Trótski Exílio e morte
Trótski e a sua filha Nina (França).
Após a deportação, Trótski passou pela Turquia, França (julho de 1933 a junho de 1935) e Noruega (junho de 1935 a setembro de 1936), fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora Frida Kahlo. A medida que aumenta a repressão stalinista, multiplicam-se os lutos familiares. Além da morte dos seus quatro filhos, os genros, noras, netos, e outros parentes próximos de Trótski são igualmente vítimas da repressão por sua ligação com um "inimigo do povo" e desaparecem nos sucessivos expurgos da década de 1930, com exceção do único filho que Zina pôde levar consigo ao exterior, e que acabou por reunir-se ao avô no México, após complicadas negociações com a mulher francesa de Leon Sedov - que havia se responsabilizado pelo sobrinho até a sua própria morte num hospital parisiense.
No seu crescente isolamento pessoal e político, Trótski, a partir desta altura, aumenta consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras como sua autobiografia, Minha Vida (1930), a História da Revolução Russa (em 2 vols., 1930 e 1932), A Revolução Permanente (1930) e A Revolução Traída (1936), uma crítica violenta ao Estalinismo. Apoiando-se sobre um panfleto de Rakovski, Os Perigos profissionais do poder, Trótski considerava em A Revolução Traída que a União Soviética se tornara num Estado de trabalhadores degenerado, controlado por uma burocracia não-democrática - derivada, no entanto, da própria classe operária (em um processo descrito como Degenerescência Burocrática) e que teria eventualmente de ser derrubada por uma 2ª revolução política que restaurasse o caráter democrático da revolução socialista, ou, então, degenerar ao ponto de regressar ao capitalismo.[21]
Trótski rejeitou as teses ultraesquerdistas de certos opositores bolcheviques do estalinismo (notadamente os "Centralistas Democráticos" liderados por Sapronov), que consideravam que o stalinismo era uma restauração do capitalismo, algo similar à restauração da monarquia francesa pelos Bourbons em 1815. Através desta mesma analogia com a Revolução Francesa, Trótski considerou que o regime de Stalin era um Termidor soviético, no sentido de que, assim como o 9 Termidor francês havia derrubado o radicalismo pequeno-burguês de Robespierre, Saint-Just e dos jacobinos, mas preservado o caráter burguês da sociedade francesa, do mesmo modo o estalinismo havia eliminado todos os elementos internacionalistas e de democracia proletária do regime soviético, mas não havia, de momento, abolido o caráter socialista da economia e das relações sociais na Rússia. Considerando a URSS estalinista, assim, como presa num estágio de transição entre o capitalismo e o socialismo, e não considerando que ela houvesse se convertido num capitalismo de Estado, Trótski opôs-se, no início da Segunda Guerra Mundial, àqueles entre seus seguidores - especialmente fortes no partido trotskista americano, o Socialist Workers' Party (SWP), mas também figuras isoladas como o brasileiro Mário Pedrosa - que propunham retirar apoio à URSS em caso de ataque externo. Para Trótski, a defesa das aquisições da Revolução de Outubro exigia o respeito mais estrito à consigna de "defesa incondicional da União Soviética". Muito embora opusesse-se ao Pacto Molotov-Ribbentrop, que considerava desmoralizante para o movimento operário, orientou seus partidários para que apoiassem a expropriação dos latifúndios e das fábricas realizadas por Stalin no leste da Polônia e nos Países Bálticos quando da sua incorporação forçada na URSS.
Trotski no México, entre admiradores norte-americanos (1940)
A 3 de setembro de 1938, numa reunião com 25 delegados de 11 países, Trótski e seus seguidores fundam a Quarta Internacional, como alternativa à Terceira Internacional estalinista. Trótski tinha entrado entretanto em conflito com Diego Rivera - numa disputa que tinha tanto a ver com as pretensões políticas de Rivera no movimento trotskista, que Trótski desfavorecia, quanto com a breve ligação amorosa de Trótski com Frida Kahlo - e mudara-se em 1939 para uma casa própria no bairro de Coyoacán, na Cidade do México. A 24 de maio de 1940 sobrevive a um ataque à sua casa por assassinos alegadamente a mando de Stalin. Não sobreviverá, no entanto, ao segundo ataque de Stalin: em 20 de agosto de 1940, o agente Ramón Mercader consegue, sob disfarce, entrar pacificamente na sua sala para um encontro e, aproveitando um momento de distração, aplica com uma picareta um golpe fatal no seu crânio. Ao ouvir o ruído, os guarda-costas de Trótski precipitam-se para a sala e quase matam Mercader, mas Trótski detém-nos, exclamando:
“ Não o matem! Esse homem tem uma história para contar!. ”
Nas últimas horas da sua vida, o revolucionário manteve-se determinado e ditou tanto o seu testamento como artigos sobre estratégia política, num momento em que a humanidade vivia um dos mais mortíferos conflitos mundiais. Entre as frases ditadas, proferiu: “Morro com a certeza inabalável no futuro comunista da humanidade. Essa certeza dá-me hoje uma força que religião alguma me poderia dar.”
Faleceu no dia seguinte.
“ Pousei o casaco impermeável na mesa de forma a poder tirar a picareta que estava no bolso. Decidi não perder a grande oportunidade que surgiu. No momento em que Trótski começou a ler o artigo, deu-me a minha oportunidade; tirei a picareta do casaco, segurei-a firme na mão e, de olhos fechados, dei-lhe um golpe terrível na cabeça. ”
Túmulo de Leon Trótski em Coyoacán, bairro da cidade do México, no jardim da casa onde morou durante seus últimos anos de vida.
O líder a URSS desejava ocultar fatos de seu passado, como suas ações de agente provocador a serviço a polícia secreta tsarista (a Okhrana).[22] Neste período, Trótski escrevia uma biografia não autorizada sobre Stálin e este seria um dos motivos do crime.[22]
A casa de Trótski em Coyocán, preservada no mesmo estado em que se encontrava naquele dia, é hoje um museu, em cujos terrenos se encontra ainda o cenotáfio de Trótski, com a foice e martelo talhados sobre seu nome.
Trótski nunca foi formalmente reabilitado pelo governo soviético, seja durante a "desestalinização" de Khrushchov, seja durante a "Glasnost" de Mikhail Gorbatchov, apesar da reabilitação, durante estes dois episódios, da maioria da velha guarda bolchevique morta durante os grandes expurgos de Stalin. Dos descendentes de Trótski, o único que pôde preservar sua conexão com a família seria o seu neto, o engenheiro Esteban Volkov, filho de Zina, que seria criado por Natalia Sedova no México e muito faria pela preservação da memória do avô pela manutenção da sua casa de Coyoacán como um museu privado, depois apropriado pelo governo mexicano. Na década de 1990, Volkov viajaria à Rússia para encontrar-se, após sessenta anos de separação, com uma irmã recém-localizada, doente terminal de câncer, com a qual teve de conversar através de um intérprete, para explicar-lhe que a decisão de deixá-la na URSS havia sido imposta à sua mãe por Stalin.
A morte de Trótski na imprensa
Um dos secretários de Trótski, Joseph Hansen, entregou à imprensa um relato sobre o assassinato do líder comunista:
“ Trótski conhecia pessoalmente seu assassino, Frank Jackson (na verdade, Ramón Mercarder), há mais de seis meses, e tinha confiança nele devido às suas relações com o movimento trotskista na França e nos Estados Unidos. Ele nos visitava com freqüência e em momento algum tivemos motivos para desconfiar que ele fosse agente da GPU. ”
Segundo Hansen, Jackson chegou à casa de Trótski às 5h30 da tarde do dia 20 de agosto, dizendo-lhe que havia escrito um artigo, sobre o qual gostaria de sua opinião. Trótski concordou e ambos se encaminharam para a sala de jantar, onde estava a sra. Trótski. "Alegando estar com a garganta seca, Jackson pediu um copo de água. A sra. Trótski ofereceu-lhe chá. Ele agradeceu mas preferiu a água. Então, Trótski convidou-o a passarem para o seu escritório".
O primeiro indício de que algo de anormal acontecera foi o som de gritos lancinantes e de uma luta violenta. A princípio os secretários e guarda-costas julgaram que havia acontecido algum acidente, mas, ao ingressarem no escritório, encontraram Trótski com o rosto banhado em sangue. Um dos guarda-costas correu para socorrê-lo, enquanto o outro atracava-se com o assassino, que empunhava um revólver. "Provavelmente o assassino atacou-o por trás, utilizando uma picareta cuja ponta penetrou-lhe o cérebro. Mas em vez de cair inconsciente, como o assassino planejara, Trótski agarrou-se a ele".
Enquanto jazia, sangrando, no chão, Trótski disse a Hansen: "Jackson baleou-me com um revólver. Acho que, dessa vez, é o fim". Hansen tentou animá-lo, dizendo que o ferimento era superficial e que não podia ter sido causado por um tiro, já que ninguém tinha ouvido o estampido. "Não, sinto aqui que desta vez eles conseguiram" - disse Trótski, apontando para o coração. Trótski lutou pela vida por mais de 24 horas, vindo a falecer às 7h25 da noite de 21 de agosto.[23]
Biografias
Trótski encontrou, na década de 1950, um grande biógrafo na pessoa do marxista polonês radicado na Inglaterra Isaac Deutscher, que escreveu a monumental biografia em três volumes: O Profeta Armado - Trótski 1879-1921, O Profeta Desarmado - Trótski 1921-1929 e O Profeta Banido - Trótski 1929-1940, a qual encontra-se atualmente disponível no original em publicação da Verso Editions, e em português numa tradução da Editora Civilização Brasileira, republicada recentemente pela Editora Record.
Trata-se de uma biografia polêmica, onde Deutscher questiona frequentemente as posições de Trótski, o que a torna mais dinâmica que outra biografia também monumental e mais documentada e posterior do trotskista francês Pierre Broué, Trotsky (Paris, Fayard, 1988) não possui, por este defender diretamente as ideias de Trótski.
Konstantinos - Uranus
quarta-feira, 2 de maio de 2018
quinta-feira, 5 de abril de 2018
HOMEM CHEDDAR, O MAIS ANTIGO DA INGLATERRA, ERA NEGRO E TINHA OLHOS AZUIS
O “Homem Cheddar” é conhecido como sendo um dos primeiros habitantes do Reino Unido, tendo vivido na região há mais de 10 mil anos. Seu esqueleto foi encontrado dentro de uma caverna no sudoeste da Inglaterra há mais de 100 anos, e ainda hoje a Ciência descobre novidades sobre ele. A mais recente foi a reconstituição facial, que revelou que o humano provavelmente tinha uma pele bastante escura, mas os olhos azuis.
