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quarta-feira, 9 de junho de 2021

O que pode estar por trás da indicação do ex-prefeito Crivella para embaixada na África do Sul


 O que pode estar por trás da indicação do ex-prefeito Crivella para embaixada na África do Sul

Juliana Gragnani

Da BBC News Brasil em Londres


Marcelo Crivella CRÉDITO,MAURO PIMENTEL/GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Marcelo Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal no país e nos países vizinhos


"A dor de ontem / Não vai vencer / Quem vive aqui / Sabe esquecer / África / África / África", canta o bispo Marcelo Crivella na canção "África", lançada no fim dos anos 1990.


Fazer esquecer "a dor de ontem" talvez seja a principal missão de Crivella em sua possível volta à África, onde a Igreja Universal do Reino de Deus que ele ajudou a fincar vive uma gigantesca crise.


Provas 'contundentes' apontam lavagem de dinheiro da Universal em Angola, dizem investigadores

Universal pressiona, mas mantém pragmatismo e apoio a Bolsonaro após conflito em Angola

O ex-prefeito do Rio de Janeiro foi preso preventivamente e afastado do cargo no ano passado acusado de chefiar um esquema de propina. Agora, foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a embaixada do Brasil na África do Sul.


A indicação ainda depende de uma resposta positiva do país e da aprovação do Senado brasileiro.


A tensão da Universal nos últimos meses se deu em Angola. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Serviço de Investigação Criminal do país disseram à BBC News Brasil, há provas fartas e contundentes contra quatro integrantes da igreja, denunciados sob acusação de crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.


A igreja refutou todas as acusações, as classificou de "fake news" e disse que os quatro membros acusados ainda não conseguiram acesso à investigação formal. "Nem a Universal, nem seus bispos e pastores praticaram crimes em Angola", disse à BBC News Brasil.


Crivella, que morou na África do Sul com a família nos anos 1990, foi fundamental para a ampliação da Universal, ou IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), no país e nos países vizinhos.


Na opinião especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, o movimento de Bolsonaro visa a controlar duas crises: a da Universal no continente africano e, especialmente, a do presidente com a Universal.


A indicação do governo tem uma "dupla função", diz a antropóloga Jacqueline Moraes Teixeira, professora no Programa de Pós Graduação em Educação da USP e pesquisadora do Cebrap. A primeira, é ter Crivella para "tentar de alguma maneira apaziguar possíveis levantes de outros países no continente africano" no contexto da Universal.


A segunda está relacionada à aliança do próprio governo com a Universal. "Mantê-la como apoio é fundamental para o governo Bolsonaro batalhar a sua estabilização e seu crescimento na disputa pelo voto evangélico nas eleições em 2022", afirma Teixeira.


O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola


Crise 1

Alguns anos depois da fundação da Universal em 1977, o bispo Edir Macedo começou um projeto de expansão internacional da igreja. No continente africano, essa ampliação começou em Angola, por volta de 1991. Na África do Sul, por volta de 1993.


Crivella, sobrinho de Macedo, foi enviado ao país como missionário para tocar a expansão, que se dava por meio da compra de espaços em lugares onde há maior movimentação de pessoas, abertura de templos e investimento em mídia.


"Era super importante ter alguém de confiança que realmente investisse nesse projeto de transnacionalização. Foi Crivella quem produziu esse primeiro processo de organização, elaboração e gestão do crescimento institucional da IURD pelos outros países da África e dentro da África do Sul", diz Teixeira.


"Em 1994, cheguei com minha esposa e três filhos na cidade de Durban. Saíamos pelas ruas dando folhetos, convidando as pessoas para a reunião na igreja", diz Crivella em um vídeo publicado em seu canal do YouTube em 2009. Ele está ao lado da esposa, mostrando o templo da Universal na cidade que fica no leste da África do Sul. "E logo ela [a igreja] começou a encher. Era uma lojinha pequena dentro do mercado indiano. Deus abençoou e se transformou numa grande catedral."


A data de chegada de Crivella no país coincide com o fim do Apartheid, o regime de segregação racial na África do Sul. A ideia inicial da Universal, diz lana van Wyk, professora de antropologia da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, era atingir os falantes de português, pessoas vindas de países lusófonos vizinhos - tanto que os primeiros cultos em Joanesburgo, maior cidade do país, eram nessa língua. Wyk é autora do livro The Universal Church of the Kingdom of God in South Africa (A Igreja Universal do Reino de Deus na África do Sul).


"Mas, de forma inesperada, atraiu um grupo grande de pessoas negras. A igreja saiu, então, de um bairro predominantemente branco e se imiscuiu em regiões com população negra", afirma Wyk.

Com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal


Ela lembra da presença de Crivella no país. "Grandes multidões de pessoas compareciam a seus sermões. Ele tinha uma reputação de homem forte de Deus, com histórico de milagres."


Para ela, a Universal se aproveitou do momento pós-Apartheid, em que havia sentimento de esperança no país, para angariar membros. Com seu discurso de prosperidade, deslumbrou os sul africanos desejosos de mobilidade social e integração racial. "O momento em que a igreja entrou na África do Sul foi bem escolhido. Foi num tempo de muita esperança de mudança política e econômica", diz Wyk.


"Quando a Universal chegou, as pessoas pensavam que finalmente poderiam 'usar' o poder de Deus para mudar suas vidas de maneira prática. O Deus da igreja poderia os tornar ricos e saudáveis."


Hoje, segundo o site da Universal da África do Sul, há 309 igrejas no país - menos que as 320 contabilizadas por Wyk na época em que publicou seu livro, em 2014. Segundo ela, a igreja vem perdendo força na região, com membros migrando para outras denominações pentecostais ligadas à figura de profetas.


Ao lado das movimentações em Angola, essa hemorragia de membros forma um cenário preocupante para a Universal no continente. Bispos e pastores angolanos divulgaram há dois anos um manifesto com acusações públicas contra os brasileiros da igreja, iniciando um processo de "reforma" em Angola.


Para Teixeira, a presença de Crivella, "como toda a experiência que teve na África do Sul, seria uma forma de ajudar na mediação dos conflitos e pensar na contenção de danos dessa crise gravíssima" no continente.


Voltar à África também deve cumprir um desejo antigo de Crivella, segundo ele próprio já expressou. Em junho de 2014, em entrevista ao jornal da Universal, a Folha Universal (n° 1.160, ano 22), Crivella disse não ter sido "fácil viver na África em um tempo de guerra política no fim do apartheid". "Mas agradeço muito a Deus por ter me dado a honra de ter passado por aquelas dificuldades, que apenas nos fizeram mais fortes."


Quando questionado se tinha vontade de se tornar político, Crivella responde: "Confesso que não queria. Não queria mesmo. O que eu sonhava era voltar para a África ou qualquer que fosse o país."


O sonho virou também conveniência: com a nomeação, o ex-prefeito do Rio passa a ter foro privilegiado, e o processo a que responde é transferido para o Supremo Tribunal Federal.


Crise 2

O envio de Crivella para a África do Sul também cai como uma luva para Bolsonaro, que foi cobrado por lideranças da Universal pela omissão do Itamaraty diante da crise em Angola.


Para o teólogo evangélico Fábio Py, professor do programa de pós-graduação em políticas sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense, a "jogada" de Bolsonaro é uma maneira de afagar a crise entre ele e a igreja, que já cobrou diversas vezes posicionamento do presidente em relação às tensões no continente africano.


Igreja Universal do Reino de Deus iniciou suas operações em Angola em 1992 e tem mais de 300 templos no país


"Bolsonaro percebe que não consegue resolver a questão de Angola porque entra em questão nacional do país. Para dar outro caminho, ele abre possibilidade de Crivella assumir a relação Brasil-África do Sul", afirma. "É uma jogada para não perder o apoio do Macedo."


Para ele, com a indicação, Bolsonaro age para não "desamarrar a igreja Universal" de si. "Até porque está começando a pintar 2022. Bolsonaro começa a se armar por conta de Lula", diz. O presidente não quer "perder a Universal, sua estrutura e o processo de propaganda da Universal" visando às eleições


Além disso, o eleitorado evangélico tem um peso significativo para o presidente - e uma pesquisa Datafolha divulgada no dia 12 de maio apontou o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro empatados no primeiro e segundo turnos entre o eleitorado evangélico. Indica que o atual presidente precisa se mexer para não perder votos com essa parcela de eleitores.


Para Teixeira, o discurso ostensivo por parte de lideranças da Universal sobre a falta "de apoio e resguardo" do Itamaraty é o que fez o governo se mexer. "É como se o governo Bolsonaro não estivesse correspondendo ao apoio da igreja, o que pode fazer com que ela repense o apoio eleitoral", diz. "A aliança estaria em risco."


https://www.bbc.com/portuguese/brasil

terça-feira, 8 de junho de 2021

Covid-19: o americano que é naturalmente imune à doença

DIVIDINDO O 'NOVO MUNDO': OS 527 ANOS DO TRATADO DE TORDESILHAS


 DIVIDINDO O 'NOVO MUNDO': OS 527 ANOS DO TRATADO DE TORDESILHAS

No dia 7 de junho de 1494 foi assinado o documento que determinava a divisão dos novos territórios entre Portugal e Castela


GIOVANNA GOMES, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 08/06/2021, 



Planisfério de Cantino (1502) mostrando meridiano de Tordesilhas - Domínio Público/Académie de Créteil

No ano de 1492, Cristóvão Colombo se deparou, por acaso, com o Novo Mundo, que viria a ser chamado de América. Esse importante fato histórico acabou por desencadear uma enorme disputa entre Castela e Portugal, que anseavam obter o controle dos territórios encontrados.


