Konstantinos - Uranus

sexta-feira, 20 de março de 2015

A Menina Que Roubava Livros, Markus Zusak


Livro e Filme
A Menina Que Roubava Livros
 Markus Zusak

A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família.
Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ensina a ler. Em tempos de livros incendiados, o gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito.
A vida na rua Himmel é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um jovem judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela história. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa desse duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto — e raro — de crítica e público.




A Menina que Roubava Livros Filme
Lançamento 31 de janeiro de 2014 (2h11min)
Dirigido por Brian Percival
Com Geoffrey Rush, Emily Watson, Sophie Nélisse mais
Gênero Drama
Nacionalidade EUA , Alemanha

Sinopse e detalhes
Não recomendado para menores de 10 anos
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
Título original
The Book Thief
Distribuidor
FOX FILMES
Bilheterias Brasil
1.362.395 ingressos
Ano de produção
2013
Orçamento
35 000 000 $
Adaptação de obra homônima de Markus Zusak, A Menina que Roubava Livros conta a história da jovem Liesel Meminger, uma garota que vive com os pais adotivos na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Apaixonada por livros, ela acaba desenvolvendo o hábito de "roubar" obras para ler para o amigo Max, um judeu que mora clandestinamente em sua casa.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Exercícios a serem resolvidos 8° ANOS A e B ( Universidade Infantil ) sobre Revolução Gloriosa, Iluminismo e Independência dos EUA.

 Exercícios Resolvidos 8° ANOS A e B ( Universidade Infantil ) sobre Revolução Gloriosa, Iluminismo e Independência dos EUA.

1. (UDESC 2010)
Assinale a alternativa correta em relação à Revolução Inglesa, conhecida também por Revolução Gloriosa.
A) O Liberalismo inglês foi derrotado, e os burgueses, contrários a ele, foram chamados a participar do governo.
B) Os ingleses, depois de muitas lutas, conseguiram fazer um Monarca se submeter a uma Carta de Princípios elaborada pelo Parlamento.
C) O Absolutismo inglês, muito mais antigo e vigoroso que o francês, fortaleceu-se ainda mais após a Revolução.
D) A glória da Revolução consistia em produzir um novo regime de forma pacífica, sem mortes, quando os problemas sociais há muito já tinham sido resolvidos.
E) A industrialização depois da Revolução foi lenta e tardia.

2. (Fatec-SP) Guilherme de Orange foi proclamado rei com o nome de Guilherme III, depois de ter assinado o Bill of Rights, com as limitações impostas pelo Parlamento à monarquia. Sobre essas limitações é correto dizer que:
a) instituíam um ministério composto pela nobreza latifundiária e a burguesia urbana.
b) instituíam o anglicanismo como religião oficial da Inglaterra e a tolerância a todos os cultos, o que foi confirmado pelo rei, apesar de ele católico extremado.
c) combatiam a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a propriedade privada.
d) dispensavam a aprovação das Câmaras para o aumento dos impostos.
e) configuraram um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional.

3.(FUVEST) No século XVII, a Inglaterra conheceu convulsões revolucionárias que culminaram com a execução de um rei (1649) e a deposição de outro (1688). Apesar das transformações significativas terem se verificado na primeira fase, sob Oliver Cromwell, foi o período final que ficou conhecido como "Revolução Gloriosa". Isto se explica porque:
a) em 1688, a Inglaterra passara a controlar totalmente o comércio mundial tornando-se a potência mais rica da Europa.
b) auxiliada pela Holanda, a Inglaterra conseguiu conter em 1688 forças contra-revolucionárias que, no continente, ameaçavam as conquistas de Cromwell.
c) mais que a violência da década de 1640, com suas execuções, a tradição liberal inglesa desejou celebrar a nova monarquia parlamentar consolidada em 1688.
d) as forças radicais do movimento, como Cavadores e Niveladores, que assumiram o controle do governo, foram destituídas em 1688 por Guilherme de Orange.
e) só então se estabeleceu um pacto entre a aristocracia e a burguesia, anulando-se as aspirações políticas da "gentry".

4. (PUC) A Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra em 1688:
a) estabeleceu a ditadura puritana de Cromwell;
b) estabeleceu uma república constitucional;
c) estabeleceu a supremacia do poder parlamentar sobre o poder monárquico;
d) derrubou a ditadura de Cromwell, restabelecendo a Monarquia;
e) fortaleceu o poder monárquico, ameaçado pelo Parlamento.

5. (VUNESP) O "Ato de Navegação" de 1651 teve importância e conseqüências consideráveis na história da Inglaterra porque:
a) favoreceu a Holanda, que obtinha grandes lucros com o comércio inglês;
b) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou ditador;
c) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima inglesa no mundo;
d) considerava o trabalho como verdadeira fonte de riqueza nacional;
e) abolia todas as práticas protecionistas.

6. Qual das alternativas abaixo define melhor o que foi o Iluminismo?
A - Foi um movimento artístico do século XVI que revolucionou as artes plásticas na Europa.
B - Foi um movimento popular que criticava o absolutismo e defendia um governo comandado pela Igreja Católica.
C - Foi um movimento filosófico e educacional ocorrido na Europa do século XVII, que pregava a universalização do ensino (escola para todos).
D - Foi um movimento cultural ocorrido na Europa do século XVIII que defendia a razão e combatia o regime absolutista.

 7. Qual das alternativas abaixo apresenta apenas posições e ideais defendidos pelos iluministas?
A - Defesa do regime absolutista, valorização do Mercantilismo; aumento do poder político dos membros da Igreja Católica.
B - Substituição do misticismo e crenças pela ciência; antropocentrismo; críticas ao Mercantismo e Absolutismo.
C - Fim de qualquer forma de governo; valorização das explicações baseadas nas crenças populares; sistema econômico controlado totalmente pelo Estado.
D - Aumento do poder das metrópoles sobre as colônias; criação de sistema de eleições diretas para escolher os reis; igualdade social (divisão igualitária dos bens e propriedades,

8. O pensamento iluminista influenciou vários movimentos sociais que ocorreram no século XVIII. Qual das alternativas abaixo apresenta movimentos sociais que receberam influência dos ideais do Iluminismo?
A - Revolução Russa, Revoltas Camponesas na Idade Média, Revolução Liberal do Porto.
B - Revolução Farroupilha, Revolução Industrial, Guerra Civil Espanhola.
C - Independências das colônias africanas, Guerra Civil dos Estados Unidos e Independência do Brasil. 
D - Revolução Francesa, Independência dos Estados Unidos e Inconfidência Mineira.

9. Qual das alternativas abaixo apresenta nomes de importantes filósofos iluministas.
A - Alberto Magno, Aristóteles, Karl Marx e Norberto Bobbio.
B - Leonardo Boff, Giordano Bruno, Albert Camus e Augusto Comte.
C - Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot.
D - Umberto Eco, Epicuro, Paulo Freire e Thomas Hobbes.

10. Qual das alternativas abaixo apresenta importantes causas da Independência dos EUA (1776)?
A - Comércio das colônias americanas com outros países e a proibição da prática da agricultura.
B - O poder que a Inglaterra (metrópole) exercía sobre sua colônia, através da fiscalização, altas taxas e impostos e leis que tiravam a liberdade dos habitantes.
C - Proibição das práticas religiosas nas colônas americanas.
D - Relações comercias entre Inglaterra e França que não eram aprovadas pelos habitantes das colônias americanas.

