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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Com 77 anos de história, Teatro Paulo Freire está em ruínas no Paulista



Sem teto, parte interna do Teatro foi tomada pela vegetação (Foto: Vinícius Coutinho/Divulgação)


Com 77 anos de história, Teatro Paulo Freire está em ruínas no Paulista

Por: Emannuel Bento

Publicado em: 18/07/2021 

https://www.diariodepernambuco.com.br/


No ano em que o Brasil comemora o centenário do pernambucano Paulo Freire, um teatro com o nome do educador, localizado no Centro do Paulista, no Grande Recife, encontra-se num estado de total abandono. O Teatro Paulo Freire é o único equipamento cultural público da cidade, com capacidade para 400 pessoas. Foi fundado em 1944 e tem um passado glorioso, mas está fechado desde 2008 e tornou-se uma espécie de mártir para a classe artística do município, que vem protestando pela reabertura.


Quem passa na Avenida Floriano Peixoto sequer repara que ali existe um teatro. Não há mais letreiro, a coloração azul das paredes embranqueceu e o teto caiu. Em 28 de maio deste ano, ativistas aproveitaram os 77 anos do espaço para realizar um ato por reforma e conseguiram acessar o prédio. Fizeram registros internos que reforçam o caráter do abandono: a vegetação já invadiu toda a área, até mesmo o palco que tanto divertiu os paulistenses no passado.


Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Paulista, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Juventude e Esportes, disse que a atual gestão "apresentou em audiência pública a ideia de um projeto que integra o teatro, o cinema, a música, o artesanato e a arte em geral para a revitalização do Cine Teatro Paulo Freire e sua ampliação estrutural. A ideia, porém, ainda está em discussão com a classe artística". Trata-se do Centro Cultural Ariano Suassuna, com uma área de 2.000 m2 e visto com ceticismo.



A inauguração do Cine-Teatro Municipal (primeiro nome do espaço) foi realizada pelo prefeito Capitão José Primo de Oliveira com a presença do interventor Agamenon Magalhães, mão de ferro da Era Vargas em Pernambuco, em 1944. A aposentada Bernadete Serpa Lopes tinha 7 anos na inauguração. "Fui aluna da primeira turma do Grupo Escolar Dantas Barreto, que ficava ao lado do cine-teatro, e participei de muitos eventos. Existia uma cena teatral muito forte, quase nunca ficava sem peças em cartaz. Com o tempo, isso mudou, pois o poder público não correspondeu. Até que chegou nesse ponto de calamidade".


Até os anos 1960, o estado tinha mais de 100 cinemas de rua (sendo 28 no Recife). Com a popularização da televisão, muitos cinemas de subúrbio passaram a fechar, e o Cine-teatro Municipal também passou por dificuldades. Ele foi alugado para iniciativa privada e chegou a ter a sua fase de cinema pornô, deixando de ser "cine" há mais de 30 anos. Ninguém sabe sequer informar o paradeiro dos equipamentos de projeção.


O espaço sobreviveu, porque não dependia só da sétima arte. O palco foi ocupado por grupos teatrais como Gente Nossa e Cênico Austro Costa, que encenaram textos conhecidos do teatro nacional, a exemplo de Onde estás felicidade?, de Luiz Iglésias. Quando completou 53 anos, em 1997, foi reinaugurado com o nome Teatro Municipal Paulo Freire, em homenagem ao grande educador, na gestão do prefeito Geraldo Pinho Alves. Essa atual fase de decadência começa na década seguinte. Em 2008, parte do forro acústico de fibra mineral (comprado em 2006 numa reforma orçada em R$ 200 mil) caiu sobre crianças de escolas particulares que assistiam a um espetáculo do projeto Escola Vai ao Teatro, capitaneado pelo ator Vinicius Coutinho. O equipamento foi interditado pela Defesa Civil.


ABANDONO


Apesar da esperança da classe artística, os episódios seguintes só trouxeram revezes. Em 2006, o então prefeito Yves Ribeiro (que voltou a vencer as eleições em 2020) negociou que cartórios do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco fossem instalados nos anexos do teatro. O contrato tem vigência de 20 anos, a partir de 1º setembro de 2011 - ou seja, só acabará em 2031. Em 2013, já na gestão de Júnior Matuto, artistas chegaram a realizar um protesto, mas a reforma para o TRE foi concluída.


