Dezenas de pessoas reunidas em volta de palanque, segurando bandeiras diversas de movimentos sociais, entre outros CRÉDITO,CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS
'Superimpeachment' aglutina argumentos de pedidos anteriores e entidades diversas
'Superimpeachment' aglutina argumentos de pedidos anteriores e entidades diversas
Luiz Paulo Dominguetti PereiraCRÉDITO,EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
Luiz Paulo Dominguetti Pereira, policial militar de Minas Gerais que diz representar a Davati Medical Supply, empresa americana que atua no ramo da saúde, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que recebeu um pedido de pagamento de propina de um diretor do Ministério da Saúde
Bolsonaro demite oficial após alegações de corrupção enquanto crescem os pedidos de impeachment
Pedro Fonseca Gabriel Stargardter
RIO DE JANEIRO, 30 de junho (Reuters) - O presidente brasileiro Jair Bolsonaro demitiu um oficial de saúde na quarta-feira depois que ele supostamente pediu suborno em um acordo de vacina contra o coronavírus, a última acusação de enxerto para abalar o governo e desencadear novos pedidos de impeachment do presidente.
Com mais de meio milhão de mortes por COVID-19, os brasileiros estão furiosos com as oportunidades perdidas de comprar vacinas. Uma investigação do Senado revelou suposta corrupção, com membros do ministério da saúde e legisladores pró-Bolsonaro supostamente buscando agilizar e pagar a mais por uma vacina indiana desenvolvida pela Bharat Biotech.
Na quarta-feira, quando o Brasil registrou 2.081 novas mortes de COVID-19, promotores federais e a Polícia Federal lançaram uma investigação criminal sobre o negócio da vacina indiana, de acordo com um documento visto pela Reuters.
O escândalo gerou novos pedidos de impeachment contra Bolsonaro, um direitista divisivo, que subestimou a gravidade da pandemia, protestou contra os bloqueios, promoveu remédios não comprovados e semeou dúvidas sobre as vacinas.
Na quarta-feira, legisladores de todo o espectro político, grupos sociais e advogados entraram com um pedido de impeachment coletivo, o mais recente em mais de 100 processos semelhantes que foram ignorados pelo presidente da Câmara dos Deputados.
Bolsonaro e Bharat negaram qualquer irregularidade. Na quarta-feira, ele se manifestou contra a investigação do Senado.
“Eles não podem nos tocar”, disse ele em comentários na televisão durante uma visita à cidade de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. "Não será com mentiras ... que eles vão nos tirar daqui."
Ele não comentou a demissão do dirigente, o chefe de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, formalizada no Diário Oficial desta quarta-feira, nem as denúncias contra ele.
Na terça-feira, o Brasil suspendeu o contrato da vacina indiana, no valor de R $ 1,6 bilhão (US $ 321 milhões). Na quarta-feira, o regulador de saúde do país suspendeu seu pedido de uso de emergência, citando a papelada incompleta fornecida pelo intermediário que vendeu a injeção. consulte Mais informação
O jornal Folha de S.Paulo noticiou na noite desta terça-feira que Dias havia sugerido um suborno de um dólar por dose em um jantar para discutir um pedido diferente de 400 milhões de vacinas, citando um representante de uma empresa de suprimentos médicos.
O ministério da saúde disse que a demissão de Dias foi decidida na manhã de terça-feira, mas não respondeu às acusações.
Dias não foi encontrado imediatamente para comentar.
Líderes do inquérito do Senado, que já estão investigando supostas irregularidades em um contrato separado de vacina, disseram que convocariam testemunhas sobre as novas acusações.
O chefe da coalizão de governo na Câmara dos Deputados, o deputado Ricardo Barros, citado pela Folha como tendo sugerido Dias para o cargo em janeiro de 2019, negou que o tivesse feito.
"Ele não foi minha escolha", escreveu nas redes sociais Barros, ex-ministro da saúde e mediador do bloco de centro que protegeu Bolsonaro de pedidos de impeachment.
($ 1 = 4,98 reais)
Reportagem de Eduardo Simões em São Paulo, Pedro Fonseca e Gabriel Stargardter no Rio de Janeiro Reportagem adicional de Tatiana Bautzer em São Paulo Edição de Brad Haynes, Alistair Bell e Marguerita Choy
Nossos padrões: Princípios de confiança da Thomson Reuters.
