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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
DIVAS DA DISCO Boney M.
Protesto de Bolsonaro na avenida Paulista: manifestantes contam suas motivações
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
Milei diz que Argentina voltou ao mundo ocidental durante encontro com Blinken
Presidente argentino se encontrou com secretário americano em Buenos Aires
Presidente da Argentina, Javier Milei, e secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, em Buenos Aires
23/02/2024 REUTERS/Agustin Marcarian
Adam JourdanSimon Lewisda Reuters
O presidente da Argentina, Javier Milei, recebeu nesta sexta-feira (23) o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a mais alta autoridade dos Estados Unidos a visitar o país sul-americano desde que o líder ultraliberal tomou posse, em dezembro, prometendo uma “terapia de choque” para estabilizar a economia argentina, que está em crise.
Perguntado no início de sua reunião na Casa Rosada qual era sua mensagem para os EUA, Milei respondeu que “a Argentina decidiu voltar para o lado do Ocidente, para o lado do progresso, da democracia e, acima de tudo, da liberdade”.
Milei tem adotado uma postura fortemente pró-EUA, embora ideologicamente esteja mais alinhado com o ex-presidente republicano Donald Trump, o principal adversário do atual presidente Joe Biden nas eleições do final deste ano.
O governo Biden tem demonstrado apoio a Milei com visitas de autoridades, incluindo o diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, Juan Gonzalez, e a principal autoridade internacional do Departamento do Tesouro, Jay Shambaugh.
Milei, um economista e ex-comentarista de TV de língua afiada, tem feito da austeridade um foco importante desde que assumiu o cargo.
Ele visitou Israel, país aliado dos EUA, em uma demonstração de apoio à resposta israelense aos ataques de 7 de outubro dos militantes palestinos do Hamas.
Antes da visita, o secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, elogiou Milei por se manifestar em defesa da democracia e dos direitos humanos, inclusive na Venezuela.
No entanto, em mais um obstáculo ao relacionamento de Milei com a Casa Branca, o líder argentino discursará na Conferência Anual de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) neste fim de semana em Washington, onde Trump também comparecerá.
Blinken chegou a Buenos Aires na quinta-feira (22) após visitar o Brasil, onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao contrário de Milei, tem entrado em conflito com Washington por conta de suas críticas à ofensiva de Israel em Gaza.
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/milei-diz-que-argentina-voltou-ao-mundo-ocidental-durante-encontro-com-blinken/
DIVAS DA DISCO CHIC
G20 quer usar o debate diplomático para ampliar uso de biocombustíveis
G20 quer usar o debate diplomático para ampliar uso de biocombustíveis
Brasil é o segundo maior produtor mundial
O Grupo dos 20 (G20), formado pelas maiores economias do mundo, é uma oportunidade para o Brasil atuar como uma ponte entre países ricos e o chamado Sul Global - nações ainda em desenvolvimento, das quais fazemos parte - para estimular a produção e o consumo de biocombustíveis, tidos como fundamentais para a realização da transição energética e combater mudanças climáticas.
A utilização de canais diplomáticos do G20 para mitigar o aquecimento global foi tema do seminário Os Países do G20 e a Diplomacia dos Biocombustíveis, realizado nesta sexta-feira (23), no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio de Janeiro. O evento é uma parceria entre a prefeitura e o Columbia Global Centers - Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, de Nova York. O seminário aconteceu na esteira do encontro de ministros de Relações Exteriores do G20, que terminou na quinta-feira (22), no Rio de Janeiro.
Pesquisadores e autoridades destacaram no evento o potencial e o conhecimento técnico do Brasil para conduzir o impulso pelo uso de biocombustíveis globalmente. O país é o segundo maior produtor desse tipo de fonte de energia, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Rio de Janeiro (RJ), 23/02/2024 – O embaixador, Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente, Ministério das Relações Exteriores do Brasil, André Corrêa do Lago durante seminário internacional Os Países do G20 e a Diplomacia dos Biocombustíveis, no Palácio da Cidade, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente, Ministério das Relações Exteriores do Brasil, André Corrêa do Lago - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), disse que o mundo pode esperar uma presidência do G20 ocupada pelo Brasil ambiciosa em temas como preservação do meio ambiente. Acrescentou que o perfil do país é moldado para fazer pontes, por exemplo, entre nações com perfis socioeconômicos distintos, como Índia e EUA.
