Dólar fecha em queda, após ultrapassar R$2,30 na máxima do dia
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Por Patrícia Duarte e Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, após ser cotado acima de 2,30 reais durante a manhã, quando investidores aproveitaram o clima de aversão ao risco no exterior para testar a tolerância do Banco Central à alta da divisa dos Estados Unidos.
O movimento de queda ganhou corpo à tarde, com exportadores valendo-se das cotações maiores para vender dólares e diante do clima mais ameno lá fora, após a Rússia informar que encerrou seus exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia.
A moeda norte-americana fechou em queda de 0,4 por cento, a 2,2868 reais na venda, após atingir a máxima de 2,3080 reais e ter subido quase 1 por cento na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro foi em torno de 1 bilhão de dólares.
"O que vimos também foi uma realização de lucros, com os exportadores vendendo (dólares) com a cotação a 2,30 reais", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, ressaltando que o mercado não consegue sustentar o dólar acima de 2,30 reais por conta das atuações do BC.
Há quase duas semanas o dólar tem sido negociado acima de 2,25 reais, deixando para trás o teto da banda informal de flutuação, entre 2,20 e 2,25 reais, que vigorou desde abril passado, com alguns breves períodos de exceção.
Para alguns especialistas, o intervalo de flutuação pode ter mudado de patamar, indo de 2,25 a 2,30 reais. Com o dólar agora nas máximas em quatro meses, cresceram as expectativas de que o BC possa aumentar suas intervenções para evitar o impacto da alta do câmbio sobre a inflação.
Na semana, o dólar acumulou valorização de 1,16 por cento ante o real.
"Enquanto o BC não der sinal de que está presente (com mais intensidade), o mercado vai continuar testando", afirmou o operador de uma corretora internacional.
Foi o que aconteceu após o fechamento deste pregão, quando o BC anunciou que elevou a oferta de swaps para rolagem para 10 mil contratos, em leilão que será feito na segunda-feira. Até então, ofertava até 8 mil papéis.
Se mantiver o ritmo de venda de 10 mil contratos por dia até o final do mês, e o mercado aceitar todos, colocará o equivalente a 7,5 bilhões de dólares. Somando com o volume já feito até agora, chegaria a quase 9,5 bilhões de dólares, rolando cerca de 95 por cento do total que vence em setembro.
No mês passado, o BC rolou cerca de 70 por cento dos contratos que venceram em 1º de agosto.
Pela manhã, a autoridade monetária deu continuidade às suas intervenções diárias e vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares, com volume equivalente a 198,8 milhões de dólares. Foram vendidos 3,5 mil contratos para 2 de fevereiro e 500 contratos para 1º de junho de 2015.
Em seguida, o BC vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolar os contratos que vencem em 1º de setembro. Até agora, o BC rolou cerca de 20 por cento do lote total, que corresponde a 10,070 bilhões de dólares.
INTERNACIONAL
Se pela manhã a cena externa pressionou para cima o dólar, à tarde acabou ajudando no arrefecimento da moeda. Isso porque foi noticiado que a Rússia estava encerrando seus exercícios militares perto da Ucrânia, minimizando os temores de mais sanções entre o Ocidente e a Rússia.
Pela manhã, os investidores reagiram à informação de que os Estados Unidos atacaram o Iraque, o que ajudou a empurrar o dólar para cima.
No final desta tarde, o dólar caía ante o euro.
Konstantinos - Uranus
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Homens que marcaram O Século XX: John Fitzgerald Kennedy
John F. Kennedy
35º Presidente dos Estados Unidos Estados Unidos
Mandato 20 de janeiro de 1961
a 22 de novembro de 1963
35º Presidente dos Estados Unidos Estados Unidos
Mandato 20 de janeiro de 1961
a 22 de novembro de 1963
Biografia
John Fitzgerald Kennedy (Brookline, 29 de maio de 1917 — Dallas, 22 de novembro de 1963) foi um político estadunidense que serviu como 35° presidente dos Estados Unidos (1961–1963) e é considerado uma das grandes personalidades do século XX. Ele era conhecido como John F. Kennedy ou Jack Kennedy por seus amigos e popularmente como JFK.
Eleito em 1960, Kennedy tornou-se o segundo mais jovem presidente do seu país, depois de Theodore Roosevelt. Ele foi Presidente de 1961 até o seu assassinato em 1963. Durante o seu governo houve a Invasão da Baía dos Porcos, a Crise dos mísseis de Cuba, a construção do Muro de Berlim, o início da Corrida espacial, a consolidação do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos e os primeiros eventos da Guerra do Vietnã.
Durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido pela sua liderança como o comandante do barco PT-109 na área do Pacífico Sul. Ao realizar um reconhecimento, o seu barco foi atingido por um destróier japonês, que partiu o barco em dois e causou uma explosão. A tripulação responsável conseguiu nadar até uma ilha e sobreviver até serem resgatados. Essa façanha proporcionou-lhe popularidade e começou assim a sua carreira política. Kennedy representou o Estado de Massachusetts como um membro da Câmara dos Deputados a partir de 1947 até 1953 e depois como Senador de 1953 até que se tornou presidente em 1961 . Com 43 anos de idade, foi o candidato presidencial do Partido Democrata nas eleições de 1960, derrotando o Republicano Richard Nixon em uma das eleições mais apertadas da história presidencial do país. Kennedy foi a última pessoa a ser eleita Presidente enquanto ainda exercia um mandato como Senador, até a eleição de Barack Obama em 2008. Também foi o único católico a ser eleito presidente dos Estados Unidos. Até a data, era o único nascido durante a Primeira Guerra Mundial e também o primeiro nascido no século XX.
O presidente Kennedy morreu assassinado em 22 de novembro de 1963 em Dallas, Texas. O ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald foi preso e acusado do assassinato, mas foi morto dois dias depois, por Jack Ruby e por isso não foi julgado. A Comissão Warren concluiu que Oswald agiu sozinho no assassinato. No entanto, o Comitê da Câmara sobre Assassinatos descobriu em 1979 que talvez tenha havido uma conspiração em torno do acontecido. Este tópico foi debatido e há muitas teorias sobre o assassinato, visto que o crime foi um momento importante na história dos Estados Unidos devido ao seu impacto traumático na psique da nação.
Muitos viram em Kennedy um ícone das esperanças e aspirações americanas, e em algumas pesquisas no país ele ainda é valorizado como um dos melhores presidentes da história da nação.
Infância e juventude
John F. Kennedy era filho de Joseph P. Kennedy e Rose Fitzgerald. Joseph era um empresário e também foi embaixador americano no Reino Unido. Rose foi a filha mais velha de John Fitzgerald, uma figura política proeminente em Boston, que foi deputado e prefeito de sua cidade. O casal teve nove filhos, sendo John o segundo deles. Nascido no número 83 da Beals Street, em Brookline, Massachusetts na terça-feira 29 de maio de 1917, às 15:00h.
Durante seus primeiros 10 anos de vida, viveu em Brookline. Ele estudou na escola Devotion Edward do jardim de infância até o início da terceira série. Na quarta série, ingressou numa escola particular para meninos chamada de Noble e Greenough, mais tarde chamado de Dexter School.
Em setembro de 1927, ele mudou-se com a sua família para uma mansão alugada de 20 cômodos em Riverdale, no bairro do Bronx em Nova York. Dois anos depois, eles se mudaram cinco milhas a nordeste, para uma mansão com 21 quartos em um campo de seis hectares, em Bronxville, Nova York, adquirida em maio de 1929. Kennedy à época era escoteiro e um membro da "Tropa Escoteiro 2" de Bronxville entre 1929 e 1931, e também foi primeiro escoteiro a ser eleito presidente.5 Ele passou seus verões com sua família em uma casa em Hyannis Port, Massachusetts, também comprada em 1929 e as festas de Natal e de Páscoa reuniam-se em sua casa em Palm Beach, Flórida, adquirida em 1933. A partir da quinta para a sétima série, John estudou na escola particular Country Riverdale, uma escola exclusivamente para os meninos de Riverdale.
Em setembro de 1930, Kennedy foi enviado para um internato de meninos de Canterbury School para participar da oitava série. Esta escola era 50 milhas de sua casa em New Milford, Connecticut. No final de abril de 1931 teve um ataque de apendicite e passou por uma apendicectomia, após o qual ele se ausentou da Canterbury para se recuperar em casa. Em setembro de 1931, John foi enviado com seu irmão mais velho, Joe, à escola privada Choate, que ficava a cerca de 60 milhas de sua casa em Wallingford, Connecticut, que era uma escola preparatória para a faculdade. Em janeiro de 1934, ele começou a perder muito peso e ficou doente, sendo internado no Hospital Yale-New Haven até a Páscoa e passou a maior parte do mês de junho de 1934 hospitalizado na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, objeto de análise pelo colite que sofreu.
Ele se formou em Choate, em junho de 1935.6 Em setembro, ele viajou para Londres no navio SS Normandie, o que era sua primeira viagem ao exterior. Ele estava acompanhado por seus pais e sua irmã Kathleen. A ideia da viagem era que o jovem Kennedy estudasse por um ano com o professor Harold Laski na London School of Economics (LSE), como tinha feito seu irmão mais velho, Joe. Mas na segunda semana no LSE foi hospitalizado por causa de icterícia. Devido a isso, ele viajou de volta para a América depois de passar apenas três semanas no Reino Unido. Em outubro de 1935, Kennedy ingressou tardiamente na Universidade de Princeton onde apenas seis semanas depois, entre janeiro e fevereiro de 1936, foi hospitalizado por mais duas semanas no Hospital Peter Bent Brigham, em Boston, onde houve comentários sobre uma possível leucemia. Entre março e abril deste ano permaneceu em Palm Beach, na casa de inverno da família, recuperando-se, e durante maio e junho, trabalhou na fazenda de 40.000 hectares nos arredores de Benson, Arizona.
Em setembro de 1936 ele se matriculou para estudar seu primeiro ano na Universidade de Harvard, vivendo em House Winthrop do primeiro ao último ano. Mais uma vez ele seguiu seu irmão Joe, que já havia feito dois anos na faculdade. Em julho de 1937, viajou para a França no SS Washington. Ele passou 10 semanas de viagem com um amigo, não só neste país mas também na Itália, Alemanha, Holanda e no Reino Unido.