"O teatro esteve razoável até 2003. Ariano Suassuna foi fazer uma aula-espetáculo em 2006, quando fizeram uma maquiagem. Daí surgiram muitos problemas estruturais, como infiltrações", relembra o ator Vinicius Coutinho, membro do Conselho de Cultura do Paulista. "Ele funcionava precariamente porque nós não tínhamos outro espaço para espetáculos. Não tinha uma boa iluminação, os atores que traziam os seus equipamentos. Nos anos anteriores ao fechamento, o movimento era fraco porque nunca tivemos apoio da Prefeitura, nem que fosse para a divulgação".


Em 2018, a Prefeitura do Paulista chegou a afirmar que realizaria um reforma com custo de R$ 270 mil e prazo para finalização em 180 dias. Também prometeram achar um novo local para o TRE. Em 2020, após um novo ato pela reforma, o então Secretário de Esportes e Cultura, Jorge Rocha, informou que o atraso da conclusão da obra se deu por problemas da empresa contratada. No entanto, as imagens registradas em maio de 2021 mostram que nada foi feito.


Confira a nota da Prefeitura do Paulista na íntegra:


A Prefeitura da Cidade do Paulista, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Juventude e Esportes, informa que o Centro Cultural Ariano Suassuna não será um apagamento do passado, pois a ideia é enaltecer a classe artística, apresentando uma melhor estrutura e deixando todos cientes que o CineTeatro Paulo Freire não é tombado. Com isso, o prédio pode, mediante engenharia, ter mudanças em sua estrutura, para garantir a segurança dos artistas e também da população, a exemplo das paredes e tetos do CineTeatro.


A gestão atual apresentou em audiência pública, a priori, a ideia de um projeto que integra o teatro, o cinema, a música, o artesanato e a arte em geral para a revitalização do CineTeatro Paulo Freire e sua ampliação estrutural. A ideia, porém, ainda está em discussão com a classe artística.

    

Diario de Pernambuco é o jornal mais antigo em circulação na América Latina, com sede em Recife, Pernambuco, Brasil


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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Mulheres políticas que vem se destacando no cenário da Pandemia no Brasil. ( A senadora Eliziane Gama)

 




Eliziane Gama

Eliziane Pereira Gama Melo (Monção, 27 de fevereiro de 1977) é uma jornalista e política brasileira filiada ao Cidadania. Em 2014 foi eleita deputada federal do Maranhão. Em 17 de abril de 2016 votou a favor do prosseguimento do processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff. No dia 25 de outubro de 2017 votou a favor da investigação contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. 



Biografia

Nasceu em Araguanã (na época parte do município de Monção, MA) no dia 27 de fevereiro de 1977. É a quinta filha do casal Domingos Newton Gama e Dalvina de Jesus Pereira. Na adolescência se mudou para a capital maranhense para cursar jornalismo e aos 17 anos ingressou na Universidade Federal do Maranhão.


Foi candidata pela primeira vez a um cargo político no ano de 2006, sendo eleita deputada estadual. Foi reeleita deputada estadual pelo PPS em 2010. Foi candidata à prefeitura de São Luís em 2012, não se elegendo. Em 2014 foi eleita deputada federal.


Carreira Política

Deputada Estadual

Candidata a um cargo político pela primeira vez no ano de 2006 conseguiu com êxito eleger-se deputada estadual aos 29 anos com mais 15 mil votos. Em 2010 dobrou a quantidade de votos e se reelegeu deputada estadual com 37 mil votos.


Na Assembleia Legislativa se destacou como defensora da causa da criança, adolescente, mulher, idoso e também dos direitos humanos. Ela também presidiu a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e esteve a frente de outras importantes comissões como a CPI de Combate a Pedofilia e Abuso Sexual Infantil, Comissão de Direitos da Mulher, Comissão de Infância, Juventude e Idoso e Comissão de Direitos Humanos e das Minorias. Foi relatora da CPI Euromar, que investigou os esquemas fraudulentos de um concessionária de veículos.


Como presidente da Comissão da Infância, conseguiu a capacitação dos conselheiros tutelares do Maranhão para cuidar com mais eficiência das crianças maranhenses.