“O Brasil tem essa característica única de conhecer os desafios tanto da riqueza quanto da pobreza. O Brasil é uma ponte porque todas as realidades estão aqui dentro. Então o Brasil tem a ambição de chamar atenção para alguns temas os quais um país em desenvolvimento como o Brasil tem a resposta. Biocombustível é um exemplo”, considera.
Corrêa do Lago acrescentou que enxerga o Sul Global não como uma oposição aos países ricos, mas sim como uma forma de despontar no debate mundial. “O Sul Global tem que contar para o mundo algumas das soluções que ele tem encontrado e que o mundo ainda não percebeu”, disse.
Biocombustíveis
A presidência brasileira no G20 teve início em dezembro do ano passado e durará 1 ano, quando haverá uma reunião de cúpula com chefes de Estado e de governos no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro.
O país recebeu o comando do G20 da Índia, que já tinha realçado o tema biocombustíveis durante o encontro de cúpula em Nova Delhi, em setembro de 2023.
O embaixador indiano Abhay Thakur, um dos representantes do país mais populoso do mundo no G20, lembrou que os integrantes do grupo se comprometeram em triplicar a capacidade de energia renovável em todo o mundo até 2030.
O diretor do Columbia Global Centers Rio, Thomas Trebat, reforçou o entendimento de que o Brasil à frente do G20 é uma oportunidade para fazer os biocombustíveis ganharem espaço globalmente.
“A tecnologia brasileira em torno do etanol não é muito falada nem conhecida lá fora. É uma tecnologia super importante para uso e estimular a produção ao redor do mundo e até criar uma demanda com maior consumo de biocombustíveis. O Brasil pode atuar muito nessa frente”, avaliou.
Rio de Janeiro (RJ), 23/02/2024 – O diretor do Columbia Global Centers Rio de Janeiro, Thomas Trebat durante seminário internacional Os Países do G20 e a Diplomacia dos Biocombustíveis, no Palácio da Cidade, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Diretor do Columbia Global Centers Rio de Janeiro, Thomas Trebat - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Resistências
A chefe da Divisão de Energia Renovável do MRE, Laís Garcia, reconheceu que é preciso mais esforços diplomáticos para a ampliação do uso de biocombustíveis de forma global. E citou resistências da União Europeia.
“A União Europeia já tem regras restritivas aos biocombustíveis, dependendo da matéria-prima que é usada. O Brasil lamenta porque a gente acha que é possível fazer combustíveis sustentáveis com diversas matérias-primas que, não necessariamente, são aceitas no mercado europeu”, disse.
Laís garantiu que esse debate acontece no G20 sob presidência brasileira. “O Brasil é muito a favor de discutir os critérios de sustentabilidade e de avançar nisso porque a gente sabe da qualidade e da seriedade da nossa produção”.
Transição energética
Rio de Janeiro (RJ), 23/02/2024 – O diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim durante seminário internacional Os Países do G20 e a Diplomacia dos Biocombustíveis, no Palácio da Cidade, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
O diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, detalhou no seminário que a estatal espera alocar, nos próximos 5 anos, US$ 11,5 bilhões (equivalente a cerca de R$ 58 milhões) em investimentos em biocombustíveis, incluindo produção de energia limpa, biorefino, pesquisa e mitigação de emissão de CO2 na operação da empresa.
Entre as fontes de energia desenvolvidas pela empresa, está o Diesel R, obtido pelo coprocessamento do diesel tradicional com conteúdo renovável, como o óleo vegetal ou a gordura animal. Outro citado é o bioquerosene de aviação (BioQAV), produzido com as mesmas matérias-primas usadas na produção do Diesel R.
Tolmasquim disse que a Petrobras está em um processo de passar de empresa de petróleo para empresa de energia, à medida que estão sendo incluídos no portfólio produtos de fontes renováveis.