Através do sequenciamento do DNA, retirado do interior dos ossos, foi possível determinar que o “Homem Cheddar” provavelmente era negro – algo bastante notável, já que se assumia anteriormente que os humanos primitivos, que chegaram à região há cerca de 45 mil anos, teriam mudado suas características para feições mais claras.
homem cheddar
Busto do Homem Cheddar mostra as recentes descobertas, derrubando a ideia de que a pele europeia já era clara há 10 mil anos
Porém, esse espécime mostra que na verdade os desbravadores do Reino Unido mantiveram características da África subsaariana por muito mais tempo do que se imaginava. Já a cor dos olhos é mais uma estimativa: aparentemente ele tinha olhos bastante claros, podendo ser verdes, mas mais é mais provável que tenham sido azuis, disseram os cientistas.
Essas características batem com outras ossadas encontradas em regiões distintas da Europa com a mesma datação. “Ele nos mostra que você não deve fazer suposições sobre como as pessoas se pareciam no passado com base no que as pessoas se parecem no presente, e que os emparelhamentos de características que costumamos ver hoje não são algo fixo”, analisa Tom Booth, pesquisador do Museu de História Natural do Reino Unido.
homem cheddar
Esqueleto encontrado em 1903 é o mais completo de um humano primitivo do Reino Unido e também um dos mais antigos
HOMEM CHEDDAR, O MAIS ANTIGO DA INGLATERRA, ERA NEGRO E TINHA OLHOS AZUIS
Através do sequenciamento do DNA, retirado do interior dos ossos, foi possível determinar que o “Homem Cheddar” provavelmente era negro – algo bastante notável, já que se assumia anteriormente que os humanos primitivos, que chegaram à região há cerca de 45 mil anos, teriam mudado suas características para feições mais claras.
homem cheddar
Busto do Homem Cheddar mostra as recentes descobertas, derrubando a ideia de que a pele europeia já era clara há 10 mil anos
Porém, esse espécime mostra que na verdade os desbravadores do Reino Unido mantiveram características da África subsaariana por muito mais tempo do que se imaginava. Já a cor dos olhos é mais uma estimativa: aparentemente ele tinha olhos bastante claros, podendo ser verdes, mas mais é mais provável que tenham sido azuis, disseram os cientistas.
Essas características batem com outras ossadas encontradas em regiões distintas da Europa com a mesma datação. “Ele nos mostra que você não deve fazer suposições sobre como as pessoas se pareciam no passado com base no que as pessoas se parecem no presente, e que os emparelhamentos de características que costumamos ver hoje não são algo fixo”, analisa Tom Booth, pesquisador do Museu de História Natural do Reino Unido.
homem cheddar
Esqueleto encontrado em 1903 é o mais completo de um humano primitivo do Reino Unido e também um dos mais antigos
HOMEM CHEDDAR, O MAIS ANTIGO DA INGLATERRA, ERA NEGRO E TINHA OLHOS AZUIS
Prisão imediata de Lula surpreende petistas e derruba planos de mobilização a favor do ex-presidente
Prisão imediata de Lula surpreende petistas e derruba planos de mobilização a favor do ex-presidente
Redação Reuters
Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expedida nesta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro pegou de surpresa o PT e derrubou os planos do partido de provocar uma mobilização contínua nos próximos dias para mostrar a força do ex-presidente até sua efetiva prisão.
Fontes ouvidas pela Reuters admitiram que a ação extremamente rápida e inesperada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e de Moro —entre o ofício expedido pelo TRF e o despacho de Moro passaram-se 19 minutos— foi um revés maior que o partido esperava.
Reunidos com Lula praticamente o dia todo, a cúpula do PT avaliava que a decisão poderia sair até a próxima semana, mas não menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal decidir rejeitar o habeas corpus preventivo.
“É uma tristeza o que está acontecendo neste país. Foi tudo combinado”, disse uma fonte.
O PT, movimentos sociais e partidos aliados já chamavam para um ato amanhã, em São Bernardo do Campo, programavam vigílias permanentes para o final de semana e tinham montado um comitê para tratar da prisão do ex-presidente. Na segunda-feira, estava sendo programado um outro ato, com artistas, juristas e intelectuais contra a prisão. Tudo caiu por terra.
Boa parte da cúpula do PT já havia se dispersado, depois de passar o dia no Instituto Lula, quando saiu o despacho sobre a prisão. Petistas voltaram do aeroporto para São Bernardo do Campo, enquanto outro grupo que estava em Brasília se mobilizava para se juntar ao ato que passava a ser organizado para esta noite.
Moro deu a Lula até às 17h de sexta-feira para que ele se apresenta à Polícia Federal em Curitiba. O juiz também proibiu o uso de algemas.
Havia uma tendência, antes da decisão, de que Lula se apresentasse à PF justamente para evitar o uso das algemas e, especialmente, a fotografia que poderia ser explorada nas campanhas eleitorais, contou uma fonte.
No entanto, durante a quinta-feira, a hipótese que surgiu foi a de Lula esperar a PF na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, onde começou sua carreira política, cercado de militantes.
“Vamos conversar agora, mas a ideia é essa, ficar com o presidente até a hora da prisão. Se ele quiser se entregar em Curitiba, tudo bem, aí não temos o que fazer. Mas a intenção é ficar com ele até o fim”, disse uma fonte.
Ao conversar com a Reuters, petistas mostravam um profundo desânimo e até vozes de choro. Em postagens e vídeos divulgados por redes sociais, parlamentares do partido mostravam toda a incredulidade com a decisão.
“Isso é algo extremamente grave, inaceitável. Nós, inclusive, não esgotamos todos os recursos no TRF-4, e isso se constitui em uma enorme violência institucional contra a mais importante liderança popular deste país”, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
A presidente do partido, Gleisi Hoffman (PR), classificou a ordem de prisão de “violência sem precedentes”.
“Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, escreveu a senadora.
O senador Lindbergh Faria afirmou que Moro vai para “a lata do lixo da história”.
“Lula é um gigante, Moro é um patético serviçal do capital. Diante da determinação da prisão de Lula devemos nos manter firmes! Vamos todos participar da vigília em São Bernardo do Campo”, disse.
Redação Reuters
Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expedida nesta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro pegou de surpresa o PT e derrubou os planos do partido de provocar uma mobilização contínua nos próximos dias para mostrar a força do ex-presidente até sua efetiva prisão.
Fontes ouvidas pela Reuters admitiram que a ação extremamente rápida e inesperada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e de Moro —entre o ofício expedido pelo TRF e o despacho de Moro passaram-se 19 minutos— foi um revés maior que o partido esperava.
Reunidos com Lula praticamente o dia todo, a cúpula do PT avaliava que a decisão poderia sair até a próxima semana, mas não menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal decidir rejeitar o habeas corpus preventivo.
“É uma tristeza o que está acontecendo neste país. Foi tudo combinado”, disse uma fonte.
O PT, movimentos sociais e partidos aliados já chamavam para um ato amanhã, em São Bernardo do Campo, programavam vigílias permanentes para o final de semana e tinham montado um comitê para tratar da prisão do ex-presidente. Na segunda-feira, estava sendo programado um outro ato, com artistas, juristas e intelectuais contra a prisão. Tudo caiu por terra.
Boa parte da cúpula do PT já havia se dispersado, depois de passar o dia no Instituto Lula, quando saiu o despacho sobre a prisão. Petistas voltaram do aeroporto para São Bernardo do Campo, enquanto outro grupo que estava em Brasília se mobilizava para se juntar ao ato que passava a ser organizado para esta noite.
Moro deu a Lula até às 17h de sexta-feira para que ele se apresenta à Polícia Federal em Curitiba. O juiz também proibiu o uso de algemas.
Havia uma tendência, antes da decisão, de que Lula se apresentasse à PF justamente para evitar o uso das algemas e, especialmente, a fotografia que poderia ser explorada nas campanhas eleitorais, contou uma fonte.
No entanto, durante a quinta-feira, a hipótese que surgiu foi a de Lula esperar a PF na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, onde começou sua carreira política, cercado de militantes.
“Vamos conversar agora, mas a ideia é essa, ficar com o presidente até a hora da prisão. Se ele quiser se entregar em Curitiba, tudo bem, aí não temos o que fazer. Mas a intenção é ficar com ele até o fim”, disse uma fonte.
Ao conversar com a Reuters, petistas mostravam um profundo desânimo e até vozes de choro. Em postagens e vídeos divulgados por redes sociais, parlamentares do partido mostravam toda a incredulidade com a decisão.
“Isso é algo extremamente grave, inaceitável. Nós, inclusive, não esgotamos todos os recursos no TRF-4, e isso se constitui em uma enorme violência institucional contra a mais importante liderança popular deste país”, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
A presidente do partido, Gleisi Hoffman (PR), classificou a ordem de prisão de “violência sem precedentes”.
“Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, escreveu a senadora.
O senador Lindbergh Faria afirmou que Moro vai para “a lata do lixo da história”.
“Lula é um gigante, Moro é um patético serviçal do capital. Diante da determinação da prisão de Lula devemos nos manter firmes! Vamos todos participar da vigília em São Bernardo do Campo”, disse.
Moro ordena prisão de Lula e dá prazo até sexta-feira para petista se entregar
Moro ordena prisão de Lula e dá prazo até sexta-feira para petista se entregar
Redação Reuters
Por Ricardo Brito e Eduardo Simões
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva dentro de carro em São Paulo, no Brasil 05/04/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, determinou nesta quinta-feira a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menos de 24 horas após o STF ter rejeitado o habeas corpus para o petista permanecer em liberdade até o fim de todos os recursos cabíveis no processo em que ele teve a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no caso do tríplex do Guarujá.
O magistrado permitiu a Lula, “em atenção à dignidade do cargo que ocupou”, a possibilidade de se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta-feira, a fim de começar a cumprir o mandado de prisão. Determinou ainda que a utilização de algemas está vedada em qualquer hipótese.
Moro também disse que foi previamente preparada uma sala reservada, no local, para que ele comece a cumprir pena separadamente dos demais presos “sem qualquer risco para a integridade moral ou física”.
A decisão de Moro ocorre após o juiz ter sido comunicado pelo presidente da 8ª Turma do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, e o juiz federal Nivaldo Brunoni, que está substituindo o relator da ação do petista no TRF-4, que houve o “exaurimento” da possibilidade de novos recursos no tribunal.
O petista, que deixou a sede do Instituto Lula na capital paulista após ser anunciada a notícia da ordem de prisão, foi condenado em janeiro pelo tribunal a pena de 12 anos e 1 mês de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex.
