Manifestação contra Jair Bolsonaro fecha Avenida Paulista, em SP, neste sábado
Esta é a quinta vez no ano em que há um dia de protestos pelo país contra o governo Bolsonaro. Além da capital, foram registrados atos em pelo menos 120 cidades de todos estados. Protesto na capital paulista foi pacífico, mas grupo entrou em confronto com policiais na dispersão.
Por G1 SP e TV Globo — São Paulo
24/07/2021
Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, na tarde deste sábado (24), na Avenida Paulista em São Paulo (SP) — Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestantes realizaram neste sábado (24) um ato contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido) na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo.
O protesto ocorreu de maneira pacífica, mas houve confusão na Rua da Consolação, onde um grupo depredou agências bancárias, e a polícia utilizou bombas de efeito moral (leia mais abaixo).
No geral, os manifestantes pediram a saída de Bolsonaro e de seu vice, General Mourão, e a intensificação da campanha de vacinação contra o coronavírus.
A concentração começou por volta das 14 horas deste sábado, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A via foi completamente fechada para o trânsito de veículos por volta das 15 horas. Todos os 15 quarteirões da Avenida Paulista foram fechados para carros, e manifestantes se espalharam em vários pontos da avenida.
Manifestantes fazem atos contra Bolsonaro e a favor da vacina
Além do quarteirão do Masp, outros pontos de maior concentração de manifestantes ocorreram na altura do prédio da Fiesp e em frente ao Conjunto Nacional.
Por volta das 17h, o ato começou a se movimentar em direção à Rua da Consolação. A partir das 18h a CET liberou a circulação na Avenida Paulista.
Além de cartazes críticos ao presidente, o protesto teve ainda diversas bandeiras do Brasil e placas em defesa da Amazônia e contra a privatização dos correios.
A maior parte dos presentes manteve o distanciamento social, mas alguns trechos tiveram maior concentração de manifestantes. A maioria usava máscara como medida de proteção contra o coronavírus.
Os manifestantes levaram cartazes com dizeres como "Vamos celebrar a vida: viva a vacina e #ForaBolsonaro", "Amazônia em pé, abaixo Bolsonaro", "Correios ficam, Bolsonaro sai".
O ato também teve grandes faixas com as cores vermelha e preta com os dizeres “Fora Bolsonaro”, além de uma longa bandeira verde e amarela. Carros de som se posicionaram ao longo da Paulista, sendo o principal em frente ao Masp.
Segundo a SPTrans, 44 linhas de ônibus que passam pela Avenida Paulista tiveram seus itinerários alterados por conta da manifestação. As linhas que seguem sentido Consolação foram desviadas para a Rua São Carlos do Pinhal. Já no sentido Paraíso o desvio é pela Alameda Santos.
Organização e discursos
A “Campanha Fora Bolsonaro” é uma inciativa da Frente Povo Sem Medo, da Frente Brasil Popular, de todos os partidos de esquerda, das centrais sindicais, do movimento negro, de entidades de estudantes, movimentos sem-teto, lideranças indígenas, ONGs e outros movimentos populares, todos eles signatários do 'superpedido' de impeachment.
No ato também compareceram representantes do PT, PSDB, PDT, PcdoB, PSTU, PSOL, PCB e PCO.
Políticos de diversos partidos estiveram no protesto. O vereador Eduardo Suplicy (PT) declarou que quer fazer parte do movimento contra Bolsonaro nas eleições de 2022.
"Acabei de estar com o Boulos e com o Haddad e queremos estar junto com vocês no ano que vem. Tanto no estado quanto no governo federal estaremos unidos no Fora Bolsonaro", declarou.
Já o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) afirmou que, entre as pautas que o ato levantou, está a defesa do auxílio emergencial.
"Nós estamos defendendo também a vacinação já para todo o povo brasileiro, renda emergencial de no mínimo R$ 600, isso é fundamental. Essas são as principais reivindicações, junto com a defesa da democracia", disse.
Em um carro de som em frente ao Masp, políticos como Orlando Silva (PC do B), Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT) discursaram à multidão.
Em seu pronunciamento, Haddad declarou que a população vai protestar nas ruas até a saída do presidente e que, com o avanço da vacinação, os jovens devem participar cada vez mais dos atos.
"Hoje nós temos 8 milhões de universitários neste país, de todas as cores e todas as orientações. O Brasil tá representado e temos uma massa crítica que não vai abrir mão da democracia e de seus direitos sociais, civis, políticos, e da sua liberdade", disse Haddad.
