Konstantinos - Uranus
sábado, 22 de junho de 2013
Entenda o que é a PEC 37 / Léo Rodrigues - Portal EBC
Material da companha contra a PEC 37. (foto: Marcelo Camargo/ABr)
Uma das bandeiras levantadas nesta segunda-feira (17) pelos manifestantes de diversas capitais do Brasil pede o arquivamento da Proposta de Emenda Constitucional 37/2011. Se aprovada, o poder de investigação criminal seria exclusivo das polícias federal e civis, retirando esta atribuição de alguns órgãos e, sobretudo, do Ministério Público (MP).
A PEC 37 sugere incluir um novo parágrafo ao Artigo 144 da Constituição Federal, que trata da Segurança Pública. O item adicional traria a seguinte redação: "A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incumbem privativamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente"
A justificativa apresentada pelo autor da PEC, deputado Lourival Mendes (PT do B - MA), ressalta que não há prejuízo para a investigação criminal em comissões parlamentares de inquérito (CPIs), o que é garantido por um outro dispositivo presente na Carta Magna. Porém, ele evoca um livro do desembargador Alberto José Tavares da Silva, para quem "a investigação de crimes não está incluída no círculo das competências legais do Ministério Público", levando diversos processos a serem questionados nos tribunais superiores.
Reação
Diante da tramitação da PEC 37 na Câmara dos Deputados, diversas organizações lançaram a campanha "Brasil contra a impunidade", acusando a proposta de beneficiar criminosos. Utilizando dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o grupo alega que apenas 11% das ocorrências sobre crimes comuns são convertidos em investigações policiais e, no caso dos homicídios, somente 8% são apurados.
INCORPORAR:
Ao mesmo tempo, apontam que graças ao trabalho do Ministério Público Federal foram propostas 15 mil ações penais entre 2010 e 2013. Se tais casos fossem repassadas à Polícia Federal, os crimes poderiam não ser julgados. Eles acabariam prescritos caso as investigações não se concluíssem a tempo.
Participam da campanha a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação Nacional do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM).
Aperfeiçoamento
No final do mês passado, o relator da PEC 37, deputado Fabio Trad (PMDB/MS), ressaltou que um grupo de trabalho havia sido formado para aperfeiçoar a proposta. Os integrantes concordavam que o MP deveria ter a prerrogativa de investigar casos específicos e que faltaria definir e regulamentar de que forma seria essa atuação.
No entanto, integrantes do Ministério Público Federal (MPF) rejeitaram nesta segunda (17) a proposta alternativa apresentada. Segundo o presidente da ANPR, Alexandre Camanho, mesmo com a flexibilização, "qualquer das duas redações da PEC 37 tornariam a investigação por parte do MP inexequível".
O grupo de trabalho se comprometeu a entregar um relatório final nesta quarta (19) ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves. A apreciação da PEC 37 pelo plenário da casa está prevista para o dia 26 de junho. Segundo Henrique Alves a votação acontecerá “de forma irreversível” na data marcada.
Ernesto "Che" Guevara. Revolucionário e guerrilheiro latino-americano
Ernesto "Che" Guevara
14/6/1928, Rosário, Argentina
9/10/1967, Higuera, Bolívia
O retrato que Alberto Korda fez de Guevara e que ajudou a alimentar o mito.
Personagem marcante da ultima metade do século 20, o revolucionário socialista Che Guevara chega ao novo milênio conquistando mais uma vez a admiração e a simpatia de adolescentes e jovens adultos na Europa e América Latina. Não importa que o socialismo real não tenha dado certo na antiga União Soviética, em Cuba e em nenhum país onde se tentou implantá-lo.
Mesmo assim, a imagem do "Che" reaparece em pôsteres, bottons e camisetas, que o consagram como um mito latino-americano, um símbolo eterno de coragem e rebeldia contra as injustiças sociais do mundo. Para isso, aliás, contribuiu muito a célebre fotografia sua tirada por Alberto Korda que ilustra essa página.
Mas quem foi, na realidade, Che Guevara e por que ele se transformou num mito? Ernesto Guevara de La Serna formou-se em Medicina. No início da década de 1950, juntamente com o amigo Alberto Granado, percorreu de moto o continente americano, indo desde seu país natal até Miami, nos Estados Unidos, numa aventura de mais de dez mil quilômetros que iria mudar sua vida. (O diário dos dois foi publicado em forma de livro e transformado em filme por Walter Moreira Salles.)
