dos brasileiros. Tem um grande coração, este povo."

O papa elogiou os organizadores "tanto da nossa parte quanto dos brasileiros", com menções à parte artística e religiosa. "Era tudo cronometrado, mas muito bonito."

Sobre a segurança, uma grande preocupação principalmente no início, o papa lembrou que "não teve um incidente com esses jovens, foi super espontâneo".

Roberto Stuckert Filho
Papa Francisco conversa com a presidente Dilma Rousseff, Cristina Kirchner, a presidente da Argentina e Evo Morales, presidente da Bolívia durante a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude
"Com menos segurança, eu pude estar com as pessoas, saudá-los, sem carro blindado. A segurança é a confiança de um povo. Há sempre o perigo de um louco, mas com esse temos o Senhor. Eu prefiro esta loucura, e ter o risco da loucura, que é uma aproximação."

Francisco ressaltou ainda a estimativa oficial de 3,2 milhões de fiéis e a presença de peregrinos de 178 países.

Mesmo depois do domingo intenso, que incluiu um novo percurso de papamóvel e três pronunciamentos, Francisco, 76, respondeu às perguntas de pé por quase 90 minutos, não parando nem durante uma zona de turbulência e com aviso de atar os cintos ligado.

Enquanto falava, surpreendia ao colocar a mão no bolso de sua vestimenta papal com a naturalidade de uma roupa qualquer. Para ouvir melhor um jornalista, se inclinou para frente e apoiou as mãos sobre uma poltrona. Chegou até a se abaixar para pegar um fone de ouvido que caiu na sua frente, mas alguém foi mais rápido.
A seguir, a entrevista a bordo do "volo papale", em que ele defende maior participação da mulher, explica o processo de reforma do Vaticano e fala sobre a sua relação com Bento 16, entre outros temas:

Pergunta - Nestes quatro meses, o senhor criou várias comissões. Que tipo de reforma tem em mente? O sr. quer suprimir o banco do Vaticano?
Papa Francisco - Os passos que eu fui dando nestes quatro meses e meio vão em duas vertentes. O conteúdo do que quero fazer vem da congregação dos cardeais. Eu me lembro que os cardeais pediam muitas coisas para o novo papa, antes do conclave. Eu me lembro de que tinha muita coisa. Por exemplo, a comissão de oito cardeais, a importância de ter uma consulta externa, e não uma consulta apenas interna.
Isso vai na linha do amadurecimento da sinodalidade e do primado. Os vários episcopados do mundo vão se expressando em muitas propostas que foram feitas, como a reforma da secretaria dos sínodos, que a comissão sinodal tenha característica de consultas, como o consistório cardinalício com temáticas específicas, como a canonização.
A vertente dos conteúdos vem daí. A segunda é a oportunidade. A formação da primeira comissão não me custou pouco mais de um mês. Pensava em tratar a parte econômica no ano que vem, porque não é a mais importante. Mas a agenda mudou devido a circunstâncias que vocês conhecem.
O primeiro é o problema do IOR [banco do Vaticano], como encaminhá-lo, como reformá-lo, como sanear o que há de ser sanado. E essa foi então a primeira comissão.
Depois, tivemos a comissão dos 15 cardeais que se ocupam dos assuntos econômicos da Santa Sé. E por isso decidimos fazer uma comissão para toda a economia da Santa Sé, uma única comissão de referência. Notou-se que o problema econômico estava fora da agenda. Mas essas coisas atendem.
Quando estamos no governo, vamos por um lado, mas, se chutam e fazem um golaço por outro lado, temos de atacar. A vida é assim. Eu não sei como o IOR vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso.
O presidente do IOR permanence, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. A característica de, seja o que for, tem de ter transparência e honestidade.

Uma fotografia do sr. deu a volta ao mundo, quando o sr. desceu as escadas do helicóptero, carregando sua mala preta. Artigos de todo o mundo comentaram o papa que sai com sua própria mala. Foram levantadas hipóteses também sobre o conteúdo da mala. Por que o sr. saiu carregando a maleta preta, e não seus colaboradores? E o sr. poderia dizer o que tinha dentro?
Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso, Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei a minha maleta. É normal. Temos de ser normais. É um pouco estranho isso que você me diz que a foto deu a volta ao mundo. Mas temos de nos habituar a sermos normais, à normalidade da vida.