Era preciso um acordo para que a paz entre os dois Estados fosse estabelecida. Assim, tempos depois, em março de 1494, representantes de João II de Portugal e de Isabel de Castela e Fernando de Aragão se reuniram pela primeira vez em Tordesilhas, para que pudessem realizar um tratado. 


Como Colombo nem ao menos sabia ao certo onde ficavam as terras que encontrara, ele acreditava que o conflito poderia ser resolvido da seguinte maneira: deveria ser traçada uma linha dividindo os novos territórios de norte a sul, a "linha de Colombo". Conforme uma matéria da BBC, tudo indica que ela passava por Cabo Verde e pelos Açores

 

O papa intervém

Fernando e Isabel levaram a proposta do descobridor ao papa Alexandre VI, solicitando que o pontífice mediasse o conflito.


Como o religioso era de origem espanhola e devia favores aos reis católicos, logo aceitou a ideia. No entanto, deslocou a linha divisória 100 léguas a oeste dos Açores e Cabo Verde, uma vez que a proposta inicial favorecia Castela de maneira excessiva.


Contudo, durante o processo, os representantes do rei de Portugal pediram que houvesse um deslocamento da linha divisória para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.


O argumento era o de que seria necessário retornar do porto de São Jorge de Mina, na costa do Golfo da Guiné, sem ter que invadir o território castelhano.

 

Os dois lados entram em concordância

Como Isabel e Fernando acreditavam estar cedendo apenas mar a Portugal, aceitaram o pedido. Foi assim que, no dia 7 de junho de 1494, foi traçada a "linha do Tratado de Tordesilhas". Tudo localizado a leste do meridiano acordado em Tordesilhas seria para Portugal, enquanto o que estava a oeste foi atribuído a Castela.


Porem os castelhanos estavam equivocados. Eles não imaginavam que, dentro da área de domínio português havia um imenso território, o Brasil.


O documento original, escrito em castelhano e assinado por Fernando e Isabel, encontra-se hoje em Lisboa, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Já a versão em Português, assinada por João II, encontra-se no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.


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PAIS ENXERGAM 'EROTIZAÇÃO': DIÁRIO DE ANNE FRANK É ALVO DE POLÊMICA ESDRÚXULA NO BRASIL


Ilustração de "O diário de Anne Frank em quadrinhos" (2017) - Divulgação/ Editora Record/ David Polonsky

Foto de Anne Frank / Crédito: Wikimedia Commons


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 PAIS ENXERGAM 'EROTIZAÇÃO': DIÁRIO DE ANNE FRANK É ALVO DE POLÊMICA ESDRÚXULA NO BRASIL

Pais de estudantes reclamaram de trecho de adaptação em quadrinhos do livro escrito pela judia; Fundação rebate acusações: “ultrajantes e ridículas”


FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 08/06/2021, 


Meses após a Alemanha nazista invadir os Países Baixos na Segunda Guerra Mundial, a pequena Anne Frank começou a relatar em seu diário os momentos vivenciados pelo grupo de judeus confinados em um esconderijo.  


Anne, pouco depois, acabou sendo capturada e transportada até o campo de concentração de Bergen-Belsen, falecendo de febre tifoide pouco antes da libertação do local, em 1945, quando tinha apenas 15 anos.  


Com os judeus em liberdade após anos de perseguições e dizimação, o pai da jovem, Otto, recebeu da ajudante Miep Gies as anotações feitas por Frank. Segundo o site Anne Frank House, a princípio, Otto não suportou ler os textos escritos pela filha. “Não tenho forças para lê-los”, escreveu em carta para sua mãe em agosto daquele ano.  


Porém, meses depois, ele mudou de ideia, decidindo compartilhar trechos com seus parentes na Basiléia, parlamente traduzindo os escritos para o alemão.


Impulsionado por amigos e familiares que achavam que os relatos eram “um importante documento”, o pai de Anne decidiu procurar uma editora para publicar os escritos da filha.  


Hoje, 76 anos depois, O Diário de Anne Frank já vendeu mais de 35 milhões de cópias em todo mundo, segundo o The New York Times. Traduzido em mais de 70 idiomas e publicado em mais de 40 nações, a obras vendeu 16 milhões de exemplares no Brasil, como aponta o site Público, de Portugal.  


O livro se tornou um importante registro de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, se tornando fundamental para quem deseja compreender os horrores do Holocausto. Apesar de sua importância histórica, a obra virou alvo de polêmicas em uma escola particular de São Paulo. 


A polêmica

Conforme aponta matéria publicada pela Folha de São Paulo na última quarta-feira, 2, pais de estudantes da Escola Móbile, em São Paulo, entraram em contato com a direção do colégio por considerarem que a versão em quadrinhos do “Diário de Anne Frank” estava erotizando a personagem.  


O livro em questão era a versão em inglês da obra, usada pelos alunos na aula do idioma estrangeiro. Em tradução livre, as partes que causaram polêmica são: “toda vez que vejo um nu feminino, vou a êxtase” e “esse buraco é tão pequeno que mal consigo imaginar como um homem entra aqui dentro [...] já é difícil enfiar meu dedo indicador dentro”. 


Rebatendo as acusações, representantes da Escola Móbile disseram que “Anne’s Frank Diary: The Graphic Adaptation” é uma versão oficial da história da judia, defendendo que o livro, inclusive, é recomendado pela Fundação Anne Frank e pela Unicef, da ONU — que considera a escrita um patrimônio da humanidade.  


Em nota, a escola disse que a adaptação em quadrinhos estava sendo usada por estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental. “A leitura integra um projeto amplo para o debate e reconhecimento dos horrores do Holocausto, estimulando a reflexão sobre seu contexto histórico”, salientando que o livro é recomendado para crianças da faixa etária entre 8 e 12 anos.  


“A Móbile salienta que todo o conteúdo textual da edição consta no diário original redigido por Anne Frank, inclusive os trechos pontuais que suscitaram a referida discussão. Por fim, a escola tem conversado com alguns pais que levantam dúvidas sobre o conteúdo do livro”, completaram. 


Editora e Fundação se manifestam 

Com a repercussão da reclamação, a Fundação Anne Frank se manifestou oficialmente por meio de uma nota divulgada na Veja São Paulo, onde diz consideram as acusações dos pais dos estudantes como “ultrajantes e ridículas”. 


A Fundação compreende que esse tipo de reflexão poderia ser visto como pouco provável para uma jovem que vivia naquela época, mas ressaltou que Anne já tinha "ideias muito visionárias sobre a independência feminina, os direitos das mulheres e a posição das mulheres na sociedade em geral". 


Inicialmente, como a própria Fundação explica, Otto suprimiu tais passagens na primeira versão do livro, publicada em 1946. “Ele estava muito envergonhado e achou que não eram apropriados para uma menina”.  


Porém, a Fundação diz que os tempos mudam e que cada vez mais os fãs do mundo inteiro anseiam para conhecer a “REAL Anne Frank”. “Então foi decidido, após a morte de Otto Frank, publicar o Diário completo, incluindo pela primeira vez todas as passagens que Otto Frank retirou”.


A versão original que foi adaptada aos quadrinhos está disponível ao público desde 1991. "Ninguém teria, nem remotamente, a ideia maluca de adicionar algo ao diário que Anne nunca tivesse escrito. Por que faríamos uma coisa tão estúpida?", questiona a Fundação.


"Todo o propósito da existência de nossa fundação é PROTEGER o legado de Anne, o que significa ser sempre verdadeira e fiel à sua herança e defender seus direitos de personalidade sem comprometimento”, completa a Fundação, que disponibilizou ao site da revista as imagens originais das escritas de Frank sobre os trechos citados acima, que podem ser vistos na matéria publicada pela Veja. 


Parceira da Fundação Anne Frank no Brasil, a Editora Record também se manifestou, dizendo que a acusação é “totalmente infundada e descabida”. “A versão em quadrinhos, publicada com muito orgulho pela Editora Record, assim como a sua versão em inglês, retrata de forma fiel o trecho do diário em que a autora, a adolescente judia Anne Frank, fala sobre a descoberta do próprio corpo, algo comum nesta fase da vida.” 


Outras polêmicas com O Diário de Anne Frank 

Em janeiro deste ano, os escritos de Anne já haviam virado alvo de uma polêmica no Twitter. Na ocasião, como relata matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, em um post no Twitter dedicado a 'Criar uma treta literária', um usuário disse que “O Diário de Anne Frank é superestimado”, algo que foi corroborado por uns, mas criticado pela maioria. 


Em entrevista exclusiva ao Aventuras, Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, disse que O Diário de Anne Frank não pode ser analisado apenas como um produto literário, ou seja, uma obra desprovida de contexto histórico. 


“A riqueza do livro está tanto no perfil da autora quanto na possibilidade de nos identificarmos, de gerar empatia, de desenvolver a alteridade”, afirmou.


