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sábado, 24 de julho de 2021

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Manifestação contra Jair Bolsonaro fecha Avenida Paulista, em SP, neste sábado


 Manifestação contra Jair Bolsonaro fecha Avenida Paulista, em SP, neste sábado

Esta é a quinta vez no ano em que há um dia de protestos pelo país contra o governo Bolsonaro. Além da capital, foram registrados atos em pelo menos 120 cidades de todos estados. Protesto na capital paulista foi pacífico, mas grupo entrou em confronto com policiais na dispersão.

Por G1 SP e TV Globo — São Paulo


24/07/2021 


Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, na tarde deste sábado (24), na Avenida Paulista em São Paulo (SP) — Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO


Manifestantes realizaram neste sábado (24) um ato contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido) na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo.


O protesto ocorreu de maneira pacífica, mas houve confusão na Rua da Consolação, onde um grupo depredou agências bancárias, e a polícia utilizou bombas de efeito moral (leia mais abaixo).


No geral, os manifestantes pediram a saída de Bolsonaro e de seu vice, General Mourão, e a intensificação da campanha de vacinação contra o coronavírus.


A concentração começou por volta das 14 horas deste sábado, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A via foi completamente fechada para o trânsito de veículos por volta das 15 horas. Todos os 15 quarteirões da Avenida Paulista foram fechados para carros, e manifestantes se espalharam em vários pontos da avenida.


Manifestantes fazem atos contra Bolsonaro e a favor da vacina

Além do quarteirão do Masp, outros pontos de maior concentração de manifestantes ocorreram na altura do prédio da Fiesp e em frente ao Conjunto Nacional.



Por volta das 17h, o ato começou a se movimentar em direção à Rua da Consolação. A partir das 18h a CET liberou a circulação na Avenida Paulista.


Além de cartazes críticos ao presidente, o protesto teve ainda diversas bandeiras do Brasil e placas em defesa da Amazônia e contra a privatização dos correios.


A maior parte dos presentes manteve o distanciamento social, mas alguns trechos tiveram maior concentração de manifestantes. A maioria usava máscara como medida de proteção contra o coronavírus.


Os manifestantes levaram cartazes com dizeres como "Vamos celebrar a vida: viva a vacina e #ForaBolsonaro", "Amazônia em pé, abaixo Bolsonaro", "Correios ficam, Bolsonaro sai".


O ato também teve grandes faixas com as cores vermelha e preta com os dizeres “Fora Bolsonaro”, além de uma longa bandeira verde e amarela. Carros de som se posicionaram ao longo da Paulista, sendo o principal em frente ao Masp.

Segundo a SPTrans, 44 linhas de ônibus que passam pela Avenida Paulista tiveram seus itinerários alterados por conta da manifestação. As linhas que seguem sentido Consolação foram desviadas para a Rua São Carlos do Pinhal. Já no sentido Paraíso o desvio é pela Alameda Santos.


Organização e discursos


A “Campanha Fora Bolsonaro” é uma inciativa da Frente Povo Sem Medo, da Frente Brasil Popular, de todos os partidos de esquerda, das centrais sindicais, do movimento negro, de entidades de estudantes, movimentos sem-teto, lideranças indígenas, ONGs e outros movimentos populares, todos eles signatários do 'superpedido' de impeachment.


No ato também compareceram representantes do PT, PSDB, PDT, PcdoB, PSTU, PSOL, PCB e PCO.


Políticos de diversos partidos estiveram no protesto. O vereador Eduardo Suplicy (PT) declarou que quer fazer parte do movimento contra Bolsonaro nas eleições de 2022.


"Acabei de estar com o Boulos e com o Haddad e queremos estar junto com vocês no ano que vem. Tanto no estado quanto no governo federal estaremos unidos no Fora Bolsonaro", declarou.


Já o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) afirmou que, entre as pautas que o ato levantou, está a defesa do auxílio emergencial.


"Nós estamos defendendo também a vacinação já para todo o povo brasileiro, renda emergencial de no mínimo R$ 600, isso é fundamental. Essas são as principais reivindicações, junto com a defesa da democracia", disse.

Em um carro de som em frente ao Masp, políticos como Orlando Silva (PC do B), Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT) discursaram à multidão.



Em seu pronunciamento, Haddad declarou que a população vai protestar nas ruas até a saída do presidente e que, com o avanço da vacinação, os jovens devem participar cada vez mais dos atos.


"Hoje nós temos 8 milhões de universitários neste país, de todas as cores e todas as orientações. O Brasil tá representado e temos uma massa crítica que não vai abrir mão da democracia e de seus direitos sociais, civis, políticos, e da sua liberdade", disse Haddad.


"O Bolsonaro não perde por esperar", completou.


Já o político Guilherme Boulos falou sobre a possibilidade de não haver eleições em 2022, citada por integrantes do governo Bolsonaro em meio à discussão sobre a urna eletrônica.


"Vou dizer uma coisa aqui para o presidente Bolsonaro: vai ter eleição em 2022. E mais do que isso: nós vamos trabalhar para que, antes da eleição, tenha impeachment. Nós vamos trabalhar para que, em 2022, Bolsonaro não esteja na urna", disse Boulos.

