Líder de milícia que sequestrou 200 na Nigéria é cruel e contra Ocidente
Do UOL, em São Paulo
O nome é Abubakar Shekau. Mas ele também pode ser reconhecido nos apelidos que usa: Abu Bakr Skikwa, Imam Abu Bakr Shiku e Abu Muhammad Abu Bakr Bin Muhammad Al Shakwi Al Muslimi Bishku.
O líder do Boko Haram, grupo radical islâmico que reivindica o sequestro de 200 meninas na Nigéria, no dia 15 de abril, é um rosto desconhecido para boa parte do Ocidente. Aparece raras vezes, apenas em mensagens gravadas, nas quais zomba do exército nigeriano.
Ele nasceu em uma aldeia na fronteira com o Níger, mas não se sabe ao certo sua idade. Acredita-se que ele tenha entre 38 e 49 anos. O Departamento de Estado dos EUA tem o ano de nascimento do líder do Boko Haram listado como 1965, 1969 e 1975.
Mesmo com informações desencontradas a seu respeito, sabe-se que Shekau é um líder cruel. Segundo a rede de TV americana CNN, ele opera na retaguarda, deixando seus subordinados orquestrarem os atentados.
Shekau rejeita tudo o que é do Ocidente e, por isso, não fala inglês. Poliglota, fala fluentemente as línguas hausa, fulani, kanuri e árabe.
Desde 2009, é líder do Boko Haram, fundado em 2002. Shekau atrai jovens do norte do país, para se juntar a ele, com um discurso crítico em relação ao regime nigeriano corrupto e contra os valores do Ocidente.
Seita
Boko Haram significa "a educação ocidental é pecaminosa" em hausa, a língua mais falada no norte da Nigéria. A milícia foi fundada por Mohammed Yusuf, um clérigo carismático.
Pregando um islã radical e rigoroso, Yusuf afirmava que os valores ocidentais, instaurados pelos colonizadores britânicos na Nigéria, eram a fonte todos os males do país.
Para a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, 16, os grupos radicais justificam suas atitudes dizendo que atuam em nome do islã porque, na verdade, temem que as mulheres um dia alcancem a independência. "Alguns terroristas usam o nome do islã porque têm medo do poder das mulheres, não querem que as mulheres tenham educação. Então eu acho que esses terroristas têm medo das mulheres", afirmou Malala em entrevista à "CNN", na terça-feira (6).
5.mai.2014 - Nigerianos protestam Lagos, no oeste do país, contra o sequestro de 276 meninas estudantes pelo grupo islâmico radical Boko Haram. As jovens foram levadas da escola em 14 de abril, e as autoridades acreditam que elas estejam em um cativeiro no campo da milícia, na floresta de Sambisa. O líder do grupo, Abubakar Shekau, ameaçou vender as estudantes "como escravas". Uma jovem que conseguiu fugir dos fundamentalistas afirmou que elas estão sendo vítimas de estupros coletivos Leia mais Pius Utomi Ekpei/AFP
A milícia Boko Haram ainda atraiu a juventude de Maiduguri, capital do Estado de Borno, para fazer parte do grupo, com um discurso agressivo contra o governo.
"Um Estado laico não pode implementar corretamente a lei islâmica. O objetivo, portanto, é estabelecer uma república islâmica", explica o pesquisador francês Marc-Antoine Pérouse de Montclos.
De acordo com diplomatas, membros do Boko Haram foram treinados pela AQMI (Al-Qaeda no Magrebe Islâmico) no norte do Mali entre 2012 e 2013. Washington também acredita que existam ligações entre as duas organizações. A milícia recebe o apoio de fiéis nas mesquitas e organiza assaltos a bancos. Não há evidência de movimentações de recursos do exterior.
Yusuf foi morto em uma operação de segurança em 2009, com cerca de 700 de seus seguidores. A morte do então líder levou Shekau ao comando, que prometeu revidar. A Human Rights Watch estima que nos últimos cinco anos, mais de 3.000 pessoas foram mortas.
De acordo com a CNN, o exército nigeriano quase capturou Shekau em setembro de 2012, quando eles invadiram a casa, onde ele participava da cerimônia de escolha do nome do filho de seis dias. Ele conseguiu fugir, após ser atingido por um tiro na perna. A mulher e três crianças foram levadas pelos militares.
Entre os atos terroristas do Boko Haram, está o ataque à sede da ONU que matou 23 pessoas na capital, Abuja, em agosto de 2011. Recentemente, dois atentados atingiram uma rodoviária na periferia de Abuja em um intervalo de menos de três semanas. Pelo menos 90 pessoas morreram.
(Com Agências Internacionais)
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