Piadas no Diário 

Pesquisadores da Fundação Anne Frank, em Amsterdã, revelaram, em 2018, conteúdos ocultos que foram descobertos no primeiro diário escrito pela menina judia, datados até novembro de 1942 — as escritas posteriores de Anne foram feitas em cadernos.  


Assim as páginas 78 e 79 — que foram cobertas com papel kraft (espécie de papelão fino), colado pela própria Anne para que não fossem lidas — foram reconstruídas por meio de um processo fotográfico digital. Nesses trechos, encontraram-se algumas piadas maliciosas e descobertas sexuais feitas pela garota.   


Segundo Frank van Vree, diretor do Instituto de Estudos da Guerra, Holocausto e Genocídio da Holanda, “qualquer pessoa que ler as passagens recém-descobertas será incapaz de evitar um sorriso”.


Para o diretor, as escritas mostram que, apesar de sua situação, Anne tinha a curiosidade e os questionamentos de qualquer garota de sua idade, como aponta matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História

Macron: presidente da França é agredido com tapa no rosto


 Macron: presidente da França é agredido com tapa no rosto

https://www.bbc.com/

O presidente da França, Emmanuel Macron, foi surpreendido com um tapa no rosto após visitar hotel-escola em Tain-l'Hermitage, no sul do país.


Um homem, vestindo uma camiseta cinza, é visto segurando o presidente, que tinha ido falar com o público presente, e desferindo o golpe.


Segundo relatos na imprensa francesa, ele teria gritado "abaixo o macronismo" enquanto agredia o presidente, que logo foi puxado por um segurança.


Dois homens foram detidos, e estavam sendo ouvidos pela polícia. O incidente fez as autoridades aumentarem o policiamento na região.


O primeiro-ministro da França, Jean Castex, condenou o ato de violência durante discurso no Parlamento. Segundo ele, tratava-se de um ataque à democracia.


Marine Le Pen, líder de extrema-direita e rival do presidente, também condenou a agressão. "Embora o debate democrático possa ser amargo, jamais pode tolerar violência física."


Logo após a agressão, Macron voltou a falar com o grupo.


Mais tarde, ele classificou o incidente como algo isolado. "Não devemos deixar pessoas ultraviolentas dominarem o debate público – elas não merecem", afirmou, segundo o jornal francês Le Dauphiné.


Campos Neto espera maior abertura da economia no segundo semestre


 Campos Neto espera maior abertura da economia no segundo semestre

Segundo ele, o avanço da vacinação contribui para esse cenário

 https://agenciabrasil.ebc.com.br/

Publicado em 08/06/2021   Por Agência Brasil - Brasília

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje (8) esperar uma maior abertura da economia no segundo semestre deste ano, bem como uma recuperação maior do setor de serviços, amplamente afetado pela pandemia de covid-19.


Contribui para esse cenário o avanço “significativo” da vacinação no Brasil e também uma resiliência maior das economias que, de alguma maneira, se adaptaram e sofrem impactos cada vez mais suaves das medidas restritivas provocadas pelas diferentes ondas de contaminação.


“A economia de alguma maneira se adaptou a essa nova maneira de fazer as coisas, e acho que em grande parte [essas mudanças] serão permanentes”, disse Campos, que fez também uma exposição dos planos do banco para a modernização da economia e dos pagamentos.


Com o avanço da vacinação, Campos Neto disse que pode acontecer no Brasil a mesma espécie de “euforia” no setor de serviços que se observa em países com vacinação mais avançada. Ele citou como exemplo os Estados Unidos, onde já há dificuldade para se reservar um quarto de hotel ou reservar um carro para viagens próximas.


As declarações foram dadas em inglês em uma apresentação, por videoconferência, para economistas do banco JP Morgan. Campos Neto apresentou dados que são acompanhados pelo BC sobre a pandemia e a reação das economias em países desenvolvidos e em desenvolvimento.


Campos Neto reconheceu a existência de uma pressão inflacionária em todo o mundo e que os preços de insumos encontram-se em elevação, acompanhando a alta das commodities, mas disse ver que começa a se desenhar uma curva de estabilização nos gráficos.


No Brasil, as projeção de inflação seguem pressionadas, contudo, pela expectativa de alta no preço da energia provocada pela crise hídrica, observou o presidente do BC.


Essa foi a última manifestação de Campos Neto antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que está marcada para 15 e 16 de junho. Na ata da reunião anterior, o colegiado sinalizou nova alta da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 3,5% ao ano.


Edição: Lílian Beraldo


sábado, 5 de junho de 2021

Anvisa do Brasil aprova vacina russa Sputnik V, com condições




Anvisa do Brasil aprova vacina russa Sputnik V, com condições

Jamie McgeeverLisandra Paraguassu


Frascos rotulados como "vacina contra a doença de coronavírus Sputnik V (COVID-19)", 24 de março de 2021. REUTERS / Dado Ruvic / File Photo

Um médico especialista segura um frasco da vacina Sputnik V contra o coronavírus em uma loja de departamentos em Moscou, Rússia, 18 de janeiro de 2021 REUTERS / Shamil Zhumatov

Frascos rotulados como "vacina contra a doença de coronavírus Sputnik V (COVID-19)", 24 de março de 2021. REUTERS / Dado Ruvic / File Photo

A agência reguladora de saúde brasileira, Anvisa, deu na sexta-feira luz verde para que os estados importem a vacina russa COVID-19 Sputnik V, mas com condicionantes.


A diretoria da Anvisa votou por 4 a 1 pela aprovação condicional após mais de sete horas de deliberação, seguindo recomendação de seu corpo técnico no início do dia.


A Anvisa também votou pela aprovação, novamente com condicionantes, do tiro Covaxin feito pela Bharat Biotech, empresa privada com sede na cidade indiana de Hyderabad.


“O SputnikV chegará ao Brasil em julho”, tuitou Kirill Dmitriev, presidente-executivo do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que comercializa a vacina Sputnik V no exterior.

O Sputnik V tuitou que o Brasil se torna o 67º país a autorizar a vacina.


Na manhã desta sexta-feira, a equipe técnica da Anvisa havia recomendado a aprovação da vacina, mas apenas sob certas condições, como a de ser usada apenas em adultos saudáveis.

As decisões vêm depois que o órgão regulador da saúde rejeitou no final de abril as importações da injeção de Sputnik V solicitadas por governadores desesperados por vacinas. Os estados originalmente queriam 37 milhões de doses.


Na ocasião, os cinco conselheiros da Anvisa votaram por unanimidade pela não aprovação da vacina russa, após técnicos terem destacado "riscos inerentes" e "graves" defeitos, citando a falta de dados que garantissem sua segurança, qualidade e eficácia. consulte Mais informação


A rejeição deu início a uma discussão hostil com os desenvolvedores russos, que ameaçaram processar a agência brasileira por difamação, acusando-os de ceder sob a pressão dos EUA.


O Instituto Gamaleya de Moscou e o RDIF disseram na época que o Sputnik V é 97,6% eficaz contra o COVID-19 em uma avaliação do "mundo real" baseada em dados de 3,8 milhões de pessoas.


Uma fonte envolvida no processo de análise da vacina disse à Reuters que a decisão da Anvisa na sexta-feira foi "uma tentativa de chegar a uma solução que garanta um grau mínimo de segurança. Vamos ver dados reais e eficácia agora".


O governo brasileiro assinou um contrato em fevereiro para comprar 20 milhões de doses da Covaxin, e a Bharat Biotech solicitou o uso emergencial da vacina no Brasil no início de março. No entanto, a Anvisa decidiu em 31 de março que a vacina não atendia aos padrões de fabricação.


O programa de vacinação do Brasil tem sido prejudicado por atrasos e falhas nas compras, transformando o país em um dos pontos mais fatais de COVID-19 do mundo neste ano e levando o sistema nacional de saúde à beira do colapso.


O Brasil já vacinou 47,6 milhões de pessoas com a primeira dose, o equivalente a 22,6% da população, mas apenas 22,7 milhões com duas doses, ou 10,8% da população.


O Brasil registrou 16,84 milhões de casos confirmados do coronavírus e mais de 470 mil mortes desde o início da pandemia. As mortes diárias diminuíram desde o pico da segunda onda em abril, mas permanecem muito maiores do que até mesmo o pior de 2020.


Nossos padrões: Princípios de confiança da Thomson Reuters.


 

A MISTERIOSA MORTE DE ALEXANDRE VON BAUMGARTEN, O JORNALISTA QUE DENUNCIOU A CORRUPÇÃO NA DITADURA

Dossiê produzido por ele denunciava a existência de um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia empresas privadas, o Serviço Nacional de Informação e a revista O Cruzeiro

Capa da Veja com o dossiê de Alexandre von Baumgarten / Crédito: Reprodução


A MISTERIOSA MORTE DE ALEXANDRE VON BAUMGARTEN, O JORNALISTA QUE DENUNCIOU A CORRUPÇÃO NA DITADURA

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FABIO PREVIDELLI


João Figueiredo e Alexandre von Baumgarten em uma reunião - Memorial da Democracia

Em 25 de janeiro de 1982, um corpo apareceu boiando na praia da Macumba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em um dos bolsos da vítima estavam os documentos de Alexandre von Baumgarten, famoso jornalista que estava desaparecido há 13 dias.


