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domingo, 9 de agosto de 2015

Temer é visto como solução política em eventual saída de Dilma

Temer é visto como solução política em eventual saída de Dilma

 Vice-presidente Michel Temer ri durante palestra em Brasília. 06/08/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O chamamento do vice-presidente da República, Michel Temer, pela reunificação diante da grave crise no Congresso e sua habilidade política o credenciam para assumir o país num eventual impedimento da presidente Dilma Rousseff, ainda que ele negue tal objetivo.

Temer veio a público na quarta-feira fazer um apelo para que os parlamentares não agravassem a crise econômica e afirmou que alguém teria que trabalhar pela reunificação do país. As federações das indústrias dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro manifestaram apoio à proposta de união apresentada pelo vice-presidente.

Mas as palavras dele abriram caminho para a interpretação de que Temer estaria fazendo um jogo duplo, articulando em prol do governo e movimentando-se para mostrar ser alternativa confiável de solução num cenário de impedimento de Dilma.

A situação levou Temer a explicar para a chefe a intenção de suas declarações, gerando rumores sobre a saída do vice do posto de articulador, o que foi classificado por ele como boatos infundados.

Pessoas próximas ao peemedebista procuram afastar a intepretação de que Temer estaria fazendo jogo duplo destacando para isso a lealdade do vice.

"Ele é uma pessoa muito leal", disse o analista político Thiago de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice e que trabalhou com Temer neste ano. "Não acho que ele disputará a Presidência em 2018, porque antes o governo atual precisa ser resolvido. Após isso, o futuro dele está em aberto", acrescentou.

Mas o futuro do vice-presidente de 74 anos pode ser definido antes do que ele imagina, caso Dilma sofra um impeachment. A petista tem pela frente a análise das contas do ano passado de seu governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que pode abrir caminho para um processo de impedimento e catapultar Temer para o comando da República.

“Eu sinceramente acho que ele (Temer) é o único que poderia vir a ter (as condições para solucionar a crise)... Se ele não tem, ninguém mais tem", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.  "Alguém precisava fazer um chamamento para a unidade. O ideal é que esse alguém fosse a presidente da República, que aliás foi eleita há nove meses e não fez isso em momento nenhum e agora ela perdeu as condições de fazer isso... O vice-presidente se manteve sempre em condição de fazer esse movimento, porque ele sempre soube se preservar”, acrescentou.

Temer é visto até mesmo por adversários como uma pessoa afável e de fácil convivência, características que o ajudaram a presidir a Câmara dos Deputados por três vezes e que o mantém há 11 anos no comando do maior partido do Brasil, o PMDB.

"O Michel Temer é um político hábil e experimentado. Eu diria isso daí. Eu não vou mais nada além disso", disse à Reuters o senador José Agripino (DEM-RN), uma das principais vozes de oposição a Dilma, ao ser questionado sobre o papel de Temer em um eventual pós-impeachment.

Cauteloso, o presidente do DEM disse que, para se chegar a um impeachment, são necessários fundamentos jurídicos que, segundo ele, ainda não surgiram.

PEÇA-CHAVE

Depois de um primeiro mandato de Dilma em que teve pouca relevância e raramente era consultado pela petista, Temer tornou-se peça-chave do governo ao assumir em abril a articulação política em meio a uma crise no Congresso e à necessidade de Dilma aprovar no Legislativo medidas impopulares para reequilibrar as contas públicas.

O protagonismo conquistado, aliado à fragilidade da presidente, abriu espaço para que as declarações de Temer na última quarta recebessem exatamente a interpretação que agora ele busca negar.

"Ele (Temer) tem sinalizado em geral para um comportamento buscando o entendimento e acomodação... Mas marginalmente houve uma mudança no discurso dele e ele paulatinamente também reflete essa segunda agenda, de começar a construir legitimidade para eventual ocorrência de impeachment", disse o analista Rafael Cortez, da Tendências Consultoria   Não é nada que signifique que ele está trabalhando para isso. Acho que ele tem tido um comportamento muito responsável... Mas claramente ele já começa a abrir a possibilidade de minimizar ou, pelo menos, fazer um teste de qual seria a viabilidade de um eventual mandato”, avaliou o analista.

Aliados e pessoas próximas de Temer evitam falar da possibilidade de impeachment da presidente, mesmo reconhecendo a crise política e a importância que o vice tem para o governo.

"Existe uma crise política que agrava a crise econômica, a capacidade do governo de articular a sua base parlamentar diminui drasticamente e não há dúvida que é necessário que se tenha o mais rápido possível condições políticas para que se possa fazer um grande acordo nacional", disse Wellington Moreira Franco, um dos peemedebistas mais próximos de Temer.

Ele participou de jantar nesta semana entre lideranças do PSDB e do PMDB, mas figuras das duas legendas garantem que um eventual impeachment não esteve no cardápio do encontro, assim como a realização de um pacto para dar sustentação a um eventual governo Temer.

Setores tucanos, aliás, defendem a saída de Dilma via cassação de sua chapa presidencial pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que implicaria também na saída do vice. Essa hipótese levaria à realização de novas eleições, nas quais o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), despontaria como favorito.

A possibilidade de cassação da chapa, no entanto, é apontada por analistas como a mais remota entre aquelas que podem resultar em uma interrupção de mandato de Dilma.

(Reportagem adicional de Anthony Boadle, em Brasília)


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sábado, 8 de agosto de 2015

Temer nega que tenha deixado a articulação política do governo

Temer nega que tenha deixado a articulação política do governo

 Presidente Dilma Rousseff fala com o vice-presidente, Michel Temer, durante cerimônia no Palácio do Planalto. 24/06/2015. REUTERS/Bruno Domingos


Por Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente da República, Michel Temer, negou nesta sexta-feira que tenha deixado a articulação política do governo, conforme publicado em reportagem do ValorPro, serviço do jornal Valor Econômico.

