Konstantinos - Uranus
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
ENTREVISTA-Desemprego é maior preocupação do governo, diz Temer Presidente Michel Temer durante entrevista à Reuters, em Brasília REUTERS/Adriano Machado
ENTREVISTA-Desemprego é maior preocupação do governo, diz Temer
Presidente Michel Temer durante entrevista à Reuters, em Brasília
REUTERS/Adriano Machado
Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira que sua maior preocupação é com o desemprego, mas admitiu que a retomada das contratações pode demorar, já que, mesmo com a esperada recuperação da economia, as empresas têm capacidade ociosa a preencher antes de retomarem contratações.
"Nós temos que nos ater muito à questão do desemprego, essa é a principal preocupação, e isto significa o crescimento da economia", afirmou o presidente em entrevista à Reuters no Palácio do Planalto. No trimestre encerrado em novembro, último dado disponível, a taxa de desemprego do país estava em 11,9 por cento, atingindo um recorde de 12,1 milhões de pessoas.[nL1N1EO0DA]
Otimista, Temer aposta em uma retomada do crescimento econômico no segundo semestre deste ano, mas admite que não deve haver um retorno das contratações no mesmo ritmo.
"Acho que este ano o país cresce a partir do segundo semestre", disse. "Mas não vamos também nos iludir que logo agora vamos ter a solução para todos os problemas, por uma razão muito singela: muitas empresas demitiram, mas muitas mantiveram sua capacidade ociosa."
"Então, quando se retoma o crescimento, num primeiro momento as empresas passam a usar essa capacidade ociosa, o trabalhadores que estão lá, e depois começam as contratações", acrescentou.
"É muito provável que ainda neste semestre a capacidade ociosa das empresas seja utilizada por elas, mas nós pensamos que, a partir do segundo semestre ou de meados do segundo semestre, o desemprego já comece a diminuir e o crescimento venha de uma vez."
Projeções divulgadas nesta segunda-feira apontam para um PIB positivo este ano. O Fundo Monetário Internacional divulgou nesta segunda-feira uma estimativa de crescimento de 0,2 por cento, menor do que a previsão anterior, de 0,5 por cento. Já o relatório Focus do Banco Central, também desta segunda mantém a projeção de expansão em 0,5 por cento. O governo trabalhava com um crescimento em torno de 1 por cento, depois de dois anos seguidos de quedas significativas.
Em dezembro, os indicadores de confiança dos setores da construção, de serviços e da indústria, além dos consumidores, recuaram para o menor patamar desde meados de 2016.
Apesar destes números e da previsão de um baixo crescimento este ano, Temer nega que a retomada econômica esteja demorando mais do que o esperado.
"Discordo que está demorando, estamos aqui há a sete, oito meses e já tomamos muitas medidas. Na verdade, estávamos numa recessão profunda e o primeiro passo é sair da recessão. Você só tem crescimento fora da recessão."
O presidente cita, ainda, a queda na inflação e a redução dos juros como uma vitória da política econômica do governo.
"Quando chegamos aqui a inflação anunciada era de 10,7 (por cento), caiu para 6,29 (por cento).Então em seis meses caiu para 6,29 a inflação. Em um segundo ponto, já fizemos duas reduções dos juros, que baixaram 0,50 ponto em um primeiro momento e agora, até para a surpresa de muitos, 0,75 ponto", disse. "Quando você reduz a possibilidade de uma inflação mais alta tem chance de reduzir os juros."
O presidente, que assumiu interinamente o comando do país em maio e definitivamente no final de agosto do ano passado, referiu-se à inflação de 2015, que foi de 10,67 por cento, e a de 2016, que ficou em 6,29 por cento. Sobre os juros, ele citou as duas reduções de 0,25 ponto percentual na taxa básica pelo Banco Central, além do corte de 0,75 ponto realizado na semana passada.
REFORMAS
O governo, disse Temer, está encontrando formas de injetar recursos na economia, como a liberação de contas inativas do FGTS e a redução dos juros do cartão de crédito, e está trabalhando pelas reformas, que são sua prioridade.
O presidente admite que as reformas propostas são difíceis, especialmente a da Previdência, e que protestos devem acontecer, mas que a oposição não é à reforma como um todo, mas a alguns pontos. De acordo com o presidente, o governo aceita negociar alguns temas, mas a idade mínima de 65 anos está fora de questão.
"Evidentemente, o caso da idade fica difícil você negociar. A idade é fundamental para esta reforma", afirmou. O governo aceita negociar outros pontos polêmicos que já foram citados por líderes no Congresso como difíceis de serem aprovados. Entre eles, a desvinculação do Benefício de Prestação Continuada --pago a pessoas com deficiência-- do reajuste do salário mínimo e a necessidade de contribuição de 49 anos para que o trabalhador receba o valor máximo da aposentadoria.
"Em vários países a regra tem sido essa. Você não ganha aposentadoria integral, ganha uma aposentaria parcial. Mas isso vai ser debatido lá. Se o Congresso decidir de outra maneira, tem que se cumprir", disse.
Temer garantiu que a reforma da Previdência, que começará a ser discutida a partir de fevereiro em uma comissão especial, será aprovada este ano. E defendeu ainda a discussão da reforma trabalhista, também já apresentada pelo governo.
"Este é um governo de reformas e sendo um governo de reformas é um governo preparatório para o governo que virá em 2018", afirmou.
Temer voltou a negar que possa ser candidato à reeleição em 2018, mesmo que consiga recuperar a economia e seu partido, o PMDB, peça que aceite o encargo.
"Eu espero apenas cumprir essa tarefa e deixar que meu sucessor possa encontrar um país mais tranquilo", disse.
Não nega que o PMDB possa apresentar um nome, mas afirma que é "muito cedo para isso" e lembra que tem uma base ampla, de onde pode sair mais de um candidato. Mas previu que a discussão só virá à luz, "lá por maio do ano que vem".
Em um ano que deve trazer à tona mais delações premiadas da operação Lava Jato, que podem atingir diretamente a base do governo, o presidente tentou não mostrar preocupação com os efeitos que as denúncias possam ter sobre sua administração.
Ao ser questionado se há possibilidade das investigações desestabilizarem seu governo, respondeu: "Zero. Não há a menor possibilidade disso. As informações das delações da empreiteira Odebrecht reveladas até agora apontam para diversos acusados de irregularidades, incluindo alguns nomes próximos a Temer, entre eles o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Wellington Moreira Franco. Todos negam envolvimento.
No cenário internacional, Temer descartou que o governo possa ter dificuldades com o mandato do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Para o presidente, as relações entre os países são institucionais.
Disse ainda que, embora Trump não tenha assumido, até o momento não está vendo "nenhum gesto que comprometa o investimento norte-americano aqui no Brasil".
(Com reportagem de Maria Pia Palermo e Daniel Flynn)
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
domingo, 15 de janeiro de 2017
Em noite de formatura Larryssa Gonçalves teve entrada triunfal
Em encontro em Paris, grandes potências alertam Trump sobre paz no Oriente Médio
Em encontro em Paris, grandes potências alertam Trump sobre paz no Oriente Médio
PARIS (Reuters) - As grandes potências irão sinalizar neste domingo ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que uma solução com dois Estados para israelenses e palestinos é a única solução, com a França alertando Trump de que os planos para mudar a embaixada norte-americana para Jerusalém poderiam prejudicar os esforços para a paz.
Cerca de 70 países, incluindo importantes países europeus e árabes, bem como os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, estão em Paris para uma reunião que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu rejeitou como "fútil". Nem os israelenses nem os palestinos serão representados na reunião.
No entanto, apenas cinco dias antes de Trump ser empossado presidente, a conferência fornece uma plataforma para os países enviarem fortes sinais ao futuro presidente norte-americano.
Trump prometeu perseguir mais políticas pró-Israel e mudar a embaixada dos EUA de Tel Aviv, onde está localizada há 68 anos, para Jerusalém, o que praticamente consagra a cidade como a capital de Israel, apesar das objeções internacionais.
Chamando de provocação, o ministro das Relações Exteriores da França Jean-Marc Ayrault disse que a mudança teria sérias consequências na prática.
"Não se pode ter uma posição tão clara, tão unilateral. Você precisa criar condições para a paz", disse ele ao canal France 3.
Paris afirmou que a reunião não irá impor nada sobre Israel ou sobre os palestinos e que apenas negociações diretas podem resolver o conflito.
Um comunicado de imprensa visto pela Reuters reafirma resoluções internacionais existentes, pede que ambos os lados reafirmem seu comprometimento com a solução de dois Estados e repudiem autoridades que a rejeitem. O comunicado pede que os protagonistas "se abstenham de passos unilaterais que prejulguem o resultado das negociações".
(Por John Irish e Lesley Wroughton)
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
Glamour e brilho marcaram a grande noite da formatura do 3º Médio Colégio e Curso Performance
Muito Glamour e brilho marcaram a grande noite da formatura do 3º Médio do Colégio e Curso Performance no Buffet Andrea Guerra no bairro de Jardim Atlântico em Olinda na noite de 13 de janeiro. A grande festa de formatura contou com a presença de muita gente bonita como nossos alunos e familiares, professores, coordenadores e proprietários da Instituição que por sinal vem conseguindo um ótimo índice de aprovações nas melhores universidades públicas do Recife. A festa foi lindíssima e a alegria contagiante dos nossos formandos foi uma marca de que ambos estão felizes com as novas etapas de suas vidas que começa agora onde ambos estarão ingressando nas melhores universidades do nosso estado. Nós do Colégio e curso Performance só temos a agradecer esses longos e árduos anos que passamos juntos e que vimos cada um de vocês crescerem em busca de suas realizações. Felicidades estaremos juntos com vocês ao longo dessa nova jornada de suas vidas rumo à universidade. Professor Alarcon.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
EXCLUSIVO-Assad é ligado a ataques químicos na Síria pela primeira vez
EXCLUSIVO-Assad é ligado a ataques químicos na Síria pela primeira vez
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Presidente sírio, Bashar al-Assad, conversa com jornalistas franceses em Damasco
09/01/2017 SANA/Divulgação via REUTERS
Por Anthony Deutsch
(Reuters) - Investigadores internacionais disseram pela primeira vez que suspeitam que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e o seu irmão são responsáveis pelo uso de armas químicas no conflito sírio, segundo documento visto pela Reuters.
