Konstantinos - Uranus

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

PLANO PARA APOIAR INDÚSTRIA DESAGRADOU LULA, DIZEM FONTES


 Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em Brasília 08/01/2024 REUTERS/Adriano Machado

Publicada em  23/01/2024 17:24:21

Por Lisandra Paraguassu


BRASÍLIA (Reuters) - A nova política industrial apresentada com pompa pelo governo na segunda-feira foi recebida com decepção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reclamou da versão final da proposta, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento da reação do presidente.


Em reunião com ministros antes da apresentação do plano, Lula criticou o que considerou a falta de metas mais claras na proposta capitaneada por seu vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, de acordo com as fontes.


Lula também considerou que faltou ao plano parâmetros definidos para monitorar o avanço das propostas, especialmente nas áreas que envolvem financiamento para a indústria.


A cerimônia de apresentação do plano, no Palácio do Planalto, atrasou quase duas horas porque Lula estava reunido com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretária de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para debater o programa. Foi nesse encontro que o presidente cobrou seus ministros.


Em sua fala durante a cerimônia de lançamento, ao pedir desculpas pelo atraso, Lula afirmou que a demora aconteceu porque teve 'uma discussão ruim sobre coisas boas', mas não deu detalhes. De acordo com as fontes, apesar de ter levado adiante a apresentação na própria segunda, Lula pediu ajustes ao plano, especialmente no monitoramento das metas.


Chamado de 'Nova Indústria Brasil', o plano vem sendo tocado por Alckmin desde a transição de governo, no final de 2022, e envolve áreas que vão de saúde a meio ambiente.


O plano prevê seis 'missões', que incluem descarbonização da economia e melhoria de infraestrutura e transformação digital da indústria, entre outros. O programa prevê 300 bilhões de reais em recursos para financiamentos, vindos principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e também incentivos fiscais.


Na segunda-feira, após o anúncio do plano pelo governo, o dólar teve alta de mais de 1% em função dos receios com o equilíbrio fiscal brasileiro, ainda que operações do BNDES sustentem o programa -- o que não necessariamente trará impacto fiscal para o Tesouro.


Do lado da indústria, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) viu a iniciativa como tendo potencial de incentivar o desenvolvimento do setor, mas o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) disse que será necessário 'muito foco' por parte do governo para o plano ter sucesso.


Escrito por Reuters


https://www.antena1.com.br/noticias/plano-para-apoiar-industria-desagradou-lula-dizem-fontes


HADDAD DEFENDE DESONERAÇÃO DE INVESTIMENTOS AO RENOVAR PROGRAMA DE INCENTIVO AO SETOR PORTUÁRIO


 Ministro Fernando Haddad  28/12/2023 REUTERS/Adriano Machado

Atualizada em  23/01/2024 17:18:31


BRASÍLIA (Reuters) - Não existe país que se desenvolva sem investimentos, que precisam ser desonerados, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento sobre a prorrogação do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto).


Existente desde 2004, o Reporto isenta tributos de importação sobre máquinas, equipamentos, peças de reposição e outros itens para empresas e concessionárias do setor portuário. A prorrogação por cinco anos do programa, a um custo anual de 2 bilhões de reais, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de dezembro.


Haddad afirmou no evento que a renovação do Reporto segue premissas da reforma tributária ao desonerar os investimentos e também as exportações, o que amplia a competitividade do país e estimula a atividade.


(Por Bernardo Caram)


Escrito por Reuters


https://www.antena1.com.br/noticias/haddad-defende-desoneracao-de-investimentos-ao-renovar-programa-de-incentivo-ao-setor-portuario

CARMEN MCRAE - My foolish heart (Recorded Live at Bubba's)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A censura e a liberdade de expressão no século XXI


 A censura e a liberdade de expressão no século XXI


Redação

jornalggn@gmail.com

Do Jornal da USP


As faces modernas da censura


SOCIEDADE


Simpósio reúne pesquisadores para debater de que forma a restrição de conteúdos e o monitoramento de dados ferem as liberdades individuais nas sociedades do século 21


SILVANA SALLES



O senso comum trata a palavra “censura” como algo típico de regimes autoritários. Não causa nenhuma surpresa, portanto, lembrar que a ditadura que governou o Brasil de 1964 até o início de 1985 praticava a censura prévia. Ou que, décadas antes, o governo de Getúlio Vargas fazia o mesmo, inspirado pela censura imposta a Portugal pelo Estado Novo salazarista. O que surpreende é compreender que a censura ainda é praticada hoje em dia em diferentes países ao redor do mundo, mesmo quando não é institucionalizada e praticada pelo Estado. Atualmente, há uma espécie de censura difusa e diversificada, que se encontra capilarizada em países, instituições e empresas – o que dá uma nova dimensão, mais complexa e carregada de sutilezas e omissões, à discussão sobre liberdade de expressão.


Foi em torno desse problema que professores, pesquisadores e estudantes se reuniram nos dias 13 e 14 no 2º Simpósio Internacional Censura e Liberdade de Expressão em Debate. Promovido pelo Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (Obcom) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o evento foi realizado no espaço da Intercom em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, e contou com a presença de um grupo de professores portugueses que integrou um curso de educação a distância realizado no segundo semestre de 2013, numa parceria entre o Obcom e o Centro de Investigação em Mídia e Jornalismo (CIMJ) da Universidade Nova de Lisboa.


Segundo a coordenadora do Observatório, a professora Maria Cristina Castilho Costa, o simpósio congregou os participantes de duas atividades: o curso de atualização de 2013 e um projeto de pesquisa sobre censura que analisa material coletado na internet. Além disso, a ocasião celebrou o lançamento de dois livros, Diálogos sobre Censura e Liberdade de Expressão – Brasil e Portugal, organizado pela própria Cristina Costa, e Comunicação e Controle – Observações sobre liberdade, controle e interdição de expressão, organizado pela vice-coordenadora do Obcom e chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA, professora Mayra Rodrigues Gomes.


Quem censura? – O debate sobre liberdade de expressão não é nada novo no Brasil, como lembrou o professor José Marques de Melo logo na mesa de apresentação do evento. Tem mais de 200 anos, tendo sido iniciado com a publicação do Correio Braziliense, de Hipólito da Costa, que editava o jornal do exílio em Londres. Mas é somente a partir de 2000, quando pesquisadores da ECA começaram a se debruçar sobre o Arquivo Miroel Silveira, que a comunidade acadêmica da USP começou a notar a necessidade de colocar novos parâmetros a essa discussão. O arquivo, sob guarda da USP, contém mais de 6 mil processos de censura prévia ao teatro paulista emitidos entre 1930 e 1970.



“O que nós vimos de 2000 para cá é que o que é considerado censura mudou radicalmente. Nós não temos mais aquela censura estatal que obrigava os jornalistas e artistas a mudar a matéria antes de ser publicada, ou o filme ou a peça de teatro, como vemos no Arquivo Miroel Silveira”, explica Cristina Costa. Para identificar como é feita a censura na atualidade, o Obcom criou uma metodologia de trabalho que se inicia com o recolhimento de material sobre o assunto a partir de ferramentas de busca e de portais dos principais jornais nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa. A coleta, que é feita por bolsistas de iniciação científica, passa então pela triagem dos coordenadores de língua e é enviada para um comitê científico que se reúne semestralmente para analisar o material.