Pouco antes, um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin, havia dito que “só uma arbitrariedade é que poderia gerar o cumprimento de uma restrição a direitos do ex-presidente Lula”.
“O ex-presidente está tranquilo e nós expusemos aquilo que nos cabe expor”, disse Zanin a jornalistas, antes da divulgação da ordem de Moro.
Procurando mostrar confiança, Zanin chegou a dizer que a defesa tinha “instrumentos para impugnar aquela decisão de Porto Alegre”, referindo-se ao TRF.
Sem a presença de manifestantes, era possível ouvir gritos de “cadeia” vindos de carros que passavam pelo local, segundo testemunha Reuters.
Um homem, no entanto, que provocou pessoas que estavam na saída do instituto foi agredido por seguranças de petistas e ficou estirado ensanguentado no meio da rua. Jornalistas e pessoas que estavam no local levaram o homem a um hospital que fica na frente do instituto.
Para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a decisão representa uma “violência sem precedentes” na história democrática do país. “Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, afirmou.
“PATOLOGIA PROTELATÓRIA”
No despacho de três páginas, Moro destacou que não cabem mais “recursos com efeitos suspensivos” junto ao TRF-4. A defesa do petista cogitava apresentar até o dia 10 de abril novos embargos de declaração perante o tribunal que questionava pontos da condenação do petista. Mas Moro rejeitou esperar os novos embargos, assim como os magistrados do TRF-4.
“Hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico. De qualquer modo, embargos de declaração não alteram julgados, com o que as condenações não são passíveis de alteração na segunda instância.”
Moro disse que os detalhes para a apresentação deverão ser combinados com os advogados de Lula diretamente com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Maurício Valeixo.
Reportagem adicional de Tatiana Ramil, em São Paulo
Redação Reuters
Por Ricardo Brito e Eduardo Simões
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva dentro de carro em São Paulo, no Brasil 05/04/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, determinou nesta quinta-feira a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menos de 24 horas após o STF ter rejeitado o habeas corpus para o petista permanecer em liberdade até o fim de todos os recursos cabíveis no processo em que ele teve a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no caso do tríplex do Guarujá.
O magistrado permitiu a Lula, “em atenção à dignidade do cargo que ocupou”, a possibilidade de se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta-feira, a fim de começar a cumprir o mandado de prisão. Determinou ainda que a utilização de algemas está vedada em qualquer hipótese.
Moro também disse que foi previamente preparada uma sala reservada, no local, para que ele comece a cumprir pena separadamente dos demais presos “sem qualquer risco para a integridade moral ou física”.
A decisão de Moro ocorre após o juiz ter sido comunicado pelo presidente da 8ª Turma do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, e o juiz federal Nivaldo Brunoni, que está substituindo o relator da ação do petista no TRF-4, que houve o “exaurimento” da possibilidade de novos recursos no tribunal.
O petista, que deixou a sede do Instituto Lula na capital paulista após ser anunciada a notícia da ordem de prisão, foi condenado em janeiro pelo tribunal a pena de 12 anos e 1 mês de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex.
Pouco antes, um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin, havia dito que “só uma arbitrariedade é que poderia gerar o cumprimento de uma restrição a direitos do ex-presidente Lula”.
“O ex-presidente está tranquilo e nós expusemos aquilo que nos cabe expor”, disse Zanin a jornalistas, antes da divulgação da ordem de Moro.
Procurando mostrar confiança, Zanin chegou a dizer que a defesa tinha “instrumentos para impugnar aquela decisão de Porto Alegre”, referindo-se ao TRF.
Sem a presença de manifestantes, era possível ouvir gritos de “cadeia” vindos de carros que passavam pelo local, segundo testemunha Reuters.
Um homem, no entanto, que provocou pessoas que estavam na saída do instituto foi agredido por seguranças de petistas e ficou estirado ensanguentado no meio da rua. Jornalistas e pessoas que estavam no local levaram o homem a um hospital que fica na frente do instituto.
Para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a decisão representa uma “violência sem precedentes” na história democrática do país. “Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, afirmou.
“PATOLOGIA PROTELATÓRIA”
No despacho de três páginas, Moro destacou que não cabem mais “recursos com efeitos suspensivos” junto ao TRF-4. A defesa do petista cogitava apresentar até o dia 10 de abril novos embargos de declaração perante o tribunal que questionava pontos da condenação do petista. Mas Moro rejeitou esperar os novos embargos, assim como os magistrados do TRF-4.
“Hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico. De qualquer modo, embargos de declaração não alteram julgados, com o que as condenações não são passíveis de alteração na segunda instância.”
Moro disse que os detalhes para a apresentação deverão ser combinados com os advogados de Lula diretamente com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Maurício Valeixo.
Reportagem adicional de Tatiana Ramil, em São Paulo
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Brasileiros associam baixa qualidade da educação a violência e corrupção
Brasileiros associam baixa qualidade da educação a violência e corrupção
Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo
Getty Images
Para a população brasileira, a violência e a corrupção estão diretamente relacionadas à baixa qualidade da educação no país. Além disso, a insatisfação do cidadão com a educação no Brasil cresceu nos últimos quatro anos, sendo maior com o ensino público do que com o ensino particular.
É o que indica a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Educação Básica, realizada em 2017 pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) em parceria com o movimento Todos Pela Educação. O levantamento foi divulgado na manhã desta terça-feira (3).
Os dados mostram que a maior parte da população (77%) concorda totalmente ou em parte com a afirmação de que o problema da violência no Brasil se relaciona de forma direta com a baixa qualidade da educação no país. Já seis em cada dez brasileiros, ou seja, 60%, dizem o mesmo com relação à corrupção.
A pesquisa é divulgada justamente em um momento de escalada de violência no Rio de Janeiro, que se encontra sob intervenção federal na área da segurança há pouco mais de um mês, e de incertezas com relação a uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (MDB), investigado em um inquérito que apura supostas irregularidades na edição do decreto dos Portos.
Para Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, "é muito importante que a população perceba essas relações" entre qualidade da educação, corrupção e violência.
"Quanto mais a gente expõe os problemas do Brasil, mais a população começa a refletir quais são suas principais causas. E aí, é claro que aparece a baixa qualidade da educação como uma das principais causas para o que o Brasil vive hoje", afirma.
Ele ainda defende: "já passou da hora de a educação ser considerada uma área estratégica para o Brasil".
"Uma melhoria na educação melhoraria as condições para o crescimento econômico, melhoraria os índices de violência, diminuiria a corrupção, como a população brasileira percebe. A educação, além de ser fundamental para o indivíduo, é fundamental para diversas áreas do país", explica.
Falta de comprometimento de políticos
Os dados apontam ainda que quase 80% da população brasileira acredita que os governantes (prefeitos, governadores e presidentes) não estão comprometidos o suficiente com a qualidade do ensino no país –o que, na opinião de Corrêa, é ponto-chave para que se possa mudar efetivamente o quadro da educação no Brasil.
"Você tem, em um ano de eleição, uma pesquisa indicando que a população dá muita responsabilidade para os governantes, mas não vê o comprometimento necessário. Isso é fundamental para um ano eleitoral", afirma.
A pesquisa ainda mostra que a percepção da relação entre baixa qualidade da educação e os níveis de violência cresce com o grau de escolaridade do entrevistado: 82% entre os que possuem ensino superior concordam com a ligação. Mesmo assim, 71% das pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental também consentem com a afirmação.
"Podemos afirmar que, no geral, a população brasileira, independentemente do grau de escolaridade, considera muito forte a relação entre educação e os níveis de violência no país", diz Corrêa.
O levantamento foi realizado pelo Ibope Inteligência entre os dias 15 e 20 de setembro do ano passado em 126 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de dois percentuais para cima ou para baixo.
Insatisfação com educação cresceu em 4 anos
A pesquisa aponta ainda que o percentual de brasileiros que avaliam a qualidade do ensino no país como ruim ou péssima cresceu nos últimos quatro anos.
Segundo o levantamento, a insatisfação é maior com a educação pública. A avaliação negativa (ruim ou péssima) do ensino fundamental da rede pública cresceu de 18%, em 2013, para 27% em 2017. O percentual de reprovação do ensino médio público também aumentou: foi de 15% para 26% no mesmo período.
Corrêa diz ver esses dados com otimismo, já que "historicamente, a percepção da população quanto à educação era consideravelmente boa, apesar de termos uma situação crítica". Na avaliação dele, os dados mostram que o "descasamento" entre a percepção da população e a situação "grave" da população pode estar mudando.
O levantamento perguntou aos entrevistados qual classificação eles dariam para o ensino fundamental e médio, em escolas públicas e particulares, entre as opções "ótimo", "bom", "regular", "ruim" e "péssimo".
Em 2010, quando levantamento semelhante foi feito, 15% consideravam o fundamental público ruim ou péssimo, enquanto 13% afirmavam o mesmo sobre o ensino médio –números estatisticamente iguais aos de 2013, considerando a margem de erro da pesquisa. No entanto, para Corrêa, eles já indicavam "o sentido em que estava indo essa avaliação".
Os números de 2017, por outro lado, são classificados por ele como um "salto". Na avaliação dele, isso representa uma percepção da população de que, apesar de a educação brasileira ter melhorado em relação ao acesso –hoje, cerca de 95% das crianças e jovens em idade de matrícula obrigatória (de 4 a 17 anos) frequentam a escola--, o país ainda se encontra muito atrás quando o assunto é qualidade do ensino.
"Nossos alunos estão indo para as escolas, mas não estão aprendendo", diz Corrêa.
Escolas particulares
A queda se repete no cenário das escolas particulares, mas em dimensão menor. Os entrevistados que consideravam essa etapa escolar como ótima ou boa também diminuiu: de 77% no ensino fundamental em 2013 para 65% em 2017. No ensino médio, caiu de 76% para 64%.
O percentual dos que consideram o ensino regular aumentou de 11% para 17% tanto na avaliação do ensino fundamental como do médio nas particulares.
"A população continua percebendo a educação particular como de melhor qualidade versus o serviço público, a educação que o Estado oferece", afirma Corrêa.
"Vale notar que, mesmo quando a gente compara escolas particulares brasileiras com outras do mundo, a qualidade ainda é muito baixa. Não é só um problema da escola pública, apesar do problema da escola pública ser mais grave", ressalta.
Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo
Getty Images
Para a população brasileira, a violência e a corrupção estão diretamente relacionadas à baixa qualidade da educação no país. Além disso, a insatisfação do cidadão com a educação no Brasil cresceu nos últimos quatro anos, sendo maior com o ensino público do que com o ensino particular.