Uma investigação conjunta para a Organização das Nações Unidas (ONU) e a agência global de fiscalização Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) havia identificado previamente somente unidades militares, sem dar nomes de nenhum comandante ou autoridade.
Agora, uma lista foi produzida com indivíduos que os investigadores associaram a uma série de ataques com bomba de cloro em 2014 e 2015, incluindo Assad, Maher, o seu irmão mais novo, e outras figuras importantes, indicando que a decisão de usar armas tóxicas veio do alto escalão, de acordo com uma fonte conhecedora do inquérito.
Os Assad não puderam ser contactados para comentar a informação, mas uma autoridade do governo disse que as acusações de que forças oficiais teriam usado armas químicas não tinham nenhuma base. O governo tem sempre repetido que não usou essas armas durante a guerra civil, que já dura quase seis anos, afirmando que todos os ataques destacados pela investigação foram ações dos rebeldes ou do grupo militante Estado Islâmico.
A lista, que foi vista pela Reuters, mas não tornada pública, teve como base uma combinação de evidências reunidas pela equipe da ONU e da Opaq na Síria e informações de agências de inteligência regionais e ocidentais, segundo a fonte, que pediu anonimato.
A Reuters não teve como verificar de forma independente as evidências.
O inquérito, conhecido como Mecanismo Investigativo Conjunto, é liderado por um painel de três especialistas
independentes, apoiado por uma equipe técnica e administrativa. Ele foi autorizado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a identificar pessoas e organizações responsáveis pelos ataque químicos na Síria. nvestigativo, negou que uma lista de indivíduos suspeitos havia sido organizada pelo inquérito.
"Não há identificação de indivíduos sendo considerada neste momento”, afirmou ela à Reuters por e-mail.
O uso de armas químicas é proibido pelas leis internacionais e pode constituir crime de guerra.
Ao mesmo tempo que a investigação não tem poderes judiciais, qualquer indicação de suspeitos pode levar a processo contra eles. A Síria não integra o Tribunal Penal Internacional, mas supostos crimes de guerra podem ser citados para o tribunal pelo Conselho de Segurança, embora as diferenças entre as potências globais em relação à guerra tornem essa possibilidade difícil no momento.
A lista poderia ser uma base para o trabalho dos investigadores neste ano, segundo a fonte. Não está claro se as Nações Unidas ou a Opaq vão publicar a lista separadamente.
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Presidente sírio, Bashar al-Assad, conversa com jornalistas franceses em Damasco
09/01/2017 SANA/Divulgação via REUTERS
Por Anthony Deutsch
(Reuters) - Investigadores internacionais disseram pela primeira vez que suspeitam que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e o seu irmão são responsáveis pelo uso de armas químicas no conflito sírio, segundo documento visto pela Reuters.
Uma investigação conjunta para a Organização das Nações Unidas (ONU) e a agência global de fiscalização Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) havia identificado previamente somente unidades militares, sem dar nomes de nenhum comandante ou autoridade.
Agora, uma lista foi produzida com indivíduos que os investigadores associaram a uma série de ataques com bomba de cloro em 2014 e 2015, incluindo Assad, Maher, o seu irmão mais novo, e outras figuras importantes, indicando que a decisão de usar armas tóxicas veio do alto escalão, de acordo com uma fonte conhecedora do inquérito.
Os Assad não puderam ser contactados para comentar a informação, mas uma autoridade do governo disse que as acusações de que forças oficiais teriam usado armas químicas não tinham nenhuma base. O governo tem sempre repetido que não usou essas armas durante a guerra civil, que já dura quase seis anos, afirmando que todos os ataques destacados pela investigação foram ações dos rebeldes ou do grupo militante Estado Islâmico.
A lista, que foi vista pela Reuters, mas não tornada pública, teve como base uma combinação de evidências reunidas pela equipe da ONU e da Opaq na Síria e informações de agências de inteligência regionais e ocidentais, segundo a fonte, que pediu anonimato.
A Reuters não teve como verificar de forma independente as evidências.
O inquérito, conhecido como Mecanismo Investigativo Conjunto, é liderado por um painel de três especialistas
independentes, apoiado por uma equipe técnica e administrativa. Ele foi autorizado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a identificar pessoas e organizações responsáveis pelos ataque químicos na Síria. nvestigativo, negou que uma lista de indivíduos suspeitos havia sido organizada pelo inquérito.
"Não há identificação de indivíduos sendo considerada neste momento”, afirmou ela à Reuters por e-mail.
O uso de armas químicas é proibido pelas leis internacionais e pode constituir crime de guerra.
Ao mesmo tempo que a investigação não tem poderes judiciais, qualquer indicação de suspeitos pode levar a processo contra eles. A Síria não integra o Tribunal Penal Internacional, mas supostos crimes de guerra podem ser citados para o tribunal pelo Conselho de Segurança, embora as diferenças entre as potências globais em relação à guerra tornem essa possibilidade difícil no momento.
A lista poderia ser uma base para o trabalho dos investigadores neste ano, segundo a fonte. Não está claro se as Nações Unidas ou a Opaq vão publicar a lista separadamente.
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
Professora Andrea Roberta (Educação Física UI/Performance) Parabéns por desenvolver um discipulado entre os alunos.Pois dos quatro alunos aprovados na UPE, três escolheram Educação Física.
Esses são os nossos Feras UPE. Parabéns Garotos !!!!!!
A Universidade Infantil /Colégio e Curso Performance e todos os Professores parabenizam os Feras Matheus Alves, Mateus William, Anderson Trajano e Vítor Marcelino por suas aprovações na UPE. Estamos todos felizes com essa dobradinha de aprovados. Isso prova o quanto lutaram para chegar a esse resultado tão brilhante. E que a partir desse belo episódio de suas vidas entrarão num novo patamar mais importante de suas vidas a cátedra da intelectualidade como excelentes universitários e futuros grandes profisionais. Professor Alarcon
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Parabéns aos feras Matheus Alves, Mateus William, Anderson Trajano e João Vitor Marcelino por suas aprovações na UPE
Licenciatura em Educação Física
Bacharelado em Educação Física
A lança do destino, a lança que furou o lado de Jesus
A lança do destino, a lança que furou o lado de Jesus
"Um soldado tomou uma lança e furou-lhe o lado, e saiu sangue e água. Novamente Jesus clamou com alta voz e entregou seu fôlego. E eis que a cortina do Santuário rasgou-se em dois, do alto a baixo, e a terra tremeu, e as rochas se fenderam"
(Mateus - Cap. 27, Vs. 49/51)
"A Lança do Destino - O Poder Oculto Por Trás da Lança que Feriu o Lado de Cristo" - é o título que absolutamente não aborda uma ficção ou lenda. A História tem, de fato, não só as suas sutilezas como também as suas mais estranhas nuances. Que mistério guardaria a lança que um centurião romano cravou no peito de Jesus durante os momentos da sua crucificação?
Impiedosamente, o centurião romano cujo nome era Gaius Cassius Longinus, capitão da guarda do templo, cravou a sua lança no peito de Jesus. O sangue e a água que verteram do ferimento espirraram nos seus olhos - que eram virtualmente cegos devido às cataratas que lhe tolhiam quase que completamente a visão. Como um milagre, Longinus limpou os olhos e imediatamente recuperou totalmente a faculdade da visão! Sabe-se que, mais tarde, o centurião, profundamente arrependido do seu ato insano e cruel, convertera-se ao Cristianismo.
Os romanos, interventores e governantes de quase todo o mundo antigo, foram os primeiros a se apoderarem da lança que feriu Jesus, pelo fato de a considerarem dotada de poderes mágicos, guardando-a como um valioso troféu.
A lança que feriu o peito de Jesus (foto), conhecida pelos nomes de "A Lança do Destino", "A Lança Sagrada", ou ainda "A Lança de Longinus", transformou-se através dos tempos, juntamente como o Santo Graal, a Coroa de Espinhos e o Sudário de Turim, em um dos símbolos místicos máximos do Cristianismo. Diziam as antigas Tradições que aquele que a possuísse tornar-se-ia o senhor do mundo, invencível e dotado dos mais ilimitados poderes. Porém, não é mesmo verdade que todas as coisas têm o seu preço?
Detalhes da ponta e de parte do corpo da Lança. Mais apropriadamente um gládio, era um temível artefato bélico romano, extremamente cruel e letal, elaborado de modo a causar severas lesões e graves hemorragias nas suas vítimas.
Herodes, cognominado "O Grande", rei da Judéia entre 37 A.C e 4 D.C, é tido como um dos seus primeiros proprietários. Em 570 D.C., os registros históricos dizem que ela esteve exposta na Basílica de Mont Sião - em Jerusalém - juntamente com a coroa de espinhos. Justamente por isso, pelo caráter considerado sagrado da Lança, os Cruzados receberam a missão de recuperar esse valioso tesouro, levando-o desde a Terra Santa diretamente aos domínios da Igreja Católica, em Roma.
Através dos tempos, a Lança do Destino despertou a cobiça e a ambição de várias personalidades históricas (aqui não necessariamente dispostas na ordem cronológica). Os Imperadores Constantino e Justiniano (mosaico, acima) foram algumas delas.
O Papa Inocêncio VIII foi um outro detentor da Lança Sagrada. Não se conhece a exata razão, e tampouco os obscuros motivos, de ela ter saído dos domínios e também da posse do Vaticano, vindo a cair posteriormente nas mãos de vários governantes, guerreiros e soberanos leigos. Dizem que a Lança do Destino, pelo fato de ter tocado o corpo e o sangue sagrado de Cristo, possuía a faculdade de curar. Mas, infelizmente, somente veio a cair em mãos erradas e ambiciosas que assim possivelmente perverteram a sua maior e mais sublime característica.