Em ato contra o presidente Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos (PSOL) discursa em carro de som na Avenida Paulista neste sábado (24) — Foto: Marina Pinhoni/G1

Em ato contra o presidente Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos (PSOL) discursa em carro de som na Avenida Paulista neste sábado (24) — Foto: Marina Pinhoni/G1


Frente ampla

Além do carro de som principal, localizado na frente do Masp, outros veículos espalhados pela Avenida Paulista reuniram manifestantes para acompanhar discursos de lideranças políticas.


Na altura do Conjunto Nacional, um carro de som teve representantes de PC do B, PSDB e Rede Sustentabilidade, além de lideranças da UNE.


No microfone, uma liderança do PSDB discursou citando a chamada frente ampla de partidos contra o presidente Jair Bolsonaro.


"Ô Bolsonaro, seu fascistinha, a Frente Ampla vai colocar você na linha", disse.


A representante do PSDB declarou ainda que gostaria de convocar todos as religiões para os atos, com destaque para os evangélicos.


Em outro ponto da Avenida Paulista, um pequeno grupo de evangélicos protestou contra o governo Bolsonaro, citando um versículo da Bíblia que diz "ele veio para matar, roubar e destruir".

Confusão no fim do ato

Tumulto é registrado no fim do ato contra Bolsonaro em São Paulo


Por volta das 18 horas, quando o ato chegava ao final, um grupo depredou e incendiou uma agência bancária na Rua da Consolação. O grupo quebrou as vidraças de uma agência do Banco Itaú na altura do Cemitério da Consolação.


A polícia reprimiu, usando cassetes e bombas de efeito moral, e houve confusão no local. Pelo menos duas pessoas foram detidas.


Segundo a polícia, um grupo tentou retirar tapumes que protegiam as vidraças de uma concessionária de veículos na Rua da Consolação. Outros jogaram pedras contra os policiais, que se protegeram usando escudos.


Houve correria, e alguns manifestantes se abrigaram no Posto de Bombeiros da Consolação para fugir do gás.


Em nota, a Polícia Militar disse que foram mobilizados cerca de 800 policiais, com apoio de 119 viaturas e quatro drones.


Seis pessoas portando objetos como soco inglês e fogos de artifício foram detidas e encaminhadas ao 78º DP.


Ainda segundo a polícia, durante a passagem dos manifestantes pela rua da Consolação foram registradas "depredações em uma agência bancária, em um ponto de ônibus, além do lançamento de objetos contra a tropa". Não houve registro de feridos.


A estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela, ficou fechada das 18h31 e 18h40, por conta da confusão no local, segundo a concessionária ViaQuatro.


Atos pelo país

Os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e em defesa da vacinação contra Covid-19 ocorreram em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal neste sábado.


Na Grande São Paulo, além da manifestação na Avenida Paulista, houve registro de ato em São Bernardo do Campo, Mairiporã, Suzano e Itaquaquecetuba.


As manifestações na Grande São Paulo foram pacíficas e a maior parte dos manifestantes usou máscara e manteve o distanciamento social devido à pandemia.


Histórico de protestos

Esta é a quinta vez no ano em que há um dia de protestos pelo país contra o governo Bolsonaro.


Em 23 de janeiro, diversas cidades tiveram carreatas a favor da vacinação e contra o presidente.


Em 29 de maio, todos os estados e o Distrito Federal registram manifestações contra governo Bolsonaro.


No dia 19 de junho, dia em que o Brasil bateu a triste marca de 500 mil mortos por Covid-19, protestos ocorreram em Brasília e mais 25 capitais.


Já no último dia 3 de julho, foram verificados atos em ao menos 120 cidades brasileiras e em dezenas de capitais europeias. No geral, os manifestantes pediam mais vacina, o impeachment de Bolsonaro e volta do auxílio emergencial de R$ 600.


quarta-feira, 21 de julho de 2021

As revelações sobre Nero que desafiam fama de imperador tirano e cruel


 As revelações sobre Nero que desafiam fama de imperador tirano e cruel

Fernanda Paúl

BBC News Mundo


Nero foi o quinto imperador romano — ele assumiu o poder aos 16 anos e governou por quase 14 anos


Tirano, cruel e assassino.


Estas são algumas das características que os historiadores atribuíram a Nero — o imperador de Roma a partir do ano 54 d.C. — por quase dois mil anos.


Segundo vários cronistas, o jovem líder romano mandou assassinar a mãe, Agripina, a Jovem, e suas duas esposas: Cláudia Otávia e Popeia Sabina.


Agripina: quem foi a mulher mais poderosa do Império Romano

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Além disso, ele foi acusado de iniciar o Grande Incêndio de Roma, que devastou grande parte da cidade por nove dias; é lembrado como um ferrenho perseguidor dos cristãos; e seu nome passou a ser sinônimo de degeneração por suas supostas aventuras sexuais, extravagâncias e excessos.

Também dizem que ele era arbitrário, petulante e buscava constantemente atenção.

No entanto, tudo isso pode ser um exagero ou, simplesmente, invenção. Estudos recentes sugerem que Nero, na realidade, não era tão ruim quanto se acreditava.