É o que indica a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Educação Básica, realizada em 2017 pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) em parceria com o movimento Todos Pela Educação. O levantamento foi divulgado na manhã desta terça-feira (3).
Os dados mostram que a maior parte da população (77%) concorda totalmente ou em parte com a afirmação de que o problema da violência no Brasil se relaciona de forma direta com a baixa qualidade da educação no país. Já seis em cada dez brasileiros, ou seja, 60%, dizem o mesmo com relação à corrupção.
A pesquisa é divulgada justamente em um momento de escalada de violência no Rio de Janeiro, que se encontra sob intervenção federal na área da segurança há pouco mais de um mês, e de incertezas com relação a uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (MDB), investigado em um inquérito que apura supostas irregularidades na edição do decreto dos Portos.
Para Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, "é muito importante que a população perceba essas relações" entre qualidade da educação, corrupção e violência.
"Quanto mais a gente expõe os problemas do Brasil, mais a população começa a refletir quais são suas principais causas. E aí, é claro que aparece a baixa qualidade da educação como uma das principais causas para o que o Brasil vive hoje", afirma.
Ele ainda defende: "já passou da hora de a educação ser considerada uma área estratégica para o Brasil".
"Uma melhoria na educação melhoraria as condições para o crescimento econômico, melhoraria os índices de violência, diminuiria a corrupção, como a população brasileira percebe. A educação, além de ser fundamental para o indivíduo, é fundamental para diversas áreas do país", explica.
Falta de comprometimento de políticos
Os dados apontam ainda que quase 80% da população brasileira acredita que os governantes (prefeitos, governadores e presidentes) não estão comprometidos o suficiente com a qualidade do ensino no país –o que, na opinião de Corrêa, é ponto-chave para que se possa mudar efetivamente o quadro da educação no Brasil.
"Você tem, em um ano de eleição, uma pesquisa indicando que a população dá muita responsabilidade para os governantes, mas não vê o comprometimento necessário. Isso é fundamental para um ano eleitoral", afirma.
A pesquisa ainda mostra que a percepção da relação entre baixa qualidade da educação e os níveis de violência cresce com o grau de escolaridade do entrevistado: 82% entre os que possuem ensino superior concordam com a ligação. Mesmo assim, 71% das pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental também consentem com a afirmação.
"Podemos afirmar que, no geral, a população brasileira, independentemente do grau de escolaridade, considera muito forte a relação entre educação e os níveis de violência no país", diz Corrêa.
O levantamento foi realizado pelo Ibope Inteligência entre os dias 15 e 20 de setembro do ano passado em 126 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de dois percentuais para cima ou para baixo.
Insatisfação com educação cresceu em 4 anos
A pesquisa aponta ainda que o percentual de brasileiros que avaliam a qualidade do ensino no país como ruim ou péssima cresceu nos últimos quatro anos.
Segundo o levantamento, a insatisfação é maior com a educação pública. A avaliação negativa (ruim ou péssima) do ensino fundamental da rede pública cresceu de 18%, em 2013, para 27% em 2017. O percentual de reprovação do ensino médio público também aumentou: foi de 15% para 26% no mesmo período.
Corrêa diz ver esses dados com otimismo, já que "historicamente, a percepção da população quanto à educação era consideravelmente boa, apesar de termos uma situação crítica". Na avaliação dele, os dados mostram que o "descasamento" entre a percepção da população e a situação "grave" da população pode estar mudando.
O levantamento perguntou aos entrevistados qual classificação eles dariam para o ensino fundamental e médio, em escolas públicas e particulares, entre as opções "ótimo", "bom", "regular", "ruim" e "péssimo".
Em 2010, quando levantamento semelhante foi feito, 15% consideravam o fundamental público ruim ou péssimo, enquanto 13% afirmavam o mesmo sobre o ensino médio –números estatisticamente iguais aos de 2013, considerando a margem de erro da pesquisa. No entanto, para Corrêa, eles já indicavam "o sentido em que estava indo essa avaliação".
Os números de 2017, por outro lado, são classificados por ele como um "salto". Na avaliação dele, isso representa uma percepção da população de que, apesar de a educação brasileira ter melhorado em relação ao acesso –hoje, cerca de 95% das crianças e jovens em idade de matrícula obrigatória (de 4 a 17 anos) frequentam a escola--, o país ainda se encontra muito atrás quando o assunto é qualidade do ensino.
"Nossos alunos estão indo para as escolas, mas não estão aprendendo", diz Corrêa.
Escolas particulares
A queda se repete no cenário das escolas particulares, mas em dimensão menor. Os entrevistados que consideravam essa etapa escolar como ótima ou boa também diminuiu: de 77% no ensino fundamental em 2013 para 65% em 2017. No ensino médio, caiu de 76% para 64%.
O percentual dos que consideram o ensino regular aumentou de 11% para 17% tanto na avaliação do ensino fundamental como do médio nas particulares.
"A população continua percebendo a educação particular como de melhor qualidade versus o serviço público, a educação que o Estado oferece", afirma Corrêa.
"Vale notar que, mesmo quando a gente compara escolas particulares brasileiras com outras do mundo, a qualidade ainda é muito baixa. Não é só um problema da escola pública, apesar do problema da escola pública ser mais grave", ressalta.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
Chegada do homem / HISTORIANEWS21// EM DOCUMENTO
Chegada do homem à lua
Por Lucas Henrique dos Santos Silva
Graduado em Física (UFMG, 2011)
“Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Ao proferir essas palavras, enquanto descia do módulo aterrissado na superfície lunar em 20 de julho de 1969, o astronauta americano Neil Armstrong tornou-se o primeiro ser humano a caminhar sobre a Lua, seguido pelo astronauta Edwin "Buzz" Aldrin, seu companheiro de missão. Em todo o mundo, cerca de um bilhão de pessoas assistiram à cena televisionada, testemunhando o que viria a ser uma das maiores conquistas tecnológicas de todos os tempos e um marco do progresso científico.
Homem na Lua. Foto: Neil Armstrong / NASA
O cenário político internacional das décadas de 1950 e 1960 foi fundamental para o desenvolvimento da tecnologia necessária para a chegada do homem à Lua. As constantes tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética contribuíram para uma disputa científico-tecnológica que canalizou grandes investimentos para as áreas de pesquisa e inovação em cada país. A abundância de recursos e o desejo de estabelecer sua hegemonia sobre o mundo pós-guerra levaram as superpotências a uma frenética corrida pela conquista do espaço, que então restava como uma das poucas fronteiras ainda não exploradas pela humanidade.
Em 1959, a União Soviética, que já havia lançado o primeiro satélite artificial da Terra dois anos antes, alcançou a superfície da Lua por meio de uma nave não tripulada, a Luna 2. Em 1961, o primeiro homem a deixar o planeta e viajar pelo espaço foi o cosmonauta soviético Yuri Gagarin, que retornou em segurança após dar uma volta em torno da Terra. Como resposta ao crescimento da União Soviética como potência espacial, os americanos intensificaram seu trabalho, com o ambicioso objetivo de enviar a primeira missão tripulada à Lua até o final da década.
Os esforços americanos culminaram no projeto Apollo, um programa de desenvolvimento de espaçonaves para viagens à Lua com tripulação. As naves Apollo eram compostas de três partes: o módulo de comando, que levava a tripulação e as provisões; o módulo de serviço, com todo o maquinário, e o módulo lunar, projetado para se separar da nave principal e conduzir os astronautas à superfície da Lua. Outro desafio importante para o projeto era a construção de um foguete com potência suficiente para colocar uma nave tripulada pesada em trajetória correta até a Lua. Ao final da década de 1960, os americanos apresentaram o Saturno V, que permanece como o maior e mais poderoso foguete já construído, com 110 metros de altura. Depois de um início trágico, com a explosão da nave Apollo 1, o projeto Apollo foi o responsável pelo primeiro voo tripulado em órbita da Lua, ocorrido em 1968, com a Apollo 8. Mais tarde, as naves Apollo 9 e Apollo 10 foram usadas em testes tripulados com o módulo lunar.
Foguete Saturno V decolando no dia 16 de julho de 1969, carregando o módulo Apollo 11. Foto: NASA.
Em 16 de julho de 1969, a nave Apollo 11 foi lançada, levando consigo os astronautas Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins. Pouco mais de três dias após o lançamento, em 20 de julho, a nave alcançou a Lua. Enquanto Collins permaneceu em órbita, na nave principal, Armstrong e Aldrin desceram até a superfície a bordo do módulo lunar Eagle. Os astronautas passaram quase três horas caminhando sobre a Lua, fotografando e recolhendo amostras rochosas. Após o sucesso da missão, a Apollo 11 retornou à Terra e pousou sobre o Oceano Pacífico em 24 de julho de 1969.
www.infoescola.com
Moradores da região síria de Ghouta Oriental "esperam pela morte" em novos bombardeios
Moradores da região síria de Ghouta Oriental "esperam pela morte" em novos bombardeios
Por Dahlia Nehme e Lisa Barrington
Homem carrega garoto ferido na cidade de Hamouriyeh, na região síria de Ghouta Oriental 21/02/2018 REUTERS/Bassam Khabieh
BEIRUTE (Reuters) - Os moradores da região síria de Ghouta Oriental disseram que estão esperando sua “vez de morrer” nesta quarta-feira, em meio a um dos bombardeios mais intensos de forças pró-governo na guerra sobre o enclave rebelde sitiado próximo de Damasco.
Ao menos 38 pessoas morreram nesta quarta-feira. No mínimo 130 morreram no distrito desde a noite de domingo, e mais de 1.550 ficaram feridas, disse o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.
Ghouta Oriental, um distrito agrícola densamente povoado nos arredores de Damasco, é a última grande área próxima da capital ainda sob controle rebelde. Lar de 400 mil pessoas, a área está sendo assolada por forças do governo há anos.
A grande escalada nos bombardeios que é vista desde domingo, incluindo ataques aéreos, com foguetes e bombas-barril lançadas de helicópteros, se tornou uma das mais mortíferas da guerra civil da Síria, agora entrando em seu oitavo ano.
O governo sírio e sua aliada Rússia, que vem apoiando o presidente sírio, Bashar al-Assad, com seu poderio aéreo desde 2015, dizem que não visam civis, mas reagem a disparos de morteiros dos insurgentes perto de Damasco.
“Estamos esperando nossa vez de morrer. Essa é a única coisa que posso dizer”, afirmou Bilal Abu Salah, de 22 anos, cuja esposa está grávida de cinco meses do primeiro filho do casal em Douma, maior cidade de Ghouta Oriental. Eles temem que o terror dos bombardeios a faça entrar em trabalho de parto prematuramente, disse ele.