No final de junho de 1938, ele viajou com seu pai e seu irmão Joe no SS Normandie para trabalhar o mês de julho na Embaixada americana em Londres, porque seu pai foi nomeado Embaixador dos Estados Unidos no Tribunal de Saint James pelo presidente Franklin D. Roosevelt. De fevereiro a setembro de 1939, Kennedy visitou a União Soviética, os Bálcãs e o Oriente Médio para reunir informações para sua tese em Harvard. Ele passou os últimos dez dias de agosto na Checoslováquia e na Alemanha antes de retornar a Londres em 1 de setembro de 1939, mesmo dia em que aconteceu a invasão alemã da Polônia. Em 3 de setembro, foi com seus pais, seu irmão Joe e a irmã Kathleen na Galeria Strangers da Câmara dos Comuns britânica, onde ele ouviu discursos de apoio à declaração de guerra do Reino Unido para a Alemanha. Kennedy foi enviado por seu pai como seu representante para ajudar nos esforços aos sobreviventes americanos do navio SS Athenia. No final de setembro ele voltou para os Estados Unidos em um voo transatlântico do Clipper Dixie da Pan Am, que voou de Foynes à Port Washington, New York.
Em 1940, ele completou sua tese de doutorado, intitulada de "Apaziguamento em Munique", sobre o Acordo de Munique. Inicialmente, ele queria que sua tese fosse privada, mas seu pai o convenceu a publicá-la em um livro. Graduou-se com um Doutorado pela Universidade de Harvard com uma licenciatura em relações internacionais em junho de 1940 e em julho do mesmo ano a sua tese foi publicada sob o título "Why England Sleept?" ("Porque a Inglaterra Dormiu?") que se tornou um bestseller.
Entre setembro e dezembro de 1940, assistiu a palestras na Stanford Graduate School of Business. No início de 1941, ele ajudou seu pai a completar a escrita de suas memórias de três anos como embaixador. Em maio e junho de 1941 viajou para à América do Sul.
Serviço militar
Na primavera de 1941, Kennedy se voluntariou para o Exército dos Estados Unidos, mas foi rejeitado principalmente por seus problemas na coluna. No entanto, em setembro do mesmo ano, a Marinha aceitou-o, pela influência do diretor do Escritório de Inteligência Naval (ONI), um antigo assessor naval de seu pai nos tempos de embaixador na Grã-Bretanha. Com a patente de tenente, ele trabalhou em um escritório fazendo boletins e relatórios que eram apresentados ao secretário da Marinha. Foi durante este período que ocorreu o ataque japonês a base de Pearl Harbor. Ele estudava na Escola Naval Preparatória para Oficiais da Reserva e no Torpedo Motor Boat Squadron Training Center, antes de ser designado para o Panamá e, finalmente, para as operações no Pacífico. Ele participou em diversas missões e foi promovido a Comandante de um barco torpedeiro de patrulha (que eram embarcações pequenas e rápidas, projetadas para atacar navios de grande porte de surpresa).
Em 2 de agosto de 1943, o barco de Kennedy, o PT-109, foi abordado pelo destróier japonês Amagiri durante uma missão noturna perto da Nova Geórgia nas Ilhas Salomão. John caiu para fora do barco e machucou sua coluna. Apesar de sua lesão, ele ajudou seus 10 colegas sobreviventes, especialmente um que foi gravemente ferido, até chegarem em uma ilha onde foram resgatados.10 Por esta ação, ele recebeu a Medalha da Marinha e dos Fuzileiros Navais ("Navy e Marine Corps Medal") e a seguinte declaração:
"Por conduta extremamente heróica como comandante do barco Torpedeiro 109 após a colisão e naufrágio do navio no Teatro de Operações do Pacífico em agosto de 1943. Independentemente de danos pessoais, o tenente Kennedy, sem hesitação, lutou contra todas as probabilidades, na escuridão para as operações de resgate direto, muitas horas de natação para resgatar e prestar assistência e comida para os seus companheiros, uma vez que estavam a salvo em terra. Sua coragem excepcional, força e liderança ajudou a salvar a vida de muitas pessoas e manter as melhores tradições da Marinha dos Estados Unidos".
Em agosto de 1963, três meses antes de seu assassinato, Kennedy escreveu: "Qualquer homem que pediu neste século algo que ele fez para fazer sua vida valer a pena, eu acho que poderá responder com muito orgulho e satisfação: servi na Marinha dos Estados Unidos".
Início de sua carreira política
Após a Segunda Guerra Mundial, Kennedy considerou a ideia de se tornar um jornalista. Nos anos antes da guerra não tinha pensado muito sobre política porque sua família tinha depositado as suas esperanças políticas em seu irmão mais velho, Joseph P. Kennedy Jr, no entanto, ele morreu em combate durante o conflito. Em 1946, o representante da Câmara dos Representantes, o democrata James Michael Curley abandonou o cargo para aspirar ser candidato a prefeito de Boston, dando a Kennedy uma chance de tentar concorrer a vaga deixada. Ele eventualmente venceria aquela eleição contra o seu adversário republicano por uma larga maioria. JFK foi membro do Congresso por seis anos. Seus votos sobre diversas iniciativas não são ajustados para uma tendência fixa partidária e, muitas vezes, difere da posição do Presidente Harry S. Truman e do resto do seu partido. Em 1952, ele derrotou o candidato republicano Henry Cabot Lodge Jr. na eleição para o cargo de Senador.
Kennedy então casou-se com Jacqueline Lee Bouvier em 12 de setembro de 1953. Durante os próximos dois anos ele foi submetido a várias cirurgias para tentar corrigir seus problemas de coluna. Ele ficou, portanto, ausente em várias sessões do Senado. Durante sua convalescença, ele escreveu "Profiles in Courage" (Profissões de Coragem), um livro que descreve situações em que oito senadores americanos arriscaram suas carreiras para permanecer firme em suas convicções e crenças. O livro foi premiado em 1957 com o Prêmio Pulitzer de melhor biografia.
Em 1956, o candidato a presidência de esquerda, Adlai Stevenson, foi para a Convenção do Partido Democrata e precisava da nomeação de um candidato à vice-presidência dos Estados Unidos. Kennedy terminou em segundo lugar na votação, atrás do Senador Estes Kefauver do Tennessee. Graças a este episódio e apesar de sua derrota, JFK ganhou notoriedade nacional, o que o ajudaria nos anos seguintes. Seu pai, Joseph Kennedy, notou que no fundo foi bom para John não conseguir a nomeação, porque então, muitos culpavam os católicos na derrota eleitoral, mas em particular reconheceu que para qualquer democrata seria difícil competir contra o candidato Republicano Dwight Eisenhower.
Anos mais tarde revelaram que em setembro de 1947, quando ele tinha 30 anos e durante seu primeiro mandato como congressista, Kennedy foi diagnosticado com a doença de Addison (uma deficiência hormonal rara) por Sir Daniel Davis em uma clínica de Londres. Este e outros problemas médicos foram mantidos em segredo do público e da imprensa durante a vida de Kennedy.
Em Wisconsin o senador republicano Joseph McCarthy , principal responsável pela caça às bruxas nos primeiros anos da década de 1950 foi um grande amigo da família Kennedy. Joe Kennedy sempre apoiou McCarthy, Robert F. Kennedy trabalhou para a subcomissão de McCarthy e foi romanticamente ligado à Patricia Kennedy. Em 1954, quando se estudava no Senado que se julgasse o senador de Wisconsin, John Kennedy redigiu um discurso para censurar McCarthy, mas nunca foi entregue. Em 2 de dezembro de 1954, o senador Kennedy estava no hospital quando o Senado anunciou sua decisão de censurar McCarthy. Embora ausente, Kennedy poderia ter influenciado a decisão, mas preferiu não e nunca indicou como teria votado. Este episódio seriamente danificou o apoio a Kennedy dos mais progressistas, especialmente Eleanor Roosevelt, mesmo nas eleições de 1960.
Eleição Presidencial de 1960
Em 2 de janeiro de 1960, Kennedy manifestou sua intenção de concorrer nas eleições presidenciais daquele ano. Nas primárias do Partido Democrata, concorreu com o senador Hubert Humphrey de Minnesota e o senador Wayne Morse de Oregon. JFK derrotou Humphrey em Wisconsin e na Virgínia Ocidental e Morse em Maryland e em Oregon. Ele também superou a oposição (muitos candidatos usavam seus nomes informais que eram escritos pelo eleitor para preencher a cédula), em New Hampshire, Indiana e em Nebraska. Nas minas de carvão na Virginia Ocidental, ele visitou e conversou com os mineiros pelo seu apoio, a maioria do eleitorado do estado era conservador, protestante, muito suspeito do catolicismo de Kennedy, apesar de ter sido vitorioso apenas lá, que confirmou a sua posição como um candidato de recurso popular.
No dia 13 de julho, Kennedy foi eleito candidato democrata à presidência, o segundo católico a receber a nomeação para tentar se eleger ao cargo de Presidente (Al Smith foi o primeiro em 1928, apoiado pelo próprio pai de Kennedy). Ele perguntou à Lyndon B. Johnson se ele queria ser o seu candidato à Vice-Presidência, apesar da oposição de muitos delegados liberais, e do grupo perto de Kennedy, incluindo seu irmão Robert. Mas ele precisava da popularidade de Johnson nos estados do sul para ganhar o que proporcionou uma das mais disputada eleições presidenciais desde 1916. As principais questões incluiam a religião católica de Kennedy, a preocupação se a União Soviética estava vencendo ou não a corrida espacial e a crise com Cuba.
Entre setembro e outubro houve três debates presidenciais entre Kennedy e Richard Nixon, o candidato republicano. Em 26 de setembro, 70 milhões de telespectadores viram o primeiro debate presidencial televisionado da história americana. Antes do primeiro debate, Nixon tinha passado duas semanas no hospital devido a uma lesão na perna, usava uma barba e não queria maquiagem. Ele parecia tenso e desconfortável, enquanto Kennedy apareceu relaxado. No final do debate a maior parte do público deu Kennedy como o vencedor. Mas aqueles que escutaram no rádio deram Nixon como o vencedor ou disseram que o resultado foi um empate. Em 7 de outubro o segundo debate foi realizado e o terceiro e último debate foi realizado no dia 13 de outubro. Atualmente, os debates televisivos são considerados fundamentais na política americana, mas foi o debate Kennedy-Nixon de 1960, no tempo em que a televisão teria um papel dominante na política. Após o debate, a campanha de Kennedy ganhou impulso, conseguiu superar Nixon em alguns pontos na maioria das pesquisas. Na terça-feira, 8 de novembro de 1960, Kennedy derrotou Richard Nixon, em uma das eleições presidenciais mais apertadas do século XX. No voto popular nacional, Kennedy venceu com 49,7% dos votos contra 49,5% do concorrente, enquanto no Colégio Eleitoral ganhou com 303 votos contra 219 (269 eram necessários para vencer).