Nessa viagem, Guevara teria tomado consciência da miséria em que vivia a maior parte da população dos países da América do Sul e Central e decidiu que deveria lutar pela mudança desse estado de coisas. No México, em 1954, conheceu e se juntou aos irmãos cubanos Fidel e Raul Castro, que estavam organizando um grupo guerrilheiro para derrubar o governo ditatorial de Cuba.
Guevara tornou-se o médico da tropa, que desembarcou na ilha no final de 1956. Ao longo dos três anos seguintes, foi deixando a medicina para tornar-se combatente e líder militar, ganhando nessa época o apelido de "Che". Com a vitória do movimento revolucionário, em 1959, Che promulgou cerca de 400 (ou mais) sentenças de morte, os chamados "justiçamentos", contra adversários do novo regime. De acordo com O Livro Negro do Comunismo, ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960.
Estabelecido o novo governo, Che Guevara tornou-se cidadão cubano e assumiu papel ativo, como diretor do Banco Nacional e Ministro da Indústria. Em um discurso na Assembleia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964, Che Guevara afirmou: "Execuções? É claro que executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário! Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!".
A revolução cubana não tinha um caráter explicitamente socialista em seus primeiros momentos. A tentativa norte-americana de controlar o novo governo de Fidel, porém, levou este último a aproximar-se da União Soviética, no âmbito da Guerra Fria, e a aderir ao marxismo, criando uma vertente latino-americana do stalinismo, ou seja, a ditadura de um partido único sobre a sociedade.
Guevara, por sua vez, não se adaptou à vida burocrática no regime cubano. Acreditava que toda a América Latina precisava ser transformada, através de revoluções sucessivas. Em 1965, deixou Cuba e estabeleceu um foco guerrilheiro na Bolívia, onde acabou cercado pelo exército local. Che foi preso em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte.
O fato de ter deixado o poder em Cuba para vir morrer nos confins da selva boliviana, tornou Che um símbolo de determinação e coragem, respeitado até por aqueles que não compartilham das idéias socialistas. Sua imagem passou a representar a rebeldia, o inconformismo e a de liberdade da juventude, independentemente de concepções políticas e ideológicas.
Dezenas de milhares marcham em Roma contra o desemprego Por Cristiano Corvino
Dezenas de milhares marcham em Roma contra o desemprego
Por Cristiano Corvino
ROMA, 22 Jun (Reuters) - Milhares de trabalhadores e desempregados marcharam em Roma no sábado, para protestar contra o desemprego recorde e para exigir do governo de Enrico Letta, há dois meses no poder, que ofereça mais do que simples retórica inútil sobre o problema.
A manifestação organizada pelas três maiores centrais sindicais do país, CGIL, CISL e UIL, foi a maior desde que a ampla coalizão de direita e esquerda assumiu o poder depois de uma eleição inconclusiva em fevereiro.
O desemprego italiano chegou a 12 por cento em abril, o maior nível já registrado, e o desemprego entre as pessoas com menos de 24 anos está em 40 por cento, seu maior nível de todos os tempos.
Chefes de sindicatos, falando diante de uma multidão que agitava bandeiras, estimada em mais de 100 mil pessoas pelos organizadores, criticaram Letta pelo que eles chamaram de uma falta de ação em relação a um problema urgente.
"Não podemos aceitar essas constantes promessas que não se transformam em decisões que dão uma oportunidade de uma mudança de direção," disse Susanna Camusso, líder da CGIL, o maior sindicato do país.
Luigi Angeletti, líder da UIL, disse que o país não pode se dar ao luxo de uma abordagem fragmentada da política adotada até agora, especialmente quando a coalizão governante é tão frágil.
"Em um país onde a principal preocupação é a aposta em quanto tempo o governo vai durar, a mensagem é de que não há mais tempo para promessas e declarações", disse ele na Praça San Giovanni, local tradicional de protestos da esquerda.
O gabinete de Letta deve anunciar um pacote destinado a combater o desemprego dos jovens na próxima semana, mas Angeletti disse que as medidas que estão sendo discutidas, como incentivos fiscais para empresas que contratem jovens, eram "inúteis"
A economia da Itália encolheu em todos os trimestres desde meados de 2011 - sua maior recessão pós-guerra - e as empresas estão cada vez mais, demitindo seus funcionários.
Os sindicalistas pediram que o governo interviesse para evitar que a Indesit, fabricante de produtos da linha branca, leve adiante seu plano de demitir 1.400 funcionários em um dos mais recentes confrontos trabalhistas.
"A Indesit não está em crise, ela só quer usar seu lucro para fazer investimentos na Turquia e na Polônia," disse Camusso.