A última aparição de Baumgarten ocorreu na manhã de 13 de outubro. Na ocasião, ele deixava, junto com sua esposa Jeanette Hansen, o prédio onde morava e partiu para uma pescaria. Já no cais da Praça XV, o casal se encontrou com o barqueiro Manuel Valente Pires. De lá, eles embarcaram a bordo da traineira Mirimi rumo ao mar aberto, próximo das ilhas Cagarras. O tempo estava fechado, mas não foi o responsável por eles nunca mais voltarem.


Após três dias de sua identificação pelo Instituto Médico Legal, o jornalista foi enterrado após ter sido "vítima de um afogamento". No entanto, essa versão mudou em 1983 — após a publicação de uma matéria na revista Veja. Nela, o periódico revela que Baumgarten foi assassinado com dois tiros na cabeça e um no tórax.

 


A alegação foi comprovada com o laudo do IML e as capsulas de bala que estavam alojadas em seu corpo. As provas estavam anexadas ao inquérito que estava arquivado na 16ª DP da Barra da Tijuca — o crime só começou a ser investigado após ordem da Justiça.


Em fevereiro, a Veja publicou um dossiê que havia sido escrito por Baumgarten. Nele, o jornalista denunciava a existência de um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia empresas privadas, o Serviço Nacional de Informação (SNI) e a revista O Cruzeiro.


Contexto histórico


A revista O Cruzeiro foi editada pelos Diários Associados — do jornalista Assis Chateaubriand — e circulou de 1928 até 1975. Quatro anos depois, em 1979, Alexandre von Baumgarten readquiriu os direitos do título e relançou o periódico com o mesmo nome, com a intenção de criar uma vertente de opinião publica favorável à ditadura militar, que era cada vez mais impopular na época. Para isso, o SNI extorquia verbas de publicidade e repassava para a publicação.


O dossiê foi enviado apenas para dez pessoas. Cada envelope havia uma indicação de que seu conteúdo só poderia ser lido em caso de desaparecimento ou morte de Baumgarten. O documento revelava que o jornalista havia sido jurado de morte pelo general Newton Cruz, até então, chefe da Agência Central do SNI.


Militares são acusados... e julgados


Em 20 de setembro de 1985, o delegado Ivan Vasques confrontou os coronéis da reserva do Exército, Francisco Homem de Carvalho — que era ex-membro do SNI — e Dickson Grael. Após a acareação, o delegado divulgou a imprensa o nome de cinco suspeitos de participar do sequestro e morte de Baumgarten, sua esposa e o barqueiro Manuel Pires.


Grael revelou ter conhecimento dos fatos depois de uma confissão feita por Carvalho cinco meses antes. Segundo ele, os suspeitos seriam, além de Newton Cruz, os coronéis Ary Aguiar Freire e Ary Pereira; o tenente-coronel Paulo Malhães e o sargento Roberto Fábio.


Além dos militares ligados ao SNI, o nome de Ailton Guimarães, ex-capitão e oficial do DOI-CODI, também foi citado. Francisco Homem de Carvalho negou tudo, mas isso não impediu que Newton Cruz fosse indiciado. Na semana seguinte, Cruz foi fichado e prestou depoimento na delegacia.


No mês seguinte, uma nova fonte surgiu para acalentar ainda mais o caso. O ex-cabo do Exército David Antônio do Couto — que estava preso em Brasília por envolvimento na morte do jornalista Mário Eugênio — relatou à procuradoria geral da Justiça Militar que teria informações de outras quatro pessoas que estariam envolvidas na morte de Baumgarten.


Seriam eles: o coronel Sávio Costa, que, na época, ocupava a segunda seção do Exército no comando militar do Planalto; o coronel Arídio de Souza; o sargento Paulo Roberto Fábio e um major de codinome Marcos. Todos negaram i envolvimento no crime.



O general Newton Cruz foi acusado de ser o mandante do assassinato / Crédito: Wikimedia Commons

 


Em dezembro de 1987, o juiz do 1º Tribunal do Rio de Janeiro enviou Newton Cruz, Carlos Alberto Duarte da Silva e Mozart Belo da Silva a julgamento pelo sequestro e morte do jornalista.


O dia 1º de julho de 1992 ficou marcado pela absolvição, em júri popular, de Newton Cruz e Mozart Belo da Silva. O julgamento durou 30 horas. Na ocasião, o público considerou como insuficiente as provas apresentadas para condenar Cruz por sequestro, homicídio qualificado e ocultação do cadáver. Newton foi absolvido por 7 votos a 1.


Depoimento à Comissão da Verdade


Em 21 de março de 2014, o coronel da reserva do Exército Paulo Malhães, que até então tinha passado despercebido no inquérito, foi convidado pela Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro para prestar depoimento sobre o caso. Por mais de 3 horas, Malhães admitiu ter praticado crimes de tortura e assassinatos durante a ditadura militar.


Ele também assumiu que atuou na Casa da Morte, contou detalhes de tortura e acusou o coronel Freddie Perdigão  — que morreu no anos 1990 — de ter matado Alexandre von Baumgarten e atirado seu corpo no mar.


Segundo seu depoimento, o ato foi considerado um erro, já que o Exército não costumava descartar o corpo de suas vítimas desta maneira. “O único corpo que jogaram no mar foi o Perdigão, foi uma cagada”. Quando questionado quem era a vítima em questão, ele relatou: “Foi aquele cara que escrevia no Cruzeiro”. “Von Baumgarten”, questionaram o jornalista Marcelo Auler e a advogada Nadine Borges, integrantes da Comissão. “Von Baumgarten”, assentiu Malhães.


A versão de Paulo Malhães contrariava a perícia da época. O coronel afirmou que Perdigão perseguiu a traineira Mirimi na Baía de Guanabara, matou o jornalista e afundou a embarcação. Caso julgassem necessário, a Comissão da Verdade poderia solicitar um novo depoimento de Malhães para mais esclarecimentos.



No entanto, no dia 25 de abril de 2014, Malhães foi encontrado morto em seu sítio, na Baixada Fluminense. Segundo a esposa de Malhães, Cristina, ela, o marido e o caseiro do sítio foram rendidos por três homens encapuzados e mantidos como reféns por 9 horas. Ela e o caseiro teriam sido rendidos e imobilizados, já Malhães, foi levado para um quarto onde foi morto — seu corpo apresentava marcas de asfixia no rosto e pescoço.


Além do assassinato de Malhães, o grupo de criminosos revirou a casa e levou um computador, três armas antigas da coleção do coronel e outros objetos de valor. Apesar de o crime ter sido apontado como latrocínio, há uma hipótese que afirma que Paulo Malhães foi morto por queima de arquivo.



 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

CELIBATO, PINTURA E DISCURSO DE ÓDIO: A VIDA DE HITLER, ANTES DO REICH, EM 10 FATOS


Pintura do livro "Adolf Hitler - Fotos da vida do líder" - Getty Images


Pintura feita por Hitler em 1914 / Crédito: Wikimedia Commons

CELIBATO, PINTURA E DISCURSO DE ÓDIO: A VIDA DE HITLER, ANTES DO REICH, EM 10 FATOS

Neste dia, em 1945, morria a figura que encabeçou um dos mais trágicos momentos da humanidade


https://aventurasnahistoria.uol.com.br/


INGREDI BRUNATO, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 30/04/2021, 

Adolf Hitler tinha 44 anos de idade quando assumiu o posto de Chanceler de uma Alemanha borbulhando com antissemitismo. 

Era então 1933, a apenas seis anos da Segunda Guerra. Embora boa parte das cicatrizes deixadas pelo ditador genocida na História tenham ocorrido depois dessa data, vale lembrar que o austríaco já havia vivido quatro décadas àquele ponto, de forma que havia tido diversas experiências não relacionadas com seu período liderando o Partido Nazista. 

É dessa porção inicial da vida de Hitler que iremos falar nessa matéria — os acontecimentos que vieram antes dele se tornar responsável por algumas das ações mais devastadoras da época da Segunda Guerra Mundial. 

1. Fracasso acadêmico 

Um fato menos conhecido a respeito do líder nazista é que, a despeito dele ter sido excelente conduzindo multidões, sendo capaz de proferir discursos convincentes a respeito de suas ideologias perturbadoras, nunca terminou seus estudos. 

Segundo relatado pelo historiador alemão Volker Ullrich em sua obra “Adolf Hitler Vol. 1 – Os Anos de Ascensão, 1889-1939”, quando criança, o jovem Hitler tendia a se sair bem na escola, tirando notas boas, porém isso mudou quando entrou no segundo grau. 
 

A queda de seu rendimento eventualmente terminou por fazê-lo abandonar o colégio, e a falta de um diploma ainda o levou a ser recusado pela universidade local quando tentou prestar um exame de admissão. 

2. Perda da mãe 


As dificuldades enfrentadas por Adolf nessa época, entretanto, não se limitaram à área acadêmica de sua vida. Isso porque, quando tinha apenas 18 anos, se tornou órfão. 

Seu pai, considerado um homem severo (como a maioria das figuras paternas da época), havia morrido alguns anos antes, porém foi à perda da mãe para o câncer de mama que abalou o austríaco.