...... Assim como Carlos Magno (ilustração) que a transportou como talismã mágico por 47 batalhas, e também Otto "O Grande"; Theodosius; Alarico (o rei visigodo que saqueou Roma);.
o general Charles Martel Frederick Barbarossa e também muito outros. Contudo, a Lança do Destino parecia levar consigo uma espécie de maldição. Todos aqueles que a possuíram, de fato obtiveram a glória e o poder - porém extremamente temporários - vindo a morrer misteriosamente um pouco depois de obtê-la. Alguns deles morreram imediatamente após tê-la deixado cair ao chão. Sabe-se também que ela desapareceu misteriosamente da Biblioteca Nacional de Paris, durante a Revolução Francesa.
Napoleão Bonaparte foi mais um daqueles que tudo fizeram para se apoderar da Lança Sagrada. Não se sabe se foi graças ao místico poder por ela dispensado que o Corso quase dominou o mundo com os seus poderosos exércitos, vindo, contudo, repentinamente a sofrer uma grande derrocada - morrendo exilado, desprezado, debilitado e além de tudo totalmente louco.
O Kaiser Wilhelm, igualmente um outro governante que se apoderou da Lança. Teve o mesmo trágico destino dos outros. E assim, por cerca de mil anos, pelo menos 45 imperadores detiveram a sua posse.
De mão em mão, a Lança de Longinus finalmente chegou à propriedade dos Hapsburgs, na Áustria, tendo passado por vários dos seus soberanos, os quais abriram mão da sua posse e guarda......
.... Até finalmente ter sido cuidadosamente guardada no Hofsburg Treasure Museum, em Viena.
Contudo, mais modernamente, a tradição mágica e oculta da Lança do Destino chegou ao conhecimento de mais alguém:
Richard Wagner, era um dos compositores nacionalistas favoritos de Hitler. A sua música ardente promovia os ideais de uma nova sociedade e fortemente insinuou as bases do Partido Nacional Socialista. E foi exatamente na sua ópera denominada "Persival" que o tema da Lança de Longinus foi enfocado, despertando assim a atenção do jovem Adolf Hitler. Sabe-se que Hitler fez inúmeras visitas ao Museu Hofsburg, detendo-se fascinado por longos períodos de tempo diante daquele sagrado artefato. Segundo aquilo que escreveu:
- "Eu percebi de imediato que este era um momento importante em minha vida.... Fiquei lá, silenciosamente contemplando-a por vários minutos alheio a tudo ao meu redor. Ela me pareceu conter um significado secreto e profundo que fugiu a minha compreensão, um significado que senti em meu íntimo que ainda não poderia fazê-lo vir à tona de meu inconsciente... Senti como se eu próprio a tivesse segurado em minhas mãos há alguns séculos atrás e que eu próprio uma vez a reclamei como meu talismã do poder e mantive o destino do mundo em minhas mãos. Que espécie de loucura era essa que invadia a minha mente e crescia como um tumor em meu peito?".
E não tardou muito para que Hitler ascendesse ao poder supremo da Alemanha, tornando-se um líder - um ditador poderoso e plenipotenciário.
Heinrich Himmler, membro da Gestapo e, por assim dizer, um dos "mestres espirituais de Hitler", era um profundo estudioso das Ciências Ocultas. Por sua vez, Hitler, mantinha um grande interesse por artefatos e relíquias religiosas e logo não tardou a ambicionar a posse da Lança de Longinus. E foi por forte influência sua, que a primeira providência de Hitler ao invadir com os seus exércitos a Áustria, em abril de 1938, foi exatamente determinar a apreensão e o imediato confisco da Lança do Destino.
O Dr. Walter Stein, relembrando os momentos de setembro de 1912 em que Hitler constantemente visitava Casa do Tesouro em Viena, declarou: - - "Naquela ocasião em que primeiro ficávamos de um lado para outro na frente da Lança do Destino, me pareceu que Hitler se encontrava num transe tão profundo que passava por algum tipo de catarse e um total eclipse de seu subconsciente". E justamente referindo-se a esses acontecimentos, o próprio Hitler revelou durante uma entrevista à Imprensa: - "Vaguei como um sonâmbulo por onde a Providência me conduziu".
O fato é que, obtendo o poder da Lança do Destino - e assim como todos os outros que ambicionavam por seu intermédio a força ilimitada e a conquista do mundo - Hitler tornou-se um dos maiores guerreiros da História e os seus exércitos tornaram-se tão ou mais poderosos do que o antigo Império Romano, chegando mesmo a quase conquistar o poder temporal do globo. Uma fantástica tecnologia súbita e inexplicavelmente lhes foi concedida e assim a Alemanha nazista prosseguia implacável nos seus sonhos ilimitados de conquista e glórias.
E assim, mais uma vez, a águia, a marca dos conquistadores - tanto nos velhos tempos do Império Romano quanto nos dias de hoje - percorreu o mundo invadindo países e expandindo a sua sombra atemorizante. Por trás de tudo, porém, existia uma seita hermética voltada para seus rituais mágicos de iniciação, tendo como suporte certos objetos e simbolismos originários dos mais recuados tempos e das perdidas civilizações do planeta Terra. A Lança de Longinus era, também, um elevado objeto de culto do nazismo!
Contudo, assim como aconteceu a todos os demais conquistadores detentores da Lança, após vários e inexplicáveis revezes, subitamente o poder de Hitler lhe foi implacavelmente retirado. Em 30 de abril de 1945, as tropas aliadas invadiram, arrasaram e tomaram Nuremberg e Berlim - a outrora toda poderosa capital da Alemanha nazista. O General George S. Paton (na foto, à direita) comandante norte-americano, era também um fascinado pela Lança do Destino e imediatamente providenciou o seu confisco, diretamente em uma espécie de santuário subterrâneo, em Nuremberg, altamente protegido e onde Hitler zelosamente a guardava. A partir de então, os Estados Unidos tornaram-se os seus provisórios guardiães.
Neste mesmo dia, a maldição da Lança do Destino parece ter se cumprido. Hitler e a sua esposa, Eva Braun, teriam, segundo consta, cometido o suicídio. Essa foto supostamente mostraria o cadáver do führer, sendo nitidamente visível o orifício na testa, causado por um projétil de arma de fogo. Essa foto é a única coisa que sobrou, pois os corpos de ambos oficialmente teriam sido incinerados pelos aliados. Existem, todavia, controvérsias, uma vez que o rosto acima mostrado em NADA se parece com Hitler. Há, por outro lado, suspeitas que isso tenha sido uma farsa - uma bem montada manobra de propaganda - forjada pelas forças aliadas e seus respectivos governos, de modo a dar uma satisfação à opinião pública mundial.
A Lança do Destino finalmente chegou aos EUA, transformando-os repentinamente em uma das maiores potências mundiais. Em poucos meses desenvolveram e utilizaram a sinistra bomba atômica e, de fato, se tornaram uma espécie de "governantes" do planeta. A saga se repetia. Contudo, uma decisão final (e talvez muito sábia) do General Dwight D. Eisenhower, tomada em 1946, fez com que todas as jóias da Casa Real dos Hapsburg, aí incluída a Lança de Longinus, retornassem ao seu local de origem - a Casa de Tesouro de Hofsburg, em Viena.....
..... Onde até hoje permanece (foto), cuidadosamente preservada da ambição dos loucos e dos megalomaníacos - mesmo após a passagem de quase dois milênios, guardando consigo um mistério profundíssimo. A lança que de maneira blasfema profanou o corpo de Jesus, em contrapartida e APENAS UMA VEZ, concedeu o dom de um milagre àquele que a com ódio a empunhou. Contudo, ela também guarda consigo uma suprema lição, uma grande e severa advertência: NADA, nem ninguém nos pertence! Não se pode jamais ambicionar aquilo a que todos têm direito - a morada universal, a Terra que somente a Deus pertence, e da qual somente Ele poderá verdadeiramente dispor e governar. Todo o poder e toda a glória do mundo jamais serão dados aos homens. Essas coisas são, por sua vez, extremamente fugazes, transitórias. Por conseguinte, a cegueira jamais virá novamente a ser curada. Todo gládio será inapelavelmente ineficaz na mãos dos fracos. A César o que é de César! E, assim sendo, a Suprema Lei, pregada pelo próprio Mestre, invariavelmente e para sempre se cumprirá: toda mão que o empunhar para ferir, um dia - e forçosamente - virá a ser ferida!
http://iadrn.blogspot.com.br/2011/07/lanca-do-destino.html
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Banco Mundial vê crescimento global maior em 2017, com commodities e fim de recessão no Brasil
Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, durante o encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Washington 7/10/2016. REUTERS/James Lawler Duggan
Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O Banco Mundial afirmou na terça-feira que o crescimento global deve acelerar levemente, já que a recuperação dos preços do petróleo e das commodities alivia as pressões sobre os mercados emergentes exportadores de commodities e as dolorosas recessões no Brasil e na Rússia devem chegar ao fim.
Em seu mais recente relatório de Perspectivas Econômicas Globais, o Banco Mundial disse esperar que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial tenha em 2017 um crescimento real de 2,7 por cento, ante 2,3 por cento no ano passado.
O crescimento nas economias avançadas deverá acelerar para 1,8 por cento em 2017, ante 1,6 por cento em 2016, disse o Banco Mundial, enquanto o crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento deve subir para 4,2 por cento este ano, ante 3,4 por cento em 2016.
O Banco Mundial projeta que o Brasil voltará a crescer este ano, com uma expansão de 0,5 por cento, contribuindo para um crescimento estimado de 1,2 por cento na América Latina e Caribe.
"Depois de anos de decepcionante crescimento global, estamos encorajados por ver perspectivas econômicas mais fortes no horizonte", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em comunicado. "Agora é a hora de aproveitar esse impulso e aumentar os investimentos na infraestrutura e nas pessoas."