Esse lado muito menos conhecido do imperador é revelado em uma nova exposição no British Museum, em Londres, chamada Nero, the man behind the myth ("Nero, o homem por trás do mito", em tradução literal), que desafia sua reputação grotesca.


Coliseu

Em seu apogeu, o Império Romano se estendia da Península Ibérica até o norte da África e a Mesopotâmia


"Ele teve o azar de ser o último imperador da dinastia romana júlio-claudiana. Então, quando ele morreu, houve um período de guerra civil e caos, e depois disso, uma nova dinastia chegou ao poder. E todas as histórias sobre Nero foram escritas sob essa nova dinastia, que teve que se legitimar e representar o período anterior da pior forma possível", conta Francesca Bologna, a curadora da mostra, à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.


"Por isso não temos uma visão objetiva dele. É incrível pensar em como se escreve a história e em como se manipula para passar algumas mensagens", completa.


A seguir, a BBC News Mund apresenta sete coisas que talvez você não saiba sobre ele e que, de uma forma ou de outra, levantam a questão: era Nero realmente um imperador tirano, cruel e assassino?


1. Um imperador popular

Nero tinha apenas 16 anos quando assumiu como quinto imperador de Roma.

Ele chegou ao poder em meio a um forte clamor popular por mudanças e grandes expectativas: acreditava-se que com ele começaria uma nova era de ouro.

Apesar de sua inexperiência, esse líder jovem e enérgico adotou políticas que o tornaram popular.

Medidas administrativas abrangentes, incluindo reformas fiscais e monetárias, assim como grandes projetos de construção, estiveram entre suas realizações mais reconhecidas.

Ele também melhorou o sistema de abastecimento de alimentos em Roma e distribuiu moedas ao povo. Tudo isso fez com que as pessoas acreditassem que o imperador se preocupava com suas necessidades.

Segundo a exposição do British Museum, sua imagem era tão positiva que imitavam até seu visual: seu corte de cabelo virou moda, e seu rosto foi gravado por meio de grafites em diferentes áreas do Império.


Nero

O corte de cabelo de Nero virou moda na época, de acordo com a exposição do British Museum


"As evidências sugerem que Nero era adorado pelo povo e contrastam com a imagem pintada por escritores antigos hostis após sua morte", diz a mostra.


Mas, apesar da adoração do povo, muitas de suas políticas irritavam a elite e os mais ricos. E isso explica, em parte, por que adquiriu uma reputação tão ruim.


"Essa é provavelmente uma das razões pelas quais temos uma imagem tão negativa dele, porque a elite é quem escreveu os livros de história", afirma Bologna.


De fato, a maior parte do que foi transmitido sobre Nero vem de três historiadores: Tácito, Cassius Dio e Suetônio, todos membros das mais altas esferas políticas e oponentes claros de seu governo.


2. Um artista equivocado?

Nero se tornou o primeiro imperador a se apresentar publicamente no palco.


Quando criança, ele teve aula de música e adorava corridas de bigas, um dos esportes mais populares na Grécia e na Roma antiga. Também era apaixonado pelas lutas de gladiadores.


Assim, a organização de espetáculos e o oferecimento de entretenimento de todos os tipos para o povo era um elemento muito importante de seu império.


Luta de gladiadores

Nero era apaixonado por espetáculos, incluindo a luta de gladiadores

Isso, sem dúvida, aumentou sua popularidade e, segundo a exposição do British Museum, provavelmente o ajudou a ganhar apoio para sua causa política.


Mas, mais uma vez, este lado artístico também lhe rendeu duras críticas, sobretudo dentro do Senado e entre a elite.


Mais tarde, após sua morte, a ideia de que Nero era um "artista equivocado" permaneceria.


3. Uma relação complexa com a mãe

De acordo com a exposição do British Museum, durante os primeiros anos de Nero no poder, Agripina — uma mulher com habilidades políticas notáveis — desempenhou um papel importante, influenciando fortemente na tomada de decisões e agindo quase como cogovernadora.


Mais tarde, isso gerou uma tensão com seu filho, que quis se livrar dela.


É que em uma sociedade marcadamente patriarcal, o poder de uma mulher não era bem visto. O político e historiador Tácito, de fato, desdenhou de Nero por ser "governado por uma mulher". E eles foram até acusados de "incesto".


A evolução da relação entre Nero e Agripina é bem ilustrada em três moedas de ouro emitidas na época: pouco depois de Nero se tornar imperador, uma moeda retratava ele com a mãe de perfil, nariz com nariz.


Um ano depois, uma segunda moeda foi cunhada representando ele e sua mãe em paralelo.


Finalmente, Agripina desaparece completamente em uma terceira moeda.



Por volta do ano 59 d.C., Agripina — já retirada do palácio— morreu, e Nero foi apontado como responsável. O imperador justificou a morte da mãe garantindo que ela planejava assassiná-lo.


"Ele estava definitivamente envolvido na morte da mãe, isso é certo. Mas nunca saberemos qual foi o verdadeiro motivo de sua morte. É muito provável que tenha havido um elemento político por trás; dizem que Agripina estava tentando conspirar contra Nero. É verdade? Possivelmente, mas não sabemos ao certo", diz Bologna.