Por que o senhor pede tanto para que rezem pelo senhor? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele.
Sempre pedi isso. Quando era padre, pedia, mas nem tanto nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a bispo. Porque eu sinto que, se o Senhor não ajuda nesse trabalho de ajudar aos outros, não se pode. Preciso da ajuda do Senhor. Eu de verdade me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Sinto que devo pedir. Não sei

Na busca por fazer essas mudanças, o sr. disse que existem muitos santos que trabalham no Vaticano e outros um pouco menos santos. O sr. enfrenta resistências a essa sua vontade de mudar as coisas no Vaticano? O sr. vive num ambiente muito austero, de Santa Marta. Os seus colaboradores também vivem essa austeridade? Isso é algo apenas do sr. ou da comunidade?
As mudanças vêm de duas vertentes: do que pediram os cardeais e também o que vem da minha personalidade. Você falou que eu fico na Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho no palácio, que não é luxuoso. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas eu não posso viver sozinho. Preciso de gente, falar com gente. Trabalhar com as pessoas. Porque, quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: "Não, por motivos psiquiátricos."
Psicologicamente, não posso. Cada um deve levar adiante sua vida, seguir seu modo de vida. Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Têm apartamentos pequenos. São austeros. Os que eu conheço têm apartamentos pequenos.
Cada um tem de viver como o Senhor disse que tem de viver. A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos a serviço da igreja. É verdade que há santos, sacerdotes, padres, gente que prega, que trabalha tanto, que vai aos pobres, se preocupa de fazer comer os pobres. Têm santos na Cúria. Também têm alguns que não têm muitos santos. E são estes que fazem mais barulho. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. São escândalos que fazem mal. Uma coisa que nunca disse: a Cúria deveria ter o nível que tinha dos velhos padres, pessoas que trabalham. Os velhos membros da Cúria. Precisamos deles. Precisamos o perfil do velho da Cúria.
Sobre resistência, se tem, ainda não vi. É verdade que aconteceram muitas coisas. Mas eu preciso dizer: eu encontrei ajuda, encontrei pessoas leais. Por exemplo, eu gosto quando alguém me diz :"Eu não estou de acordo". Esse é um verdadeiro colaborador. Mas, quando vejo aqueles que dizem "ah, que belo, que belo" e depois dizem o contrario por trás, isso não ajuda.

O mundo mudou, os jovens mudaram. Temos no Brasil muitos jovens, mas o senhor não falou de aborto, sobre a posição do Vaticano em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foram aprovadas leis que ampliam os direitos para estes casamentos em relação ao aborto. Por que o senhor não falou sobre isso?
A igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso. Não era necessário voltar sobre isso, como também não era necessário falar sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual a posição da igreja.

E a do papa?
É a da Igreja, eu sou filho da Igreja.

Qual o sentido mais profundo de se apresentar como o bispo de Roma?
Não se deve andar mais adiante do que o que se fala. O papa é bispo de Roma e por isso é papa, o sucessor de Pedro. Não é o caso pensar que isso quer dizer que é o primeiro. Não é esse o sentido. O primeiro sentido do papa é ser o bispo de Roma.

O sr. teve sua primeira experiência multidinária no Rio. Como se sente como papa, é um trabalho duro?
Ser bispo é belo. O problema é quando alguém busca ter esse trabalho, assim não é tão belo. Mas, quando o Senhor chama para ser biso, isso é belo. Tem sempre o perigo e o pecado de pensar com superioridade, como se fosse um príncipe. Mas o trabalho é belo. Ajudar o irmão a ir adiante. Têm o filtro da estrada.
O bispo tem de indicar o caminho. Eu gosto de ser bispo. Em Buenos Aires, eu era tão feliz. Como padre, era feliz. Como bispo, era feliz e isso me faz bem.

E ser papa?
Se você faz o que o Senhor quer, é feliz. Esse é meu sentimento.

Igreja no Brasil está perdendo fieis. A Renovação Carismática é uma possibilidade para evitar que eles sigam para as igrejas pentecostais?
É verdade, as estatísticas mostram. Falamos sobre isso ontem com os bispos brasileiros. E isso é um problema que incomoda os bispos brasileiros.
Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba.
Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam.
Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são um graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.

A igreja sem a mulher perde a fecundidade? Quais as medidas concretas? O senhor disse que está cansado. Há algum tratamento especial neste voo?
Vamos começar pelo fim. Não há nenhum tratamento especial neste voo. Na frente, tem uma bela poltrona. Escrevi para dizer que não queria tratamento especial.
Segundo, as mulheres. Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. O papal da mulher na igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a igreja a crescer. E pensar que a Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! A igreja é feminina, esposa, mãe.
O papel da mulher na igreja não deve ser só o de mãe e com um trabalho limitado. Não, tem outra coisa. O papa Paulo 6° escreveu uma coisa belíssima sobre as mulheres. Creio que se deva ir adiante esse papel. Não se pode entender uma igreja sem uma mulher ativa.
Um exemplo histórico: para mim, as mulheres paraguaias são as mais gloriosas da América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua.
Na igreja, se deve pensar nas mulheres sob essa perspectiva. Escolhas de risco, mas como mulher. Acredito que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher. Somente um pouco aqui, um pouco lá. Tem a que faz a leitura, a presidente da Cáritas, mas há mais o que fazer. É necessário fazer uma profunda teologia da mulher. Isso é o que eu penso.

