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sábado, 22 de junho de 2013

Dilma promete pacto com governadores para responder aos protestos / Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello



BRASÍLIA, 21 Jun (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta sexta-feira à escalada da violência nos protestos pelo país, que na quinta-feira reuniram cerca de 1 milhão de pessoas, e prometeu fazer um pacto governadores e prefeitos pela melhoria dos serviços públicos para responder às reivindicações dos manifestantes.
Em pronunciamento à nação na noite desta sexta, a presidente elogiou as manifestações pacíficas em todo país, mas disse que o "governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violente e autoritária destrua o patrimônio público e privado".
"Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos", afirmou Dilma.
Segundo ela, esse pacto terá foco em três ações: a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; a destinação de 100 por cento dos royalties de petróleo para a educação; e trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde.
As manifestações, que começaram como protesto contra o aumento das passagens do transporte público em São Paulo e no Rio de Janeiro, cresceram em escopo e incorporaram outras reivindicações, como o combate à corrupção, melhoria de todos os serviços públicos e críticas aos gastos com a Copa do Mundo.
Dilma também anunciou a disposição de se reunir com os "líderes das manifestações pacíficas".
"Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências. De sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente", disse a presidente.
Antes do pronunciamento em rede nacional, a presidente se reuniu com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente Michel Temer para antecipar o que diria aos brasileiros. A decisão de fazer um pronunciamento à nação foi tomada nesta sexta-feira, em reuniões com ministros e assessores próximos.
"Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e acima de tudo mais permeáveis à influência da sociedade", declarou a presidente.
Ela alertou, porém, que os partidos políticos não podem ser deixados de lado desse debate. "É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático", argumentou.
Na quinta-feira, manifestantes com bandeira de partidos políticos foram rechaçados por outros participantes, que defendem o apartidarismo dos protestos.
Em boa parte do pronunciamento, a presidente insistiu em criticar os episódios de violência que têm sido registrados em algumas manifestações. Até agora, duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas desde o início dos protestos há cerca de duas semanas. Também houve depredação de prédios públicos e privados.
"A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada. E ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros", disse.
"O governo e sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos", afirmou.
Na quinta-feira, o Palácio do Itamaraty, sede do ministério das Relações Exteriores em Brasília, foi invadido por um grupo de manifestantes. Vidros foram quebrados e houve princípio de incêndio, controlado rapidamente pela polícia.

COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Preocupada com os conflitos entre manifestantes e policiais ao redor dos estádios que sediam a Copa das Confederações, Dilma apelou para o espírito hospitaleiro dos brasileiros
"Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria. É assim que devemos tratar os nossos hóspedes", disse.
A presidente ressaltou ainda que não está retirando recursos do orçamento público e nem da saúde e da educação para construção de estádios, e que o dinheiro será devolvido por empresários e governos que estão explorando as arenas.
"Quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas, é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e governos que estão explorando estes estádios", afirmou.
"Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a saúde e a educação", afirmou.

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