"São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu país e com a presidente Dilma", disse Temer em sua conta na rede social Twitter.

De acordo com fontes do Planalto que pediram para não serem identificadas, o vice adiou embarque para São Paulo para reunir-se com a presidente, na quinta-feira, ocasião em que negou que estivesse fazendo um "jogo duplo" na articulação do governo.

Durante a conversa, o vice sustentou que tem trabalhado para garantir a governabilidade e apaziguar a base, já conturbada, e neste contexto, deixou a presidente à vontade para destituí-lo do cargo de articulador, caso não estivesse satisfeita.

Ainda segundo essas fontes, o vice ouviu de Dilma que ela confia em sua atuação do vice e que é muito importante que ele permaneça na articulação.

Segundo uma das fontes, a conversa entre os dois foi motivada por teoria que circula entre alguns ministros petistas segundo a qual seu recente apelo por unidade e para evitar o agravamento da crise política seria uma tentativa de colocar-se como uma alternativa a Dilma.

Na quarta-feira, Temer fez uma declaração à imprensa em que pediu unidade a todos os setores da sociedade e disse ser necessário que "alguém tenha a capacidade de reunificar a todos", referindo-se ao Congresso Nacional.

Outra fonte próxima do núcleo de articulação, assim como um parlamentar petista, disseram não acreditar que o vice esteja fazendo "jogo duplo".  Segundo a reportagem do ValorPro, Temer teria dito em reunião com a presidente Dilma Rousseff na véspera que havia chegado o momento de ele deixar a articulação política do governo.

(Reportagem adicional de Leonardo Goy, em Brasília)


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Hiroshima e Nagasaki, bombas e terror




Hiroshima e Nagasaki, bombas e terror

Nuvem de fumaça gerada pela bomba de plutônio lançada sobre Nagasaki, em 09 de agosto de 1945


Por Tales Pinto

A II Guerra Mundial foi um cenário de imensas atrocidades ordenadas por líderes militares e governamentais de ambos os lados em conflito. Além das dezenas de milhões de mortos, decorrentes dos combates e bombardeamentos, e dos mais de seis milhões de vítimas do holocausto perpetrado pelos nazistas, houve ainda a única utilização na história de bombas atômicas em guerras.

O bombardeamento das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki pode ser considerado o maior atentado terrorista da história da humanidade, já que o objetivo do governo e do exército dos Estados Unidos era aterrorizar a população japonesa e, assim, evitar uma invasão ao país para por fim à guerra.

Apesar da vitória sobre os alemães em maio de 1945, a guerra no Pacífico ainda continuou por dois meses. Os estadunidenses haviam virado o conflito contra o Japão a seu favor, desde as batalhas do Mar de Coral e de Midway, em 1942. Em fevereiro de 1945, os estadunidenses passaram a avançar sobre o território japonês, conquistando a ilha de Iwo Jima. A resistência japonesa se dava principalmente com a utilização dos kamikazes, pilotos que utilizavam de forma suicida seus aviões abarrotados de bombas contra os navios da marinha dos EUA.

Paralelamente aos combates na II Guerra Mundial, os EUA estavam desenvolvendo em seu território o Projeto Manhattan, uma iniciativa de pesquisa para desenvolver um armamento baseado na fissão do átomo. Uma grande quantidade de engenheiros e cientistas que haviam fugido dos governos nazifascistas europeus participou desse projeto, junto a cientistas e engenheiros estadunidenses. Os militares dos EUA queriam se adiantar aos alemães na criação dessa bomba, que utilizaria a energia gerada a partir da fissão nuclear do urânio e do plutônio.

O primeiro teste do Projeto Manhattan realizado com sucesso ocorreu no dia 16 de julho, no deserto de Alamogordo, no estado do Novo México, quando uma bomba de plutônio foi explodida.

No mesmo mês, o Imperador japonês Hirohito recusou a rendição proposta pelos EUA. A decisão tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Henry Truman, foi utilizar a bomba atômica para evitar a invasão ao Japão, o que causaria, segundo estimativas, a morte de um milhão de pessoas. Em 06 de agosto de 1945, um bombardeiro B-29, apelidado de Enola Gay, despejou uma bomba de urânio (ironicamente chamada de “little boy”) sobre a cidade de Hiroshima, que explodiu a 570 metros do solo. Formou-se uma imensa bola de fogo no céu com uma temperatura de 300 mil graus Celsius, gerando uma imensa nuvem de fumaça na forma de cogumelo, que alcançou mais de 18 km de altura. Estimativas indicam que mais de 140 mil pessoas tenham morrido.

Bombardeiro B-29, o Enola Gay, que lançou a bomba de urânio sobre Hiroshima.*


Três dias depois um novo alvo foi atingido. Sobre a cidade de Nagasaki, outro bombardeiro B-29, o Bockscar, despejou a “Fat Man”, uma bomba de plutônio mais forte que a que havia explodido sobre Hiroshima. A topografia de Nagasaki, localizada entre montanhas, impediu uma maior irradiação dos efeitos da bomba. Entretanto, mas de 40 mil pessoas morreram. Além das mortes em decorrência da ação direta das duas bombas, dezenas de milhares morreram posteriormente em decorrência da radiação.

