Konstantinos - Uranus
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Relator diz que "violações" praticadas por Dilma justificam abertura de impeachment
Relator diz que "violações" praticadas por Dilma justificam abertura de impeachment
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Deputado Jovair Arantes, relator do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, durante sessão da comissão do impeachment, em Brasília. 06/04/2016 REUTERS/Adriano Machado
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Em posicionamento esperado, o relator do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), afirmou em parecer apresentado nesta quarta-feira que as “violações” cometidas pela presidente justificam a abertura de um processo de impedimento.
Durante leitura do relatório de quase 130 páginas pela admissibilidade da denúncia contra Dilma, Arantes considerou haver indícios de crimes de responsabilidade cometidos pela presidente nas chamadas “pedaladas fiscais” e na abertura de créditos suplementares por decreto sem autorização do Legislativo.
“A magnitude e o alcance das violações praticadas pela presidente da República constituíram grave desvio dos seus deveres funcionais, com prejuízos para os interesses da nação e com a quebra da confiança que lhe foi depositada. Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do impeachment”, escreveu o relator.
O relator reconheceu que o impedimento não é um instrumento exclusivamente político, mas rebateu os argumentos de governistas defendendo que “respeitadas as balizas democráticas, o processo do impeachment não é golpe de Estado”.
Políticos contrários ao impedimento têm classificado o processo que corre na Câmara como um “golpe”, por considerarem que não há uma clara caracterização de crime de responsabilidade por parte da presidente.
“Muito se tem dito nos últimos dias que esse processo seria um 'golpe' contra a democracia. Com todo o respeito, ao contrário! A previsão constitucional do processo de impeachment confirma os valores democráticos adotados por nossa Constituição”, afirmou o relator, considerado próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do governo que tem trazido dores de cabeça ao Planalto por comandar parte significativa de deputados, inclusive integrantes da base aliada.
Após a apresentação do relatório nesta quarta, a comissão terá um período de dois dias de vistas para que os deputados analisem o relatório.
A previsão, seguidos os prazos do trâmite de um processo de impeachment, é que se vote o relatório na próxima segunda-feira. Uma vez votado na comissão, precisa ser lido na sessão plenária da Câmara seguinte e publicado. A partir daí, após prazo de 48 horas, pode ser votado pelos parlamentares no plenário da Câmara dos Deputados. São necessários os votos de 342 deputados para que a Casa autorize a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Posteriormente, o Senado terá de decidir por maioria simples se instaura o processo contra a presidente, o que implicaria em seu afastamento da Presidência por 180 dias até a conclusão do julgamento pelo Senado.
O Palácio do Planalto espera uma derrota na comissão especial e já vinha concentrando esforços para conseguir uma decisão favorável no plenário da Casa, especialmente depois do rompimento do PMDB com o governo. A avaliação na véspera da apresentação do parecer de Arantes era que haviam aumentado as chances de segurar o processo no plenário da Casa.
Essa avaliação foi reiterada pelo líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), que já esperava um relatório contrário a Dilma de Arantes.
"Estamos nos preparando para o plenário. Vai ser difícil eles colocarem 342 votos no plenário", disse.
Já o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que deputados governistas que integram a comissão do impeachment devem apresentar um voto alternativo ao de Arantes para tentar aprovar no colegiado um parecer contrário ao impeachment.
"Deve haver um pedido de vista na Comissão é um voto em separado para ir a votação", disse o senador.
PERPLEXIDADE
A denúncia original, redigida pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, acusa o governo de editar decretos de créditos suplementares sem autorização do Congresso e da prática das chamadas pedaladas fiscais em 2015. Quando acatou o pedido de impeachment contra Dilma no ano passado, Cunha considerou apenas esses trechos da denúncia.
Os argumentos dos autores do pedido de impedimento fazem menção também às pedaladas fiscais ocorridas no primeiro mandato de Dilma, já reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), além de citar esquema de corrupção na Petrobras investigado pela operação Lava Jato da Polícia Federal.
No relatório apresentado nesta quarta, Arantes afirmou não ter levado em conta as denúncias de irregularidades na estatal, mas acrescentou que essas acusações podem ser consideradas pelo Senado, quando fizer o julgamento do mérito da denúncia.
“Embora não tenha utilizado, como fundamento jurídico para a formulação deste parecer, as acusações de improbidade direcionadas contra a denunciada, não podemos desconsiderar a perplexidade da população com as constantes revelações das investigações da operação Lava Jato sobre o maior esquema de corrupção de que se tem notícia neste país e que atinge principal e diretamente a maior empresa brasileira, a Petrobras”, disse o relator.
O deputado chegou a se posicionar pessoalmente favorável à possibilidade de que a presidente seja julgada por atos praticados no mandato anterior, mas pondera que não os consideraria no relatório, atendo-se apenas ao que foi admitido por Cunha quando deu seguimento ao pedido de impeachment.
Sobre o argumento da defesa de Dilma, que acusa o presidente da Câmara de ter agido por “vingança” à decisão do PT de votar pela admissibilidade de sua cassação no Conselho de Ética da Casa, Arantes afirmou que o tema já foi abordado e afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quando julgou ação sobre o rito do impeachment.
Na ocasião, o STF avaliou que não cabia a discussão sobre um eventual impedimento de Cunha, que, por ser deputado, tem posições políticas.
O relator também rejeitou tese da defesa segundo a qual haveria nulidade em fazer audiências na comissão com dois dos autores da denúncia, Janaína e Reale Jr.
Ao apresentar os argumentos do governo, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que se a denúncia foi clara o suficiente para ser aceita, não necessitaria de explicações e que os juristas não poderiam ter abordado temas que extrapolaram a parte da denúncia aceita por Cunha. “Os denunciantes foram convidados a comparecer a esta Casa não porque a peça inicial fosse omissa, contraditória ou obscura, mas para ‘prestar esclarecimentos’”, disse Arantes no relatório, argumentando que não havia como “cercear” a livre manifestação dos autores da denúncia.
(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Deputado Jovair Arantes, relator do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, durante sessão da comissão do impeachment, em Brasília. 06/04/2016 REUTERS/Adriano Machado
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Em posicionamento esperado, o relator do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), afirmou em parecer apresentado nesta quarta-feira que as “violações” cometidas pela presidente justificam a abertura de um processo de impedimento.
Durante leitura do relatório de quase 130 páginas pela admissibilidade da denúncia contra Dilma, Arantes considerou haver indícios de crimes de responsabilidade cometidos pela presidente nas chamadas “pedaladas fiscais” e na abertura de créditos suplementares por decreto sem autorização do Legislativo.
“A magnitude e o alcance das violações praticadas pela presidente da República constituíram grave desvio dos seus deveres funcionais, com prejuízos para os interesses da nação e com a quebra da confiança que lhe foi depositada. Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do impeachment”, escreveu o relator.
O relator reconheceu que o impedimento não é um instrumento exclusivamente político, mas rebateu os argumentos de governistas defendendo que “respeitadas as balizas democráticas, o processo do impeachment não é golpe de Estado”.
Políticos contrários ao impedimento têm classificado o processo que corre na Câmara como um “golpe”, por considerarem que não há uma clara caracterização de crime de responsabilidade por parte da presidente.
“Muito se tem dito nos últimos dias que esse processo seria um 'golpe' contra a democracia. Com todo o respeito, ao contrário! A previsão constitucional do processo de impeachment confirma os valores democráticos adotados por nossa Constituição”, afirmou o relator, considerado próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do governo que tem trazido dores de cabeça ao Planalto por comandar parte significativa de deputados, inclusive integrantes da base aliada.
Após a apresentação do relatório nesta quarta, a comissão terá um período de dois dias de vistas para que os deputados analisem o relatório.
A previsão, seguidos os prazos do trâmite de um processo de impeachment, é que se vote o relatório na próxima segunda-feira. Uma vez votado na comissão, precisa ser lido na sessão plenária da Câmara seguinte e publicado. A partir daí, após prazo de 48 horas, pode ser votado pelos parlamentares no plenário da Câmara dos Deputados. São necessários os votos de 342 deputados para que a Casa autorize a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Posteriormente, o Senado terá de decidir por maioria simples se instaura o processo contra a presidente, o que implicaria em seu afastamento da Presidência por 180 dias até a conclusão do julgamento pelo Senado.
O Palácio do Planalto espera uma derrota na comissão especial e já vinha concentrando esforços para conseguir uma decisão favorável no plenário da Casa, especialmente depois do rompimento do PMDB com o governo. A avaliação na véspera da apresentação do parecer de Arantes era que haviam aumentado as chances de segurar o processo no plenário da Casa.
Essa avaliação foi reiterada pelo líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), que já esperava um relatório contrário a Dilma de Arantes.
"Estamos nos preparando para o plenário. Vai ser difícil eles colocarem 342 votos no plenário", disse.
Já o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que deputados governistas que integram a comissão do impeachment devem apresentar um voto alternativo ao de Arantes para tentar aprovar no colegiado um parecer contrário ao impeachment.
"Deve haver um pedido de vista na Comissão é um voto em separado para ir a votação", disse o senador.
PERPLEXIDADE
A denúncia original, redigida pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, acusa o governo de editar decretos de créditos suplementares sem autorização do Congresso e da prática das chamadas pedaladas fiscais em 2015. Quando acatou o pedido de impeachment contra Dilma no ano passado, Cunha considerou apenas esses trechos da denúncia.
Os argumentos dos autores do pedido de impedimento fazem menção também às pedaladas fiscais ocorridas no primeiro mandato de Dilma, já reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), além de citar esquema de corrupção na Petrobras investigado pela operação Lava Jato da Polícia Federal.
No relatório apresentado nesta quarta, Arantes afirmou não ter levado em conta as denúncias de irregularidades na estatal, mas acrescentou que essas acusações podem ser consideradas pelo Senado, quando fizer o julgamento do mérito da denúncia.
“Embora não tenha utilizado, como fundamento jurídico para a formulação deste parecer, as acusações de improbidade direcionadas contra a denunciada, não podemos desconsiderar a perplexidade da população com as constantes revelações das investigações da operação Lava Jato sobre o maior esquema de corrupção de que se tem notícia neste país e que atinge principal e diretamente a maior empresa brasileira, a Petrobras”, disse o relator.
O deputado chegou a se posicionar pessoalmente favorável à possibilidade de que a presidente seja julgada por atos praticados no mandato anterior, mas pondera que não os consideraria no relatório, atendo-se apenas ao que foi admitido por Cunha quando deu seguimento ao pedido de impeachment.
Sobre o argumento da defesa de Dilma, que acusa o presidente da Câmara de ter agido por “vingança” à decisão do PT de votar pela admissibilidade de sua cassação no Conselho de Ética da Casa, Arantes afirmou que o tema já foi abordado e afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quando julgou ação sobre o rito do impeachment.
Na ocasião, o STF avaliou que não cabia a discussão sobre um eventual impedimento de Cunha, que, por ser deputado, tem posições políticas.
O relator também rejeitou tese da defesa segundo a qual haveria nulidade em fazer audiências na comissão com dois dos autores da denúncia, Janaína e Reale Jr.