11. Qual das alternativas abaixo apresenta três leis criadas pela Inglatera e aplicadas nas colônias americanas, que geraram forte descontentamento entre os colonos e influenciaram no processo de Independências dos EUA?
A - Lei da Água, Lei do Café e Lei do Trabalho Escravo.
B - Lei do Milho, Lei do Algodão e Lei da Soja.
C - Lei da Indústria, Lei dos Sapatos e Lei dos Tecidos.
D - Lei do Chá, Lei do Selo e Lei do Açúcar

12. O que foi a Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party) ?
A - Festa realizada entre colonos americanos e marinheiros ingleses, como forma de comemoração pela Independência dos Estados Unidos.
B - Protesto organizado por escravos americanos contra o domínio inglês e as péssimas condições de trabalho.
C - Protesto ocorrido em Boston, realizado por colonos americanos contra a Inglaterra. No evento, vários colonos americanos jogaram ao mar o carregamento de chá de um navio inglês.
D - Movimento social e político ocorrido nas colônias americanas, organizado por trabalhadores com o objetivo de implantar um reinado inglês em território colonial.
13. Qual foi o principal documento elaborado no contexto da Independência dos Estados Unidos e quem foi seu redator?
A - Declaração de Independência dos Estados Unidos da América redigida por Thomas Jefferson.
B - Declaração de Independência dos Estados Unidos da América redigida por George Washington.
C - Constituição dos Estados Unidos da América, redigida por Thomas Jefferson.
D - Lei Federal das Treze Colônias, redigida por Abraham Lincoln

14. Qual das alternativas abaixo apresenta uma importante característica do processo de Independência dos EUA?
A - O processo de independência foi pacífico, pois a Inglaterra reconheceu de imediato (em 1776) a independência dos EUA.
B - A Inglaterra não aceitou a independência das colônias americanas. Houve a Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha.
C - Para evitar a independência de suas colônias norte-americanas, a Inglaterra contou com o apoio militar da Espanha, França e Holanda.
D - A Independência dos Estados Unidos não recebeu nenhuma influência do Iluminismo.

 Exercícios a serem  resolvidos 8° ANOS A e B ( Universidade Infantil ) sobre Revolução Gloriosa, Iluminismo e Independência dos EUA. Professor Alarcon.( entregar ao professor em sala)

'Islamofobia virou ideologia rotineira na França', analisa autor de livro sobre muçulmanos


Entrevistas e perfis
'Islamofobia virou ideologia rotineira na França', analisa autor de livro sobre muçulmanos
Lamia Oualalou | Rio de Janeiro - 14/12/2014
Crescimento da extrema-direita tem outros motivos além da crise econômica, diz Edwy Plenel, que lamenta dificuldade francesa com a pluralidade
     
Qual é hoje o principal problema da França? A dificuldade de adaptar o bem-sucedido modelo socioeconômico do Estado Providência à crise econômica e ao envelhecimento da população? A crise política na nação que inventou a Revolução, dois séculos atrás? Nada disso. Basta ler a imprensa francesa para perceber que, para a maioria dos políticos e dos intelectuais, o principal problema é o papel do Islã na sociedade e sua suposta incompatibilidade com valores democráticos.

É neste contexto que surge o livro “Pour les musulmans”, (“Para os muçulmanos”), publicado pelo jornalista e escritor Edwy Plenel. “Está se criando uma ‘questão muçulmana’ na França, tal como se criou a ‘questão judia’ há mais de um século”, explica Plenel, que foi diretor do diário Le Monde antes de lançar, em 2008, o Mediapart, primeiro jornal on-line do país. Sendo um dos jornalistas mais importantes da França, o livro provocou um intenso debate sobre a discriminação sofrida pelos muçulmanos. Leia a entrevista abaixo.

Jornalista e escritor Edwy Plenel: 'É claro que a xenofobia e o racismo estão presentes em toda Europa', diz

Opera Mundi: O senhor não é um especialista das religiões, então o que o incentivou a escrever este texto em defesa dos muçulmanos franceses?

Edwy Plenel: O propósito deste livro é protestar contra o fato de que nossos compatriotas de cultura, de origem ou de crença muçulmana sejam designados em bloco como uma ameaça e uma agressão. Eles viraram o bode expiatório principal no debate público francês. A minha ideia é obrigar a pensar aqueles que já não estão mais chocados de ouvir declarações chamando o Islã de “problema de civilização”. Existe, de parte do mundo da academia, da mídia e da política, um silêncio absurdo. Ninguém defende os muçulmanos contra discursos muito violentos, que podem levar a gestos também violentos de discriminação.

OM: No livro, o senhor faz uma comparação com a defesa que o escritor francês Émile Zola fez dos judeus, no final do século XIX. O senhor acha que os muçulmanos estão numa situação similar hoje na França?

EP: Émile Zola ficou famoso no mundo inteiro pela carta destinada ao presidente da República que ele publicou no diário “L’Aurore” em janeiro de 1898, para defender o Capitão Dreyfus, sob o título “J’accuse” (Eu acuso). Descobri que, 20 meses antes, ele tinha escrito outro artigo chamado “Pour les Juifs” (Para os Judeus)  no jornal Le Figaro. Na verdade, é naquele momento que Zola se transforma em um militante engajado. Até lá, era um escritor que ficava longe das batalhas políticas. Além disso, o sucesso da série “Rougon-Macquart” fez dele um homem rico, convidado em todas as festas da elite parisiense. Mas é justamente nestes salões que ele ouve Maurice Barrès e outros intelectuais declararem que “Dreyfus é culpado, por ser judeu”. De repente, Zola entra no debate público com um alerta contra discursos de discriminação ordinária que estão sendo aceitos por todos.

Hoje, tenho o mesmo objetivo. Não estou dizendo que a França de 2014 está na mesma situação que nos anos 1930, e não vejo o nazismo em cima de nós. Mas comparo a situação de hoje com aquela do final do século 19, quando se instalou o ordinário da discriminação.

[Famoso artigo de Émile Zola e frase célebre do escritor francês: 'eu acuso']

Se alguém tivesse contado para Barrès, por exemplo, o genocídio judeu que aconteceria 40 anos depois, ele nunca teria acreditado. Mas aconteceu, baseado em ideologias que ele ajudou a propagar. É justamente para evitar que o pior aconteça que é preciso evitar a engrenagem inicial da discriminação. Basta lembrar como, em toda a Europa, pessoas cultas e inteligentes encaravam, com a maior naturalidade, os judeus como um perigo.

Eles representavam o poder do dinheiro, mas também o risco do comunismo – chamado naquela época de “judeu-bolchevismo”. Hoje, da mesma maneira, os muçulmanos são vistos como uma ameaça que junta o poder econômico (simbolizado pelo gás, o petróleo e fundos de investimentos árabes) e uma “internacional da violência” personificada por grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico.

OM: Os muçulmanos viraram os judeus de ontem?

EP: Não é que o anti-semitismo desapareceu, longe disso. Mas depois do genocídio, não é mais aceitável nos discursos. O alvo virou os muçulmanos. A “questão muçulmana” hoje, como ontem a “questão judia”, justifica a instalação de um mecanismo que acaba atacando todas as minorias. Atrás da islamofobia aparece a negrofobia, a homofobia, etc... O maior perigo, para uma democracia, é esquecer que ela não pode ser só a regra da maioria. Uma democracia viva cuida do respeito às minorias e a diversidade.

