Palestinos caminham em meio a casas destruídas na Cidade de Gaza, nesta quarta-feira, quando vigorou um cessar-fogo.
REUTERS/Finbarr O'Reilly
Por Nidal al-Mughrabi e Yasmine Saleh
GAZA/CAIRO (Reuters) - Uma trégua de 72 horas na Faixa de Gaza era mantida nesta quarta-feira e Israel disse que estava pronto para ampliar o acordo de cessar-fogo enquanto mediadores egípcios tentavam conversar com representantes israelenses e palestinos para pôr fim à guerra que devastou o enclave dominado pelo grupo islâmico Hamas.
O chefe da Inteligência do Egito se encontrou com uma delegação palestina no Cairo, afirmou a agência de notícias estatal Mena, um dia depois de se reunir com israelenses. A equipe palestina, liderada por uma autoridade do Fatah, grupo do presidente palestino Mahmoud Abbas, inclui enviados do Hamas e do grupo Jihad Islâmica.
"As conversas indiretas entre os palestinos e os israelenses estão avançando", disse um representante egípcio, deixando claro que ambos os lados não estão se encontrando cara a cara. “Ainda é muito cedo para falarmos de resultados, mas estamos otimistas."
O chanceler egípcio, Sameh Shukri, disse a repórteres que seu país estava trabalhando duro por um acordo e buscava "soluções para proteger o povo palestino e seus interesses".
Uma autoridade israelense disse que Israel "manifestou a sua disponibilidade para estender a trégua nos seus termos atuais" para além de um prazo de sexta-feira, quando termina o cessar-fogo de três dias que entrou em vigor na terça-feira.
Uma autoridade de alto escalão do Hamas no Cairo, Moussa Abu Marzouk, disse no Twitter na noite desta quarta-feira que "não há um acordo" para prolongar o cessar-fogo.
"Estender a calma de 72 horas para outro período não foi discutido (com o Hamas no Cairo hoje)", disse Sami Abu Zuhri, o porta-voz do Hamas em Gaza.
Mais cedo, uma autoridade do braço armado do Hamas ameaçou abandonar as negociações se não houvesse progresso em relação às demandas para suspender o bloqueio a Gaza e libertar três prisioneiros mantidos por Israel. O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Benny Gantz, disse em declarações televisionadas que se o Hamas perturbar a calma, "nós não hesitaremos em continuar a usar nossa força sempre que necessário e com qualquer força necessária para garantir a segurança dos cidadãos israelenses perto e longe".
Israel retirou suas forças terrestres da Faixa de Gaza na manhã de terça-feira e começou um cessar-fogo de 72 horas patrocinado pelo Egito junto ao Hamas, como um primeiro passo para um acordo de longo prazo.
Em Gaza, onde meio milhão de pessoas saíram de casa em meio a um mês de intenso bombardeio, alguns moradores deixaram abrigos da ONU e voltaram para bairros onde quarteirões inteiros foram destruídos por ataques israelenses de artilharia, ao passo que o cheiro de corpos em decomposição impregnava o ar.
Ruas em cidades no sul de Israel, as quais vinham sofrendo ataques diários de foguetes vindos da Faixa de Gaza, estavam repletas de crianças brincando.
Os palestinos querem um fim ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito sobre a empobrecida região de Gaza, assim como a liberação de prisioneiros, incluindo aqueles presos em uma operação em junho na Cisjordânia após três seminaristas judeus terem sido sequestrados e assassinados.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em uma entrevista à BBC, também falou da necessidade de o Hamas desativar seu arsenal de foguetes.
“O que queremos fazer é apoiar os palestinos e seu desejo de melhorar suas vidas e ser capazes de abrir cruzamentos e obter alimentos e ter mais liberdade”, disse Kerry. “Mas isso tem que vir com maior responsabilidade em relação a Israel, o que significa abrir mão de foguetes”, disse ele.
(Reportagem adicional de Ali Sawafta, em Ramallah; de Allyn Fisher-Ilan e Ori Lewis, em Jerusalém; e de Maggie Fick, no Cairo)
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