No entanto, há uma incerteza considerável em torno das previsões, que não incorporaram os efeitos de várias propostas de política do presidente eleito dos EUA Donald Trump, que se espera incluam aumento do estímulo fiscal, com reduções de impostos e aumento dos gastos em infraestrutura, e uma postura mais protecionista do comércio internacional.
O Banco Mundial prevê que os EUA devem crescer 2,2 por cento em 2017, contra 1,6 por cento em 2016, mas o aumento poderá ser consideravelmente maior --e causará efeitos muito além das fronteiras dos EUA.
Um crescimento maior dos EUA --seja devido a políticas fiscais expansionistas ou outras razões-- poderia fornecer um impulso significativo para a economia global", disse o banco.
No entanto, isso poderia levar a taxas de juros mais altas e condições financeiras mais apertadas, que teriam efeitos adversos em alguns países emergentes que dependem fortemente do financiamento externo.
O banco acrescentou que a incerteza persistente em relação à política econômica dos EUA pode pesar sobre o crescimento global, ao adiar as decisões de investimento até que haja mais clareza.
O Banco Mundial disse que o crescimento da China continuará a desacelerar, para 6,2 por cento em 2017 ante 6,7 por cento em 2016, mas o crescimento deve ser maior em algumas economias do Sudeste Asiático, incluindo Indonésia e Tailândia.
O forte crescimento da Índia deverá acelerar para 7,6 por cento em 2017, de 7,0 por cento em 2016, à medida que as reformas aliviam os problemas na oferta doméstica e aumentam a produtividade.
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O Banco Mundial afirmou na terça-feira que o crescimento global deve acelerar levemente, já que a recuperação dos preços do petróleo e das commodities alivia as pressões sobre os mercados emergentes exportadores de commodities e as dolorosas recessões no Brasil e na Rússia devem chegar ao fim.
Em seu mais recente relatório de Perspectivas Econômicas Globais, o Banco Mundial disse esperar que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial tenha em 2017 um crescimento real de 2,7 por cento, ante 2,3 por cento no ano passado.
O crescimento nas economias avançadas deverá acelerar para 1,8 por cento em 2017, ante 1,6 por cento em 2016, disse o Banco Mundial, enquanto o crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento deve subir para 4,2 por cento este ano, ante 3,4 por cento em 2016.
O Banco Mundial projeta que o Brasil voltará a crescer este ano, com uma expansão de 0,5 por cento, contribuindo para um crescimento estimado de 1,2 por cento na América Latina e Caribe.
"Depois de anos de decepcionante crescimento global, estamos encorajados por ver perspectivas econômicas mais fortes no horizonte", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em comunicado. "Agora é a hora de aproveitar esse impulso e aumentar os investimentos na infraestrutura e nas pessoas."
No entanto, há uma incerteza considerável em torno das previsões, que não incorporaram os efeitos de várias propostas de política do presidente eleito dos EUA Donald Trump, que se espera incluam aumento do estímulo fiscal, com reduções de impostos e aumento dos gastos em infraestrutura, e uma postura mais protecionista do comércio internacional.
O Banco Mundial prevê que os EUA devem crescer 2,2 por cento em 2017, contra 1,6 por cento em 2016, mas o aumento poderá ser consideravelmente maior --e causará efeitos muito além das fronteiras dos EUA.
Um crescimento maior dos EUA --seja devido a políticas fiscais expansionistas ou outras razões-- poderia fornecer um impulso significativo para a economia global", disse o banco.
No entanto, isso poderia levar a taxas de juros mais altas e condições financeiras mais apertadas, que teriam efeitos adversos em alguns países emergentes que dependem fortemente do financiamento externo.
O banco acrescentou que a incerteza persistente em relação à política econômica dos EUA pode pesar sobre o crescimento global, ao adiar as decisões de investimento até que haja mais clareza.
O Banco Mundial disse que o crescimento da China continuará a desacelerar, para 6,2 por cento em 2017 ante 6,7 por cento em 2016, mas o crescimento deve ser maior em algumas economias do Sudeste Asiático, incluindo Indonésia e Tailândia.
O forte crescimento da Índia deverá acelerar para 7,6 por cento em 2017, de 7,0 por cento em 2016, à medida que as reformas aliviam os problemas na oferta doméstica e aumentam a produtividade.
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos
Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos
Publicado em 09/01/2017
Agência Estado
Última seca tão grande foi em 1910 / Foto: AFP
Última seca tão grande foi em 1910
Foto: AFP
Ao lado de Renan, Temer anunciará cerca de R$ 755 mi para combate à seca
Seca preocupa agricultores na zona rural de Caruaru
Com voz desanimada, Valdecir João da Silva, de 53 anos, conta os cadáveres do seu pequeno rebanho que não resistiu à fome, à falta de água e às doenças causadas pela desnutrição. Em uma área afastada da pequena casa onde vive com a família, ele juntou 12 animais mortos ao longo dos últimos meses. De alguns, restam os ossos. De outros, mais recentes, os corpos inchados. "Morreram de fome", resume ele, que prefere deixá-los aos urubus a enterrá-los. Ele tenta salvar os 20 animais que restam com mandacaru, a planta símbolo do Nordeste. "Ração não dá para comprar, pois está muito cara. O saco de milho que custava R$ 18 há dois anos hoje sai por R$ 65."
No sertão de Petrolina, quinta maior cidade de Pernambuco, não choveu por 11 meses. Em meados de dezembro, caiu uma chuva forte, mas logo parou. O receio dos sertanejos do semiárido é de que se repita o ocorrido em janeiro passado, quando a chuva veio forte, "sangrou" açudes, mas durou só duas semanas.
"Plantei 60 quilos de milho e de feijão, mas não choveu mais e perdi tudo. Não deu nem palha", diz Josilane Rodrigues, de 25 anos, enquanto expõe 11 ovelhas em uma feira em Dormentes, a 130 km de Petrolina. Quer vendê-las, mesmo a preço baixo, por não ter como alimentá-las.
"Vou vender a qualquer preço porque não quero voltar com eles", afirma Francisco Agostinho Rodrigues, de 64 anos, que levou à feira 23 de seus 60 animais. "A gente vende algumas para dar de comer às outras". A feira semanal de Dormentes reúne, em média, 3,6 mil animais e atrai compradores da região e de outros Estados. Em tempos bons, tudo é vendido. Agora, em razão da crise e da seca, o número de animais expostos caiu à metade e muitos voltam para casa por falta de interessados, diz João Batista Coelho, da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária
Após cinco anos seguidos de volume de chuvas abaixo da média histórica, a seca do semiárido já é considerada a maior do século. A região inclui Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e o norte de Minas Gerais e conta com cerca de 23 milhões de habitantes.
Água
Grandes reservatórios do Nordeste - com potencial de armazenar mais de 10 bilhões de litros de água - operam, em média, com 16,3% da capacidade, porcentual que era de 46,3% há cinco anos. Dos 533 reservatórios da região monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA), 142 estão secos.
Segundo Raul Fritz, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), "não se via seca tão severa para um período consecutivo desde 1910", quando dados sobre as chuvas passaram a ser coletados. O Ceará é o Estado em pior situação. Seus reservatórios têm apenas 7% da capacidade armazenada. Nos últimos cinco anos, choveu em média 516 milímetros no território, enquanto a média mínima é de 600 milímetros. "E o Ceará é o retrato do que ocorre nos demais Estados", diz Fritz.
Vários rios e açudes também secaram. Muitos moradores, inclusive em grandes cidades, só têm acesso à água fornecida por caminhões-pipa bancados pelos governos federal e estaduais.
De 2012 a 2015, o Nordeste registrou prejuízos de R$ 104 bilhões com a seca. O valor equivale a quase 70% das perdas em razão desse fenômeno em todo o Brasil, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Os valores de 2016 ainda não foram contabilizados.
Em Pernambuco, onde boa parte dos 185 municípios está em situação de emergência, a perda chega a R$ 1,5 bilhão só na pecuária. O rebanho bovino, formado por 2,5 milhões de cabeças em 2011, diminuiu em 554 mil cabeças no ano passado.
Ainda que caprinos e ovinos tenham sofrido com a estiagem, como os do criador Silva, o rebanho cresceu por ter substituído o gado, que é menos resistente à seca. O número de cabras, bodes e cabritos passou de 1,9 milhão para 2,4 milhões em quatro anos. O de ovinos saltou de 1,8 milhão para 2,4 milhões.
Pouca chuva
Na região rural de Acauã (PI), primeira cidade a ser beneficiada pelo programa Fome Zero junto com Guaribas, em 2003, Hortêncio Francisco Rodrigues, de 78 anos, conta que, até 2012, tinha 20 cabeças de gado, mas hoje tem quatro: "Praticamente mandei colocar no caminhão e levar; vendi baratinho, pois ninguém queria."
Agora se dedica à criação de 150 ovelhas e cabras, que são mais resistentes e comem plantas da caatinga, como mandacaru, angaroba e palma, que também começam a escassear em algumas regiões do Nordeste.
Rodrigues ficou contente com a chuva de dezembro, mas ressalta que "chuvinha pouca não conta". Desde então, o sol voltou a ser "o mais quente da vida", como define ele.
De sorriso fácil, Rodrigues afirma que o valor recebido da aposentadoria é que tem ajudado a manter parte das despesas da casa, principalmente com os remédios da esposa Luzia, de 79 anos Com seis filhos (dos quais dois já morreram), um número de netos que perdeu a conta e 31 bisnetos, ele diz que parte da família deixou o sertão. Alguns migraram para São Paulo, "à caça de emprego". Apesar das secas constantes, umas mais duras, outras menos, não pensa em ir embora. "Nasci aqui e só saio envelopado", brinca.
O vizinho José Teixeira de Macedo, de 64 anos, já viveu da plantação de algodão nos anos 80, mas perdeu tudo por causa da praga de bicudos. Participou de frentes de trabalho na grande seca de 1983 e agora cria ovinos e planta milho e feijão quando chove. Diz que, sem a aposentadoria, tudo estaria muito mais difícil. Ele e um dos filhos cuidam da roça e também não pensam em abandonar o sertão. Já a neta, Samara, de 16 anos, pretende mudar-se para uma cidade maior e estudar Administração. "Não vou morar aqui; vejo o sofrimento dos avós e dos pais e não quero isso".