"O Bolsonaro não perde por esperar", completou.
Já o político Guilherme Boulos falou sobre a possibilidade de não haver eleições em 2022, citada por integrantes do governo Bolsonaro em meio à discussão sobre a urna eletrônica.
"Vou dizer uma coisa aqui para o presidente Bolsonaro: vai ter eleição em 2022. E mais do que isso: nós vamos trabalhar para que, antes da eleição, tenha impeachment. Nós vamos trabalhar para que, em 2022, Bolsonaro não esteja na urna", disse Boulos.
Em ato contra o presidente Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos (PSOL) discursa em carro de som na Avenida Paulista neste sábado (24) — Foto: Marina Pinhoni/G1
Em ato contra o presidente Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos (PSOL) discursa em carro de som na Avenida Paulista neste sábado (24) — Foto: Marina Pinhoni/G1
Frente ampla
Além do carro de som principal, localizado na frente do Masp, outros veículos espalhados pela Avenida Paulista reuniram manifestantes para acompanhar discursos de lideranças políticas.
Na altura do Conjunto Nacional, um carro de som teve representantes de PC do B, PSDB e Rede Sustentabilidade, além de lideranças da UNE.
No microfone, uma liderança do PSDB discursou citando a chamada frente ampla de partidos contra o presidente Jair Bolsonaro.
"Ô Bolsonaro, seu fascistinha, a Frente Ampla vai colocar você na linha", disse.
A representante do PSDB declarou ainda que gostaria de convocar todos as religiões para os atos, com destaque para os evangélicos.
Em outro ponto da Avenida Paulista, um pequeno grupo de evangélicos protestou contra o governo Bolsonaro, citando um versículo da Bíblia que diz "ele veio para matar, roubar e destruir".
Confusão no fim do ato
Tumulto é registrado no fim do ato contra Bolsonaro em São Paulo
Por volta das 18 horas, quando o ato chegava ao final, um grupo depredou e incendiou uma agência bancária na Rua da Consolação. O grupo quebrou as vidraças de uma agência do Banco Itaú na altura do Cemitério da Consolação.
A polícia reprimiu, usando cassetes e bombas de efeito moral, e houve confusão no local. Pelo menos duas pessoas foram detidas.
Segundo a polícia, um grupo tentou retirar tapumes que protegiam as vidraças de uma concessionária de veículos na Rua da Consolação. Outros jogaram pedras contra os policiais, que se protegeram usando escudos.
Houve correria, e alguns manifestantes se abrigaram no Posto de Bombeiros da Consolação para fugir do gás.
Em nota, a Polícia Militar disse que foram mobilizados cerca de 800 policiais, com apoio de 119 viaturas e quatro drones.
Seis pessoas portando objetos como soco inglês e fogos de artifício foram detidas e encaminhadas ao 78º DP.
Ainda segundo a polícia, durante a passagem dos manifestantes pela rua da Consolação foram registradas "depredações em uma agência bancária, em um ponto de ônibus, além do lançamento de objetos contra a tropa". Não houve registro de feridos.
A estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela, ficou fechada das 18h31 e 18h40, por conta da confusão no local, segundo a concessionária ViaQuatro.
Atos pelo país
Os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e em defesa da vacinação contra Covid-19 ocorreram em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal neste sábado.
Na Grande São Paulo, além da manifestação na Avenida Paulista, houve registro de ato em São Bernardo do Campo, Mairiporã, Suzano e Itaquaquecetuba.
As manifestações na Grande São Paulo foram pacíficas e a maior parte dos manifestantes usou máscara e manteve o distanciamento social devido à pandemia.
Histórico de protestos
Esta é a quinta vez no ano em que há um dia de protestos pelo país contra o governo Bolsonaro.
Em 23 de janeiro, diversas cidades tiveram carreatas a favor da vacinação e contra o presidente.
Em 29 de maio, todos os estados e o Distrito Federal registram manifestações contra governo Bolsonaro.
No dia 19 de junho, dia em que o Brasil bateu a triste marca de 500 mil mortos por Covid-19, protestos ocorreram em Brasília e mais 25 capitais.
Já no último dia 3 de julho, foram verificados atos em ao menos 120 cidades brasileiras e em dezenas de capitais europeias. No geral, os manifestantes pediam mais vacina, o impeachment de Bolsonaro e volta do auxílio emergencial de R$ 600.
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