A primeira esposa de Nero, Cláudia Otávia, também foi crucial em sua ascensão ao poder. Mas o amor durou apenas alguns anos: por volta de 62 d.C, ela — que era muito popular na cidade — foi executada após ser banida. Reza a lenda que Nero a acusou de adultério, o que foi questionado na época.


Finalmente, o imperador se casou com Popeia Sabina, que engravidou de uma menina, mas ambas morreram antes dela dar à luz. Nero, mais uma vez, foi apontado como culpado.


"Que Nero também tenha assassinado sua segunda esposa parece extremamente improvável. A história, que diz que ele chutou a barriga dela, parece muito falsa", avalia Bologna.


4. Ele realmente causou o Grande Incêndio de Roma?

Talvez um dos mitos mais importantes da história de Nero tenha a ver com o Grande Incêndio de Roma, em julho de 64 d.C., três meses antes de ele completar 10 anos no poder.

Reza a lenda que Nero supostamente tocava violino enquanto Roma pegava fogo


Os incêndios eram comuns, mas este teve uma dimensão sem precedentes: durante nove dias as chamas consumiram ferozmente tudo que estava em seu caminho, de um lado a outro da cidade. A alta densidade populacional e a precariedade das moradias fizeram desta uma catástrofe perfeita.


Os detratores de Nero garantiram que sua responsabilidade pela tragédia fosse estampada nos livros de história, consolidando sua má reputação.


Não apenas foi dito que foi ele quem começou o incêndio, como também que ele "tocava violino enquanto Roma queimava".


Os historiadores Tácito, Cassius Dio e Suetônio escreveram vividamente sobre o caos e a destruição.


No entanto, pesquisadores modernos afirmam que essas acusações são evidentemente absurdas e que, na verdade, os violinos não foram inventados até o século 16.


"Nero nem sequer estava em Roma naquele momento, e correu para a cidade quando soube do incêndio. Por que você colocaria fogo na sua própria capital? Não faz sentido", diz Bologna.


Por sua vez, o próprio Nero, para apaziguar as acusações contra ele, culpou os cristãos pelo incêndio, que foram executados em massa. Esta decisão o levou a entrar para a história como um dos maiores e mais ferrenhos perseguidores de cristãos da história.


Mas, mesmo neste ponto, há controvérsias sobre o papel que Nero desempenhou, e alguns historiadores afirmam que exageraram sobre seu papel na execução.


"Isso, é claro, cimentou a percepção negativa em relação a ele", observa a curadora da mostra do British Museum.


5. Promotor de grandes projetos

Depois que o incêndio destruiu completamente três distritos de Roma e deixou outros sete em ruínas, Nero teve que reconstruir a cidade e fez isso por meio de um plano ambicioso.


De acordo com a exposição do British Museum, a restauração da cidade foi bem recebida por seu potencial de "embelezar" a capital do império.


Uma das obras mais importantes foi a Domus Aurea (Casa Dourada), um grandioso palácio que ocupava cerca de 50 hectares. Incrustações de ouro, pedras preciosas e marfim foram incluídas em seu design, que representava o espaço adequado para o poderoso imperador.


Domus Aurea

O que resta da Domus Aurea é hoje uma atração turística


Com sua arquitetura inovadora e decoração luxuosa, a nova residência imperial inspirou outras mansões e vilas aristocráticas onde foram erguidas construções para o passatempo dos romanos.


A Domus Aurea não foi concluída antes da morte de Nero e foi amplamente criticada por seus oponentes políticos, que questionavam seu gosto pelo luxo e extravagância.


Mas, muito além desta obra imperial, Nero estava particularmente interessado em projetos de engenharia moderna e arquitetura inovadora. Ele construiu anfiteatros, mercados de comida, casas novas para as pessoas afetadas pelo incêndio e até termas públicas.


Muitas de suas obras, no entanto, foram destruídas mais tarde. Para Francesca Bologna, se isso não tivesse acontecido, seriam seu grande legado.


"Depois de Augusto, ninguém mudou Roma tanto quanto Nero. Ele fez construções realmente incríveis, mas infelizmente elas só ficaram consagradas em moedas ou descrições", diz.


6. Guerra e diplomacia

Nero herdou um império em um período de crescente tensão com seus rivais.


E para alguns historiadores, a maneira como ele lidou com esses conflitos é um de seus grandes legados.


Na exposição no British Museum, é dito que ele reagiu misturando a força militar com a diplomacia, ao mesmo tempo que projetava uma imagem de um líder forte protetor do Império.


Um bom exemplo é o que aconteceu com o Império Parta e o controle da Armênia. Após anos de conflito armado, Nero acabou resolvendo o problema diplomaticamente: concedeu ao príncipe parta Tirídates a possibilidade de governar a Armênia, mas apenas se ele fosse coroado por um imperador romano.


E assim aconteceu: no ano 66 d.C. Nero o coroou rei da Armênia em uma cerimônia incrivelmente bem-sucedida que manteve a paz por muitos anos entre Roma e Pártia (região histórica no nordeste do atual Irã).