Um manifestante, Lorenzo Giuseppe, disse à Reuters que resolveu participar do protesto "para enviar uma mensagem ao governo de que o emprego deve ser o principal tópico da agenda. Se temos trabalho, podemos seguir em frente".
Milhões de italianos estão tão convencidos que não têm nenhuma chance de encontrar trabalho, que simplesmente desistiram de procurar, o que significa que os números oficiais subestimam seriamente o número de desempregados, de acordo com dados do escritório nacional de estatística ISTAT
(Reportagem adicional de Gavin Jones)
Dilma promete pacto com governadores para responder aos protestos / Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA, 21 Jun (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta sexta-feira à escalada da violência nos protestos pelo país, que na quinta-feira reuniram cerca de 1 milhão de pessoas, e prometeu fazer um pacto governadores e prefeitos pela melhoria dos serviços públicos para responder às reivindicações dos manifestantes.
Em pronunciamento à nação na noite desta sexta, a presidente elogiou as manifestações pacíficas em todo país, mas disse que o "governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violente e autoritária destrua o patrimônio público e privado".
"Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos", afirmou Dilma.
Segundo ela, esse pacto terá foco em três ações: a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; a destinação de 100 por cento dos royalties de petróleo para a educação; e trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde.
As manifestações, que começaram como protesto contra o aumento das passagens do transporte público em São Paulo e no Rio de Janeiro, cresceram em escopo e incorporaram outras reivindicações, como o combate à corrupção, melhoria de todos os serviços públicos e críticas aos gastos com a Copa do Mundo.
Dilma também anunciou a disposição de se reunir com os "líderes das manifestações pacíficas".
"Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências. De sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente", disse a presidente.
Antes do pronunciamento em rede nacional, a presidente se reuniu com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente Michel Temer para antecipar o que diria aos brasileiros. A decisão de fazer um pronunciamento à nação foi tomada nesta sexta-feira, em reuniões com ministros e assessores próximos.
"Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e acima de tudo mais permeáveis à influência da sociedade", declarou a presidente.
Ela alertou, porém, que os partidos políticos não podem ser deixados de lado desse debate. "É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático", argumentou.
Na quinta-feira, manifestantes com bandeira de partidos políticos foram rechaçados por outros participantes, que defendem o apartidarismo dos protestos.
Em boa parte do pronunciamento, a presidente insistiu em criticar os episódios de violência que têm sido registrados em algumas manifestações. Até agora, duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas desde o início dos protestos há cerca de duas semanas. Também houve depredação de prédios públicos e privados.
"A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada. E ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros", disse.
"O governo e sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos", afirmou.
Na quinta-feira, o Palácio do Itamaraty, sede do ministério das Relações Exteriores em Brasília, foi invadido por um grupo de manifestantes. Vidros foram quebrados e houve princípio de incêndio, controlado rapidamente pela polícia.
COPA DAS CONFEDERAÇÕES
Preocupada com os conflitos entre manifestantes e policiais ao redor dos estádios que sediam a Copa das Confederações, Dilma apelou para o espírito hospitaleiro dos brasileiros
"Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria. É assim que devemos tratar os nossos hóspedes", disse.
A presidente ressaltou ainda que não está retirando recursos do orçamento público e nem da saúde e da educação para construção de estádios, e que o dinheiro será devolvido por empresários e governos que estão explorando as arenas.
"Quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas, é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e governos que estão explorando estes estádios", afirmou.
"Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a saúde e a educação", afirmou.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Copa do Mundo no Brasil está garantida apesar de protestos, diz Fifa. Imaginava-se tudo na Copa, menos os protestos
Copa do Mundo no Brasil está garantida apesar de protestos, diz Fifa
RIO DE JANEIRO, 21 Jun (Reuters) - A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 está garantida apesar de protestos recentes no país, segundo informações do porta-voz da Fifa Pekka Odriozola, nesta sexta-feira.
"Não discutimos nem consideremos cancelar a Copa", afirmou.
A Fifa já havia informado mais cedo também que não discutiu a possibilidade de cancelar a Copa das Confederações por conta da onda de protestos que tomou as ruas de todo o Brasil.
"Até esta data, nem a Fifa nem o Comitê Organizador Local nunca discutiram qualquer possibilidade de cancelamento da Copa das Confederações da Fifa", disse a Fifa em comunicado enviado à Reuters.
A possibilidade de uma eventual suspensão da Copa das Confederações foi divulgada pela mídia local, depois que as manifestações inicialmente convocadas para protestar contra a tarifa do transporte público derivaram em protestos generalizados, incluindo contra os gastos do governo com as Copas das Confederações e do Mundo de 2014.