Também de acordo com o livro de Ullrich, o médico que tratou a mãe do futuro ditador — que, aliás, era judeu — fez uma anotação em que dizia “Em meus quase 40 anos de atividade, nunca vi um jovem tão indescritivelmente triste e arrasado como o jovem Adolf Hitler”. 

3. Morador de rua 


O rapaz que se tornaria o Führer viveu boa parte de seus anos como jovem adulto em Viena, capital da Áustria. A princípio, a junção de sua pensão de órfão, a herança materna e a ajuda financeira concedida por uma tia foram o suficiente para lhe permitir viver como bem queria, sem precisar preocupar-se em trabalhar. 

Quando a tia de Hitler faleceu, porém, o bem-bom chegou ao fim, e ele acabou até mesmo vivendo nas ruas por algum tempo. O futuro nazista só foi capaz de superar sua situação precária quando começou a pintar cartões-postais de Viena, o que gerou dinheiro suficiente para que vivesse em um pensionato masculino.  

4. Dons artísticos 


Como já mencionado, o jovem Adolf tinha habilidade suficiente com pintura para fazer alguma grana. Foi talvez por isso que, ainda segundo o historiador Ullrich, ele acabou passando uma porção considerável de sua vida investindo tempo e esforço em uma possível carreira de artista. Infelizmente, ela nunca se concretizou. 

Isso pois, a despeito das telas pintadas pelo futuro ditador terem sido relativamente rentáveis, Hitler apenas não era talentoso o bastante para criar um nome no meio artístico. Caso fosse, talvez os livros de História trouxessem uma narrativa diferente hoje. 

5. Antes dos horrores


O médico que tratou o câncer de sua mãe não foi o único judeu por quem o austríaco nutriu simpatia (afinal, foi crucial para sua família). Quando morou no pensionato, conheceu vários outros seguidores da religião judaica, sem nunca demonstrar qualquer hostilidade, pelo que foi relatado pelo livro “Adolf Hitler Vol. 1 – Os Anos de Ascensão, 1889-1939”. 

Inclusive, os donos da uma loja de artes para quem o rapaz vendia seus quadros eram, também, judeus. O ódio pelo grupo teria, assim, surgido mais tarde. 

6. Discurso de ódio


O antissemitismo desenvolvido por Hitler não foi um caso isolado, que simplesmente manifestou-se de forma espontânea. Na época, era notável a disseminação do discurso de ódio direcionado à comunidade judaica, que era inclusive propagado por figuras públicas. 

Uma dessas figuras era Georg von Schörener, um pensador que pregava a ideia de juntar os povos de origem germânica sob um único Estado e foi justamente uma das grandes inspirações do futuro líder nazista. Sua influência sobre Adolf foi atestada pelo próprio em seu livro autobiográfico, o “Minha Luta”. 

7. Celibato autoimposto 

Um dos exemplos de como o jovem Hitler seguia as ideias de Schörener possivelmente pode ser encontrado em seu comportamento pouco dado a interações sexuais, em corrente contrária à maioria dos jovens vienenses. 

Segundo Ullrich, isso deve-se ao fato do ídolo de Adolf defender que manter-se virgem até os 25 anos serviria para fortalecer o corpo e a mente. Não se sabe exatamente se o austríaco cumpriu essa meta plenamente, porém é uma alternativa provável. 

8. Mensageiro de guerra  

Aos 24, o nazista em formação mudou-se para Munique. Foi nessa época que a realidade de seu fracasso como pintor começou a atingi-lo de vez, e, segundo o historiador alemão, esse foi um dos motivos que levou Hitler a passar boa parte de seus dias trancado no quarto durante esse período. 

Um fato é que, apesar do futuro Führer ter tido suas expectativas de virar artista frustradas, sua atuação na Primeira Guerra Mundial até que foi positiva: embora ele tenha ganhado uma ocupação que o expunha a riscos diariamente, que era a de levar as mensagens dos comandantes até os soldados do front, Adolf conseguiu sair do conflito vivo, algo que nem todos os soldados alemães não podiam dizer. 

Segundo uma reportagem de 2018 da AFP, a Alemanha teve 2 milhões de baixas na Primeira Guerra, um número superior ao de nações como o Reino Unido, a França e a Áustria-Hungria. 

9. Jogando a culpa para os judeus


Ainda de acordo com a biografia referente ao início da vida de Hitler, a derrota na guerra acabou tornando a sociedade alemã ainda mais antissemita do que era previamente.

Alguém precisava receber a culpa do fracasso. É sempre mais fácil jogar a responsabilidade nos ombros do outro. Infelizmente para os judeus, naquele momento eles haviam se tornado “o outro”, com a Alemanha rapidamente esquecendo os vários seguidores da religião que lutaram e morreram pelo país durante as batalhas. 

10. O começo do ódio


Foi no pós-guerra que Adolf decidiu fazer uma mudança no curso da sua vida, e envolver-se com outro tipo de arte: a da política, em que o austríaco se descobriria muito mais talentoso do que na outra.

Achou sua verdadeira vocação, afinal: não era tão bom quanto gostaria manipulando tintas, mas era incrível manipulando palavras. Foi assim que Hitler passou de artista sem futuro para político em ascensão responsável por um dos mais tristes capítulos da História.


 

OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


 FMI, Banco Mundial, OMS e OMC defenderam esforço para melhorar o acesso à vacinação para chegar mais rápido ao fim da pandemia| Foto: BigStock


OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


Por Helen Mendes

https://www.gazetadopovo.com.br/


Os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgaram um plano para aumentar o acesso global às vacinas da Covid-19 e encerrar a pandemia mais rapidamente. Em um comunicado publicado em vários jornais pelo mundo na terça-feira (1º), os dirigentes apelaram aos governos das nações mais ricas que promovam ações de financiamento e também doem mais vacinas aos países mais pobres. As doações serviriam não apenas para melhorar a distribuição global de vacinas, como também para evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus e a necessidade de mais restrições da pandemia em todo o mundo.


As organizações estimaram que investimentos adicionais de US$ 50 bilhões podem encerrar a pandemia mais rápido nos países em desenvolvimento, reduzir as infecções e a perda de vidas, acelerar a recuperação econômica e ainda gerar retornos econômicos de cerca de US$ 9 trilhões em produção global adicional até 2025. O apelo para o esforço coletivo e uma ação global coordenada tem base em um estudo anterior do FMI.


"Todos saem ganhando", dizem os líderes, que calculam que cerca de 60% desses ganhos iriam para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, e os 40% restantes beneficiariam o mundo desenvolvido - além dos "benefícios inestimáveis para a vida e a saúde das pessoas".


"Tornou-se bastante claro que não haverá uma recuperação ampla da pandemia de Covid-19 sem o fim da crise de saúde", afirma a nota conjunta. "O acesso à vacinação é fundamental para ambos". A carta foi publicada em preparação ao encontro do G7 no Reino Unido na semana que vem.


Nesta sexta-feira (4), Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, deve apresentar o plano de expansão da vacinação durante um encontro de ministros de Finanças do G7 em Londres.


O que precisa ser feito

O FMI e o Banco Mundial já haviam alertado, no ano passado, que a pandemia iria atrasar o progresso dos países mais pobres, agravando a pobreza. Agora, as entidades dizem que a falta de acesso às vacinas irá prolongar a pandemia.


Em primeiro lugar, é preciso vacinar mais pessoas mais rapidamente, dizem os líderes. A OMS e a sua iniciativa Covax têm a meta de vacinar cerca de 30% da população em todos os países até o final deste ano. O grupo afirma que essa meta pode aumentar até 40%, com novos acordos e investimentos, e até pelo menos 60% até a metade de 2022.


Para alcançar esses números, seriam necessários investimentos adicionais a países de baixa e média renda, principalmente em forma de subsídios e concessões, além da doação imediata de doses aos países em desenvolvimento.



Em segundo lugar está a redução do risco de surgimento de novas variantes do coronavírus que podem provocar a necessidade de doses de reforço. Para isso, é preciso aumentar a capacidade de produção de vacinas e diversificar a produção para outras regiões.


Em terceiro, o aumento imediato de testagem e rastreamento de contatos, suprimentos de oxigênio, produtos terapêuticos e medidas de saúde pública. O grupo pede ainda que os membros da OMC acelerem as negociações para uma solução pragmática sobre a propriedade intelectual das vacinas.


Distribuição global de vacinas

Mais de 2 bilhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus já foram aplicadas em pelo menos 176 países, segundo monitoramento da Bloomberg. A quantidade seria suficiente para imunizar 13,2% da população do planeta. Porém, a distribuição global está longe de ser proporcional, já que os países e regiões mais ricos estão vacinando até mais de 30 vezes mais rápido do que as nações de menor renda.


Para ilustrar a diferença de acesso às vacinas, o levantamento da Bloomberg aponta que os 27 locais mais ricos têm 28,6% das vacinações, embora tenham apenas 10,4% da população mundial.


Os Estados Unidos, por exemplo, têm 4,3% da população mundial, mas 15,2% de todas as vacinas contra Covid no mundo foram aplicadas no país norte-americano.