“Quase todas as pessoas que moram aqui estão morando em abrigos agora. Há cinco ou seis famílias em uma casa. Não há comida, nem mercados.”
Fotos tiradas pela Reuters em Ghouta Oriental nesta quarta-feira mostraram homens revirando os escombros de edifícios desmoronados, carregando pessoas ensanguentadas para hospitais e se escondendo em ruas repletas de destroços.
Um sistema de alerta de ataque aéreo montado pela Defesa Civil Síria, um serviço de resgate que atua em áreas da oposição, estava emitindo alertas a cada poucos minutos nesta quarta-feira, desencadeados quando aviões de guerra são avistados decolando de bases aéreas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou os bombardeios, que atingiram hospitais e outras partes da infraestrutura civil, dizendo que tais ataques podem ser crimes de guerra.
Reportagem adicional de Stephanie Nebehay em Genebra, Michelle Nichols em Nova York e Polina Ivanova em Moscou
Por Dahlia Nehme e Lisa Barrington
Homem carrega garoto ferido na cidade de Hamouriyeh, na região síria de Ghouta Oriental 21/02/2018 REUTERS/Bassam Khabieh
BEIRUTE (Reuters) - Os moradores da região síria de Ghouta Oriental disseram que estão esperando sua “vez de morrer” nesta quarta-feira, em meio a um dos bombardeios mais intensos de forças pró-governo na guerra sobre o enclave rebelde sitiado próximo de Damasco.
Ao menos 38 pessoas morreram nesta quarta-feira. No mínimo 130 morreram no distrito desde a noite de domingo, e mais de 1.550 ficaram feridas, disse o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.
Ghouta Oriental, um distrito agrícola densamente povoado nos arredores de Damasco, é a última grande área próxima da capital ainda sob controle rebelde. Lar de 400 mil pessoas, a área está sendo assolada por forças do governo há anos.
A grande escalada nos bombardeios que é vista desde domingo, incluindo ataques aéreos, com foguetes e bombas-barril lançadas de helicópteros, se tornou uma das mais mortíferas da guerra civil da Síria, agora entrando em seu oitavo ano.
O governo sírio e sua aliada Rússia, que vem apoiando o presidente sírio, Bashar al-Assad, com seu poderio aéreo desde 2015, dizem que não visam civis, mas reagem a disparos de morteiros dos insurgentes perto de Damasco.
“Estamos esperando nossa vez de morrer. Essa é a única coisa que posso dizer”, afirmou Bilal Abu Salah, de 22 anos, cuja esposa está grávida de cinco meses do primeiro filho do casal em Douma, maior cidade de Ghouta Oriental. Eles temem que o terror dos bombardeios a faça entrar em trabalho de parto prematuramente, disse ele.
“Quase todas as pessoas que moram aqui estão morando em abrigos agora. Há cinco ou seis famílias em uma casa. Não há comida, nem mercados.”
Fotos tiradas pela Reuters em Ghouta Oriental nesta quarta-feira mostraram homens revirando os escombros de edifícios desmoronados, carregando pessoas ensanguentadas para hospitais e se escondendo em ruas repletas de destroços.
Um sistema de alerta de ataque aéreo montado pela Defesa Civil Síria, um serviço de resgate que atua em áreas da oposição, estava emitindo alertas a cada poucos minutos nesta quarta-feira, desencadeados quando aviões de guerra são avistados decolando de bases aéreas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou os bombardeios, que atingiram hospitais e outras partes da infraestrutura civil, dizendo que tais ataques podem ser crimes de guerra.
Reportagem adicional de Stephanie Nebehay em Genebra, Michelle Nichols em Nova York e Polina Ivanova em Moscou
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Trump ameaça retirar ajuda financeira se palestinos não buscarem a paz
Trump ameaça retirar ajuda financeira se palestinos não buscarem a paz
Redação Reuters
Por Steve Holland e Yara Bayoumy
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante encontro com premiê israelense, Benjamin Netanyahu, em Davos 25/01/2018 REUTERS/Carlos Barria
DAVOS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou cortar o auxílio financeiro do país aos palestinos se eles não buscarem a paz com Israel, dizendo que os palestinos haviam desprezado os EUA por não terem se encontrado com o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, durante uma visita recente.
Trump, falando depois de um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, disse que busca a paz no Oriente Médio.
Os palestinos ignoraram a visita de Pence à região neste mês depois que Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e prometeu transferir a embaixada dos EUA para a cidade, cujo status está no centro do conflito entre israelenses e palestinos.
O aval de Trump, em dezembro, sobre a reivindicação de Israel sobre Jerusalém como sua capital desencadeou a condenação de líderes árabes e críticas em todo mundo. Também rompeu com décadas de política externa dos EUA de que o status da cidade deveria ser decidido nas negociações entre Israel e os palestinos.
“Quando eles nos desrespeitaram há uma semana por não permitirem que nosso grande vice-presidente os visitasse, e nós damos a eles centenas de milhões de dólares em ajuda e apoio, números tremendos, números que ninguém entende -- esse dinheiro está na mesa e esse dinheiro não vai para eles, a menos que negociem a paz”, afirmou Trump.
Washington já havia dito que reteria cerca da metade do auxílio inicial que planejava dar a uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que serve os palestinos.
Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que os Estados Unidos se colocaram “fora da mesa” como um mediador da paz desde o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.
“Os direitos dos palestinos não estão à altura de nenhuma barganha e Jerusalém não está à venda. Os Estados Unidos não podem ter qualquer papel a menos que retirem sua decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel”, disse o porta-voz Nabil Abu Rdainah à Reuters por telefone da Jordânia.
Abbas classificou a declaração de Trump sobre Jerusalém de “uma bofetada no rosto” e rejeitou Washington como um mediador honesto em futuras negociações com Israel. Abbas partiu para uma visita ao exterior antes que Pence chegasse.
O governo de Israel considera Jerusalém como sua capital eterna e indivisível, embora não seja reconhecida internacionalmente. Os palestinos veem Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino.
Trump disse que os palestinos tinham que se juntar à mesa de negociações.
“Porque eu posso dizer-lhes que Israel quer fazer a paz e eles terão que querer fazer a paz também ou não teremos mais nada o que fazer com eles”, declarou Trump.
Redação Reuters
Por Steve Holland e Yara Bayoumy
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante encontro com premiê israelense, Benjamin Netanyahu, em Davos 25/01/2018 REUTERS/Carlos Barria
DAVOS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou cortar o auxílio financeiro do país aos palestinos se eles não buscarem a paz com Israel, dizendo que os palestinos haviam desprezado os EUA por não terem se encontrado com o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, durante uma visita recente.
Trump, falando depois de um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, disse que busca a paz no Oriente Médio.
Os palestinos ignoraram a visita de Pence à região neste mês depois que Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e prometeu transferir a embaixada dos EUA para a cidade, cujo status está no centro do conflito entre israelenses e palestinos.
O aval de Trump, em dezembro, sobre a reivindicação de Israel sobre Jerusalém como sua capital desencadeou a condenação de líderes árabes e críticas em todo mundo. Também rompeu com décadas de política externa dos EUA de que o status da cidade deveria ser decidido nas negociações entre Israel e os palestinos.
“Quando eles nos desrespeitaram há uma semana por não permitirem que nosso grande vice-presidente os visitasse, e nós damos a eles centenas de milhões de dólares em ajuda e apoio, números tremendos, números que ninguém entende -- esse dinheiro está na mesa e esse dinheiro não vai para eles, a menos que negociem a paz”, afirmou Trump.
Washington já havia dito que reteria cerca da metade do auxílio inicial que planejava dar a uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que serve os palestinos.
Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que os Estados Unidos se colocaram “fora da mesa” como um mediador da paz desde o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.
“Os direitos dos palestinos não estão à altura de nenhuma barganha e Jerusalém não está à venda. Os Estados Unidos não podem ter qualquer papel a menos que retirem sua decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel”, disse o porta-voz Nabil Abu Rdainah à Reuters por telefone da Jordânia.
Abbas classificou a declaração de Trump sobre Jerusalém de “uma bofetada no rosto” e rejeitou Washington como um mediador honesto em futuras negociações com Israel. Abbas partiu para uma visita ao exterior antes que Pence chegasse.
O governo de Israel considera Jerusalém como sua capital eterna e indivisível, embora não seja reconhecida internacionalmente. Os palestinos veem Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino.
Trump disse que os palestinos tinham que se juntar à mesa de negociações.
“Porque eu posso dizer-lhes que Israel quer fazer a paz e eles terão que querer fazer a paz também ou não teremos mais nada o que fazer com eles”, declarou Trump.
Depois do TRF-4, Lula pode sofrer novas condenações nos próximos meses
Depois do TRF-4, Lula pode sofrer novas condenações nos próximos meses
Redação Reuters
Por Lisandra Paraguassu
PORTO ALEGRE (Reuters) - A condenação unânime pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) foi apenas o mais recente dos problemas com a Justiça enfrentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um caminho cheio de obstáculos que tornam cada vez mais distante um novo mandato presidencial.
Fontes ouvidas pela Reuters apontam para o final de março, no máximo, a publicação da sentença do juiz Sérgio Moro no processo em que o ex-presidente é acusado de ter recebido 870 mil reais das empreiteiras Odebrecht e OAS em reformas em um sítio em Atibaia (SP).
Uma segunda condenação é dada como praticamente certa por quem conhece o processo, tido como mais bem detalhado e com mais evidências do que o próprio caso do tríplex do Guarujá (SP), no qual Lula foi condenado em segunda instância pelo TRF-4 na quarta-feira.
O ex-presidente ainda enfrenta mais quatro processos, que vão de formação de quadrilha a obstrução da Justiça e estão sendo tocados em outras varas e no Supremo Tribunal Federal (STF).
E, mesmo com ações que já podem lhe custar uma vida em condenações, se todas forem confirmadas, o ex-presidente segue na mira do Ministério Público. Fonte ouvida pela Reuters confirma que novas investigações, fruto das delações da Odebrecht, avançaram e atingem, mais uma vez, o ex-presidente.
“As investigações avançaram bastante. Ainda demora um pouco, mas tem coisa grande por aí”, disse uma fonte familiarizada com as investigações.
Novas condenações e novas acusações pioram a situação pessoal do petista, mas não sua condição eleitoral especificamente.
Apesar de a condenação em segunda instância, quando analisados todos os recursos ao TRF-4, torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa, o tribunal responsável por Lula ser ou não candidato é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e isso apenas depois do petista registrar sua candidatura, em 15 de agosto.