OM: O senhor acha que esta islamofobia é uma doença francesa ou que contaminou toda Europa?

EP: É claro que a xenofobia e o racismo estão presentes em toda Europa, mas acho que existe uma especificidade francesa. Ao contrário do que os brasileiros podem pensar, não é a crise europeia que provocou o surgimento da extrema direita na França. Aliás, se sabe agora que a França foi o laboratório intelectual das ideologias mais perigosas na Europa, embora seja a Alemanha que decidiu aplicá-las.

OM: Quando surgiu esta “questão muçulmana” no debate público francês?

EP: Eu diria que esta deriva começou há trinta anos, com a crise econômica, que coincide também com a aparição do Islã político, sob a forma da revolução iraniana. Cabe lembrar que, naquela época, a França participava de maneira muito ativa do armamento de Saddam Hussein na sua guerra contra o Irã. A raiz ideológica desta “questão muçulmana” vem então de um momento geopolítico interno e externo.


Revistas francesas retratam a questão islâmica com xenofobia: 'Islã: as verdades que incomodam", diz, por exemplo, capa da L'Express
Vítimas do capitalismo: há uma onda de suicídios em grandes empresas francesas?
Com a crise, o desemprego e a incapacidade tanto da direita como da esquerda de encontrar soluções, os políticos apelam às velhas armadilhas do poder, cuja estratégia é incentivar o povo a entrar em guerra contra si mesmo. O lema é “Povo, existe um inimigo dentro de você”, o que permite evitar qualquer discussão sobre as elites políticas e econômicas e a verdadeira questão social. Desta maneira, o povo se concentra nas divergências (culturais e religiosas), esquecendo que, na realidade, todos sofrem dos mesmos problemas: das condições de trabalho precárias à moradia cara. Nisso, a esquerda tem uma responsabilidade importante, porque ela aceitou esta guerra de identidade e de religião, esquecendo da sua verdadeira agenda, que é de conquistas políticas e sociais.

OM: Mas defender o Estado laico não é um imperativo também?

EP: Na mídia, este papo começou em 1989, quando o maior semanário da esquerda, “Le Nouvel Observateur”, publicou uma capa contra o uso do lenços islâmicos nas escolas. Depois disso, em 2004 foi votada uma lei (com a unanimidade da direita e da esquerda!) proibindo a entrada nas escolas das meninas usando lenços. Isso provocou o afastamento de muitas alunas. E, desde 2011, existe uma circular do Ministério da Educação nacional recomendando a exclusão das mães usando lenços nas portas das escolas, na rua mesmo. Vocês percebem o absurdo? Há 25 anos que a França enfrenta problemas democráticos, econômicos, sociais, ecológicos, e durante todo este tempo, os intelectuais consideram que o verdadeiro tema é a proteção do Estado laico. Isso já não mais laicidade, é “laicismo”, ou seja, um tipo de integralismo.

Há 25 anos que a sociedade francesa ouve que o muçulmano deve esconder suas crenças, como se o Estado laico significasse a desaparição da religião do espaço público, mas não é bem assim. Num Estado laico, a religião é um assunto pessoal e privado, o que não significa escondido. Aliás, as procissões católicas foram sempre bem toleradas, sem ser vistas como ameaça.

OM: Como explicar esta diferença de tratamento entre os signos externos do catolicismo, bem vistos, e a intolerância em relação às manifestações muçulmanas?
EP: Eu acho que o que está em jogo é a questão colonial. Demoramos muito, mas, finalmente, o Estado francês reconheceu sua responsabilidade no massacre dos judeus, acabando com o antissemitismo histórico. Hoje uma pessoa pode ser judia e francesa, não é mais visto como uma contradição. No entanto, nunca resolvemos a questão colonial, com a dominação que a acompanha, e a percepção de ter uma cultura e uma civilização superiores. Para os franceses, pessoas que vêm de África ou do mundo árabe devem borrar todas as suas especificidades para se integrar à sociedade, como se a identidade francesa fosse uma norma única que deva ser copiada. Aliás, acho que é um problema de cultura política: desde a monarquia absoluta de Louis XIV, passando por Louis-Napoléon Bonaparte até o sistema presidencial atual, a França tem um problema com a diversidade e a pluralidade.

OM: É uma situação estranha, já que é um dos países europeus que mais recebeu imigrantes na história...

EP: É verdade. É por isso que chamo a França de “América da Europa”. A diferença, porém, é que a França não tem o imaginário da América. Em vez de ver a pluralidade das origens e das culturas como uma força, ela a considera uma ameaça. Uma situação única que está sendo desperdiçada. Eu acho que esta “questão muçulmana” reverbera também a relação da França com o mundo. Tenho a sensação de que estamos correndo o risco de nos cortar do mundo, de deixar de ser esta nação atrativa que participou ativamente da construção das universalidades.
OM: A Frente Nacional, partido de extrema-direita, chegou na primeira posição nas últimas eleições europeias. Existe uma possibilidade de ter um presidente de extrema-direita em 2017?

EP: Este acidente político pode acontecer sim. Como é provável que regiões ou departamentos sejam conquistados pela Frente Nacional. Para mim, a extrema-direita não é um problema por si só. É uma família intelectual que sempre vai existir, explicando que nós não nascemos iguais, que os homens são superiores às mulheres e algumas nações e civilizações superiores a outras. Hoje, se eles podem ganhar, não é porque têm mais argumentos, mas sim, sobretudo, o resultado das ações dos políticos de direita e de esquerda.

O presidente Nicolas Sarkozy tem uma responsabilidade histórica. Foi ele que legitimou a ideologia de extrema-direita com seus discursos sobre a “identidade nacional” e a importância da “origem”. É uma tragédia, porque, na França, a direita demorou muito para romper com as ideologias racistas. Foram necessários o genocídio judeu e a Segunda Guerra Mundial para que isso acontecesse, e que fosse inscrito, pela primeira vez na Constituição francesa, que a República do país não aceita discriminações baseadas na origem, na raça ou na religião.

E agora temos a imensa surpresa negativa que no mandato de François Hollande, que esqueceu todos seus compromissos de campanha, provocando uma desilusão e uma desmobilização consideráveis. Até o primeiro-ministro Manuel Valls, questionado o ano passado sobre os principais desafios para a França daqui a 2025, disse que seria “compatibilizar o Islã e a democracia”. Neste âmbito, já que direita e esquerda têm o mesmo discurso que a extrema-direita, o povo prefere votar no original, não na copia.

OM: O Ministério do Interior reconhece que mais de mil franceses deixaram o país para se dedicar à “jihad” em grupos armados na Síria, no Iraque e em outros países. O senhor acha que esta “islamofobia” pode ter efeitos na radicalização dos jovens muçulmanos ou recém-convertidos?

EP: Sem dúvida. Naquele maravilhoso artigo de Zola no qual me referi antes, ele percebe o risco que esta política do medo desemboque numa profecia: “Repetindo todos os dias que existe um perigo, acabamos criando-o; a medida que mostramos um espantalho para o povo, acabamos dando luz a um mostro real”. Quando a discriminação vira algo ordinário, ela provoca reflexos de orgulho que podem levar à perdição. Os jovens têm ideais, eles acreditam no sacrifício. É isso que vemos com todos estes jovens franceses que se engajam na “jihad”. Eles se converteram em busca de um ideal, frente a uma sociedade do desemprego, do consumo, do cinismo e da competição. E para uma minúscula minoria deles, eles vão cair na violência e no terrorismo.