Queremos saber qual a sua relação de trabalho com Bento 16, não a amistosa, a de colaboração. Não houve antes uma circunstância assim. Os contatos são frequentes?
A última vez que houve dois ou três papa, eles não se falavam. Estavam brigando entre si, para ver quem era o verdadeiro. Eu fiquei muito feliz quando se tornou papa. Também, quando renunciou, foi, pra mim, um exemplo muito grande. É um homem de Deus, de reza. Hoje, ele mora no Vaticano.
Alguns me perguntam: como dois papas podem viver no Vaticano? Eu achei uma frase para explicar isso. É como ter um avô em casa. Um avô sábio. Na família, um avô é amado, admirado. Ele é um homem com prudência. Eu o convidei para vir comigo em algumas ocasiões. Ele prefere ficar reservado. Se eu tenho alguma dificuldade, não entendo alguma coisa, posso ir até ele.
Sobre o problema grave do Vatileaks [vazamento de documentos secretos], ele me disse tudo com simplicidade. Tem uma coisa que não sei se vocês sabem: Em 8 de fevereiro, no discurso, ele falou: "Entre vocês está o próximo papa. Eu prometo obediência". Isso é grande.

O sr. falou com os bispos brasileiros sobre a participação das mulheres na igreja. Gostaria de entender melhor como deve ser essa participação. O que sr. pensa sobre a ordenação das mulheres?
Sobre a participação das mulheres na igreja, não se pode limitar a alguns cargos: a catequista, a presidente da Cáritas. Deve ser mais, muito mais. Sobre a ordenação, a igreja já falou e disse que não. João Paulo 2° disse com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada. Nossa senhora, Maria, é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte uma especificação teológica.

Nesta viagem, o sr. falou de misericórdia Sobre o acesso aos sacreamentos dos divorciados, existe a possibilidade de mudar alguma coisa na disciplina da igreja?
Essa é uma pergunta que sempre se faz. A misericórdia é maior do que o exemplo que você deu. Essa mudança de época e també tantos problemas na igreja, como alguns testemunhos de alguns padres, problemas de corrupção, do clericalismo A igreja é mãe. Ela cura os feridos. Ela não se cansa de perdoar.
Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela pastoral matrimonial. Há 15 dias, esteve comigo o secretário do sínodo dos bispos, para discutir o tema do próximo sínodo. E posso dizer que estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. O cardeal Guarantino disse ao meu antecessor que a metade dos matrimônios é nula. Porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar. Isso também entra na Pastoral do Matrimônio.
A questão da anulação do casamento deve ser revisada. É complexa a questão pastoral do matrimônio.

Em quatro meses de Pontificado, pode nos fazer um pequeno balanço e dizer o que foi o pior e o melhor de ser Papa? O que mais lhe surpreendeu neste período?
Não sei como responder isso, de verdade. Coisas ruins, ruins, não aconteceram. Coisas belas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos, que foi tão bonito. Como bispo da capital da Itália, me senti em casa com eles. Uma coisa dolorosa foi a visita a Lampeduse [ilha que recebe imigrantes africanos], me fez chorar. Me fez bem. Quando chegam estes barcos, que os deixam a algumas milhas de distância da costa e eles têm de chegar (à costa) sozinhos, isso me dói porque penso que essas pessoas são vítimas do sistema sócio-econômico mundial.
Mas a coisa pior é o nervo ciático, é verdade, tive isso no primeiro mês. É verdade! Para uma entrevista, tive de me acomodar numa poltrona e isso me fez mal, era dolorosíssimo, não desejo isso a ninguém. O encontro com os seminaristas religiosos foi belíssimo. Também o encontro com os alunos do colégio jesuíta foi belíssimo. As pessoasconheci tantas pessoas boas no Vaticano. Isso é verdade, eu faço justiça. Tantas pessoas boas, mas boas, boas, boas.

Tem a esperança de que esta viagem ao Brasil contribua para trazer de volta os fiéis? Os argentinos se perguntam: não sente falta de estar em Buenos Aires, pegar um ônibus?
Uma viagem do papa sempre faz bem. E creio que a viagem ao Brasil fará bem, não apenas a presença do Papa. Eles (os brasileiros) se mobilizaram e vão ajudar muito a igreja. Tantos fiéis que foram se sentem felizes. Acho que será positivo não só pela viagem, mas pela jornada, um evento maravilhoso. Buenos Aires, sim, sinto falta. Mas é uma saudade serena.

O que o senhor pretende fazer em relação ao monsenhor Ricca e como pretende enfrentar toda esta questão do lobby gay?
Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, a investigação prévia. E nessa investigação não tem nada do que o acusam. Não achamos nada. É a minha resposta.
Quero acrescentar uma coisa a mais sobre isso. Tenho visto que muitas vezes na igreja se buscam os pecados da juventude, por exemplo. E se publica.
Abuso de menores é diferente. Mas, se uma pessoa, seja laica ou padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o Senhor perdoa, o Senhor esquece.
E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e nós dizemos que pecamos, o senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo.
O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E esse pecador foi transformado em Papa.
Vocês vêm muita coisa escrita sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se vê com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e formar um lobby gay, porque nem todos os lobbys são bons. Isso é o que é ruim.
Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-lo? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema. http://www1.folha.uol.com.br/