Presidência (1961-1963)
John F. Kennedy tomou posse como o 35º presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 1961. Em seu discurso inaugural, falou da necessidade dos cidadãos americanos em serem mais ativos, proporcionando uma de suas frases mais famosas: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país!" Ele também pediu à outras nações que lutassem juntas contra o que ele chamou de "inimigos comuns do homem": a tirania, doenças, pobreza e a guerra em si. No final, expandiu o seu desejo de mais internacionalismo: "Finalmente, se vocês são cidadãos dos Estados Unidos como se eles estão no mundo, exijam de nós a mesma generosidade de força e sacrifício que pedimos a vocês."
Política interna
Kennedy chamou o seu programa de política interna de "The New Frontier" ("A Nova Fronteira"). Ambiciosamente prometeu maior financiamento federal para a educação, cuidados com a saúde dos idosos e intervenção governamental para travar a recessão economica. Ele também prometeu acabar com a discriminação racial. Em 1963, ele propôs uma reforma tributária que incluía a redução de impostos, que foi aprovada pelo Congresso em 1964, após o seu assassinato. Alguns dos mais importantes programas de Kennedy conseguiram ser votados no Congresso durante a sua vida mas sob Johnson, seu sucessor, o Congresso votou os demais projetos durante o período de 1964 a 1965 .
Como presidente, Kennedy autorizou a execução de duas penas de morte, uma para a convicção dos tribunais comuns e uma nos tribunais militares, em ambos os casos, recusou-se a exercer o seu poder de comutar as sentenças. O governador do estado de Iowa, à época Harold Hughes, disse que Kennedy pessoalmente pediu clemência para Victor Feguer e os condenados por tribunais civis, incapaz de impedir que ele fosse enforcado em 15 de março de 1963. De Feguer, porque era a última do estado de Iowa (que aboliu a pena capital em 1965) e também o último de um prisioneiro federal, antes da moratória de 1972-1976, após o caso Furman vs. Georgia. Esta última a execução militar foi realizada até à data .
Economia
Kennedy encerrou um período de políticas fiscais rigorosas. A política monetária diminuiu para manter as taxas de juros baixa e estimular o crescimento da economia. JFK foi o primeiro presidente a quebrar o recorde de US$ 100 bilhões de dólares no orçamento em 1962 e seu primeiro orçamento em 1961 levou ao primeiro déficit orçamentário sem guerra ou recessão na história do país. A economia, que passou por duas recessões em três anos, estava mal antes de Kennedy tomar posse. Apesar de baixa inflação e das baixas taxas de juros, o PIB havia crescido a uma média de apenas 2,2% no governo do presidente Eisenhower (um pouco maior que o crescimento da população na época).
A economia voltou a prosperar durante o governo Kennedy. O PIB cresceu a uma média de 5,5% no início de 1961 até o final de 1963, enquanto a inflação permaneceu estável em torno de 1% e o desemprego começou a diminuir.23 A produção industrial cresceu em 15% e as vendas de automóveis deram um salto de 40%.24 Esta taxa de crescimento da economia e da indústria continuou até cerca de 1966.
Direitos Civis
Uma das questões domésticas mais evidentes da era Kennedy foi o final turbulento da prática de discriminação racial tolerado ou autorizado pelas autoridades estaduais. Em 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que a segregação racial nas escolas públicas era inconstitucional. No entanto, muitas escolas, especialmente aquelas dos estados do sul, não obedeceram a decisão da Corte. A segregação nos ônibus, restaurantes, teatros, cinemas, banheiros e outros espaços públicos também continuou. Kennedy apoiando a integração racial e dos direitos civis durante sua campanha presidencial de 1960 e chegou a telefonar para Coretta Scott King, esposa do reverendo preso Martin Luther King, Jr., o que talvez tenha atraído o apoio de eleitores negros para a sua candidatura. A intervenção de John e Robert Kennedy ajudou na liberação do reverendo.
Em 1962, um estudante negro chamado James Meredith tentou se matricular na Universidade do Mississippi, mas violentos protestos de estudantes brancos fizeram com que ele fosse impedido, com a tolerância do governador do Estado. Kennedy respondeu enviando 400 soldados da Guarda Nacional e 3 000 agentes federais para garantir que Meredith pudesse se inscrever.
Em 11 de junho do mesmo ano, o presidente Kennedy interveio quando o governador do Alabama, George Wallace, bloqueou a porta da Universidade do Alabama para impedir que dois alunos afro-americanos se inscrevessem, sendo eles Vivian Malone e James Hood. Wallace simplesmente desistiu e afastou-se quando foi intimado por policiais federais. Naquela noite, Kennedy deu o seu famoso discurso dos direitos civis no rádio e na televisão. Em seu discurso exortou o Congresso a legislar sobre o assunto a sério e, assim, atingir os objetivos propostos por Abraham Lincoln, 100 anos antes. Esta proposta se tornou a Lei dos Direitos Civis de 1964.
Programa espacial
Kennedy queria ansiosamente que os Estados Unidos liderassem a corrida espacial. Sergei Khrushchev, filho do primeiro-ministro soviético, disse que Kennedy aproximou-se de seu pai, Nikita Khrushchev, duas vezes para unir esforços e explorar o espaço. Na primeira ocasião, a União Soviética estava muito à frente em termos de tecnologia comparado aos americanos no espaço. A primeira vez que Kennedy disse que o objetivo de levar um homem à Lua foi em uma Sessão Conjunta do Congresso e do Senado, em 25 de maio de 1961. Na ocasião, ele disse:
Em primeiro lugar, eu acredito que esta nação deve se comprometer consigo mesma em atingir o objetivo de: antes que essa década termine, fazer pousar um homem na Lua e trazê-lo de volta a Terra a salvo. Nenhum outro projeto espacial nesse período vai ser mais impactante para a humanidade, ou mais importante para a exploração do espaço profundo; e nenhum outro vai ser tão difícil ou tão despendioso para ser atingido.
— John Kennedy
Na segunda abordagem à Khrushchev, o líder russo foi convencido dos benefícios que resultariam em compartilhar os custos e os Estados Unidos haviam avançado muito na tecnologia espacial. Os americanos lançaram um satélite em órbita geoestacionária e Kennedy pediu ao Congresso para aprovar um orçamento de mais de 25 bilhões de dólares para o Programa Apollo. O premier russo concordou em trabalhar junto com os norte-americanos no outono de 1963, mas Kennedy foi assassinado antes de qualquer acordo desse tipo pudesse ser formalizado. Em 20 de julho de 1969, quase seis anos após a morte de JFK, o Programa da Apollo 11 conquistou seus objetivos e finalmente um homem pousou na lua.
Política externa
Cuba e a invasão da Baía dos Porcos
Antes que Kennedy fosse eleito presidente, a administração Eisenhower criou um plano para derrubar o regime de Fidel Castro em Cuba. Com o plano estruturado e detalhado pela CIA com apoio mínimo do Departamento de Estado, incluía montar uma insurgência contra-revolucionária composta de cubanos anti-Castro. Os insurgentes cubanos foram treinados pelos americanos e deveriam invadir Cuba e instigar uma revolta do povo cubano para alcançar o objetivo de derrubar Fidel do poder. Em 17 de abril de 1961, Kennedy ordenou que o plano fosse implementado. Com o apoio da Inteligência americana, 1 500 exilados cubanos treinados nos Estados Unidos, a chamada "Brigada 2506", voltou para a ilha na esperança de derrubar o regime comunista de Castro, no episódio que ficou conhecido como a invasão da Baía dos Porcos. No entanto, JFK ordenou que a invasão acontecesse sem o apoio da Força Aérea americana. Em 19 de abril, o governo cubano havia capturado ou matado muitos dos exilados durante a fracassada operação e Kennedy foi forçado a negociar a saída dos 1 189 sobreviventes. Entre as causas do fracasso do plano, notou a falta de diálogo entre os líderes militares e da total falta de apoio naval para destruir a artilharia da ilha, que facilmente acabava com os exilados cubanos quando eles desembarcaram. Depois de 20 meses de negociações, Cuba libertou todos os exilados capturados em troca de 53 milhões de dólares em alimentos e medicamentos. O incidente foi constrangedor para Kennedy. Devido a esta invasão, Castro começou a preocupar-se com os americanos, acreditando que uma segunda invasão era iminente.
Crise dos Mísseis em Cuba
A crise dos mísseis em Cuba começou dia 14 de outubro de 1962, quando o avião espião americano U-2 tirou fotografias das construções de silos para mísseis de longo alcance soviéticos em Cuba. As fotografias foram mostradas a Kennedy em 16 de outubro de 1962. Os Estados Unidos enfrentavam agora uma ameaça nuclear direta e iminente.
Muitos militares e membros da ExComm pressionaram Kennedy para aprovar um ataque aéreo contra as instalações dos mísseis em Cuba, mas o presidente limitou-se a ordenar um bloqueio naval em que a Marinha deveria inspecionar todos os navios que chegassem à Cuba. Ele então iniciou conversações com os soviéticos para que retirassem todo o material de "defesa" que estava sendo instalado em Cuba. JFK então ordenou que a quarentena durasse indefinidamente. Uma semana depois, ele e o Premiê Soviético Nikita Khrushchev chegaram a um acordo. Khrushchev concordou em retirar os mísseis sujeitos a inspecções da ONU se os Estados Unidos emitissem uma declaração pública dizendo que nunca iriam invadir Cuba. Após esta crise, o que foi o mais próximo na história de uma guerra nuclear, Kennedy começou a ser mais cuidadoso em seus confrontos com a União Soviética.
O Corpo da Paz
Como um de seus primeiros atos presidenciais, Kennedy criou o "Peace Corps". Através desse programa, os americanos poderiam se voluntariar para ajudar as nações em desenvolvimento em áreas como educação, agricultura, saúde e construção.
Iraque
Em 1963, a administração Kennedy apoiou um golpe contra o governo do Iraque encabeçada pelo general Abdul Karim Qasim , que cinco anos antes tinha deposto os aliados ocidentais com a monarquia iraquiana. A CIA ajudou o novo governo do Partido Baath liderada por Abdul Salam Arif em livrar o país de supostos esquerdistas e comunistas. No golpe de Estado baathista, o governo usou listas de comunistas suspeitos e de membros da esquerda fornecida pela CIA. De forma sistemática, os assassinatos aconteceram, tendo contado com a ajuda do jovem Saddam Hussein. As vítimas incluíam centenas de médicos, professores, técnicos, advogados e outros profissionais, bem como figuras políticas e militares.De acordo com um artigo de opinião do The New York Times, os Estados Unidos enviaram armas para o novo regime, armas usadas contra insurgentes curdos que os americanos apoiaram contra Kassem e depois os abandonaram. O petróleo bruto e outros interesses, atraiu empresas como Mobil, Bechtel e British Petroleum, que foram ao Iraque na intenção da realização de negócios.