Desde a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, no dia 15 de junho em Brasília, houve protestos nas áreas do estádios e confrontos entre manifestantes e policiais no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
Imaginava-se tudo na Copa, menos os protestos
Por Pedro Fonseca
SALVADOR, 21 Jun (Reuters) - Estádios inacabados, caos aéreo, blecaute de comunicação e ruas congestionadas estavam no cenário imaginado por críticos como possíveis problemas na Copa das Confederações e no Mundial de 2014, mas não se previa que uma onda de protestos em todo o Brasil seria a principal dor de cabeça para a Fifa e o governo.
As manifestações, que começaram como um movimento contra o aumento da tarifa de ônibus nas principais cidades do país, rapidamente encamparam temas como o combate à corrupção e repúdio aos gastos do governo com a realização da Copa do Mundo. Apesar de os protestos serem na maioria pacíficos, em muitas cidades houve confrontos com a polícia e depredações.
Antes da competição, os preparativos de segurança do governo diziam respeito principalmente a combate ao terrorismo, com foco em ameaças externas, proteção de portos, aeroportos e fronteiras. Diante dos acontecimentos, o policiamento no entorno dos estádios precisou ser reforçado de última hora para proteger os estádios e torcedores antes das partidas.
"À luz dos acontecimentos e dos eventos que vão acontecer, a polícia deveria ter aumentado seu cardápio de estratégias para enfrentar essas situações", disse à Reuters o especialista em análise de risco Moacyr Duarte, pesquisador da Coppe/UFRJ.
"Você pode aprender a controlar melhor os conflitos de rua com o que faz a polícia em outras partes do mundo mais acostumadas a viver esse tipo de inquietação", acrescentou.
As seis arenas da Copa das Confederações, construídas ou reformadas ao custo de cerca de 4,8 bilhões de reais, foram alvo de manifestações em dias de jogos. O torneio acontece neste mês como principal ensaio para o Mundial do ano que vem e abre um calendário de grandes eventos que tem ainda a visita do papa Francisco, no próximo mês, e os Jogos Olímpicos de 2016.
Cenas de conflitos entre manifestantes e policiais no entorno das arenas ocuparam o espaço no Brasil e no mundo que os organizadores esperavam que fosse dedicado à alegria dos torcedores.
"Queremos hospitais padrões Fifa" e "Da Copa eu abro mão, quero é investimento em saúde e educação" eram algumas das frases escritas nos cartazes levados às ruas e para dentro dos estádios, questionando o legado propagado pela Fifa e pelo governo pela realização da Copa do Mundo, que terá custo estimado pelo governo de 33 bilhões de reais.
Brasil tem que estar pronto para eventuais protestos durante Jornada da Juventude, diz ministro
BRASÍLIA, 21 Jun (Reuters) - O governo brasileiro manifestou nesta sexta-feira necessidade de estar preparado caso ocorram manifestações no país durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho, que terá a presença do papa Francisco.
"Teremos de estar preparados para a Jornada ocorrer inclusive em um clima em que esteja ocorrendo manifestações no país", afirmou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, um dia após cerca de 1 milhão de pessoas tomarem as ruas em todo o país.
Suas declarações foram obtidas pela imprensa em áudio recuperado de gravação de vídeo de uma reunião nesta manhã sobre a Jornada --apenas cinegrafistas e fotógrafos foram autorizados a acompanhar parte do encontro.
Segundo Carvalho, ações de vandalismo preocupam o governo e não devem ser aceitas. As manifestações incluem reivindicações como a melhoria dos serviços públicos e o combate à corrupção, além de reclamações sobre os gastos para a Copa do Mundo de 2014.
Durante os protestos, inicialmente pacíficos, foram registrados conflitos com a polícia e depredação de prédios públicos.
"O que está preocupando nos últimos momentos? É que as manifestações acabam sendo palco para manifestações de um tipo de expressão lamentável e irresponsável de vandalismo, que não podemos aceitar", disse o ministro.
Ele fez questão de reiterar, ao mesmo tempo, que o governo e a presidente Dilma Rousseff "celebram a democracia" e a mobilização popular.
Em Brasília, o prédio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, teve diversas vidraças quebradas e foi invadido por cerca de 80 manifestantes na noite de quinta-feira.
Houve episódios de violência em cidades como Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belém e Campinas.
Os protestos começaram há cerca de duas semanas e prosseguiram mesmo após a demanda inicial da população --a redução da tarifa de transporte público-- ter sido atendida em diversos municípios, inclusive nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio.