As nações de baixa renda receberam juntas menos de 1% das vacinas até o momento. De acordo com um relatório recente da Rockefeller Foundation, metade dos americanos e um quarto dos europeus já receberam pelo menos uma primeira dose de vacina, enquanto apenas 14% das pessoas na América do Sul, 4,8% na Ásia e 1,2% na África já estão vacinadas ao menos parcialmente. Com o ritmo atual de vacinação no mundo, levaria mais de um ano para que houvesse imunidade global capaz de conter os contágios. A nota do FMI, OMS, OMC e Banco Mundial afirma que uma pandemia de duas rotas está se formando; com os países ricos tendo acesso a vacinação e os mais pobres deixados para trás.


"Enquanto algumas nações mais prósperas já estão discutindo campanhas de doses de reforço para suas populações, a vasta maioria de pessoas em países em desenvolvimento - mesmo trabalhadores da linha de frente - ainda não receberam sua primeira dose", afirma o grupo quadrilateral, que diz ainda que as consequências da vacinação desigual são negativas para todos, mesmo para os países com vacinação avançada.


Aliança forte e lealdade pesam mais para vice de Lula do que aceno ao PIB ( REPORTAGEM KENNEDY ALENCAR,Colunista do UOL )


 11.nov.2019 - Ex-presidente Lula e sua namorada, a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja


Aliança forte e lealdade pesam mais para vice de Lula do que aceno ao PIB ( REPORTAGEM  KENNEDY ALENCAR,Colunista do UOL )


https://noticias.uol.com.br/colunas/kennedy-alencar


Fazer aliança com um partido forte e ter um companheiro de chapa leal pesarão mais na escolha do candidato a vice-presidente do que optar por um nome que sinalize moderação econômica ao empresariado e ao mercado financeiro. Assim pensa o ex-presidente Lula, virtual candidato do PT ao Palácio do Planalto em 2022.

Lula não escolheu um vice. Esse debate ainda é incipiente na cabeça dele. Há mais especulação de petistas sobre nomes do que articulações em andamento para fechar a chapa que o partido apresentará em outubro do ano que vem.

No entanto, Lula já amadureceu alguns critérios para formar a chapa. O primeiro é que o vice não será do PT, como aconteceu em 2018 quando ele se lançou candidato com o ex-ministro Fernando Haddad como número dois.

Na última eleição, o PT viveu o auge do isolamento político. Quando o partido anunciou Haddad como vice em agosto de 2018, Lula estava preso na Polícia Federal em Curitiba. Haddad era um plano B caso a candidatura de Lula fosse inviabilizada, o que aconteceu por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Para 2022, o cenário é outro. Lula decidiu que precisa ter um vice que não seja do PT e que pertença a um partido que amplie alianças e possa formar palanques estaduais mais fortes. Ele acredita que o PT só deva lançar candidatos a governador em estados nos quais tiver chance de vencer. Do contrário, deve preferir alianças que reforcem a candidatura nacional e o projeto de fazer bancadas maiores no Senado e na Câmara dos Deputados.

O PC do B, um aliado tradicional, tem menos chance de compor a chapa presidencial em 2022. Manuela D'Ávila, que é do PC do B, ficou numa espécie de reserva para ser vice de Haddad em 2018, o que acabou ocorrendo.

PSB e PC do B 

Um vice do PC do B não está descartado, mas, no ano que vem, o ideal seria um companheiro de chapa de um partido de maior peso político, como o PSB. Seria melhor ainda se o PSB e o PC do B se fundissem numa só legenda (Socialistas), mas essa é uma operação que tem certos graus de dificuldade. Lula, entretanto, ainda acha possível ocorrer a fusão diante dos critérios mais rígidos de cláusula de barreira nas próximas eleições.

Nos últimos meses, cresceram articulações para que Flávio Dino, governador do Maranhão e estrela do PC do B, e Marcelo Freixo, deputado federal do PSOL que deverá disputar o governo do Rio, filiem-se ao PSB. O ex-juiz federal Flávio Dino, por exemplo, é visto por Lula como um nome que sinalizaria respeitabilidade jurídica e lealdade política com companheiro de chapa.

Gato escaldado

 Diante da experiência da aliança com o PMDB em 2010 e 2014, que terminou no golpe parlamentar de 2016 que levou Michel Temer ao poder, Lula deseja um vice à prova de conspiração. Temer virou companheiro de chapa de Dilma com aval direto de Lula. Nos cenários que o ex-presidente traça, ele considera que um vice do Estado de Minas Gerais seria uma boa, mas há dificuldade para achar nomes que preencham os dois critérios anteriores (aliança com um grande partido e fidelidade política) no quarto maior colégio eleitoral do país.

O mineiro Josué Gomes, filho de José Alencar, que foi vice de Lula nas eleições de 2002 e 2006, foi aventado para ser companheiro de chapa do petista em 2018. Mas Josué é candidato à presidência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em chapa única na eleição prevista para 5 de julho. Não parece ser uma decisão fácil trocar a presidência da Fiesp por um projeto político. Tal operação teria complicadores partidários e pessoais, diante da conquista da presidência de uma das maiores entidades empresariais do país.

Um fator de maior peso em 2022 do que em 2002 é a avaliação de Lula de que não precisa mais dar mais sinais de moderação econômica. Há 20 anos, o petista vinha de três derrotas eleitorais seguidas (1989, 1994 e 1998). Era importante sinalizar para o empresariado e o mercado financeiro que um governo do PT seria responsável na economia. Naquele ano, a escolha de José Alencar, então no PL, caiu uma como uma luva. Além de agregar à aliança um partido conservador, José Alencar era um nome de Minas e um grande empresário respeitado nacionalmente. Lula e Alencar ficaram realmente muito amigos. O vice nunca conspirou contra o presidente.

Hoje, o governo real feito por Lula entre 2003 e 2010 seria a sua melhor credencial perante o PIB e investidores estrangeiros. O ex-presidente não pretende fazer encontros na Faria Lima em 2022. Está mais preocupado em apresentar propostas para reconstruir um país destruído por Bolsonaro.

Moderado pra valer

 Lula tem demonstrado verdadeira moderação ao abordar temas da economia e da política. Esse figurino paz e amor com atenção ainda maior ao lado social não é mero cálculo político para se fazer palatável aos conservadores a fim de realizar um governo radical. Se voltar ao poder, Lula certamente fará um governo mais à esquerda do que os anteriores, mas não será uma administração radical. Ele acha que, nos EUA, o presidente Joe Biden está fazendo algo parecido em relação a Barack Obama. Ou seja, indo além de Obama, mas com cuidado.

Lula tem elogiado o presidente americano e buscado conhecer melhor as suas políticas públicas. No seu plano de governo, além de propostas de emprego e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o petista pretende dar mais espaço a questões ambientais e aos movimentos sociais que vêm sofrendo com o governo Bolsonaro. Lula acredita que a sua eventual nova gestão será comparada com os resultados que apresentou nos oito anos em que governou o Brasil. O sarrafo é alto. Ele deixou o Palácio do Planalto com popularidade recorde nas pesquisas. A capacidade de dialogar com amplos setores foi um dos segredos do seu sucesso como presidente.

Lula está retomando conversas com empresários e políticos que se afastaram nos últimos anos. Está feliz com o reencontro no início de maio com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um ato que teve grande repercussão política. Deverá se reunir em breve com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que rompeu com o PT no governo Dilma. O petista tem sinalizado interesse em reforçar laços com militares legalistas. Um Brasil pós-Bolsonaro exigirá mais construção de pontes do que eventuais acertos de contas com os responsáveis por mágoas que o ex-presidente carrega no seu foro íntimo.

A decisão de não entrar num jogo de troca de ataques com o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) são evidências de que Lula está seguro a respeito de suas chances de voltar ao poder. Não quer gastar munição à toa. Ele acredita que vai ganhar a próxima eleição. O ex-presidente não vê espaço para uma terceira via. 

Avalia que a estratégia de Ciro dará com os burros n'água. E crê que a disputa dura será mesmo contra Bolsonaro, que recorre a fake news e agressões de baixo calão como método político. Depois de 580 dias preso em Curitiba, o ex-presidente vive uma fase feliz na vida pessoal com a namorada Rosângela da Silva, a Janja. Com 75 anos, goza de boa saúde. Lula tem feito exames médicos preventivos e exercícios físicos com regularidade para enfrentar o jogo pesado que ainda vai esquentar. Não será uma eleição fácil, ele sabe disso.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

EUA anunciam doação de vacinas para Ásia, América Latina e África. Lote faz parte das 80 milhões de doses que serão compartilhadas


 EUA anunciam doação de vacinas para Ásia, América Latina e África

Lote faz parte das 80 milhões de doses que serão compartilhadas


Publicado em 03/06/2021 - Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou hoje (3) que os Estados Unidos doarão quase 19 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para o consórcio global de vacinas Covax Facility.


A proposta de Biden é de que estas doses sejam compartilhadas entre países do sul e do sudeste asiático (7 milhões); América Latina e Caribe (6 milhões) e da África (5 milhões). O Brasil é citado entre os mais de 14 países latino-americanos e caribenhos que dividirão, entre si, as 6 milhões de unidades que o consórcio deverá destinar às duas regiões.


Além das 19 milhões de doses, pouco mais de 6 milhões de unidades de imunizante serão fornecidas diretamente aos países com alto número de casos da doença e, nas palavras de Biden, “parceiros e vizinhos, incluindo Canadá, México, Índia e Coreia do Sul.”