Ao apresentar os argumentos do governo, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que se a denúncia foi clara o suficiente para ser aceita, não necessitaria de explicações e que os juristas não poderiam ter abordado temas que extrapolaram a parte da denúncia aceita por Cunha. “Os denunciantes foram convidados a comparecer a esta Casa não porque a peça inicial fosse omissa, contraditória ou obscura, mas para ‘prestar esclarecimentos’”, disse Arantes no relatório, argumentando que não havia como “cercear” a livre manifestação dos autores da denúncia.
(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Economistas esperam queda da Selic em 2016 e reduzem estimativa de inflação
Economistas esperam queda da Selic em 2016 e reduzem estimativa de inflação
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Sede do Banco Central, em Brasília. 23/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras passaram a ver corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros no final deste ano, conforme a projeção para a inflação continuou diminuindo em meio à profunda recessão econômica.
A estimativa para a Selic ao fim de 2016 na pesquisa Focus do Banco Central publicada segunda-feira foi reduzida a 13,75 por cento ao ano, contra os atuais 14,25 por cento, com corte de 0,50 ponto em novembro, última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no ano.
Trata-se da primeira redução na estimativa após oito semanas de manutenção, mesmo depois de o BC reiterar em seu Relatório Trimestral de Inflação, na semana passada, que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros e elevar suas projeções sobre a inflação.
Os contratos de juros futuros já vinham mostrando quedas da Selic no segundo semestre deste ano há semanas, segundo operadores. Após o Relatório de Inflação, o mercado começou movimento de ajuste e passou a ver cortes menos intensos na Selic.
No Top-5, grupo de instituições que mais acertam as projeções no Focus, a estimativa de queda na Selic também ocorreu e foi ainda mais intensa, com dois cortes de 0,5 ponto percentual --em outubro e novembro--, encerrando 2016 a 13,25 por cento.
Para 2017, a pesquisa semanal com uma centena de economistas não mostrou mudança na expectativa de que a Selic terminará o ano a 12,50 por cento.
As reduções nas projeções para a taxa básica de juros vem em meio à queda nas expectativas de inflação. Para 2016, mostrou o Focus, as contas são de alta do IPCA de 7,28 por cento, contra 7,31 por cento na semana anterior. Foi quarta semana seguida de redução, mas permanece acima do teto da meta do governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos.
Para 2017, as estimativas não mudaram, de alta de 6 por cento. O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, subiu 0,43 por cento em março, contra alta de 1,42 por cento no mês anterior, indo abaixo de 10 por cento no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde outubro.
No Relatório de Inflação, o BC estimou inflação de 6,6 por cento em 2016 e de 4,9 por cento em 2017, sobre projeção anterior de elevação de 6,2 e 4,8 por cento, respectivamente.
O Focus mostrou ainda que as projeções para o dólar caíram a 4,0 reais no fim de 2016, contra 4,15 reais antes. Em relação a 2017, a perspectiva foi a 4,10 reais, sobre 4,20 reais.
Sobre o desempenho da economia, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano agora é projetada em 3,73 por cento, sobre queda de 3,66 por cento na pesquisa anterior. Já a expansão em 2017 é calculada em apenas 0,30 por cento, sobre 0,35 por cento na pesquisa Focus da semana anterior.
Houve forte piora nas expectativas para a produção industrial, com contração prevista em 5,80 por cento neste ano e expansão de 0,69 por cento no próximo, contra queda de 4,40 por cento e crescimento de 0,85 por cento antes, respectivamente.
(Por Camila Moreira)
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Sede do Banco Central, em Brasília. 23/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras passaram a ver corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros no final deste ano, conforme a projeção para a inflação continuou diminuindo em meio à profunda recessão econômica.
A estimativa para a Selic ao fim de 2016 na pesquisa Focus do Banco Central publicada segunda-feira foi reduzida a 13,75 por cento ao ano, contra os atuais 14,25 por cento, com corte de 0,50 ponto em novembro, última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no ano.
Trata-se da primeira redução na estimativa após oito semanas de manutenção, mesmo depois de o BC reiterar em seu Relatório Trimestral de Inflação, na semana passada, que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros e elevar suas projeções sobre a inflação.
Os contratos de juros futuros já vinham mostrando quedas da Selic no segundo semestre deste ano há semanas, segundo operadores. Após o Relatório de Inflação, o mercado começou movimento de ajuste e passou a ver cortes menos intensos na Selic.
No Top-5, grupo de instituições que mais acertam as projeções no Focus, a estimativa de queda na Selic também ocorreu e foi ainda mais intensa, com dois cortes de 0,5 ponto percentual --em outubro e novembro--, encerrando 2016 a 13,25 por cento.
Para 2017, a pesquisa semanal com uma centena de economistas não mostrou mudança na expectativa de que a Selic terminará o ano a 12,50 por cento.
As reduções nas projeções para a taxa básica de juros vem em meio à queda nas expectativas de inflação. Para 2016, mostrou o Focus, as contas são de alta do IPCA de 7,28 por cento, contra 7,31 por cento na semana anterior. Foi quarta semana seguida de redução, mas permanece acima do teto da meta do governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos.
Para 2017, as estimativas não mudaram, de alta de 6 por cento. O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, subiu 0,43 por cento em março, contra alta de 1,42 por cento no mês anterior, indo abaixo de 10 por cento no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde outubro.
No Relatório de Inflação, o BC estimou inflação de 6,6 por cento em 2016 e de 4,9 por cento em 2017, sobre projeção anterior de elevação de 6,2 e 4,8 por cento, respectivamente.
O Focus mostrou ainda que as projeções para o dólar caíram a 4,0 reais no fim de 2016, contra 4,15 reais antes. Em relação a 2017, a perspectiva foi a 4,10 reais, sobre 4,20 reais.
Sobre o desempenho da economia, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano agora é projetada em 3,73 por cento, sobre queda de 3,66 por cento na pesquisa anterior. Já a expansão em 2017 é calculada em apenas 0,30 por cento, sobre 0,35 por cento na pesquisa Focus da semana anterior.
Houve forte piora nas expectativas para a produção industrial, com contração prevista em 5,80 por cento neste ano e expansão de 0,69 por cento no próximo, contra queda de 4,40 por cento e crescimento de 0,85 por cento antes, respectivamente.
(Por Camila Moreira)
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
domingo, 3 de abril de 2016
Júlio César: Alea jacta est/Veni vidi vici/ O conquistador improvável
Júlio César: alea jacta est/veni vidi vici/ O conquistador improvável
O general mais famoso do mundo era, na verdade, um mestre conciliador e um gênio da política. Seu nome virou sinônimo de imperador, mas ele nunca pisou no trono. Conheça os paradoxos da vida de Júlio César
Reinaldo José Lopes
Os gênios, diz a lenda, nascem prontos. Quase todo mundo já escutou histórias intermináveis sobre Mozart encantando soberanos da Europa com meros 5 anos de idade, ou sobre Pelé deixando os suecos boquiabertos quando não passava de um meninote de 17. Mas, para o homem cujo nome virou sinônimo (literalmente) de imperador e general, as coisas ocorreram bem mais devagar. Ele teve de esperar a maturidade para conseguir mostrar a que veio, galgando o poder aos poucos, de mansinho – ascensão que, aliás, combinava bem com a personalidade desse mestre conciliador. César governou para valer os gigantescos domínios de Roma por apenas quatro anos, mas a influência do “Divino Júlio”, como seus conterrâneos passaram a conhecê-lo depois da morte, dura mais de dois milênios.
Ganhar fama de divino, aliás, era algo que andava nos planos da família de Caio Júlio César desde que Roma era Roma. Ou quase: há quem diga que, na verdade, a gens(família expandida ou clã, para os romanos) chamada Iulia viera de Alba Longa, uma cidade vizinha no Lácio. Seja como for, os orgulhosos antepassados de Caio Júlio diziam ter surgido de Iulus, um dos filhos de Enéias, o nobre troiano com pai mortal e mãe divina – ninguém menos que Vênus. “Assim, misturam-se à nossa raça a santidade dos reis, que tão poderosa influência exercem sobre os homens, e a majestade dos deuses, que mantêm debaixo de sua autoridade os próprios reis”, teria se vangloriado César, durante um discurso, de acordo com o historiador romano Suetônio, que viveu entre os anos 64 e 141.
Mania de grandeza à parte, o fato é que o jovem Júlio, nascido por volta do ano 100 a.C. (a data exata é um tanto controversa), não teve muita chance de alardear ou de lucrar nada com sua origem divina durante a juventude. A coisa mais esperta a fazer era ficar de boca fechada, porque ele cresceu durante um dos períodos mais turbulentos da história romana. Por séculos, a cidade-estado tinha sido governada pela esquisita mistura de oligarquia e democracia que os romanos chamavam de república, com o poder distribuído (desigualmente, é verdade) entre os legisladores do Senado, o “poder executivo” representado pelos cônsules e a pressão constante do povo romano, que participava de eleições e era representado pelos tribunos.
Esse sistema centenário e complicado não passou incólume pela onda expansionista que, durante os séculos 3 e 2 a.C., transformou Roma na senhora absoluta do Mediterrâneo. Os camponeses livres que antes formavam a base da sociedade, da economia e da força militar romana passaram a ficar cada vez mais para trás na competição com os grandes latifundiários e sua multidão de escravos capturados nas regiões dominadas. E, se o objetivo era conquistar, cada vez mais ter um comando militar significava ter o poder de fato, se não de direito. O resultado de toda essa mudança é que a vida política passou a se dividir em dois grupos informais. Eram os Optimates, o partido aristocrático, que não estava nem um pouco preocupado em aliviar os problemas sociais da nova superpotência, e os Populares, que reconheciam essa necessidade – no mínimo para tentar usar a seu favor a boa vontade do povo e do exército.
Ocorre que, assim como seu tio, o grande general Mário, César era um dos Populares – e eles sofreram um senhor golpe quando o líder aristocrático Sila derrotou Mário e se tornou o líder supremo da República em 82 a.C. Sila iniciou uma série de expurgos políticos depois de subir ao poder, e o jovem César precisou de uma boa dose de esperteza e sorte para escapar imaculado das perseguições. “Essa talvez seja a melhor explicação para o fato de César só ganhar destaque num momento relativamente tardio da sua vida. As circunstâncias fizeram com que pessoas do partido de Mário, como ele, fossem barradas pelo regime de Sila”, afirma o historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Talvez a ajuda de alguns amigos influentes entre a aristocracia tenha feito com que Sila poupasse a vida de César e o enviasse à Ásia para participar do cerco a Mitilene, uma cidade grega que havia se aliado ao maior inimigo de Roma na época, o rei Mitridates do Ponto (no atual mar Negro). Foi ali que ele conheceu o rei Nicomedes da Bitínia e iniciou com o nobre de origem helênica um relacionamento que muita gente chegou a considerar como amoroso.
Com ou sem esse caso de amor homossexual, o fato é que o período vivido na Ásia Menor foi uma experiência proveitosa para César. Como todos os jovens com aspirações políticas de seu tempo, ele se interessava por retórica e oratória, e decidiu partir para a ilha grega de Rodes para estudar os dois temas com os grandes mestres helênicos. É possível que sua fama de grande escritor (exemplificada pelos clássicos Da Guerra da Gália e Da Guerra Civil) se deva às lições que tomou nessa época.