Por lei, depois do registro feito, o TSE analisa se há algum impedimento para a candidatura. Se houver, ela é impugnada. Até lá --possivelmente em setembro-- Lula poderia manter sua campanha, e pretende fazê-lo.
O caminho, no entanto, será marcado por recursos judiciais que, antes de garantir uma candidatura, buscarão manter Lula fora da prisão.
UNANIMIDADE INESPERADA
O resultado por unanimidade no TRF-4, inclusive no aumento da pena de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês em regime fechado, não estava no horizonte dos advogados de Lula, de acordo com uma fonte próxima ao petista. Em casos de repercussão, é a primeira vez que os desembargadores da 8ª turma do TRF-4 concordam em tudo, inclusive no tamanho da pena.
Isso reduziu a possibilidade dos recursos a serem apresentados nessa instância aos chamados embargos de declaração, em que a defesa pode apenas pedir esclarecimentos sobre os pontos da sentença e costumam ter uma solução em no máximo dois meses. Depois disso, o processo está pronto e o juiz inicial do caso, Sérgio Moro, pode determinar a prisão.
Segundo a assessoria do TRF, mesmo as férias dos desembargadores Victor Laus e Leandro Paulsen, programadas para as próximas semanas, não adiariam esse processo. A informação é que a turma continua a funcionar normalmente com os desembargadores convocados para subsituí-los.
Ao participar nesta quinta-feira de reunião aberta da Executiva Nacional do PT em São Paulo, Lula acusou os desembargadores da 8a Turma do TRF de formarem um “cartel” para condená-lo por unanimidade, e disse não ter “nenhuma razão para respeitar a decisão”. [nL2N1PK17N]
Em entrevista depois do resultado do julgamento, Cristiano Zanin, um dos advogados de Lula, afirmou que a defesa ainda irá esperar a publicação do acórdão --o que deve ocorrer em uma semana-- para então decidir as ações daqui para frente.
É fato, no entanto, que a defesa entrará com os embargos de declaração, porque apenas depois deles analisados poderá mover a ação para os tribunais superiores, onde é possível entrar com ações cautelares e pedir liminares com efeito suspensivo, da prisão e da inelegibilidade.
De acordo com a assessoria do TRF, depois de receber a intimação para dar ciência do acórdão, a defesa tem até 10 dias para fazê-lo. Depois de tomar conhecimento, tem 2 dias para apresentar os embargos. Quando a campanha eleitoral começar a esquentar, em abril deste ano, Lula estará dependendo dos tribunais superiores para saber se poderá passá-la fora da prisão.
Redação Reuters
Por Lisandra Paraguassu
PORTO ALEGRE (Reuters) - A condenação unânime pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) foi apenas o mais recente dos problemas com a Justiça enfrentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um caminho cheio de obstáculos que tornam cada vez mais distante um novo mandato presidencial.
Fontes ouvidas pela Reuters apontam para o final de março, no máximo, a publicação da sentença do juiz Sérgio Moro no processo em que o ex-presidente é acusado de ter recebido 870 mil reais das empreiteiras Odebrecht e OAS em reformas em um sítio em Atibaia (SP).
Uma segunda condenação é dada como praticamente certa por quem conhece o processo, tido como mais bem detalhado e com mais evidências do que o próprio caso do tríplex do Guarujá (SP), no qual Lula foi condenado em segunda instância pelo TRF-4 na quarta-feira.
O ex-presidente ainda enfrenta mais quatro processos, que vão de formação de quadrilha a obstrução da Justiça e estão sendo tocados em outras varas e no Supremo Tribunal Federal (STF).
E, mesmo com ações que já podem lhe custar uma vida em condenações, se todas forem confirmadas, o ex-presidente segue na mira do Ministério Público. Fonte ouvida pela Reuters confirma que novas investigações, fruto das delações da Odebrecht, avançaram e atingem, mais uma vez, o ex-presidente.
“As investigações avançaram bastante. Ainda demora um pouco, mas tem coisa grande por aí”, disse uma fonte familiarizada com as investigações.
Novas condenações e novas acusações pioram a situação pessoal do petista, mas não sua condição eleitoral especificamente.
Apesar de a condenação em segunda instância, quando analisados todos os recursos ao TRF-4, torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa, o tribunal responsável por Lula ser ou não candidato é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e isso apenas depois do petista registrar sua candidatura, em 15 de agosto.
Por lei, depois do registro feito, o TSE analisa se há algum impedimento para a candidatura. Se houver, ela é impugnada. Até lá --possivelmente em setembro-- Lula poderia manter sua campanha, e pretende fazê-lo.
O caminho, no entanto, será marcado por recursos judiciais que, antes de garantir uma candidatura, buscarão manter Lula fora da prisão.
UNANIMIDADE INESPERADA
O resultado por unanimidade no TRF-4, inclusive no aumento da pena de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês em regime fechado, não estava no horizonte dos advogados de Lula, de acordo com uma fonte próxima ao petista. Em casos de repercussão, é a primeira vez que os desembargadores da 8ª turma do TRF-4 concordam em tudo, inclusive no tamanho da pena.
Isso reduziu a possibilidade dos recursos a serem apresentados nessa instância aos chamados embargos de declaração, em que a defesa pode apenas pedir esclarecimentos sobre os pontos da sentença e costumam ter uma solução em no máximo dois meses. Depois disso, o processo está pronto e o juiz inicial do caso, Sérgio Moro, pode determinar a prisão.
Segundo a assessoria do TRF, mesmo as férias dos desembargadores Victor Laus e Leandro Paulsen, programadas para as próximas semanas, não adiariam esse processo. A informação é que a turma continua a funcionar normalmente com os desembargadores convocados para subsituí-los.
Ao participar nesta quinta-feira de reunião aberta da Executiva Nacional do PT em São Paulo, Lula acusou os desembargadores da 8a Turma do TRF de formarem um “cartel” para condená-lo por unanimidade, e disse não ter “nenhuma razão para respeitar a decisão”. [nL2N1PK17N]
Em entrevista depois do resultado do julgamento, Cristiano Zanin, um dos advogados de Lula, afirmou que a defesa ainda irá esperar a publicação do acórdão --o que deve ocorrer em uma semana-- para então decidir as ações daqui para frente.
É fato, no entanto, que a defesa entrará com os embargos de declaração, porque apenas depois deles analisados poderá mover a ação para os tribunais superiores, onde é possível entrar com ações cautelares e pedir liminares com efeito suspensivo, da prisão e da inelegibilidade.
De acordo com a assessoria do TRF, depois de receber a intimação para dar ciência do acórdão, a defesa tem até 10 dias para fazê-lo. Depois de tomar conhecimento, tem 2 dias para apresentar os embargos. Quando a campanha eleitoral começar a esquentar, em abril deste ano, Lula estará dependendo dos tribunais superiores para saber se poderá passá-la fora da prisão.
domingo, 21 de janeiro de 2018
Revelações de Nossa Senhora à Santa Brígida acerca da dolorosíssima Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
Revelações de Nossa Senhora à Santa Brígida acerca da dolorosíssima Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Chegada a hora da Paixão de meu Filho, seus inimigos o prenderam dando-lhe golpes em seu pescoço e em seu rosto e, cuspindo nele, o e...
Papa adverte América Latina sobre corrupção e menciona a Odebrecht
Papa adverte América Latina sobre corrupção e menciona a Odebrecht
Redação Reuters
LIMA (Reuters) - O papa Francisco completou sua viagem ao Chile e ao Peru neste domingo alertando que a América Latina estava em uma profunda crise pela corrupção, com a política na maioria dos países “mais doente do que bem”.
Falando em observações improvisadas aos bispos, ele mencionou o escândalo envolvendo a brasileira Odebrecht, que admitiu pagar bilhões em subornos, como um exemplo de ganância descontrolada por todo o continente em que nasceu.
Enquanto estava sentado ao lado do presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, na sexta-feira, o papa disse que todas as partes da sociedade precisavam trabalhar para combater a corrupção.
Neste domingo, ele falou mais amplamente. “A política está em crise, muito em crise na América Latina”, disse ele, ao mesmo tempo que menciona paraísos fiscais e tráfico de drogas.
Em uma rara declaração para um papa, ele nomeou uma empresa específica. Francisco disse que a Odebrecht, que confessou em um acordo de leniência em 2016 pagar bilhões em troca de contratos em 10 países da América Latina, na verdade era apenas uma pequena parte do problema.
O papa falou sobre corrupção em viagens anteriores à América Latina. No Paraguai em 2015, ele disse que era uma “praga, uma gangrena da sociedade” e desde então expandiu a metáfora da doença.
Redação Reuters
LIMA (Reuters) - O papa Francisco completou sua viagem ao Chile e ao Peru neste domingo alertando que a América Latina estava em uma profunda crise pela corrupção, com a política na maioria dos países “mais doente do que bem”.
Falando em observações improvisadas aos bispos, ele mencionou o escândalo envolvendo a brasileira Odebrecht, que admitiu pagar bilhões em subornos, como um exemplo de ganância descontrolada por todo o continente em que nasceu.
Enquanto estava sentado ao lado do presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, na sexta-feira, o papa disse que todas as partes da sociedade precisavam trabalhar para combater a corrupção.
Neste domingo, ele falou mais amplamente. “A política está em crise, muito em crise na América Latina”, disse ele, ao mesmo tempo que menciona paraísos fiscais e tráfico de drogas.
Em uma rara declaração para um papa, ele nomeou uma empresa específica. Francisco disse que a Odebrecht, que confessou em um acordo de leniência em 2016 pagar bilhões em troca de contratos em 10 países da América Latina, na verdade era apenas uma pequena parte do problema.
O papa falou sobre corrupção em viagens anteriores à América Latina. No Paraguai em 2015, ele disse que era uma “praga, uma gangrena da sociedade” e desde então expandiu a metáfora da doença.
São Boaventura
São Boaventura
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Boaventura, O.F.M. (em italiano: Bonaventura), nascido Giovanni di Fidanza, foi um teólogo e filósofo escolástico medieval nascido na Itália no século XIII. Sétimo ministro-geral da Ordem dos Frades Menores, foi também cardeal-bispo de Albano. Boaventura foi canonizado em 14 de abril de 1482 pelo papa Sisto IV e declarado Doutor da Igreja em 1588 pelo papa Sisto V como "Doutor Seráfico" (em latim: Doctor Seraphicus). Diversas obras que durante a Idade Média se acreditava ser de Boaventura foram depois atribuídas ao chamado "Pseudo-Boaventura".
Biografia
Boaventura nasceu em Bagnoregio, na região do Lácio perto de Viterbo, na época parte dos Estados Papais. Quase nada se sabe sobre sua infância, exceto os nomes de seus pais, Giovanni di Fidanza e Maria Ritella.