As 25 milhões de doses da vacina fazem parte dos 80 milhões de imunizantes que, no mês passado, o presidente norte-americano anunciou que compartilharia com outros países até o fim de junho.


Países

As quase 19 milhões de doses que serão entregues ao consórcio Covax Facility serão compartilhadas da seguinte forma:


» Cerca de 6 milhões para os seguintes países das américas do Sul e Central: Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti. República Dominicana e outros países da Comunidade do Caribe;


» Aproximadamente 7 milhões para os seguintes países asiáticos: Índia, Nepal, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka, Afeganistão, Maldivas, Malásia, Filipinas, Vietnã, Indonésia, Tailândia, Laos, Papua Nova Guiné, Taiwan e Ilhas do Pacífico;


» Cerca de 5 milhões para países do continente africano que serão selecionados em coordenação com a União Africana.


Já as seis milhões de doses prometidas a países “prioritários e parceiros” serão direcionadas para o México, Canadá, Coreia do Sul, Cisjordânia, Gaza, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Índia, Iraque e Iêmen, e também para imunizar trabalhadores da linha de frente da Organização das Nações Unidas (ONU).


Segurança Global

“Compartilharemos essas vacinas para salvar vidas e para liderar o mundo no sentido de pôr fim à pandemia, com a força do nosso exemplo e de valores”, declarou Biden ao detalhar a iniciativa, esta manhã, e prometer, para os próximos dias, mais informações sobre os procedimentos de distribuição das doses.


“Reconhecemos que extinguir esta pandemia significa acabar com ela em todos os lugares. Enquanto o vírus [da covid-19] continuar se alastrando em qualquer outra parte do mundo, o povo americano seguirá vulnerável”, acrescentou Biden.


O presidente norte-americano lembrou que os Estados Unidos já transferiram mais de 4 milhões de doses de vacina para o Canadá e o México. E que seu governo apoia a renúncia temporária a direitos de propriedade intelectual no caso dos imunizantes como forma de acelerar a produção global de vacinas.


“Meu governo apoia os esforços de renúncia temporária aos direitos de propriedade intelectual para as vacinas contra a covid-19 porque, com o tempo, precisaremos de mais empresas as produzindo para que possamos compartilhá-las de forma equânime”, comentou Biden durante seu pronunciamento.


“A forte liderança norte-americana é essencial para acabarmos com esta pandemia e para fortalecermos a segurança global da saúde para o futuro – a fim de melhor prevenir, detetar e responder à próxima ameaça”, concluiu.


Edição: Pedro Ivo de Oliveira


terça-feira, 1 de junho de 2021

Copa América: o ano em que outra epidemia impediu que Brasil sediasse evento esportivo




 Copa América: o ano em que outra epidemia impediu que Brasil sediasse evento esportivo

André Bernardo

Do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil

Brasil durante ditadura militar, quando houve a mais grave epidemia de meningite de sua história


*Esta reportagem foi publicada originalmente em junho de 2020 e atualizada em 31/05/2021


A realização da Copa América de futebol no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus, anunciada na segunda-feira (31/05), vem sendo alvo de críticas e temores de diversos tipos.


Mas também trouxe a memória de outro momento em que uma epidemia - esta, de meningite - "parou o país", provocando cancelamento de outro grande evento esportivo: os Jogos Panamericanos de 1975.


Em 1974, durante o período da ditadura militar, o Brasil enfrentava a pior epidemia de meningite de sua história. O país já tivera dois surtos da doença - um em 1923 e outro em 1945 -, mas, nenhum deles tão grave ou letal.


Isso porque o Brasil foi vítima não de um, mas de dois subtipos de meningite meningocócica: do tipo C, que teve início em abril de 1971, e do tipo A, em maio de 1974.

Para evitar o contágio, o governo tomou medidas drásticas: decretou a suspensão das aulas e suspendeu eventos esportivos. Os Jogos Pan-Americanos de 1975, que estavam marcados para acontecer em São Paulo, tiveram que ser transferidos para a Cidade do México. Hospitais, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ficaram superlotados.


A que viria a ser a maior epidemia de meningite da história do Brasil teve início em 1971, no distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Logo, a população mais carente começou a se queixar de sintomas clássicos, como dor de cabeça, febre alta e rigidez na nuca. Nos bairros mais pobres, muitos morreram sem diagnóstico ou tratamento.


Em novembro daquele ano, o que parecia ser um surto restrito a uma determinada localidade logo se alastrou e, aos poucos, ganhou proporções epidêmicas. Dali, não parou mais.


Placa com cultura de bactérias

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Meningites causadas por bactérias, como a meningocócica, estão entre as formas mais grave da doeça


Em setembro de 1974, a epidemia atingiu seu ápice. A proporção era de 200 casos por 100 mil habitantes. Algo semelhante só se via no "Cinturão Africano da Meningite", área que hoje compreende 26 países e se estende do Senegal até a Etiópia.


Das regiões mais carentes, a epidemia migrou para os bairros mais nobres. Até julho daquele ano, um único hospital em São Paulo atendia pacientes com meningite. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas tinha 300 leitos disponíveis, mas chegou a internar 1,2 mil pacientes.


"Não houve quarentena porque o período de incubação da meningite é muito curto", explica a epidemiologista Rita Barradas Barata, doutora em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. Na época, Rita trabalhava como aluna do internato em medicina no Emílio Ribas. "O atendimento foi além de sua capacidade máxima. Trabalhávamos muitas horas por dia", recorda.


De agosto em diante, outras 26 unidades passaram a fazer parte de uma rede de atendimento a pacientes com sintomas de meningite. "Depois de um ou dois dias recebendo tratamento injetável, os casos mais leves eram transferidos para outras unidades, onde recebiam a medicação oral. Já os pacientes mais graves permaneciam no Emílio Ribas", complementa a médica.


Atentados, passeatas e epidemias eram assuntos vetados na imprensa

Até então, uma pequena parcela da população, quase nula, sabia da existência da epidemia. O governo procurou escondê-la ao máximo, segundo explica quem acompanhou o caso de perto.


Policial na ditadura

CRÉDITO,ARQUIVO NACIONAL

Legenda da foto,

A ditadura procurou esconder ao máximo epidemia de meningite


"Assim que surgiu, foi tratada como uma questão de segurança nacional, e os meios de comunicação proibidos de falar sobre a doença", afirma a jornalista Catarina Schneider, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autora da tese A Construção Discursiva dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo sobre a Epidemia de Meningite na Ditadura Militar Brasileira (1971-1975). "Essa tentativa de silenciamento impediu que ações rápidas e adequadas fossem tomadas".


Durante os anos da ditadura, alguns temas foram proibidos de serem divulgados - através de notícias, entrevistas ou comentários - em jornais e revistas, rádios e TVs. A epidemia de meningite que castigou o Brasil na primeira metade da década de 1970 foi um deles.


Sob o pretexto de não causar pânico na população, a censura proibiu toda e qualquer reportagem que julgasse "alarmista" ou "tendenciosa", sobre a moléstia.


Em 1971, quando foram registrados os primeiros casos, o epidemiologista José Cássio de Moraes, doutor em Saúde Pública pela USP e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, integrava uma comissão de médicos de diferentes áreas, como epidemiologistas, infectologistas e sanitaristas.


Juntos, detectaram um surto da doença e procuraram alertar as autoridades. Não conseguiram. Em tempos de 'milagre econômico', o governo se recusou a admitir a existência de uma epidemia.


"Os militares proibiram a divulgação de dados. Pensavam que conseguiriam deter a epidemia por decreto. Se eu não divulgo, é como se não existisse. Não sabiam que o vírus era analfabeto e não sabia ler Diário Oficial", ironiza o médico.


Dali por diante, médicos de instituições públicas foram proibidos de conceder entrevistas à imprensa. O jeito era dar declarações em "off" para jornalistas de confiança, como Demócrito Moura, do Jornal da Tarde. Mesmo assim, as poucas matérias publicadas, alertando a população dos riscos da meningite, eram desmentidas pelas autoridades.


"Ao governo não interessava a divulgação de notícias negativas. Negar a existência da epidemia foi um erro porque facilitou sua propagação e atrasou a adoção de medidas necessárias ao seu combate. Numa situação dessas, quanto mais rapidamente essas medidas forem adotadas, menores serão as perdas de vidas e os danos à economia", afirma o historiador Carlos Fidelis Ponte, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


Vacina

CRÉDITO,FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Legenda da foto,

Em 1975, o Brasil deu início à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica


Medo

Em 1974, quando a verdade veio à tona, pelo menos sete Estados totalizavam 67 mil casos - 40 mil deles só em São Paulo. A população, quando soube da epidemia, entrou em pânico. Com medo da propagação da doença, as pessoas evitavam passar na frente do Emílio Ribas. De dentro de carros e ônibus, fechavam suas janelas. Na falta de remédios e de vacinas, recorriam a panaceias milagrosas, como a cânfora.


"Naquela época, não havia rede social, mas já existiam 'fake news'. A boataria atrapalhou bastante", recorda José Cássio.