Esse material é tão diverso que inclui desde notícias sobre restrições de veiculação à informação na Venezuela à questão da publicação de biografias não autorizadas no Brasil, incluindo, no meio do caminho, casos como o da campanha contra a apresentadora Laura Bozzo, no México, acusada de utilizar um helicóptero oficial do governo para fazer uma reportagem de TV sobre o furacão Manuel e se recusar a fornecer ajuda humanitária para as vítimas. Ou proibição de exibição de desenhos animados considerados violentos na China. A limitação do uso de redes sociais no ambiente de trabalho imposta a funcionários públicos na Austrália. A rotulagem de produções cinematográficas na Suécia de acordo com a classificação das personagens femininas como exemplos para as mulheres ou não. A ação do politicamente correto sobre o filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins, no qual o personagem Walt Disney não aparece fumando um único cigarro, embora se saiba que a pessoa Walt Disney fumava três maços por dia. A pressão do governo britânico a jornalistas para que não publicassem os dados confidenciais vazados por Edward Snowden. Exemplos não faltam.


Em todos eles, a ambiguidade foi uma característica importante observada pelos pesquisadores: para esconder uma justificativa político-ideológica, a censura se utiliza de um discurso moralizante, que age no campo do senso comum. Sexualidade, gênero, produtividade e segurança nacional são fatores que aparecem no cerne desse tipo de discurso.


Outras tendências das novas formas de censura incluem o foco no audiovisual, que é motivo de preocupação em todas as sociedades, ante o texto; uma noção retrógrada de comunicação que considera o público passivo diante dos meios; e a internet como ambiente natural do único sistema globalizado de censura do mundo e que, além disso, é em parte automatizado.


A vigilância nas redes foi tema de importantes questionamentos durante o simpósio. Ana Cabrera, do CIMJ, para quem o monitoramento de dados pessoais de usuários de internet “é um atentado às liberdades individuais”, lembrou que as notícias sobre a denúncia de Snowden a respeito da prática da National Security Agency dos Estados Unidos acabaram alimentando uma série de mobilizações sociais contra a espionagem em massa. Ela ressaltou o perigo que representa para a democracia que governos confundam informação com espionagem.A quebra da privacidade também aparece como preocupação quando se fala sobre o mundo do trabalho. A professora Roseli Figaro, chefe do Departamento de Comunicação e Artes da ECA, analisou o material sobre censura e trabalho e descobriu que a imprensa fala muito pouco sobre as restrições de acesso e o monitoramento de dados de funcionários que são feitos pelas próprias empresas empregadoras, embora esta seja uma prática bastante comum. “É uma invasão do direito humano à privacidade e à informação que já é feita há muito tempo e com muita perspicácia pelas empresas no mundo do trabalho, e nós nem prestamos atenção nisso. Racionalizamos e tratamos como se fosse normal”, disse ela. Roseli contou ainda que, quando iniciou a pesquisa em 2012, entrou em contato com órgãos da ONU e sindicatos, porém, nenhum deles mostrou interesse sobre o assunto.



Outra interface possível diz respeito a mecanismos que não são apresentados como censórios, mas que podem influenciar a produção de conteúdo artístico, como as fontes de financiamento – vide o caso dos órgãos de fomento do cinema português, que a partir dos anos 80 dão clara prioridade a filmes mais voltados para o mercado internacional – e a classificação indicativa.




O simpósio do Obcom: para pesquisadores, monitoramento de dados de usuários da internet é um atentado às liberdades individuais


A classificação indicativa é um tipo de supervisão e controle prévio de produtos culturais compartilhado pelos países ocidentais – que, às vezes, compartilham sistemas internacionais, como os selos etários para games. Os grupos que a definem variam de país para país. Nos Estados Unidos, entidades como a Motion Picture Association of America são responsáveis por avaliar e rotular as produções. No Brasil, a classificação indicativa é feita por um braço do Ministério da Justiça, constituído por avaliadores indicados pelo governo, que só no ano passado anunciou que faria um cadastro de voluntários para contribuir com o controle social dos produtos audiovisuais exibidos no País.


Mayra Rodrigues avalia que a classificação indicativa para produtos culturais é em geral tratada de forma positiva, geralmente como uma reivindicação popular e muitas vezes como um dispositivo de proteção à dignidade e aos direitos de crianças e adolescentes. No âmbito do projeto do Obcom, a professora analisou um conjunto de 78 matérias jornalísticas sobre o assunto, das quais a maior parte apoiava a iniciativa. Havia, no entanto, apenas cinco matérias que relacionavam a supervisão do conteúdo com a questão da violência nos produtos culturais. “Isso me surpreendeu um pouco, pois é em torno desse tópico que tem se construído o debate sobre classificação indicativa”, contou Mayra.


A professora lembrou, ainda, que essa demanda por controle de conteúdo é massiva na internet. Esse, aliás, foi um problema levantado diversas vezes ao longo do simpósio, principalmente no que diz respeito à nudez e à sexualidade.


O tabu da nudez feminina e da sexualidade que foge do heteronormativo pode ser observado nos bloqueios de conteúdo no Facebook, onde a censura se dá tanto por programação de software capaz de identificar alguns parâmetros nas fotos dos usuários quanto pela denúncia de pessoas que se sentem ofendidas com as imagens. Assim, fotos da Marcha das Vadias, no qual parte das manifestantes vai às ruas sem camisa ou sutiã para questionar o machismo e hipersexualização dos corpos femininos, foram apagadas da rede social com base em um apelo à moralidade, que também já foi utilizado como base para a repressão policial.



Da mesma forma, há inúmeros relatos de fotos de mulheres amamentando seus filhos que foram removidas e casos como o da jornalista Cynara Menezes, que teve uma postagem censurada porque fazia referência a um texto intitulado “Comunistas transam melhor”, publicado em blog no site da revista Carta Capital. A mesma controvérsia aparece em outros sites que, a exemplo do Facebook, procuram separar pornografia e “nudez gratuita” do nu artístico ou “científico”, como YouTube, Instagram e Tumblr.


O entendimento da nudez como ofensa não é novidade: em 1865 o quadro Olympia, de Édouard Manet, chocava os visitantes do Salão de Paris por se afastar do cânone acadêmico ao retratar uma mulher que poderia ser identificada como uma prostituta deitada como uma Vênus clássica, porém exibindo um olhar desafiador que mira diretamente o espectador.


Desinformação – “Achamos que tinha acabado a censura, mas nos últimos anos ficou claro que ela existe. Creio que andamos iludidos, porque a censura sempre lá esteve. Os jornalistas também estavam enganados, porque nunca quiseram denunciar tal censura. O perigo hoje em dia é que a censura não é mais monopólio do Estado, é das empresas, que são organizações fechadas onde não cabe liberdade nenhuma”, afirmou Leonor Areal, docente da Universidade de Coimbra, em Portugal. Em um mundo altamente digitalizado, onde um algoritmo é capaz de censurar previamente uma foto que se tenta postar em uma rede social, de que forma o acesso à informação é limitado?


Um dos fatores levantados por Leonor é a migração dos jornalistas para as atividades de media management, que ela considera análogas às do século 20, por envolverem o monitoramento constante do que se diz sobre uma organização nas redes.


Outro fator, este levantado por Francisco Rui Cádima, catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é o alinhamento da mídia com os interesses do sistema financeiro após o crash de 2008, o que revelou a falta de um olhar crítico ao processo social nas redações dos jornais europeus e a falta de transparência e escrutínio da coisa pública. “Estamos em uma sociedade da desinformação”, diz ele. Tampouco a pressa das redes sociais ajuda: se, de um lado, ela dá voz aos que não têm voz, por outro, esta pode ser uma voz distorcida.