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https://www.reuters.com/
Enem: aberto prazo para quem teve isenção de taxa de inscrição negada
O período de recurso vai de hoje até o dia 18 de junho
Publicado em 14/06/2021 - 12:09 Por Karine Melo - Repórter Agência Brasil - Brasília
Os candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 que tiveram o pedido de isenção da taxa de inscrição indeferido podem entrar com recurso de hoje (14) até o dia 18 de junho. Os resultados dos recursos estão previstos para serem divulgados no próximo dia 25 .
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a aprovação da justificativa ou da solicitação de isenção não garante a inscrição no Enem 2021. As inscrições deverão ser realizadas normalmente, entre 30 de junho e 14 de julho, por meio da Página do Participante.
Provas
As provas do Enem 2021 serão aplicadas nos dias 21 e 28 de novembro, tanto na versão impressa como na digital. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) 101.100 vagas estarão disponíveis exclusivamente para a versão digital do exame.
Quem pode pedir isenção?
Pessoas que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou que foram bolsistas integrais durante toda a etapa educacional têm direito à isenção da taxa de inscrição do exame.
Alunos que estão cursando a última série do ensino médio na rede pública, no ano de 2021, também podem de pedir a isenção.
O mesmo vale para quem está em situação de vulnerabilidade socioeconômica, por ser membro de família de baixa renda. Nesse caso, é preciso comprovar a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Edição: Valéria Aguiar
Mariana Rosário
https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta quarta-feira, 9, que concedeu a autorização para a pesquisa clínica da vacina Butanvac, do Instituto Butantan. Com isso, afirmou a agência, os testes com a vacina em humanos poderão ter início no Brasil.
Vacina brasileira contra a Covid-19, a ButanVac - 26/03/2021 -© Governo do Estado de São Paulo/Divulgação Vacina brasileira contra a Covid-19, a ButanVac - 26/03/2021 -
Em nota, a Anvisa afirmou, porém, que "antes de iniciar a vacinação dos voluntários, o Butantan ainda apresentará algumas informações complementares sobre testes em andamento com a vacina. Logo em seguida, o Butantan deve iniciar a aplicação experimental da Butanvac".
Esta será a primeira vez que a vacina do Butantan contra a Covid-19 será aplicada em humanos em fases clínicas 1 e 2. A autorização da pesquisa será publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, afirmou a agência.
A pesquisa clínica de fase 1 e 2 está dividida em três etapas (A, B e C). Neste momento, está autorizada a etapa A do estudo que vai envolver 400 voluntarios. Ao todo, a fase clínica 1 e 2 tem previsão de 6 mil voluntários com 18 anos ou mais.
A vacina será aplicada com duas doses em um intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose. O estudo deve ser realizado no Hospital das Clínicas (FMUSP) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Em postagem de suas redes sociais, o governador João Doria afirmou que trata-se da primeira vacina a ser produzida no Brasil sem necessidade de insumos de outros países. De acordo com Doria, o Butantan tem 7 milhões de doses prontas da ButanVac.
Juliana Gragnani
Da BBC News Brasil em Londres
Marcelo Crivella CRÉDITO,MAURO PIMENTEL/GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Marcelo Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal no país e nos países vizinhos
"A dor de ontem / Não vai vencer / Quem vive aqui / Sabe esquecer / África / África / África", canta o bispo Marcelo Crivella na canção "África", lançada no fim dos anos 1990.
Fazer esquecer "a dor de ontem" talvez seja a principal missão de Crivella em sua possível volta à África, onde a Igreja Universal do Reino de Deus que ele ajudou a fincar vive uma gigantesca crise.
Provas 'contundentes' apontam lavagem de dinheiro da Universal em Angola, dizem investigadores
Universal pressiona, mas mantém pragmatismo e apoio a Bolsonaro após conflito em Angola
O ex-prefeito do Rio de Janeiro foi preso preventivamente e afastado do cargo no ano passado acusado de chefiar um esquema de propina. Agora, foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a embaixada do Brasil na África do Sul.
A indicação ainda depende de uma resposta positiva do país e da aprovação do Senado brasileiro.
A tensão da Universal nos últimos meses se deu em Angola. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Serviço de Investigação Criminal do país disseram à BBC News Brasil, há provas fartas e contundentes contra quatro integrantes da igreja, denunciados sob acusação de crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.
