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sexta-feira, 3 de setembro de 2021
STF se prepara para risco de ataques ao prédio e 'todos os cenários possíveis' no 7 de setembro
Sombra de guarda em frente a prédio do STF, com vários manifestantes em frente CRÉDITO,REUTERS
STF se prepara para risco de ataques ao prédio e 'todos os cenários possíveis' no 7 de setembro
Nathalia Passarinho
Da BBC News Brasil em Londres
3 setembro
A BBC News Brasil apurou que a maioria dos ministros pretende evitar tomar decisões com alto impacto no governo federal até as manifestações
Preocupado com o potencial de os protestos de 7 de setembro serem violentos, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu planos para "todos os cenários possíveis"- de manifestação pacífica a tentativas de depredação e invasão do edifício.
Enquanto isso, conforme apurou a BBC News Brasil, a maioria dos ministros do STF decidiu colocar o pé no freio, até a próxima terça (7/9), em decisões que tenham impacto direto no governo federal, como as referentes ao pagamento de precatórios que possam significar gastos aos cofres públicos.
O objetivo seria evitar "colocar lenha na fogueira" às vésperas dos atos convocados para o Dia da Independência, em defesa do governo do presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim, o clima entre os ministros é de preocupação e atenção à adesão de policiais militares aos protestos e à reação de Bolsonaro caso haja violência ou ataques ao Congresso ou Supremo.
Todo o efetivo de segurança do STF vai estar presente, como costuma ocorrer quando há protestos na Esplanada dos Ministérios. Mas dessa vez houve intensa interlocução com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para garantir reforço das forças de segurança do DF, como PM, Detran e Polícia Civil.
Segundo fontes do Supremo, os ministros vão observar atentamente a prevalência e força, durante os protestos, de mensagens antidemocráticas, como cartazes e gritos de ordem em defesa do fechamento do STF e do Congresso.
A quantidade de pessoas nas ruas também servirá como termômetro para eles avaliarem os reais riscos de tentativas futuras de quebra democrática.
7 de setembro: ministros do STF estarão atentos à reação de Bolsonaro caso haja violência ou ataques ao Congresso ou Supremo
Em pronunciamento nesta quinta, na retomada do julgamento sobre o marco temporal das terras indígenas, o presidente do STF defendeu "respeito à integridade das instituições democráticas e seus membros" durante as manifestações.
"Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas. Por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças", disse.
Revista e manifestantes longe da Praça dos Três Poderes
Para tentar mitigar riscos de manifestantes tentarem invadir o Congresso e o Supremo, ou até jogar bombas caseiras nos edifícios, o Governo do DF decidiu restringir os atos à Esplanada dos Ministérios.
Isso significa que os manifestantes não poderão "descer" a avenida em direção à Praça dos Três Poderes, onde ficam Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
A decisão foi vista por integrantes do Congresso e do STF como indicativo de que existe, na Secretaria de Segurança do DF, a expectativa de manifestantes tentarem depredar os prédios públicos.
Em Brasília, há temor de que manifestações no 7 de setembro cheguem à depredação de prédios públicos
Segundo o governo do DF, pelo menos 13 grupos pró-bolsonaro e três de esquerda devem promover manifestações no dia 7 de setembro.
Além de bloquear a passagem para a Praça dos Três Poderes, as forças de segurança vão fazer revistas para tentar interceptar armas brancas, armas de fogo, bombas caseiras, garrafas de vidro e outros objetos que possam ameaçar a segurança.
Nas comunicações com a equipe de segurança do Supremo e do Congresso, o governo do DF tem tentado tranquilizá-los sobre temores de que a própria PM em operação no dia possa agir com menos comprometimento no controle dos protestos.
À BBC News Brasil, a Polícia Militar do Distrito Federal informou que "as ações da PMDF são pautadas na observância dos direitos humanos e nos princípios constitucionais" e que vai atuar "para garantir a segurança dos manifestantes e a integridade do patrimônio público ou privado''.
Pela legislação brasileira, nenhum policial da ativa pode participar de atos políticos com símbolos que remetam às instituições onde eles atuam. Só podem participar de manifestações se estiverem à paisana, como cidadãos comuns, desarmados.
Se descumprirem essa regra, podem ser enquadrados no Código Penal Militar pelos crimes de motim ou revolta (quando há dois ou mais envolvidos). E as penas podem chegar a 20 anos de prisão em regime fechado.
Mas há expectativa de que número significativo de policiais da reserva ou de folga no dia compareçam aos protestos.