Assim como seus colegas portugueses, Isabel Ferin, de Coimbra, coloca que a ruptura de 2008 indica uma passagem de modelo, na qual os direitos civis perdem em importância para os direitos contratuais e o cidadão é menos importante do que o consumidor. Nesse contexto, o Brasil aparece como um lugar onde “as funções do Estado estão sendo usurpadas por grandes corporações”, conforme diz o professor Eugenio Bucci, do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA.


Para combater esse diagnóstico, o professor Manuel Carlos Chaparro, também da ECA, propõe que se deixe de falar muito sobre liberdade de imprensa e se comece a falar mais em direito à informação. Ao mesmo tempo, é importante compreender o conteúdo do discurso que se produz no intervalo entre acontecimento e notícia, mesmo que este seja pequeno, como é atualmente. “É difícil entender censura e autocensura sem entender as relações de poder, a liberdade de imprensa que não é uma luta pelo direito à informação, mas pela liberdade para promover os interesses do capitalismo. As novas políticas permitem uma ruptura”, explica ele.


https://jornalggn.com.br/cidadania/a-censura-e-a-liberdade-de-expressao-no-seculo-xxi/

sábado, 20 de janeiro de 2024

Genocídio Armênio, uma política de Estado que inspirou os nazistas, é negado por motivos políticos. Apenas 30 países definem assim a matança de armênios iniciada em 1915, embora os historiadores não hesitem em usar esse termo (Guillermo Altares EL PAÍS)



RETROSPECTIVA


 Madri - 01/05 2021

Soldados turcos posam depois do enforcamento de vários armênios em 1915 em Aleppo, na Síria.


AFP


WASHINGTON, DC - APRIL 24: U.S. President Joe Biden boards Marine One on the Ellipse on April 24, 2021 in Washington, DC. U.S. President Joe Biden and First lady Jill Biden will spend the weekend in Delaware.   Tasos Katopodis/Getty Images/AFP

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Biden reconhece como “genocídio” o massacre de armênios sob o Império Otomano

Imagem do Instituto-Museu do Genocídio Armênio, na qual se vê um grupo de armênios enforcados pelas forças otomanas em junho de 1915.

Genocídio armênio: veja pontos-chave da matança


Papa define como genocídio a matança de armênios há um século

A palavra genocídio não foi cunhada na época do genocídio armênio. Mas foi esse crime contra a humanidade, que marcou no começo do século XX o início de uma era de extermínios em massa, que levou o jurista polonês Raphael Lemkin a procurar um novo termo que definisse uma atrocidade que até então não tinha nome: o empenho em assassinar na sua totalidade um grupo étnico ou religioso, pelo simples fato de existir.


Não é o único paradoxo que cerca a deportação e o extermínio, sistemático e planejado, de até 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano entre 1915 e 1918. Entre os historiadores independentes, existe uma aceitação sem fissuras de que se trata de um genocídio, mas apenas 30 países reconhecem isso —o mais recente a fazê-lo foram os Estados Unidos, na semana passada, por intermédio do seu presidente, Joe Biden; a Espanha e o Brasil ainda não o fizeram. A Turquia considera uma ofensa, e inclusive um delito previsto no artigo 301 do Código Penal, a utilização desse termo, preferindo em vez disso enquadrar as matanças no âmbito da I Guerra Mundial.


“O genocídio armênio é um fato estabelecido entre os acadêmicos”, diz dos Estados Unidos Taner Akçam, diretor do Centro de Estudos do Holocausto e dos Genocídios na Universidade Clark (Massachussets). Definido pelo The New York Times como “o Sherlock Holmes do genocídio armênio”, dedicou toda a sua carreira a buscar e publicar provas de que o assassinato de armênios não foi um pogrom desorganizado e espontâneo, e sim uma política de Estado dos chamados Jovens Turcos, que tomaram o poder em 1908 e se mantiveram até 1918, quando, depois da I Guerra, o Império Otomano se dissolveu. Na história otomana, a violência contra os armênios, e os cristãos em geral, era cíclica (200.000 armênios já haviam sido massacrados entre 1894 e 1896), mas até então ninguém havia estabelecido como objetivo o extermínio total.


“Inclusive entre o establishment norte-americano”, prossegue Taner Akçam, “no Congresso ou no Executivo, não há nenhuma dúvida de que o que ocorreu com os armênios pode ser qualificado como genocídio. O presidente teve dúvidas quanto a usar esse termo por motivos políticos. Foi algo muito planejado. E posso demonstrar facilmente que temos mais provas documentais do genocídio armênio do que do Holocausto. Temos alguns quantos telegramas autentificados que mostram claramente a intenção genocida das autoridades turcas”.


Em livros como A shameful act (Um ato vergonhoso, sem tradução para o português) e Killing orders (ordens homicidas, também sem tradução), Akçam revela telegramas criptografados do ministro do Interior dos Jovens Turcos, Talat Pasha, assassinado em 1921 por um militante armênio, que não deixam dúvida quanto às suas intenções. Durante anos, o Governo turco afirmou serem falsificações, mas, depois de um trabalho detetivesco, Akçam demonstrou que eram autênticos.


Em um deles, em setembro de 1915, no princípio das matanças, Talat Pasha ordenava: “O Governo decidiu eliminar totalmente todos os armênios que vivem na Turquia (…). Sem dar atenção ao fato de serem mulheres, crianças ou doentes. Por mais trágicos que possam parecer estes métodos de extermínio, deve-se pôr fim à sua existência, sem escutar nossa consciência”. Embora os originais tenham sido destruídos, Akçam encontrou fotografias desses telegramas em Nova York em 2015.


Há provas de que os nazistas, antes do Holocausto, durante o qual foram assassinadas seis milhões de pessoas, tomaram nota do ocorrido na Turquia para seu projeto de exterminar os judeus europeus. “Em 22 de agosto de 1939, Hitler proferiu um discurso aos seus generais sobre a próxima guerra com a Polônia”, relata o historiador norte-americano Benjamin Carter Hett, autor de The death of democracy (A morte da democracia, sem tradução), sobre a chegada do Hitler ao poder. “Há três transcrições diferentes do que ele disse. Uma das transcrições, a menos confiável, o cita dizendo: ‘Quem, depois de tudo, fala hoje da aniquilação dos armênios?’. As outras duas transcrições não contêm esta frase”. O fato de essa transcrição circular depois de uma notícia do The New York Times em 1945 demonstra que, já na década de quarenta, se estabelece uma relação entre os massacres de armênios e judeus.


“Sem dúvida teve muita influência sobre Lemkin como modelo de estudo, como ele conta em sua autobiografia”, diz o juiz José Ricardo de Prada, um dos maiores especialistas espanhóis em justiça internacional e que participou do tribunal de apelação da sentença contra o genocida sérvio Radovan Karadzic. “Provavelmente fez parte do que seu conceito queria englobar, o que aconteceu é que este conceito não se transferiu, ao menos totalmente, à definição contida na Convenção de Genocídio, e que depois se transformou na definição penal de genocídio nos estatutos dos tribunais internacionais e nos códigos penais da maioria dos Estados. Esta definição é muito mais limitada.”