No final de 2009, devido aos dados que colocaram o Estado do Maranhão como o terceiro do país com maior número de denúncias no Disque 100, Eliziane Gama presidiu a CPI de Combate a Pedofilia. Como presidente da CPI ouviu mais de cem depoimentos, dezenas de casos, e percorreu 12 cidades do interior do estado, o que resultou em vários encaminhamentos como abertura de processos e prisões durante as audiências da CPI.


Candidata à prefeitura de São Luís

Nas eleições de 2012 para a prefeitura de São Luís Eliziane Gama foi a única mulher que concorreu, ficando em terceiro lugar com mais de 70 mil votos. Candidatou-se novamente sem êxito nas eleições de 2016, ficando em quarto lugar com 31,5 mil votos.


Deputada Federal

Nas eleições de 2014 foi no Maranhão a única mulher eleita deputada federal, com 133.575 votos.


Em 2015 foi considerada uma das mais atuantes pelo Congresso Em Foco e foi a segunda parlamentar que menos gastou na Câmara dos Deputados.


No mesmo ano destacou-se como membro da CPI da Petrobras, coordenadora da Comissão Externa que acompanha o cancelamento das refinarias do Maranhão e Ceará, também é titular da Comissão de Segurança e Comissão do Consumidor. Também deu importantes contribuições na CPI do Sistema Carcerário e no Conselho de Ética.


Senado Federal

No dia 28 de julho de 2018, data da convenção Todos pelo Maranhão, foi homologada, como candidata ao Senado Federal, na chapa do atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). O deputado federal Pedro Fernandes (PTB) foi anunciado como seu primeiro suplente.


Em 7 de outubro de 2018, se elegeu senadora pelo Maranhão. Na eleição presidencial em 2018 apoiou Fernando Haddad à presidência da República.


No início do mandato foi escolhida líder da bancada do PPS na casa.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão. 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Já na CPI da Covid 19 ela se destaca com grandes questionamentos e  representa com algumas colegas senadoras a força feminina e possívelmente uma das poucas parlamentares  que vem lutando para quebrar as estruturas machistas em torno da  nossa política.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Políticos que se destacam no cenário da pandemia no Brasil ( Senador do Amazonas Omar Aziz )


 Omar Aziz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Omar José Abdel Aziz (Garça, 13 de agosto de 1958) é um engenheiro civil e político brasileiro. Foi o 46.º Governador do Amazonas, pelo qual, atualmente, é Senador. Filiado ao PSD, é seu líder no Senado Federal.


Membro de uma família de ascendência árabe e italiana, Omar já ocupou o cargo de vereador em Manaus e deputado estadual do Amazonas na década de 1990. É casado com Nejmi Aziz, com quem têm três filhos, Emjen, Enzo e Johara.


Trajetória política

Em 1996, após ter sido vereador e deputado estadual, foi eleito vice-prefeito de Manaus na chapa de Alfredo Nascimento. Em 2000, foram reeleitos, mas, em maio de 2002, Omar deixou o cargo para concorrer como vice da chapa de Eduardo Braga ao governo do Estado, pleito em que foram eleitos. Em 2006, foi reeleito com Braga.


Nas eleições de 2008, licenciado do cargo de vice-governador, Omar disputou o cargo de prefeito de Manaus pelo PMN , tendo conquistado a terceira colocação.  Em 2010, Braga renunciou ao governo para concorrer ao Senado, ocasião em que Aziz ascendeu ao governo. Nas eleições daquele ano, foi eleito governador no primeiro turno com cerca de 64% dos votos (mais de 940.000 votos) em disputa contra seu antigo aliado, o então senador Alfredo Nascimento (PR). Em 2011, foi um dos co-fundadores do Partido Social Democrático (PSD) e tem sido o líder do PSD no Senado Federal.


Em 4 de abril de 2014, renunciou ao Governo do Amazonas para disputar uma vaga no Senado Federal.  Com isso, o então vice-governador, José Melo de Oliveira, assumiu seu lugar. Ao final, com 58,51% dos votos válidos, venceu a disputa e conquistou seu mandato de Senador da República.


Em 2016, votou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff  e a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos. Em julho de 2017, votou a favor da reforma trabalhista.


Em outubro de 2017 votou a favor da manutenção do mandato do senador Aécio Neves derrubando decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no processo onde ele é acusado de corrupção e obstrução da justiça por solicitar dois milhões de reais ao empresário Joesley Batista.