Mas talvez o mais interessante tenha sido o que se deu durante a ida de César a Rodes. Se os escritores clássicos são dignos de crédito, a situação foi cinematográfica: capturado por piratas, o jovem César passou 40 dias em cativeiro enquanto aguardava seu resgate ser pago, conversando e brincando animadamente com seus captores e até exigindo que eles elevassem o valor que pediam por sua vida, por considerá-lo baixo demais. Em meio a toda essa camaradagem, contudo, César avisou que iria voltar depois de libertado e punir o bando todo. Claro que ninguém levou a ameaça a sério, mas a primeira coisa que o romano fez ao ser solto foi reunir uma frota, capturar os bandidos e mandar crucificá-los.
Como não há mal que sempre dure, Sila renunciou ao poder e morreu em 78 a.C., o que permitiu a César um retorno seguro a Roma e a possibilidade de iniciar uma carreira política. Logo tornou-se conhecido pela defesa de causas consideradas populares, como os direitos dos habitantes das províncias e a distribuição de terras a veteranos de guerras. Foi assim que ganhou seu primeiro comando militar importante, tornando-se procônsul da Hispânia – trecho da península Ibérica que englobava tanto áreas da Espanha quanto do atual Portugal.
César cumpriu com perfeição seu dever de pacificar os bárbaros locais, mas, conta o biógrafo grego Plutarco (que viveu no século 1), não estava satisfeito com o rumo de sua carreira até ali. Ao ler sobre os triunfos de Alexandre Magno, ele teria começado a chorar de repente. Seus amigos perguntaram qual era problema, e ele respondeu: “Não vos parece ser digno de tristeza que, na minha idade, Alexandre já era rei de tantos povos, enquanto eu ainda não consegui nenhum sucesso tão brilhante?”.
Verdade ou não, a anedota de Plutarco virou quase uma deixa para a ofensiva em busca do poder que César iniciou daí em diante. Ao lado de Crasso e Pompeu, dois aristocratas ambiciosos que haviam conseguido fama e influência graças a suas vitórias militares, César formou uma aliança que passaria a ser conhecida como o Primeiro Triunvirato. Ao contrário do que muita gente imagina, o nome nada tem a ver com um cargo oficial. Ao contrário: para os romanos da época, o acordo entre o trio virou sinônimo de uma panelinha secreta e sinistra, na qual cada um se dispunha a facilitar as ambições políticas do outro. Uma espécie de pacto de não-agressão.
Não demorou muito para que o acordo funcionasse em favor de César, que galgou o posto mais alto da República, o de cônsul, em 59 a.C. De quebra, ganhou o comando das províncias da Gália Cisalpina (a região da Itália entre os Alpes e o rio Pó) e do Illyricum, nos atuais Bálcãs. Nessa época, César soube que os helvécios, um povo celta aparentado dos gauleses, estava prestes a realizar uma migração em massa para a Gália, atravessando a rica província romana do sul da atual França (chamada até hoje de Provença) e pondo em risco, alegou ele em seus escritos, os aliados gauleses de Roma.
Mas é claro que as motivações de César e de Roma eram bem mais complexas: “O livro Da Guerra da Gália não é uma descrição isenta, mas uma obra de propaganda comum no processo de expansão romana. Ele apresenta a guerra como justa, como ação defensiva. Pura retórica de guerra”, afirma Norberto Luiz Guarinello, professor de história da Universidade de São Paulo (USP).
Além disso, a versão dos gauleses como sendo um bando de chefetes tribais, eternizada por Asterix (o célebre personagem das histórias em quadrinhos), simplesmente não corresponde à realidade da época. A influência greco-romana era sentida havia séculos na Gália e as tribos celtas tinham, por exemplo, abandonado em grande parte a monarquia em favor de magistrados eleitos anualmente, à maneira de qualquer cidade-estado que se prezasse no Mediterrâneo. Muitos gauleses, como a tribo dos Aedui, viam vantagens no domínio romano, cedendo aos invasores homens e suprimentos. “Os romanos aliavam-se às elites locais, numa estratégia de incorporação, primeiro dessas elites e, mais tarde, da população em geral”, diz Pedro Paulo.
A campanha da Gália, que se estendeu até 50 a.C., marcou o ápice dos triunfos militares de César, que levou o estandarte das legiões romanas para os confins do mundo conhecido pelos seus compatriotas como a Germânia, além do rio Reno e da Grã-Bretanha. Segundo Plutarco, acima de tudo, ele se mostrou um mestre em inspirar a devoção em seus soldados e encorajá-los a seguir em frente mesmo diante de obstáculos aparentemente intransponíveis. Seus discursos viravam lendas e ele não fugia dos campos de batalha, sendo um magnífico guerreiro quando a cavalo. Em menos de dez anos, a Gália caiu sob domínio romano. Não houve aldeia que permanecesse irredutível.
Nesse meio tempo, entretanto, o triunvirato tinha virado fumaça. Crasso morreu numa malfadada tentativa de conquistar os partos, donos de um império na Mesopotâmia e na Pérsia. Pompeu, antes genro de César, cortou boa parte dos laços que tinha com o sogro quando Júlia (a filha de César) morreu ao dar à luz. O bebê viveu apenas alguns dias. O Senado, a principal força política de Roma, passou a temer a influência ascendente de César e concedeu a Pompeu autoridade sobre os exércitos da República. Os políticos de Roma exigiram que César renunciasse a suas legiões se quisesse voltar à cidade. E isso ele jamais faria.
De volta da Gália, ao se aproximar do rio Rubicão, tradicional fronteira com a Itália, César teria pronunciado a frase famosa “Alea jacta est”, ou “a sorte está lançada”. Ao atravessar o curso de água com seu exército, declarava suas intenções. Os partidários de Pompeu, ligados aos Optimates, deixaram Roma e organizaram a resistência a César em diversos pontos nas províncias. A guerra civil, repetindo o que ocorrera nos tempos de Mário e Sila, havia começado.
A vitória de César, porém, não tardou. As forças de Pompeu foram derrotadas na Itália, na Espanha e nos Bálcãs. A batalha decisiva entre os dois rivais se deu em Farsália, na Tessália (norte da Grécia), e a derrota de Pompeu foi quase completa. O perdedor escapou para o Egito, mas foi perseguido por César, que provavelmente o teria poupado, mas os ministros de Ptolomeu, o rei-menino egípcio, assassinaram-no na tentativa de agradar ao general vitorioso. Os partidários de Pompeu ofereceram alguma resistência, mas foi só questão de tempo até César pacificar todo o império em 46 a.C.
O domínio de César sobre Roma tornou-se então indiscutível. Assumindo o título de ditador perpétuo (uma alteração do velho cargo romano de ditador, que dava poderes quase ilimitados a um indivíduo durante emergências), ele passou a mandar e desmandar na escolha das magistraturas da República. Contudo, seu governo foi extremamente conciliatório se comparado aos expurgos e perseguições promovidos por Sila. Ele fez questão de tentar atrair para sua esfera de influência muitos dos antigos aliados de Pompeu, perdoando-os. “Diferenciar-se de Sila era, a partir dos anos 60, explorar um perfil político próprio em Roma e favorecer uma visão suprafacciosa do político. César ficou famoso por sua clemência”, afirma Norberto, da USP. “A política de César foi sempre a da cooptação”, diz Pedro Paulo, da Unicamp.
Ninguém sabe dizer qual seria o próximo passo do ditador. Os Optimates acusavam-no de querer tornar-se rei, cargo odiado pelos romanos desde que haviam acabado com a monarquia, no século 6 a.C., mas outros relatos se referem ao fato de César ter recusado a coroa real oferecida a ele por seus partidários durante cerimônias públicas. “Mas a maioria dos historiadores concorda que César era uma figura mais autocrática”, afirma Pedro Paulo. Depois de tudo, é difícil que ele concordasse em se submeter ao Senado.
Seja como for, qualquer plano que pudesse ter existido foi por água abaixo quando conspiradores da facção aristocrática do Senado cercaram César nos fatídicos idos (dia 15) de março de 44 a.C. Uma porção de punhaladas tirou a vida do ditador, que tentou se defender usando o estilo (uma espécie de pena de metal usada para escrever).
Na morte, mais uma polêmica. O fato de Brutus, que participou do assassinato, ser tradicionalmente identificado com seu filho adotivo provavelmente é falso. “Um erro de tradução”, diz Pedro Paulo Funari. “O relato que restou da execução originalmente estava em grego e nele César usa a palavra têknon, que pode ser tanto ‘criança’ quanto ‘filho’, para se referir a Brutus. Depois a palavra foi traduzido como filius para o latim. Mas, aparentemente, na época téknon tinha um significado pejorativo”, afirma. Portanto, em vez de “Até tu, Brutus, meu filho!”, o que César provavelmente disse ao morrer foi “Você também, Brutus, seu moleque!”
O crime dos Optimates não salvou a República. De um novo triunvirato e de uma nova guerra civil emergiu vitorioso Caio Octaviano, ou Augusto, o sobrinho-neto de César que se tornaria o primeiro imperador romano.
Homens e mulheres
César casou quatro vezes e teve muitas amantes
A vida sexual dos poderosos é vasculhada desde que o mundo é mundo, e a de César foi das mais movimentadas. Em geral, a fama que se atribui ao conquistador da Gália também é a de um conquistador das mulheres. Seus soldados o chamavam de “o calvo adúltero” (antes de completar 50 anos, César perdera todo o cabelo). Ele se casou quatro vezes, com Cosútia (divorciou-se), Cornélia (ela morreu), Pompéia (divorciou-se) e Calpúrnia, que sobreviveu a César. Com Pompéia, viveu uma situação particular. Um jovem apaixonado por ela, Clódio, invadiu a casa de César enquanto era celebrada uma festa em honra de Bona Dea, uma deusa cujos rituais não podiam ser vistos por homens. Clódio disfarçou-se de mulher, mas foi flagrado, o que gerou um escândalo em Roma. César divorciou-se de Pompéia, mas não puniu Clódio. Diante do juiz, que quis saber, então, por que estava se separando, ele teria dito: “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. O mais tórrido e controverso affair do general parece ter sido mesmo o que teve com Cleópatra, que deixou de lado seu marido Ptolomeu para se entregar a César. Dizem que a rainha não era exatamente bonita, mas que seu charme, sua inteligência e cultura cativaram César de tal modo que ele a mandou trazer para Roma, alojando-a em sua própria casa. Da união dos dois teria nascido um filho, que ganhou o nome grego de Cesárion (a dinastia ptolomaica de Cleópatra era de origem macedônio-helênica). Pesam sobre César, ainda, rumores quanto a seus relacionamentos com outros homens. Em um debate no Senado, em que César parecia empenhado em defender os interesses do amigo Nicomedes (soberano que conhecera na Bitínia), alguém insinuou que “todos sabem o que tu deste a ele”. Os boatos eram tamanhos que as legiões de César, nas celebrações de suas vitórias em Roma, costumavam chamá-lo de “rainha da Bitínia”. Não que isso contribuísse para diminuí-lo aos olhos do povo, embora os romanos fossem menos tolerantes em relação ao homossexualismo que os gregos. “O importante é que o homem tivesse uma postura masculina, independentemente de ter relações com homens ou com mulheres”, diz Pedro Paulo Funari.
