Israel e palestinos aceitam trégua de 72 horas mediada por Egito
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Soldados israelenses voltam de Gaza para Israel nesta segunda-feira. REUTERS/Baz Ratner
Por Yasmine Saleh e Lin Noueihed
CAIRO (Reuters) - Israel e as facções palestinas, incluindo o Hamas, que controla Gaza, aceitaram a proposta do Egito de cessar-fogo a partir das 8h de terça-feira no horário local (2h em Brasília) por pelo menos três dias.
O Egito também convidou Israel e os palestinos a comparecerem a negociações de alto escalão no Cairo com o objetivo de obter um acordo de longo prazo para encerrar a guerra, que já deixou quase 2 mil mortos.
“Esperamos que isso garanta um cessar-fogo permanente e restabeleça a estabilidade”, declarou o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado.
Tanto Israel como o Hamas confirmaram terem aceitado uma trégua de 72 horas no conflito de quatro semanas. Israel lançou sua ofensiva em 8 de julho, depois de uma onda de foguetes disparados pelo Hamas.
Autoridades de Gaza disseram que 1.834 palestinos, a maioria civis, foram mortos. Israel confirmou que 64 de seus soldados morreram em combate, e os bombardeios palestinos mataram três civis em Israel.
Grupos palestinos, incluindo enviados do Hamas e da Jihad Islâmica, já estavam na capital egípcia, onde encontraram o chefe da inteligência do país nesta segunda-feira para apresentar suas principais exigências para pôr fim à violência, que já deslocou mais de um quarto dos 1,8 milhão de habitantes de Gaza e destruiu 3 mil residências.
Imediatamente após a reunião, o Egito comunicou as demandas a Israel, entre elas um cessar-fogo, a retirada de forças israelenses de Gaza, o fim do bloqueio do empobrecido enclave e a libertação de alguns prisioneiros.
Uma autoridade israelense, que não quis se identificar, deu a entender que Israel está disposto a tirar suas forças de Gaza como parte da trégua. “Concordamos em iniciar a implementação da iniciativa egípcia. Se o cessar-fogo for mantido, não haverá a necessidade da presença de forças (israelenses) na Faixa de Gaza”, afirmou.
Israel já começou a desacelerar sua ofensiva, dizendo que o Exército alcançou o principal objetivo da operação terrestre: a destruição dos túneis usados pelos militantes para se infiltrar em seu território.
Israel tinha rejeitado enviar uma delegação ao Egito para conversas sobre uma trégua, despertando dúvidas sobre a possibilidade de um acordo.
Uma autoridade palestina afiliada a uma das facções militantes disse que um cessar-fogo temporário ajudaria a abrir caminho para negociações mais abrangentes.
"Caso Israel concorde com um cessar-fogo de 72 horas, o Egito o convidaria a enviar uma delegação ao Cairo para conduzir negociações indiretas sobre todos os temas”, declarou.
O Egito já se posicionou como mediador em outros conflitos em Gaza, mas, como Israel, se opõe ao Hamas, e tem se empenhado em fechar um acordo que ponha fim aos conflitos.
Já o Catar, que apoia o Hamas, ficou de fora das conversas egípcias, mas manteve consultas com a Turquia e com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, com o propósito de encerrar a crise caso o Egito fracasse, disseram uma fonte do Golfo e uma autoridade do Hamas em Doha.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi em Gaza, Ori Lewis em Jerusalém e Amena Bakr em Doha)
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