No dia 02 de setembro de 1945, o Imperador japonês assinou a rendição do país. No saldo de mortos realizado pelo presidente dos EUA, a utilização das bombas atômicas pode ter sido lucrativa. Mas o que ficava para a população japonesa, em particular, e a mundial, em geral, era o terror frente a esse novo instrumento militar.

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A PRIMAVERA DE BUDAPESTE




A Primavera de Budapeste

A Revolução Húngara de 1956 foi um levantamento popular espontâneo contra o governo stalinista na Hungria e contra a política imposta pela União Soviética, iniciado em 23 de Outubro de 1956 com uma grande manifestação estudantil que marchou pelo centro da capital Budapeste. No dia 4 de Novembro de 1956, o Exército Vermelho invade a cidade e a resistência organizada chega ao fim, seis dias depois.

altO levante húngaro começou em 23 de Outubro de 1956, com uma manifestação pacífica de estudantes em Budapeste. Exigiam o fim da ocupação soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro". Quando os estudantes tentaram resgatar alguns colegas que haviam sido presos pela polícia política, esta abriu fogo contra a multidão.

No dia seguinte, oficiais e soldados juntaram-se aos estudantes nas ruas da capital. A estátua de Josef Stálin foi derrubada por manifestantes que entoavam, "russos, voltem para casa", "abaixo Gerő" e "viva Nagy". Em resposta, o comitê central do Partido Comunista Húngaro recomendou o nome de Imre Nagy para a chefia de governo.

Em 25 de outubro, tanques soviéticos dispararam contra manifestantes na Praça do Parlamento. Chocado com tais acontecimentos, o comitê central do partido forçou a renúncia de Gerő e substituiu-o por János Kádár.

Nagy foi à Rádio Kossuth e anunciou a futura instalação das liberdades, como seja o multipartidarismo, a extinção da polícia política, a melhoria radical das condições de vida do trabalhador e a busca do socialismo condizente com as características nacionais da Hungria.

Em 28 de outubro, o primeiro-ministro Nagy vê as suas opções serem aceites por todos os órgãos do Partido Comunista. Os populares desarmam a polícia política.
Em 30 de outubro, Nagy comunicou a libertação do cardeal Mindszenty e de outros prisioneiros políticos. Reconstituíram-se os Partidos dos Pequenos Proprietários, Social-Democrata e Camponês Petőfi. O Politburo Soviético decide, numa primeira fase (30 de Outubro) mandar as tropas sair de Budapeste, e mesmo da Hungria se viesse essa a ser a vontade do novo governo. Mas no dia seguinte volta a trás e decide-se pela intervenção militar e instauração de um novo governo. A 1 de Novembro, o governo húngaro, ao tomar conhecimento das movimentações militares em direcção a Budapeste, comunica a intenção húngara de se retirar do Pacto de Varsóvia e pede a protecção das Nações Unidas.

A 3 de Novembro Budapeste está cercada por mais de mil tanques. Em 4 de novembro, o Exército Vermelho invade Budapeste, com o apoio de ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia a Hungria, derrotando rapidamente as forças húngaras. Calcula-se que 20 000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética. Nagy foi preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo simpatizante soviético János Kádár. Mais de 2 mil processos políticos foram abertos, resultando em 350 enforcamentos. Dezenas de milhares de húngaros fugiram do país e cerca de 13 mil foram presos. As tropas soviéticas apenas saíram da Hungria entre 1989 e 1991.

http://www.hungriabonita.com/


Clarice Lispector


Clarice Lispector

Por Paula Perin dos Santos
A contribuição da obra de Clarice Lispector  na Literatura Brasileira está, sobretudo na produção de um romance introspectivo, raridade entre nossa produção literária. Para compreender sua produção literária, é necessário do leitor um preparo psicológico, já que um primeiro contato com a obra causa um estranhamento no leitor; superada essa primeira etapa, é possível reconhecer sua escrita indefinível, uma mistura de prosa, confissão, discursos internos e poesia.
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925, vindo ainda recém-nascida com seus pais para o Pernambuco, inicialmente, e depois para o Rio de Janeiro. É possível perceber na escritora uma forte identificação com o povo nordestino. Antes dos 7 anos, já inventava histórias. Sua mãe também escrevia, mas Clarice só soube disso através de suas tias, após a morte da mãe. Suas irmãs também eram escritoras. Uma delas, de livros técnicos.

Quando questionada sobre como definia sua produção literária, Clarice diz ser “caótica, intensa, plenamente fora da realidade da vida”. Nunca assumiu a profissão de escritora. Para ela, escrever só quando tinha vontade. Considerava-se amadora e fazia questão de continuar sendo, para manter a liberdade.

Clarice tinha momentos de intensa produção literária. Quando terminava uma obra, ficava “oca”, como ela dizia. Então, escrevia para crianças. Escreveu 3 livros de literatura infantil para seu filho. Ela considerava fácil se comunicar com crianças, pois tinha natureza maternal. Já com o adulto, achava difícil, pois quando se comunicava com o adulto, estava na verdade se comunicando com o mais secreto de si mesma. “A criança tem a fantasia, é solta”. “O adulto é triste e solitário em qualquer momento da vida, basta um choque um pouco inesperado e isso acontece”. Mas não se considerava solitária, pois tinha muitos amigos.

Lispector escrevia para ficar livre de si mesma, para compreender a alma humana. Para ela, escolher a própria máscara é o primeiro gesto humano e solitário. Com uma personalidade intrigante, reconhecia o valor do mistério, do silêncio. Numa última entrevista concedida à determinada rede de TV, ela diz: “Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso”.