“Como a eólica onshore [em terra], solar onshore, biocombustíveis. No futuro a gente espera o hidrogênio verde, serviço de captura de CO². Todas essas ações estão colocando a Petrobras na trilha da transição energética”, afirmou.
Financiamento
A superintendente de Transição Energética e Clima do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carla Primavera, defendeu o papel do banco público no financiamento da produção de energia limpa, com empréstimos subsidiados. “A gente tem um novo funding [conjunto de recursos financeiros] de inovação bastante relevante, e os biocombustíveis ocupam um lugar muito relevante na alocação desse funding, o BNDES Inovação”.
Carla citou também o RenovaBio, destinado para financiar empresas produtoras de biocombustíveis. Mas a representante do BNDES reconhece que há ainda a necessidade de mais fontes de financiamento para energias limpas.
“Vão requerer aporte não só do BNDES, mas do setor bancário privado e também dos [bancos] multilaterais”.
Exemplo
O presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, coordenador executivo de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio de Janeiro, defendeu que o fórum de países seja uma forma de enviar recados do Sul Global para as grandes potências.
“Problema é solução e solução não pode ser um problema. Este é um recado para o Norte Global”, defendeu.
Lucas apresentou uma iniciativa em que a prefeitura faz leilão para adquirir energia elétrica mais barata e de fonte limpa para abastecer prédios públicos. O programa será expandido para hospitais e escolas, e a prefeitura estima uma economia de R$ 115 milhões em 5 anos.
“Ao fazer isso, você está economizando o recurso público, diminuindo as emissões, e com esse recurso pode financiar adaptação [às mudanças climáticas]”, explicou Padilha.
“Se a gente conseguir mitigar para adaptar, ganha um peso moral no debate diplomático”.
Países
O G20 é composto por 19 países - África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia - e dois órgãos regionais, a União Africana e a União Europeia.
Os integrantes do grupo representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.
Edição: Fernando Fraga
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Publicado em 23/02/2024 - 18:16 Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Fonte: Agência Brasil
Uma Nova Guerra Fria?
Uma Nova Guerra Fria?
Rômulo da Fonseca Botelho Atella
Major do Exército Brasileiro. Aluno do 2º ano do Curso de Comando e Estado-Maior da ECEME
Fábio Renan Azevedo de Souza
Major do Exército Brasileiro. Aluno do 2º ano do Curso de Comando e Estado-Maior da ECEME
Roger Dias da Silva
Major do Exército Brasileiro. Aluno do 2º ano do Curso de Comando e Estado-Maior da ECEME
1. Introdução
O final da Segunda Guerra Mundial inaugurou um período da história mundial marcado pelo antagonismo entre dois países que emergiram como os vencedores do conflito: os Estados Unidos da América (EUA) e a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (ex-URSS). Essas nações, que outrora estavam aliadas no combate ao flagelo do nazifascimo na Europa, tornaram-se rivais após a segunda guerra mundial. A conjuntura que se seguiu após o conflito mundial era baseada numa ordem mundial bipolar, caracterizada pela competição de norte-americanos e soviéticos em todas as expressões do poder nacional.
Entre os anos de 1946, com o recrudescimento da Guerra Civil na Grécia, e 1991, com a dissolução da ex-URSS, o equilíbrio de poder mundial esteve condicionado à dinâmica das relações entre o Oeste capitalista e o Leste socialista. E assim, os EUA assumiram a liderança global contra o expansionismo soviético, emulando a defesa de princípios morais universais contra o que os norte-americanos consideravam o jugo da tirania soviética (KISSINGER, 2015). No campo militar, essa oposição resultou no estabelecimento de alianças, principalmente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), formada em 1949 pelos EUA e pelas democracias da Europa Ocidental, e o Pacto de Varsóvia, constituído em 1955 pela ex-URSS e pelos países da cortina de ferro.
2. O colapso soviético e o cenário após a guerra fria
O colapso do império soviético, ocorrido a partir de 1991, evento considerado pelo presidente russo Vladimir Putin como a maior catástrofe geopolítica do século XX, fez emergir um novo paradigma nas relações internacionais: a universalização da democracia liberal como a forma final de governo humano (FUKUYAMA, 1989).