Grande guerreiro
César foi um opositor quenão poupou violência contra seusinimigos bárbaros ou romanos
Gália
César teve de enfrentar a complexa política de alianças que unia as tribos gaulesas a Roma e opunha outras à superpotência. Os gauleses tinham uma cavalaria soberba e eram guerreiros corajosos, mas pouco disciplinados, de acordocom os relatos do general. O pior dos combates, e o mais glorioso para César, ocorreu em Alésia. Ali, de acordo com Plutarco, César teve de fazer cerco a 170 mil gauleses numa fortaleza, enquanto 300 mil o cercaram do lado de fora. O general resolveu o impasse construindo uma dupla de muralhas, uma protegendo-o contra os de dentro da fortaleza, outra contra os de fora, e saiu vitorioso.
Bretanha
A imensa ilha, habitada por várias tribos celtas, algumas das quais aparentadas dos gauleses, jamais havia visto a chegada de um exército das grandes potências do Mediterrâneo antes do desembarque de César. Embora tenha perdido grande quantidade de homens por causa de naufrágios e tempestades, o general puniu os bretões pela ajuda prestada aos gauleses e venceu chefes tribais das atuais regiões inglesas de Kent e Essex, recebendo deles reconhecimento formal de submissão. O verdadeiro domínio romano ali,no entanto, só seria estabelecido mais tarde.
Farsália
A batalha decisiva contra Pompeu e as forças dos Optimates ocorreu nessa região da Tessália famosa por suas planícies e adequada para o combate a cavalo. Foi exatamente com essa arma que Pompeu, em maior número e com uma cavalaria muito bem armada, estava contando. César decidiu atacar antes do inimigo e, de acordo com Plutarco, ganhou a dianteira ao instruir seus soldados a ferir com lanças o rosto dos cavaleiros, jovens aristocratas que não queriam ficar desfigurados e, por isso, debandaram. A derrota de Pompeu, que fugiu para o Egito, foi completa: 6 mil mortos e 24 mil capturados.
Egito
O orgulhoso comportamento de César depois de sua chegada a Alexandria no encalço de Pompeu logo fez com que a guarda real e o populacho da cidade pedissem a cabeça do general ao jovem rei Ptolomeu. Cercado em seu palácio com uma pequena força de 4 mil homens, César teve de esperar a chegada de nova legião para tentar escapar. Os combates, centrados no mar e no porto de Alexandria, foram encarniçados, e em determinado momento César foi forçado a nadar para salvar a própria pele. Reforços vindos da Síria, no entanto, permitiram que o general derrotasse Ptolomeu, morto numa batalha, e entregasse o poder a Cleópatra, que se tornara sua amante. Antes de César
Roma durante a República: meio caminho andado
Império Máximo
A Roma de César: do Egito de Cleópatra à Bretanha do rei Arthur
Bom de boca
César e as frases que entraram para história
Quase tudo aquilo que se conhece sobre os detalhes mais pessoais e sobre os discursos feitos por César vem dos seus próprios escritos, nos quais relata a guerra contra os gauleses e as batalhas contra os exércitos de Pompeu. Outra fonte, talvez a principal, são os biógrafos clássicos, em especial Suetônio, na sua A Vida dos Doze Césares, e Plutarco, em Vidas Paralelas, um trabalho monumental que relata a trajetória comparada de Alexandre, o Grande, e de Júlio César. Desnecessário dizer que esses textos são tanto história como literatura, e que embelezavam e expandiam significativamente os supostos feitos e discursos do personagem famoso ao longo de sua carreira. Plutarco pinta-o como um predestinado pelos deuses, enquanto Suetônio apresenta uma visão mais crítica. É significativo, no entanto, notar que ambos os trabalhos retratam César como um escritor, frasista e orador extremamente talentoso. O seu “Veni, vidi, vici”, ou “Vim, vi e venci”, tornou-se sinônimo de competência e controle rápido de situações. Diante dos corpos dos Optimates em Farsália, conta-se que ele teria dito “Hoc voluerunt”, “Assim o quiseram” – como quem diz que os aristocratas poderiam ter evitado o banho de sangue se fossem menos intransigentes.
A herança de Júlio César
"O kaiser nasceuem julho durante uma cesariana"
Não entendeu nada? Talvez ajude saber que a palavra que designa o soberano alemão, o nome do mês “sete” e a operação que substitui o parto normal têm o mesmo patrono. Ele próprio, o “JC” de Roma. Apesar de ter governado seu povo por pouquíssimo tempo, o impacto de César sobre a história e a cultura ocidentais foi imenso e talvez inédito. A começar pelo calendário juliano, organizado sob sua supervisão, que estabeleceu as bases para a contagem do tempo que ainda usamos hoje e só foi alterado significativamente no século 16 da era cristã. O mês de julho empresta seu nome de César, divinizado por Augusto depois de sua morte. O governante ficou famoso por embelezar Roma e ser um patrono mão-aberta das artes na capital do mundo antigo, plantando as bases para as realizações nessa área que seu sucessor iria realizar poucos anos mais tarde.
A coroa real nunca chegou a adornar sua cabeça, mas seu nome virou sinônimo (literalmente) de imperador em alemão (kaiser) ou russo (czar ou tzar). Por último, várias anedotas costumam associar a prática da cesariana ao fato de que César só teria nascido graças a uma operação pioneira realizada em sua mãe.
Saiba mais
Livros
Júlio César, O Ditador Democrático, Luciano Canfora, Estação Liberdade, 2002 - A primeira obra, do historiador italiano Canfora, é uma excelente compilação de tudo aquilo que a historiografia contemporânea conseguiu nas suas interpretações dos atos, da vida e dos livros escritos por Júlio César. Principalmente no que se refere ao legado de sua influência sobre a cultura ocidental.
A Vida dos Doze Césares, Suetônio, Prestígio, 1998 - O leitor vai se divirtir com as saborosas e às vezes irônicas histórias do romano Suetônio
Alexandre e César, Plutarco, Prestígio, 2001 - De longe, ao lado de Suetônio, essa é a melhor das biógrafias de Júlio César. E a que mais contribuiu para a sobrevivência das tradições orais sobre a vida dos grandes personagens da Antiguidade clássica
A Vida Cotidiana na Roma Antiga, Anna blume, 2004 - Esta nova obra trata de um tema muitas vezes esquecido quando se fala em Império Romano: a vida das pessoas comuns. Há ótimos relatos sobre o lazer e as manifestações políticas das mulheres
http://guiadoestudante.abril.com.br/
O general mais famoso do mundo era, na verdade, um mestre conciliador e um gênio da política. Seu nome virou sinônimo de imperador, mas ele nunca pisou no trono. Conheça os paradoxos da vida de Júlio César
Reinaldo José Lopes
Os gênios, diz a lenda, nascem prontos. Quase todo mundo já escutou histórias intermináveis sobre Mozart encantando soberanos da Europa com meros 5 anos de idade, ou sobre Pelé deixando os suecos boquiabertos quando não passava de um meninote de 17. Mas, para o homem cujo nome virou sinônimo (literalmente) de imperador e general, as coisas ocorreram bem mais devagar. Ele teve de esperar a maturidade para conseguir mostrar a que veio, galgando o poder aos poucos, de mansinho – ascensão que, aliás, combinava bem com a personalidade desse mestre conciliador. César governou para valer os gigantescos domínios de Roma por apenas quatro anos, mas a influência do “Divino Júlio”, como seus conterrâneos passaram a conhecê-lo depois da morte, dura mais de dois milênios.
Ganhar fama de divino, aliás, era algo que andava nos planos da família de Caio Júlio César desde que Roma era Roma. Ou quase: há quem diga que, na verdade, a gens(família expandida ou clã, para os romanos) chamada Iulia viera de Alba Longa, uma cidade vizinha no Lácio. Seja como for, os orgulhosos antepassados de Caio Júlio diziam ter surgido de Iulus, um dos filhos de Enéias, o nobre troiano com pai mortal e mãe divina – ninguém menos que Vênus. “Assim, misturam-se à nossa raça a santidade dos reis, que tão poderosa influência exercem sobre os homens, e a majestade dos deuses, que mantêm debaixo de sua autoridade os próprios reis”, teria se vangloriado César, durante um discurso, de acordo com o historiador romano Suetônio, que viveu entre os anos 64 e 141.
Mania de grandeza à parte, o fato é que o jovem Júlio, nascido por volta do ano 100 a.C. (a data exata é um tanto controversa), não teve muita chance de alardear ou de lucrar nada com sua origem divina durante a juventude. A coisa mais esperta a fazer era ficar de boca fechada, porque ele cresceu durante um dos períodos mais turbulentos da história romana. Por séculos, a cidade-estado tinha sido governada pela esquisita mistura de oligarquia e democracia que os romanos chamavam de república, com o poder distribuído (desigualmente, é verdade) entre os legisladores do Senado, o “poder executivo” representado pelos cônsules e a pressão constante do povo romano, que participava de eleições e era representado pelos tribunos.
Esse sistema centenário e complicado não passou incólume pela onda expansionista que, durante os séculos 3 e 2 a.C., transformou Roma na senhora absoluta do Mediterrâneo. Os camponeses livres que antes formavam a base da sociedade, da economia e da força militar romana passaram a ficar cada vez mais para trás na competição com os grandes latifundiários e sua multidão de escravos capturados nas regiões dominadas. E, se o objetivo era conquistar, cada vez mais ter um comando militar significava ter o poder de fato, se não de direito. O resultado de toda essa mudança é que a vida política passou a se dividir em dois grupos informais. Eram os Optimates, o partido aristocrático, que não estava nem um pouco preocupado em aliviar os problemas sociais da nova superpotência, e os Populares, que reconheciam essa necessidade – no mínimo para tentar usar a seu favor a boa vontade do povo e do exército.
Ocorre que, assim como seu tio, o grande general Mário, César era um dos Populares – e eles sofreram um senhor golpe quando o líder aristocrático Sila derrotou Mário e se tornou o líder supremo da República em 82 a.C. Sila iniciou uma série de expurgos políticos depois de subir ao poder, e o jovem César precisou de uma boa dose de esperteza e sorte para escapar imaculado das perseguições. “Essa talvez seja a melhor explicação para o fato de César só ganhar destaque num momento relativamente tardio da sua vida. As circunstâncias fizeram com que pessoas do partido de Mário, como ele, fossem barradas pelo regime de Sila”, afirma o historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Talvez a ajuda de alguns amigos influentes entre a aristocracia tenha feito com que Sila poupasse a vida de César e o enviasse à Ásia para participar do cerco a Mitilene, uma cidade grega que havia se aliado ao maior inimigo de Roma na época, o rei Mitridates do Ponto (no atual mar Negro). Foi ali que ele conheceu o rei Nicomedes da Bitínia e iniciou com o nobre de origem helênica um relacionamento que muita gente chegou a considerar como amoroso.
Com ou sem esse caso de amor homossexual, o fato é que o período vivido na Ásia Menor foi uma experiência proveitosa para César. Como todos os jovens com aspirações políticas de seu tempo, ele se interessava por retórica e oratória, e decidiu partir para a ilha grega de Rodes para estudar os dois temas com os grandes mestres helênicos. É possível que sua fama de grande escritor (exemplificada pelos clássicos Da Guerra da Gália e Da Guerra Civil) se deva às lições que tomou nessa época.