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AREÓPAGO DE ITAMBÉ




AREÓPAGO DE ITAMBÉ

No final do século XVIII, a Capitania de Itamaracá foi definitivamente incorporada à Capitania de Pernambuco. Goiana, que havia sido a sede da Capitania de Itamaracá, era um centro produtor de açúcar mas era também um local de convergência de muitos comerciantes que chegavam do interior da Paraíba, do Ceará para a grande feira que ocorria em Nossa Senhora do Ó, hoje Tupaoca. Um lugar de descanso para os que iam ou voltavam da feira era Itambé, local de importância desde os tempos de André Vidal de Negreiros, que lutou para expulsar os holandeses da região.
Após a expulsão dos holandeses, os habitantes de Goiana conseguiram permissão para o estabelecimento dos frades carmelitas na cidade e, então foi construído o Convento de Santo Alberto. Foi nesse convento que Manuel Arruda Câmara, nascido em Portugal, fez profissão religiosa no ano de 1783, com idade de 31 anos. Depois foi para Portugal fazer estudos, formando em Filosofia Natural na Universidade de Coimbra, recebendo, na Universidade de Montepelier, na França, o grau de Doutor em Medicina.
  Voltando a Pernambuco em 1793, fez algumas viagens de estudos e pesquisas no Piauí, Ceará e na região do Rio São Francisco, sempre a serviço da Coroa portuguesa, estudando o solo e procurando verificar quais as melhores culturas a serem implementadas na região. Além dessas contribuições para a ciência e para a economia da região, o Doutor Arruda Câmara criou, em Itambé, uma sociedade secreta, hoje conhecida como Areópago de Itambé.
A palavra Areópago tem vários significados, mas todos eles nos remetem a um local onde as pessoas se reúnem para debater ideias. É um local de encontro, um lugar para as pessoas trocarem informações, conversarem. No tempo em que o doutor Arruda Câmara criou o Areópago em Itambé, o principal assunto era a ideia de liberdade. O Dr.Arruda Câmara havia estudado na França na época em que acontecia a Revolução Francesa e, ele trouxe consigo os ideias de liberdade. Na sua casa, em Itambé, ele recebia gente que viajava desde Recife e Olinda para conversar com ele e receber orientações em seus estudos e pesquisas. A sua casa era um ponto de cultura, um espaço de convivência e socialização. Muitas das reuniões que ali eram realizadas tinham um caráter de segredo, porque eles eram maçons, ou seja, Pedreiros Livres, pessoas comprometidas com a liberdade em uma colônia.
As conversas no Areópago de Itambé influenciaram a Revolta dos irmãos Cavalcanti, que ficou conhecida como Revolta dos Suassuna; a Revolução Pernambucana de 1817 foi outro movimento que recebeu influencia das conversas na casa de Arruda Câmara. O mesmo aconteceu com a Confederação do Equador de 1824.
Manuel de Arruda Câmara morreu em 1810, não viu o Brasil independente, mas os seguidores de suas ideias, como frei Caneca, carmelita que também estudou em Goiana, fizeram a independência do Brasil.
Itambé é um monumento importante na construção da independência do Brasil. Itambé tem orgulho do Areópago, os brasileiros amantes da liberdade se orgulham de Itambé.
Severino Vicente da Silva

quarta-feira, 18 de março de 2015

Exercícios sobre a Crise Econômica de 1929 ( Pré-Médio, 9º Ano A e B , Performance)

Exercícios sobre a Crise Econômica de 1929 ( Pré-Médio, 9º Ano A e B , Performance)

1. Qual das alternativas abaixo apresenta uma das principais causas da Crise de 1929?
A - O crescimento econômico da China e do Japão prejudicaram as exportações dos Estados Unidos.
B - A crise no mercado imobiliário dos Estados Unidos, no final da década de 1920, afetou o valor das ações e derrubou as bolsas de valores no mundo todo.
C - No final da década de 1920, reconstruídas, as nações europeias reduziram drasticamente as importações de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos da América.
D - No final da década de 1920 ocorreu uma forte diminuição na quantidade de mão-de-obra disponível nos Estados Unidos e na Europa. Com poucos trabalhadores as indústrias entraram em forte crise.

2. Como o Brasil foi afetado pela Crise de 1929?
A - O Brasil parou de exportar automóveis e máquinas para os Estados Unidos, trazendo prejuízos para a economia brasileira.
B - Houve uma significativa diminução das exportações de café do Brasil para os Estados Unidos.
C - A economia brasileira entrou em crise, pois todas as multinacionais americanas instaladas no Brasil foram à falência.
D - A Crise de 1929 afetou somente a produção de borracha na região da Amazônia.

3.(Fatec-SP) Entre os fatores que ocasionaram a crise de 1929 nos EUA destaca(m)-se:
a) o protecionismo rígido, a escassez de crédito bancário e a superprodução.
b) a saturação do mercado, a crise na agricultura e o crash da bolsa de Nova York.
c) a superprodução, a saturação do mercado e a expansão desmedida do crédito bancário.
d) a adoção de programas de construção de obras financiadas pelo Estado para minorar o desemprego.
e) a excessiva oferta de terras e o protecionismo rígido.

4. (Cesgranrio 95) O Entre-Guerras (1918-1939) pode ser considerado, no seu conjunto, como um período de crises econômicas. Assinale a opção que expressa corretamente um problema relacionado às conjunturas desse período:
a) A rápida recuperação da produção européia foi impulsionada pelos novos mercados abertos pela expansão colonial.
b) A crise alemã de 1924 representou um desdobramento da decadência da economia dos EUA, o principal centro econômico do mundo.
c) A crise de 1929, iniciada nos EUA, propagou-se rapidamente, pelos países capitalistas, cujas economias estavam em interdependência com a norte-americana.
d) Os desajustes da economia mundial tiveram como principal causa o abalo provocado pela Revolução Russa.
e) A reconversão foi caracterizada pela expansão da industrialização, em escala mundial, principalmente em economias periféricas.

5. (G1) A Crise de 1929, com a queda da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão nos EUA, começaram a ser superadas com a política do NEW DEAL (protecionismo alfandegário, subvenção às empresas privadas e aumento dos gastos públicos). Essa política representou um marco na passagem do:
a) capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o capitalismo monopolista e estatal.
b) capitalismo monopolista e estatal para o capitalismo clássico, liberal e concorrencial.
c) capitalismo monopolista e estatal para o socialismo cooperativista.
d) do capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o mercantilismo monopolista.
e) do capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o capitalismo humanitário sem intervenção do Estado na economia.

6. (Ufmg 95) "(...) Há neste momento nos Estados Unidos cerca de 14 milhões de desempregados, e, como muitos deles têm família, 20 a 30 milhões de homens e mulheres
vivem de esmolas, privadas ou públicas (...). O espetáculo de uma grande nação de que um quarto se encontra reduzido à impotência produz emoções bem mais fortes do que uma estatística em preto e branco. Desde que põe pé neste país, o estrangeiro compreende de repente que em nenhum momento a Europa imaginou a dolorosa intensidade da depressão dos Estados Unidos."(MAUROIS, André, ESTALEIROS AMERICANOS. 1933)
A recuperação econômica dos EUA, após a Crise de 1929, ocorreu através do NEW DEAL (1933-1938). Todas as alternativas apresentam instrumentos de ação do NEW DEAL, EXCETO:
a) A administração de Reassentamento, que transferiu famílias que ocupavam terras de qualidade inferior.
b) A Lei Anti-Truste, que proibia o controle de 60% do mercado por uma empresa ou associação de empresas.
c) A Lei da Cerveja e do Vinho e da Vigésima Primeira Emenda, que pôs fim à Lei Seca.
d) A Lei de Assistência Civil à Conservação e ao Reflorestamento, que criava frentes de trabalho para os jovens e desempregados.
e) A Lei do Ajustamento Agrícola, que subsidiava  os fazendeiros que reduzissem a sua produção.