Nas eleições de 2018, foi novamente candidato ao governo do estado do Amazonas, tendo o então deputado federal Arthur Virgílio Bisneto como candidato a vice. Entretanto, terminou a disputa no quarto lugar e com cerca de 8% dos votos.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão.


Em maio de 2021, foi eleito presidente da CPI da COVID-19. E tem feito um trabalho fantástico em torno dessa CPI

AO VIVO: CNN PRIME TIME - 13/07/2021

domingo, 11 de julho de 2021

Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”





 Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”

Redação

BBC News Mundo


Gritando "liberdade" e "abaixo a ditadura", centenas de cubanos saíram às ruas neste domingo (11/07) em vários locais de Cuba, em um dos maiores protestos na ilha nos últimos 60 anos.


À medida que os protestos se espalhavam, o presidente Miguel Díaz-Canel pediu aos apoiadores do governo que saíssem às ruas para "enfrentá-los".


"Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a tomarem as ruas e irem aos lugares onde essas provocações acontecerão", disse o presidente em uma mensagem transmitida em todas as redes de rádio e televisão da ilha na sequência dos protestos.


Por meio das redes sociais, dezenas de cubanos transmitiram ao vivo as manifestações que começaram na cidade de San Antonio de los Baños, a sudoeste de Havana, e se espalharam para outras cidades, de Santiago de Cuba, no leste, até Pinar del Río, no oeste.


Nas transmissões, um grande grupo de pessoas era visto gritando palavras de ordem contra o governo, contra o presidente Miguel Díaz-Canel e pedindo mudanças.


Segundo Selvia, uma das participantes em San Antonio de los Baños, o protesto foi organizado no sábado por meio das redes sociais para este domingo às 11h30 (horário local).


"Nos encontramos em frente à praça da igreja e seguimos em marcha pela Rua Real", disse ela por telefone à BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol.


"Isso é pela liberdade do povo, não podemos aguentar mais. Não temos medo. Queremos mudança, não queremos mais ditadura", disse.


O que diz o governo

A BBC News Mundo entrou em contato com o Centro Internacional de Imprensa, única instituição governamental autorizada a prestar declarações à imprensa estrangeira, para saber sua posição, mas não obteve resposta imediata.


Na transmissão pela televisão, Díaz-Canel disse que seu governo "está pronto para tudo e que estará nas ruas combatendo".


Quem é Miguel Díaz-Canel, 'discípulo predileto' de Raúl Castro que assume o poder em Cuba

"Sabemos que neste momento há uma massa revolucionária nas ruas fazendo frente a isso", disse ele.


Protesto em Cuba

Protestos tomaram as ruas de Cuba em diversas cidades neste domingo


"Não vamos admitir que nenhum contra-revolucionário, nenhum mercenário, nenhum vendido ao governo dos Estados Unidos, vendido ao império, recebendo dinheiro das agências, se deixando levar por todas as estratégias de subversão ideológica, desestabilize nosso país", adicionou.


"Haverá uma resposta revolucionária", disse ele, conclamando os "comunistas" a enfrentar os protestos com "determinação, firmeza e coragem".


O apelo do presidente cubano provocou questionamentos entre opositores e nas redes sociais da ilha, que apontaram que ele estava "convocando uma guerra civil".


Os protestos

Depois de mais de uma hora e meia, algumas das transmissões foram interrompidas em San Antonio, mas começaram a aparecer de outros lugares da ilha, incluindo Havana.


"Tem muita gente no Galeano e no Malecón. Eles pararam o trânsito e tudo o mais", disse Mairelis à BBC News Mundo, de Centro Habana.


Repressão a manifestantes em Cuba

Policiais e agentes civis reprimiram a manifestação


Três pessoas que participaram do protesto em Pinar del Río, Havana e San Antonio afirmaram à BBC News Mundo que as manifestações foram reprimidas pela polícia.


Vários vídeos postados nas redes sociais também mostram o que parecem ser agentes de tropas especializados detendo vários manifestantes.


Em outras gravações, um grupo grande de cubanos é visto quebrando vidraças e saqueando algumas das chamadas lojas de moeda conversível (moeda estrangeira), que se tornaram a única forma de muitos cubanos terem acesso às suas necessidades básicas.