Quando não estava escrevendo, Clarice se considerava morta. Para ela, o período entre um trabalho e outro é muito doloroso, pois é um período de esvaziamento da cabeça para nascer alguma outra coisa. “É tudo tão incerto”. Sobre o papel social da escrita, ela afirma que o que escreve não altera em nada no mundo. Não sabe por que continuar escrevendo. Diz ela: “No fundo, a gente não está querendo alterar as coisas; a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro”. Mas de uma coisa é certa: o papel do escritor é falar o menos possível. Daí ela dizer que “o melhor está nas entrelinhas”.

Clarice Lispector relata que compreender sua obra não é uma questão de inteligência, mas de sentir, de entrar em contato. Ou sua obra “toca, ou não toca”. Às vezes, ela se sentia isolada, mas depois via que os universitários a procuravam, entendiam sua obra. O que a espantava, mas se sentia gratificada. Quando alguém fazia uma releitura de sua obra, sentia-se aliviada, pois alguém a havia compreendido. Ela acreditava que o fato de a considerarem escritora a isolava, pois as pessoas enxergavam-na através desse rótulo. E isso a incomodava.

Partindo para o conjunto de sua obra, Clarice revela uma intrigante tentativa de investigar as camadas mais densas da consciência humana na procura de compreender o sentido da existência. Através de uma aparente linguagem simples, a escritora mergulha numa análise psicológica do ser humano, revelando assim uma permanente preocupação em alcançar a verdade escondida na aparente simplicidade das palavras.

À medida que os personagens de Clarice Lispector crescem numa obra, eles tende a se intelectualizar e a se tornarem falsos pela incapacidade de revelar mais que pensamentos, reflexões e pequenas crueldades, exprimindo assim a dificuldade do diálogo humano quando atingem a maturidade.

A linguagem de Clarice se revela como uma armadilha. A aparente linguagem simples trata-se, contudo, de uma simplicidade enganosa. O caráter introspectivo de sua produção literária mostra que há muito “dito” além da superfície do texto. A própria escritora já afirmava: “o melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas”.

Outra particularidade da linguagem clariceana é o tom de coloquialismo e de narração sem surpresas da escritora, bem como as formas com que chama o leitor para dentro da narrativa (“O que vai ser de Joana?”, “Vamos chorar baixinho?”). Essas formas dão uma ilusão de familiaridade. Assim, é nesse conjunto de palavras comuns que se depositam as dimensões encontradas na realidade.

Além disso, convém destacar que na obra de Lispector pode-se compreender melhor a diferença entre forma e estilo. Pela ótica estilística, Clarice se encontra no primeiro plano dos escritores brasileiros, já que ela mantém uma percepção perspicaz do detalhe, fugindo da lógica prosaica para uma construção de uma prosa poética. Pela ótica formal, seus personagens vivem num mundo “opaco, caótico, raso por consequência, como efeito natural, reinando a estaticidade em suas relações”. No entanto, existem momentos em que seus personagens se abrem numa sensação de vida ou na revelação de uma verdade fragmentada. É nessa tensão entre a opacidade e o instante liberador que se concentra o conflito básico da obra de Lispector.

Se o manuseio hábil da linguagem e a busca intrigante das respostas para compreender o sentido da vida humana que se esconde atrás do cotidiano monótono e vazio, se essas peculiaridades tornam difícil a leitura das obras de Clarice Lispector, essas mesmas características representam, por outro lado, o inerente esforço do homem na busca do sentido de sua existência e do mundo em que vive.
Livros[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Lista de obras de Clarice Lispector
Romance

Perto do coração selvagem (1943)
O lustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G. H. (1964)
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969)
Água viva (1973)
Um sopro de vida (1978)
Novela

A hora da estrela (1977)
Contos

Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade clandestina (1971)
Onde estivestes de noite? (1974)
A via crucis do corpo (1974)
A bela e a fera (1979)
Literatura infantil

O mistério do coelho pensante (1967)
A mulher que matou os peixes (1968)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Como nasceram as estrelas (1987)
Crônicas

Para não esquecer (1978)
A descoberta do mundo (1984)
Correspondências

Correspondências (2002)
Minhas queridas (2007)
Entrevistas

Entrevistas (2007)
Artigos de Jornais

Outros Escritos (2005)
Correio Feminino (2006)
InfoEscola

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM PORTUGAL




REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM PORTUGAL


O regime salazarista representou um período de extrema repressão política em Portugal. Inspirado nos ditames dos regimes totalitaristas italiano e alemão, essa ditadura dominou o cenário político português por mais de quatro décadas. O governo, instituído por Antonio de Oliveira Salazar, sofreu um forte movimento de oposição com a sua morte em 1968. Salazar foi substituído por Marcelo Caetano, que tomou as primeiras medias em favor do fim do governo ditatorial.

Sob regime ditatorial, o governo português imprimiu forte resistência contra os movimentos de independência que eclodiram em suas colônias africanas. É valido lembrar que, após a Segunda Guerra Mundial, diversas colônias do mundo inteiro obtiveram sua independência depois que as grandes potências lutaram contra a opressão nazista. Era possível que nações que defendiam a liberdade na Europa mantivessem seu domínio sobre colônias espalhadas na Ásia e na África.

Ao longo dos anos de 1960, tropas portuguesas foram enviadas para conterem revoltas em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Na década seguinte, a crise econômica e os desgastes com os conflitos coloniais deram condições para a organização de um movimento golpista no interior das Forças Armadas lusitanas. No dia 25 de abril de 1974, oficias de média patente conseguiram organizar a derrubada de Marcelo Caetano, sucessor de Antonio Salazar.