A igreja refutou todas as acusações, as classificou de "fake news" e disse que os quatro membros acusados ainda não conseguiram acesso à investigação formal. "Nem a Universal, nem seus bispos e pastores praticaram crimes em Angola", disse à BBC News Brasil.
Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal, ou IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), no país e nos países vizinhos.
Na opinião especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, o movimento de Bolsonaro visa a controlar duas crises: a da Universal no continente africano e, especialmente, a do presidente com a Universal.
A indicação do governo tem uma "dupla função", diz a antropóloga Jacqueline Moraes Teixeira, professora no Programa de Pós Graduação em Educação da USP e pesquisadora do Cebrap. A primeira, é ter Crivella para "tentar de alguma maneira apaziguar possíveis levantes de outros países no continente africano" no contexto da Universal.
A segunda está relacionada à aliança do próprio governo com a Universal. "Mantê-la como apoio é fundamental para o governo Bolsonaro batalhar a sua estabilização e seu crescimento na disputa pelo voto evangélico nas eleições em 2022", afirma Teixeira.
O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola
Crise 1
Alguns anos depois da fundação da Universal em 1977, o bispo Edir Macedo começou um projeto de expansão internacional da igreja. No continente africano, essa ampliação começou em Angola, por volta de 1991. Na África do Sul, por volta de 1993.
Crivella, sobrinho de Macedo, foi enviado ao país como missionário para tocar a expansão, que se dava por meio da compra de espaços em lugares onde há maior movimentação de pessoas, abertura de templos e investimento em mídia.
"Era super importante ter alguém de confiança que realmente investisse nesse projeto de transnacionalização. Foi Crivella quem produziu esse primeiro processo de organização, elaboração e gestão do crescimento institucional da IURD pelos outros países da África e dentro da África do Sul", diz Teixeira.
"Em 1994, cheguei com minha esposa e três filhos na cidade de Durban. Saíamos pelas ruas dando folhetos, convidando as pessoas para a reunião na igreja", diz Crivella em um vídeo publicado em seu canal do YouTube em 2009. Ele está ao lado da esposa, mostrando o templo da Universal na cidade que fica no leste da África do Sul. "E logo ela [a igreja] começou a encher. Era uma lojinha pequena dentro do mercado indiano. Deus abençoou e se transformou numa grande catedral."
A data de chegada de Crivella no país coincide com o fim do Apartheid, o regime de segregação racial na África do Sul. A ideia inicial da Universal, diz lana van Wyk, professora de antropologia da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, era atingir os falantes de português, pessoas vindas de países lusófonos vizinhos - tanto que os primeiros cultos em Joanesburgo, maior cidade do país, eram nessa língua. Wyk é autora do livro The Universal Church of the Kingdom of God in South Africa (A Igreja Universal do Reino de Deus na África do Sul).
"Mas, de forma inesperada, atraiu um grupo grande de pessoas negras. A igreja saiu, então, de um bairro predominantemente branco e se imiscuiu em regiões com população negra", afirma Wyk.
Com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal
Ela lembra da presença de Crivella no país. "Grandes multidões de pessoas compareciam a seus sermões. Ele tinha uma reputação de homem forte de Deus, com histórico de milagres."
Para ela, a Universal se aproveitou do momento pós-Apartheid, em que havia sentimento de esperança no país, para angariar membros. Com seu discurso de prosperidade, deslumbrou os sul africanos desejosos de mobilidade social e integração racial. "O momento em que a igreja entrou na África do Sul foi bem escolhido. Foi num tempo de muita esperança de mudança política e econômica", diz Wyk.
"Quando a Universal chegou, as pessoas pensavam que finalmente poderiam 'usar' o poder de Deus para mudar suas vidas de maneira prática. O Deus da igreja poderia os tornar ricos e saudáveis."
Hoje, segundo o site da Universal da África do Sul, há 309 igrejas no país - menos que as 320 contabilizadas por Wyk na época em que publicou seu livro, em 2014. Segundo ela, a igreja vem perdendo força na região, com membros migrando para outras denominações pentecostais ligadas à figura de profetas.