Protestos em Cuba

Os protestos são os maiores registrados em Cuba nos últimos 60 anos


"Eles estão cortando nossa conexão. Não podemos nem fazer ligações nacionais", disse Selvia.


A BBC News Mundo contatou cubanos das províncias de Havana, Pinar del Río e Artemisa, que afirmam ter perdido a conexão com a Internet.


Alejandro, um dos participantes do protesto em Pinar del Río, disse que dezenas de pessoas pararam em frente a um dos principais parques da cidade e depois marcharam por uma rua principal.


"Vimos o protesto em San Antonio e as pessoas começaram a sair às ruas. Este é o dia, não aguentamos mais", disse o jovem por telefone.


"Não há comida, não há remédio, não há liberdade. Eles não nos deixam viver. Já estamos cansados", acrescentou.


Cuba


Durante o fim de semana, as redes sociais da ilha foram tomadas por mensagens sob as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas para denunciar a situação crítica do coronavírus na ilha, onde, segundo relatos, inúmeros hospitais colapsaram devido ao crescente número de casos.


A BBC News Mundo conversou com vários cubanos que afirmam que seus parentes morreram em casa sem receber atendimento médico ou em hospitais por falta de remédios.


Com o turismo praticamente paralisado, o coronavírus teve um profundo impacto na vida econômica e social da ilha, aliado a uma crescente inflação, apagões elétricos e escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos.


O governo cubano atribui a situação ao embargo dos Estados Unidos e questiona as campanhas #SOSCuba e #SOSMatanzas como uma "campanha midiática" para "lucrar" em uma situação de crise de saúde.


As redes sociais da ilha têm servido nos últimos tempos para que os cubanos expressem seu mal-estar com relação ao governo e à situação no país.


Os protestos em Cuba são muito incomuns e, quando ocorrem, são reprimidos.


Antes deste domingo, o maior protesto ocorrido em Cuba desde 1959 aconteceu em 1994 em frente ao Malecón em Havana, mas se limitou à capital e apenas algumas centenas de pessoas participaram.

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sexta-feira, 9 de julho de 2021

As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina

Um pôster mostrando Karl Marx, Lenin e Mao Tse-Tung.   CRÉDITO,GETTY IMAGES


As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina

Gerardo Lissardy

BBC News Mundo

https://www.bbc.com/


Em 1º de outubro de 1949, Mao Tse-Tung estabeleceu a República Popular da China, com base nas teorias de Marx e Lenin

Quando Mikhail Gorbachev visitou Pequim em maio de 1989 para a primeira cúpula sino-soviética em 30 anos, os dois maiores Estados comunistas do mundo enfrentaram uma encruzilhada histórica.

Na praça Tiananmen, naquela cidade, estudantes e trabalhadores clamaram por reformas democráticas, em protestos descritos como o maior desafio ao Estado chinês desde a Revolução de 1949.

Gorbachev promoveu transformações políticas e econômicas na União Soviética (URSS) que, de fato, inspiraram muitos dos manifestantes em Pequim.

Mas, alguns meses depois naquele mesmo ano, o colapso surpresa da URSS começaria com a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, que separava o mundo entre o Oriente e o Ocidente.

Por sua vez, o Partido Comunista Chinês resolveu suas divisões internas sobre como responder aos protestos domésticos, com o triunfo da ala linha-dura, e o massacre de manifestantes que se seguiu em Tiananmen abalou o mundo.


Nesta quinta-feira (1/7), o Partido Comunista Chinês comemora seu centenário de fundação, em 1921, consolidando-se como um dos partidos políticos mais poderosos do planeta, com uma influência que chega até à América Latina.


Longe de considerar esse resultado fortuito, diferenças cruciais entre o comunismo chinês e o soviético explicam por que um permanece no poder enquanto o outro desapareceu.


"O interessante é que, embora os sistemas soviético e chinês tenham adotado a forma do partido leninista como principal veículo político, na URSS, isso levou à atrofia e à esclerose, enquanto na China continua sendo uma organização adaptável e flexível", diz Anthony Saich, professor de Relações Internacionais da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.


'Reinvente-se para sobreviver'

Após sua fundação e até assumir o poder sob a liderança de Mao Tse-Tung, o partido desenvolveu uma revolução local com características próprias por quase três décadas.


Saich, autor de De rebelde a governante: 100 anos do Partido Comunista Chinês, observa que isso deu ao grupo experiência em lidar com diferentes ambientes antes de exercer o poder e representa uma grande diferença em relação aos comunistas soviéticos.