'Seguro bode'
O agrônomo e criador de caprinos e ovinos em Acauã (PI), Cândido Roberto de Araújo, de 49 anos, comprou um rebanho com 122 animais por R$ 50 cada. Em períodos normais, sairia por cerca de R$ 200, calcula ele. "Estavam todos magros e tive de engordá-los para revender para o abate". Na região predomina a criação de animais para abate ou produção de leite.
Araújo reclama da falta de um programa governamental voltado à atividade. O que tem disponível é o Seguro Safra, empréstimo subsidiado para quem perde a produção agrícola. "Precisamos é de um Seguro Bode", diz, referindo-se ao animal cuja carne está entre as mais consumidas pela população local.
Antonio Felipe de Souza, de 60 anos, tem 80 cabeças de gado leiteiro. Após perder 20 animais, em 2012 e 2013, passou a plantar capim, irrigado com água de um poço que construiu com verba do Bolsa Estiagem. Seu irmão Norberto não obteve o crédito e, de 100 vacas, perdeu 80. Junto com familiares, Souza produz doce de leite e peta (biscoito de polvilho) e vende na região. "Dá para sobreviver", diz. Segundo a Cooperativa de Produtores de Afrânio (PE), a produção de leite caiu de 11 mil litros por dia em 2012 para 3,4 mil litros. O preço também caiu. "O que a gente vende não dá nem para as despesas", diz Fortunato Rodrigues, de 74 anos. Vender o animal não é solução. "O preço da arroba está lá embaixo e quem vende não consegue repor o gado".
Morre o radialista Walter Lins, da histórica "caixinha de pedidos"
Morre o radialista Walter Lins, da histórica "caixinha de pedidos"
Radialista Walter Lins faleceu aos 81 anos após um mês internado. Ele fez muito sucesso entre as décadas de 70 e 90 com programa "Caixinha de Pedidos", na Rádio Clube e Rádio Globo
Publicado em 09/01/2017
Rádio Jornal
Rafael Souza
Radialista Walter Lins morre aos 81 anos no Recife. Foto: divulgalção / internet
Faleceu na manhã desta segunda-feira (09) o radialista Walter Lins, aos 81 anos. O comunicador fez história no rádio pernambucano com o célebre programa "Caixinha de Pedidos", que marcou época no estado na Rádio Clube de Pernambuco. Walter Lins estava atualmente na Rádio Olinda. Ele estava internado há cerca de um mês no Hospital Unimed 3, no Recife, quando descobriu um câncer no fígado após fazer uma cirurgia de vesícula.
O corpo do radialista Walter Lins, conhecido como "comunicador da alegria", vai ser velado a partir das 10h desta segunda no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde deve ser enterrado às 16h.
A ETERNA CAIXINHA DE PEDIDOS
Nascido na Paraíba em 1935, mas pernambucano de coração, Walter Lins marcou época entre os anos 70 e 90. Atualmente apresentava o mesmo formato, o programa "Caixinha de Pedidos" aos sábados, na Rádio Olinda. Conhecido como "Comunicador da Alegria", era bacharel em direito, cantor e iniciou a carreira nos anos 60 e chegou aos estrelato nos anos seguintes. Foi durante 25 anos seguidos líder de audiência no rádio.
Walter era conhecido como o "Comunicador da Alegria". Foto: internet
O programa era transmitido nas de tardes de sábados, de 1959 até 1972. Inicialmente, na Rádio Tamandaré e, posteriormente, na Rádio Clube. A atração contava com a participação da Orquestra do Maestro Nélson Ferreira.
Foram mais de 60 anos de carreira. Além do "Caixinha de Pedidos", apresentou nos anos 90 o "Programa Carrossel", que era comandado direto do Teatro Guararapes e exibido quatro vezes no ano.
Com informações do Blog Besta Fubana.
LEIA TAMBÉM
Morre ex-presidente Mário Soares, pai de Portugal moderno
INTERNACIONAL
PORTUGAL
Morre ex-presidente Mário Soares, pai de Portugal moderno
Lutou contra a ditadura de Salazar e depois contra a deriva comunista da Revolução dos Cravos
Lisboa 7 JAN 2017
Mario Soares
Mário Soares, em uma imagem de 2006 NICOLAS ASFOURI AFP
O ex-presidente de Portugal Mário Soares morreu neste sábado, num hospital de Lisboa, aos 92 anos. Soares, também fundador do Partido Socialista português, estava em estado crítico desde que deu entrada no centro médico em 13 de dezembro passado. É impossível compreender este último meio século de Portugal sem ele. Noventa e dois anos dão para muita coisa, mais ainda num homem inquieto desde jovem, escritor infatigável (dizia ter escrito mais de 100 livros), de personalidade forte para aguantar os porões da ditadura e também para ir contra a deriva comunista da Revolução dos Cravos.
Soares (Lisboa, 1924) foi o primeiro-ministro do primeiro Governo Constitucional, entre outros (1976-78 e 1983-1985), em cujo mandato foi criada a seguridade social e ampliada a escola pública para todos, além da entrada na União Europeia. A grande figura do socialismo português filiou-se ao PC com apenas 18 anos, na universidade, porque o via como a única boa organização para a luta contra a ditadura de Salazar. Ficou lá durante seis anos, até se irritar com tantas regras e reuniões, segundo conta num de seus vários livros.
MAIS INFORMAÇÕES
Morre ex-presidente Mário Soares, pai de Portugal moderno José Sócrates: “O que acontece no Brasil é um golpe político da direita”
“Teria sido melhor ser escritor do que político”
A maldição da esquerda lusa
Educação de Portugal é a única da Europa que melhora a cada ano
Em 1964, foi um dos fundadores da Ação Socialista, berço do PS. Advogado de profissão, fez amizade com o general Humberto Delgado, posteriormente assassinado pela PIDE (polícia secreta de Salazar). Soares se encarregou de recuperar seus restos mortais em Extremadura, e a partir daí entrou na lista negra do regime.
Foi preso em 12 ocasiões, ficando no total três anos atrás das grades, parte deles em Santo Tomé e Príncipe, uma das colônias portuguesas para onde Salazar enviava os presos políticos. Ali soube que Salazar havia caído de uma cadeira, o que comprometeu os movimentos do ditador até sua morte.
Soares sempre conjugou a luta com o pragmatismo. Aproveitava cada espaço que lhe deixavam, e por isso não desistiu de disputar as eleições legislativas convocadas em 1969 por Marcelo Caetano, sucessor de Salazar. Sua organização, a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD) apresentou-se em Lisboa, Porto e Braga, na companhia de sua esposa, Maria Barroso, não menos combativa e morta há um ano, aos 90. Fracassaram, claro, e Soares se exilou em Paris, onde entrou em contato com a intelectualidade socialista internacional e comunistas que haviam fugido, como o espanhol Santiago Carrillo, com quem construiu uma forte amizade.
Ali ele esteve até que irrompeu a Revolução dos Cravos em seu país. Aquele 25 de abril de 1974 tirou-o da cama na Alemanha. Sua obsessão foi chegar primeiro a Lisboa; voou até Paris, pegou um trem para a Espanha e dali para Lisboa. Foram dois dias de viagem nos quais, para a sua surpresa, ia reunindo o apoio das pessoas. Soares conseguiu seu objetivo: chegou no dia 28, dois antes do secretário-geral do Partido Comunista, Álvaro Cunhal, seu companheiro-rival político durante toda a transição da ditadura para a democracia.
Fiel ao seu lema de aproveitar as oportunidades, Soares aceitou entrar no Governo Provisional do general Spínola. Foi a primeira discrepância com Cunhal e também com o próprio partido, que não queria tanto envolvimento. Em dezembro de 1974, no primeiro congresso do PS na legalidade, Soares teve de mostrar toda a sua coragem para se impor às correntes propensas à união com as forças comunistas. Eram dias revoltos, com governos multicores que caíam em semanas, as ruas cheias de manifestações protagonizadas por algum dos múltiplos partidos marxistas. Soares ganhou, e seu próximo passo foi manter distância do PC, o que não era fácil naqueles tempos, quando a pessoa era rapidamente marcada com a cruz de contrarrevolucionário.
Soares suportou a pressão, opondo-se também à unidade sindical – em torno do PC. As mais heterogêneas forças comunistas dominavam as ruas, e naquele tempo a rua era tudo. Inclusive cercaram a Assembleia da República, que tinha de redigir a Constituição, impedindo a saída dos deputados. Mas uma coisa era encher a rua e outra encher as urnas. As eleições constituintes de 25 de abril de 1975 deram vitória ao Partido Socialista (38% dos votos). O PCP ficou com apenas 12,5%. O resultado não acabou com as disputas, pois, com a ajuda das forças armadas, foi instalado no país o PREC (Processo Revolucionário em Curso) – em especial durante o verão de 1975, o “verão quente” –, num ano durante o qual os bancos e a cerveja foram nacionalizados. E com Governos de unidade nacional sob a vigilância das forças armadas.
Aquele primeiro Primeiro de Maio sob um regime democrático depois de meio século foi a ruptura absoluta com as forças à esquerda do PS. Soares e seu partido foram impedidos de participar dos atos sindicais unificados. Soares decidiu dar um passo que seria decisivo: só o PS iria sair às ruas, sem apoio de outras forças políticas ou sindicais. Sua primeira manifestação, a da Fonte Luminosa, ficou na memória de sua transição. “Marcou o ponto de virada da linha revolucionária insensata que, se não tivesse sido detida da forma que foi, teria arrastado Portugal para o abismo”, recordava Soares em um de seus livros de memórias.
As eleições realizadas meses depois confirmaram a mudança de rumo de Soares. Nova vitória do PS (35%), seguido pelos partidos conservadores PPD (24%) e CDS (16%) e, em quarto lugar, pelo PC (14%). Ainda em minoria, Soares formou seus primeiros governos (1976-78).