PRONUNCIAMENTO?
Dilma cancelou viagens programadas para os próximos dias, uma delas ao Japão. Nesta manhã, a presidente fez uma reunião de emergência para analisar os protestos com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Outros ministros chegaram a participar de parte da reunião, como Aloizio Mercadante (Educação) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
A presidente tem demonstrado preocupação com a escalada dos protestos e com a violência de grupos de manifestantes em algumas capitais.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que se reuniu com Dilma na quinta-feira, sugere que a presidente faça um pronunciamento à nação, de forma "humilde" e "firme".
"A presidente cancelou viagens e reuniu o núcleo político central do seu governo para analisar com profundidade, e acho que ela terá uma posição pública", afirmou o senador à Reuters nesta sexta. "Creio que a presidente deve falar à nação ou hoje (sexta-feira) ou amanhã (sábado)", acrescentou.
(Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello)
Seis capitais confirmam novas manifestações nesta sexta-feira
Em meio à onda de protestos, ao menos seis capitais têm novas manifestações marcadas para esta sexta-feira (21): Curitiba, Campo Grande, Boa Vista, Fortaleza, Macapá e Rio de Janeiro.
Moradores de outras 50 cidades, de diferentes regiões do país, também devem sair às ruas hoje.
Em Fortaleza, o protesto, marcado para as 16h30, ocorre após um dia de confrontos entre a polícia e os manifestantes em frente à sede do governo.
O local virou uma praça de guerra, com a polícia atacando com balas de borracha e os manifestantes com pedras e bombas caseiras. Ao menos 61 pessoas foram detidas.
Após confrontos nos últimos dois dias, escolas de Macapá amanheceram de portas fechadas hoje por medo de invasões. Ontem, 22 pessoas foram detidas durante o protesto.
Na escola estadual Tiradentes, onde estudam 1.667 alunos, as aulas foram suspensas depois que a diretora soube de ameaças de invasão à escola, que fica na avenida principal da cidade, ponto de encontro dos manifestantes.
"Tivemos de tomar essa medida para salvaguardar a integridade dos nossos estudantes. Hoje, inclusive, teríamos uma prova muito importante, que é o simulado do Enem", afirma a diretora Mary Cruz.
Policial chuta homem deitado na rua da Consolação, em São Paulo, um dia depois de vitória do MPL pela diminuição da passagem de ônibus
Veja as cidades com protestos programados: Alfenas (MG), Balneário Camboriú (SC), Caxias do Su (RS), Ribeirão das Neves (MG), São José (SC), Rio Negrinho (SC), São Vicente (SP), Iguape (SP), Nova Iguaçu (RJ), Nova Serrana (MG), Palhoça (SC), Paranaguá (PR), Passo Fundo (RS), Pederneiras (SP), Pedralva (SP), Petrópolis (RJ), Piracicaba (SP), Pirajuí (SP), Poá (SP), Peruíbe (SP), Santa Bárbara do Oeste (SP), Santa Cruz do Sul (RS), Santa Rita do Sapucaí (MG), Santana do Parnaíba (SP), São João Batista (SC), São João de Meriti (RJ), São José do Rio Pardo (SP), Serra Talhada (PE), Sinop (MT), Telêmaco Borba (PR), Uberaba (MG), Várzea Grande (MT), Votorantim (SP), Ilhéus (BA), Agudos (SP), Alta Floresta (MT), Andradina (MS), Araguaína (TO), Arapoti (PR), Catalão (GO), Barueri (SP), Bandeirantes (PR), Bragança Paulista (SP), Caçapava (SP) e Casa Branca (SP).
PROTESTOS
Mesmo após a redução em série das tarifas de ônibus, principal reivindicação dos protestos que tomaram conta do país, novos atos levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas em cerca de cem cidades. Hoje há previsão de atos em cerca de 60 municípios.
No 14° dia de manifestações, cenas de violência e vandalismo foram registradas em 13 das 25 capitais que tiveram protestos. Houve ataques ou tentativas de invasão a órgãos dos Três Poderes em nove cidades. Ações de repúdio a partidos políticos foram recorrentes.
REUNIÃO
A presidente Dilma Rousseff realiza nesta sexta-feira (21) uma reunião de emergência com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o país, que levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas ontem.
Segundo assessores presidenciais, a presidente ficou impressionada com os acontecimentos no Rio e em Brasília e vai ouvir relatos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, sobre os atos.(Folha/UOL)
Joaquim Barbosa lidera corrida presidencial entre manifestantes, aponta Datafolha
Joaquim Barbosa
Apesar de não figurar na lista de pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, aparece como o preferido dos manifestantes paulistanos para suceder Dilma Rousseff, mostra pesquisa do Datafolha realizada nessa quinta-feira (20).