"Ele assumiu em um momento de tensão dentro do Império Romano, havia muito conflito, e ele teve que lidar com tudo isso. E fez isso, encontrou soluções diplomáticas, e é por isso que a diplomacia ao invés da guerra é um de seus legados", diz Bologna.


No entanto, uma versão diferente começou a circular após sua morte: o historiador Suetônio disse que a atitude de Nero foi, em última análise, uma "humilhação" para os romanos.


Mas, de acordo com pesquisas do British Museum, o imperador correspondeu às expectativas de seu povo no que se refere a assuntos militares.


7. Sua morte e o aparecimento de 'falsos' Neros

Para entender quem foi Nero, é preciso considerar como ele morreu.


Apesar de sua popularidade, a elite nunca o suportou e se sentia constantemente ameaçada por suas políticas.


As conspirações contra ele aumentaram ao longo dos anos, e finalmente o Senado o declarou como inimigo do Estado.


"No final, ele não teve outra escolha a não ser acabar com sua vida", diz a exposição do British Museum.


E foi assim que em 68 d.C, aos 30 anos, Nero morreu, encerrando a dinastia júlio-claudiana. Sua popularidade continuou após sua morte, alimentando profecias que diziam que ele voltaria. Vários "falsos" Neros apareceram e ganharam apoio entre o povo.


A exposição em Londres termina com uma pergunta: agora que você sabe mais sobre Nero, acha que ele foi um bom imperador?


Possivelmente, não há uma resposta correta. Mas o que está claro é que seu legado é muito mais complexo do que simplesmente dizer que ele foi um imperador "tirano, cruel e assassino".


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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Com 77 anos de história, Teatro Paulo Freire está em ruínas no Paulista



Sem teto, parte interna do Teatro foi tomada pela vegetação (Foto: Vinícius Coutinho/Divulgação)


Com 77 anos de história, Teatro Paulo Freire está em ruínas no Paulista

Por: Emannuel Bento

Publicado em: 18/07/2021 

https://www.diariodepernambuco.com.br/


No ano em que o Brasil comemora o centenário do pernambucano Paulo Freire, um teatro com o nome do educador, localizado no Centro do Paulista, no Grande Recife, encontra-se num estado de total abandono. O Teatro Paulo Freire é o único equipamento cultural público da cidade, com capacidade para 400 pessoas. Foi fundado em 1944 e tem um passado glorioso, mas está fechado desde 2008 e tornou-se uma espécie de mártir para a classe artística do município, que vem protestando pela reabertura.


Quem passa na Avenida Floriano Peixoto sequer repara que ali existe um teatro. Não há mais letreiro, a coloração azul das paredes embranqueceu e o teto caiu. Em 28 de maio deste ano, ativistas aproveitaram os 77 anos do espaço para realizar um ato por reforma e conseguiram acessar o prédio. Fizeram registros internos que reforçam o caráter do abandono: a vegetação já invadiu toda a área, até mesmo o palco que tanto divertiu os paulistenses no passado.


Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Paulista, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Juventude e Esportes, disse que a atual gestão "apresentou em audiência pública a ideia de um projeto que integra o teatro, o cinema, a música, o artesanato e a arte em geral para a revitalização do Cine Teatro Paulo Freire e sua ampliação estrutural. A ideia, porém, ainda está em discussão com a classe artística". Trata-se do Centro Cultural Ariano Suassuna, com uma área de 2.000 m2 e visto com ceticismo.



A inauguração do Cine-Teatro Municipal (primeiro nome do espaço) foi realizada pelo prefeito Capitão José Primo de Oliveira com a presença do interventor Agamenon Magalhães, mão de ferro da Era Vargas em Pernambuco, em 1944. A aposentada Bernadete Serpa Lopes tinha 7 anos na inauguração. "Fui aluna da primeira turma do Grupo Escolar Dantas Barreto, que ficava ao lado do cine-teatro, e participei de muitos eventos. Existia uma cena teatral muito forte, quase nunca ficava sem peças em cartaz. Com o tempo, isso mudou, pois o poder público não correspondeu. Até que chegou nesse ponto de calamidade".


Até os anos 1960, o estado tinha mais de 100 cinemas de rua (sendo 28 no Recife). Com a popularização da televisão, muitos cinemas de subúrbio passaram a fechar, e o Cine-teatro Municipal também passou por dificuldades. Ele foi alugado para iniciativa privada e chegou a ter a sua fase de cinema pornô, deixando de ser "cine" há mais de 30 anos. Ninguém sabe sequer informar o paradeiro dos equipamentos de projeção.


O espaço sobreviveu, porque não dependia só da sétima arte. O palco foi ocupado por grupos teatrais como Gente Nossa e Cênico Austro Costa, que encenaram textos conhecidos do teatro nacional, a exemplo de Onde estás felicidade?, de Luiz Iglésias. Quando completou 53 anos, em 1997, foi reinaugurado com o nome Teatro Municipal Paulo Freire, em homenagem ao grande educador, na gestão do prefeito Geraldo Pinho Alves. Essa atual fase de decadência começa na década seguinte. Em 2008, parte do forro acústico de fibra mineral (comprado em 2006 numa reforma orçada em R$ 200 mil) caiu sobre crianças de escolas particulares que assistiam a um espetáculo do projeto Escola Vai ao Teatro, capitaneado pelo ator Vinicius Coutinho. O equipamento foi interditado pela Defesa Civil.