Tal ideia, defendida pelo escritor e filósofo Francis Fukuyama em seu ensaio “O Fim da História e o Último Homem”, recebeu grande destaque no meio acadêmico no início dos anos 1990, à medida que os EUA consolidavam sua posição hegemônica no sistema internacional. Esse período coincidiu exatamente com as formulações neoliberais do Consenso de Washington e a fulminante vitória da coalizão liderada pelos EUA sobre as forças de Sadam Hussein no Kuwait na primeira guerra do Golfo.
No entanto, a História não terminou. A ideia de uma ordem internacional capitaneada por Washington, baseada nas liberdades individuais, na propriedade privada e nos mercados abertos, não podia ser compartilhada por todos os países do globo (KOTKI, 2021). Ao contrário, o cenário após a guerra fria tem apresentado uma série de conflitos ao redor do mundo, nos quais as questões das identidades culturais têm exacerbado movimentos separatistas e de cunho religioso, tal qual propunha Samuel Huntington em sua célebre obra “O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial” (HUNTINGTON, 1998).
3. A emergência da China e a conjuntura atual
A conjuntura atual provocou a gestação de uma nova era de rivalidades, com a emergência da China como um relevante ator no tabuleiro geopolítico internacional. Sua ascensão é o resultado de um processo contínuo e prolongado, que remonta à guerra civil vencida por Mao Zedong, em 1949, e que possibilitou a formação de um Estado com regime de partido único, sob o controle absoluto do Partido Comunista Chinês (PCC).
Esse movimento teve como pano de fundo a aproximação entre os EUA e a República Popular da China (RPC), ocorrida a partir do governo Richard Nixon, como um reflexo da cisão sino-soviética (MEARSHEIMER, 2022). A conciliação entre os dois países foi estimulada pela iniciativa de Mao Tsé-tung e obedeceu ao imperativo de segurança, ameaçada pelas crescentes tensões fronteiriças com a ex-URSS. Para os norte-americanos, essa atitude representava uma extraordinária oportunidade estratégica para conter o expansionismo soviético na Ásia, além de restabelecer relações com uma nação que detinha um quinto da população mundial (KISSINGER, 2011). Desde então, as relações entre os dois gigantes têm se mostrado pendulares ao longo das últimas décadas. As pautas relacionadas aos direitos humanos, à liberdade política e, sobretudo, à questão de Taiwan, permanecem como pontos potencialmente conflitantes na agenda.
Todavia, a perenidade do diálogo e da cooperação entre os EUA e a China possibilitou o assombroso crescimento econômico oriental, sobretudo a partir de 1978, após a implementação das reformas estruturantes conduzidas por Deng Xiaoping. Esse conjunto de medidas promoveu resultados espetaculares, logrando um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas maiores do que 9% durante toda a década de 1980. Iniciativas como a criação das Zonas Econômicas Especiais (ZEE), além do ingresso no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial fomentaram a entrada de investimentos estrangeiros e a descentralização da atividade produtiva no país. Desse modo, foram lançadas as bases do socialismo com características chinesas (KISSINGER, 2011).
Portanto, no alvorecer de uma nova ordem mundial pretensamente liderada por Washington, a China encontrava-se em franca expansão de suas capacidades econômicas. No ano de 2001, foi admitida como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC) com o apoio norte-americano, fato que ampliou drasticamente suas relações comerciais com o restante do mundo (MEARSHEIMER, 2022). Atualmente, o país responde pelo segundo maior PIB global e constitui-se como principal parceiro comercial de um número crescente de nações.
4. A rivalidade entre superpotências
Dessa forma, constata-se que a rivalidade entre superpotências obedece a uma lógica realista dificilmente contornável (MEARSHEIMER, 2022). Desde o conflito entre Atenas e Esparta na Guerra do Peloponeso, até a guerra fria no século XX, o fenômeno da confrontação entre uma potência dominante e outra em ascensão tem se repetido reiteradamente no curso da História. Essa condição foi cunhada por Graham Allison em seu livro “A Caminho da Guerra”, como a armadilha de Tucídides, em referência ao historiador helênico que descreveu em detalhes o estresse estrutural que conduziu as cidades-estados gregas à guerra (ALLISON, 2020).