Ao lado das movimentações em Angola, essa hemorragia de membros forma um cenário preocupante para a Universal no continente. Bispos e pastores angolanos divulgaram há dois anos um manifesto com acusações públicas contra os brasileiros da igreja, iniciando um processo de "reforma" em Angola.
Para Teixeira, a presença de Crivella, "como toda a experiência que teve na África do Sul, seria uma forma de ajudar na mediação dos conflitos e pensar na contenção de danos dessa crise gravíssima" no continente.
Voltar à África também deve cumprir um desejo antigo de Crivella, segundo ele próprio já expressou. Em junho de 2014, em entrevista ao jornal da Universal, a Folha Universal (n° 1.160, ano 22), Crivella disse não ter sido "fácil viver na África em um tempo de guerra política no fim do apartheid". "Mas agradeço muito a Deus por ter me dado a honra de ter passado por aquelas dificuldades, que apenas nos fizeram mais fortes."
Quando questionado se tinha vontade de se tornar político, Crivella responde: "Confesso que não queria. Não queria mesmo. O que eu sonhava era voltar para a África ou qualquer que fosse o país."
O sonho virou também conveniência: com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal.
Crise 2
O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola.
Para o teólogo evangélico Fábio Py, professor do programa de pós-graduação em políticas sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense, a "jogada" de Bolsonaro é uma maneira de afagar a crise entre ele e a igreja, que já cobrou diversas vezes posicionamento do presidente em relação às tensões no continente africano.
Igreja Universal do Reino de Deus iniciou suas operações em Angola em 1992 e tem mais de 300 templos no país
"Bolsonaro percebe que não consegue resolver a questão de Angola porque entra em questão nacional do país. Para dar outro caminho, ele abre possibilidade de Crivella assumir a relação Brasil-África do Sul", afirma. "É uma jogada para não perder o apoio do Macedo."
Para ele, com a indicação, Bolsonaro age para não "desamarrar a igreja Universal" de si. "Até porque está começando a pintar 2022. Bolsonaro começa a se armar por conta de Lula", diz. O presidente não quer "perder a Universal, sua estrutura e o processo de propaganda da Universal" visando às eleições
Além disso, o eleitorado evangélico tem um peso significativo para o presidente - e uma pesquisa Datafolha divulgada no dia 12 de maio apontou o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro empatados no primeiro e segundo turnos entre o eleitorado evangélico. Indica que o atual presidente precisa se mexer para não perder votos com essa parcela de eleitores.
Para Teixeira, o discurso ostensivo por parte de lideranças da Universal sobre a falta "de apoio e resguardo" do Itamaraty é o que fez o governo se mexer. "É como se o governo Bolsonaro não estivesse correspondendo ao apoio da igreja, o que pode fazer com que ela repense o apoio eleitoral", diz. "A aliança estaria em risco."
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No dia 7 de junho de 1494 foi assinado o documento que determinava a divisão dos novos territórios entre Portugal e Castela
GIOVANNA GOMES, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 08/06/2021,
Planisfério de Cantino (1502) mostrando meridiano de Tordesilhas - Domínio Público/Académie de Créteil
No ano de 1492, Cristóvão Colombo se deparou, por acaso, com o Novo Mundo, que viria a ser chamado de América. Esse importante fato histórico acabou por desencadear uma enorme disputa entre Castela e Portugal, que anseavam obter o controle dos territórios encontrados.
Era preciso um acordo para que a paz entre os dois Estados fosse estabelecida. Assim, tempos depois, em março de 1494, representantes de João II de Portugal e de Isabel de Castela e Fernando de Aragão se reuniram pela primeira vez em Tordesilhas, para que pudessem realizar um tratado.
Como Colombo nem ao menos sabia ao certo onde ficavam as terras que encontrara, ele acreditava que o conflito poderia ser resolvido da seguinte maneira: deveria ser traçada uma linha dividindo os novos territórios de norte a sul, a "linha de Colombo". Conforme uma matéria da BBC, tudo indica que ela passava por Cabo Verde e pelos Açores
O papa intervém
Fernando e Isabel levaram a proposta do descobridor ao papa Alexandre VI, solicitando que o pontífice mediasse o conflito.
Como o religioso era de origem espanhola e devia favores aos reis católicos, logo aceitou a ideia. No entanto, deslocou a linha divisória 100 léguas a oeste dos Açores e Cabo Verde, uma vez que a proposta inicial favorecia Castela de maneira excessiva.