Samantha Power, que foi embaixadora dos EUA na ONU no governo Obama, ganhou em 2002 o prêmio Pulitzer com Genocídio (Companhia das Letras). Ali ela conta como Lemkin, sendo estudante na cidade de Lviv (então na Polônia, agora na Ucrânia), teve uma discussão com um professor que justificava as matanças de armênios sustentando que, no fim das contas, um Governo tinha o direito de fazer o que quisesse com seus cidadãos, inclusive assassiná-los “como um dono de granja que abatesse seus próprios frangos”. Da indignação que lhe provocou aquela discussão surgiu a ideia de que deveriam existir leis, acima dos Estados, que punissem esses crimes. O jurista britânico Philippe Sands narra em seu livro East-west street (Rua leste-oeste, sem tradução) o nascimento dos conceitos de genocídio e crimes contra a humanidade, que Lemkin apontou: “Uma nação foi assassinada, e os culpados foram deixados em liberdade”.


“No genocídio armênio não houve uma pessoa como Hitler”, observa por sua vez Taner Akçam quando perguntado sobre as diferenças entre esses dois crimes contra a humanidade. “O genocídio foi uma decisão de um partido político, o Comitê de União e Progresso, implementada por um partido político. Esta é uma das principais diferenças entre o Holocausto e o genocídio armênio. A outra é que os Jovens Turcos não tinham uma ideologia racista que possamos comparar com a dos nazistas. Eram nacionalistas, sem dúvida, mas tomaram a decisão genocida porque consideraram que a mera existência dos armênios era uma ameaça para o Império e acharam que podiam eliminar essa ameaça ao assassinar todos os armênios”. O pretexto esgrimido pelos Jovens Turcos para desencadear as matanças foi que os armênios se alinhariam com os russos na I Guerra Mundial.


O genocídio foi uma mistura de deportações maciças para os desertos da Síria, então parte do Império Otomano, e assassinatos em massa, das formas mais brutais. A limpeza étnica foi total. “Povoado após povoado, cidade após cidade, eram esvaziadas de sua população armênia”, afirma o escritor norte-americano de origem armênia Peter Balakian em seu emocionante livro Black dog of fate (Cão preto do destino, sem tradução). Balakian mistura as lembranças de sua família —sobrevivente do genocídio— com o relato histórico das perseguições, mas narra também outra consequência das matanças: a diáspora armênia.


Nem o Holocausto nem o genocídio armênio conseguiram cumprir seu objetivo final, apagar judeus e armênios da face da Terra. Entretanto, conseguiram destruir culturas milenares, a dos judeus da Europa Oriental e dos armênios da Anatólia. Auschwitz e Deir ez-Zor, o campo no deserto sírio onde dezenas de milhares de armênios foram mortos de fome; os cemitérios judaicos abandonados e as sinagogas esquecidas da Polônia; as ruínas de Ani, a capital medieval armênia, arrasada em 1921 pelas autoridades da nascente Turquia —todos esses lugares recordam as ausências que o horror do século XX deixou para trás, o silêncio das vítimas e o erro que é esquecer.


Fonte: EL PAÍS




 

Super alunos da Universidade Infantil/Performance que tiraram as melhores notas nas redações ENEM. Parabéns! queridos alunos. Presente atuante e futuro próspero a todos vocês nessa nova jornada de suas vidas









A maior felicidade que sentimos é ver nossos alunos voando cada vez mais alto e construindo um futuro brilhante! Temos certeza que essa conquista não foi à toa! Parabéns a vocês e a todos os professores que contribuíram para esse resultado! 


#universidadeinfantil #colegioecursoperformance #eufuibemnoenem #enem #enem2023

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Mark Twain, escritor norte-americano


 Mark Twain, escritor norte-americano

Por Dilva Frazão


Biografia de Mark Twain

Mark Twain (1835-1910) foi um escritor norte-americano, autor dos livros "Aventuras de Tom Sayer" “O Príncipe e o Mendigo”, "As Aventuras de Huckleberry Finn", entre outros. Foi considerado um dos autores mais importantes do oeste americano.


Mark Twain (1835-1910) nasceu na pequena vila de Florida, no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, no dia 30 de novembro de 1835. Registrado com o nome de Samuel Langhorne Clemens, mais tarde, ficou conhecido com o pseudônimo de Mark Twain.


Em 1839, sua família mudou-se para a cidade portuária de Hannibal, às margens do rio Mississipi. Desde criança conheceu a tristeza quando foi levado a uma vila de pioneiros do oeste central e viu escravos açoitados e homens baleados, em plena rua.


Twain estudava em uma escola particular, mas quando tinha 12 anos ficou órfão de pai e aos 13 anos deixou a escola para se tornar aprendiz de tipógrafo.


Jornalista

Em 1850, começou a trabalhar no jornal de seu irmão, o Hannibal Journal, como impressor e assistente editorial. Foi então que descobriu que gostava de escrever textos humorísticos, que mais tarde empregaria em suas melhores obras.


Herdou do pai o espírito aventureiro e dois anos depois, deixou sua cidade para trabalhar em uma tipografia na cidade de St. Louis. Nessa época começou a escrever seus textos de humor.


Mark Twain assistiu a morte de uma irmã e um irmão.  Com 23 anos outro irmão morreu na explosão de um navio, no Mississipi. Aos trinta anos, estava tão desalentado que encostou uma pistola na cabeça, mas não se sentiu com coragem de puxar o gatilho.



Com a guerra civil de 1861, seguiu para o noroeste e chegou a Nevada. Em 1863, em Virgínia City, usou pela primeira vez, como reporter, o pseudônimo de "Mark Twain", expressão usada pelos barqueiros que significava “marca segura para se navegar”.


Início da carreira de escritor

Atraído pela corrida do ouro, foi para a Califórnia e colaborou com dois jornais. Em 1865 conquistou o público e ganhou fama com o conto “A Célebre Rã Saltadora do Condado de Calaveras”, publicado no Evening Press de New York.


Em 1867, Twain viajou para a França, Itália e Palestina, em busca de material para seu primeiro livro, “Os Inocentes no Estrangeiro”, que foi publicado em 1869, e nele o autor estabeleceu sua reputação humorística, que ocultava em um coração amargurado. 


Em 1870, contratado por dois jornais, viajou como correspondente à Europa, Turquia e Palestina. O material serviu para escrever seu segundo livro “Os Inocentes no Estrangeiro” (1869).


A consagração veio com o livro: “As Aventuras de Tom Sawyer” (1876), uma reconstituição da infância, mas também uma resposta aos livros moralistas em voga, que se tornou um clássico da literatura juvenil.


Twain continuou fazendo sucesso com o lançamento de: “Vida no Mississipi” (1883) e “As Aventuras de Huckleberry”, sua obra prima.

Sua popularidade cresceu com a publicação do romance histórico para crianças “O Príncipe e o Mendigo” (1884) e com a sátira “Um Ianque na Corte do Rei Artur”.

Com o passar dos anos, o humor de Mark Twain virou pessimismo. Ateu, tornou-se cada dia mais radical na crítica ao puritanismo predominante nos Estados Unidos.

Nas obras “O Forasteiro Misterioso” (1916) e “Autobiografia” (1924), publicados postumamente, dirigiu duras e revoltadas críticas à sociedade americana.

Mark Twain faleceu em Redding, em Connecticut, Estados Unidos, no dia 21 de abril de 1910.


Frases de Mark Twain

Recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem.

Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles não faríamos tanto sucesso.

Algumas pessoas nunca cometem os mesmos erros duas vezes. Descobrem sempre novos erros para cometer.