Vietnã
No Sudeste Asiático, Kennedy continuou o que Eisenhower tinha começado a fazer, utilizando de força militar limitada para lutar contra os comunistas comandados principalmente por Ho Chi Minh no Vietnã. Proclamada uma guerra contra a propagação do comunismo pelo mundo, Kennedy estabeleceu programas para ajudar os sul-vietnamitas, de forma econômica e militar, que incluiu o envio de 16 mil conselheiros militares e Forças Especiais americanas para a região. JFK também concordou em usar "zonas livres para disparar" napalm e agente laranja lançado por seus aviões.[carece de fontes] Os Estados Unidos estavam cada vez mais envolvidos na área, mesmo que não estivessem envolvidos diretamente no combate terrestre na guerra que arrastava, porém o conflito iria se intensificar consideravelmente na administração seguinte.
Kennedy inicialmente aumentou o apoio militar mas as forças armadas do Vietnã do Sul foram incapazes de superar as tropas do Việt Minh e dos vietcongues. JFK enfrentou uma crise no Vietnã do Sul em julho de 1963 quando os generais sul-vietnamitas deram um golpe de Estado contra o seu presidente, Ngo Dinh Diem. Em 2 de novembro, Diem foi deposto, preso e executado (embora as circunstâncias exatas da morte nunca foram divulgadas). O presidente americano começou então a desenvolver um plano de retirada das tropas do Vietnã, que se completaria em 1965 mas ele foi morto antes disso. Seu sucessor, o vice-presidente Johnson, optou então por manter os militares por lá e intensificar o conflito.
Discurso em Berlim Ocidental
Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em zonas militares controladas pelos Aliados ocidentais e pelos soviéticos. Com a construção do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961, a cidade de Berlim divididos em duas partes, uma controlada pelos Aliados chamada de Berlim Ocidental e outro, sob o controle dos soviéticos, chamada Berlim Oriental. Kennedy visitou Berlim Ocidental no dia 26 de junho de 1963 e realizou um discurso público criticando o comunismo para marcar o décimo quinto aniversário do bloqueio de Berlim impostas pela União Soviética. No discurso, feito a partir da varanda do edifício Rathaus Schöneberg, disse que a construção do Muro de Berlim era um exemplo do fracasso comunista.
Há dois mil anos, não havia frase que se dissesse com mais orgulho do que civis Romanus sum ("sou um cidadão romano"). Hoje, no mundo da liberdade, não há frase que se diga com mais orgulho que "Ich bin ein Berliner"... Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim e, portanto, como um homem livre, eu me orgulho pelas palavras 'Ich bin ein Berliner'!
A frase "Ich bin ein Berliner" ("Eu sou um berlinense"), foi o auge desse discurso histórico, veio a Kennedy quando ele foi até a varanda da Rathaus Schöneberg. A ideia foi baseada na velha frase Civis Romanus sum ("eu sou um cidadão de Roma") usado pelos romanos. Ele foi para seu intérprete, Robert H. Lochner para traduzir a frase de que "eu sou um berlinense" e para ajudá-lo com a sua pronúncia, escrita rapidamente numa folha as palavras e pronúncia. Quase 83% da população de Berlim estava na rua quando Kennedy disse esta frase. Então, impressionado, confessou a seus assessores: "Nunca teremos outro dia como este".
Tratado de Proibição de testes nucleares
Perturbada pelos perigos constante de poluição radioativa e proliferação de armas nucleares, a administração Kennedy começou a trabalhar na adoção do Tratado da proibição de testes nucleares parcial que proibia testes atômicos em terra, ar ou debaixo de água, mas não testes subterrâneos. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética foram os primeiros signatários do tratado. Kennedy assinou o tratado em agosto de 1963.
Visita à Irlanda
Quando Kennedy visitou a Irlanda em 1963, reuniu-se com o presidente deste país, Éamon de Valera, para formar o "American Foundation Ireland". A missão desta organização foi de promover a comunicação entre os americanos de ascendência irlandesa e com o país de seus antepassados. Kennedy teve um relacionamento mais profundo de solidariedade cultural, aceitando uma crista do Herald Chefe da Irlanda
Ele também visitou a casa de campo onde viviam os seus ancestrais antes de emigrar para a América e disse: "Este é o lugar onde tudo começou". Em 22 de dezembro de 2006, o Departamento de Justiça irlandes revelou documentos policiais que indicaram que Kennedy recebeu três ameaças de morte durante sua visita. Na época, foram consideradas falsas apesar de que a polícia irlandesa tomou medidas extraordinárias de segurança.
A vida social e familiar
No casamento entre John e Jackie Kennedy, eles tiveram quatro filhos, incluindo a sua primeira filha, Arabella Kennedy, que morreu antes do nascimento em 1956. Sua segunda filha Caroline Kennedy, nascida em 1957, e depois teve seu primeiro filho, John F. Kennedy, Jr., nascido em 1960, que morreu em um acidente com seu avião em 1999. Seu último filho nasceu no mesmo ano do assassinato de Kennedy, Patrick Bouvier Kennedy, mas morreu dois dias após o nascimento devido a problemas respiratórios.
O Presidente é geralmente associado à cultura popular. Coisas como "Torcendo na Casa Branca" e o musical "Camelot" (um trabalho popular da Broadway) fazem parte da cultura de JFK. O álbum de comédia Vaughn Meader "Primeira Família" ("Family First") - uma paródia do Presidente, a Primeira Dama, seus filhos e da administração Kennedy - vendeu cerca de 4 milhões de cópias. Em 19 de maio de 1962, Marilyn Monroe cantou para o presidente em sua festa de aniversário no Madison Square Garden .
Por trás da fachada glamourosa, os Kennedys sofreram uma grande tragédia pessoal. Jacqueline sofreu um aborto natural em 1955 e em 1956 deu à luz a sua filha já falecida, Arabella Kennedy. A morte de seu filho recém-nascido, Patrick Bouvier Kennedy, em agosto de 1963 foi outra grande perda. Desde a morte de Kennedy tem sido especulado em numerosas relações extraconjugais que ele teria mantido durante a sua presidência com mulheres como a atriz Marilyn Monroe e Mary Pinchot Meyer, membro do chamado "Jet-Set".
Apesar da imagem idílica que o casamento dos Kennedy representou para grande parte do público, John Fitzgerald permaneceu por alguns anos com as relações extraconjugais. Barbara Gamarekian escreveu em JF Kennedy: An Unfinished Life, que "para JFK e seus assistentes não era incomum ter sexo com as meninas que trabalhavam na Casa Branca". Felizmente para ele, o relacionamento bom com a mídia impediu que tais casos viessem a público.
No levantamento intitulado "lista de pessoas mais admiradas do século XX" por Gallup, Kennedy ficou em terceiro lugar, perdendo apenas para Martin Luther King Jr e Madre Teresa de Calcutá.
Morte
Durante uma visita política a cidade de Dallas, no estado americano do Texas, para iniciar sua campanha a reeleição, o Presidente Kennedy, enquanto desfilava pelas ruas da cidade em carro aberto, foi atingido por dois disparos às 12:30 do dia 22 de novembro de 1963. Ele foi declarado morto meia hora depois.
Lee Harvey Oswald, o suposto assassino, foi preso em um teatro cerca de 80 minutos após o tiroteio. Oswald foi inicialmente acusado do assassinato de um policial de Dallas, JD Tippit, antes de ser acusado do assassinato do presidente. Oswald disse que não tinha matado ninguém, alegando que ele era um chamariz. Mais tarde, ele também seria assassinado.
Em 29 de novembro, o novo Presidente, Lyndon B. Johnson, criou a Comissão Warren que foi presidida pelo Chefe de Justiça Earl Warren para investigar o assassinato. A comissão concluiu que Oswald agiu sozinho, mas as suas conclusões ainda estão em debate, tanto a nível acadêmico quanto à nível popular, com boa parte do povo americano acreditando que a morte do Presidente envolveu uma grande conspiração.
Funeral e enterro
Após o assassinato de Kennedy, seu corpo foi transferido para Washington, D.C., especificamente a Ala Leste da Casa Branca, onde permaneceu até o domingo seguinte. Neste dia, 24 de novembro, o caixão foi levado em uma carruagem puxada por cavalos da Casa Branca ao Capitólio e foi velado em público. Na segunda-feira, 25 de novembro, foi realizado o funeral de Estado, com a participação de mais de 90 representantes de vários países. Um dia após o assassinato, o novo Presidente Johnson declarou segunda-feira como um dia nacional de luto. Na parte da manhã houve uma missa na Catedral de St. Matthew, em Washington, e depois o corpo foi enterrado no Cemitério Nacional de Arlington com todas as honras.
Legado
A televisão foi a principal fonte através da qual as pessoas foram informadas dos acontecimentos que rodearam o assassinato de John F. Kennedy. Jornais foram mantidos como souvenirs, em vez de fontes de notícias atualizadas. As três principais redes de televisão suspenderam seus programas habituais e noticiário continuamente a partir de 22 de novembro até 25 de novembro a cobrir o assunto. O funeral de Kennedy e o assassinato de Lee Harvey Oswald foram transmitido ao vivo por todo o país e apra outras nações mundo. O funeral de Estado foi o primeiro de três que ocorreram dentro de 18 meses, os outros dois foram os da General Douglas MacArthur e do ex-presidente Herbert Hoover.
O assassinato do presidente Kennedy e os mistérios não resolvidos que envolveram o acontecido, acabou afetando a confiança das pessoas na política americana. Esta morte com o posterior assassinato de seu irmão, o senador e ex-Procurador Geral Robert F. Kennedy e o reverendo Martin Luther King Jr., formaram um trio que desilusionaram a população em termos de mudanças políticas e sociais.
"E assim, meus compatriotas americanos, não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte-se o que você pode fazer por seu país. Meus concidadãos do mundo, não perguntem o que a América pode fazer por você, mas o que juntos podemos fazer pela liberdade do homem." - Memorial perto do túmulo de John F. Kennedy, no cemitério de Arlington.