Contudo, durante o processo, os representantes do rei de Portugal pediram que houvesse um deslocamento da linha divisória para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
O argumento era o de que seria necessário retornar do porto de São Jorge de Mina, na costa do Golfo da Guiné, sem ter que invadir o território castelhano.
Os dois lados entram em concordância
Como Isabel e Fernando acreditavam estar cedendo apenas mar a Portugal, aceitaram o pedido. Foi assim que, no dia 7 de junho de 1494, foi traçada a "linha do Tratado de Tordesilhas". Tudo localizado a leste do meridiano acordado em Tordesilhas seria para Portugal, enquanto o que estava a oeste foi atribuído a Castela.
Porem os castelhanos estavam equivocados. Eles não imaginavam que, dentro da área de domínio português havia um imenso território, o Brasil.
O documento original, escrito em castelhano e assinado por Fernando e Isabel, encontra-se hoje em Lisboa, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Já a versão em Português, assinada por João II, encontra-se no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.
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Foto de Anne Frank / Crédito: Wikimedia Commons
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PAIS ENXERGAM 'EROTIZAÇÃO': DIÁRIO DE ANNE FRANK É ALVO DE POLÊMICA ESDRÚXULA NO BRASIL
Pais de estudantes reclamaram de trecho de adaptação em quadrinhos do livro escrito pela judia; Fundação rebate acusações: “ultrajantes e ridículas”
FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 08/06/2021,
Meses após a Alemanha nazista invadir os Países Baixos na Segunda Guerra Mundial, a pequena Anne Frank começou a relatar em seu diário os momentos vivenciados pelo grupo de judeus confinados em um esconderijo.
Anne, pouco depois, acabou sendo capturada e transportada até o campo de concentração de Bergen-Belsen, falecendo de febre tifoide pouco antes da libertação do local, em 1945, quando tinha apenas 15 anos.
Com os judeus em liberdade após anos de perseguições e dizimação, o pai da jovem, Otto, recebeu da ajudante Miep Gies as anotações feitas por Frank. Segundo o site Anne Frank House, a princípio, Otto não suportou ler os textos escritos pela filha. “Não tenho forças para lê-los”, escreveu em carta para sua mãe em agosto daquele ano.
Porém, meses depois, ele mudou de ideia, decidindo compartilhar trechos com seus parentes na Basiléia, parlamente traduzindo os escritos para o alemão.
Impulsionado por amigos e familiares que achavam que os relatos eram “um importante documento”, o pai de Anne decidiu procurar uma editora para publicar os escritos da filha.
Hoje, 76 anos depois, O Diário de Anne Frank já vendeu mais de 35 milhões de cópias em todo mundo, segundo o The New York Times. Traduzido em mais de 70 idiomas e publicado em mais de 40 nações, a obras vendeu 16 milhões de exemplares no Brasil, como aponta o site Público, de Portugal.
O livro se tornou um importante registro de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, se tornando fundamental para quem deseja compreender os horrores do Holocausto. Apesar de sua importância histórica, a obra virou alvo de polêmicas em uma escola particular de São Paulo.
A polêmica
Conforme aponta matéria publicada pela Folha de São Paulo na última quarta-feira, 2, pais de estudantes da Escola Móbile, em São Paulo, entraram em contato com a direção do colégio por considerarem que a versão em quadrinhos do “Diário de Anne Frank” estava erotizando a personagem.
O livro em questão era a versão em inglês da obra, usada pelos alunos na aula do idioma estrangeiro. Em tradução livre, as partes que causaram polêmica são: “toda vez que vejo um nu feminino, vou a êxtase” e “esse buraco é tão pequeno que mal consigo imaginar como um homem entra aqui dentro [...] já é difícil enfiar meu dedo indicador dentro”.
Rebatendo as acusações, representantes da Escola Móbile disseram que “Anne’s Frank Diary: The Graphic Adaptation” é uma versão oficial da história da judia, defendendo que o livro, inclusive, é recomendado pela Fundação Anne Frank e pela Unicef, da ONU — que considera a escrita um patrimônio da humanidade.
Em nota, a escola disse que a adaptação em quadrinhos estava sendo usada por estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental. “A leitura integra um projeto amplo para o debate e reconhecimento dos horrores do Holocausto, estimulando a reflexão sobre seu contexto histórico”, salientando que o livro é recomendado para crianças da faixa etária entre 8 e 12 anos.