Mas talvez o mais interessante tenha sido o que se deu durante a ida de César a Rodes. Se os escritores clássicos são dignos de crédito, a situação foi cinematográfica: capturado por piratas, o jovem César passou 40 dias em cativeiro enquanto aguardava seu resgate ser pago, conversando e brincando animadamente com seus captores e até exigindo que eles elevassem o valor que pediam por sua vida, por considerá-lo baixo demais. Em meio a toda essa camaradagem, contudo, César avisou que iria voltar depois de libertado e punir o bando todo. Claro que ninguém levou a ameaça a sério, mas a primeira coisa que o romano fez ao ser solto foi reunir uma frota, capturar os bandidos e mandar crucificá-los.
Como não há mal que sempre dure, Sila renunciou ao poder e morreu em 78 a.C., o que permitiu a César um retorno seguro a Roma e a possibilidade de iniciar uma carreira política. Logo tornou-se conhecido pela defesa de causas consideradas populares, como os direitos dos habitantes das províncias e a distribuição de terras a veteranos de guerras. Foi assim que ganhou seu primeiro comando militar importante, tornando-se procônsul da Hispânia – trecho da península Ibérica que englobava tanto áreas da Espanha quanto do atual Portugal.
César cumpriu com perfeição seu dever de pacificar os bárbaros locais, mas, conta o biógrafo grego Plutarco (que viveu no século 1), não estava satisfeito com o rumo de sua carreira até ali. Ao ler sobre os triunfos de Alexandre Magno, ele teria começado a chorar de repente. Seus amigos perguntaram qual era problema, e ele respondeu: “Não vos parece ser digno de tristeza que, na minha idade, Alexandre já era rei de tantos povos, enquanto eu ainda não consegui nenhum sucesso tão brilhante?”.
Verdade ou não, a anedota de Plutarco virou quase uma deixa para a ofensiva em busca do poder que César iniciou daí em diante. Ao lado de Crasso e Pompeu, dois aristocratas ambiciosos que haviam conseguido fama e influência graças a suas vitórias militares, César formou uma aliança que passaria a ser conhecida como o Primeiro Triunvirato. Ao contrário do que muita gente imagina, o nome nada tem a ver com um cargo oficial. Ao contrário: para os romanos da época, o acordo entre o trio virou sinônimo de uma panelinha secreta e sinistra, na qual cada um se dispunha a facilitar as ambições políticas do outro. Uma espécie de pacto de não-agressão.
Não demorou muito para que o acordo funcionasse em favor de César, que galgou o posto mais alto da República, o de cônsul, em 59 a.C. De quebra, ganhou o comando das províncias da Gália Cisalpina (a região da Itália entre os Alpes e o rio Pó) e do Illyricum, nos atuais Bálcãs. Nessa época, César soube que os helvécios, um povo celta aparentado dos gauleses, estava prestes a realizar uma migração em massa para a Gália, atravessando a rica província romana do sul da atual França (chamada até hoje de Provença) e pondo em risco, alegou ele em seus escritos, os aliados gauleses de Roma.
Mas é claro que as motivações de César e de Roma eram bem mais complexas: “O livro Da Guerra da Gália não é uma descrição isenta, mas uma obra de propaganda comum no processo de expansão romana. Ele apresenta a guerra como justa, como ação defensiva. Pura retórica de guerra”, afirma Norberto Luiz Guarinello, professor de história da Universidade de São Paulo (USP).
Além disso, a versão dos gauleses como sendo um bando de chefetes tribais, eternizada por Asterix (o célebre personagem das histórias em quadrinhos), simplesmente não corresponde à realidade da época. A influência greco-romana era sentida havia séculos na Gália e as tribos celtas tinham, por exemplo, abandonado em grande parte a monarquia em favor de magistrados eleitos anualmente, à maneira de qualquer cidade-estado que se prezasse no Mediterrâneo. Muitos gauleses, como a tribo dos Aedui, viam vantagens no domínio romano, cedendo aos invasores homens e suprimentos. “Os romanos aliavam-se às elites locais, numa estratégia de incorporação, primeiro dessas elites e, mais tarde, da população em geral”, diz Pedro Paulo.
A campanha da Gália, que se estendeu até 50 a.C., marcou o ápice dos triunfos militares de César, que levou o estandarte das legiões romanas para os confins do mundo conhecido pelos seus compatriotas como a Germânia, além do rio Reno e da Grã-Bretanha. Segundo Plutarco, acima de tudo, ele se mostrou um mestre em inspirar a devoção em seus soldados e encorajá-los a seguir em frente mesmo diante de obstáculos aparentemente intransponíveis. Seus discursos viravam lendas e ele não fugia dos campos de batalha, sendo um magnífico guerreiro quando a cavalo. Em menos de dez anos, a Gália caiu sob domínio romano. Não houve aldeia que permanecesse irredutível.
Nesse meio tempo, entretanto, o triunvirato tinha virado fumaça. Crasso morreu numa malfadada tentativa de conquistar os partos, donos de um império na Mesopotâmia e na Pérsia. Pompeu, antes genro de César, cortou boa parte dos laços que tinha com o sogro quando Júlia (a filha de César) morreu ao dar à luz. O bebê viveu apenas alguns dias. O Senado, a principal força política de Roma, passou a temer a influência ascendente de César e concedeu a Pompeu autoridade sobre os exércitos da República. Os políticos de Roma exigiram que César renunciasse a suas legiões se quisesse voltar à cidade. E isso ele jamais faria.
De volta da Gália, ao se aproximar do rio Rubicão, tradicional fronteira com a Itália, César teria pronunciado a frase famosa “Alea jacta est”, ou “a sorte está lançada”. Ao atravessar o curso de água com seu exército, declarava suas intenções. Os partidários de Pompeu, ligados aos Optimates, deixaram Roma e organizaram a resistência a César em diversos pontos nas províncias. A guerra civil, repetindo o que ocorrera nos tempos de Mário e Sila, havia começado.
A vitória de César, porém, não tardou. As forças de Pompeu foram derrotadas na Itália, na Espanha e nos Bálcãs. A batalha decisiva entre os dois rivais se deu em Farsália, na Tessália (norte da Grécia), e a derrota de Pompeu foi quase completa. O perdedor escapou para o Egito, mas foi perseguido por César, que provavelmente o teria poupado, mas os ministros de Ptolomeu, o rei-menino egípcio, assassinaram-no na tentativa de agradar ao general vitorioso. Os partidários de Pompeu ofereceram alguma resistência, mas foi só questão de tempo até César pacificar todo o império em 46 a.C.
O domínio de César sobre Roma tornou-se então indiscutível. Assumindo o título de ditador perpétuo (uma alteração do velho cargo romano de ditador, que dava poderes quase ilimitados a um indivíduo durante emergências), ele passou a mandar e desmandar na escolha das magistraturas da República. Contudo, seu governo foi extremamente conciliatório se comparado aos expurgos e perseguições promovidos por Sila. Ele fez questão de tentar atrair para sua esfera de influência muitos dos antigos aliados de Pompeu, perdoando-os. “Diferenciar-se de Sila era, a partir dos anos 60, explorar um perfil político próprio em Roma e favorecer uma visão suprafacciosa do político. César ficou famoso por sua clemência”, afirma Norberto, da USP. “A política de César foi sempre a da cooptação”, diz Pedro Paulo, da Unicamp.
Ninguém sabe dizer qual seria o próximo passo do ditador. Os Optimates acusavam-no de querer tornar-se rei, cargo odiado pelos romanos desde que haviam acabado com a monarquia, no século 6 a.C., mas outros relatos se referem ao fato de César ter recusado a coroa real oferecida a ele por seus partidários durante cerimônias públicas. “Mas a maioria dos historiadores concorda que César era uma figura mais autocrática”, afirma Pedro Paulo. Depois de tudo, é difícil que ele concordasse em se submeter ao Senado.
Seja como for, qualquer plano que pudesse ter existido foi por água abaixo quando conspiradores da facção aristocrática do Senado cercaram César nos fatídicos idos (dia 15) de março de 44 a.C. Uma porção de punhaladas tirou a vida do ditador, que tentou se defender usando o estilo (uma espécie de pena de metal usada para escrever).
Na morte, mais uma polêmica. O fato de Brutus, que participou do assassinato, ser tradicionalmente identificado com seu filho adotivo provavelmente é falso. “Um erro de tradução”, diz Pedro Paulo Funari. “O relato que restou da execução originalmente estava em grego e nele César usa a palavra têknon, que pode ser tanto ‘criança’ quanto ‘filho’, para se referir a Brutus. Depois a palavra foi traduzido como filius para o latim. Mas, aparentemente, na época téknon tinha um significado pejorativo”, afirma. Portanto, em vez de “Até tu, Brutus, meu filho!”, o que César provavelmente disse ao morrer foi “Você também, Brutus, seu moleque!”
O crime dos Optimates não salvou a República. De um novo triunvirato e de uma nova guerra civil emergiu vitorioso Caio Octaviano, ou Augusto, o sobrinho-neto de César que se tornaria o primeiro imperador romano.
Homens e mulheres
César casou quatro vezes e teve muitas amantes
A vida sexual dos poderosos é vasculhada desde que o mundo é mundo, e a de César foi das mais movimentadas. Em geral, a fama que se atribui ao conquistador da Gália também é a de um conquistador das mulheres. Seus soldados o chamavam de “o calvo adúltero” (antes de completar 50 anos, César perdera todo o cabelo). Ele se casou quatro vezes, com Cosútia (divorciou-se), Cornélia (ela morreu), Pompéia (divorciou-se) e Calpúrnia, que sobreviveu a César. Com Pompéia, viveu uma situação particular. Um jovem apaixonado por ela, Clódio, invadiu a casa de César enquanto era celebrada uma festa em honra de Bona Dea, uma deusa cujos rituais não podiam ser vistos por homens. Clódio disfarçou-se de mulher, mas foi flagrado, o que gerou um escândalo em Roma. César divorciou-se de Pompéia, mas não puniu Clódio. Diante do juiz, que quis saber, então, por que estava se separando, ele teria dito: “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. O mais tórrido e controverso affair do general parece ter sido mesmo o que teve com Cleópatra, que deixou de lado seu marido Ptolomeu para se entregar a César. Dizem que a rainha não era exatamente bonita, mas que seu charme, sua inteligência e cultura cativaram César de tal modo que ele a mandou trazer para Roma, alojando-a em sua própria casa. Da união dos dois teria nascido um filho, que ganhou o nome grego de Cesárion (a dinastia ptolomaica de Cleópatra era de origem macedônio-helênica). Pesam sobre César, ainda, rumores quanto a seus relacionamentos com outros homens. Em um debate no Senado, em que César parecia empenhado em defender os interesses do amigo Nicomedes (soberano que conhecera na Bitínia), alguém insinuou que “todos sabem o que tu deste a ele”. Os boatos eram tamanhos que as legiões de César, nas celebrações de suas vitórias em Roma, costumavam chamá-lo de “rainha da Bitínia”. Não que isso contribuísse para diminuí-lo aos olhos do povo, embora os romanos fossem menos tolerantes em relação ao homossexualismo que os gregos. “O importante é que o homem tivesse uma postura masculina, independentemente de ter relações com homens ou com mulheres”, diz Pedro Paulo Funari.
Grande guerreiro
César foi um opositor quenão poupou violência contra seusinimigos bárbaros ou romanos
Gália
César teve de enfrentar a complexa política de alianças que unia as tribos gaulesas a Roma e opunha outras à superpotência. Os gauleses tinham uma cavalaria soberba e eram guerreiros corajosos, mas pouco disciplinados, de acordocom os relatos do general. O pior dos combates, e o mais glorioso para César, ocorreu em Alésia. Ali, de acordo com Plutarco, César teve de fazer cerco a 170 mil gauleses numa fortaleza, enquanto 300 mil o cercaram do lado de fora. O general resolveu o impasse construindo uma dupla de muralhas, uma protegendo-o contra os de dentro da fortaleza, outra contra os de fora, e saiu vitorioso.