Muitos dos discursos de Kennedy (especialmente seu discurso de posse) são considerados como ícones. Apesar de seu período relativamente curto no gabinete e embora sem grandes mudanças introduzidas na legislação, os americanos tendem a votar em Kennedy como um dos melhores presidentes do país, colocando-o no mesmo nível como Abraham Lincoln, George Washington e Franklin D. Roosevelt. Alguns trechos do discurso de posse de Kennedy foram gravados em uma placa especial e colocado perto de seu túmulo no cemitério de Arlington.
Ele recebeu postumamente o Prêmio "Pacem in Terris". Este prêmio foi criado em honra da encíclica de 1963 o Papa João XXIII, que apela a todas as pessoas de boa vontade para assegurar a paz entre todas as nações. A frase em latim, Pacem in Terris, pode ser traduzido como "Paz na Terra".
Memoriais
Homenagem filatélica do Correio dos EUA em 1967.
O Aeroporto Internacional de Nova York (anteriormente conhecido como Idlewild Airport) foi renomeado Aeroporto Internacional John F. Kennedy em 24 de dezembro de 1963 . Agora é popularmente conhecido como "JFK".
O "John F. Kennedy Expressway" é a estrada principal de Chicago , foi rebatizado em homenagem a Kennedy por voto unânime do Conselho da Cidade de Chicago alguns dias após o assassinato do presidente .
O Boulevard John F. Kennedy em Tampa, Florida foi rebatizado em homenagem a Kennedy, em 1964, com o voto unânime do Conselho da Cidade de Tampa. Kennedy visitou Tampa em 18 de novembro de 1963, apenas quatro dias antes de seu assassinato. Sua carreata que 8 milhas abaixo a Grand Central Avenue para o coração da área empresarial, em Tampa.
O Centro de Lançamento de Operações da NASA em Cabo Canaveral foi renomeada John F. Space Center Kennedy . O mesmo Cabo Canaveral foi renomeado para Cabo Kennedy, mas isso foi revertido em 1973.
Um memorial em honra de Kennedy foi criada em Runnymede, Inglaterra , onde assinou a Carta Magna .
Um trecho da rodovia n º 95 de corrida em Maryland foi dedicado ao presidente Kennedy em 4 de novembro de 1963, oito meses antes de seu assassinato. Logo ele foi rebatizado de John F. Kennedy Memorial Highway.
O porta-aviões USS John F. Kennedy da Marinha foi nomeado em 30 de abril de 1964 , e estava em serviço até 23 de março de 2007 .
A Biblioteca e o Museu Presidencial John F. Kennedy abriu as suas portas em 1979 como a biblioteca presidencial de Kennedy oficial.
A Universidade John F. Kennedy abriu em Pleasant Hill, Califórnia, em 1964 como uma escola para educação de adultos.
O John F. Kennedy National Historic Site preserva a casa de Kennedy, em Brookline.
Na Universidade de Harvard:
O Instituto de Política Harvard serve como um memorial ativo que promove os serviços públicos em seu nome.
Escola de Governo é conhecido como John F. Kennedy School of Government .
O Centro John F. Kennedy for the Performing Arts abriu em 1971 em Washington, DC como um memorial ao seu nome.
A ponte sobre o rio Ohio une Louisville, Kentucky e Jeffersonville, Indiana, que foi concluída quatro dias antes do assassinato de Kennedy Memorial Bridge foi renomeada John F. Kennedy.
O Philadelphia Municipal Stadium foi renomeado John F. Kennedy em 1964.
Kennedy foi postumamente condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1963.
Desde 1964 , um retrato de Kennedy aparece na moeda de 50 centavos substituindo o anterior retrato de Benjamin Franklin.
O Yad Kennedy é um memorial que foi definido na crista da Floresta Jerusalém, a sudoeste de Jerusalém, perto Aminadabe.
Uma das Ilhas Salomão foi chamada de Ilha Kennedy.
Uma das torres residenciais da Universidade Amherst de Massachusetts chamava-se Kennedy Tower.
Em fevereiro de 2007, o nome de Kennedy e sua esposa foram adicionados pelos japoneses de sonda Kaguya com destino a lua, como parte das mensagens da Terra a partir da Sociedade Planetária.
O John F. Kennedy Special Warfare Center and School e Escola do Exército dos Estados Unidos foram nomeadas em sua honra por causa do apoio do presidente ao "Army Rangers" e Boinas Verdes .
Milhares de universidades dos EUA foram nomeadas em sua honra. A primeira escola foi o Kennedy Middle School, em Cupertino, Califórnia , enquanto vivia Kennedy (1960). Na semana após seu assassinato, as primeiras escolas renomeadas em sua honra foram o "Kennedy Elementary School", em Butte, Montana e "John F. Kennedy Middle School", em Long Island em Bethpage, Nova York.
O parque Eyre Square Park na cidade de Galway City, Irlanda, foi renomeado de John F. Parque Kennedy, depois de sua visita em 1963.
Uma ideia que foi rejeitada foi o de mudar o nome do estado de West Virginia em homenagem a Kennedy. Emile J. Hodel, editor do Post-Herald de Beckley, escreveu no editorial perguntando: "Por que não mudar o nome de West Virginia para Kennedy? Ou talvez a Kennediana? Que maior sinal de respeito pode receber um homem que renomeou o estado mais apreciado após seu estado natal de Massachusetts,em sua honra?
Fonte: Wikipédia
Produção de petróleo no Brasil em junho bate recorde, diz ANP
Produção de petróleo no Brasil em junho bate recorde, diz ANP
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de petróleo no Brasil em junho atingiu recorde de 2,246 milhões de barris por dia (bpd), superando a melhor marca da história, de 2,231 milhões de bdp, registrada em janeiro de 2012, informou nesta quinta-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Houve aumento de 2,6 por cento na produção de petróleo do Brasil em relação a maio de 2014 e de 6,9 por cento na comparação com junho de 2013, disse a ANP em nota.
A produção de petróleo do Brasil tem crescido na esteira da maior extração na região do pré-sal, que aumentou 6,2 por cento em relação ao mês anterior, totalizando 583,2 mil barris de óleo equivalente por dia.
A produção total brasileira em junho somou 2,79 milhões de barris/dia (em óleo equivalente, que inclui o gás).
Em torno de 90,4 por cento da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos operados pela Petrobras, disse a ANP.
(Por Gustavo Bonato e Roberto Samora)
EXCLUSIVO-Aécio retomará, se eleito, livre flutuação cambial
EXCLUSIVO-Aécio retomará, se eleito, livre flutuação cambial
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - Um governo tucano retomaria a livre flutuação da taxa de câmbio, caso o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, seja eleito em outubro, disse à Reuters um dos coordenadores do programa econômico da campanha.
“Caso eleito, o governo Aécio Neves terá como objetivo acabar com o populismo cambial imposto pelo governo da presidente Dilma Rousseff e voltar com a livre flutuação da taxa de câmbio”, disse o economista Mansueto Almeida, que ingegra a equipe de coordenação do programa econômico do senador mineiro ao lado do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e dos economistas Luiz Mendonça de Barros e Samuel Pessôa.
Desde agosto do ano passado, o Banco Central sob o governo da presidente Dilma Rousseff mantém um programa de intervenção no câmbio com o objetivo de diminuir a volatilidade do mercado. Isso começou quando a moeda norte-americana se aproximou de 2,45 reais, diante de incertezas sobre o rumo da política monetária ultraexpansionista do banco central norte-americano.
No fim de junho, o BC anunciou a extensão do programa de intervenção pelo menos até o fim do ano sem alterações, apesar de expectativas de que pudesse reduzir a oferta de hedge cambial. Além da oferta diária de swap cambial, equivalente a venda futura de dólares, o BC disse que poderá fazer operações adicionais se julgar necessário.
Para a campanha de Aécio, o correto é manter a livre flutuação.
“O reequilíbrio da taxa de câmbio graças à livre flutuação vai melhorar o desempenho da balança comercial, resultando em uma diminuição no déficit em transações correntes”, disse Mansueto em nota com respostas a questionamentos da Reuters. "Com isso, as contas externas do país vão entrar em um ciclo virtuoso, de atração de mais investimentos e melhoria do saldo comercial”, acrescentou o coordenador tucano.
Na semana passada, durante evento com empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Aécio citou entre as seis diretrizes para melhorar a competitividade industrial a necessidade de um real menos valorizado para ajudar nas exportações de produtos manufaturados.
Durante sua explanação na CNI, o candidato não deu detalhes de qual seria a taxa de câmbio ideal para ajudar os exportadores e tampouco quis comentar após o evento que medidas tomaria para melhorar essa condição.
O Brasil teve nos 12 meses até junho déficit em conta corrente --que engloba as exportações e importações de bens e serviços, entre outros-- de 81,2 bilhões de dólares, o equivalente a 3,58 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para Mansueto, o déficit do país nessa conta “é reflexo do desequilíbrio causado pelo real artificialmente valorizado para combater a inflação”, visão que é compartilhada por parte dos agentes econômicos.
Cessar-fogo em Gaza é mantido pelo segundo dia e negociações continuam
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Palestinos caminham em meio a casas destruídas na Cidade de Gaza, nesta quarta-feira, quando vigorou um cessar-fogo.
REUTERS/Finbarr O'Reilly
Por Nidal al-Mughrabi e Yasmine Saleh
GAZA/CAIRO (Reuters) - Uma trégua de 72 horas na Faixa de Gaza era mantida nesta quarta-feira e Israel disse que estava pronto para ampliar o acordo de cessar-fogo enquanto mediadores egípcios tentavam conversar com representantes israelenses e palestinos para pôr fim à guerra que devastou o enclave dominado pelo grupo islâmico Hamas.
O chefe da Inteligência do Egito se encontrou com uma delegação palestina no Cairo, afirmou a agência de notícias estatal Mena, um dia depois de se reunir com israelenses. A equipe palestina, liderada por uma autoridade do Fatah, grupo do presidente palestino Mahmoud Abbas, inclui enviados do Hamas e do grupo Jihad Islâmica.
"As conversas indiretas entre os palestinos e os israelenses estão avançando", disse um representante egípcio, deixando claro que ambos os lados não estão se encontrando cara a cara. “Ainda é muito cedo para falarmos de resultados, mas estamos otimistas."
O chanceler egípcio, Sameh Shukri, disse a repórteres que seu país estava trabalhando duro por um acordo e buscava "soluções para proteger o povo palestino e seus interesses".
Uma autoridade israelense disse que Israel "manifestou a sua disponibilidade para estender a trégua nos seus termos atuais" para além de um prazo de sexta-feira, quando termina o cessar-fogo de três dias que entrou em vigor na terça-feira.