A vitória dos oficias rebeldes foi comemorada por toda população portuguesa que, em sinal de apoio, distribuiu cravos aos soldados participantes da revolução. Por causa dessa manifestação, o fim da ditadura portuguesa ficou conhecido como a Revolução dos Cravos. O novo presidente António de Spínola aboliu a polícia política de salazarista e legalizou o sistema político pluripartidário. Nesse momento, as esquerdas do país se organizaram para tomar o poder.

Políticos e militares de esquerda tomaram o poder por meio do chamado Movimento das Forças Armadas (MFA). O governo foi dividido entre os oficiais Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Gonçalves. Entre outras ações, o novo governo empreendeu a estatização dos bancos e indústrias. Em 1975, o Partido Socialista ganhou maioria na nova Assembléia Constituinte. Um novo golpe militar, agora de extrema-esquerda, tentou refrear a ascensão dos socialistas, mas não obteve sucesso.

Esse último episódio, que encerrou o processo revolucionário, foi seguido pela aprovação da Constituição de 1976. Nas eleições daquele ano, o general Antônio Ramalho Eanes, que conteve os revolucionários de esquerda, venceu as eleições presidenciais. Aos poucos, medidas econômicas de caráter liberal e instrumentos que garantiam as liberdades individuais foram sendo instituídas pelos governos seguintes.

Por Rainer Sousa
Graduado em História


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"Ninguém vai tirar a legitimidade que voto me deu", afirma Dilma

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Do UOL, em São Paulo 07/08/2015

A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou na tarde desta sexta-feira (7) que "ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu", em resposta às manifestações a favor do impeachment e pela realização de novas eleições.  

"Esse país é uma democracia, e uma democracia respeita sobretudo a eleição direta pelo voto popular. Eu respeito a democracia do meu país, respeito o voto", declarou durante cerimônia de entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida em Boa Vista. "Podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram."

"Quero dizer que ao longo da vida eu passei por muitos momentos difíceis. Eu sou uma pessoa que aguenta pressão, aguenta ameaça. Eu sobrevivi a grandes ameaças", disse a presidente, repetindo o que falou durante programa do PT veiculado em rede nacional de rádio e TV na noite de quinta-feira (6).

O programa do PT gerou uma nova onda de "panelaços" pelo Brasil. Internautas postaram vídeos nas redes sociais com reações barulhentas contra a presidente. Foi a primeira vez que Dilma apareceu em rede nacional de TV desde 8 de março, quando seu pronunciamento em razão do Dia Internacional da Mulher também foi alvo de panelaço pelo país.

Ainda durante seu discurso na capital de Roraima, a presidente falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo país. "O Brasil passa por dificuldade, mas é fato que nós somos um país muito mais forte, mais robusto. Antes, o Brasil quando havia qualquer problema externo ou interno tendia a ter dificuldade para pagar suas contas externas. Hoje, nós temos uma reserva de US$ 300 bilhões de dólares. Nós não quebramos", falou.

Minha Casa Minha Vida
Dilma aproveitou a cerimônia de entrega de 747 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida em Boa Vista para reafirmar " a boa notícia" de que lançará a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida no dia 10 de setembro. "Vamos lançar no dia 10 de setembro. Três dias depois do dia da pátria", disse. Essa é, porém, a quinta vez que a presidente coloca uma data para tirar a terceira fase do programa do papel.

Durante o evento, Dilma destacou a importância de investimentos do governo no Estado e afirmou que considera "um grande desafio" tornar Roraima "um símbolo" na região Norte. A presidente destacou que é preciso aproveitar características naturais do Estado como a luminosidade para investir em energia solar. "Aqui (nas unidades do MCMV) tem esse aquecimento. E a vantagem é pagar menos tarifa de energia elétrica", afirmou.

Os três residenciais somam mais de R$ 46 milhões em investimentos. Segundo o governo, desde 2009, o Minha Casa Minha Vida já entregou 3,9 mil moradias em Roraima, beneficiando 15,6 mil pessoas.

A presidente disse ainda que Roraima deve aproveitar sua localização para se desenvolver. "Roraima está muito bem localizada", disse. "Queria destacar a necessidade do acordo do Porto de Quantas, na Venezuela. Roraima é o Estado mais próximo da Venezuela, que precisa de grãos e proteínas. Temos que ligar a economia de Roraima a da Venezuela." (Com informações do Estadão Conteúdo)

Dilma diz que honrará votos e se dedicará a garantir estabilidade

Dilma diz que honrará votos e se dedicará a garantir estabilidade
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
 Presidente Dilma Rousseff olha para bandeira do Brasil em cerimônia no Rio de Janeiro 5/08/2015. REUTERS/Sergio Moraes
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(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que ninguém vai retirar a legitimidade dos votos que recebeu da população, que aguenta "pressão", e se comprometeu a trabalhar para garantir a estabilidade política "nos próximos meses e anos" de seu mandato.

"Temos de nos dedicar à estabilidade institucional, econômica, política e social do país", afirmou Dilma durante evento de entrega de residências do programa Minha Casa, Minha Vida em Boa Vista (RR).

"Sei que tem brasileiros que estão sofrendo, por isso me comprometo a trabalhar diuturna e noturnamente... isso é a minha obrigação, o meu dever", acrescentou.

Em meio a uma crise econômica e política, que tem alimentado especulações sobre eventual pedido de abertura de impeachment contra Dilma, a presidente disse ser uma pessoa que aguenta pressões.

"Ao longo da vida eu passei muitos momentos difíceis, então sou uma pessoa que aguento pressão. Sou uma pessoa que aguento ameaça, aliás, eu sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida", disse a presidente.

Dilma se referiu aos anos de ditadura no Brasil para afirmar que naquele tempo teve que enfrentar "as mais terríveis dificuldades" e destacou que hoje o país vive uma democracia, que "respeita a eleição direta pelo voto popular".