ABANDONO


Apesar da esperança da classe artística, os episódios seguintes só trouxeram revezes. Em 2006, o então prefeito Yves Ribeiro (que voltou a vencer as eleições em 2020) negociou que cartórios do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco fossem instalados nos anexos do teatro. O contrato tem vigência de 20 anos, a partir de 1º setembro de 2011 - ou seja, só acabará em 2031. Em 2013, já na gestão de Júnior Matuto, artistas chegaram a realizar um protesto, mas a reforma para o TRE foi concluída.


"O teatro esteve razoável até 2003. Ariano Suassuna foi fazer uma aula-espetáculo em 2006, quando fizeram uma maquiagem. Daí surgiram muitos problemas estruturais, como infiltrações", relembra o ator Vinicius Coutinho, membro do Conselho de Cultura do Paulista. "Ele funcionava precariamente porque nós não tínhamos outro espaço para espetáculos. Não tinha uma boa iluminação, os atores que traziam os seus equipamentos. Nos anos anteriores ao fechamento, o movimento era fraco porque nunca tivemos apoio da Prefeitura, nem que fosse para a divulgação".


Em 2018, a Prefeitura do Paulista chegou a afirmar que realizaria um reforma com custo de R$ 270 mil e prazo para finalização em 180 dias. Também prometeram achar um novo local para o TRE. Em 2020, após um novo ato pela reforma, o então Secretário de Esportes e Cultura, Jorge Rocha, informou que o atraso da conclusão da obra se deu por problemas da empresa contratada. No entanto, as imagens registradas em maio de 2021 mostram que nada foi feito.


Confira a nota da Prefeitura do Paulista na íntegra:


A Prefeitura da Cidade do Paulista, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Juventude e Esportes, informa que o Centro Cultural Ariano Suassuna não será um apagamento do passado, pois a ideia é enaltecer a classe artística, apresentando uma melhor estrutura e deixando todos cientes que o CineTeatro Paulo Freire não é tombado. Com isso, o prédio pode, mediante engenharia, ter mudanças em sua estrutura, para garantir a segurança dos artistas e também da população, a exemplo das paredes e tetos do CineTeatro.


A gestão atual apresentou em audiência pública, a priori, a ideia de um projeto que integra o teatro, o cinema, a música, o artesanato e a arte em geral para a revitalização do CineTeatro Paulo Freire e sua ampliação estrutural. A ideia, porém, ainda está em discussão com a classe artística.

    

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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Mulheres políticas que vem se destacando no cenário da Pandemia no Brasil. ( A senadora Eliziane Gama)

 




Eliziane Gama

Eliziane Pereira Gama Melo (Monção, 27 de fevereiro de 1977) é uma jornalista e política brasileira filiada ao Cidadania. Em 2014 foi eleita deputada federal do Maranhão. Em 17 de abril de 2016 votou a favor do prosseguimento do processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff. No dia 25 de outubro de 2017 votou a favor da investigação contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. 



Biografia

Nasceu em Araguanã (na época parte do município de Monção, MA) no dia 27 de fevereiro de 1977. É a quinta filha do casal Domingos Newton Gama e Dalvina de Jesus Pereira. Na adolescência se mudou para a capital maranhense para cursar jornalismo e aos 17 anos ingressou na Universidade Federal do Maranhão.


Foi candidata pela primeira vez a um cargo político no ano de 2006, sendo eleita deputada estadual. Foi reeleita deputada estadual pelo PPS em 2010. Foi candidata à prefeitura de São Luís em 2012, não se elegendo. Em 2014 foi eleita deputada federal.


Carreira Política

Deputada Estadual

Candidata a um cargo político pela primeira vez no ano de 2006 conseguiu com êxito eleger-se deputada estadual aos 29 anos com mais 15 mil votos. Em 2010 dobrou a quantidade de votos e se reelegeu deputada estadual com 37 mil votos.


Na Assembleia Legislativa se destacou como defensora da causa da criança, adolescente, mulher, idoso e também dos direitos humanos. Ela também presidiu a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e esteve a frente de outras importantes comissões como a CPI de Combate a Pedofilia e Abuso Sexual Infantil, Comissão de Direitos da Mulher, Comissão de Infância, Juventude e Idoso e Comissão de Direitos Humanos e das Minorias. Foi relatora da CPI Euromar, que investigou os esquemas fraudulentos de um concessionária de veículos.


Como presidente da Comissão da Infância, conseguiu a capacitação dos conselheiros tutelares do Maranhão para cuidar com mais eficiência das crianças maranhenses.


No final de 2009, devido aos dados que colocaram o Estado do Maranhão como o terceiro do país com maior número de denúncias no Disque 100, Eliziane Gama presidiu a CPI de Combate a Pedofilia. Como presidente da CPI ouviu mais de cem depoimentos, dezenas de casos, e percorreu 12 cidades do interior do estado, o que resultou em vários encaminhamentos como abertura de processos e prisões durante as audiências da CPI.