Bretanha
A imensa ilha, habitada por várias tribos celtas, algumas das quais aparentadas dos gauleses, jamais havia visto a chegada de um exército das grandes potências do Mediterrâneo antes do desembarque de César. Embora tenha perdido grande quantidade de homens por causa de naufrágios e tempestades, o general puniu os bretões pela ajuda prestada aos gauleses e venceu chefes tribais das atuais regiões inglesas de Kent e Essex, recebendo deles reconhecimento formal de submissão. O verdadeiro domínio romano ali,no entanto, só seria estabelecido mais tarde.
Farsália
A batalha decisiva contra Pompeu e as forças dos Optimates ocorreu nessa região da Tessália famosa por suas planícies e adequada para o combate a cavalo. Foi exatamente com essa arma que Pompeu, em maior número e com uma cavalaria muito bem armada, estava contando. César decidiu atacar antes do inimigo e, de acordo com Plutarco, ganhou a dianteira ao instruir seus soldados a ferir com lanças o rosto dos cavaleiros, jovens aristocratas que não queriam ficar desfigurados e, por isso, debandaram. A derrota de Pompeu, que fugiu para o Egito, foi completa: 6 mil mortos e 24 mil capturados.
Egito
O orgulhoso comportamento de César depois de sua chegada a Alexandria no encalço de Pompeu logo fez com que a guarda real e o populacho da cidade pedissem a cabeça do general ao jovem rei Ptolomeu. Cercado em seu palácio com uma pequena força de 4 mil homens, César teve de esperar a chegada de nova legião para tentar escapar. Os combates, centrados no mar e no porto de Alexandria, foram encarniçados, e em determinado momento César foi forçado a nadar para salvar a própria pele. Reforços vindos da Síria, no entanto, permitiram que o general derrotasse Ptolomeu, morto numa batalha, e entregasse o poder a Cleópatra, que se tornara sua amante. Antes de César
Roma durante a República: meio caminho andado
Império Máximo
A Roma de César: do Egito de Cleópatra à Bretanha do rei Arthur
Bom de boca
César e as frases que entraram para história
Quase tudo aquilo que se conhece sobre os detalhes mais pessoais e sobre os discursos feitos por César vem dos seus próprios escritos, nos quais relata a guerra contra os gauleses e as batalhas contra os exércitos de Pompeu. Outra fonte, talvez a principal, são os biógrafos clássicos, em especial Suetônio, na sua A Vida dos Doze Césares, e Plutarco, em Vidas Paralelas, um trabalho monumental que relata a trajetória comparada de Alexandre, o Grande, e de Júlio César. Desnecessário dizer que esses textos são tanto história como literatura, e que embelezavam e expandiam significativamente os supostos feitos e discursos do personagem famoso ao longo de sua carreira. Plutarco pinta-o como um predestinado pelos deuses, enquanto Suetônio apresenta uma visão mais crítica. É significativo, no entanto, notar que ambos os trabalhos retratam César como um escritor, frasista e orador extremamente talentoso. O seu “Veni, vidi, vici”, ou “Vim, vi e venci”, tornou-se sinônimo de competência e controle rápido de situações. Diante dos corpos dos Optimates em Farsália, conta-se que ele teria dito “Hoc voluerunt”, “Assim o quiseram” – como quem diz que os aristocratas poderiam ter evitado o banho de sangue se fossem menos intransigentes.
A herança de Júlio César
"O kaiser nasceuem julho durante uma cesariana"
Não entendeu nada? Talvez ajude saber que a palavra que designa o soberano alemão, o nome do mês “sete” e a operação que substitui o parto normal têm o mesmo patrono. Ele próprio, o “JC” de Roma. Apesar de ter governado seu povo por pouquíssimo tempo, o impacto de César sobre a história e a cultura ocidentais foi imenso e talvez inédito. A começar pelo calendário juliano, organizado sob sua supervisão, que estabeleceu as bases para a contagem do tempo que ainda usamos hoje e só foi alterado significativamente no século 16 da era cristã. O mês de julho empresta seu nome de César, divinizado por Augusto depois de sua morte. O governante ficou famoso por embelezar Roma e ser um patrono mão-aberta das artes na capital do mundo antigo, plantando as bases para as realizações nessa área que seu sucessor iria realizar poucos anos mais tarde.
A coroa real nunca chegou a adornar sua cabeça, mas seu nome virou sinônimo (literalmente) de imperador em alemão (kaiser) ou russo (czar ou tzar). Por último, várias anedotas costumam associar a prática da cesariana ao fato de que César só teria nascido graças a uma operação pioneira realizada em sua mãe.
Saiba mais
Livros
Júlio César, O Ditador Democrático, Luciano Canfora, Estação Liberdade, 2002 - A primeira obra, do historiador italiano Canfora, é uma excelente compilação de tudo aquilo que a historiografia contemporânea conseguiu nas suas interpretações dos atos, da vida e dos livros escritos por Júlio César. Principalmente no que se refere ao legado de sua influência sobre a cultura ocidental.
A Vida dos Doze Césares, Suetônio, Prestígio, 1998 - O leitor vai se divirtir com as saborosas e às vezes irônicas histórias do romano Suetônio
Alexandre e César, Plutarco, Prestígio, 2001 - De longe, ao lado de Suetônio, essa é a melhor das biógrafias de Júlio César. E a que mais contribuiu para a sobrevivência das tradições orais sobre a vida dos grandes personagens da Antiguidade clássica
A Vida Cotidiana na Roma Antiga, Anna blume, 2004 - Esta nova obra trata de um tema muitas vezes esquecido quando se fala em Império Romano: a vida das pessoas comuns. Há ótimos relatos sobre o lazer e as manifestações políticas das mulheres
http://guiadoestudante.abril.com.br/
Petra
Petra
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Petra (do grego πέτρα, petra; árabe: البتراء, Al-Bitrā/Al-Batrā) é um importante enclave arqueológico na Jordânia, situado na bacia entre as montanhas que formam o flanco leste de Wadi Araba, o grande vale que vai do mar Morto ao golfo de Aqaba, perto do monte Hor e do deserto de Zin. Em 7 de julho de 2007 foi considerada, numa cerimônia realizada em Lisboa, Portugal, uma das Novas sete maravilhas do mundo.
História
Antecedentes
A região onde se encontra Petra foi ocupada por volta do ano 1 200 a.C. pela tribo dos edomitas, recebendo o nome de Edom. Como a cidade se situava perto do monte Hor, é muito possível que os horitas, um povo mencionado na Bíblia (Gênesis 14:6, 36:20, Deuteronómio 2:12), habitassem essa região ainda antes da chegada dos edomitas. A região sofreu numerosas incursões por parte das tribos israelitas, mas permaneceu sob domínio edomita até à anexação pelo Império Aquemênida. A cidade de Petra era denominada Sela em edomita, nome que significa "pedra", "penhasco" ou "rocha" nessa língua; o nome grego πέτρα - Pétra e latino Petra - pedra, penhasco, é a tradução da palavra edomita. O nome árabe البتراء, Al-Bitrā ou Al-Batrā é a arabização do seu nome grego e latino.
Importante rota comercial entre a península Arábica e Damasco (Síria) durante o século VI a.C., Edom foi colonizada pelos nabateus (uma das tribos árabes), o que forçou os edomitas a mudarem-se para o sul da Palestina, que passou a ter o nome de Idumeia, nome derivado dos idumeus ou edomitas.
Fundação
O ano 312 a.C. é apontado como data do estabelecimento dos Nabateus no enclave de Petra e da nomeação desta como sua capital. Durante o período de influência helenística dos Selêucidas e dos Ptolomaicos, Petra e a região envolvente floresceram material e culturalmente, graças ao aumento das trocas comerciais pela fundação de novas cidades: Rabbath 'Ammon (a moderna Amã) e Gerasa (actualmente Jerash).
Devido aos conflitos entre Selêucidas e Ptolomaicos, os nabateus ganharam o controle das rotas de comércio entre a Arábia e a Síria. Sob domínio nabateu, Petra converteu-se no eixo do comércio de especiarias, servindo de ponto de encontro entre as caravanas provenientes de Aqaba e as de cidades de Damasco e Palmira.
O estilo arquitectónico dos nabateus, de influência greco-romana e oriental, revela a sua natureza activa e cosmopolita. Este povo acreditava que Petra se encontrava sob a protecção do deus dhû Sharâ (Dusares, em grego).
Época romana
Entre os anos 64 e 63 a.C., os territórios nabateus foram conquistados pelo general Pompeu e anexados ao Império Romano, na sua campanha para reconquistar as cidades tomadas pelos Hebreus. Contudo, após a vitória, Roma concedeu relativa autonomia a Petra e aos nabateus, sendo as suas únicas obrigações o pagamento de impostos e a defesa das fronteiras das tribos do deserto.
No entanto, em 106 d.C., Trajano retirou-lhes este estatuto, convertendo Petra e Nabateia em províncias sob o controlo directo de Roma (Arábia Pétrea). Adriano, seu sucessor, rebaptizou-a de Adriana Pétrea (Hadriana Petrae), em honra de si próprio.
Petra
Época bizantina
Em 380 d.C, o cristianismo converteu-se na religião oficial do Império Romano, o que teve as suas repercussões na região de Petra. Em 395, Constantino fundou o Império Bizantino, com capital em Constatinopla (actual Istambul).
Petra continuou a prosperar sob o seu domínio até o ano em que um terremoto destruiu quase metade da cidade. Contudo a cidade não morreu: após este acontecimento muitos dos edifícios "antigos" foram derrubados e reutilizados para a construção de novos, em particular igrejas e edifícios públicos.
Em 551, um segundo terremoto (mais grave que o anterior) destruiu a cidade quase por completo. Petra não conseguiu se recuperar desta catástrofe, pois a mudança nas rotas comerciais diminuíram o interesse de entreposto comercial da cidade.
As ruínas de Petra foram objecto de curiosidade a partir da Idade Média, atraíndo visitantes como o sultão Baibars do Egipto, no princípio do século XIII. O primeiro europeu a descobrir as ruínas de Petra foi Johann Ludwig Burckhardt (1812), tendo o primeiro estudo arqueológico científico sido empreendido por Ernst Brünnow e Alfred von Domaszewski, publicado na sua obra Die Provincia Arabia (1904). O nome Petra vem do grego e significa rocha. Pois quando os primeiros nativos chegaram lá, viram muitas pedras e rochas e, então surgiu a ideia de colocar o nome Petra e traduzido basicamente A cidade das rochas.
Petra nos dias de hoje
A 6 de dezembro de 1985, Petra foi reconhecida como Património da Humanidade pela UNESCO.
Em 2004, o governo jordano estabeleceu um contrato com uma empresa inglesa para construir uma auto-estrada que levasse a Petra tanto estudiosos como turistas.
A 7 de julho de 2007, foi eleita em Lisboa, no Estádio da Luz uma das Novas sete maravilhas do mundo.