De acordo com o instituto, Barbosa foi mencionado por 30% dos entrevistados, contra 22% da ex-senadora Marina Silva, que tenta montar a Rede Sustentabilidade para concorrer ao Planalto em 2014. Dilma (PT) aparece em terceiro na lista, com 10% das menções.
O levantamento foi realizado durante os protestos de ontem na avenida Paulista, região central da cidade.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), com 5%, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 1%, vêm logo a seguir.
A margem de erro da pesquisa, que entrevistou 551 manifestantes, é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. No limite, Barbosa e Marina poderiam ter 26% das preferências, mas, segundo o Datafolha, a probabilidade de que esse cenário seja real é muito pequena.
DESCOMPASSO
A última pesquisa nacional do Datafolha para a corrida de 2014 --finalizada no dia 7, antes da onda de manifestações que tomou conta do país-- mostrava Dilma na liderança, com 51% das intenções de voto no cenário mais provável, sete pontos percentuais a menos do verificado no levantamento anterior, de março.
Marina (16%) e Aécio (14%) estavam empatados em segundo lugar.
No cenário em que o nome do presidente do Supremo aparece, ele tinha 8% (levada em conta só a população da cidade de São Paulo, o ministro atingiria 11%).
Barbosa teve ampliada a sua exposição nacional desde o ano passado devido ao julgamento do mensalão, processo que ele relatou e que resultou na condenação de 25 réus, entre eles a antiga cúpula do PT.
Seu nome ganhou força nas redes sociais como possível candidato à sucessão de Dilma. Para isso, ele teria que deixar o STF e se filiar a um partido político até o início de outubro deste ano --um ano antes das eleições.
Até agora, Barbosa não tem manifestado intenção de se candidatar à Presidência. Em dezembro, após o Datafolha mostrá-lo com até 10% das intenções de voto para a Presidência, ele reiterou ser um "ser absolutamente alheio a partidos políticos", mas se disse lisonjeado com os números.
"A pesquisa me deixou evidentemente lisonjeado. Qual brasileiro não ficaria satisfeito em condições idênticas à minha. Ou seja, pessoa que nunca fez política, nunca militou em partido político, nem mesmo em associações, sempre dedicou a sua vida ao serviço do Estado brasileiro, da sociedade brasileira, espontaneamente se ver contemplado com números tão alvissareiros. Evidente que isso me deixou bastante lisonjeado e agradecido também àqueles que ousaram citar meu nome", afirmou à época. (RANIER BRAGON)
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Haddad: tarifa menor de transporte tira recurso de outras áreas
SÃO PAULO, 19 Jun (Reuters) - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reafirmou nesta quarta-feira que uma tarifa menor de transporte implicaria em reduzir recursos destinados para educação e saúde, em meio aos protestos motivados inicialmente pelo aumento do preços dos bilhetes de ônibus e metrô.
Apesar de afirmar que o governo da capital considera o remanejamento de recursos do orçamento do município como alternativa, ele insistiu que isso "seria ruim" e que o foco está em buscar uma redução de tributos que incidem sobre o transporte.
"Essas escolhas representam menos investimentos em outras áreas... a não ser que nós prosperemos na agenda de desoneração", disse Haddad em entrevista coletiva no prédio da Prefeitura, que foi alvo de depredação por um grupo de manifestantes na terça-feira.
São Paulo vem sendo o principal palco dos protestos que começaram há cerca de duas semanas e passaram a incluir reivindicações por melhores serviços públicos, combate à corrupção e contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014.
No fim da tarde de terça-feira, manifestantes se reuniram na Praça da Sé, marco zero da cidade. Eles se dividiram e partiram rumo à sede da Prefeitura e Avenida Paulista, num contingente estimado em mais de 50 mil pessoas pelo Instituto Datafolha.
Apesar da maioria pacífica, um grupo tentou invadir a sede do governo municipal na região central e ateou fogo a um carro de transmissão da TV Record perto do edifício. O Teatro Municipal, tombado pelo patrimônio histórico, foi alvo de pichações, assim como vários monumentos no centro da cidade.
"Há grupos que insistem em querer impor sua vontade de maneira irracional", disse Haddad sobre os episódios de violência.
Vinte e nove lojas comerciais e áreas privadas foram depredadas na região, segundo o subprefeito da Sé, Marcos Barreto. Mais de 60 pessoas foram detidas e houve relatos de que a Polícia Militar demorou a agir.
