Papa Francisco reza em muro de Belém e pede por paz no Oriente Médio
BELÉM Cisjordânia (Reuters) - O papa Francisco fez uma parada surpresa no muro visto pelos palestinos como um símbolo da opressão israelense neste domingo, minutos após pedir a ambos os lados que acabem com o conflito, o qual disse não ser mais aceitável.
Em uma imagem que deve se tornar uma das mais emblemáticas de sua viagem à terra santa, um Francisco com olhar sombrio descansa a cabeça contra a estrutura de concreto que separa Belém de Jerusalém, e reza em silêncio enquanto uma criança segurando a bandeira palestina o observa.
Ele estava em um local onde alguém havia pichado em tinta vermelha "Palestina Livre". Acima de sua cabeça, um grafite em um inglês mal escrito: "Belém parece gueto da Varsóvia", comparando a condição dos palestinos com a dos judeus sob o regime nazista.
Israel diz que a barreira, erguida há 10 anos durante uma onda de bombardeios suicidas de palestinos, é necessária para sua segurança. Os palestinos a vêem como uma tentativa de Israel de dividir o território e conquistar terras que eles querem para seu futuro Estado.
No segundo dia de uma viagem ao Oriente Médio, Francisco encantou seus anfitriões palestinos ao referir-se ao "Estado da Palestina", dando apoio ao total reconhecimento de sua soberania diante de negociações de paz paralisadas.
Porém, falando do local de nascimento de Jesus na cidade de Belém governada por palestinos em uma Cisjordânia ocupada por israelenses, ele deixou claro que um acordo negociado era necessário, chamando os líderes de ambos os lados para superarem suas inúmeras divergências.
Francisco convidou os presidentes israelense e palestino ao Vaticano para rezarem pelo fim do contínuo conflito, um mês depois do fracasso das negociações de paz apoiadas pelos Estados Unidos.
"Aqui, no local de nascimento do Príncipe da Paz, eu gostaria de convidá-lo, Presidente Mahmoud Abbas, junto com o Presidente Shimon Peres, a se juntarem a mim em uma sincera oração a Deus pelo dom da paz", disse o Papa em missa ao ar livre.
Francisco voou de helicóptero a Belém da Jordânia, onde começou sua viagem no sábado, tornando-se o primeiro pontífice a viajar diretamente à Cisjordânia ao invés de entrar por Israel, outro aceno às aspirações palestinas.
Menahem Kahana/AFP Conflito Israel-Palestina
Israel suspende acordo de paz com Palestina; EUA vão reconsiderar ajuda
Chefe da delegação palestina, Azzam al-Ahmed (e), ao lado do primeiro-ministro do Hamas na faixa de Gaza, Ismail Haniya, durante entrevista em Gaza
Chefe da delegação palestina, Azzam al-Ahmed (e), ao lado do primeiro-ministro do Hamas na faixa de Gaza, Ismail Haniya, durante entrevista em Gaza
Israel anunciou nesta quinta-feira (24) que suspendeu as negociações de paz com os palestinos, após os grupos islâmicos Hamas, que governa a faixa da Gaza, e Fatah, que controla a Cisjordânia, assinarem na quarta (23) um acordo de reconciliação. As duas facções palestinas, rivais há sete anos, pretendem formar um governo nacional em cinco semanas e organizar novas eleições em até seis meses.
"O gabinete de segurança decidiu por unanimidade nessa noite que o governo de Israel não vai manter negociações com um governo palestino que seja apoiado pelo Hamas, uma organização terrorista que pede pela destruição de Israel", disse um comunicado oficial emitido após a reunião que durou seis horas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o acordo era "um grande salto para trás" no processo de paz.
"O pacto com o Hamas mata a paz", declarou o líder israelense à rede de televisão NBC pouco depois de seu governo anunciar a suspensão das negociações.
GRUPOS RIVAIS PALESTINOS ANUNCIAM ACORDO DE RECONCILICAÇÃO
O governo dos Estados Unidos seguiu a mesma linha de Israel e também expressou seu desapontamento com o pacto de unidade. A porta-voz do Departamento de Estado Jen Psaki afirmou que isso poderá dificultar os esforços de paz. "É difícil esperar que Israel negocie com um governo que não aceita seu direito de existência", disse ela.
Os EUA consideram o Hamas um grupo terrorista com o qual não há a possibilidade de diálogo. A facção sempre foi contrária a reconhecer o Estado de Israel.
Um alto funcionário do governo norte-americano disse, hoje, que os EUA ameaçam reconsiderar sua assistência aos palestinos, caso os grupos formem um governo conjunto. Do ponto de vista dos EUA, manter a ajuda a um governo palestino que inclua o Hamas significaria prestar assistência a um grupo qualificado como terrorista.