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
Supremo Tribunal Federal avalia caso histórico sobre direitos à terra indígena
Indígenas participam de um protesto no dia do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal sobre um caso histórico sobre direitos à terra indígena em Brasília, Brasil, 1º de setembro de 2021. REUTERS / Adriano Machado
Por Ricardo Brito
Uma mulher indígena segura um cartaz com os dizeres "Terra, vida, justiça, demarcação" durante um protesto no dia do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal sobre um caso histórico sobre direitos à terra indígena em Brasília, Brasil, 1º de setembro de 2021. REUTERS / Adriano Machado
Indígenas assistem em uma tela no Supremo Tribunal Federal do Brasil sobre um caso histórico sobre os direitos à terra indígena em uma tela em Brasília, Brasil, 1º de setembro de 2021. REUTERS / Adriano Machado
BRASÍLIA, 1 de setembro (Reuters) - A Suprema Corte do Brasil ouviu na quarta-feira argumentos a favor e contra uma data limite para reivindicações de terras que os indígenas consideram vitais para sua sobrevivência, enquanto o governo defendia a segurança jurídica para os agricultores da casa de força agrícola.
O tribunal principal avaliou se um governo estadual aplicou uma interpretação excessivamente restrita dos direitos indígenas ao reconhecer apenas as terras tribais ocupadas por comunidades nativas na época em que a constituição do Brasil foi ratificada em 1988.
O caso deve se arrastar por dias e abrir um precedente que afetaria centenas de reivindicações de terras nativas .
Os indígenas dançaram e cantaram do lado de fora do tribunal enquanto assistiam ansiosamente ao processo em uma tela externa.
O advogado da maior tutela indígena da APIB, Luiz Eloy Amado, do povo Terena, disse que a regra era inconstitucional porque não havia prazo na Constituição de 1988, que garantia o direito às terras ancestrais.
“A questão da terra é fundamental para os indígenas do Brasil”, disse Amado à corte. Acrescentou que cerca de 800 reclamações, um quarto das quais estão na fase final de reconhecimento, estariam paralisadas se o prazo de 1988 não fosse rejeitado pelo tribunal.
Terras indígenas protegidas oferecem um baluarte contra o desmatamento na Amazônia. Uma derrota no tribunal para os povos indígenas abriria um precedente para a reversão dos direitos nativos que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro tem buscado com o apoio de poderosos interesses agrícolas.
O procurador-geral do governo, Bruno Bianco, argumentou que o prazo deu segurança jurídica aos fazendeiros, muitos dos quais viveram por décadas em terras antes habitadas por indígenas que foram expulsos pela chegada de colonos europeus.
Bianco disse que a questão foi decidida melhor pelo Congresso, onde um projeto de lei estabelecendo o prazo de 1988 como lei foi aprovado em um comitê da câmara baixa. Ele disse que o tribunal deveria adiar a decisão até depois que os legisladores aprovarem o projeto, uma estratégia apoiada pelo poderoso lobby agrícola do Brasil.
A corte foi suspensa até quinta-feira, quando 18 oradores comparecerão antes que os ministros comecem a discutir o assunto.
Reportagem de Ricardo Brito, escrita de Anthony Boadle; Edição de Sandra Maler
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Sessão Bossa Nova no Historia News21 Apresentando a grande Diva do improviso Leni Andrade (É SHOW - LENY ANDRADE & ZÉ LUIZ MAZZIOTTI)
Bolsonaro receber tanques em Brasília é ameaça de golpe e terá efeito desastroso, dizem ex-ministros da Defesa
Bolsonaro receber tanques em Brasília é ameaça de golpe e terá efeito desastroso, dizem ex-ministros da Defesa
Leticia Mori e Caio Quero
Da BBC News Brasil em São Paulo
Com popularidade em queda, Jair Bolsonaro tem aparecido atrás de Lula em pesquisas de intenção de voto
Em um momento de crise entre os três Poderes, o plano do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de participar de um desfile com veículos blindados das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios é um movimento extremamente grave e deveria ter uma reação dos setores democráticos, segundo ex-ministros da Defesa ouvidos pela BBC News Brasil.
O desfile deve acontecer nesta terça (10/08), mesmo dia em que a Câmara dos Deputados vota, às 16h, a PEC sobre o voto impresso, pela qual Bolsonaro tem feito campanha.
Segundo a Marinha, os veículos blindados - incluindo tanques de guerra e lança-mísseis - vão desfilar pela Esplanada dos Ministérios nesta terça e estacionar em frente ao Palácio do Planalto.
Lá, Bolsonaro vai receber um convite para obeservar a Operação Formosa, um treinamento militar da Marinha com 2,5 mil militares que será realizado na semana que vem.
Para ex-ministros da Defesa ouvidos pela BBC News Brasil a entrega do convite com presença de tanques é uma tentativa de demonstração de força do presidente.
'Ameaça de golpe'
O diplomata e ex-ministro da Defesa Celso Amorim classificou o plano como "um absurdo total" e uma "ameaça de golpe".