Curiosidades
O edifício da Câmara do Tesouro, em Petra, foi utilizado como cenário no filme Indiana Jones e a Última Cruzada. O interior mostrado no filme não corresponde, no entanto, ao interior do dito edifício, tendo sido fabricado em estúdio.
O filme "Transformers 2" também teve cenas gravadas na cidade de Petra.
No filme "Mortal Kombat: A Aniquilição", Rayden entra para falar com os Deuses Antigos, onde foi também gravado na cidade de Petra.
Petra é famosa principalmente pelos seus monumentos escavados na rocha, que apresentam fachadas de tipo helenístico (como o célebre El Khazneh).
Peritos no domínio da hidráulica, os Nabateus dotaram a cidade de um enorme sistema de túneis e de câmaras de água. Um teatro, construído à imagem dos modelos greco-romanos, dispunha de capacidade para 4000 espectadores.
Tintim, herói da banda desenhada belga, visita Petra no álbum de banda desenhada Coke en stock ("Carvão no Porão").
Em novembro de 2009, a cidade de Petra foi palco para a novela brasileira "Viver a Vida (telenovela)" de Manoel Carlos. Entre os destaques na cidade, foi realizado o Petra Fashion Days, desfile de moda a céu aberto em frente as ruinas da Câmara do Tesouro (Al Khazneh). Na verdade o desfile não foi realizado no local.
domingo, 27 de março de 2016
PMDB prepara planos para novo governo se Dilma sofrer impeachment, diz Estadão
PMDB prepara planos para novo governo se Dilma sofrer impeachment, diz Estadão
domingo, 27 de março de 2016
(Reuters) - O PMDB já trabalha em um plano que inclui um amplo corte de políticas sociais para o caso de a presidente Dilma Rousseff sofrer impeachment e o partido formar um novo governo liderado pelo atual vice-presidente, Michel Temer, disse o jornal O Estado de S. Paulo neste domingo.
O PMBD avalia possíveis mudanças em benefícios, incluindo o programa de habitação Minha Casa Minha Vida, em uma aposta no corte de gastos para restabelecer o equilíbrio fiscal, segundo a reportagem.
“Avaliamos medidas da área social que possam beneficiar a população, combater a pobreza e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio fiscal e a saúde das contas públicas: são medidas que já foram usadas no Brasil, que são adotadas em vários países”, disse Moreira Franco, ex-ministro do governo Dilma nas pastas de Assuntos Estratégicos e da Aviação Civil.
Segundo ele, que é próximo ao vice-presidente Michel Temer, já há consenso que é preciso rever subsídios, como o uso do FGTS a fundo perdido para financiar o Minha Casa, Minha Vida. “Isso precisa ser enfrentado antes que vire um grande problema: estão levando o uso do FGTS ao limite”.
A reportagem afirma que também será revista a concessão de subsídios empresariais e setoriais, que passariam a ter metas de desempenho e prazos pré-definidos.
Ainda de acordo com o jornal, estariam cotados para o Ministério da Fazenda em um eventual governo do PMDB o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o economista Armínio Fraga.
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
domingo, 27 de março de 2016
(Reuters) - O PMDB já trabalha em um plano que inclui um amplo corte de políticas sociais para o caso de a presidente Dilma Rousseff sofrer impeachment e o partido formar um novo governo liderado pelo atual vice-presidente, Michel Temer, disse o jornal O Estado de S. Paulo neste domingo.
O PMBD avalia possíveis mudanças em benefícios, incluindo o programa de habitação Minha Casa Minha Vida, em uma aposta no corte de gastos para restabelecer o equilíbrio fiscal, segundo a reportagem.
“Avaliamos medidas da área social que possam beneficiar a população, combater a pobreza e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio fiscal e a saúde das contas públicas: são medidas que já foram usadas no Brasil, que são adotadas em vários países”, disse Moreira Franco, ex-ministro do governo Dilma nas pastas de Assuntos Estratégicos e da Aviação Civil.
Segundo ele, que é próximo ao vice-presidente Michel Temer, já há consenso que é preciso rever subsídios, como o uso do FGTS a fundo perdido para financiar o Minha Casa, Minha Vida. “Isso precisa ser enfrentado antes que vire um grande problema: estão levando o uso do FGTS ao limite”.
A reportagem afirma que também será revista a concessão de subsídios empresariais e setoriais, que passariam a ter metas de desempenho e prazos pré-definidos.
Ainda de acordo com o jornal, estariam cotados para o Ministério da Fazenda em um eventual governo do PMDB o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o economista Armínio Fraga.
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
quinta-feira, 24 de março de 2016
APELIDOS Eis alguns apelidos atribuídos aos políticos nos documentos da Odebrecht, vários com conteúdo derrogatório:
APELIDOS
Eis alguns apelidos atribuídos aos políticos nos documentos da Odebrecht, vários com conteúdo derrogatório:
Jaques Wagner: Passivo
Eduardo Cunha: Carangueijo
Renan (Calheiros): Atleta
José Sarney: Escritor
Eduardo Paes: Nervosinho
Humberto Costa: Drácula
Lindbergh Farias: Lindinho
Manuela D’Ávila: Avião
Eis alguns apelidos atribuídos aos políticos nos documentos da Odebrecht, vários com conteúdo derrogatório:
Jaques Wagner: Passivo
Eduardo Cunha: Carangueijo
Renan (Calheiros): Atleta
José Sarney: Escritor
Eduardo Paes: Nervosinho
Humberto Costa: Drácula
Lindbergh Farias: Lindinho
Manuela D’Ávila: Avião
Documentos da Odebrecht listam mais de 200 políticos e valores recebidos
Esses são alguns dos políticos brasileiros a qual depositamos a nossa confiança para que administrassem o nosso PAÍS. Vejam o resultado do Brasil da Impunidade,
CLICK EM CIMA DA IMAGEM.
quarta-feira, 23 de março de 2016
Linha sucessória de Dilma tem três citados na Lava Jato
BBC
23/03/2016
AP/Reuters/AFP
Pela constituição, depois do vice, presidente da Câmara e do Senado podem assumir presidência
Os três políticos na linha sucessória de um possível cenário de fim prematuro do mandato de Dilma Rousseff estão entre os citados na Operação Lava Jato.
Pela lei brasileira, o vice-presidente, o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado, nesta ordem, assumem a Presidência em uma possibilidade, teórica, de "efeito dominó" no principal cargo do país.
"Não vai ser uma mudança política que vai arrefecer o ímpeto dos investigadores da Lava Jato", diz à BBC Brasil Rogério Arantes, professor de Ciências Políticas da USP.
"Mas tudo vai depender dos desdobramentos das investigações. E também de como articulação política vai se dar nesse caso, ou seja, se uma eventual destituição da presidente virá acompanhada de uma blindagem do vice", ressalva ele.
Milton Lahuerta, cientista político da Unesp de Araraquara, acredita que deva haver "uma acomodação das forças políticas" em um eventual governo de Temer.
A BBC Brasil listou as principais acusações que pesam contra as três personalidades políticas da linha sucessória de Dilma: o vice-presidente, Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, todos do PMDB.
Na impossibilidade de esses três assumirem, o quarto na linha de sucessão seria o presidente do Supremo Tribunal Federal, cargo atualmente ocupado pelo ministro Ricardo Lewandowski.
1) Michel Temer
O vice-presidente Michel Temer, que assumiria a Presidência da República em caso de impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff, foi citado nos desdobramentos da operação Lava Jato.
Na delação premiada que firmou com o Ministério Público Federal, o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou que o vice articulou a indicação de Jorge Zelada para o cargo de diretor da área internacional da Petrobras e de João Augusto Henriques para a BR Distribuidora.
Zelada, apontado como o elo do PMDB no esquema, foi condenado a 12 anos de prisão. Temer disse que não participou das indicações, e o PMDB nega ter participação no caso.
"As indicações foram feitas pela bancada do PMDB de Minas Gerais. O vice-presidente não tinha nenhum contato com essas duas pessoas", afirmou a assessoria de imprensa de Temer na ocasião.
As denúncias feitas na delação de Delcídio ainda precisam ser investigadas. Em agosto do ano passado, Temer também foi citado pelo lobista Júlio Camargo, um dos principais delatores do esquema e ex-consultor da empresa Toyo Setal.
Camargo afirmou que o lobista Fernando Soares era conhecido por representar o PMDB, o que incluiria Cunha, Calheiros e Temer.
Segundo as investigações, Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, teria sido responsável por intermediar o pagamento de propina combinada com Camargo para facilitar um contrato de aquisição de navios-sonda pela Petrobras com a coreana Samsung Heavy Industries Co. Temer nega conhecer Baiano e Camargo.
Além disso, segundo indícios reunidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer teria recebido R$ 5 milhões do dono da construtora OAS, José Adelmário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro, um dos empreiteiros condenados pelo escândalo da Petrobras.
A menção ao pagamento está em uma troca de mensagens entre Pinheiro e Eduardo Cunha. Nela, o Cunha se queixa de que o empreiteiro fez o repasse a Temer, mas não a outros líderes peemedebistas.
Temer nega ter se beneficiado de "qualquer recurso de origem ilícita".
2) Eduardo Cunha
Segundo na linha de sucessão, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assumiria a Presidência interinamente caso Dilma e Temer deixem o poder.
Se isso acontecer até dezembro deste ano, novas eleições diretas teriam de ser convocadas em 90 dias, como manda a Constituição - ou seja, um novo presidente seria escolhido pela população.
Passado esse prazo, o pleito seria indireto e teria de ser realizado em 30 dias. Nesse caso, o Congresso escolheria um novo mandatário para o país. Mas a possibilidade de Cunha assumir a Presidência é remota, ressaltam analistas.
"Processos de cassação costumam demorar muito tempo no TSE (onde a chapa Dilma-Temer é questionada pela oposição). Além disso, Cunha já não mais será presidente da Câmara no ano que vem (o mandato dele termina em fevereiro)", pondera o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, à BBC Brasil.
"E não podemos descartar que ele pode vir a ser cassado", completa. Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
De acordo com as investigações, ele teria recebido propinas para viabilizar obras na estatal e mantido contas não declaradas no exterior.
No início deste mês, Cunha se tornou réu no STF. Foi a primeira ação aberta pela corte na operação Lava Jato. Como deputado, Cunha tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo.
A decisão aumenta o potencial de ele ser afastado do comando da Câmara e até perder o mandato, ainda que ele conte com grande apoio entre os deputados.
A acusação principal é de que Cunha teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.
A propina teria sido contrapartida por dois contratos, no valor de US$ 1 bilhão, entre a Petrobras e as empresas Samsung Heavy Industries e a japonesa Mitsui. Ao todo, segundo a PGR, foram acertados US$ 40 milhões a políticos e funcionários da estatal. O dinheiro teria abastecido contas secretas de Cunha no exterior.
Na Câmara, o peemedebista enfrenta uma representação apresentada pelo PSOL e pela Rede por quebra de decoro parlamentar.
Os partidos acusam Cunha de ter mentido à CPI da Petrobras quando, em março do ano passado, afirmou não ter contas no exterior. Documentos do Ministério Público da Suíça apontaram, no entanto, a existência de contas ligadas a ele naquele país.
Cunha nega todas as acusações e diz que não era titular de contas, mas era apenas beneficiário de um trust (estrutura criada para administrar recursos) no exterior.
3) Renan Calheiros
Terceiro na linha sucessória de Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também está citado nas investigações da Lava Jato.