Sob a ótica realista das relações internacionais, é justo afirmar que as nações são impelidas a competir por poder. Sob a liderança de Xi Jinping, o dragão chinês tem buscado consolidar sua hegemonia no extremo oriente e busca exercer um papel cada vez mais relevante no cenário internacional. No campo científico, tem se esforçado para liderar as pesquisas e a produção de avançadas tecnologias, com altíssimo valor agregado (MEARSHEIMER, 2022). Na expressão militar, tem elevado exponencialmente seus gastos em Defesa nos últimos anos, com foco na ampliação de sua dissuasão nuclear e a construção de uma Marinha de águas azuis que seja capaz de salvaguardar seu comércio marítimo.
A competição colossal, portanto, tem se mostrado inevitável. Tal antagonismo é potencializado por fortes componentes psicossociais que orientam, em grande medida, suas condutas na política externa. Os EUA e a China representam visões únicas e excludentes do mundo em que vivem. Os norte-americanos consideram-se um povo excepcional, condicionado em seu Destino Manifesto a levar a virtude, o progresso e a democracia para o conjunto da humanidade. Os chineses, em seu turno, compartilham de um senso de superioridade moral que remonta ao Império do Meio, pautado pelos ensinamentos da doutrina confucionista, fora do qual não havia civilização, mas apenas a barbárie (ALLISON, 2020).
Dessa forma, os EUA têm orientado seus esforços de Defesa para conter as ameaças representadas pelas potências consideradas revisionistas, as quais buscam moldar um ambiente internacional que atenda aos seus interesses, na medida em que confrontam Washington em todas as expressões de seu poder nacional (UNITED STATES OF AMERICA, 2018). A recente guerra comercial no governo Donald Trump, o acirramento das disputas militares no mar do sul da China, as tensões sobre o status político de Taiwan, o recrudescimento dos arsenais nucleares e, obviamente, a recente invasão da Ucrânia pelas forças russas, são evidências da disposição desses países em estabelecer uma competição de longo prazo contra os EUA e seus aliados (BRANDS, 2022).
É mister destacar o papel desempenhado pela História na prospecção de cenários e na adoção de estratégias nacionais. Embora a guerra fria tenha se desenrolado ao longo de décadas num contexto internacional marcado pelo conflito Leste-Oeste, suas lições são extremamente relevantes para indicar os principais desafios nos tempos hodiernos. Uma potencial nova guerra fria entre os norte-americanos e os chineses certamente obedecerá a uma dinâmica própria, diversa do período pós-segunda guerra mundial.
Durante a guerra fria travada por norte-americanos e soviéticos, houve uma disputa econômica indireta entre a ex-URSS e os EUA. Naquela ocasião, o governo norte-americano implementou o plano Marshall no pós-guerra, solidificando a sua esfera de influência em grande parte da Europa, incluindo as principais potências do continente como a França e a Inglaterra. Em contrapartida, a ex-URSS criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON), visando articular o bloco soviético. Percebeu-se, naquela época, o esforço de cada pólo antagônico em fortalecer as nações sob sua liderança.
Entretanto, uma nova guerra fria, que envolve a rivalidade entre os EUA e a China, evidencia um cenário de utilização da expressão do poder econômico. Não apenas para fortalecer os aliados, mas, principalmente, como ferramenta para desestabilizar os rivais. Observou-se, nos últimos anos do governo Trump, a escalada de sanções econômicas aplicadas contra à China, postura que afetou principalmente os produtos das indústrias de base da China. Contudo, houve resposta chinesa ao aplicar sanções aos produtos estadunidenses. Tal fato tornou-se possível, haja vista a interdependência atual entre as economias dos países em virtude da globalização, mostrando que essa expressão do poder tem potencial para exercer maior peso no cenário atual, do que no contexto da Guerra Fria.