Uma autoridade de alto escalão do Hamas no Cairo, Moussa Abu Marzouk, disse no Twitter na noite desta quarta-feira que "não há um acordo" para prolongar o cessar-fogo.
"Estender a calma de 72 horas para outro período não foi discutido (com o Hamas no Cairo hoje)", disse Sami Abu Zuhri, o porta-voz do Hamas em Gaza.
Mais cedo, uma autoridade do braço armado do Hamas ameaçou abandonar as negociações se não houvesse progresso em relação às demandas para suspender o bloqueio a Gaza e libertar três prisioneiros mantidos por Israel. O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Benny Gantz, disse em declarações televisionadas que se o Hamas perturbar a calma, "nós não hesitaremos em continuar a usar nossa força sempre que necessário e com qualquer força necessária para garantir a segurança dos cidadãos israelenses perto e longe".
Israel retirou suas forças terrestres da Faixa de Gaza na manhã de terça-feira e começou um cessar-fogo de 72 horas patrocinado pelo Egito junto ao Hamas, como um primeiro passo para um acordo de longo prazo.
Em Gaza, onde meio milhão de pessoas saíram de casa em meio a um mês de intenso bombardeio, alguns moradores deixaram abrigos da ONU e voltaram para bairros onde quarteirões inteiros foram destruídos por ataques israelenses de artilharia, ao passo que o cheiro de corpos em decomposição impregnava o ar.
Ruas em cidades no sul de Israel, as quais vinham sofrendo ataques diários de foguetes vindos da Faixa de Gaza, estavam repletas de crianças brincando.
Os palestinos querem um fim ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito sobre a empobrecida região de Gaza, assim como a liberação de prisioneiros, incluindo aqueles presos em uma operação em junho na Cisjordânia após três seminaristas judeus terem sido sequestrados e assassinados.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em uma entrevista à BBC, também falou da necessidade de o Hamas desativar seu arsenal de foguetes.
“O que queremos fazer é apoiar os palestinos e seu desejo de melhorar suas vidas e ser capazes de abrir cruzamentos e obter alimentos e ter mais liberdade”, disse Kerry. “Mas isso tem que vir com maior responsabilidade em relação a Israel, o que significa abrir mão de foguetes”, disse ele.
(Reportagem adicional de Ali Sawafta, em Ramallah; de Allyn Fisher-Ilan e Ori Lewis, em Jerusalém; e de Maggie Fick, no Cairo)
Palestinos caminham em meio a casas destruídas na Cidade de Gaza, nesta quarta-feira, quando vigorou um cessar-fogo.
REUTERS/Finbarr O'Reilly
Por Nidal al-Mughrabi e Yasmine Saleh
GAZA/CAIRO (Reuters) - Uma trégua de 72 horas na Faixa de Gaza era mantida nesta quarta-feira e Israel disse que estava pronto para ampliar o acordo de cessar-fogo enquanto mediadores egípcios tentavam conversar com representantes israelenses e palestinos para pôr fim à guerra que devastou o enclave dominado pelo grupo islâmico Hamas.
O chefe da Inteligência do Egito se encontrou com uma delegação palestina no Cairo, afirmou a agência de notícias estatal Mena, um dia depois de se reunir com israelenses. A equipe palestina, liderada por uma autoridade do Fatah, grupo do presidente palestino Mahmoud Abbas, inclui enviados do Hamas e do grupo Jihad Islâmica.
"As conversas indiretas entre os palestinos e os israelenses estão avançando", disse um representante egípcio, deixando claro que ambos os lados não estão se encontrando cara a cara. “Ainda é muito cedo para falarmos de resultados, mas estamos otimistas."
O chanceler egípcio, Sameh Shukri, disse a repórteres que seu país estava trabalhando duro por um acordo e buscava "soluções para proteger o povo palestino e seus interesses".
Uma autoridade israelense disse que Israel "manifestou a sua disponibilidade para estender a trégua nos seus termos atuais" para além de um prazo de sexta-feira, quando termina o cessar-fogo de três dias que entrou em vigor na terça-feira.
Uma autoridade de alto escalão do Hamas no Cairo, Moussa Abu Marzouk, disse no Twitter na noite desta quarta-feira que "não há um acordo" para prolongar o cessar-fogo.
"Estender a calma de 72 horas para outro período não foi discutido (com o Hamas no Cairo hoje)", disse Sami Abu Zuhri, o porta-voz do Hamas em Gaza.
Mais cedo, uma autoridade do braço armado do Hamas ameaçou abandonar as negociações se não houvesse progresso em relação às demandas para suspender o bloqueio a Gaza e libertar três prisioneiros mantidos por Israel. O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Benny Gantz, disse em declarações televisionadas que se o Hamas perturbar a calma, "nós não hesitaremos em continuar a usar nossa força sempre que necessário e com qualquer força necessária para garantir a segurança dos cidadãos israelenses perto e longe".
Israel retirou suas forças terrestres da Faixa de Gaza na manhã de terça-feira e começou um cessar-fogo de 72 horas patrocinado pelo Egito junto ao Hamas, como um primeiro passo para um acordo de longo prazo.
Em Gaza, onde meio milhão de pessoas saíram de casa em meio a um mês de intenso bombardeio, alguns moradores deixaram abrigos da ONU e voltaram para bairros onde quarteirões inteiros foram destruídos por ataques israelenses de artilharia, ao passo que o cheiro de corpos em decomposição impregnava o ar.
Ruas em cidades no sul de Israel, as quais vinham sofrendo ataques diários de foguetes vindos da Faixa de Gaza, estavam repletas de crianças brincando.
Os palestinos querem um fim ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito sobre a empobrecida região de Gaza, assim como a liberação de prisioneiros, incluindo aqueles presos em uma operação em junho na Cisjordânia após três seminaristas judeus terem sido sequestrados e assassinados.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em uma entrevista à BBC, também falou da necessidade de o Hamas desativar seu arsenal de foguetes.
“O que queremos fazer é apoiar os palestinos e seu desejo de melhorar suas vidas e ser capazes de abrir cruzamentos e obter alimentos e ter mais liberdade”, disse Kerry. “Mas isso tem que vir com maior responsabilidade em relação a Israel, o que significa abrir mão de foguetes”, disse ele.
(Reportagem adicional de Ali Sawafta, em Ramallah; de Allyn Fisher-Ilan e Ori Lewis, em Jerusalém; e de Maggie Fick, no Cairo)
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Vultos da Dança (ballet clássico) Nijinsky, Rudolf Nureyev e Mikhail Baryshnikov
Mikhail Baryshnikov
Vaslav Nijinsky
Wacław Niżyński, em polaco, Vatslav Fomitch Nijinski, em russo - no cirílico, Вацлав Фомич Нижинский, (Kiev, 12 de Março de 1890 — Londres, 8 de abril de 1950) - foi um bailarino e coreógrafo russo de origem polaca.
Considerado um dos maiores bailarinos de seu tempo, viveu a dança desde muito cedo, pois era filho de bailarinos poloneses, que se apresentavam em teatros e circos. Dançando nas apresentações de seus pais, atuou desde o quatro anos de idade.
Após seu pai ter abandonado a família, mudou-se com sua mãe para São Petersburgo, na Rússia. Com dez anos de idade, iniciou seus estudos em dança na escola de balé do Teatro Imperial. Aos dezoito anos foi o par da bailarina Anna Pavlova. No ano seguinte, em 1909, viajou para Paris com a companhia de balé de Sergei Diaghilev, na qual obteve reconhecimento internacional.
Deus da dança
Para os críticos, Nijinski era dotado de uma técnica extraordinária. Por isso, foi chamado por muitos como o deus da dança, a oitava maravilha do mundo e o Vestris do Norte (referência ao bailarino francês Auguste Vestris, junto ao qual seria sepultado, no cemitério de Montmartre, em Paris). Nijinski revolucionou o balé no início do século XX, conciliando sua técnica com um poder de sedução da plateia, os seus saltos pareciam desafiar a lei da gravidade.
Com coreografias de Fokine, dançou: Silfides, Petrushka, Sherazade, Espectro da Rosa entre outros. Como coreógrafo, Nijinski era considerado ousado e original, sendo atribuído a ele o início da dança moderna. Uma de suas coreografias mais polêmicas foi L'Aprés-Midi d'un Faune, com música de Debussy, vaiada em sua estréia, em 1912. Outras muito conhecidas foram A Sagração da Primavera e Till Eulenspiegel.
Da paixão à loucura
O relacionamento com Diaghilev ficou bastante abalado quando Nijinski se apaixonou pela bailarina Romola de Pulszkie se casou com ela, em 1913, em Buenos Aires. Por uns tempos, foi afastado do grupo, voltando a fazer parte da companhia em 1916, nos Estados Unidos.
Em 1919, aos 29 anos, acometido por distúrbio mental (esquizofrenia), abandonou os palcos. A esquizofrenia do bailarino caracterizava-se, sobretudo pela desordem de pensamento. Essa marca é bastante evidente em trechos de seus diários: "Tenho uma copeira seca, porque sente. Ela pensa muito, porque foi dessecada no outro lugar onde ela serviu por muito tempo". Seu impressionante diário, escrito em 1919, foi publicado por Romola de Pulszki em 1936. Entretanto, nessa versão, Romola eliminou um terço dos textos originais, suprimindo todos os versos e vários trechos com passagens eróticas.
Nijinski passou por inúmeras clínicas psiquiátricas até completar os 60 anos. Morreu em uma clínica em Londres, em 8 de abril de 1950. Somente em 1995 uma edição integral dos originais de seu diário foi publicada na França, pela editora Actes Sud, graças ao consentimento da filha de Nijinski, Tamara.
Rudolf Nureyev
Rudolf Khametovich Nureyev ou Rudolf Xämät uğlı Nuriev (Irkutsk, 17 de março de 1938 — Paris, 6 de janeiro de 1993) foi um bailarino soviético. Nasceu na Rússia Soviética, se transformando num dos mais celebrados bailarinos do século XX e o primeiro superstar homem do mundo da dança desde Vaslav Nijinsky.
Em 17 de Junho de 1961, quando estava em turnê com o Kirov em Paris, ele quebrou a barreira da segurança soviética e pediu asilo de oficiais no Aeroporto de Le Bourget.
Em 1989 ele dançou na União Soviética pela primeira vez desde que a abandonara. Nureyev fez sua última aparição pública em outubro de 1992, como diretor na estréia parisiense de uma nova produção de La Bayadère.
Nureyev morreu em 1993, em Paris, França, por complicações decorrentes da Aids.