Se estiver zangado, conte até cem; se estiver mesmo muito zangado, blasfeme.

É melhor merecer honrarias e não recebê-las do que recebê-las sem merecer.

A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.

 Fonte: https://www.ebiografia.com/mark_twain/

domingo, 14 de janeiro de 2024

O que emperra a solução de dois Estados para israelenses e palestinos?




dez. de 2023  #hamas #bbcnewsbrasil #israel
Em meio ao conflito entre tropas israelenses e o Hamas na faixa de Gaza, cresceram os apelos pela chamada solução de dois Estados, que propõe a criação de um Estado Palestino independente ao lado de Israel.

Apesar de contar com amplo apoio da comunidade internacional e de ter sido a base para os Acordos de Oslo, de 1993, a solução nunca saiu do papel.

Neste vídeo, nosso repórter Ricardo Senra explica a posição de cada lado, detalha os obstáculos para a paz e debate: a solução de dois Estados ainda é viável? Confira.

#bbcnewsbrasil #israel #hamas #gaza 

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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

MAITREYA [ ELECTRONIC MUSIC ] Konstantinos Delioglou. Essa nova música é fascinante.


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Spotify: https://open.spotify.com/artist/107Ui...
Apple-music:  

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EYA [ ELECTRONIC MUSIC ]

Konstantinos Delioglou




DIVAS DA DISCO THELMA HOUSTON



Thelma Houston (7 de maio de 1946) é uma cantora e compositora de R&B e Club/Dance.

Foi a vencedora de um prêmio Grammy e obteve o primeiro lugar nas paradas de sucesso norte-americanas em 1977, com sua versão de "Don't Leave Me This Way".

Campanha pelos Direitos Humanos (HRC).
 Nascida no Mississippi, Thelma Houston é uma dedicada criadora musical e filantropa que começou na década de 1960 tocando música gospel com os Art Reynolds Singers. Em 1967, Houston assinou contrato com a Capitol Records (casa dos Beatles, Nat King Cole e Nancy Wilson) e teve seu primeiro hit com "Baby Mine". 

Houston lançou seu primeiro álbum solo, Sunshower , pela ABC Dunhill em 1969, que foi escrito e produzido pelo lendário Jimmy Webb Após esta estreia aclamada pela crítica, Houston assinou com a Motown Records. Sempre pioneira, na Motown ela conquistou o topo das paradas pop, R&B e dance com sua versão exclusiva de "Don't Leave Me This Way". Este clássico da Gold Record deu a Houston a distinção de ser a primeira artista solo feminina da Motown a ganhar o prêmio GRAMMY de "Melhor Performance Vocal Feminina de R&B". No início de 2020, Houston colaborou com Morrissey em "Bobby, Don't You Think They Know". 

Também foi lançado no mesmo ano o single dance "Turn Your World Around" (Radikal Records) com Bimbo Jones. A música subiu rapidamente nas paradas de dança da Billboard para a 7ª posição. Como um artista que está sempre focado na criação, Houston se juntou mais uma vez a Jimmy Webb durante a pandemia de COVID-19 para a música chamada "Someone is Standing Outside". Programas recentes incluem Motown 60: A GRAMMY Celebration da CBS . O desempenho de Houston derrubou a casa. Ela também se apresentou recentemente no especial BET DJ Cassidy's Pass the Mic . Durante o Mês da História Negra, em fevereiro, ela foi homenageada pelo Programa do Mês da Herança Afro-Americana da cidade de Los Angeles de 2022 como uma lenda viva - o que ela realmente é. Ao longo do ano, com apresentações de Tóquio a Las Vegas, Londres e além, Houston continua a cativar o público com suas performances emocionantes e anedotas calorosas. Ela continua a inspirar novas gerações de artistas com seu domínio vocal, inteligência e espírito de colaboração.

Houston é conhecida por suas causas de caridade e esforços incansáveis ​​na batalha contra a AIDS. Em 2003, a cidade de West Hollywood proclamou o dia 29 de janeiro como o “Dia de Thelma Houston”. Houston contribuiu com seus talentos para inúmeras causas, incluindo Divine Design for Project Angel Food, AIDS Project Los Angeles e Minority AIDS Project, para o qual ela doou seus ganhos de US$ 20.000 do programa de TV Hit Me Baby . Ela tem atuado na NAACP e é uma apoiadora de longa data da Campanha pelos Direitos Humanos (HRC). Disse Richard Ayoub, Diretor Executivo do Projeto Angel Food: "Tivemos a sorte de nos beneficiar do apoio de Thelma por muitos anos e estamos verdadeiramente gratos. É uma prova de seu talento artístico e engenhosidade que ela criou uma maneira de nos aproximar durante estes tempos difíceis e dar."

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Biografia Miriam Leitão


 


Míriam Azevedo de Almeida Leitão (Caratinga, 7 de abril de 1953) é uma jornalista e apresentadora de televisão brasileira. Atualmente, apresenta o GloboNews Miriam Leitão, faz comentários no Bom Dia Brasil e na coluna Panorama Econômico de O Globo.


Biografia

Miriam Azevedo de Almeida Leitão nasceu em Caratinga, Minas Gerais, filha do Reverendo Uriel de Almeida Leitão, pernambucano, e de Mariana Azevedo de Almeida Leitão, mineira. Formada na Universidade de Brasília (UnB), exerce a profissão há 40 anos. Iniciou sua carreira em Vitória, estado do Espírito Santo, tendo atuado em diversos órgãos de comunicação, seja em jornal, rádio e televisão, tais como Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, O Globo, Rádio CBN, Globo News e Rede Globo. Foi repórter de assuntos diplomáticos da Gazeta Mercantil e editora de economia do Jornal do Brasil.


Em 1972, quando estava grávida, foi presa e torturada[3] física e psicologicamente pela ditadura militar brasileira por ser militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).


Desde 1991 é funcionária do Grupo Globo, na época ela ganhou uma coluna no Jornal O Globo. Em 1996, ela passou a ser comentarista de economia do Jornal Hoje ao lado de Fátima Bernardes.  Após a saída do JH, Miriam focou na área econômica e se tornou colunista de economia do Bom Dia Brasil, assumindo função que era de Ana Paula Padrão. Em 2003 ela assumiu o Espaço Aberto Economia, substituindo Joelmir Betting que havia sido demitido por participar de comercial.


Estilo

Conhecida por ser uma "comentarista econômica e pela "fama de brigona", o choro da jornalista ao falar sobre a morte de Zilda Arns contrapõe, segundo Alberto Dines, "o mito da objetividade" e "torna a profissão do jornalista menos burocrática, menos fleumática". Para o comentarista econômico Carlos Alberto Sardenberg, ela "nunca se contentou com as explicações oficiais.


No jornal O Globo onde é colunista e em seu blog, Mírian Leitão publicou uma matéria denominada "Miséria do Debate" onde acusava a algumas pessoas de distorcer certas realidades. Declarou que os jornalistas Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino são pessoas que pertencem a "direita hidrófoba" pelas denúncias que faziam sobre o então governo petista. Ela citou a declaração da ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, Suzana Singer, que denominou Reinaldo Azevedo de “rottweiller”, pois este fora recentemente contratado por aquele jornal para publicar uma coluna semanal. Escreveu de forma considerada forte como a frase: Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez reducionista. Termos este utilizados por ambos jornalistas em suas matérias.