5. Considerações Finais
Por fim, o atual estágio do desenvolvimento capitalista, com inúmeras sociedades operando em redes transnacionais e com amplo emprego de tecnologias avançadas, contribui para um nível cada vez maior de integração entre as nações. Além disso, a humanidade se defronta com graves problemas como os severos efeitos das mudanças climáticas, a ocorrência de graves crises sanitárias como a pandemia do covid-19 e as imigrações em massa, que exigem concertação nos mais altos níveis decisórios para sua mitigação. Dessa forma, a escolha das estratégias no relacionamento entre esses superpoderes determinará, em grande medida, a construção de uma nova balança de poder mundial.
Referências Bibliográficas:
ALLISON, Graham. A Caminho da Guerra: Estados Unidos e China conseguirão escapar da armadilha de Tucídides? 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.
BRANDS, Hal. The Twilight Struggle: What the Cold War Teaches us about Great-Power Rivalry today. New Haven: Yale University Press, 2022.
BRANDS, Hal; GADDIS, John Lewis. The New Cold War: America, China, and the Echoes of History. Foreign Affairs, Vol. 100, nº 6, p. 10-20, 2021.
FUKUYAMA, Francis. The End of History. The National Interest, nº 16, 1989.
HUNTINGTON, Samuel P. O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1998.
KISSINGER, Henry. Sobre a China. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
KISSINGER, Henry. Ordem Mundial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
KOTKI, Stephen. The Cold War Never Ended: Ukraine, the China Challenge, and the Revival of the West. Foreign Affairs, Vol. 100, nº 6, p. 48-58, 2021.
MEARSHEIMER, John J. The Inevitable Rivalry: America, China and the Tragedy of Great-Power Politics. Foreign Affairs, Vol. 101, nº 3, p. 64 -78, 2022.
THE ECONOMIST. Joe Biden is determined that China should not displace America. The Economist, 17 de julho de 2021. Disponível em: https://www.economist.com/briefing/2021/07/17 /joe-biden-is-determined-that-china-should-not-displace-america. Acesso em: 30 de maio de2022.
UNITED STATES OF AMERICA. Department of Defense. Summary of the 2018 National Defense Strategy of the United States of America: Sharpening the American Military´s Competitive Edge. Washington-DC, 2018. Disponível em: https://dod.defense.gov/Portals/1/docu ments/pubs/2018-National-Defense-Strategy-Summary.pdf. Acesso em: 30 de maio de 2022.
Rio de Janeiro - RJ, 8 de agosto de 2022.
Como citar este documento:
ATELLA; SOUZA; SILVA. Uma Nova Guerra Fria?. Observatório Militar da Praia Vermelha. ECEME: Rio de Janeiro. 2022.
Publicado: Segunda, 08 de Agosto de 2022, 07h01 | Última atualização em Terça, 09 de Agosto de 2022, 10h41
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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
A reação de Israel às declarações de Lula comparando guerra em Gaza ao Holocausto
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Defesa do Estado palestino motivou ataque a Lula, diz embaixador/// Agência Brasil conversou com o representante da Palestina no Brasil
Agência Brasil conversou com o representante da Palestina no Brasil
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Publicado em 19/02/2024 - 14:55 Por Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil - Brasília
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Para o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, as reações contrárias à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ação de Israel em Gaza às mortes de judeus na Segunda Guerra Mundial, são injustas e motivadas pela defesa que o governo brasileiro tem feito da criação imediata de um Estado Palestino.
“Essa campanha [contra Lula] iniciou, indiretamente, porque Lula está defendendo um reconhecimento imediato do Estado da Palestina como membro pleno da ONU [Organização das Nações Unidas]. Isso é o que está por detrás de toda esta campanha, e Netanyahu falou bem categórico que não vai aceitar a existência de um Estado palestino”, afirmou Alzeben, em entrevista à Agência Brasil.
Para o embaixador palestino, como o governo de Israel rejeita essa solução, ele tem atacado o presidente Lula. “Ele [Netanyahu] não vai aceitar nenhuma intervenção de uma influência exterior. Ele não quer negociar com os palestinos. Ele está matando os palestinos e não quer que ninguém intervenha nesse assunto”, concluiu.