"A polícia tem tido muita parcimônia de agir no sentido de preservar a integridade das pessoas, para que inocentes não paguem por atos que não são parte da democracia", disse Haddad, lembrando das críticas por excessos da ação policial durante protestos na quinta-feira da semana passada.
Nesta manhã, as manifestações na capital paulista atingiam áreas mais periféricas e vias de acesso à cidade.
Manifestantes chegaram a interromper o fluxo da rodovia Anchieta, queimando pneus no sentido São Paulo. A estrada foi desbloqueada, e os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas da cidade de São Bernardo do Campo. Interdições também foram registradas na rodovia Régis Bittencourt, avenida Gurapiranga e Estrada do M'Boi Mirim.
DIÁLOGO
Haddad chegou a sinalizar na terça-feira que uma eventual mudança no valor passaria por um diálogo entre o poder público e empresários do setor. A declaração foi feita depois de uma reunião com integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que tem liderado o chamamento aos protestos por meio das redes sociais.
No fim da tarde de terça, o prefeito reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT. A passagem na capital paulista passou de 3,00 reais para 3,20 no início do mês.
Após os intensos protestos de segunda-feira, quando mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas capitais na maior manifestação popular no Brasil em mais de 20 anos, alguns prefeitos anunciaram queda no preço da passagem.
O governo federal convenceu no início do ano alguns Estados e municípios a segurarem o reajuste da tarifa, inicialmente previsto para janeiro, até o meio do ano para reduzir o efeito da alta do transporte na inflação.
No início de junho, o governo federal anunciou a desoneração de PIS/Cofins sobre o setor para que o aumento da tarifa fosse minimizado.
A presidente Dilma afirmou na terça que as manifestações que tomaram as ruas do Brasil comprovam a energia da democracia e que "seu governo está ouvindo as vozes" e empehado na mudança da sociedade.
Mais manifestações estão previstas para quinta-feira em todo o país.
(Por Asher Levine; Edição de Cesar Bianconi e Maria Pia Palermo)
terça-feira, 18 de junho de 2013
A Primavera Brasileira (Junho de 2013) Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
( Homenagem do blog Historianews21 a todos os brasileiros que vivem um grande momento histórico de conscientização política e de lutas por dias melhores e por uma sociedade mais justa e igualitária. Nossa homenagem para aqueles que foram à luta mesmo sabendo que poderia receber represálias mais não se intimidaram e escancaram para o mundo o descaso das autoridades políticas e dos grandes capitalistas que para se beneficiarem esmagam uma grande população de jovens, idosos , mulheres e crianças que desejam dias melhores neste grande país chamado Brasil que ainda é um país muito desigual. VIVA A PRIMAVERA BRASILEIRA!!!!!! Alarcon.
ONU pede moderação a autoridades e manifestantes em protestos no Brasil
GENEBRA, 18 Jun (Reuters) - A ONU pediu nesta terça-feira ao governo brasileiro que garanta o direito às manifestações pacíficas e evite o uso desproporcional da força, e cobrou que seja realizada uma investigação independente sobre relatos de excessos policiais na repressão aos manifestantes, após os maiores protestos populares no país em mais de 20 anos
Rupert Colville, porta-voz para a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, também pediu moderação aos manifestantes, depois de ataques contra a Assembleia Legislativa e alguns prédios históricos e uma agência bancária durante os protestos no Rio de Janeiro.
"Nós pedimos que as autoridades brasileiras tenham contenção ao lidar com os crescentes protestos sociais no país e também apelamos aos manifestantes que não recorram a atos de violência na reivindicação de suas demandas", disse o porta-voz a jornalistas em Genebra.
Mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas capitais do Brasil na segunda-feira para reivindicar melhores serviços públicos, combate à corrupção e protestar contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014.
Apesar de a manifestação ter ocorrido de forma pacífica na maioria das cidades, no Rio manifestantes mais exaltados depredaram uma agência bancária, lojas e restaurantes e atearem fogo a ao menos dois carros. Em Brasília, manifestantes invadiram a área externa do Congresso Nacional e a segurança do Palácio do Planalto foi reforçada.
Nesta terça-feira de manhã, funcionários da prefeitura do Rio limpavam as ruas e recuperavam as calçadas danificadas no entorno do Assembleia, enquanto as carcaças de dois carros incinerados eram removidos por reboques.
Segundo o porta-voz, o órgão da ONU está particularmente preocupado com o uso excessivo da força policial, que inclui relatos de pessoas feridas e presas, entre as quais jornalistas cobrindo as manifestações, o que "não deve se repetir".