O primeiro romance homossexual de Nureyev
Teja Kremke era um belo e jovem estudante de dança da República Democrática Alemã (Alemanha Oriental), três anos mais novo que Nureyev. Antes da fuga de Nureyev para o Ocidente, Kremke e Nureyev tornaram-se amigos inseparáveis em São Petersburgo, durante cerca de seis meses, no que teria sido o primeiro romance homossexual de Nureyev. Apesar da sua juventude, Kremke soube perceber as restrições e constrangimentos a que Nureyev estaria sujeito na rígida União Soviética comunista e encorajou-o a fugir para o Ocidente. Nureyev, apesar de fortemente vigiado pela KGB, e após uma turnê em Paris que lhe rendeu a alcunha de "melhor bailarino do mundo" , assim o fez e, logo depois, telefonou para Kremke, então já em Berlim Oriental, a pedir-lhe para que se lhe juntasse em Paris. Kremke, pressionado pela sua mãe, que queria que ele terminasse o curso de dança, hesitou. Num espaço de dias o Muro de Berlim foi erguido, isolando Berlim Oriental do resto da Europa Ocidental e isolando Nureyev do seu primeiro amor.
Mikhail Baryshnikov
Mikhail Nikolaévich Baryshnikov (russo: "Михаи́л Никола́евич Бары́шников",letão: Mihails Barišņikovs, Riga, 28 de janeiro de 1948)1 é um bailarino, coreógrafo e ator.
Biografia
Nascido na Letônia e naturalizado norte-americano, começou seus estudos de balé em 1960. Em 1964, ele entrou na Escola Vaganova, na então Leningrado, logo na conquista do primeiro prêmio, na divisão júnior do Concurso Internacional Varna. Ele entrou o Balé Kirov e fez sua estréia no Teatro Mariinsky, em 1967, dançando o "camponês" pas de deux de Giselle. O talento de Baryshnikov, em particular a força de sua fase de sua presença e pureza técnica clássica, foi reconhecido por vários coreógrafos soviéticos, incluindo Oleg Vinogradov, Konstantin Sergeyev, Igor Tchernichov, e Leonid Jakobson bailado criado por ele. O virtuoso Vestris, de Jakobson, em 1969, juntamente com uma intensidade emocional de Albrecht, em Giselle, tornou-se a sua assinatura papéis. Embora ainda na União Soviética, foi chamado pelo crítico Clive Barnes "o mais perfeito bailarino que alguma vez vi".
Baryshnikov é frequentemente citado ao lado de Vaslav Nijinsky e Rudolf Nureyev como um dos maiores bailarinos da história. Após um promissor início de carreira no Kirov Ballet em Leningrado, ele foi ao Canadá, em 1974, em busca de maiores oportunidades na dança ocidental. Após atuar como autônomo ao lado de várias companhias, juntou-se à Companhia de Ballet de Nova Iorque como solista para aprender o estilo de movimento de George Balanchine. Ele dançou com a companhia American Ballet Theatre, onde posteriormente se tornou diretor artístico.
Baryshnikov liderou muitos de seus próprios projetos artísticos e foi associado principalmente à promoção da dança moderna, lançando dezenas de novos trabalhos, incluindo muitos dele próprio. Seu sucesso como ator no teatro, cinema e televisão o ajudaram a se tornar provavelmente o mais largamente reconhecido bailarino contemporâneo. Em 1977, ele recebeu uma indicação para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e para o Globo de Ouro por seu trabalho como "Yuri Kopeikine" no filme "O Ponto de Mutação (filme)"
Enquanto em uma turnê no Canadá com o Balé Kirov em 1974, Baryshnikov mudou de lado, posicionando-se contra o regime popular socialista, pedindo asilo político em Toronto, a 29 de junho. Ele declarou posteriormente que Christina Berlim, uma amiga americana, o ajudou a planejar sua mudança de lado durante sua turnê 1970 de Londres. Sua primeira performance após a sair do isolamento temporário no Canadá foi com o Balé Nacional do Canadá, em uma versão televisiva de "La Sylphide". Ele então passou aos Estados Unidos.
De 1974 a 1979, ele foi o principal bailarino do American Ballet Theatre (ABT), onde ele se associa com Gelsey Kirkland. Ele também trabalhou com o [New York City Ballet], com George Balanchine. Também excursionou ballet e dança moderna em companhias ao redor do mundo por quinze meses. Vários papéis foram criados por ele, incluindo os Opus 19: A Dreamer (1979), por Jerome Robbins, Rhapsody (1980), por Frederick Ashton, e Outras Danças (com Natalia Makarova) por Jerome Robbins. Ele retornou a ABT, em 1980 como dançarino e diretor artístico, cargo que ocupou durante uma década. Em 3 de julho de 1986, ele se tornou um cidadão naturalizado dos Estados Unidos. De 1990 a 2002, Baryshnikov era diretor artístico da White Oak Dance Project, uma empresa que ele co-fundou com Mark Morris. Em 2004 ele lançou o Baryshnikov Arts Centre, em Nova Iorque.
Durante apresentação no Canadá em 1974, ele buscou asilo no país e, em 1986, naturalizou-se norte-americano. Foi bailarino do American Ballet Theater de Nova Iorque onde foi bailarino de 1974 a 1989, e onde estrelou A Bela Adormecida (1975); Hamlet Conotations (1976); Giselle (1977); Balanchine (1980); Don Quixote (1989). Também foi diretor da companhia do American Ballet Theater entre 1985 e 1989. Além de bailarino é ator, tendo estrelado o filme O Sol da Meia-Noite (White Nights de 1985) ao lado do dançarino e ator americano, Gregory Hines.
Carreira
Dança
O talento de Baryshnikov foi evidente a partir de sua juventude, mas o sistema soviético na qual ele cresceu foi mal adequado para desenvolvê-lo. Mais baixo que a maioria dos bailarinos, ele não poderia segurar uma bailarina em pontas e, por isso, foi relegado para segundo plano. Seu principal objetivo de deixar a Rússia foi o de trabalhar com inovadores; nos primeiros dois anos após a sua deserção, ele dançou para nada menos que 13 diferentes coreógrafos, incluindo Jerome Robbins, Glen Tetley, Alvin Ailey, e Twyla Tharp. "Não importa se cada balé é um sucesso ou não", disse à crítica de dança do New York Times Anna Kisselgoff, em 1976, "A nova experiência dá-me muito."
Em 1987, ele abandonou a sua carreira de free-lancer para passar 18 meses como um dos principais bailarinos do New York City Ballet, coreografado pelo lendário George Balanchine. "Sr. B", como ele era conhecido, raramente, se congratulava com artistas convidados e se recusaram a trabalhar com ambos Nureyev e Makarova; Baryshnikov da decisão de dedicar a sua plena atenções para a companhia de Nova Iorque, atordoados mundo da dança. Balanchine nunca criou um novo trabalho para Baryshnikov, embora ele fez coeografias para bailarina no seu estilo distinto, mas Baryshnikov triunfou em papéis tais como Apolo, filho pródigo, e Rubies. Robbins fez, no entanto, criar a Opus 19: A Dreamer de Baryshnikov, para a sua favorita no NYCB, Patricia McBride. Em 1980, ele se tornou Diretor Artístico do American Ballet Theatre e mudou o seu papel de intérprete a diretor.
No entanto, o seu fascínio com o novo ele ficou em boas substituam. Embora sua técnica tenha perdido o seu flash, o seu domínio de gesto e stagecraft permanece atraente. Como ele observou, "Não importa quão alto você levante sua perna. A técnica é àcerca de transparência, simplicidade e fazer uma séria tentativa." Criou The White Oak Project, que foi formado para criar trabalho para bailarinos mais velhos. Num recital terminou fazendo apenas uma curta dança na festa do seu 60.º aniversário, em 2007, ele apareceu em uma produção de quatro peças de Samuel Beckett, encenado pela diretora de vanguarda Joanne Akalaitis. Ao unir disciplina e carisma, ele formou um elenco excepcionalmente longa carreira e uma longa sombra sobre a dança contemporânea mundo.
Ele recebeu dois diplomas honorários; em 28 de setembro de 2007 a partir de Shenandoah Conservatório de Shenandoah University, e em 11 de maio de 2006, de New York University.
Para o período de vigência do verão 2006, ele entrou em turnê com o Hell's Kitchen Dance, que foi patrocinado pelo Centro de Artes Baryshnikov. Apresentando obras de Baryshnikov Arts Center, com os dançarinos residentes Azsure Barton e Benjamin Millipied, a empresa excursionou pelos Estados Unidos e Espanha.
Em finais de Agosto 2007 Baryshnikov realizou a dança Mats Ek's Place (título original sueco, Ställe) com Ana Laguna em Dansens Hus, em Estocolmo
Filmes e TV
Baryshnikov fez sua estréia na tv americana em 1976, dançando no programa PBS Live Performance, de Wolf Trap. Durante a temporada de Natal de 1977, a CBS exibiu a aclamada produção Nutcracker (O quebra-Nozes), de Tchaikovsky, trazendo o balé clássico para a televisão, e que até hoje continua sendo a produção de televisão mais popular. Além de Baryshnikov, no papel título, Gelsey Kirkland, Alexander Minz, da American Ballet Theatre, também co-estrelou a produção do vídeo no Canadá. Depois de ter sido exibido por duas vezes a CBS, passou-se ao STF, e entrou na grade anual especial de natal daquela TV durante muitos anos. Algumas estações PBS ainda as transmite anualmente, e atualmente é um bestseller em DVD. É a única das duas versões de "The Nutcracker" de ser indicada para um Emmy Award, sendo as outras duas "A Hard Porca", Mark Morris, intencionalmente exageradas e sátira dessa versão do balé. Posteriormente, Baryshnikov surgiu como vencedor em dois Emmy, categoria especiasis de TV; um na ABC-TV e um na CBS, em que ele dançou a musicais na Broadway e Hollywood, respectivamente. Durante a década de 1970 e 80, ele apareceu muitas vezes com a American Ballet Theatre Live de Lincoln Center e Grandes Espectáculos . Ao longo dos anos, ele também apareceu em vários telecasts em Menção Honrosa no Kennedy Center.
Baryshnikov apareceu em seu primeiro papel num filme logo após sua chegada a Nova York, como Yuri Kopeikine, uma famosa bailarina russa, em 1977 no filme O ponto de virada, para a qual recebeu uma indicação ao Óscar. Além disso, ele co-estrelou, com Gregory Hines, em 1985 o filme O Sol da Meia Noite, coreografia de Twyla Tharp, e do filme 1987 bailarinos. Ele encarnou o namorado da protagonista Carrie Bradshaw, Aleksandr Petrovsky, na última temporada de Sex and the City.