Reportagem, opinião e análise


Miriam Leitão em setembro de 2007

Durante a Crise Financeira Internacional, em 29 de junho de 2009, Miriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de crescimento do então Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010: "Ele fez uma afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário dizer isso". De fato, o alto crescimento de 7,5% daquele ano foi acima do potencial do PIB e fez a inflação se distanciar do centro da meta durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.  Ainda em 2009, Míriam Leitão alertava que os fortes empréstimos dados pelo BNDES ao grupo de Eike Batista não eram saudáveis à economia e expunham o banco a riscos de poucos grandes grupos. Em 2013, várias empresas do grupo entraram em concordata.


Em decorrência da morte do ex-presidente argentino Néstor Kirchner no dia 27 de outubro de 2010, Miriam postou em seu blog que com a morte do ex-presidente "acaba o Kirchnerismo", no sentido de que o estilo de governar do presidente argentino estaria chegando ao fim.  No dia 23 de outubro de 2011, Cristina Kirchner foi reeleita presidente da Argentina no primeiro turno das eleições, mas a grave crise econômica que atingiu o país nos anos seguintes fez sua popularidade cair drasticamente. Pesquisa de 2014 já apontava que 67,5% dos argentinos desaprovavam o seu governo. No ano de 2014, o país entrou em nova moratória e o que agravou sua crise cambial.


Governo Dilma

Míriam Leitão tem alertado para o congelamento de vários preços da economia brasileira, entre eles, o da gasolina e da energia elétrica. A jornalista opina que essa não é a melhor estratégia para conter o IPCA, pois provoca distorções na economia. No caso da gasolina, a Petrobras seria a principal prejudicada, pois é obrigada a importar o produto e revender internamente a um preço mais baixo, tendo enormes prejuízos em seus caixa e aumentando o seu nível de endividamento. No caso das tarifas de energia elétrica, a expectativa de forte aumento da tarifa a partir de 2015 faz com que as previsões para a inflação continuem elevadas, dificultando o trabalho do Banco Central.


Quanto à causa da crise econômica no governo Dilma, Miriam Leitão escreve em seu livro História do futuro que "o governo culpou a crise externa e o fato de o mundo não estar completamente reestabelecido do abalo de 2008. Não foi essa a causa. O determinante foi a política econômica à qual o primeiro mandato tentou dar ares de ciência, definindo-a como 'a nova matriz macroeconômica'. Essa suposta teoria teve morte rápida por falência múltipla das premissas". O congelamento dos preços dos combustíveis mencionado no parágrafo anterior fazia parte da nova matriz.


Governo Bolsonaro

A jornalista criticou o governo de Bolsonaro desde antes de sua campanha bem sucedida para presidente e Bolsonaro sempre respondeu seus ataques. Esse confronto culminou com a repercussão global em julho de 2019.[carece de fontes] Em julho, Leitão avaliou que Bolsonaro transita entre o "grotesco e o perigoso"; "A lista dos perigos é tão extensa quanto a das tosquices. É importante ficar atento. O governo Bolsonaro tem um padrão. Ele vai encurralando e desmoralizando os órgãos públicos"


No dia 19 de julho de 2019, Jair Bolsonaro afirmou que a jornalista "foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil" e repetiu duas vezes que Miriam "mentiu sobre ter sido torturada" e vítima de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o país. Em nota, lida no Jornal Nacional, a Rede Globo repudiou as afirmaçoes de Bolsonaro sobre a sua funcionária. "[...] Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente. Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda. Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. [...] A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias. [...]


Edição na página da Wikipédia

Em 8 de agosto de 2014, uma matéria do portal de O Globo  afirmou que um dispositivo conectado à internet através da rede sem fio do Palácio do Planalto alterou, em maio de 2013, informações das páginas de Miriam e Carlos Alberto Sardenberg na Wikipédia, com o objetivo de difamá-los. As informações inseridas no artigo de Miriam qualificavam suas análises e previsões econômicas como "desastrosas", além de acusá-la de ter defendido "apaixonadamente" o banqueiro Daniel Dantas quando este foi preso pela Polícia Federal.  Esta última acusação ocorreu em razão de comentário de Miriam na Rádio CBN onde ela defendia a inocência de Dantas. 


O Palácio do Planalto, em nota, explicou que não possui maneiras de identificar o autor das críticas, uma vez que o endereço IP usado na alteração era utilizado tanto pela sua rede interna quanto pela rede sem fio do Palácio. Isso possibilitaria a qualquer visitante do Planalto realizar tal alteração.


As Organizações Globo foram criticadas por divulgar alterações das biografias de seus contratados na Wikipédia,  ferramenta de caráter colaborativo e aberta à edição de todos e que, segundo seu próprio criador, Jimmy Wales, não deve ser usada como fonte primária de informação.[carece de fonte melhor] Também foram criticadas por só terem noticiado as alterações em plena campanha eleitoral de 2014.[carece de fonte melhor] No dia seguinte ao da reportagem d'O Globo, o jornalista Miguel do Rosário divulgou que um usuário que navegava através da rede da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (ligado ao governo do estado, que na época era ocupado pelo PSDB, que faz oposição ao PT) inseriu uma calúnia na biografia do músico Raul Seixas e apontou que a Globo não deu a mesma atenção ao caso.  Ele também relatou que já visitou o Palácio do Planalto e que teve acesso à senha da rede sem fio do gabinete presidencial e que qualquer visitante poderia ter efetuado a edição.


Em 11 de setembro de 2014, uma Comissão de Sindicância Investigativa identificou um servidor público ocupante de cargo efetivo como autor das alterações dos verbetes da Wikipédia sobre Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg. Em audiência realizada no Juizado Especial Criminal de Brasília, em 20 de agosto de 2015, o servidor público aceitou a proposta de transação penal. A comprovação da obrigação, com vista à extinção do processo por calúnia, difamação e injúria, é feita mediante relatório e folha de frequência no cartório do Juizado Especial Criminal.


Obras

Tem onze livros publicados. Pela Editora Record, “Convém Sonhar” (2010) e “Saga Brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda” (2011). O “Saga” ganhou o Jabuti de "Livro Reportagem" e o Jabuti de "Livro do Ano de Não Ficção", da Câmara Brasileira do Livro em 2012. Em 2013, lançou o infantil “A Perigosa Vida dos Passarinhos Pequenos”,  que recebeu da Fundação Nacional do Livro Infantil o selo de “Altamente Recomendável”, em 2014, “A menina de Nome Enfeitado” e, em 2015 “Flávia e o Bolo de Chocolate”, ambos pela Editora Rocco. Pela Editora Intrínseca, a ficção “Tempos Extremos” (2014), "História do Futuro" (2015), "A Verdade é Teimosa" (2017), o livro de crônicas "Refúgio no Sábado" (2018), "A Democracia na Armadilha" (2021) e "Amazônia na Encruzilhada" (2023).


Convém Sonhar (2010)[38]

Saga Brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda (2011)[39]

A Perigosa Vida dos Passarinhos Pequenos (2013)

Tempos Extremos (2014)

A Menina de Nome Enfeitado (2014)

Flávia e o Bolo de Chocolate (2015)

História do Futuro: O horizonte do Brasil no século XXI (2015)

A Verdade é Teimosa: Diários da Crise que Adiou o Futuro (2017)

Refúgio no sábado (2018)

A Democracia na Armadilha: Crônicas do Desgoverno (2021)

Amazônia na Encruzilhada: O poder da destruição e o tempo das possibilidades (2023)

Prêmios

Míriam Leitão é a terceira jornalista brasileira mais premiada de todos os tempos, de acordo com ranking elaborado pelo Jornalistas & Companhia, no ano de 2013.