Há duas semanas, a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura do sétimo inquérito para investigar Calheiros.
A Procuradoria quer saber se o senador cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em razão de suspeitas apontadas pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará.
Para o órgão, há suspeita de repasse, "de forma oculta e disfarçada, de vantagem pecuniária indevida ao parlamentar".
Na delação, Ceará afirmou que outro doleiro, Alberto Youssef, teria prometido dar R$ 2 milhões a Calheiros para evitar a instalação de "uma CPI da Petrobras".
Entre janeiro e fevereiro de 2014, acrescentou o delator, Youssef disse a ele para pegar R$ 1 milhão em Recife (PE) e levar para Calheiros em Maceió. O dinheiro seria parte de dívida da construtora Camargo Corrêa com Youssef.
Youssef negou que tenha dito que o dinheiro era para o senador. Em nota, Calheiros negou conhecer o doleiro ou Ceará.
O senador também é alvo de outros seis inquéritos na Lava Jato e de uma denúncia envolvendo uma ex-amante.
Ele é suspeito de peculato (desvio de dinheiro público), uso de documento falso e falsidade ideológica por supostamente ter apresentado notas fiscais falsas para comprovar ter renda suficiente para pagar as despesas de uma filha que teve fora do casamento. As suspeitas são de que esses valores teriam sido pagos, na verdade, por uma empreiteira.
A denúncia, que foi liberada para julgamento pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin, ainda aguarda para ser colocada na pauta do plenário pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. Se for aceita, Calheiros viraria réu. O pedido corre sob segredo de Justiça, e o senador diz já ter dado todas as explicações sobre o caso.
http://noticias.uol.com.br/
23/03/2016
AP/Reuters/AFP
Pela constituição, depois do vice, presidente da Câmara e do Senado podem assumir presidência
Os três políticos na linha sucessória de um possível cenário de fim prematuro do mandato de Dilma Rousseff estão entre os citados na Operação Lava Jato.
Pela lei brasileira, o vice-presidente, o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado, nesta ordem, assumem a Presidência em uma possibilidade, teórica, de "efeito dominó" no principal cargo do país.
"Não vai ser uma mudança política que vai arrefecer o ímpeto dos investigadores da Lava Jato", diz à BBC Brasil Rogério Arantes, professor de Ciências Políticas da USP.
"Mas tudo vai depender dos desdobramentos das investigações. E também de como articulação política vai se dar nesse caso, ou seja, se uma eventual destituição da presidente virá acompanhada de uma blindagem do vice", ressalva ele.
Milton Lahuerta, cientista político da Unesp de Araraquara, acredita que deva haver "uma acomodação das forças políticas" em um eventual governo de Temer.
A BBC Brasil listou as principais acusações que pesam contra as três personalidades políticas da linha sucessória de Dilma: o vice-presidente, Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, todos do PMDB.
Na impossibilidade de esses três assumirem, o quarto na linha de sucessão seria o presidente do Supremo Tribunal Federal, cargo atualmente ocupado pelo ministro Ricardo Lewandowski.
1) Michel Temer
O vice-presidente Michel Temer, que assumiria a Presidência da República em caso de impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff, foi citado nos desdobramentos da operação Lava Jato.
Na delação premiada que firmou com o Ministério Público Federal, o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou que o vice articulou a indicação de Jorge Zelada para o cargo de diretor da área internacional da Petrobras e de João Augusto Henriques para a BR Distribuidora.
Zelada, apontado como o elo do PMDB no esquema, foi condenado a 12 anos de prisão. Temer disse que não participou das indicações, e o PMDB nega ter participação no caso.
"As indicações foram feitas pela bancada do PMDB de Minas Gerais. O vice-presidente não tinha nenhum contato com essas duas pessoas", afirmou a assessoria de imprensa de Temer na ocasião.
As denúncias feitas na delação de Delcídio ainda precisam ser investigadas. Em agosto do ano passado, Temer também foi citado pelo lobista Júlio Camargo, um dos principais delatores do esquema e ex-consultor da empresa Toyo Setal.
Camargo afirmou que o lobista Fernando Soares era conhecido por representar o PMDB, o que incluiria Cunha, Calheiros e Temer.
Segundo as investigações, Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, teria sido responsável por intermediar o pagamento de propina combinada com Camargo para facilitar um contrato de aquisição de navios-sonda pela Petrobras com a coreana Samsung Heavy Industries Co. Temer nega conhecer Baiano e Camargo.
Além disso, segundo indícios reunidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer teria recebido R$ 5 milhões do dono da construtora OAS, José Adelmário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro, um dos empreiteiros condenados pelo escândalo da Petrobras.
A menção ao pagamento está em uma troca de mensagens entre Pinheiro e Eduardo Cunha. Nela, o Cunha se queixa de que o empreiteiro fez o repasse a Temer, mas não a outros líderes peemedebistas.
Temer nega ter se beneficiado de "qualquer recurso de origem ilícita".
2) Eduardo Cunha
Segundo na linha de sucessão, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assumiria a Presidência interinamente caso Dilma e Temer deixem o poder.
Se isso acontecer até dezembro deste ano, novas eleições diretas teriam de ser convocadas em 90 dias, como manda a Constituição - ou seja, um novo presidente seria escolhido pela população.
Passado esse prazo, o pleito seria indireto e teria de ser realizado em 30 dias. Nesse caso, o Congresso escolheria um novo mandatário para o país. Mas a possibilidade de Cunha assumir a Presidência é remota, ressaltam analistas.
"Processos de cassação costumam demorar muito tempo no TSE (onde a chapa Dilma-Temer é questionada pela oposição). Além disso, Cunha já não mais será presidente da Câmara no ano que vem (o mandato dele termina em fevereiro)", pondera o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, à BBC Brasil.
"E não podemos descartar que ele pode vir a ser cassado", completa. Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
De acordo com as investigações, ele teria recebido propinas para viabilizar obras na estatal e mantido contas não declaradas no exterior.
No início deste mês, Cunha se tornou réu no STF. Foi a primeira ação aberta pela corte na operação Lava Jato. Como deputado, Cunha tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo.
A decisão aumenta o potencial de ele ser afastado do comando da Câmara e até perder o mandato, ainda que ele conte com grande apoio entre os deputados.
A acusação principal é de que Cunha teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.
A propina teria sido contrapartida por dois contratos, no valor de US$ 1 bilhão, entre a Petrobras e as empresas Samsung Heavy Industries e a japonesa Mitsui. Ao todo, segundo a PGR, foram acertados US$ 40 milhões a políticos e funcionários da estatal. O dinheiro teria abastecido contas secretas de Cunha no exterior.
Na Câmara, o peemedebista enfrenta uma representação apresentada pelo PSOL e pela Rede por quebra de decoro parlamentar.
Os partidos acusam Cunha de ter mentido à CPI da Petrobras quando, em março do ano passado, afirmou não ter contas no exterior. Documentos do Ministério Público da Suíça apontaram, no entanto, a existência de contas ligadas a ele naquele país.
Cunha nega todas as acusações e diz que não era titular de contas, mas era apenas beneficiário de um trust (estrutura criada para administrar recursos) no exterior.
3) Renan Calheiros
Terceiro na linha sucessória de Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também está citado nas investigações da Lava Jato.
Há duas semanas, a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura do sétimo inquérito para investigar Calheiros.
A Procuradoria quer saber se o senador cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em razão de suspeitas apontadas pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará.
Para o órgão, há suspeita de repasse, "de forma oculta e disfarçada, de vantagem pecuniária indevida ao parlamentar".
Na delação, Ceará afirmou que outro doleiro, Alberto Youssef, teria prometido dar R$ 2 milhões a Calheiros para evitar a instalação de "uma CPI da Petrobras".
Entre janeiro e fevereiro de 2014, acrescentou o delator, Youssef disse a ele para pegar R$ 1 milhão em Recife (PE) e levar para Calheiros em Maceió. O dinheiro seria parte de dívida da construtora Camargo Corrêa com Youssef.
Youssef negou que tenha dito que o dinheiro era para o senador. Em nota, Calheiros negou conhecer o doleiro ou Ceará.
O senador também é alvo de outros seis inquéritos na Lava Jato e de uma denúncia envolvendo uma ex-amante.
Ele é suspeito de peculato (desvio de dinheiro público), uso de documento falso e falsidade ideológica por supostamente ter apresentado notas fiscais falsas para comprovar ter renda suficiente para pagar as despesas de uma filha que teve fora do casamento. As suspeitas são de que esses valores teriam sido pagos, na verdade, por uma empreiteira.
A denúncia, que foi liberada para julgamento pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin, ainda aguarda para ser colocada na pauta do plenário pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. Se for aceita, Calheiros viraria réu. O pedido corre sob segredo de Justiça, e o senador diz já ter dado todas as explicações sobre o caso.
http://noticias.uol.com.br/
sábado, 19 de março de 2016
Apoio ao impeachment de Dilma sobe para 68% e aumenta rejeição a Lula, diz Datafolha
Apoio ao impeachment de Dilma sobe para 68% e aumenta rejeição a Lula, diz Datafolha
sábado, 19 de março de 2016
(Reuters) - Aumentou para 68 por cento a parcela da população favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, 8 pontos percentuais a mais do que em fevereiro, mostrou no sábado pesquisa do Datafolha no site do jornal Folha de S.Paulo.
Também cresceu o número dos que acham que Dilma deveria renunciar, para 65 por cento, ante 58 por cento em fevereiro.
Os que são contrários ao impeachment somam agora 27 por cento, 6 pontos a menos do que no mês passado.
O aumento do apoio pelo impeachment e renúncia de Dilma acontece na sequência das grandes manifestações populares contra o governo, novas denúncias da delação premiada do senador Delcídio do Amaral e a divulgação de áudios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo um com a própria presidente.
Segundo o Datafolha, o apoio pelo afastamento da presidente aumentou em todos os segmentos pesquisados.
Em setembro de 1992, pouco antes do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, 75 por cento eram favoráveis ao impedimento do presidente, enquanto 18 por cento eram contrários.
Mas apesar do grande apoio pela saída de Dilma, apenas 16 por cento acreditam que um eventual governo do vice-presidente Michel Temer seria ótimo ou bom, enquanto 35 por cento veem esse possível governo como ruim ou péssimo. A rejeição a Lula atingiu o recorde de 57 por cento, numa semana em que foram divulgados telefonemas gravados com autorização da Justiça nos quais o ex-presidente critica políticos e instituições.
Segundo o Datafolha, mesmo entre os mais pobres a rejeição já atingiu 49 por cento, chegando a 74 por cento entre os que ganham dez ou mais salários mínimos.
O levantamento mostrou também que para 68 por cento, Lula só aceitou o cargo de chefe da Casa Civil para ter foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal e escapar das ações do juiz Sergio Moro na Lava Jato. A posse de Lula no cargo foi suspensa por liminar do ministro do STF Gilmar Mendes.
Apesar disso, em pergunta com resposta espontânea sobre quem foi o melhor presidente do país, Lula ainda lidera, com 35 por cento, seguido por Fernando Henrique Cardoso, com 16 por cento.
O Datafolha ouviu 2.794 eleitores nos dias 17 e 18, em 171 municípios de todo o país.
(Por Alexandre Caverni)
© Thomson Reuters 2016 All rights reserved.
Assinar:
Postagens (Atom)