O governo suspendeu as aulas e mandou os estudantes de volta para casa. Quando era registrado algum caso nas dependências das escolas, as autoridades sanitárias passavam formol nas mesas e carteiras. Em algumas cidades, as escolas públicas foram transformadas em hospitais de campanha para atender os doentes.


Nos hospitais, a epidemia sobrecarregou especialistas em doenças infecciosas. Médicos de outras áreas, para evitar a contaminação, usavam capacetes, óculos e botas. Outros, ao contrário, atendiam pacientes sem qualquer tipo de proteção. Um terceiro grupo preferiu mudar para o interior, com suas famílias.


Uma das primeiras medidas foi prescrever sulfa. Na esperança de deter o avanço da epidemia, a população passou a tomar o antibiótico por conta própria. "O estoque acabou rapidamente e a bactéria ficou resistente", recorda José Cássio.


Todos os dias, a comissão médica da qual o médico fazia parte procurava atualizar os números e divulgá-los no quadro de avisos do Palácio da Saúde, onde funcionava a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Os setoristas da área até tinham acesso às informações, mas não podiam divulgá-las.


Os números de casos e de óbitos são contraditórios. O estudo A Doença Meningocócica em São Paulo no Século XX: Características Epidemiológicas, de autoria de José Cássio de Moraes e Rita Barradas Barata, calcula que, no período epidêmico, que durou de 1971 a 1976, foram registrados 19,9 mil casos da doença e 1,6 mil óbitos. Já a edição de 30 de dezembro de 1974 do jornal O Globo divulgou que, só naquele ano, a epidemia deixou um saldo de 111 mortos no Rio Grande do Sul, 304 no Rio de Janeiro e 2,5 mil em São Paulo.


Ministério censurado

Em março de 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência no lugar do general Médici. Para ministro da Saúde, ele nomeou o médico sanitarista Paulo de Almeida Machado.


Ernesto Geisel

CRÉDITO,PRESIDENCIA DA REPUBLICA

Legenda da foto,

Em março de 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência no lugar do general Médici; textos da imprensa eram censurados


Naquele ano, a jornalista Eliane Cantanhêde, então na revista Veja, conseguiu uma exclusiva com o ministro, em Brasília. Pela primeira vez, uma autoridade admitia publicamente que o Brasil vivia uma epidemia. Mais que isso. Ele alertou sobre os riscos da meningite e ensinou medidas de higiene à população.


De volta à redação, Cantanhêde começou a bater a matéria e a enviá-la, via telex, para a sede da Veja, em São Paulo. Dali a pouco, ficou sabendo que a entrevista tinha sido censurada. Motivo? "Não havia vacina para todo mundo", explica Eliane. "As pessoas não sabiam o que era meningite. Muitas delas morriam e, por falta de informação, não sabiam do quê".


No dia 26 de julho de 1974, o jornalista Clóvis Rossi também teve um de seus textos censurados. No espaço reservado ao artigo A Epidemia do Silêncio, a direção da Folha de S. Paulo se viu obrigada a publicar um trecho do poema Os Lusíadas, de Luís de Camões. "Desde que, há dois anos, começaram a aumentar em ritmo alarmante os casos de meningite em São Paulo, as autoridades cuidaram de ocultar fatos, negar informações e reduzir os números a proporções incompatíveis com a realidade", alertou Rossi no artigo censurado.


Naquele mesmo ano, o governo brasileiro assinou um acordo com o Instituto Pasteur Mérieux e importou em torno de 80 milhões de doses da vacina contra meningite. "O laboratório francês precisou construir uma nova fábrica porque a que existia não comportava uma produção tão grande", relata o historiador Carlos Fidelis. "Foi a partir dessa emergência que se criou, na Fiocruz, a fábrica de fármacos, a Farmanguinhos, e a de vacinas, a Bio-Manguinhos".


Vacinação

Em 1975, o Brasil deu início à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica (Camem). Foi quando, para estimular a ida em massa da população aos postos de saúde, o governo passou a divulgar os números da doença.


"A letalidade da meningite é de 10%, mas, no auge da epidemia, caiu para 2%", afirma Rita Barradas Barata. "O diagnóstico era feito de maneira precoce e o tratamento com antibiótico reduzia o risco de morte".


Em apenas quatro dias, foram aplicadas 9 milhões de doses na região metropolitana de São Paulo. Logo, estenderam a campanha para outros municípios e estados. A imunização não era feita com seringa e agulha e, sim, com uma "pistola" injetora de vacina. "Conseguimos uma cobertura vacinal de quase 90% da população", orgulha-se José Cássio.


Além de superlotar hospitais e de fechar escolas, a epidemia de meningite teria causado outros "estragos". Um deles é a transferência dos Jogos Pan-Americanos de 1975, da cidade de São Paulo para a do México. Bem, pelo menos essa é a versão oficial. A extraoficial é contada pelo advogado Alberto Murray Neto. "Em 1975, o número de casos já tinha reduzido e o que se dizia é que a epidemia estava controlada. Em tese, a meningite não seria um impeditivo para os Jogos", revela Alberto.


Seu avô, Sylvio de Magalhães Padilha, era o então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e vice do Comitê Olímpico Internacional (COI). Durante reunião em Brasília, foi avisado pelo ministro da Educação, Ney Braga, que não teria recursos do governo federal para os Jogos. Em suma: o Pan deveria ser cancelado, a três meses de sua realização.


"Meu avô cancelou os Jogos, sem esconder que a questão crucial era o corte de verbas", relata Alberto. Os Jogos Pan-Americanos de 1975 deixaram para a cidade o velódromo, a raia olímpica e o Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP)".


a BBC

domingo, 30 de maio de 2021

Protestos contra Bolsonaro: país tem manifestações em 24 Estados e no DF


 Protestos contra Bolsonaro: país tem manifestações em 24 Estados e no DF


Manifestação contra Bolsonaro no Rio de JaneiroCRÉDITO,GETTY IMAGES


No Rio de Janeiro, manifestantes tomaram a Avenida Presidente Vargas, em direção à Candelária


Uma série de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tomou as ruas de municípios em 24 Estados do país e no Distrito Federal neste sábado (29/05).


Com pautas diversas, os protestos pediram o impeachment de Bolsonaro, a aceleração da vacinação contra a covid-19 e o aumento do valor e extensão por mais tempo do auxílio emergencial.


A mobilização foi organizada por partidos de oposição ao governo, movimentos sociais, organizações sindicais e entidades estudantis, com protestos registrados em pelo menos 180 cidades do país e do exterior, segundo o portal G1.


'Bolsonaro é mais perigoso que vírus': aglomeração em protestos divide críticos

Apoio de Pazuello a Bolsonaro 'põe em xeque disciplina do Exército', diz ministra do Superior Tribunal Militar

No Recife (PE), o ato foi reprimido pela Polícia Militar com uso de balas de borracha e gás lacrimogênio. A vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que o comandante e demais policiais envolvidos na agressão serão afastados de suas funções e investigados.


Em São Paulo (SP), os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista e chegaram a ocupar dez quarteirões da via, num protesto que terminou sem registros de violência.

No Rio de Janeiro (RJ), o protesto começou já de manhã na região central, com início aos pés da estátua de Zumbi de Palmares, na Praça Mauá, e uma caminhada pela Avenida Presidente Vargas, em direção à Candelária.


No fim de semana anterior, a capital fluminense foi palco de uma "motocada" com a participação de Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que participaram da aglomeração sem máscaras.


Uso de máscaras foi disseminado entre a maioria dos manifestantes neste sábado


Neste sábado, nos protestos contrários ao governo, o uso do equipamento de proteção foi disseminado entre a maioria dos participantes, mas momentos de aglomeração foram registrados.


Na capital federal, os manifestantes se concentraram pela manhã próximo ao Museu Nacional da República e depois caminharam pela Esplanada dos Ministérios, rumo ao Congresso Nacional, ocupando todas as seis faixas da via.


Repercussão internacional

A imprensa internacional repercutiu os protestos deste sábado.


O jornal britânico The Guardian destacou a manifestação como notícia principal do seu site durante a tarde e a noite do sábado, afirmando que esta foi a maior mobilização anti-Bolsonaro desde o início da pandemia de covid-19 no país.


Site do jornal The Gurdian com os protestos no Brasil em destaque

O jornal britânico The Guardian destacou a manifestação como notícia principal do seu site


A rede de televisão francesa France 24 destacou a queda de popularidade de Bolsonaro em meio à pandemia e o fato de o presidente ter feito pouco caso da severidade da doença, desincentivado o uso de máscaras e levantado dúvidas sobre a eficácia das vacinas, enquanto o país supera as 450 mil mortes pelo vírus.


A rede Al Jazeera, do Catar, lembrou que os protestos acontecem enquanto o governo está sob escrutínio de uma investigação pelo Senado sobre sua atuação no combate à pandemia.


A emissora turca TRT destacou a presença de imagens do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em meio aos cartazes de protesto e lembrou que o petista tem se articulado com outros políticos para tentar barrar a reeleição de Bolsonaro.


O presidente da República, que esteve na quinta e sexta-feira (27 e 28/05) no Amazonas, onde inaugurou uma ponte de madeira e um painel solar num quartel, não comentou os protestos em suas redes sociais neste sábado.


Seu filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro, postou diversas críticas aos protestos e à cobertura da imprensa ao longo do dia.



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