Ele entrou para a Ordem Franciscana em 1243 e estudou na Universidade de Paris, possivelmente sob a direção de Alexandre de Hales e certamente sob a de seu sucessor, João de la Rochelle. Em 1253, era o titular da cadeira franciscana em Paris. Infelizmente para Boaventura, a disputa entre os franciscanos seculares e os mendicantes atrasou seu mestrado até 1257, quando finalmente conseguiu o título - equivalente medieval ao de doutor - juntamente com Tomás de Aquino.[3] Três anos antes, sua fama já tinha lhe valido a posição de palestrante sobre "Os Quatro Livros de Sentenças", um livro de teologia escrito por Pedro Lombardo no século XII.
Depois de conseguir defender com sucesso sua ordem contra as críticas do grupo contrário aos mendicantes, Boaventura foi eleito ministro-geral da ordem. Em 24 de novembro de 1265, foi selecionado para o posto de arcebispo de York, mas jamais foi consagrado e acabou renunciando ao posto em outubro de 1266.
Durante seu mandato, o capítulo geral de Narbona, realizado em 1260, promulgou um decreto proibindo a publicação de qualquer obra por membros da ordem sem permissão prévia dos altos escalões. Esta proibição induziu muitos autores modernos a criticarem os superiores de Roger Bacon, acusados de invejarem as habilidades do pupilo.[6] Porém, a proibição que afetou Bacon foi uma geral, que se estendia a toda e qualquer obra e não apenas a de Bacon. Ademais, sua promulgação não tinha suas obras como alvo e sim as de Gerard de Borgo San Donnino, que havia publicado em 1254, sem permissão, uma obra herética chamada "Introductorius in Evangelium æternum. Foi para evitar que algo assim se repetisse que o capítulo-geral emitiu a proibição, idêntica à "constitutio gravis in contrarium" citada por Bacon. O decreto foi finalmente revogado, o que favoreceu Bacon, de forma inesperada em 1266.
Boaventura foi instrumental para a eleição do papa Gregório X, que premiou-o com o título de cardeal-bispo da Diocese de Albano e insistiu que ele comparecesse ao grande Concílio de Lyon de 1274. Lá, depois que suas importantes contribuições ajudaram a aprovar uma fugaz reunião das igrejas latina e grega, Boaventura morreu repentinamente e em circunstâncias suspeitas.[2] O artigo sobre ele na "Enciclopédia Católica" traz citações que sugerem que ele teria sido envenenado.[2] A única relíquia existente do santo são o braço e a mão que ele utilizou para escrever seu "Comentários sobre as Sentenças", ambos agora preservados em Bagnoregio, na igreja paroquial de São Nicolau.
Sua teologia é marcada pela tentativa de integrar completamente a fé e a razão. Ele acreditava que Cristo era o "único mestre verdadeiro" que oferece à humanidade conhecimentos que nascem da fé, se desenvolvem através de uma compreensão racional e tornam-se perfeitos pela união mística com Deus.
Teologia e obras
As obras de Boaventura, de acordo com a mais recente edição crítica pelo Collegio di San Bonaventura, são compostas por um "Comentário sobre as Sentenças de (Pedro) Lombardo", em 4 volumes, dentre os quais um "Comentário sobre o Evangelho de São Lucas" e diversas outras obras menores. As mais famosas destas são "Itinerarium Mentis in Deum", "Breviloquium", "De Reductione Artium ad Theologiam", "Soliloquium" e "De septem itineribus aeternitatis", nas quais se encontram as mais peculiares características de sua doutrina. O filósofo alemão Dieter Hattrup não acreditava que "De reductione artium ad theologiam" possa ter sido escrita por Boaventura alegando diferenças no estilo do pensamento em relação às demais obras dele,[9] mas sua posição tem sido amplamente desacreditada depois das pesquisas de Benson, Hammond, Hughes & Johnson no volume 67 dos "Estudos Franciscanos" (2009).
Foi para Santa Isabel da França, a irmã do rei São Luis IX da França, e seu mosteiro de clarissas em Longchamps (atualmente parte do Bois de Bologne, em Paris), que Boaventura escreveu seu tratado "Sobre a Perfeição da Vida".
O "Comentário sobre as Sentenças" ainda é, sem dúvida, a obra-prima de Boaventura e todas as suas demais obras lhes são devedoras. Ela foi escrita por ordem de seus superiores (superiorum praecepto) quando ele tinha apenas 27 anos de idade e é uma obra teológica de grande qualidade.
Filosofia
Boaventura escreveu sobre quase todos os assuntos acadêmicos de sua época e suas obras são numerosas. Contudo, a maioria trata de filosofia e teologia. Nenhuma delas é exclusivamente filosófica e todas são excelentes testemunhas da mútua interpenetração entre as duas disciplinas que marcou o período escolástico.
Muito do pensamento filosófico de Boaventura revela uma considerável influência de Santo Agostinho, tanta que De Wulf considera-o como o melhor representante do agostinianismo. Boaventura acrescenta princípios aristotélicos à doutrina platonista agostiniana, especialmente no que tange à iluminação do intelecto. O místico Dionísio, o Areopagita, foi outra notável influência.
Na filosofia, Boaventura foi bastante diferente de seus contemporâneos ilustres, Roger Bacon e Tomás de Aquino. Enquanto estes podem ser vistos como representantes, respectivamente, da ciência física - ainda que na sua infância - e do escolasticismo aristotélico em sua forma mais perfeita, ele apresenta uma forma de especulação teológica mística e platonizadora que já tinha, de alguma forma, aparecido nas obras de Bernardo de Claraval, Hugo e Ricardo de São Vítor. Para ele, o elemento puramente intelectual, embora jamais ausente, é de menor interesse quando comparado com o poder vivo dos sentimentos ou do coração.
Como Aquino, com quem compartilhava importantes opiniões em assuntos teológicos e filosóficos, Boaventura combatia vigorosamente a noção aristotélica da eternidade do mundo. Ele aceitava a doutrina platônica de que as ideias não existem in rerum natura, mas como ideais exemplificados pelo Divino, de acordo com o qual as coisas são formadas; e esta concepção tem grande influência sobre sua filosofia. Por conta dela, o filósofo e físico Max Bernhard Weinstein propôs que a doutrina de Boaventura revela fortes inclinações pandeísticas. Como todos os grandes doutores escolásticos, Boaventura inicia seus argumentos com uma discussão sobre a relação entre fé e razão. Todas as ciências seriam, de acordo com ele, empregadas da teologia; a razão pode descobrir algumas das verdades morais que formam a base do sistema cristão, mas outras só são podem ser recebidas e aprendidas através da divina iluminação. Para obter esta iluminação, a alma precisa empregar os métodos apropriados - a oração, o exercício da virtude, através dos quais ela se apronta para receber a luz divina, e a meditação, que pode chegar até mesmo à união extática com Deus. O objetivo supremo da vida seria esta união, uma união em contemplação ou no intelecto e de intensa absorção do amor. Contudo, ele defende que ela não pode ser inteiramente alcançada nesta vida e permanece sempre, para os fieis, como uma esperança para o futuro.
Um mestre das frases memoráveis, Boaventura defendia que a filosofia abre a mente para pelo menos três diferentes caminhos que os seres humanos podem escolher em suas jornadas para Deus. As criaturas materiais não-intelectuais ele concebeu como sombras e vestígios (literalmente "pegadas") de Deus, compreendido como a causa final do mundo que a razão filosófica pode provar como tendo sido criado junto com o tempo. As criaturas intelectuais seriam as criadas à imagem e semelhança de Deus; o resultado da mente e da vontade humanas levando-nos a Deus, entendido como iluminador (revelador) do conhecimento e doador da graça e da virtude. A rota final é rota do ser, na qual Boaventura incorporou o argumento de Anselmo junto com a metafísica de Aristóteles e Platão para defender uma visão de Deus como um ser absolutamente perfeito cuja essência requer existência, um ser absolutamente simples que é a causa da existência de todos os demais seres compostos.
Na forma e no objetivo, as obras de São Boaventura são sempre obras teológicas e seu único ângulo de visão e critério de aproximação da verdade é a fé cristã. Este viés influencia sua própria importância na história da filosofia e, quando se soma o julgamento sobre seu estilo literário, Boaventura aparece como sendo, provavelmente, o menos acessível dentre as grandes figuras da filosofia do século XIII. E isto se dá não por ele ser um teólogo, mas por que a filosofia só lhe interessa como preparatio evangelica ("preparação para a pregação evangélica"), como algo que deve ser interpretado como uma sobra ou um desvio do que Deus revelou. De certa forma, o mesmo não vale para Aquino ou Alberto ou Duns Escoto e, conclui-se, Boaventura não sobreviveu bem à transição de seu tempo para o mundo contemporâneo. É difícil imaginar um filósofo contemporâneo, cristão ou não, citando uma passagem de Boaventura para apoiar um ponto de vista puramente filosófico. É claro que muitos filósofos leem Boaventura, mas o estudo de sua obra raramente é útil para compreender filósofos e seus característicos problemas. Boaventura, como teólogo, é outra história, é óbvio, assim como é Boaventura, o "autor edificante". Nestas disciplinas, e não propriamente na filosofia, que sua importância deve ser buscada.
Influência
Boaventura foi formalmente canonizado em 1482 pelo papa franciscano Sisto IV e foi declarado, juntamente com Tomás de Aquino, como o maior dos Doutores da Igreja por outro, papa Sisto V, em 1587. Ele era também considerado como um dos maiores filósofos da Idade Média.
A festa de São Boaventura foi incluída no Calendário Geral Romano logo depois de sua canonização. Inicialmente, era celebrada no segundo domingo de julho, mas foi movida em 1568 para o dia 14 de julho, pois no dia quinze, o aniversário de sua morte, já se comemorava a festa de Santo Henrique. A festa permaneceu sendo celebrada nesta data como festa de "segunda classe", até 1960, quando foi reclassificada como festa de "terceira classe". Em 1969, ela foi novamente classificada como uma memoria obrigatória e movida novamente para 15 de julho, aniversário de sua morte, data na qual se celebra São Boaventura atualmente.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Boaventura, O.F.M. (em italiano: Bonaventura), nascido Giovanni di Fidanza, foi um teólogo e filósofo escolástico medieval nascido na Itália no século XIII. Sétimo ministro-geral da Ordem dos Frades Menores, foi também cardeal-bispo de Albano. Boaventura foi canonizado em 14 de abril de 1482 pelo papa Sisto IV e declarado Doutor da Igreja em 1588 pelo papa Sisto V como "Doutor Seráfico" (em latim: Doctor Seraphicus). Diversas obras que durante a Idade Média se acreditava ser de Boaventura foram depois atribuídas ao chamado "Pseudo-Boaventura".