Entre os prêmios recebidos estão: Jornalismo Econômico Ayrton Senna, Jornalista do Ano pela Ordem dos Economistas do Brasil, da Federação Internacional de Jornalistas pelo combate à desigualdade racial, o prêmio “Maria Moors Cabot” da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Prêmio de Jornalismo Econômico Ibero-Americano de 2012, Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2012. Vários Prêmios Comunique-se nas categorias de jornalismo impresso e eletrônico. Prêmio Esso de Informação Científica e Ambiental em 2013, pela reportagem feita com os índios Awá com o fotógrafo Sebastião Salgado.


Jornalismo para Tolerância - 2003 (Federação Internacional de Jornalistas – FIJ)

Orilaxé - 2003 (Grupo AfroReggae)

Ayrton Senna de Jornalismo Econômico - 2004

Camélia da Liberdade - 2005 (Ceap – Centro de Articulação de Populações Marginalizadas)

Maria Moors Cabot Prize - 2005 (Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia)

Jornalista Econômico 2007, concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil

Prêmio Jabuti - 2012, Livro do Ano de não ficção e Livro-Reportagem, com "Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda"

Jornalista mais admirada do país, junto com Ricardo Boechat - 2014

Prêmio Liberdade de Imprensa - 2017, Associação Nacional de Jornais (ANJ)


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Violência no Equador: o que está por trás do avanço das facções criminosas



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O Equador vive atualmente um estado de “conflito armado interno”, segundo declarou o presidente Daniel Noboa em 9 de janeiro. 

A medida, que permite que militares passem a realizar atividades de segurança pública, se segue a cenas de caos no país — como a invasão de uma transmissão ao vivo na TV e ataques a universidades e instituições públicas. 

Neste vídeo, nossa repórter Laís Alegretti explica como o avanço das facções criminosas fomenta a violência no Equador e como o cenário se relaciona ao tráfico internacional de drogas. 

Confira. 

Reportagem em texto: https://www.bbc.com/portuguese/articl...  

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Israel não tem plano para Gaza depois da guerra, dizem especialistas


 Benjamin Netanyahu, Yoav Gallant e Benny Gantz sentados numa mesa cercados por bandeiras de Israel  CRÉDITO,GETTY IMAGES


Israel não tem plano para Gaza depois da guerra, dizem especialistas

Legenda da foto,

Os três principais membros do novo gabinete de guerra de Israel: primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (esq.), ministro da Defesa Yoav Gallant e ministro e líder da oposição Benny Gantz

Article information

Author,Paul Adams

Role,Correspondente de diplomacia, BBC News

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu “mudar o Oriente Médio”.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, garantiu que “não há como voltar atrás”.

Mas à medida que as forças israelenses intensificam seus ataques na Faixa de Gaza e reiteram avisos à população palestina para evacuar e abrir caminho, muitos levantam duas questões: para onde vai a guerra e o que virá depois?

Após os hediondos ataques de 7 de outubro, autoridades israelenses afirmaram repetidas vezes que pretendem destruir o Hamas da Faixa de Gaza, militar e politicamente.

Mas, para além de demonstrarem um poder militar implacável e esmagador, não está claro como atingirão este objetivo.

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“Não é possível dar um passo tão histórico sem um plano para o dia seguinte”, disse Michael Milshtein, diretor do Fórum de Estudos Palestinos do Centro Moshe Dayan, da Universidade de Tel Aviv.

Milshtein, ex-chefe do departamento de Assuntos Palestinos da Inteligência Militar Israelense, teme que o planejamento tenha apenas começado.

“Temos que fazer isso imediatamente", ele diz.


Enquanto forças israelenses intensificam ataques na Faixa de Gaza, muitos levantam duas questões: para onde vai a guerra e o que virá depois?

Diplomatas de países ocidentais dizem estar envolvidos em intensas negociações com Israel sobre o futuro, mas até agora nada está claro.

“Não existe nenhum plano fixo”, me disse um deles, sob anonimato. “Dá para esboçar algumas ideias no papel, mas torná-las realidade exigirá semanas, meses de diplomacia”, acrescentou.

Existem planos militares que vão desde degradar a capacidade militar do Hamas até a tomada do controle de grandes áreas da Faixa de Gaza. Mas profissionais com vasta experiência em crises anteriores dizem que o planejamento termina aí.

“Não creio que exista uma solução viável para Gaza no dia seguinte à retirada das nossas forças”, afirma Haim Tomer, um ex-alto funcionário do serviço de inteligência de Israel, o Mossad.

Israelenses são quase unânimes em dizer que o Hamas deve ser derrotado, que os massacres de 7 de outubro foram simplesmente atrozes e que não se pode permitir que a organização governe Gaza novamente.

Mas o Hamas, diz Milshtein, é uma ideia, não algo que Israel possa simplesmente apagar.

“Não é como Berlim em 1945, quando uma bandeira foi colocada no Reichstag e tudo acabou.”

O exército israelense convocou um número recorde de reservistas para a guerra contra o Hamas

'Grandes erros no Iraque'
Um paralelo melhor, explica ele, é o Iraque em 2003, onde forças aliadas lideradas pelos EUA tentaram eliminar todos os vestígios do regime de Saddam Hussein.

A chamada "des-Ba'acificação" (o processo no qual o partido Ba'ath de Hussein foi banido e declarado ilegal) foi um desastre.

Centenas de milhares de funcionários iraquianos e membros das forças armadas ficaram sem trabalho, lançando as sementes de uma insurgência devastadora.


Veteranos americanos desse conflito estão neste momento em Israel compartilhando com militares israelenses suas experiências em lugares como Fallujah e Mosul.

“Espero que eles expliquem aos israelenses que cometeram grandes erros no Iraque”, diz Milshtein.

"Por exemplo, que não criem ilusões de erradicar o partido no poder ou de mudar a mentalidade do povo. Isso não vai acontecer."

Muitos palestinos concordam.

“O Hamas é uma organização popular com muitas raízes”, diz Mustafa Barghouti, presidente da Iniciativa Nacional Palestina. “Se quiserem eliminar o Hamas, terão de limpar etnicamente toda Gaza.”

Essa ideia – de que Israel pretende secretamente forçar centenas de milhares de palestinos a abandonarem a Faixa de Gaza e se mudarem para o Egito – desperta os temores mais profundos dos palestinos.

Para uma população já constituída em grande parte por refugiados – aqueles que fugiram ou foram expulsos das suas casas quando o Estado de Israel foi fundado – a ideia de outro êxodo em massa evoca memórias dos acontecimentos traumáticos de 1948.

“Fugir significa uma passagem só de ida”, diz Diana Buttu, ex-porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). “Significa não voltar.”

Analistas israelenses, incluindo antigos altos funcionários, se referiram várias vezes a uma necessidade de que palestinos sejam alojados, temporariamente, do outro lado da fronteira, no Sinai.

Gaza está sendo praticamente destruída

Giora Eiland, ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, afirma que a única forma de Israel concretizar suas ambições militares em Gaza sem matar muitos palestinianos inocentes é a evacuação de Gaza pelos civis.

“Eles deveriam cruzar a fronteira para o Egito”, diz ele, seja “temporária ou permanentemente”.