Mao Tse Tung proclama a República Popular do Portão da Paz Celestial em 1º de outubro de 1949

O maoísmo promoveu uma pregação beligerante contra o Ocidente


Depois disso, a República Popular da China passou por vários estágios, desde "O Grande Salto À Frente" para industrializar a economia até a "Revolução Cultural" para eliminar os rivais políticos.


Milhões de pessoas morreram nesses períodos, principalmente de fome, após a escassez de alimentos entre 1959 e 1961, mas também como resultado da perseguição política desencadeada em 1965.


No entanto, Saich enfatiza que o partido "foi capaz de se reinventar para sobreviver àqueles traumas que teriam derrubado quase qualquer outro partido" e, então, provou "ser muito flexível desde 1978", com a reforma e abertura promovidas por seu líder Deng Xiaoping.


Para ele, esse pragmatismo chinês marcou outra diferença com a URSS, que já havia alcançado uma maior industrialização quando entrou em apuros e a "esclerose" do sistema atrapalhou as reformas econômicas de Gorbachev.


O líder soviético Mikhail Gorbachev durante sua visita à China em maio de 1989

Mikhail Gorbachev visitou a China em uma época desafiadora para ambos os Estados comunistas

Mario Esteban, pesquisador do Instituto Real Elcano, na Espanha, explica que, depois das mudanças implementadas por Deng, o partido chinês combinou a manutenção de um regime de partido-Estado com o capitalismo de Estado.


"O sistema capitalista na China teve ou tem muito mais peso do que jamais teve na URSS", diz Esteban, que também é professor de Estudos do Leste Asiático na Universidade Autônoma de Madri.


O progresso econômico das últimas décadas permitiu que a China melhorasse a qualidade de vida de sua população e que o Partido Comunista Chinês evitasse novos protestos como os de Tiananmen, mesmo sem implementar reformas democráticas como fez Gorbachev.


Recentemente, o atual presidente chinês, Xi Jinping, deixou claro que está determinado a manter o poder do partido, sem dar espaço para opiniões divergentes, assim como fez a URSS durante sua existência.


O paradoxo latino-americano

Outra diferença que Esteban destaca entre o comunismo chinês e o soviético é que a revolução maoísta foi baseada mais nos camponeses do que a revolução russa, em que o proletariado industrial era a chave.


Mao baseou seu apoio popular no campesinato chinês


Por outro lado, após chegar ao poder, o Maoísmo promoveu uma pregação mais beligerante contra o Ocidente do que a URSS, que defendia uma "coexistência pacífica" na Guerra Fria, um dos fatores por trás da ruptura sino-soviética na década de 1960.


Tanto o caráter rural da revolução maoísta quanto a atitude combativa de seu líder para com o mundo capitalista fizeram com que alguns esquerdistas na América Latina vissem a China como um modelo.


De fato, na década de 1960, surgiram partidos comunistas "pró-chineses" no Brasil, na Bolívia e em todos os países da costa sul-americana do Pacífico.


Marisela Connelly, especialista em História Chinesa do Colegio de México que estudou esse fenômeno, argumenta que os países da região que mais foram influenciados pelo maoísmo são a Colômbia e o Peru, onde grupos com essa tendência política, como o Exército de Libertação Popular e Sendero Luminoso, praticaram a luta armada por décadas.


Durante a presidência de Xi Jinping, a China ampliou sua influência na América Latina


Durante a Guerra Fria, explica Connelly, a China deu às organizações da América Latina alinhadas com seu partido comunista apoio ideológico, cooperação agrícola e, em alguns casos, treinamento de guerrilha.


Mas a influência do partido chinês era muito maior em outras regiões, começando com o sudeste da Ásia, e nenhum grupo maoísta latino-americano chegou ao poder ou esteve perto de conseguir isso.


Por outro lado, sem ser vista como um modelo ideológico ou revolucionário, nos últimos 20 anos, a China alcançou uma influência sem precedentes na América Latina com seu crescente poder econômico, tornando-se um importante parceiro comercial e financeiro da região.


"O interessante também é que agora sim os países latino-americanos estão vendo a China como um modelo, apesar da relação econômica assimétrica", argumenta Connelly."É como outro paradoxo da história."