7. (Ibmecrj 2009) A crise que atingiu a Bolsa de Nova York,  em 1929, serviu para demonstrar a crise do modelo liberal  aplicado na economia norte-americana e para superá-la foi executado um programa que tinha como base:
a) A não-intervenção do Estado, objetivando dar ao mercado condições próprias de superação do grave momento econômico.
b) Uma política de investimento maciço em obras públicas, que ficou conhecido como "Aliança para o progresso".
c) Um conjunto de medidas intervencionistas que ficoum conhecido como "New Deal".
d) A supressão de uma série de conquistas da classem trabalhadora, como o salário-mínimo, com a finalidade de facilitar a geração de empregos.
e) O rompimento dos acordos anteriormente firmados com o FMI, acordos que haviam sido assinados numa época de expansão econômica e que agora ficaram inviabilizados.

8. (UFMG 2009) Considerando-se a crise econômica mundial iniciada, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, é CORRETO afirmar que:
a)  a Alemanha sofreu impacto imediato e violento desse evento, em razão dos laços econômicos estreitos que vinha mantendo com os Estados Unidos.
b)  a escassez de matérias-primas e de crédito, entre outras causas do crash norte-americano, muito contribuiu, na época, para alimentar a espiral inflacionária.
c)  a URSS foi um dos países atingidos por esse evento, pois a recessão no mundo capitalista prejudicou as exportações de petróleo do país.
d)  os países da América do Sul sentiram os efeitos desse evento, devido à repatriação do capital estrangeiro anteriormente investido nessa região.

9. (Ufmg 99) O Estado apareceu como um agente econômico particular, cuja intervenção assumia um caráter legítimo, não mais em tempo de guerra apenas, mas também em tempo de paz, para sustentar o crescimento econômico. Mudança ideológica considerável, que dominou as idéias desde a Grande Depressão dos anos 30 até meados dos anos 70 – período keynesiano -, ligada ao advento da política econômica.
Assinale a alternativa que apresenta um programa característico do período keynesiano.
a) Doutrina Monroe
b) “New Deal”
c) “Big Stick”
d) Guerra Fria
e) Emenda Platt

Gabarito/ Exercícios sobre a Crise Econômica de 1929 ( Pré-Médio, 9º Ano A e B , Performance) 1-c, 2-b, 3-c, 4-c, 5-a, 6-b, 7-c, 8-a, 9-b


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Corrupção no Brasil não foi inventada recentemente, diz Dilma

Corrupção no Brasil não foi inventada recentemente, diz Dilma
quarta-feira, 18 de março de 2015
 Presidente Dilma Rousseff em foto de arquivo.  10/03/2015    REUTERS/Paulo Whitaker
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira, poucos dias após enfrentar grandes protestos contra o governo, que mesmo aqueles que não votaram nela sabem que a corrupção não foi inventada recentemente, ao lançar pacote para endurecer o combate a irregularidades com medidas que já havia anunciado no ano passado.

A apresentação do pacote, que já vinha sendo estudado há meses pelo governo e era uma promessa de campanha de Dilma, foi apressada para tentar dar uma resposta às manifestações populares de domingo, em que centenas de milhares de pessoas foram às ruas de diversas cidades protestar contra o governo e a corrupção.

“Eu tenho certeza que todos os brasileiros, todos os brasileiros de bem, todos os brasileiros de boa-fé, mesmo aqueles que não votaram em mim, sabem que a corrupção no Brasil não foi inventada recentemente”, disse em discurso a presidente, que na segunda-feira já havia dito que a corrupção é uma "velha senhora".

O pacote de medidas de prevenção e combate à corrupção inclui a edição de um decreto, o envio de projetos de lei ao Congresso e ainda mensagens pedindo urgência para propostas que já tramitam no Legislativo, além da criação de um grupo de trabalho para estudar medidas de aprimoramento constante no combate à corrupção.

Dentre os principais pontos, o governo pretende criar instrumentos jurídicos para tipificar crimes como o caixa dois eleitoral, o enriquecimento ilícito de servidores públicos e a extensão da lei da Ficha Limpa para cargos de confiança na administração pública federal.

Os eixos principais dessas medidas já haviam sido mencionados pela presidente durante a campanha eleitoral, no ano passado, e ainda ao iniciar seu segundo mandato.

Ao citar a tipificação criminal para o caixa dois em campanhas eleitorais, num contexto em que tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é acusado pelo Ministério Público, no âmbito da operação Lava Jato, de ter arrecadado dinheiro de propina para a eleição de Dilma em 2010, a presidente disse que o governo vai enfrentar a situação de forma aberta.

"Nós vamos enfrentar essa questão de forma bem aberta.

Ela atende uma demanda da população e o anseio de todos aqui presentes... Queremos que as eleições sejam eleições cada vez mais transparentes e mais limpas", disse Dilma, cuja aprovação está no pior nível para um presidente desde o ex-presidente Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment em 1992. [nL2N0WK0EX]  O anúncio do pacote contra a corrupção aconteceu também em meio o maior escândalo de corrupção enfrentado pelo governo, envolvendo a Petrobras, as maiores empreiteiras do país, políticos e partidos, entre eles o PT.

Na cerimônia, Dilma afirmou que seu governo não tolera os ilícitos e é preciso uma nova consciência no país, fundada em valores éticos profundos.

"O meu compromisso, quero dizer a vocês, com o combate à corrupção e à impunidade é coerente com a minha vida pessoal, com a minha prática política", afirmou. "E é coerente com a minha atuação como presidenta da República. E o que está acontecendo neste momento no nosso país corresponde ao que penso e sempre pensei, e além de pensar, sempre agi em conformidade".

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que participou da formulação das medidas, afirmou que “combater a corrupção” exige “ter coragem política”, e que o conjunto de propostas não se esgota com o anúncio.

“Colocar sob a luz do sol um problema (a corrupção) é sempre um risco, mas é um risco que tem que ser corrido”, disse Cardozo ao detalhar as medidas. “E a senhora, presidente, a senhora tem corrido esse risco.”

(Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello)

Cid Gomes deixa Ministério da Educação, anuncia presidente da Câmara em plenário

Cid Gomes deixa Ministério da Educação, anuncia presidente da Câmara em plenário
quarta-feira, 18 de março de 2015
BRASÍLIA, (Reuters) - O ministro da Educação, Cid Gomes, deixou o cargo, informou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em plenário pouco depois de o ministro discursar na Casa.

Cid participou de comissão geral na Câmara para explicar a declaração de que haveria no Congresso “300 ou 400 achacadores” que se aproveitam da fragilidade do governo.

O ministro pediu demissão do governo e a presidente Dilma Rousseff aceitou, segundo fonte do Palácio do Planalto, que afirmou ainda que o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) ligou e informou Cunha.

(Por Maria Carolina Marcello, com reportagem de Jeferson Ribeiro)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Vamos falar a verdade: Dilma nunca lutou pela democracia!

