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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Haddad: tarifa menor de transporte tira recurso de outras áreas


SÃO PAULO, 19 Jun (Reuters) - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reafirmou nesta quarta-feira que uma tarifa menor de transporte implicaria em reduzir recursos destinados para educação e saúde, em meio aos protestos motivados inicialmente pelo aumento do preços dos bilhetes de ônibus e metrô.
Apesar de afirmar que o governo da capital considera o remanejamento de recursos do orçamento do município como alternativa, ele insistiu que isso "seria ruim" e que o foco está em buscar uma redução de tributos que incidem sobre o transporte.
"Essas escolhas representam menos investimentos em outras áreas... a não ser que nós prosperemos na agenda de desoneração", disse Haddad em entrevista coletiva no prédio da Prefeitura, que foi alvo de depredação por um grupo de manifestantes na terça-feira.
São Paulo vem sendo o principal palco dos protestos que começaram há cerca de duas semanas e passaram a incluir reivindicações por melhores serviços públicos, combate à corrupção e contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014.
No fim da tarde de terça-feira, manifestantes se reuniram na Praça da Sé, marco zero da cidade. Eles se dividiram e partiram rumo à sede da Prefeitura e Avenida Paulista, num contingente estimado em mais de 50 mil pessoas pelo Instituto Datafolha.
Apesar da maioria pacífica, um grupo tentou invadir a sede do governo municipal na região central e ateou fogo a um carro de transmissão da TV Record perto do edifício. O Teatro Municipal, tombado pelo patrimônio histórico, foi alvo de pichações, assim como vários monumentos no centro da cidade.
"Há grupos que insistem em querer impor sua vontade de maneira irracional", disse Haddad sobre os episódios de violência.
Vinte e nove lojas comerciais e áreas privadas foram depredadas na região, segundo o subprefeito da Sé, Marcos Barreto. Mais de 60 pessoas foram detidas e houve relatos de que a Polícia Militar demorou a agir.
"A polícia tem tido muita parcimônia de agir no sentido de preservar a integridade das pessoas, para que inocentes não paguem por atos que não são parte da democracia", disse Haddad, lembrando das críticas por excessos da ação policial durante protestos na quinta-feira da semana passada.
Nesta manhã, as manifestações na capital paulista atingiam áreas mais periféricas e vias de acesso à cidade.
Manifestantes chegaram a interromper o fluxo da rodovia Anchieta, queimando pneus no sentido São Paulo. A estrada foi desbloqueada, e os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas da cidade de São Bernardo do Campo. Interdições também foram registradas na rodovia Régis Bittencourt, avenida Gurapiranga e Estrada do M'Boi Mirim.

DIÁLOGO

Haddad chegou a sinalizar na terça-feira que uma eventual mudança no valor passaria por um diálogo entre o poder público e empresários do setor. A declaração foi feita depois de uma reunião com integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que tem liderado o chamamento aos protestos por meio das redes sociais.
No fim da tarde de terça, o prefeito reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT. A passagem na capital paulista passou de 3,00 reais para 3,20 no início do mês.
Após os intensos protestos de segunda-feira, quando mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas capitais na maior manifestação popular no Brasil em mais de 20 anos, alguns prefeitos anunciaram queda no preço da passagem.
O governo federal convenceu no início do ano alguns Estados e municípios a segurarem o reajuste da tarifa, inicialmente previsto para janeiro, até o meio do ano para reduzir o efeito da alta do transporte na inflação.
No início de junho, o governo federal anunciou a desoneração de PIS/Cofins sobre o setor para que o aumento da tarifa fosse minimizado.
A presidente Dilma afirmou na terça que as manifestações que tomaram as ruas do Brasil comprovam a energia da democracia e que "seu governo está ouvindo as vozes" e empehado na mudança da sociedade.
Mais manifestações estão previstas para quinta-feira em todo o país.
(Por Asher Levine; Edição de Cesar Bianconi e Maria Pia Palermo)

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