"Para entregar um convite o comandante da Marinha pega o elevador (no Palácio do Planalto) e entrega no 3º andar, acompanhado pelo ministro da Defesa. Não precisa de blindado, nada disso", afirma o ex-ministro, que liderou a pasta da Defesa entre 2011 e 2015, sob o governo da então presidente Dilma Rousseff.
"Em um momento em que o presidente sofre pressões e tem constantemente falado coisas antidemocráticas, a notícia de que ele vai participar de um evento com tanques de guerra na rua é um absurdo total", afirma Amorim.
"Como comparação, no direito internacional uma demonstração de força já é considerada um ato de guerra", diz Amorim.
Bolsonaro participar de um ato com tanques em Brasília em um momento de crise, diz Amorim, é uma movimentação extremamente grave.
"No momento em que vivemos, os gestos teriam que ser todos medidos para não escalar a crise, mas Bolsonaro faz o contrário, faz uma 'demonstração de força' com tanques na rua. Não permite outra leitura que não uma ameaça de golpe. É lamentável", diz o ex-ministro.
Amorim diz que espera que o evento não influencie na votação da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados.
"Espero que a Câmara reaja, não aprovando a proposta. Mas eu fico muito preocupado. Não é fácil os deputados se comportarem de maneira autônoma com tanques do lado de fora", afirma.
Falta de reação
Para o ex-ministro, um evento como o desta terça não significa necessariamente que Bolsonaro tenha maioria entre os militares para um eventual golpe, mas basta que os que não concordam não reajam para que um golpe se concretize.
Ex-ministro da Defesa, Celso Amorim classifica desfile como 'absurdo total' e 'ameaça de golpe'
"Basta que as milícias e a polícias se mobilizem para um golpe e o Exército e a Marinha não façam nada. Pode ser que ele não tenha maioria, mas se a maioria não fizer nada... ", afirma Amorim. "Tenho citado muito aquela frase de Edmund Burke: 'para que o mal prevaleça, basta que os homens de bem não façam nada'."
O diplomata afirma ainda que o evento desta terça se torna ainda mais grave diante do fato de que Clubes Militares fizeram manifestações a favor do voto impresso em 2022.
"Os clubes podem pensar o que quiserem, mas era preciso uma manifestação das Forças Armadas, dizendo que militar não tem que se posicionar sobre esse tipo de coisa", afirma.
"Bolsonaro trata os outros poderes como inimigos e as Forças Armadas como um monarca absoluto, ele fala 'meu exército', e (ao não responder) eles estão aceitando esse tratamento", diz Amorim. "Justo as nossas Forças Armadas, que sempre procuraram dizer que são instituições de Estado, agora não estão falando isso."
Efeito desastroso
Ministro da Defesa durante o governo de Michel Temer, Raul Jungmann afirma que o efeito do desfile de blindados será "desastroso", embora não acredite que ele vá interferir na votação da PEC do voto impresso na Câmara.
"O efeito é desastroso, porque se dá em um momento em que o presidente da República vem constrangendo e ameaçando os outros Poderes, particularmente o Supremo Tribunal Federal. Isso vai ser lido tanto internamente quanto externamente como uma demonstração de força", diz Jungmann, que, no entanto, diz que tal demonstração será "inócua".
"Não terá efeito prático nenhum, muito pelo contrário, na votação (da PEC do voto impresso). É inadequado, uma demonstração de força inócua, vazia e que só vai piorar a nossa imagem externamente e agravar as tensões internamente", diz.
Para Jungmann, com o desfile, Bolsonaro quer "criar a ilusão" de que tem as Forças Armadas do seu lado. "(Mas) as Forças Armadas estão do lado da Constituição e de forma alguma estão disponíveis a alguma aventura autoritária ou antidemocrática", avalia.
O ex-ministro ressalta que a Operação Formosa, evento para o qual o presidente será convidado durante o desfile desta terça, é um treinamento que ocorre há bastante tempo, mas sempre de forma fechada ao público.
Jungmann diz que o envio de blindados para levar "um simples convite" ao presidente vai acabar voltando mais atenção ao próprio exercício militar, que tem início no dia 16 de agosto.
'Besteirol'
Já o ex-ministro da Defesa Jaques Wagner (que ocupou o cargo em 2015 durante o governo Dilma) afirma que a participação de Bolsonaro em um ato com tanques é uma tentativa de controlar o noticiário.
"Acho que a imprensa deveria dar menos importância ao besteirol que esse senhor promove para se manter no noticiário", afirmou Wagner, em nota.
"É ridículo o que ele está fazendo. Deveria virar chacota. Na minha opinião, é melhor ignorá-lo", disse o ex-ministro.