Na semana passada, Netanyahu disse que Israel continuará a se opor ao “reconhecimento unilateral de um Estado palestino”. Para o premier, tal reconhecimento representaria uma recompensa ao ataque do Hamas de 7 de outubro.
No plano internacional, o Brasil defende um Estado palestino “economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”.
O embaixador Alzeben acrescentou ainda que as reações contra a fala de Lula tem relação com outras bandeiras defendidas pelo atual governo brasileiro. “Ele está sendo atacado não somente por esta posição a favor da Palestina, mas também por todo o conjunto de bandeiras dignas que ele está levantando desde que assumiu o poder”, acrescentou
Injustiça
O diplomata palestino considerou que a reação contrária à fala do presidente é injusta porque Lula condenou o nazismo, Hitler e o holocausto.
“Ele condenou, clara e publicamente, Hitler e o nazismo. Sua posição também se solidariza com os judeus que foram submetidos ao genocídio. Este genocídio que nós condenamos e que todos com consciência viva devem condenar”, completou.
Alzeben disse ainda apreciar a posição do Brasil em relação ao conflito, posição esta que consolida Lula como símbolo internacional.
“A posição do Brasil atual está, digamos, ao mesmo nível de muitos outros países, entre eles, a África do Sul, que se juntam contra a barbárie, se juntam contra o genocídio e que se juntam pela paz justa e paz viável entre palestinos e israelenses para viver em harmonia.”
Entenda o caso
Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
"Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças", disse Lula.
A declaração gerou fortes reações do governo israelense. O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, disse que a fala “banaliza o Holocausto e tenta prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premier em uma rede social.
Edição: Denise Griesinger
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-02/defesa-do-estado-palestino-motivou-ataque-lula-diz-embaixador
Como a 'mente ocidental' foi moldada pela Igreja Católica medieval | Ouça o podcast
domingo, 18 de fevereiro de 2024
DIVAS DA DISCO TINA CHARLES
Charles Bukowski
Biografia de Charles Bukowski
Por Dilva Frazão
Charles Bukowski (1920-1994) foi um escritor alemão, que viveu e morreu nos Estados Unidos. Poeta, contista, romancista e novelista foi considerado o último “escritor maldito” da literatura norte-americana.
Henry Charles Bukowski Jr. (1920-1994) nasceu em Andernach, Alemanha, no dia 16 de agosto de 1920. Filho de um soldado norte-americano e de uma jovem alemã, que fugindo da crise instalada na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, se mudam para os Estados Unidos, quando Charles tinha três anos. Com 15 anos de idade começou a escrever suas primeiras poesias. Instalados em Baltimore, mais tarde vão morar no subúrbio de Los Angeles. Em 1939 ingressou o curso de Literatura na Los Angeles City College, onde permaneceu durante dois anos.
Com 24 anos Charles Bukowski escreveu seu primeiro conto “Aftermath of a Length of a Rejectio Slip”, que foi publicado na Story Magazine. Dois anos mais tarde publica “20 Tanks From Kasseidown”. Depois de escrever durante uma década se desilude com o processo de publicação de seu trabalho e resolve viajar pelos Estados Unidos fazendo trabalhos temporários e morando em pensões baratas.
Em 1952 se empregou como carteiro no Correio Postal de Los Angeles, onde permanece durante 3 anos. Entrega-se à bebida e em 1955 se hospitaliza com uma úlcera hemorrágica muito grave. Quando deixou o hospital começou a escrever poesias. Em 1957 casou-se com a escritora e poeta Barbara Frye, mas depois de dois anos se divorciaram. Continuou bebendo e escrevendo poesia.
No início dos anos 60 voltou a trabalhar nos correios. Mais tarde viveu em Tucson, onde fez amizade com Jon Webb e Gypsy Lon, que o incentivaram a publicar e viver de sua literatura. Começou a publicar alguns poemas em revistas de literatura. Loujon Press publicou “It Catches My Heart in Its Hands” (1963) e “Crucifix in a Deathhand” (1965). Em 1964 teve uma filha com sua namorada Frands Smith.