25.mai.2014 - O papa Francisco faz uma parada não prevista para rezar no muro de oito metros que separa Israel e Palestina em Belém Osservatore Romano/AFP
"Qualquer governo palestino deve inequívoca e explicitamente se comprometer com a não violência, o reconhecimento do Estado de Israel e a aceitação de acordos de paz e obrigações anteriores entre as partes", disse a fonte oficial dos EUA, citando termos que o Hamas tradicionalmente rejeita.
"Se um novo governo palestino for formado, vamos avaliá-lo com base na sua adesão às estipulações acima, suas políticas e ações, e vamos determinar quaisquer implicações para nossa assistência com base na lei dos EUA", disse a fonte, falando à Reuters sob anonimato.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) afirmou que o futuro governo de unidade nacional formado pela reconciliação entre Fatah, que tem apoio do Ocidente, e Hamas, seguirá a mesma linha do presidente palestino, Mahmoud Abbas. De acordo com um dos dirigentes da ANP, Jibril Rajoub, o novo governo terá como princípio a ideia de Abbas de dois Estados para dois povos.
A declaração de Rajoub, dada a uma rádio militar palestina, foi vista como uma mensagem para minimizar as preocupações com o futuro das negociações entre Israel e Palestina. (Com Agências Internacionais)
Papa oferece "sua casa" a palestinos e israelenses para fazerem a paz
EFE Em Belém (Cisjordânia)
Papa Francisco visita a Terra Santa
25.mai.2014 - O papa Francisco faz uma parada não prevista para rezar no muro de oito metros que separa Israel e Cisjordânia em Belém neste domingo (25). Em seu segundo dia de viagem pela Terra Santa ele fez um apelo pela paz, pedindo esforço intensificado para acabar com o conflito entre israelenses e palestinos Leia mais Osservatore Romano/AFP
O papa Francisco convidou neste domingo (25) os presidentes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e de Israel, Shimon Peres, a se unirem a suas orações pela paz e ofereceu "sua casa", o Vaticano, para a implementação deste projeto.
"Muitos constroem a paz dia a dia com pequenos gestos, pequenas coisas, muitos deles sofrem até sem serem conscientes disso. Os que fazemos parte da igreja temos a obrigação de nos converter em ferramentas para a paz, especialmente por meio de nossas preces", afirmou.
Visita do papa à Terra Santa
Antes de iniciar a reza do Regina Coeli, na praça da Manjedoura, em Belém, onde chegou hoje na segunda etapa de sua primeira peregrinação à Terra Santa, Francisco disse que construir a paz "pode ser difícil, mas viver sem paz é um sofrimento".
Minutos depois, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, confirmou que a afirmação se trata de um convite formal a ambos os líderes para se falar da paz "em um sentido religioso", e disse que a intenção do pontífice é que este encontro possa acontecer no Vaticano em um breve espaço de tempo.
"Neste momento, não lembro de que tenha existido uma iniciativa deste tipo", acrescentou.
Mais tarde, Shimon Peres elogiou a iniciativa do papa e aceitou o convite, segundo uma fonte de seu gabinete ouvida pela agência de notícias Efe.
NA CHEGADA À TERRA SANTA, PAPA PEDIU O FIM DO CONFLITO NA SÍRIA
Papa reza diante de muro que separa a Cisjordânia de Israel
Antes de ir a um missa hoje, o papa rezou diante de um muro que separa a Cisjordânia de Israel, em um gesto simbólico que rapidamente ganhou a internet.
Na missa, Francisco pediu amparo da Virgem Maria para a terra da Palestina e para todos aqueles que a habitam, para que possam viver nela com justiça, paz e fraternidade.
Papa na Terra Santa
Refugiados palestinos esperam que visita de papa traga solução para a paz
Os palestinos refugiados em campos ao redor de Belém, na Cisjordânia, esperam que a visita do papa Francisco ajude a resolver o conflito que se estende por anos no Oriente Médio. A comunidade local acredita que o pontífice quer tentar ultrapassar um problema regional que se agrava cada vez mais: o fundamentalismo islâmico.
Foto: Richard Furst/UOL
Durante a oração de "Regina Coeli" na praça da Manjedoura, em Belém, o pontífice anunciou, além disso, seu desejo de retornar em breve à Terra Santa para visitar os lugares cristãos da Galileia, em particular Nazaré, que ficaram fora desta primeira peregrinação.
"Enquanto nos preparamos para concluir esta celebração, dirigimos nosso pensamento para Maria Santíssima, que precisamente aqui em Belém deu à luz ao seu filho Jesus. Nossa Senhora é a pessoa que mais contemplou Deus na face humana de Jesus", afirmou.