"Eu honrarei o voto que me deram. A primeira característica de quem honra o voto que lhe deram é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essas legitimidade que o voto meu deu", declarou.

(Texto de Tatiana Ramil; edição de Raquel Stenzel)



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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Governo eleva tom, enfatiza gravidade de crise econômica e faz apelo ao Congresso

quarta-feira, 5 de agosto de 2015
 Presidente Dilma Rousseff  ao lado do vice-presidente, Michel Temer, e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy . 9/06/2015.  REUTERS/Bruno Domingos

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff e seu articulador político, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), vieram a público nesta quarta-feira para enfatizar a gravidade da situação econômica e fiscal do país e fazer um apelo ao Congresso Nacional para que não a agrave.

A movimentação veio um dia após o Congresso retomar as atividades e sinalizar que não dará trégua ao governo, que está tentando implementar uma agenda de ajuste fiscal, em meio a um cenário de retração da atividade econômica, aumento do desemprego e forte perda de popularidade.

“Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvida que é grave. E é grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica precisando ser ajustada", disse Temer a jornalistas, após um dia de reuniões com ministros e parlamentares da base aliada.

"Mas para tanto é preciso contar com o Congresso Nacional... Há uma certa preocupação, não posso negar isso. Daí a razão dessa espécie de convocação, no sentido de que todos trabalhemos juntos”, acrescentou.

Além da necessidade de apoio do Congresso para aprovar as medidas do ajuste, o governo da presidente Dilma precisa contar com a boa vontade dos parlamentares para não aprovar matérias que impliquem elevação dos gastos como, por exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 443 que eleva a remuneração de servidores da advocacia-geral.

"É preciso que alguém tenha capacidade de reunificar a todos, de reunir a todos, de fazer esse apelo e eu estou tomando essa liberdade de fazer esse pedido, porque caso contrário nós podemos entrar numa crise desagradável para o país", disse Temer.

Apesar apelo, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, onde se concentram as maiores dores de cabeça para o Planalto, disse nesta quarta-feira que a tendência é o governo continuar sofrendo novas derrotas na Casa.

Cunha rompeu com o governo no mês passado, após ser citado por um delator da operação Lava Jato. Ele nega a acusação de ter pedido 5 milhões de dólares em propina ao empresário Julio Camargo e acusa o governo de fazer uma manobra com o Ministério Público para constrangê-lo. Na terça-feira, logo na volta dos trabalhos do Congresso após o recesso, a base aliada não teve força para aprovar requerimento para adiar a votação da PEC 443 que, se aprovada, elevará os gastos públicos em 9,9 bilhões de reais, segundo cálculos do Ministério do Planejamento.

“Não é adequado propor reajustes dessa magnitude no momento em que várias empresas e trabalhadores enfrentam dificuldade, especialmente no setor privado, com redução do salário real e queda na geração de empregos", disse o Ministério do Planejamento em nota divulgada nesta quarta-feira.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também veio a público enfatizar que a situação econômica do país é "séria" e a fiscal é "muito séria". Levy disse que o governo assumiu o custo da popularidade ao tomar as medidas que considera necessárias para fortalecer a economia, e que é preciso continuar com o diálogo.

Entre as principais preocupações do Executivo está a possibilidade de o Brasil perder o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco, o que aprofundaria ainda mais a debilidade da economia, que deve enfrentar neste ano a pior recessão em 25 anos.

CÂMARA

O risco de perda do rótulo de bom pagador vinha, inclusive, sendo usada por Temer para sensibilizar os parlamentares a evitarem a aprovação das chamadas "pautas-bomba".

Em encontro na segunda-feira, ficou acertado entre Temer e lideranças da base que essas matérias não prosperariam no Legislativo, segundo duas fontes ligadas ao articulador político de Dilma. Um dia depois, no entanto, o acerto naufragou na Câmara com o avanço da PEC 443.

"O pessoal fala um negócio na reunião e depois vai na Câmara e implode o que foi acordado", disse uma das fontes próximas a Temer à Reuters, sob condição de anonimato. A articulação política do governo avalia que o principal problema do Planalto reside na Câmara e, após também se reunirem com Temer nesta quarta, senadores da base aliada disseram que a funcionarão como "amortecedor" para as pautas-bomba que chegarem da Câmara.

Além do apoio da base no Senado, o governo aposta, segundo uma fonte próxima ao núcleo do Executivo, em aproveitar uma proposta de enxugamento de ministérios a ser encaminhada pelo Ministério do Planejamento para abrir nova negociação de participação dos partidos da base.

O foco principal será em uma nova divisão de poder com o PMDB visando apoio e empenho do partido na aprovação dos projetos que reforçam o ajuste fiscal no Congresso.

“O enxugamento dos ministérios vai levar a uma redução do espaço de todo mundo e isso vai exigir a negociação de participação dos partidos da base no governo com base em um novo apoio. A presidente vai avaliar tudo isso e fará uma reforma com calma e não ao calor das tensões do momento”, disse a fonte.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Luciana Otoni, em Brasília)


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Sonia Braga está de volta ao cinema nacional! Conheça o novo projeto da estrela,Aquarius

                                       


Sonia Braga

Sonia e Irandhir Santos em ‘Aquarius’ (foto: Pedro Sotero)

A estrela, o diretor e Humberto Carrão (foto: Pedro Sotero)


Sonia Braga está de volta ao cinema nacional! Conheça o novo projeto da estrela  Aquarius

A eterna Gabriela, a eterna Dona Flor, a diva Sonia Braga vai voltar ao cinema nacional. Amanhã (4), o Recife amanhece em festa com o início das filmagens de Aquarius, segundo longa-metragem de ficção do pernambucano Kleber Mendonça Filho. Para quem não ligou o nome à pessoa, Kleber é o diretor do badaladíssimo e, na minha opinião, superestimado O Som ao Redor, filme escolhido no ano retrasado para representar o Brasil no Oscar.