Soares consolidou a democracia em Portugal, dotou o país de infraestruturas básicas (do Serviço de Saúde Universal à entrada na União Europeia) e permitiu que começassem a se suceder governos de outras cores políticas. Foi presidente de Portugal (1986-1996), eurodeputado, e se retirou da linha de frente da política depois do fracasso, em 2006, de sua terceira candidatura à presidência do país, já com 82 anos de idade. Isso não significava que tivesse abandonado a política. Por essas coisas curiosas da história, no último ano viu o que tinha protagonizado 40 anos antes, um Governo socialista, graças ao apoio de comunistas clássicos e neoclássicos. Soares não se assustou, pelo contrário, isso lhe pareceu correto. Mário Soares foi até o último dia o oráculo de Portugal e do socialismo − e, definitivamente, do soarismo português.
FELIPE GONZÁLEZ LAMENTA A MORTE DE UM “LUTADOR PELA DEMOCRACIA E O PROGRESSO
Felipe González, ex-presidente do Governo da Espanha, qualificou Mário Soares como um “lutador” pela democracia e o progresso social. “Mário era, antes de tudo, um amigo”, disse González em nota. “Por isso, é difícil falar em sua ausência. Era um democrata, convencido de que só acabando com a ditadura salazarista e enfrentando a deriva autoritária comunista seria possível desenvolver sua ideia: o socialismo democrático."
“Por essas convicções ele lutou sempre, durante mais de 70 anos”, prosseguiu González. “Sabia que seus projetos políticos só podiam avançar num espaço de liberdade democrática.
No momento de sua morte, a melhor homenagem a essa patriarca da democracia portuguesa é recordar seu empenho, sua coragem política, inclusive nos momentos em que muitos baixaram os braços e consideraram inevitável a chegada de uma ditadura militar comunista.
Era um europeísta convencido. Com essa visão, foi muito crítico em relação às políticas da União Europeia após a crise financeira de 2008. Nunca desistiu. Nunca deixou de ser um homem livre que lutava contra todas as formas de autoritarismo. Nunca deixou de lutar pelo socialismo democrático. Assim viveu e morreu Mário Soares.”
http://brasil.elpais.com/
Trump rebate Meryl Streep e diz que atriz é “superestimada”
Trump rebate Meryl Streep e diz que atriz é “superestimada”
Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na Flórida. 28/12/2016 REUTERS/Jonathan Ernst
(Reuters) - O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, rebateu nesta segunda-feira a atriz Meryl Streep e a chamou de “superestimada”, após a artista premiada ter condenado a imitação feita pelo republicano de um repórter com deficiência física.
A atriz transformou seu discurso ao receber um prêmio na cerimônia do Globo de Ouro, no domingo, em um ataque a Trump. “Este instinto de humilhar, quando incorporado por alguém na plataforma pública, por alguém poderoso, acaba por se infiltrar na vida de todo mundo”, disse.
Streep e grande parte de Hollywood apoiaram a rival de Trump, a democrata Hillary Clinton, na eleição presidencial de novembro nos EUA.
Nesta segunda-feira, Trump escreveu no Twitter: “Meryl Streep, uma das atrizes mais superestimadas em Hollywood, não me conhece, mas me atacou ontem à noite no Globo de Ouro”.
“Ela é uma apoiadora de Hillary, que perdeu feio.”
O tuíte foi a segunda resposta pública de Trump ao discurso de Meryl. Na manhã desta segunda-feira, ele disse em uma entrevista por telefone ao jornal New York Times: “Pessoas continuam dizendo que eu zombei da deficiência de um repórter, como se Meryl Streep e outros pudessem ler a minha mente, e eu não fiz tal coisa”.
Streep se referiu a um incidente em 2015 durante um comício na Carolina do Sul, quando Trump envergou e balançou seus braços e desacelerou a voz em tom de zombaria ao repórter Serge Kovaleski, do New York Times, que tem uma deficiência física.
Em seus comentários no Twitter, Trump repetiu a negativa de que tenha ironizado o repórter.
Sem citar o nome de Trump, Streep usou quase todo seu discurso ao receber um prêmio do Globo de Ouro pelo conjunto de sua carreira para criticar o comportamento e as políticas do presidente eleito, e para pedir que Hollywood se mantenha firme contra quaisquer ataques e que apoie uma imprensa livre.
(Por Mohammad Zargham, em Washington)
© Thomson Reuters 2017 All rights reserved.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
São Jerônimo presbítero e doutor da Igreja
São Jerônimo presbítero e doutor da Igreja
Jerônimo (português brasileiro) ou Jerónimo (português europeu) (em latim: Eusebius Sophronius Hieronymus; em grego: Εὐσέβιος Σωφρόνιος Ἱερώνυμος), também conhecido por Jerônimo de Estridão, foi um sacerdote cristão ilírio, destacado como teólogo e historiador e considerado confessor e Doutor da Igreja pela Igreja Católica. Filho de Eusébio, da cidade de Estridão, na fronteira entre a Dalmácia e a Panônia, é mais conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim (conhecida como Vulgata) e por seus comentários sobre o Evangelho dos Hebreus, mas sua lista de obras é extensa.
São Jerônimo é reconhecido como santo pelos católicos, ortodoxos e anglicanos e sincretizado como o orixá Xangô na umbanda. Não é tido como santo para os luteranos, pelo fato de estes não canonizarem personalidades.
Biografia
Eusébio Sofrônio Jerônimo nasceu em Estridão por volta de 347[5], mas só foi batizado entre 360 e 366 quando viajou para Roma com seu amigo Bonoso - que pode ou não ser o mesmo Bonoso que Jerônimo identifica como sendo seu companheiro quando foi viver como eremita numa ilha no Adriático - para continuar seus estudos sobre retórica e filosofia. Lá, Jerônimo estudou com o gramático Élio Donato, aprendeu latim e um pouco de grego[6], embora não tenha adquirido a proficiência que, anos depois, alegaria ter obtido c ter obtido como estudante..
Ainda como estudante em Roma, Jerônimo se envolveu no comportamento errático dos colegas mais despreocupados, o que lhe provocava depois terríveis ataques de arrependimento. Para apaziguar a consciência, visitava aos domingos as sepulturas dos mártires e dos apóstolos nas catacumbas, uma experiência que lhe lembrava dos terrores do inferno:
“ Frequentemente me encontrava entrando naquelas profundas criptas escavadas na terra, com suas paredes de ambos os lados preenchidas com os corpos dos mortos, onde tudo era tão escuro que parecia quase como se as palavras do salmista tivessem se realizado: «Desçam vivos ao Cheol» (Salmos 55:15). Aqui e ali, a luz, não vinda de janelas, mas descendo através das valas, aliviava o horror da escuridão. Mas novamente, tão logo você se via caminhando cuidadosamente adiante, a noite escura se fechava a sua volta e vinha-me à mente o verso de Virgílio: "Horror ubique animos, simul ipsa silentia terrent" ”
— Jerônimo, Commentarius in Ezzechielem].
Jerônimo utilizou de uma passagem de Virgílio — "Por todos os lados o horror se espalhava; o profundo silêncio inspirava o terror na minh'alma"— para descrever o horror do inferno. No início de sua carreira, ele utilizava termos de autores clássicos para descrever conceitos cristãos (como "Cheol", um termo para o inferno) , um indicativo de sua educação clássica. Embora inicialmente cético em relação ao cristianismo, no fim acabou se convertendo. Depois de muitos anos na capital imperial, Jerônimo viajou com Bonoso para a Gália e se assentou em Augusta Treveroro (moderna Trier, na Alemanha), onde é possível que tenha primeiro se dedicado aos seus estudos teológicos e, depois, a copiar para seu amigo Tirânio Rufino o comentário de Hilário sobre os "Salmos" e o tratado "De Synodis". Depois disso, Jerônimo viveu vários meses (pelo menos) ou, possivelmente, anos, com Rufino em Aquileia, onde fez muitos amigos cristãos.
Alguns deles o acompanharam quando ele partiu, por volta de 373, numa viagem através da Trácia e da Ásia Menor até o norte da Síria. Em Antioquia, onde ficou por mais tempo, dois de seus companheiros morreram e ele próprio ficou seriamente doente mais de uma vez. Durante uma destas enfermidades (perto do inverno de 373-374), Jerônimo teve uma visão que levou-a a abandonar seus estudos seculares para dedicar-se completamente a Deus. Ele parece ter trocado uma grande quantidade de tempo que dispendia no estudo dos clássicos para estudar a Bíblia, dirigido por Apolinário de Laodiceia, que na época ensinava em Antioquia e ainda não dava sinais de sua futura condenação por heresia (vide apolinarismo).
Tomando por um súbito desejo de viver em penitência asceta, Jerônimo passou um tempo no deserto de Cálcis, para o sudoeste de Antioquia, uma região conhecida como "Tebaida Síria", onde moravam numerosos eremitas. Durante este período, ele parece ter encontrado tempo para estudar e escrever. Lá também dedicou-se a aprender pela primeira vez o hebraico, sob a tutela de um judeu convertido e é possível que ele tenha mantido correspondência com os judeo-cristãos de Antioquia. Por volta desta época, Jerônimo contratou uma cópia de um "Evangelho Hebreu", do qual fragmentos foram preservados em suas notas e que é hoje conhecido como "Evangelho dos Hebreus", considerado o verdadeiro Evangelho de Mateus pelos nazarenos[12]. Depois disso, ele próprio traduziu partes da obra para o grego.
De volta em Antioquia em 378 ou 379, foi ordenado pelo bispo Paulino de Antioquia, aparentemente contra sua vontade e sob a condição de poder continuar sua vida asceta. Logo depois, viajou para Constantinopla para continuar seus estudos sobre as Escrituras com Gregório Nazianzeno. Ele passou por volta de uns dois anos por lá e partiu novamente para Roma, onde passou os três anos seguintes (382-385) na corte do papa Dâmaso I e a liderança cristã da cidade. O motivo da viagem foi um convite para que participasse do concílio de 382 realizado para acabar com o cisma na Igreja de Antioquia, que na época tinha mais de um patriarca alegando ser o verdadeiro. Acompanhando um deles, Paulino, pretendia apoiá-lo nos trabalhos, acabou se destacando junto ao papa e passou a exercer um importante papel durante seus concílios.