Ele elogiou o acordo em São Paulo para que a polícia não use mais balas de borracha contra manifestantes, e pediu que as autoridades negociem com os manifestantes.
Colville ainda elogiou o posicionamento da presidente Dilma Rousseff, que na segunda-feira disse considerar legítimas as manifestações pacíficas, "próprias da democracia".
(Reportagem de Stephanie Nebehay, com reportagem adicional da Reuters TV no Rio de Janeiro)
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Onda de protestos cresce e leva mais de 250 mil brasileiros às ruas de norte a sul do país
Do UOL, em São Paulo
Bárbara Paludeti/UOL
17.jun.2103 - Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, durante o 5º protesto contra o aumento das tarifas do transporte coletivo na capital
Mais de 250 mil pessoas participaram de protestos em várias cidades de norte a sul do Brasil nesta segunda-feira (17). A onda de protestos, que nas últimas semanas tinha como foco principal a redução de tarifas do transporte coletivo, ganhou proporções maiores e passou a incluir gritos de descontentamento com várias causas diferentes. Houve registro de confrontos e violência em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Brasília, onde manifestantes invadiram o Congresso Nacional. É a maior mobilização popular do Brasil desde os protestos pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello (hoje senador), em 1992.
As manifestações começaram, em sua maioria, de forma pacífica, mas houve agravamento da tensão no final da noite. Em São Paulo, manifestantes invadiram o Palácio dos Bandeirantes (sede do governo estadual) por volta das 23h. No Rio de Janeiro, duas pessoas foram feridas a tiros. Manifestantes invadiram a Assembleia Legislativa do RJ e mantiveram 20 policiais militares como reféns. Eles também estavam feridos. A Tropa de Choque da PM retomou o prédio à força.
Na manifestação de São Paulo, que reuniu 65 mil pessoas (segundo medição do instituto Datafolha) na zona oeste e na zona sul da cidade, por exemplo, ouviam-se gritos de ordem contra a presidente Dilma Rousseff (PT), contra o governador Geraldo Alckmin, faixas contra o uso de dinheiro público nas obras da Copa, protestos contra a PEC 37 (proposta de mudança de legislação que tira o poder de investigação do Ministério Público), contra corrupção e violência, por educação melhor e redução do custo de vida e pedindo melhores serviços públicos em geral. "O povo unido jamais será vencido", entoava um coro de milhares de manifestantes na avenida Faria Lima por volta das 20h. Por volta das 22h30, um grupo de manifestantes tentou invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Você acha que protestos podem levar à redução do preço da tarifa do transporte público?
No Rio de Janeiro, onde, segundo estimativas da Coppe/UFRJ, 100 mil pessoas participaram dos protestos, houve confronto com policiais, que tentaram dispersar manifestantes com o uso de bombas de gás lacrimogêneo. Manifestantes fizeram barricadas com fogo. Houve depredação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Um carro foi incendiado por um grupo de manifestantes e explodiu.
Os protestos de São Paulo, em seu quinto dia, também mostraram que houve a adesão de outros setores da sociedade. Não mais apenas estudantes, ativistas e militantes políticos estavam nas ruas nesta terça, mas houve relatos de pessoas que resolveram participar do protesto atraídos pela divulgação e pelos comentários nas redes sociais. Por exemplo, houve gente que levou a família participar dos atos em São Paulo.
O número de participantes em todas as manifestações, que ocorreram em mais de 20 cidades, pode ser bem maior, pois em nem todas foi oficialmente divulgado o total de público.
Multidão
Em algumas cidades, o protesto foi convocado "em solidariedade" às vítimas da violência nos atos de quinta-feira passada (20) em São Paulo, quando pessoas que não participavam dos protestos e até jornalistas foram atingidos e feridos por disparos de balas de borrachas da tropa de choque da PM.
Veja a estimativa de participantes em algumas das cidades em que houve protestos nesta segunda:
Rio de Janeiro – 100 mil
São Paulo – 65 mil
Belo Horizonte – 30 mil
Belém – 13.000
Curitiba – 10.000
Brasília – 5.000
Salvador – 5.000
Porto Alegre – 5.000
Maceió – 2.000
Santos (SP) – 1.500
Câmeras do UOL Notícias mostram imagens aceleradas da passagem dos manifestantes que se concentraram no Largo da Batata e fecharam a avenida Faria Lima nesta segunda-feira (17). Segundo medição do instituto Datafolha, 65 mil pessoas participaram dos protestos desta segunda em São Paulo.
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