Biografia
Boaventura nasceu em Bagnoregio, na região do Lácio perto de Viterbo, na época parte dos Estados Papais. Quase nada se sabe sobre sua infância, exceto os nomes de seus pais, Giovanni di Fidanza e Maria Ritella.
Ele entrou para a Ordem Franciscana em 1243 e estudou na Universidade de Paris, possivelmente sob a direção de Alexandre de Hales e certamente sob a de seu sucessor, João de la Rochelle. Em 1253, era o titular da cadeira franciscana em Paris. Infelizmente para Boaventura, a disputa entre os franciscanos seculares e os mendicantes atrasou seu mestrado até 1257, quando finalmente conseguiu o título - equivalente medieval ao de doutor - juntamente com Tomás de Aquino.[3] Três anos antes, sua fama já tinha lhe valido a posição de palestrante sobre "Os Quatro Livros de Sentenças", um livro de teologia escrito por Pedro Lombardo no século XII.
Depois de conseguir defender com sucesso sua ordem contra as críticas do grupo contrário aos mendicantes, Boaventura foi eleito ministro-geral da ordem. Em 24 de novembro de 1265, foi selecionado para o posto de arcebispo de York, mas jamais foi consagrado e acabou renunciando ao posto em outubro de 1266.
Durante seu mandato, o capítulo geral de Narbona, realizado em 1260, promulgou um decreto proibindo a publicação de qualquer obra por membros da ordem sem permissão prévia dos altos escalões. Esta proibição induziu muitos autores modernos a criticarem os superiores de Roger Bacon, acusados de invejarem as habilidades do pupilo.[6] Porém, a proibição que afetou Bacon foi uma geral, que se estendia a toda e qualquer obra e não apenas a de Bacon. Ademais, sua promulgação não tinha suas obras como alvo e sim as de Gerard de Borgo San Donnino, que havia publicado em 1254, sem permissão, uma obra herética chamada "Introductorius in Evangelium æternum. Foi para evitar que algo assim se repetisse que o capítulo-geral emitiu a proibição, idêntica à "constitutio gravis in contrarium" citada por Bacon. O decreto foi finalmente revogado, o que favoreceu Bacon, de forma inesperada em 1266.
Boaventura foi instrumental para a eleição do papa Gregório X, que premiou-o com o título de cardeal-bispo da Diocese de Albano e insistiu que ele comparecesse ao grande Concílio de Lyon de 1274. Lá, depois que suas importantes contribuições ajudaram a aprovar uma fugaz reunião das igrejas latina e grega, Boaventura morreu repentinamente e em circunstâncias suspeitas.[2] O artigo sobre ele na "Enciclopédia Católica" traz citações que sugerem que ele teria sido envenenado.[2] A única relíquia existente do santo são o braço e a mão que ele utilizou para escrever seu "Comentários sobre as Sentenças", ambos agora preservados em Bagnoregio, na igreja paroquial de São Nicolau.
Sua teologia é marcada pela tentativa de integrar completamente a fé e a razão. Ele acreditava que Cristo era o "único mestre verdadeiro" que oferece à humanidade conhecimentos que nascem da fé, se desenvolvem através de uma compreensão racional e tornam-se perfeitos pela união mística com Deus.
Teologia e obras
As obras de Boaventura, de acordo com a mais recente edição crítica pelo Collegio di San Bonaventura, são compostas por um "Comentário sobre as Sentenças de (Pedro) Lombardo", em 4 volumes, dentre os quais um "Comentário sobre o Evangelho de São Lucas" e diversas outras obras menores. As mais famosas destas são "Itinerarium Mentis in Deum", "Breviloquium", "De Reductione Artium ad Theologiam", "Soliloquium" e "De septem itineribus aeternitatis", nas quais se encontram as mais peculiares características de sua doutrina. O filósofo alemão Dieter Hattrup não acreditava que "De reductione artium ad theologiam" possa ter sido escrita por Boaventura alegando diferenças no estilo do pensamento em relação às demais obras dele,[9] mas sua posição tem sido amplamente desacreditada depois das pesquisas de Benson, Hammond, Hughes & Johnson no volume 67 dos "Estudos Franciscanos" (2009).
Foi para Santa Isabel da França, a irmã do rei São Luis IX da França, e seu mosteiro de clarissas em Longchamps (atualmente parte do Bois de Bologne, em Paris), que Boaventura escreveu seu tratado "Sobre a Perfeição da Vida".
O "Comentário sobre as Sentenças" ainda é, sem dúvida, a obra-prima de Boaventura e todas as suas demais obras lhes são devedoras. Ela foi escrita por ordem de seus superiores (superiorum praecepto) quando ele tinha apenas 27 anos de idade e é uma obra teológica de grande qualidade.
Filosofia
Boaventura escreveu sobre quase todos os assuntos acadêmicos de sua época e suas obras são numerosas. Contudo, a maioria trata de filosofia e teologia. Nenhuma delas é exclusivamente filosófica e todas são excelentes testemunhas da mútua interpenetração entre as duas disciplinas que marcou o período escolástico.
Muito do pensamento filosófico de Boaventura revela uma considerável influência de Santo Agostinho, tanta que De Wulf considera-o como o melhor representante do agostinianismo. Boaventura acrescenta princípios aristotélicos à doutrina platonista agostiniana, especialmente no que tange à iluminação do intelecto. O místico Dionísio, o Areopagita, foi outra notável influência.
Na filosofia, Boaventura foi bastante diferente de seus contemporâneos ilustres, Roger Bacon e Tomás de Aquino. Enquanto estes podem ser vistos como representantes, respectivamente, da ciência física - ainda que na sua infância - e do escolasticismo aristotélico em sua forma mais perfeita, ele apresenta uma forma de especulação teológica mística e platonizadora que já tinha, de alguma forma, aparecido nas obras de Bernardo de Claraval, Hugo e Ricardo de São Vítor. Para ele, o elemento puramente intelectual, embora jamais ausente, é de menor interesse quando comparado com o poder vivo dos sentimentos ou do coração.
Como Aquino, com quem compartilhava importantes opiniões em assuntos teológicos e filosóficos, Boaventura combatia vigorosamente a noção aristotélica da eternidade do mundo. Ele aceitava a doutrina platônica de que as ideias não existem in rerum natura, mas como ideais exemplificados pelo Divino, de acordo com o qual as coisas são formadas; e esta concepção tem grande influência sobre sua filosofia. Por conta dela, o filósofo e físico Max Bernhard Weinstein propôs que a doutrina de Boaventura revela fortes inclinações pandeísticas. Como todos os grandes doutores escolásticos, Boaventura inicia seus argumentos com uma discussão sobre a relação entre fé e razão. Todas as ciências seriam, de acordo com ele, empregadas da teologia; a razão pode descobrir algumas das verdades morais que formam a base do sistema cristão, mas outras só são podem ser recebidas e aprendidas através da divina iluminação. Para obter esta iluminação, a alma precisa empregar os métodos apropriados - a oração, o exercício da virtude, através dos quais ela se apronta para receber a luz divina, e a meditação, que pode chegar até mesmo à união extática com Deus. O objetivo supremo da vida seria esta união, uma união em contemplação ou no intelecto e de intensa absorção do amor. Contudo, ele defende que ela não pode ser inteiramente alcançada nesta vida e permanece sempre, para os fieis, como uma esperança para o futuro.
Um mestre das frases memoráveis, Boaventura defendia que a filosofia abre a mente para pelo menos três diferentes caminhos que os seres humanos podem escolher em suas jornadas para Deus. As criaturas materiais não-intelectuais ele concebeu como sombras e vestígios (literalmente "pegadas") de Deus, compreendido como a causa final do mundo que a razão filosófica pode provar como tendo sido criado junto com o tempo. As criaturas intelectuais seriam as criadas à imagem e semelhança de Deus; o resultado da mente e da vontade humanas levando-nos a Deus, entendido como iluminador (revelador) do conhecimento e doador da graça e da virtude. A rota final é rota do ser, na qual Boaventura incorporou o argumento de Anselmo junto com a metafísica de Aristóteles e Platão para defender uma visão de Deus como um ser absolutamente perfeito cuja essência requer existência, um ser absolutamente simples que é a causa da existência de todos os demais seres compostos.
Na forma e no objetivo, as obras de São Boaventura são sempre obras teológicas e seu único ângulo de visão e critério de aproximação da verdade é a fé cristã. Este viés influencia sua própria importância na história da filosofia e, quando se soma o julgamento sobre seu estilo literário, Boaventura aparece como sendo, provavelmente, o menos acessível dentre as grandes figuras da filosofia do século XIII. E isto se dá não por ele ser um teólogo, mas por que a filosofia só lhe interessa como preparatio evangelica ("preparação para a pregação evangélica"), como algo que deve ser interpretado como uma sobra ou um desvio do que Deus revelou. De certa forma, o mesmo não vale para Aquino ou Alberto ou Duns Escoto e, conclui-se, Boaventura não sobreviveu bem à transição de seu tempo para o mundo contemporâneo. É difícil imaginar um filósofo contemporâneo, cristão ou não, citando uma passagem de Boaventura para apoiar um ponto de vista puramente filosófico. É claro que muitos filósofos leem Boaventura, mas o estudo de sua obra raramente é útil para compreender filósofos e seus característicos problemas. Boaventura, como teólogo, é outra história, é óbvio, assim como é Boaventura, o "autor edificante". Nestas disciplinas, e não propriamente na filosofia, que sua importância deve ser buscada.
Influência
Boaventura foi formalmente canonizado em 1482 pelo papa franciscano Sisto IV e foi declarado, juntamente com Tomás de Aquino, como o maior dos Doutores da Igreja por outro, papa Sisto V, em 1587. Ele era também considerado como um dos maiores filósofos da Idade Média.
A festa de São Boaventura foi incluída no Calendário Geral Romano logo depois de sua canonização. Inicialmente, era celebrada no segundo domingo de julho, mas foi movida em 1568 para o dia 14 de julho, pois no dia quinze, o aniversário de sua morte, já se comemorava a festa de Santo Henrique. A festa permaneceu sendo celebrada nesta data como festa de "segunda classe", até 1960, quando foi reclassificada como festa de "terceira classe". Em 1969, ela foi novamente classificada como uma memoria obrigatória e movida novamente para 15 de julho, aniversário de sua morte, data na qual se celebra São Boaventura atualmente.
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