Jerônimo então recebeu diversos encargos em Roma e realizou ali uma revisão da Bíblia Latina (Vetus Latina) baseando-se em manuscritos gregos do Novo Testamento. Ele também atualizou o saltério contendo o "Livro dos Salmos" que era na época utilizado em Roma baseando-se na Septuaginta grega. Embora não tenha ficado claro para ele na ocasião, a tradução de muito do que depois se tornaria a Vulgata latina demoraria ainda muitos anos e tornar-se-ia seu mais importante legado (vide abaixo).
Em Roma, Jerônimo estava rodeado por um círculo de mulheres bem-nascidas e bem-educadas, incluindo algumas oriundas das mais nobres famílias patrícias romanas, como as viúvas Leia, Marcela e Paula, com suas filhas Blesila e Eustóquia. Como resultado da crescente inclinação destas mulheres pela vida monástica, da indulgente lascividade que imperava em Roma e mais a crítica feroz de Jerônimo ao clero secular, que não poupava ninguém, logo irrompeu um conflito contra o clero romano e seus aliados. Depois da morte de Dâmaso, seu patrono (10 de dezembro de 384), Jerônimo foi forçado a abdicar de suas funções em Roma quando um inquérito foi aberto pelos seus inimigos para investigar uma suposta relação inapropriada entre ele e Paula.
Além disso, sua condenação ao estilo de vida hedonista de Blesila levou-a a adotar práticas ascetas que acabaram afetando sua saúde e a tornaram tão fraca fisicamente que ela morreu apenas quatro meses depois de começar a seguir suas instruções. A maior parte da população romana ficou enfurecida com Jerônimo, acusando-o de causar a morte prematura de uma jovem tão altiva.Para piorar, sua insistência de que Paula não deveria lamentar a morte dela e suas reclamações de que o luto por ela era excessivo foram vistos como cruéis e polarizaram ainda mais a opinião pública contra ele.
Jerônimo com Santa Paula e sua filha Eustóquia, duas de suas principais devotas. Uma rica viúva, Paula deu condições para que Jerônimo pudesse viver sem preocupações financeiras e se dedicasse aos estudos. Ela seguiu-o depois para Belém e morreu com ele na Terra Santa.
Em agosto de 385, Jerônimo abandonou Roma definitivamente e voltou para Antioquia com seu irmão Pauliniano e diversos amigos; logo depois vieram Paula e Eustóquia, decididas a terminar suas vidas na Terra Santa. No inverno do mesmo ano, Jerônimo viajou com elas na função de conselheiro espiritual. O grupo, acompanhado do bispo Paulino de Antioquia, peregrinou por Jerusalém, Belém e os lugares santos da Galileia antes de seguir para o Egito, onde viviam os heróis da vida asceta, os monges do deserto.
Na Escola Catequética de Alexandria, Jerônimo ouviu Dídimo, o Cego, ensinar sobre o profeta Oseias e contar o que se lembrava de Santo Antão, que morrera trinta anos antes. Depois, passou algum tempo na Nítria admirando a disciplinada vida comunitária dos numerosos habitantes da "cidade do Senhor", percebendo que, mesmo ali, "serpentes escondidas", ou seja, a influência do polêmico teólogo alexandrino Orígenes. No final do verão de 388, voltou para a Terra Santa e passou o resto de sua vida numa cela eremítica perto de Belém rodeado por uns poucos amigos, homens e mulheres (incluindo Santa Paula e Eustóquia), a quem ele atendia como sacerdote e professor.
Com recursos financeiros suficientes providenciados pela rica Paula, que investia também em aumentar sua biblioteca, Jerônimo passou a levar uma vida de incessante produção literária. A estes últimos trinta e quatro anos de sua carreira pertencem suas mais importantes obras; sua versão do Antigo Testamento traduzida do original hebraico, o melhor de seus comentários sobre as Escrituras, seu catálogo de autores cristãos (De Viris Illustribus) e o seu diálogo contra os pelagianos, de perfeição reconhecida até pelos seus adversários. A este período também pertence a maior parte de suas polêmicas, obras que o distinguem dos demais Padres da Igreja da época, incluindo tratados contra o origenismo (crença que seria depois anatemizada) do bispo João II de Jerusalém e de seu antigo amigo Rufino.
Em 416, como consequência de suas obras contra o pelagianismo, partidários inflamados da crença invadiram os edifícios monásticos perto de onde vivia, atearam-lhes fogo, atacaram os moradores e mataram um diácono, forçando Jerônimo a se refugiar numa fortaleza nas imediações.
Jerônimo morreu perto de Belém em 30 de setembro de 420, uma data que aparece na "Crônica" de Próspero da Aquitânia. Diz-se que seus restos, originalmente enterrados em Belém, foram trasladados para a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, embora outros locais no ocidente também reivindiquem a posse de alguma relíquia relacionada ao santo.
Traduções e comentários
Tradições artísticas sobre Jerônimo
Jerônimo e o Leão, de Hans Memling. Além do hábito vermelho de cardeal, Jerônimo ainda aparece curando a pata do leão, uma história proveniente da fusão de sua história com a de São Gerásimo.
São Jerónimo no deserto, na famosa representação de Leonardo da Vinci. Jerônimo aparece como um eremita, semi-nu e à mercê dos elementos.
Jerônimo escrevendo em seu estúdio de Peter Paul Rubens. Além do material de escrita, aparecem também o leão e a cor vermelha, característica do cardinalato.
Jerônimo foi um acadêmico numa época que o título implicava fluência em grego, mas ele sabia também alguma coisa de hebraico quando começou seu projeto de tradução. Para reforçar seus conhecimentos, mudou-se para Jerusalém estudando os comentários judaicos sobre as Escrituras. Paula, a rica aristocrata romana que era uma de suas seguidoras, financiou sua estadia num mosteiro em Belém onde ele pôde concluir sua tradução. O trabalho começou em 382, com a correção da versão latina do Novo Testamento utilizada na época, a Vetus Latina. Em 390, iniciou a tradução da Bíblia Hebraica a partir do original, tendo já traduzido algumas partes utilizando a Septuaginta grega originária de Alexandria. Jerônimo acreditava que o Concílio de Jâmnia - da corrente principal do judaísmo rabínico - havia rejeitado a Septuaginta como versão válida das Escrituras judaicas por conta do que ele aferiu serem erros de tradução e elementos heréticos helenísticos[15][16]. O trabalho terminou em 405.
Antes da Vulgata de Jerônimo, todas as traduções do Antigo Testamento eram baseadas na Septuaginta e não na Bíblia Hebraica. Porém, a decisão de utilizar esta ao invés daquela, que era também uma tradução do hebraico, como fonte foi contrária às recomendações da maioria dos cristãos de seu tempo, incluindo Santo Agostinho, que considerava a Septuaginta inspirada. O consenso acadêmico moderno, porém, tem lançado dúvidas sobre o quanto Jerônimo de fato conhecia de hebraico e muitos acreditam que, na realidade, a "Hexapla" grega teria sido a principal fonte para a tradução "iuxta Hebraeos" de Jerônimo do Antigo Testamento.
Seus comentários patrísticos se alinham de forma muito próxima à tradição judaica e ele se entrega às sutilezas alegóricas e místicas no estilo de Fílon e da "Escola de Alexandria". Ao contrário de seus contemporâneos, Jerônimo enfatizava a diferença entre os apócrifos da Bíblia Hebraica e os livros protocanônicos da Hebraica veritas ("verdeira [Bíblia] Hebraica"). Evidências disso aparecem em suas introduções para os apócrifos salomônicos (como os "Salmos de Salomão") e os livros de Tobias e Judite. Mais notável, porém, é sua afirmação na introdução de seu comentário aos Livros de Samuel:
“ Este prefácio às Escrituras podem servir como uma introdução defensiva para todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, para que possamos estar seguros que o que ficou de fora deve ser deixado de lado como obras apócrifas. ”
— Jerônimo, Comentários sobre Samuel[.
Os comentários de Jerônimo se dividem em três grupos principais:
Suas traduções ou versões de textos gregos de outros autores, incluindo quatorze homilias sobre o Livro de Jeremias e um mesmo número sobre o Livro de Ezequiel de Orígenes (traduzidas por volta de 380 em Constantinopla); duas homílias de Orígenes sobre os Salmos de Salomão (em Roma, ca. 383); e trinta e nove sobre o Evangelho de Lucas (ca. 389 em Belém). As nove homilias de Orígenes sobre o Livro de Isaías incluídas entre suas obras não são de sua autoria. Deve-se mencionar aqui também, como uma importante contribuição para o estudo da topografia de Israel, sua obra "De situ et nominibus locorum Hebraeorum", uma tradução com algumas adições e algumas infelizes omissões do "Onomasticon" de Eusébio. Ao mesmo período (ca. 390) pertence também a "Liber interpretationis nominum Hebraicorum", baseada numa obra que supostamente remontaria à época de Fílon e que foi expandida por Orígenes.
Comentários originais sobre o Antigo Testamento. Ao período anterior de sua mudança para Belém e aos cinco anos depois disso pertencem uma série de curtos estudos sobre o Antigo Testamento: "De seraphim", "De voce Osanna", "De tribus quaestionibus veteris legis" (geralmente incluído entre suas epístolas, as de número 18, 20 e 36); "Quaestiones hebraicae in Genesim"; "Commentarius in Ecclesiasten"; "Tractatus septem in Psalmos 10-16" (perdida); "Explanationes in Michaeam", "Sophoniam", "Nahum", "Habacuc", "Aggaeum". Depois de 395, ele compôs uma série de comentários mais longos e num tom mais derrogatório: primeiro sobre Jonas e Obadias (396), depois sobre Isaías (ca. 395 - ca. 400), Zacarias, Malaquias, Oseias, Joel e Amós (a partir de 406), sobre Daniel (ca. 407), Ezequiel (entre 410 e 415) e Jeremias (depois de 415 e não terminado).