O cineasta tem, agora, uma protagonista de renome em seu time de atores, que ainda inclui Irandhir Santos, Maeve Jinkings (que atuou em O Som ao Redor) e Humberto Carrão, entre outros. Sonia interpreta Clara, viúva e aposentada que tem três filhos adultos e mora no bairro de Boa Viagem. Seu dom é viajar no tempo. As filmagens devem ser feitas em sete semanas e a previsão de lançamento de Aquarius é em 2016.

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Crise tripla no Brasil


Crise tripla no Brasil

Nos próximos meses veremos se as reformas políticas e econômicas de Dilma Rousseff servem para esclarecer os escândalos de corrupção
EL PAÍS  AGO 2015 -
Arquivado em: Opinião Lula da Silva Impeachment Dilma Rousseff Crise econômica Caso Petrobras Dilma Rousseff Olimpíadas Rio 2016 Recessão econômica Financiamento ilegal Corrupção política Lavagem dinheiro Petrobras Subornos Conjuntura econômica Brasil Polícia Corrupção Partidos políticos América Latina Delitos fiscais América Política Esportes Economia Finanças


O Brasil atravessa três crises: política, econômica e ética. O mais grave é que acontecem ao mesmo tempo e se alimentam mutuamente. Enquanto o país, sob o carismático Lula, viveu a euforia alimentada pela ampliação do crédito e a entrada no consumo de 30 milhões de pessoas que vinham da pobreza, tudo parecia mais fácil. Mas os problemas já vinham incubando-se; e, depois da chegada de Dilma Rousseff ao poder, o respaldo dos partidos que tinham apoiado o Governo em troca de prebendas se rompeu. A presidenta já perdeu a confiança popular —seu apoio caiu a 7,7%— e os juízes, estimulados pelo aplauso da rua, investigam a fundo o escândalo de corrupção na Petrobras, a joia da coroa empresarial do Brasil, no qual além disso estão envolvidos os diretores das maiores companhias do país e dezenas de políticos.

A confluência das três crises colocou em questão o modelo da última década. O Brasil sofre hoje de alta inflação, vê crescer o desemprego, tem taxas muito altas de juros, a dívida pública aumentou e o PIB está em recessão. O país empobreceu e crescem os protestos ao mesmo tempo em que se torna mais valente uma oposição que esteve eclipsada pelo poderio midiático de Lula, agora também sob suspeita de tráfico de influências. O Brasil começa a discutir a validade do presidencialismo de coalizão. É improvável que a pressão dos que exigem a saída de Rousseff devido às suspeitas de ter financiado sua campanha eleitoral com dinheiro da corrupção desemboque em um impeachment, mas a tensão é evidente e pode desencadear mudanças nas alianças políticas.

Nos próximos meses —com o desafio da realização dos Jogos Olímpicos do Rio— se verá se as reformas políticas e econômicas servem para esclarecer os escândalos de corrupção e para que este gigante regional e global encontre de novo o caminho do crescimento. É a hora da responsabilidade: para o Governo, mas também para a oposição.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Haiti em Foco: Jean Bertrand Aristide

Jean Bertrand Aristide ditador haitiano




Jean-Bertrand Aristide

Jean-Bertrand Aristide (Port-Salut, 15 de Julho de 1953) é um político haitiano e ex-padre católico salesiano, ligado à teologia da libertação, que foi presidente do Haiti em três períodos: em 1991, de 1994 a 1996, e novamente de 2001 a 2004.Em 1988 foi expulso dos Salesianos.

Os apoiadores de Aristide o consideram "o primeiro líder democraticamente eleito do Haiti" e também um "amigo dos pobres". Já seus críticos dizem que ele se tornou ditatorial e corrupto. Dentre as várias acusações de corrupção contra Aristide, a mais famosa foi feita por Christopher Caldwell em julho de 1994. Caldwell reportou que Aristide ordenou a receita do tráfego de chamada internacional de telefone do Haiti, manipulados pela divisão latino-americana da AT&T, ser transferida para uma conta bancária offshore no Panamá.6 Uma vez tendo chegado ao poder, e que atingiu por duas vezes uma impopularidade tal que teve que ser afastado do governo: primeiramente através de um golpe militar (em setembro de 1991) e novamente em 2004, numa situação mal explicada na qual foi retirado do país por militares norte-americanos com apoio de militares brasileiros7 em um momento em era iminente um confronto entre integrantes de um levante armado do qual tomavam parte principalmente ex-militares haitianos e tontons macoutes e apoiantes de Aristide em Porto Príncipe.

Depois de sofrer esta segunda deposição, Aristide refugiou-se na África do Sul. De lá, afirmou que ainda era o legítimo presidente do Haiti, pois não renunciara, e que forças dos Estados Unidos o haviam sequestrado para tirá-lo do poder.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Haiti em Foco: Papa Doc e Baby Doc

Papa Doc e Baby Doc, ditadores cruéis do Haiti


François Duvalier  ( Papa Doc)


François Duvalier , conhecido como Papa Doc (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971), foi médico, etnólogo e ex-ditador do Haiti. Foi eleito presidente daquele país em 1957 e, apesar de ataques sucessivos de grupos políticos internos, consolidou um regime centralizador e autoritário, com o aval do governo norte-americano1 . Manteve o poder com o apoio de uma guarda civil que lhe era leal, conhecida como tontons macoutes, que significa bichos-papões, em português.