Quem afaga ditador não tem moral para bancar a defensora da democracia e da tolerância com manifestantes opositores.

veja.abril.com.br

Em seu primeiro discurso após as manifestações que lotaram as ruas do país no domingo, a presidente Dilma falou em humildade, exalando arrogância, e insistiu na necessidade de uma “reforma política”, algo que não fez parte da pauta de nenhum protesto. Como circula pelas redes sociais, o PT fazer uma “reforma política” é como o PCC fazer uma reforma do código penal: ninguém confia. A tentativa insistente de colocar a culpa da corrupção e do petrolão no financiamento privado de campanha é fruto do desespero do PT, mas não cola mais. O povo sabe que o problema é outro: é o próprio PT.

Mas eis o que chamou ainda mais a minha atenção: Dilma se vangloriando de sua postura democrática e tolerante em relação aos protestos, e afirmando que foi por isso que ela lutou no passado. Aproveitou para enaltecer os “movimentos sociais” e os grupos que foram colocados na clandestinidade pelo regime militar, segundo ela. Elogiou os artistas, os partidos que oficialmente lutaram pela abertura política, etc. Ora, ora. Colocar todos no mesmo saco é misturar o joio e o trigo, e só faz isso quem quer defender… o joio!

Deixemos uma coisa bem clara aqui: Dilma nunca lutou pela democracia. Ela pode até ter lutado contra a ditadura, mas nunca a favor da verdadeira democracia. Os grupos dos quais participou, como o Colina e o Var-Palmares, foram para a clandestinidade pois usavam métodos criminosos, achavam que seus “nobres” fins justificavam quaisquer meios, tais como assaltos, sequestros e atentados terroristas. Há sangue inocente no rastro desses “movimentos sociais”, e basta ver a deferência com a qual tratam um terrorista assassino como Cesare Battisti para entender como essa gente ainda acha que matar inocentes era algo defensável em nome da causa. Uma simples contingência necessária no percurso rumo ao “paraíso”.

E agora chegamos ao principal ponto: a causa. Não era e nunca foi a defesa da democracia. Para eles, a democracia representativa era e é uma afetação burguesa, um instrumento das elites opressoras. Os “libertadores” tinham outra agenda em mente: o comunismo, a ditadura do “proletário”. Olhavam para a ilha caribenha em busca de inspiração. Era Cuba que os guiava espiritual e ideologicamente. Fidel Castro, ninguém menos do que o ditador mais longevo do continente, era seu guru. Lutavam por democracia? Onde, meu Deus?!

Vale notar, para terminar, que até hoje não prezam a democracia. Tanto que ainda aplaudem o regime cubano, mandando nosso dinheiro para ajudar a ditadura e importando seus escravos como “médicos” para cá. E também tratam com extrema cordialidade os camaradas venezuelanos, que seguem mais avançados nos rumos de Cuba, com um regime que já não remete a uma democracia em nada. O PT e o governo Dilma defendem com veemência o companheiro Maduro, como defendiam antes o companheiro Chávez. Como podem falar em democracia?

Se Dilma é obrigada a engolir as manifestações nas ruas, isso é porque não há alternativa. Ela e seu PT não conseguiram calar a imprensa independente, apesar de tantas tentativas, e não controlam o Congresso, apesar do mensalão. As instituições brasileiras se mostraram mais sólidas do que muitos esperavam, e mais fortes do que o golpismo chavista do PT. É só por isso que os milhões de brasileiros puderam sair às ruas para criticar o governo e pedir a cabeça de Dilma. Não porque a presidente adora a pluralidade de ideias e o direito de protestar contra o governo.

Se ela pudesse, esses manifestantes seriam tratados como aqueles na Venezuela. Ou alguém aí viu a presidente Dilma em algum momento repudiar os atos de Maduro ao lidar com os protestos em seu país? Pois é…

Rodrigo Constantino

Dilma diz que governo tem obrigação de abrir diálogo e prega humildade

Dilma diz que governo tem obrigação de abrir diálogo e prega humildade

segunda-feira, 16 de março de 2015

 Presidente Dilma Rousseff participa de evento em Brasília. 16/03/2015. REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal tem obrigação de abrir diálogo de forma humilde e escutar quando acontecem protestos nas ruas, mas ao mesmo tempo tem de manter a postura firme sobre o que "acha importante", disse a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira.

As declarações de Dilma ocorrem um dia após centenas de milhares de manifestantes saírem às ruas em diversas cidades do país, em protestos convocados nas redes sociais contra o governo federal, o PT e alguns pedindo o impeachment da petista.

"O governo irá sempre dialogar com manifestações das ruas... O sentimento tem de ser de humildade e firmeza", disse a presidente, durante evento no Palácio do Planalto, em que sancionou o novo Código de Processo Civil.

A presidente voltou a afirmar que o ajuste fiscal é necessário para melhorar as contas públicas e garantir que o Brasil volte a crescer, após ter dito que "não conseguimos mais fazer políticas anticíclicas como no passado".

“Não tenho dúvidas de que esses ajustes e correções serão realizados para a defesa de todos os brasileiros", disse ela, acrescentando que o governo atende a uma demanda de restrição de gastos.

Ela salientou que não está acabando com políticas feitas anteriormente, como as desonerações tributárias e ampliação da oferta de crédito, e sim as alterando ou reduzindo.

"Não vou deixar de dizer para todo mundo que quero fazer o ajuste fiscal", disse.

Embora tenha reconhecido que há divergências em relação a seu programa de ajuste fiscal, Dilma pregou que se trata do "caminho para continuar crescendo". Ela também admitiu que o direcionamento da política econômica em seu primeiro mandato não foi efetivo como forma de reaquecer a economia.

Ao ser questionada se as declarações desta segunda-feira seriam uma forma de 'mea culpa', Dilma se esquivou afirmando que em toda atividade humana se comete erros, mas ratificou que fazer um gesto público de erro seria falta de "lucidez" política. No entanto, ela observou que pode ter havido um erro de dosagem na condução da política econômica em seu primeiro mandato.  "Nós, no combate a essa crise (de 2009), utilizamos todas as armas. Ampliamos as subvenções, aumentamos subsídios e desoneramos impostos... Agora, esse caminho, nos níveis em que foi praticado, se esgotou", reconheceu Dilma, que disse que não deve ser responsabilizada por algo que seria pior se o governo não tivesse feito nada.

Dilma afirmou ainda, repetidas vezes, que repudia quem pensa que "quanto pior, melhor", e que existem pessoas que preferiam ter visto empresas falirem e trabalhadores sendo demitidos. "Eu tendo a achar que isso era um custo muito grande", defendeu-se.

Menos de três meses após o início de seu segundo mandato, Dilma enfrenta um momento delicado, marcado pela dificuldade de implementar o ajuste fiscal em meio à expectativa de fraco desempenho da economia e escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras. Além disso, o Executivo tem uma conflituosa relação com o Congresso Nacional, canalizada no descontentamento de seu maior aliado --o PMDB-- e o fortalecimento da oposição.

A petista avaliou que o Congresso não tem sido adverso ao seu governo, mas não descarta dificuldades mais adiante.

No entanto, ainda no começo deste mês, o governo sofreu um forte revés depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), surpreendeu e rejeitou a MP 669, que trata de desonerações tributárias para vários setores da economia, argumentando que não cumpria os preceitos constitucionais.

"Sempre que for explicado e debatido, o Congresso tem sido sensível", finalizou.