Comentários sobre o Novo Testamento. Entre eles sobre as epístolas a Filêmon, Gálatas, Efésios e Tito (escrita apressadamente entre 387 e 388); sobre Mateus (ditada numa quinzena em 398), Marcos, passagens selecionadas de Lucas, do Apocalipse e do prólogo do João.
Obras históricas e hagiográficas
Jerônimo também é conhecido como historiador. Uma de suas primeiras obras sobre o tema foi sua Crônica (ou ainda Temporum liber), escrita por volta de 380 quando ele estava em Constantinopla. É uma tradução para o latim das tabelas cronológicas da segunda parte da Crônica de Eusébio de Cesareia com um suplemento cobrindo o período entre 325 e 379. Apesar dos diversos erros, alguns herdados de Eusébio e outros próprios, trata-se de uma obra valiosa, menos pelo conteúdo e mais pelo impulso que proporcionou para cronistas posteriores como Próspero, Cassiodoro e Vítor de Tununa, que continuaram complementando os anais.
Importante também foi sua "De Viris Illustribus", escrita em Belém em 392, com título e arranjo emprestados da "Vida dos Doze Césares" de Suetônio. Ela contém breves notas biográficas e lista de obras de 135 autores cristãos, de São Pedro até o próprio Jerônimo. Para os primeiros setenta e oito, a "História Eclesiástica" de Eusébio é a fonte principal; no segundo grupo, começando com Arnóbio e Lactâncio, Jerônimo incluiu uma boa quantidade de informações independentes, especialmente para os autores ocidentais.
Jerônimo escreveu ainda quatro obras de natureza hagiográfica (biografias de santos):
A "Vita Pauli monachi", escrita durante sua primeira passagem por Antioquia (ca. 376), na qual o material lendário deriva da tradição monástica egípcia;
A "Vitae Patrum (Vita Pauli primi eremitae)", uma hagiografia de São Paulo de Tebas;
A "Vita Malchi monachi captivi" (ca. 391), provavelmente baseada num trabalho anterior, apesar de se propor derivar das conversas com o idoso asceta Malco com o próprio Jerônimo no deserto de Cálcis;
A "Vita Hilarionis" (ca. 391), contendo informações históricas mais confiáveis que as anteriores e baseada parcialmente na biografia de Epifânio e parcialmente na tradição oral.
O chamado "Martyrologium Hieronymianum" ("Martirológio de Jerônimo") é espúrio; ele foi aparentemente composto por um monge ocidental no final do século VI ou início do século VII e faz referência a uma expressão de Jerônimo do primeiro capítulo da "Vita Malchi", na qual ele fala de sua intenção de escrever uma história dos santos e mártires da era apostólica.
Epístolas
As epístolas de Jerônimo formam uma importante porção do que restou de suas obras literárias, tanto pela enorme variedade de temas quanto pela qualidade estilística. Independente de estar discutindo os problemas do ensino acadêmico ou argumentando em casos de consciência, reconfortando os aflitos ou apenas fazendo elogios aos amigos, atacando os vícios e corrupções de sua época ou a imoralidade sexual no clero[19], exortando à vida asceta e a renúncia do mundo ou se digladiando com seus adversários, Jerônimo apresenta uma imagem vívida não apenas de sua mente, mas de sua época com características peculiares. Como não existia naquele tempo uma distinção entre documentos pessoais e públicos, frequentemente encontramos em suas cartas tanto confidências pessoais quanto tratados direcionados a terceiros lado a lado.
As mais frequentemente republicadas ou citadas são as exortativas, como "Ad Heliodorum de laude vitae solitariae" (Ep. 14), "Ad Eustochium de custodia virginitatis" (Ep. 22), "Ad Nepotianum de vita clericorum et monachorum" (Ep. 52), uma espécie de epítome de teologia pastoral do ponto de vista ascético, "Ad Paulinum de studio scripturarum" (Ep. 53), de mesmo objetivo, De institutione monachi (Ep. 57), "Ad Magnum de scriptoribus ecclesiasticis" (Ep. 70) e "Ad Laetam de institutione filiae" (Ep. 107).
Obras teológicas
Praticamente todas as obras de Jerônimo no campo do dogma tem um caráter polêmico de tom mais ou menos veemente, direcionadas principalmente contra os defensores de doutrinas contrárias às ortodoxas. Até mesmo a tradução de um tratado de Dídimo, o Cego, sobre o Espírito Santo para o latim (iniciada em Roma em 384 e completada em Belém) revela uma tendência apologética contra os arianos e os pneumatomachoi. O mesmo vale para sua versão para "De principiis", de Orígenes (ca. 399), cujo objetivo era sobrepujar a tradução incorreta de Rufino. Obras mais polêmicas, stricto sensu, foram escritas em todos os períodos de sua vida, em diferentes contextos. Durante suas passagens por Constantinopla e Antioquia, por exemplo, Jerônimo estava mais preocupado com a controvérsia ariana e, especialmente, com o cisma em Antioquia protagonizado por Melécio de Antioquia e Lúcifer Calaritano. Duas cartas ao papa Dâmaso (Ep. 15 & 16) trazem reclamações a ambos os partidos em disputa, os melecianos e os paulinianos, que tentavam atraí-lo para a controvérsia sobre a relação entre Deus Pai e Deus Filho na Trindade e, mais especificamente, à aplicação de termos como ousia (substância) e hipóstase a esta relação. Na mesma época ou pouco depois (373), ele compôs sua "Liber Contra Luciferianos", na qual ele utiliza o diálogo de forma bastante inteligente para combater os princípios da facção dos calaritanos, principalmente sua rejeição ao batismo realizado por heréticos (uma tese de cunho donatista, já rejeitada antes).
Em Roma (por volta de 383), Jerônimo escreveu uma apaixonada resposta aos ensinamentos de Helvídio defendendo a doutrina da virgindade perpétua de Maria e da superioridade da castidade sobre o matrimônio. Um adversário de natureza similar foi Joviniano, com quem debateu em 392 ("Adversus Jovinianum" e a defesa desta obra endereçada ao seu amigo Pamáquio - Ep. 48). Em 406, uma vez mais Jerônimo defendeu as práticas piedosas católicas e sua própria ética asceta contra o presbítero gaulês Vigilâncio, que era contrário à veneração dos mártires e das relíquias, ao voto de pobreza e ao celibato clerical. Em paralelo, participou ainda da controvérsia com João II de Jerusalém e Rufino sobre a ortodoxia do origenismo. A este período pertencem algumas de suas mais apaixonadas e completas obras polêmicas: a "Contra Joannem Hierosolymitanum" (398 ou 399); duas obras intimamente relacionadas, "Apologiae contra Rufinum" (402) e sua "última palavra", escrita poucos meses depois, "Liber tertius seu ultima responsio adversus scripta Rufini".
A última obra polêmica de Jerônimo foi sua "Dialogus contra Pelagianos" (415), contra a heresia do pelagianismo.
Legado
Jerônimo é o segundo autor mais prolífico do cristianismo antigo tardio (depois de Santo Agostinho). Na Igreja Católica, ele é reconhecido como santo padroeiro dos tradutores, bibliotecários e enciclopedistas.
Arte
A Bíblia de Gutenberg da Biblioteca Pública de Nova Iorque, uma das edições da Vulgata, a obra-prima de Jerônimo.
Na arte, Jerônimo geralmente aparece representado como um dos quatro doutores latinos, juntamente com Santo Agostinho, Santo Ambrósio e São Gregório Magno. Como um membro proeminente do clero romano, ele foi muitas vezes representado - anacronisticamente - com o hábito vermelho de cardeal. Mesmo quando ele aparece representado como um anacoreta semi-nu, com a cruz, a caveira (símbolo da mortalidade) e a Bíblia como únicas mobílias de sua cela, o chapéu cardinalício ou outro indicativo de sua posição de cardeal aparece, via de regra, em algum lugar da obra.
Jerônimo é também geralmente representado na companhia de um leão, uma referência a uma conhecida lenda de como ele teria domado um leão ao curar um ferimento em sua pata. A origem da história, quase idêntica à contada sobre São Gerásimo, foi possivelmente uma confusão entre os nomes em latim dos dois santos, "Gerasimus" e "Geronimus"[a][b]. Hagiografias de Jerônimo contam que ele passou muitos anos nos desertos da Síria romana e diversos artistas intitularam sua obras "São Jerônimo no Deserto", entre eles Pietro Perugino e Lambert Sustris.
Ele é por vezes também representado com uma coruja, o símbolo da sabedoria e da erudição[23]. Finalmente, a iconografia de São Jerônimo inclui ainda materiais de escrita (pena, tinteiro, papel etc.) e a trombeta do Juízo Final..
Ver também
Traduções da Bíblia
Ordem de São Jerônimo
Notas
[a] ^ Eugene Rice sugeriu que, com toda certeza, a história do leão de Gerásimo se ligou à Jerônimo em algum momento no século VII, depois que as invasões militares árabes forçaram muitos monges gregos que viviam nos desertos do Oriente Médio a buscarem refúgio em Roma. Rice conjectura[24] que, "por causa da similaridade entre os nomes 'Gerasimus' e 'Geronimus', este o nome latino de Jerônimo, um sacerdote também latino tornou São Jerônimo o herói da história que ele havia ouvido sobre São Gerásimo; e que o autor da 'Plerosque nimirum', atraído por uma história ao mesmo tempo tão pitoresca, tão aparentemente apropriada e tão ressonante em significado e sugestionamento; e sob a impressão de que ela teria origem em histórias que peregrinos teriam ouvido em Belém, incluiu-a em sua 'vida' de um santo favorito que, não fosse assim, não realizara milagres".
[b] ^ Uma reminiscência desta história pode ser encontrada na "Legenda Áurea" (século XIII), de Jacobus de Voragine
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Assinar:
Postagens (Atom)