Em entrevista amena a Jô Soares, Dilma defende ajuste fiscal e programas sociais
Do UOL, em São Paulo 13/06/2015 Atualizada 13/06/2015
Roberto Stuckert Filho/PR
Em entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, transmitida na madrugada deste sábado (13), a presidente Dilma Rousseff defendeu o ajuste fiscal proposto pelo governo, e sob comando do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a manutenção dos programas sociais.
"O Brasil está momentaneamente em problemas e dificuldades, não estruturalmente doente; por isso, simultaneamente ao ajuste fiscal, precisamos fazer investimentos em infraestrutura e manter os investimentos nos programas sociais", disse Dilma.
Gravada na tarde de sexta-feira no Palácio da Alvorada, em Brasília, a entrevista teve tom bem humorado, com poucas críticas e momentos descontraídos, mesmo em momentos em que o apresentador questionou a presidente sobre temas como a inflação e promessas de campanha. O tom contrasta, por exemplo, com as entrevistas apresentadas pelo Jornal Nacional, também da Globo, durante a campanha presidencial de 2014.
Em crítica à manutenção do aeroporto Santos Dumont, Dilma respondeu: "Eu vou lá tirar a pedra de gelo [que faz a função do ar condicionado]".
Campanhas e crise
No começo da entrevista, Jô Soares comentou que críticos da presidente dizem que ela não cumpre suas promessas de campanha, o que serviu para Dilma defender seu segundo mandato: "Estou entrando no sexto mês de mandato. É muito difícil dizer que não cumpri minhas promessas porque tenho ainda um mandato inteiro para cumpri-las", disse.
Frente ao cenário de crise econômica no país, Dilma Rousseff voltou a defender o pacote de ajuste fiscal que cortou cerca de R$ 79 bilhões no orçamento da União.
"O mundo está no sétimo ano da crise e tanto os Estados Unidos quanto a China não saíram da crise. Nós temos utilizado tudo o que podíamos, como o orçamento da União, que bancou redução de impostos contra cortes em empregos e salários desde 2009; esgotamos tudo o que podíamos, mas a crise durou mais que esperávamos", comentou. A presidente ainda ressaltou o efeito da seca sobre o preço da energia e alimentos, o que, somado à alta do dólar, aumentaria a inflação.
Dilma, no entanto, afirmou que o governo espera melhora na inflação até o final do ano: "As avaliações do mercado apontam para queda no índice nos próximos meses", disse, reforçando que o impacto da inflação sobre parte da população mais carente foi amenizada, segundo ela, pois as prestações do programa Minha Casa Minha vida não estão atreladas à taxa de juros, que teve sua sexta alta seguida, atingindo o maior patamar desde 2008.
Petrobras e elogios
Em determinados momentos, o apresentador, que costuma defender o governo Dilma em seus programas com outras jornalistas, apelidadas de 'meninas do Jô', trouxe temas de modo que Dilma pudesse complementar. Para introduzir o tema Petrobras, Jô criticou "pessoas desinformadas" que não sabem que a empresa já extrai petróleo do pré-sal e comentariam com ele que a empreitada não daria certo.
A presidente afirmou que já são extraídos 800 mil barris (aprox. 127 milhões de litros) de óleo por dia do pré-sal, e defendeu a estatal, que se encontra sob investigação na operação Lava Jato por ligação de diretores em um esquema bilionário de corrupção envolvendo ainda altos escalões do governo, grandes empreiteras e partidos.
"A Petrobrás não pode ser confundida com funcionários que cometeram irregularidades. Ela registrou o balanço, teve as contas aprovadas pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil e na equivalente à comissão nos Estados Unidos, que é a SEC. A Petrobrás está no caminho certo", disse.
Ao questionar sobre a fama de Dilma como 'pavio curto', Jô Soares comentou que os comentários poderiam ser machistas, pois, segundo ele, ninguém estranha que um presidente homem tenha pavio curto. "Sou uma mulher dura no meio de homens meigos", respondeu a presidente, sem deixar claro se havia ironia no comentário.
Entre os 'homens meigos' que a rodeiam, Dilma aproveitou para elogiar Michel Temer (PMDB), vice-presidente e atual responsável pelo diálogo entre o Planalto e o Congresso, depois de tensões entre os poderes. "Michel Temer é muito hábil, e um ótimo articulador político", disse.
Ao final, após questionar sobre o imposto sobre grandes fortunas e sobre a condução política mais voltada para o "caráter realizador" da presidente e menos para buscar reeleição, já que se encontra no segundo mandato, Jô Soares brincou, reforçando o tom bem-humorado da conversa.
"Quero agradecer imensamente à presidente Dilma Rousseff, e espero que tenha sido bom para você também, pois hoje é o Dia dos Namorados e, afinal de contas, temos de sair ambos muito satisfeitos".
"Muito satisfeitos", respondeu a presidente
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