(Por Nestor Rabello)

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Pernambuco já produziu Jeep nos anos 60






Sim, Pernambuco já produziu carros. A fábrica, a primeira do gênero no Nordeste, era da Willys Overland do Brasil, filial da matriz norte-americana que chegou ao País em 1952.

Instalada em um terreno de 180 mil m², onde hoje funciona a Tecnologia em Componentes Automotivos (TCA), a Willys do Nordeste era na verdade, uma montadora. E, assim como a fábrica da Fiat, a ser instalada em Goiana no próximo ano, o anúncio da construção da Willys, em Jaboatão, agitou o Estado nos anos 60. A imprensa da época dizia que Jaboatão seria a “São Bernardo do Campo do Nordeste”, em alusão à cidade paulista que abrigava os maiores investimentos da então incipiente indústria automotiva nacional.

O JC, em 14 de julho de 1966 - data da inauguração da fábrica, exaltava a tecnologia empregada no parque fabril e associava o município pernambucano aos grandes centros de produção automotiva das Américas como Detroit, nos Estados Unidos e Córdoba, na Argentina. Razões para tanto otimismo não faltavam: 40 outras indústrias anunciaram a vinda para Jaboatão estimuladas pelos incentivos fiscais da Sudene. A própria Willys Overland amealhou Cr$ 834 milhões em incentivos fiscais e investiu no total Cr$ 11 bilhões no que denominava de Projeto Nordeste.
em 1966 o Jeep (apelidado no Nordeste de "Chapéu de Couro") passou a ser fabricado (montado) também em Jaboatão, Pernambuco, onde estava a primeira fábrica de automóveis do Nordeste, a Willys-Nordeste, que também fabricou a Rural e Pick-up Jeep. Em 1967 a Willys contava com 7 carros de passeio e utilitarios em 19 versões, ela tinha a maior linha de produtos brasileira. Um veiculo par cada tarefa, para cada gosto, Cada um retratando um aspecto do progresso nacional. Mostrando, nas ruas, estradas, fazendas, construções e nas pistas de autódromos, como o Brasil progredia.
Em 1983 a Ford encerrou a produção do Jeep no Brasil. Perdemos o grande utilitário e a icônica marca Jeep, hoje  propriedade da Fiat Chrysler Automobiles.

jconline.ne10.uol.com.b

domingo, 15 de março de 2015

Jeep Renegade está chegando. Faltam poucos dias para o lançamento oficial.



Jeep Renegade está chegando, Faltam poucos dias para o lançamento oficial.
  

Começam protestos contra o governo Dilma em Brasília e no Rio de Janeiro

                                     
                                    
Começam protestos contra o governo Dilma em Brasília e no Rio de Janeiro
domingo, 15 de março de 2015
BRASÍLIA (Reuters) - Começaram na manhã deste domingo, no Rio de Janeiro, em Brasília e em outras capitais, as manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff.

As manifestações já começam na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e em cidades como Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza.

Muitos manifestantes usam camisas amarelas e carregam faixas contra o governo e o PT.

As manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff, com previsão de protestos em pelo menos 50 cidades, foram convocadas pelas redes sociais. A maioria dos grupos organizadores defende o impeachment, usando como argumentos uma suposta corrupção no governo, o escândalo da Petrobras e os altos custos com impostos e tarifas, entre outras reclamações.

Além de cidades como São Paulo, que conta com mais de 100 mil pessoas confirmadas em evento no Facebook, e Rio de Janeiro e Brasília, também com milhares de participantes esperados, há manifestações agendadas para diversas outras capitais e locais no exterior, como Londres, Boston e Sidney.

Apesar de os organizadores afirmarem que os movimentos não estão ligados a partidos políticos, legendas de oposição declararam adesão aos protestos.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado, convocou a militância tucana para ir às ruas protestar, ressalvando, porém, que o impeachment não faz parte da agenda do partido.

O governo de Dilma enfrenta um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade econômica fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base governista.

A esse quadro, soma-se o maior escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, ao qual estão ligados funcionários, políticos e partidos e as maiores empreiteiras do país. Sempre que questionada sobre as manifestações populares, como o panelaço em várias capitais durante seu pronunciamento na TV no domingo passado, Dilma tem repetido que fazem parte da democracia. A presidente diz, no entanto, ser contra atos violentos e já declarou que para pedir impeachment é preciso haver razões.

“Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições", declarou a presidente.

Com as manifestações deste domingo, Dilma se junta a outros dois presidentes que enfrentaram protestos populares no período da redemocratização: Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.

Collor acabou sofrendo o impeachment, enquando Fernando Henrique reverteu em parte a baixa popularidade do início de seu segundo mandato, superando inclusive uma campanha com ampla participação de petistas que tinha o slogan "Fora FHC".

(Reportagem de Caio Saad, Pedro Fonseca e Leonardo Goy)

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Mesmo com instabilidade, Brasil vive seu momento mais democrático, diz brasilianista


Mesmo com instabilidade, Brasil vive seu momento mais democrático, diz brasilianista

Daniel Buarque
Do UOL, em São Paulo
Fábio Rodrigues Pozzebom/ ABr
 
 

Os protestos contra a corrupção e o governo Dilma por todo o Brasil têm feito muitos observadores sentirem a impressão de que o país está em meio a um momento crítico do seu sistema político. Para o cientista político norte-americano Alfred P. Montero, entretanto, o país vive o momento mais democrático de sua história, e as manifestações populares são uma demonstração do quanto a sociedade civil é participativa, o que reforça ainda mais a democracia no país.

Montero é professor do Carleton College e autor dos livros "Brazil: Reversal of Fortune" (Brasil: Reverso da Fortuna), lançado no ano passado, e "Brazilian Politics" (Política Brasileira), duas importantes referências de estudos brasileiros na academia internacional. Em entrevista ao UOL, ele disse não acreditar que o governo Dilma corra risco de ser derrubado, pois não há justificativa para impeachment. Os protestos, ele acredita, podem ter efeitos positivos em todo o sistema político, cobrando mais investigação da corrupção e punição dos envolvidos.

O pesquisador, entretanto, prefere não fazer muitas previsões sobre os caminhos da política brasileira nos próximos meses, alegando que as transformações no país costumam ocorrer de forma muito rápida. "Um ano em política no Brasil equivale a uma década em qualquer outro país", disse.

"Fã do Brasil", como se declara, Montero se disse otimista em relação ao futuro do país. "Comparado com seu próprio passado e com outros países da região, o Brasil está em ótima situação, mesmo com a corrupção e a desaceleração econômica", disse. Segundo ele, não é que o país não precise de grandes reformas, mas sim que ele vem solucionando seus problemas de forma gradativa nos últimos anos, e deve continuar aprimorando seu sistema político e econômico.

Leia abaixo a entrevista completa.


UOL - Protestos contra a corrupção e contra a presidente Dilma devem reunir milhares de pessoas em todo o país neste domingo. Isso é um sinal de força ou de fragilidade da democracia brasileira hoje?
Alfred P. Montero - É um indicativo do quanto a sociedade civil brasileira é participativa, o que reforça a avaliação de qualidade da democracia no país. Brasileiros têm estado envolvidos em protestos e manifestações por muitas décadas. A própria transição para a democracia aconteceu sob a sombra das Diretas Já. É uma sociedade civil muito ativa.