Em 1969, foi convidado pelo editor John Martin da Black Sparrow Press, por uma boa remuneração, para se dedicar integralmente a escrever seus livros. A maioria de seus livros foi publicada nessa época. Em 1971 publicou “Cartas na Rua”, em que o protagonista, seu alter ego, o acompanhou em quase todos os seus romances. Em 1976 conhece Linda Lee Beighle e se mudou para São Pedro, no sul da cidade de Los Angeles, onde permaneceram juntos até 1985. Bukowski fala dela em suas novelas “Mulheres” (1978) e “Hollywood” (1989), através do personagem Sara.
Charles Bukowski deixou uma vasta obra marcada por seu humor ferino e seu estilo obsceno, sendo comparado com Henry Miller, Louis-Ferdinand e Ernest Hemingway. Sua forma descuidada com a escrita, onde predominam personagens marginais, como prostitutas, corrida de cavalos, pessoas miseráveis etc. Foi visto como um ícone da decadência norte-americana e da representação niilista característica presente após a Segunda Guerra Mundial. Publicou: “Notas de Um Velho Safado”, “Crônicas de Um Amor Louco”, “Ao Sul de Lugar Nenhum” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”, entre outros.
Charles Bukouwski faleceu em São Pedro, Califórnia, Estados Unidos, no dia 9 de março de 1994.
https://www.ebiografia.com/charles_bukowski/#:~:text=Charles%20Bukowski%20(1920%2D1994),%E2%80%9D%20da%20literatura%20norte%2Damericana
DIVAS DA DISCO SISTER SLEDGE
São João de Patmos
João de Patmos é o autor do texto do Livro do Apocalipse, que é parte do Novo Testamento. De acordo com a citação, João estava vivendo na Ilha de Patmos onde, de acordo com alguns, ele estaria exilado.
Na maior parte das denominações cristãs, João de Patmos é considerado como um profeta , recebedor de uma revelação divina. Ele também já foi referido como "João, o Divino", "João, o Revelador", "João, o Teólogo" e "Águia de Patmos" e "João, o Visionário".
Apocalipse
De acordo com o texto no Apocalipse, João de Patmos recebeu instruções para escrever para as sete igrejas da Ásia. Tradicionalmente, acredita-se que este João seja também João, o apóstolo de Jesus, e João, o autor do quarto Evangelho. O escritor do início do século II, Justino Mártir, foi o primeiro a identificar o autor do Apocalipse com "João, o Apóstolo". Porém, alguns acadêmicos bíblicos atualmente defendem que os três são, na verdade, três pessoas distintas.
João, o Presbítero, um personagem obscuro da Igreja antiga, também já foi identificado como sendo o autor do Apocalipse por autores como Eusébio de Cesareia e Jerônimo de Estridão.
Ilha de Patmos
Considera-se que João estivesse exilado em Patmos, vítima de um período de perseguição aos cristãos durante o Império Romano. Em Apocalipse 1:9 ele afirma: "Eu João, vosso irmão e companheiro na tribulação, no reino e na paciência em Jesus, estive na ilha que se chama Pátmos, por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de Jesus." Adela Collins, uma teóloga na Universidade de Notre Dame, escreveu:
“A tradição mais primitiva afirma que João foi banido para Patmos pelas autoridades romanas. Esta tradição é crível por que o banimento era uma punição comum durante o período imperial para diversos tipos de ofensas. Entre elas estavam a prática da magia e da astrologia. A profecia era vista pelos romanos como estando nesta mesma categoria, seja ela pagã, judaica ou cristã. A profecia com implicações políticas, como a expressada no Apocalipse, seria percebida como uma ameaça à ordem e ao poder político romano. Três das ilhas nas Espórades eram o destino dos perseguidos políticos (segundo a História Natural, de Plínio, 4.69-70; e os "Anais", de Tácito 4.30) ”
— Adela Collins, Verbete "Patmos", no Harper's Bible Dictionary
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