“A Móbile salienta que todo o conteúdo textual da edição consta no diário original redigido por Anne Frank, inclusive os trechos pontuais que suscitaram a referida discussão. Por fim, a escola tem conversado com alguns pais que levantam dúvidas sobre o conteúdo do livro”, completaram.
Editora e Fundação se manifestam
Com a repercussão da reclamação, a Fundação Anne Frank se manifestou oficialmente por meio de uma nota divulgada na Veja São Paulo, onde diz consideram as acusações dos pais dos estudantes como “ultrajantes e ridículas”.
A Fundação compreende que esse tipo de reflexão poderia ser visto como pouco provável para uma jovem que vivia naquela época, mas ressaltou que Anne já tinha "ideias muito visionárias sobre a independência feminina, os direitos das mulheres e a posição das mulheres na sociedade em geral".
Inicialmente, como a própria Fundação explica, Otto suprimiu tais passagens na primeira versão do livro, publicada em 1946. “Ele estava muito envergonhado e achou que não eram apropriados para uma menina”.
Porém, a Fundação diz que os tempos mudam e que cada vez mais os fãs do mundo inteiro anseiam para conhecer a “REAL Anne Frank”. “Então foi decidido, após a morte de Otto Frank, publicar o Diário completo, incluindo pela primeira vez todas as passagens que Otto Frank retirou”.
A versão original que foi adaptada aos quadrinhos está disponível ao público desde 1991. "Ninguém teria, nem remotamente, a ideia maluca de adicionar algo ao diário que Anne nunca tivesse escrito. Por que faríamos uma coisa tão estúpida?", questiona a Fundação.
"Todo o propósito da existência de nossa fundação é PROTEGER o legado de Anne, o que significa ser sempre verdadeira e fiel à sua herança e defender seus direitos de personalidade sem comprometimento”, completa a Fundação, que disponibilizou ao site da revista as imagens originais das escritas de Frank sobre os trechos citados acima, que podem ser vistos na matéria publicada pela Veja.
Parceira da Fundação Anne Frank no Brasil, a Editora Record também se manifestou, dizendo que a acusação é “totalmente infundada e descabida”. “A versão em quadrinhos, publicada com muito orgulho pela Editora Record, assim como a sua versão em inglês, retrata de forma fiel o trecho do diário em que a autora, a adolescente judia Anne Frank, fala sobre a descoberta do próprio corpo, algo comum nesta fase da vida.”
Outras polêmicas com O Diário de Anne Frank
Em janeiro deste ano, os escritos de Anne já haviam virado alvo de uma polêmica no Twitter. Na ocasião, como relata matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, em um post no Twitter dedicado a 'Criar uma treta literária', um usuário disse que “O Diário de Anne Frank é superestimado”, algo que foi corroborado por uns, mas criticado pela maioria.
Em entrevista exclusiva ao Aventuras, Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, disse que O Diário de Anne Frank não pode ser analisado apenas como um produto literário, ou seja, uma obra desprovida de contexto histórico.
“A riqueza do livro está tanto no perfil da autora quanto na possibilidade de nos identificarmos, de gerar empatia, de desenvolver a alteridade”, afirmou.
Piadas no Diário
Pesquisadores da Fundação Anne Frank, em Amsterdã, revelaram, em 2018, conteúdos ocultos que foram descobertos no primeiro diário escrito pela menina judia, datados até novembro de 1942 — as escritas posteriores de Anne foram feitas em cadernos.
Assim as páginas 78 e 79 — que foram cobertas com papel kraft (espécie de papelão fino), colado pela própria Anne para que não fossem lidas — foram reconstruídas por meio de um processo fotográfico digital. Nesses trechos, encontraram-se algumas piadas maliciosas e descobertas sexuais feitas pela garota.
Segundo Frank van Vree, diretor do Instituto de Estudos da Guerra, Holocausto e Genocídio da Holanda, “qualquer pessoa que ler as passagens recém-descobertas será incapaz de evitar um sorriso”.
Para o diretor, as escritas mostram que, apesar de sua situação, Anne tinha a curiosidade e os questionamentos de qualquer garota de sua idade, como aponta matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História