Movimentos políticos podem ser muito eficientes na tentativa de causar formas regulares de mudanças políticas. Por outro lado, eles também podem pressionar a classe política para implementar mudanças não tão regulares, mas legais, como o impeachment. As duas dinâmicas estão presentes no Brasil neste momento. Atualmente, estou cético de que qualquer um desses movimentos, mesmo que grandes, possam fazer Dilma Rousseff deixar a presidência. Acho que ainda estamos muito muito distantes disso, se é que isso pode vir a acontecer.

Por um lado, acho que a participação pode ser muito democrática e aumentar a pressão para que haja mais investigação e punição dos envolvidos em corrupção, bem como forçar o congresso a agir de forma apropriada. Por outro lado, o movimento pode crescer de forma descontrolada e afetar todo o sistema político atual. Não vejo o Brasil seguinto este segundo caminho no momento.

Mas um ano em política no Brasil equivale a uma década em qualquer outro país. As coisas acontecem de forma muito rápida e podem mudar muito. Muita coisa ainda pode acontecer.


UOL - O senhor falou que um ano na política brasileira equivale a uma década em outros países. O que faz a democracia brasileira ser tão diferente das outras?
Montero - A forma como as decisões são tomadas em Brasília dependem demais de acordos, pactos e negociações entre o Planalto e a Câmara, os líderes dos partidos e até mesmo governadores. Esses são acordos muito condicionados pela disponibilidade de recursos, e pela capacidade da presidente de formar alianças políticas, oferecer cargos, favorecer as bancadas que apoiam o governo. Este é o sistema de trocas de votos e recursos que fundamenta a política brasileira. O problema é que pouco disso depende de regras escritas em preto e branco.

Isso é chamado de presidencialismo de coalizão, que depende muito da capacidade da presidente de formar alianças. Quanto mais temos procedimentos políticos que dependem de tantas condições de negociação, mais o governo está sujeito a choques exógenos. A economia, escândalos de corrupção, qualquer coisa pode mudar a natureza dessas alianças.

As eleições costumam ter poder terapêutico em uma democracia. O problema é que o Brasil acabou de passar por eleições e não teremos outras por bastante tempo. Não há um teste eleitoral à vista para o governo Dilma. Como as pessoas não podem se manifestar nas urnas, é normal elas protestarem nas ruas.


UOL - Considerando o sistema de presidencialismo de coalizão e a dependência de acordos e negociações políticas, pode-se dizer que os problemas do atual governo são decorrentes do perfil de Dilma ser mais associado ao de uma "gerente" de que a de uma política ativa como Lula foi?
Montero - O presidente que melhor praticou o presidencialismo de coalizão foi Fernando Henrique Cardoso, que praticamente criou o manual para governar assim. No governo Lula, o próprio mensalão pode ser interpretado como uma falha dele em montar as alianças no início do governo, criando uma situação em que foi preciso distribuir propinas para conseguir apoio político. É um elemento perverso do sistema. Não acho que Dilma seja menos competente de que Lula na administração do presidencialismo de coalizão. A questão é que o sistema se baseia nesses acordos periódicos, que só são tão bons quanto os recursos que os mantêm de pé. Sem os recursos, a presidente tem menos capacidade de negociar apoios. É um sistema muito instável, que chega a depender da compra de apoio político.


UOL - O momento atual é o mais democrático da história do Brasil?
Montero - O momento atual da democracia brasileira é claramente melhor de que o vivido entre 1945 e 1964. Há muito mais níveis de responsabilidade política. Vemos nesse escândalo atual, por exemplo, que a Polícia Federal e o Ministério Público são altamente profissionais. Eles conseguem investigar e processar os envolvidos. O problema é que o Judiciário tem sido muito pobre em sua atuação.

De qualquer forma, alguns elementos da qualidade da democracia estão bem mais desenvolvidos de que no passado. Sem considerar as atuais tensões, na democracia de hoje a governabilidade está mais alta, o sistema de responsabilidades está mais alto, a alta participação popular é outro ponto forte, o sistema Judiciário é fraco, mas a responsividade do governo também mostra que a democracia evoluiu nas últimas décadas. O que falta é uma nova reforma do sistema Judiciário.

Outra questão é que o presidencialismo de coalizão, mesmo com todos os seus problemas, ainda é um sistema mais estável de que o que houve entre 1945 e 1964.


UOL - Em seu livro "Brazilian Politics", de 2005, o senhor diz que o Brasil é uma "democracia sem", alegando que falta no país o funcionamento de algumas regras básicas de um sistema democrático. Seu livro "Brazil: Reversal of Fortune", do ano passado, revê alguns aspectos dessa avaliação. Considerando que a política no Brasil muda muito rapidamente, que avaliação faz hoje da democracia brasileira?
Montero - A última década mudou a forma como devemos pensar na democracia brasileira e desenvolvimento social e econômico de uma forma que os dez anos anteriores não fizeram.

A questão da democracia brasileira mudou muito nas últimas décadas, e o ponto central é a forma como a questão da desigualdade foi transformada. Em 2005, os efeitos da valorização das commodities e do aumento do salário mínimo ainda não eram totalmente visíveis, e não fazem parte do livro. Minha avaliação então era mais pessimista, e pensávamos nas dificuldades por que Lula ia passar durante seu primeiro governo. Na década seguinte, os investimentos em políticas sociais, desenvolvimento institucional e infra-estrutura, que aconteceram nos governos FHC e Lula, começaram a dar resultados. Por isso, meu livro mais recente é mais equilibrado, e deixa de ser tão pessimista.


UOL - Olhando para o futuro agora, em meio a instabilidades, o senhor é mais otimista ou pessimista?
Montero - Eu sou otimista em relação ao Brasil. Eu torço pelo Brasil, sempre. Até no futebol, e sofri com o resultado da seleção na Copa, assim como me emocionei quando o Brasil foi escolhido para sediar as Olimpíadas. Sou fã do Brasil.

Pensando no longo prazo e comparando com outros países da região, o Brasil não tem problemas que Argentina e México, por exemplo, têm. Mesmo com o alto nível da corrupção na Petrobras, o nível de corrupção política na Argentina e no México são maiores. Nada desculpa o escândalo de corrupção no Brasil, mas a forma como ele está sendo investigado e os envolvidos estão sendo processados levantam pontos que levam ao otimismo.

Mesmo com muito ceticismo da população em relação à política, os brasileiros não são apáticos como os europeus estão se tornando.

Sou otimista em relação à economia no longo prazo. Não se pode votar contra um país que tem uma reserva comprovada de petróleo, recursos naturais, uma base industrial, instituições para administrar essa base e a capacidade humanade que o país tem. O Brasil é um país jovem, sem os problemas demográficos da China ou o caos infra-estrutural da Índia. De muitas formas, acho que o Brasil ainda vai crescer muito nas próximas décadas.

Se alguém está pensando em um país para investir no longo prazo, o país é uma das melhores opções entre os países em desenvolvimento. Ele não tem os problemas sistêmicos de Rússica, China, Índia, Turquia, Indonésia. Não há conflito étnico ou religioso no Brasil. Não há grandes limitações ambientais para o crescimento do Brasil.

Comparado com seu próprio passado e com outros países da região, o Brasil está em ótima situação, mesmo com a corrupção e a desaceleração econômica. Não é que o país não precise de grandes reformas. Claro que precisa. Mas não conheço muitos países que não precisem de grandes reformas institucionais. É preciso avaliar numa perspectiva ampla, avaliando os problemas reais e as perspectivas de solução desses problemas. O Brasil solucionou muitos grandes problemas no passado, e vai superar outros no futuro.