Candidata à prefeitura de São Luís

Nas eleições de 2012 para a prefeitura de São Luís Eliziane Gama foi a única mulher que concorreu, ficando em terceiro lugar com mais de 70 mil votos. Candidatou-se novamente sem êxito nas eleições de 2016, ficando em quarto lugar com 31,5 mil votos.


Deputada Federal

Nas eleições de 2014 foi no Maranhão a única mulher eleita deputada federal, com 133.575 votos.


Em 2015 foi considerada uma das mais atuantes pelo Congresso Em Foco e foi a segunda parlamentar que menos gastou na Câmara dos Deputados.


No mesmo ano destacou-se como membro da CPI da Petrobras, coordenadora da Comissão Externa que acompanha o cancelamento das refinarias do Maranhão e Ceará, também é titular da Comissão de Segurança e Comissão do Consumidor. Também deu importantes contribuições na CPI do Sistema Carcerário e no Conselho de Ética.


Senado Federal

No dia 28 de julho de 2018, data da convenção Todos pelo Maranhão, foi homologada, como candidata ao Senado Federal, na chapa do atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). O deputado federal Pedro Fernandes (PTB) foi anunciado como seu primeiro suplente.


Em 7 de outubro de 2018, se elegeu senadora pelo Maranhão. Na eleição presidencial em 2018 apoiou Fernando Haddad à presidência da República.


No início do mandato foi escolhida líder da bancada do PPS na casa.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão. 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Já na CPI da Covid 19 ela se destaca com grandes questionamentos e  representa com algumas colegas senadoras a força feminina e possívelmente uma das poucas parlamentares  que vem lutando para quebrar as estruturas machistas em torno da  nossa política.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Políticos que se destacam no cenário da pandemia no Brasil ( Senador do Amazonas Omar Aziz )


 Omar Aziz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Omar José Abdel Aziz (Garça, 13 de agosto de 1958) é um engenheiro civil e político brasileiro. Foi o 46.º Governador do Amazonas, pelo qual, atualmente, é Senador. Filiado ao PSD, é seu líder no Senado Federal.


Membro de uma família de ascendência árabe e italiana, Omar já ocupou o cargo de vereador em Manaus e deputado estadual do Amazonas na década de 1990. É casado com Nejmi Aziz, com quem têm três filhos, Emjen, Enzo e Johara.


Trajetória política

Em 1996, após ter sido vereador e deputado estadual, foi eleito vice-prefeito de Manaus na chapa de Alfredo Nascimento. Em 2000, foram reeleitos, mas, em maio de 2002, Omar deixou o cargo para concorrer como vice da chapa de Eduardo Braga ao governo do Estado, pleito em que foram eleitos. Em 2006, foi reeleito com Braga.


Nas eleições de 2008, licenciado do cargo de vice-governador, Omar disputou o cargo de prefeito de Manaus pelo PMN , tendo conquistado a terceira colocação.  Em 2010, Braga renunciou ao governo para concorrer ao Senado, ocasião em que Aziz ascendeu ao governo. Nas eleições daquele ano, foi eleito governador no primeiro turno com cerca de 64% dos votos (mais de 940.000 votos) em disputa contra seu antigo aliado, o então senador Alfredo Nascimento (PR). Em 2011, foi um dos co-fundadores do Partido Social Democrático (PSD) e tem sido o líder do PSD no Senado Federal.


Em 4 de abril de 2014, renunciou ao Governo do Amazonas para disputar uma vaga no Senado Federal.  Com isso, o então vice-governador, José Melo de Oliveira, assumiu seu lugar. Ao final, com 58,51% dos votos válidos, venceu a disputa e conquistou seu mandato de Senador da República.


Em 2016, votou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff  e a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos. Em julho de 2017, votou a favor da reforma trabalhista.


Em outubro de 2017 votou a favor da manutenção do mandato do senador Aécio Neves derrubando decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no processo onde ele é acusado de corrupção e obstrução da justiça por solicitar dois milhões de reais ao empresário Joesley Batista.


Nas eleições de 2018, foi novamente candidato ao governo do estado do Amazonas, tendo o então deputado federal Arthur Virgílio Bisneto como candidato a vice. Entretanto, terminou a disputa no quarto lugar e com cerca de 8% dos votos.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão.


Em maio de 2021, foi eleito presidente da CPI da COVID-19. E tem feito um trabalho fantástico em torno dessa CPI

AO VIVO: CNN PRIME TIME - 13/07/2021

domingo, 11 de julho de 2021

Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”





 Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”

Redação

BBC News Mundo


Gritando "liberdade" e "abaixo a ditadura", centenas de cubanos saíram às ruas neste domingo (11/07) em vários locais de Cuba, em um dos maiores protestos na ilha nos últimos 60 anos.


À medida que os protestos se espalhavam, o presidente Miguel Díaz-Canel pediu aos apoiadores do governo que saíssem às ruas para "enfrentá-los".


"Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a tomarem as ruas e irem aos lugares onde essas provocações acontecerão", disse o presidente em uma mensagem transmitida em todas as redes de rádio e televisão da ilha na sequência dos protestos.