Antes de chegar à presidência, em 1957, era tido na política como um sujeito passivo e brando, a tal ponto que os que lhe apelidaram com Papa Doc o fizeram porque notaram o quanto ele era afetivo ao cuidar de pacientes camponeses (como um papai doutor). Mas logo que assumiu o poder, para a surpresa de todos, logo se transformou num vingativo ditador e massacrou aqueles que poderiam tirá-lo de alguma forma de poder. A oposição que sobrou era nitidamente controlada por Papa Doc.

Os editores dos principais jornais e donos de emissoras de rádio daquele país foram presos tão logo Doc assumiu o poder. Em dois anos de governo, conseguiu castrar completamente qualquer foco de oposição ou resistência provenientes da polícia e do exército , criando seu próprio exército, a guarda Draconiana.

Deu ordens para a produção regular de panfletos informativos, onde, dentre outras informações, designava-se Deus.

Criou também uma taxa obrigatória para a população para a construcão da Duvalierville, a cidade de Duvalier, altamente ostentatória. O dinheiro desta taxa foi irrisoriamente aplicado na construção daquela cidade, indo parar mesmo nos cofres de Duvalier.

Expulsou todos os Bispos e outros representantes católicos do País, colocando em seus lugares aliados de seu governo, o que acabou gerando conflitos com o Vaticano. As grandes propriedades de terra foram expropriadas por Doc e grande parte serviu para a construção de academias de Tontons Macoutes.

Ao final de seu governo, o Haiti era a nação mais pobre das Américas, o índice de analfabetismo estava entre os primeiros e a saúde pública estava em estado caótico.

Ao morrer (em 1971) foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, que recebeu a alcunha de Baby Doc.





Jean-Claude Duvalier («Baby Doc»)



Jean-Claude «Baby Doc» Duvalier, como foi conhecido o ex-presidente haitiano, apareceu na janela de seu quarto em um hotel de luxo em Porto Príncipe, capital do Haiti, e foi saudado por cerca de cem pessoas que se concentravam na porta do edifício. (Marcello Casal Jr, ABr)
Jean-Claude Duvalier (Porto Príncipe, 3 de junho de 1951 — 4 de outubro de 2014), mais conhecido como «Baby Doc», foi um ex-ditador do Haiti, tendo sucedido seu pai, François Duvalier, no posto de presidente da república.

Primeiros anos
Duvalier nasceu em Porto-Príncipe e foi criado em um ambiente isolado. Na infância e adolescência frequentou as instituições de ensino Nouveau College Bird e Saint-Louis de Gonzague. Mais tarde, estudou Direito na Université d'Etat d'Haïti (Universidade do Estado do Haiti), sob a direção de vários professores, incluindo Maître Gérard Gourgue.

Único filho homem de François Duvalier, o «Papa Doc», e Simone Ovide («Mama Doc»), uma ex-enfermeira, Jean-Claude tinha três irmãs: Marie Denise, Nicole e Simone.

Política
Antecedentes e cargo vitalício
Em 1957 seu pai, François Duvalier, assumiu a presidência e implantou um regime de terror que durou até sua morte, em 1971. O terrorismo político continuou sob o comando de Baby Doc, que aos 19 anos o sucedeu em regime vitalício, numa época em que dezenas de milhares de haitianos foram torturados e mortos, segundo grupos de direitos humanos. Tal terror era espalhado por sua milicia particular, um exército de cruéis soldados denominados tonton-macoutes («bichos-papões»).

No governo de Baby Doc a taxa de analfabetismo subiu a índices ainda mais grotescos e a expectativa de vida decaiu vertiginosamente, o que, junto com a epidemia de aids e a fome que grassava através de todo o país, mergulhou o país no caos social, forçando dezenas de milhares de haitianos ao degredo nos Estados Unidos em arriscadas barcaças superlotadas.

Autodegredo e retorno
Já na década de 1980, com a crise econômica e o empobrecimento da população, o regime de terror perdeu força, até que, em 1986, Baby Doc fugiu para um exílio na França.1 Durante sua saída do país, constatou-se o abismo entre o fausto de sua mudança — que incluía carregamentos de malas Louis Vuitton e milhões de dólares em suas contas em bancos suíços —, e a miséria reinante em Port-Príncipe.

Entre 1986 e 1990, o Haiti procurou estabilizar sua situação política, mas uma sucessão de golpes militares impediu qualquer organização.

Em 16 de janeiro de 2011 Baby Doc retornou ao Haiti alegando que seu regresso visava "ajudar o povo" após o terremoto de 2010. e poucos dias depois foi acusado de vários crimes, incluindo detenção ilegal e tortura contra seus opositores, corrupção, apropriação de dinheiro público e formação de quadrilha. Mesmo assim nenhum julgamento foi realizado. O ex-presidente só compareceu diante da Justiça em fevereiro de 2013, quando se apresentou no Tribunal de Recurso de Port-au-Prince. Em fevereiro de 2014, a justiça haitiana ordenou um novo inquérito sobre crimes contra a humanidade "imprescritíveis" atribuídos a ele.

Vida pessoal
Seu casamento com Michele Bennett, em 1980, foi bancado pelo estado haitiano e teria custado até US$ 5 milhões aos cofres públicos, enquanto a população vivia na miséria, no que foi considerado o país mais pobre do hemisfério ocidental.

No dia 4 de outubro de 2014, Baby Doc morre em decorrência de um ataque cardíaco, em Porto Príncipe.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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