Aos receios dos palestinos soma-se uma frase do discurso do presidente Joe Biden, em 20 de outubro, quando pediu ao Congresso dos EUA que aprovasse recursos para apoiar Israel e a Ucrânia.

O texto se refere à crise que “poderia muito bem levar ao deslocamento transfronteiriço e a maiores necessidades humanitárias regionais”.

'Um osso na garganta'
Até agora, Israel não disse querer que os palestinos atravessem a fronteira.

O que as Forças de Defesa Israelenses (FDI) têm repetido aos civis é que estes se deslocam para “áreas seguras” no sul, sem definir exatamente a que áreas se referem.

No Egito, por sua vez, o presidente Abdel Fattah el Sissi já alertou que a guerra de Israel em Gaza poderia ser “uma tentativa de forçar os habitantes civis” a emigrar para aquele país.

Mas, assumindo que ainda haverá palestinos na Faixa de Gaza quando tudo isto acabar, quem irá governá-los?

“Essa é a pergunta de um milhão de dólares”, diz Milshtein.

Na opinião dele, Israel deveria apoiar a criação de um novo governo, liderado pelos próprios palestinos de Gaza, com a participação dos líderes locais e o apoio dos Estados Unidos, do Egito e talvez da Arábia Saudita.

Deveria também incluir líderes do Fatah, grupo palestino rival que o Hamas expulsou violentamente de Gaza um ano depois de vencer as eleições em 2006.


Yahya Sinwar, chefe do Hamas em Gaza, foi declarado um dos principais alvos de Israel.

O Fatah é o partido que controla a Autoridade Nacional Palestina (AP), com sede na cidade de Ramallah, na Cisjordânia.

Mas tanto a AP como o seu presidente, Mahmoud Abbas, são muito impopulares entre os palestinos, seja na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza.

De acordo com Diana Buttu, a AP pode desejar secretamente regressar a Gaza, mas não se isso significar "cavalgar nas costas de um tanque israelense".

A veterana política palestina Hanan Ashrawi, que trabalhou brevemente na AP na década de 1990, se irrita com a ideia de estrangeiros, incluindo Israel, mais uma vez tentando determinar como os palestinos conduzem suas vidas.

"As pessoas pensam que isso é um tabuleiro de xadrez e que podem mover alguns peões aqui e ali e conseguir um xeque-mate no final. Isso não vai acontecer", diz.

“Eles podem encontrar alguns que queiram ajudar”, afirma, “mas a maior parte da população em Gaza não aceitará isso bem”.

Mesmo aqueles que já enfrentaram guerras em Gaza, embora não nesta escala, reconhecem que existe uma profunda apreensão e uma sensação de que quase tudo já foi tentado antes.


O ex-funcionário do Mossad Haim Tomer disse que suspenderia as operações militares por um mês como parte de um plano para libertar primeiro os reféns.

Em 2012, após uma onda anterior de combates em Gaza, Tomer acompanhou o diretor da Mossad ao Cairo para conversas secretas que resultaram num cessar-fogo.

Naquela ocasião, os representantes do Hamas, diz ele, estavam “do outro lado da rua”, com autoridades egípcias agindo como intermediários.

Tomer acredita que um mecanismo semelhante poderia ser usado agora, mas acrescenta, quase certamente, que Israel teria de estar disposto a pagar um preço elevado.

"Não me importo se libertarmos alguns milhares de prisioneiros do Hamas. Quero ver o nosso povo voltar para casa."

Ele explica que, uma vez que isso aconteça, Israel poderá decidir se retomará as operações militares em grande escala ou optará por um cessar-fogo de longo prazo.

O que está claro, diz ele, é que, sem separar fisicamente esse território e arrastá-lo para o Mediterrâneo, Israel está destinado a lidar com a Faixa de Gaza indefinidamente.

"É como um osso na garganta."

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz9r9krrwewo

Justiça Federal concede indenização para Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, por perseguição política e exílio.


 Foto: Arquivo Nacional© Arquivo Nacional


Justiça

Juiz ordena indenização à viúva de Jango por perseguição na ditadura

Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região

 

Publicado em 10/01/2024 - 11:28 Por Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil - Brasília


O juiz Bruno Risch Fagundes de Oliveira, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, condenou a União a pagar indenização por danos morais a Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart.  


O magistrado definiu o valor da indenização em R$ 79,2 mil, sob a justificativa de que a ex-primeira-dama foi perseguida politicamente e exilada junto com seus filhos durante a ditadura militar. 


Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). 


À Agência Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse já ter sido intimada da decisão e que “no momento avalia as medidas cabíveis”.  


À Justiça, a viúva de Jango argumentou que o marido tinha uma trajetória empresarial e política bem-sucedida, antes de ser deposto da Presidência da República, com o golpe de Estado de 1964. 


Além de empresário do ramo agropecuário, Jango foi deputado federal, ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas, vice-presidente eleito por duas vezes seguidas, tendo assumido a Presidência após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. 


Maria Thereza Goulart alegou que em 1º de abril de 1964, data do golpe, teve que deixar a Granja do Torto, uma das residências oficiais, às pressas com os dois filhos, à época com 6 e 8 anos de idade. 


Todos embarcaram para Porto Alegre com bagagem mínima, deixando para trás a maior parte dos pertences, como joias e roupas de marca, alegou a viúva de Jango. Todo o rebanho de gado de suas fazendas também foi saqueado, sustentou a defesa de Maria Thereza. 


A família foi obrigada a se exilar no Uruguai até 1973, e na Argentina, até 1975, tendo sido obrigada a migrar após golpes de Estado nesses países. A defesa ainda relatou um plano para sequestrar os filhos de Jango. 


Ao dar razão à viúva de Jango, o juiz federal justificou que o dano moral se deve ao exílio por motivação exclusivamente política e a injusta privação de direitos. 


“O grupo familiar do ex-presidente, como um todo, teve de suportar os danos decorrentes de tal ato de exceção, que se iniciaram com a fuga do território nacional e tiveram desdobramentos ao longo de mais de uma década e meia de perseguição política, assim reconhecida no processo administrativo que tramitou na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça”, escreveu o magistrado. 


Ele ainda reconheceu os danos à personalidade de Maria Thereza Goulart em função da vigilância ostensiva promovida pelo Estado brasileiro sobre toda família Goulart, conforme comprovado por documentos públicos encontrados no Arquivo Nacional. 


No processo, a União alegou que Maria Thereza não sofreu prisões, torturas ou agressões pelo Estado brasileiro, e que a viúva de Jango já reconheceu, em entrevistas, não ter sofrido privações econômicas durante o exílio. 


Edição: Fernando Fraga

Fonte:https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-01/juiz-ordena-indenizacao-viuva-de-jango-por-perseguicao-na-ditadura

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Por que 2024 será o maior ano eleitoral da história



2024 será o maior ano eleitoral da história. 

Nunca antes tantas pessoas votaram em um mesmo ano quanto votarão neste. 

Segundo o Centro para o Progresso Americano, um instituto de pesquisa nos Estados Unidos, mais de 2 bilhões de pessoas vão às urnas. 

São quase 80 países que representam pouco mais da metade da população mundial. 

Nem todas essas eleições devem ser realizadas de forma livre e justa. Mas ainda assim elas terão um grande impacto na política mundial dos próximos anos.  

Neste vídeo, a repórter Julia Braun, da BBC Brasil em Londres, fala sobre alguns dos pleitos que serão destaque nos próximos 12 meses. 

#bbcnewsbrasil #eleições #política #internacional 

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