Por meio das redes sociais, dezenas de cubanos transmitiram ao vivo as manifestações que começaram na cidade de San Antonio de los Baños, a sudoeste de Havana, e se espalharam para outras cidades, de Santiago de Cuba, no leste, até Pinar del Río, no oeste.


Nas transmissões, um grande grupo de pessoas era visto gritando palavras de ordem contra o governo, contra o presidente Miguel Díaz-Canel e pedindo mudanças.


Segundo Selvia, uma das participantes em San Antonio de los Baños, o protesto foi organizado no sábado por meio das redes sociais para este domingo às 11h30 (horário local).


"Nos encontramos em frente à praça da igreja e seguimos em marcha pela Rua Real", disse ela por telefone à BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol.


"Isso é pela liberdade do povo, não podemos aguentar mais. Não temos medo. Queremos mudança, não queremos mais ditadura", disse.


O que diz o governo

A BBC News Mundo entrou em contato com o Centro Internacional de Imprensa, única instituição governamental autorizada a prestar declarações à imprensa estrangeira, para saber sua posição, mas não obteve resposta imediata.


Na transmissão pela televisão, Díaz-Canel disse que seu governo "está pronto para tudo e que estará nas ruas combatendo".


Quem é Miguel Díaz-Canel, 'discípulo predileto' de Raúl Castro que assume o poder em Cuba

"Sabemos que neste momento há uma massa revolucionária nas ruas fazendo frente a isso", disse ele.


Protesto em Cuba

Protestos tomaram as ruas de Cuba em diversas cidades neste domingo


"Não vamos admitir que nenhum contra-revolucionário, nenhum mercenário, nenhum vendido ao governo dos Estados Unidos, vendido ao império, recebendo dinheiro das agências, se deixando levar por todas as estratégias de subversão ideológica, desestabilize nosso país", adicionou.


"Haverá uma resposta revolucionária", disse ele, conclamando os "comunistas" a enfrentar os protestos com "determinação, firmeza e coragem".


O apelo do presidente cubano provocou questionamentos entre opositores e nas redes sociais da ilha, que apontaram que ele estava "convocando uma guerra civil".


Os protestos

Depois de mais de uma hora e meia, algumas das transmissões foram interrompidas em San Antonio, mas começaram a aparecer de outros lugares da ilha, incluindo Havana.


"Tem muita gente no Galeano e no Malecón. Eles pararam o trânsito e tudo o mais", disse Mairelis à BBC News Mundo, de Centro Habana.


Repressão a manifestantes em Cuba

Policiais e agentes civis reprimiram a manifestação


Três pessoas que participaram do protesto em Pinar del Río, Havana e San Antonio afirmaram à BBC News Mundo que as manifestações foram reprimidas pela polícia.


Vários vídeos postados nas redes sociais também mostram o que parecem ser agentes de tropas especializados detendo vários manifestantes.


Em outras gravações, um grupo grande de cubanos é visto quebrando vidraças e saqueando algumas das chamadas lojas de moeda conversível (moeda estrangeira), que se tornaram a única forma de muitos cubanos terem acesso às suas necessidades básicas.


Protestos em Cuba

Os protestos são os maiores registrados em Cuba nos últimos 60 anos


"Eles estão cortando nossa conexão. Não podemos nem fazer ligações nacionais", disse Selvia.


A BBC News Mundo contatou cubanos das províncias de Havana, Pinar del Río e Artemisa, que afirmam ter perdido a conexão com a Internet.


Alejandro, um dos participantes do protesto em Pinar del Río, disse que dezenas de pessoas pararam em frente a um dos principais parques da cidade e depois marcharam por uma rua principal.


"Vimos o protesto em San Antonio e as pessoas começaram a sair às ruas. Este é o dia, não aguentamos mais", disse o jovem por telefone.


"Não há comida, não há remédio, não há liberdade. Eles não nos deixam viver. Já estamos cansados", acrescentou.


Cuba


Durante o fim de semana, as redes sociais da ilha foram tomadas por mensagens sob as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas para denunciar a situação crítica do coronavírus na ilha, onde, segundo relatos, inúmeros hospitais colapsaram devido ao crescente número de casos.


A BBC News Mundo conversou com vários cubanos que afirmam que seus parentes morreram em casa sem receber atendimento médico ou em hospitais por falta de remédios.


Com o turismo praticamente paralisado, o coronavírus teve um profundo impacto na vida econômica e social da ilha, aliado a uma crescente inflação, apagões elétricos e escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos.


O governo cubano atribui a situação ao embargo dos Estados Unidos e questiona as campanhas #SOSCuba e #SOSMatanzas como uma "campanha midiática" para "lucrar" em uma situação de crise de saúde.


As redes sociais da ilha têm servido nos últimos tempos para que os cubanos expressem seu mal-estar com relação ao governo e à situação no país.


Os protestos em Cuba são muito incomuns e, quando ocorrem, são reprimidos.


Antes deste domingo, o maior protesto ocorrido em Cuba desde 1959 aconteceu em 1994 em frente ao Malecón em Havana, mas se limitou à capital e apenas algumas centenas de pessoas participaram.

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