Em 2 de novembro de 2006, Baryshnikov foi caracterizado para um episódio do Sundance Channel Iconoclastse da chef Alice Waters. Os dois têm uma longa vida de amizade. Eles discutiram sobre os seus estilos de vida, fontes de inspiração, e dos projetos sociais que os tornam únicos. Durante o programa, Alice Waters visitou o Baryshnikov's Arts Center, em Nova York, e mais tarde o Hell's Kitchen Dance tour trouxe-lhe para visitar a Berkeley Alice Waters' Restaurante Chez Panisse.
Em 17 de julho de 2007, o STF News Hour com Jim Lehrer criou um perfil de Baryshnikov no seu Centro de Artes.
Foi ele quem inventou a frase falada no filme "Grande menina, Pequena mulher":
"As regras são os blocos de composição da diversão"
Familia
Baryshnikov tem uma filha, Aleksandra Baryshnikova (nascido em 1981), a partir de um relacionamento anterior com a atriz Jessica Lange. Quando Baryshnikov e Lange se conheceram, ele era capaz de falar muito pouco Inglês, e eles tiveram de se comunicar usando francês. Baryshnikov está atualmente em uma longa relação com a ex-bailarina Lisa Rinehart, e eles têm três filhos: Sofia, Anna, e Peter. Em uma entrevista com Larry King, Baryshnikov disse que não acredita em casamento, pois o compromisso de que as pessoas fazem entre si não tem nada a ver com um casamento legal. Ele afirmou que ele não era religioso, de forma que permanecer em frente a um altar não significa nada para ele.
REUTERS ESPECIAL-Documentos sugerem que empresas estrangeiras auxiliaram ditadura no Brasil
ESPECIAL-Documentos sugerem que empresas estrangeiras auxiliaram ditadura no Brasil
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Página da chamada "lista negra". Ao lado dos nomes dos funcionários, está escrito à mão o número ou o nome do departamento em que eles trabalhavam. João Paulo de Oliveira, por exemplo, trabalhava na "Produção". REUTERS/Brian Winter.
Por Brian Winter
SÃO PAULO (Reuters) - Quando João Paulo de Oliveira foi demitido em 1980 pela Rapistan, um fabricante de esteiras transportadoras com sede em Michigan, nos Estados Unidos, seus problemas estavam apenas começando.
Nos anos seguintes, a ditadura militar no Brasil prendeu ou deteve Oliveira por cerca de 10 vezes. Carros de polícia passavam por sua casa nos subúrbios industriais de São Paulo, disse ele, e os oficiais faziam gestos intimidadores ou apontavam armas em sua direção.
O crime aparente de Oliveira: ser um sindicalista durante uma época em que os militares consideravam greves como subversão comunista.
"Eu costumava brincar que a minha casa era a mais segura no bairro com tanta polícia por perto", disse Oliveira, hoje com 63 anos. "Mas era difícil, realmente assustador, como uma tortura psicológica."
Pior, disse ele, outras fabricantes locais se recusaram a contratá-lo por muitos anos depois, vagamente citando seu passado. Outros colegas tiveram o mesmo destino. "Nós sempre suspeitamos que as empresas estavam passando informações sobre nós para a polícia", afirmou. "Mas nunca soubemos com certeza."
Evidências recentemente descobertas sugerem que as suspeitas de Oliveira eram bem fundamentadas.
Uma comissão apontada pelo governo para investigar abusos durante a ditadura no Brasil de 1964 a 1985 encontrou documentos que diz mostrarem que a Rapistan e outras empresas secretamente ajudaram os militares a identificar suspeitos "subversivos" e ativistas sindicais em suas folhas de pagamento.
Empresas estrangeiras e brasileiras são citadas nos documentos, incluindo algumas das maiores montadoras do mundo: Volkswagen, Ford, Toyota e Mercedes-Benz, unidade da Daimler, entre outras.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ainda tem que publicar as suas conclusões, e as empresas não foram até aqui acusadas de qualquer crime. Está em debate se elas colaboraram com a ditadura e se sim, em que medida. No entanto, defensores dos direitos humanos e alguns dos trabalhadores citados nos documentos dizem que podem mover ações cíveis ou legais como resultado das conclusões da comissão.
Alguns trabalhadores querem que as empresas paguem reparações por salários perdidos. Outros, incluindo aqueles que duvidam que o relatório da CNV será conclusivo o suficiente para um caso nos tribunais, dizem que ficariam satisfeitos com um pedido de desculpas.
A CNV foi instituída em 2012 pela presidente Dilma Rousseff, ela própria uma ex-militante de esquerda que foi presa e torturada por militares na década dos anos 1970.
A comissão tem a tarefa de lançar nova luz sobre os abusos cometidos durante essa época, e quem foram os responsáveis por isso. A ditadura apoiada pelos Estados Unidos matou cerca de 300 pessoas, e torturou ou prendeu milhares mais, como parte do que o regime via como uma luta para parar o esforço de esquerdistas de transformar o Brasil em uma versão muito maior da Cuba de Fidel Castro.
Dilma, que está concorrendo à reeleição em outubro, expressou a esperança de que um registro histórico mais completo ajudará a garantir que o Brasil, agora uma democracia próspera e um crescente poder econômico, nunca repita erros daquela época.
As empresas, em geral, se beneficiaram das políticas conservadoras da ditadura. Acadêmicos há muito acreditam que as empresas locais e multinacionais ajudaram o regime a identificar os funcionários que estavam fomentando conflitos trabalhistas ou representavam uma suposta ameaça à estabilidade.
Agora, os investigadores da comissão descobriram evidências que acreditam comprovar tal relação. A CNV planeja incluir as alegações no seu relatório oficial, previsto para sair em dezembro. Seus membros permitiram que à Reuters tivesse acesso a documentos com evidências sobre as empresas à medida que a investigação se aproxima do fim.
"LISTA NEGRA"
Os documentos não fornecem um registro completo da repressão do Estado durante a ditadura. Alguns jornais da época foram queimados pelos militares ou desapareceram; alguns foram encontrados no ano passado nas casas de ex-oficiais depois que eles morreram; outros estão espalhados em arquivos do Estado.
A descoberta mais valorizada da Comissão até aqui é um documento encontrado nos arquivos do governo do Estado de São Paulo que investigadores chamam informalmente de "lista negra".
A lista datilografada contém os nomes e endereços residenciais de cerca de 460 trabalhadores de 63 empresas do ABC paulista, que às vezes é chamado de "Detroit do Brasil" por ter muitas montadoras estrangeiras baseadas na região.
A lista, que data de início de 1980, foi elaborada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), uma agência de inteligência da polícia que existia principalmente para monitorar e reprimir os esquerdistas. Historiadores dizem que o Dops deteve um número indeterminado de pessoas, incluindo a presidente Dilma, e torturou muitas delas.
A Volkswagen é a empresa que tem mais funcionários na lista do Dops, com 73. A Mercedes-Benz aparece em seguida, com 52.
O documento não diz para qual finalidade o Dops usou a lista, ou quais critérios foram usados para selecionar os nomes. O documento também não indica como o Dops obteve as informações.
A advogada Rosa Cardoso, que lidera a subcomissão da CNV que investiga supostos abusos contra trabalhadores, disse que a lista parece ter sido usada para monitorar ativistas sindicais num momento em que os sindicatos da Grande São Paulo foram se tornando mais assertivos em suas demandas por melhores salários e condições de trabalho. A lista, ou alguma versão dela, também pode ter sido distribuída a empresas para impedir os trabalhadores de conseguir emprego em outro lugar após serem demitidos, disse ela, com base em entrevistas que a comissão realizou.
O documento inclui informações que, segundo Rosa, só podem ter sido fornecidas pelas empresas. Mais da metade dos nomes na lista têm o setor da fábrica onde os funcionários trabalhavam. Esse dado, escrito à mão ao lado dos nomes dos empregados, é altamente específico, denotando a função do departamento ("Manutenção") ou sua nomenclatura interna ("Setor 4530").
"É uma prova de que essas empresas conspiraram para reprimir os seus trabalhadores", disse Rosa.
Alguns estudiosos alertam que é possível que as informações sobre os trabalhadores tenham sido obtidas por outros meios --por exemplo, através de informantes dentro dos sindicatos ou pelo próprio Dops. Questionado sobre as explicações alternativas, Rosa disse: "Não com esse detalhe".
Alguns documentos descobertos pela comissão indicam mais claramente que as empresas passaram informações para os militares.
Investigadores encontraram uma carta de duas páginas da polícia civil de São Paulo para o Dops, datada de 9 de março de 1981, sobre David Rumel, então um médico para o sindicato dos metalúrgicos.
A carta inclui data de nascimento e endereço residencial do Rumel, mas é mais concentrada em seu passado esquerdista. A carta observa que ele ingressou no Partido Comunista Brasileiro, como estudante, em 1971, e foi preso por cinco meses entre 1975 e 1976.
Na carta, a polícia diz que a informação foi "recolhida pelo serviço de segurança Volkswagen do Brasil".
Em resposta a perguntas detalhadas da Reuters sobre se forneceu tais informações aos militares, a Volkswagen do Brasil disse que ainda não foi contactada pela CNV. No entanto, em um desenvolvimento que pode ser o primeiro do tipo no Brasil, a Volkswagen informou que vai iniciar a sua própria investigação.
"Sem o conhecimento dos documentos concretos, não somos capazes de dar respostas a todas as suas perguntas", disse o porta-voz da Volkswagen Renato Acciarto via e-mail. "Mas a Volkswagen vai investigar todas as indicações para obter mais informações sobre a empresa e as instituições do Estado durante o período (do regime) militar."
"A Volkswagen lançará luz sobre esse assunto para obter pleno conhecimento (do que aconteceu)", escreveu ele.
A porta-voz do Dematic Group, com sede em Luxemburgo e que agora controla a Rapistan, Cheryl Falk, disse que a empresa "não tem documentação ou registros" em relação aos empregados em sua unidade brasileira em 1980.
"Valorizamos nossos funcionários e respeitamos sua privacidade, e não iríamos tolerar a conduta alegada (pela comissão da verdade)", acrescentou ela.
A assessoria de imprensa da Mercedes-Benz no Brasil disse que a empresa "não confirma" que deu informações aos militares, e disse que "tem entre seus valores ser apartidária e zelar pela confidencialidade dos dados cadastrais de seus empregados".
A Ford se recusou a comentar. A Toyota e a Fiat, que agora é dona da Chrysler, disseram não ter registros de possíveis abusos durante aquela época. "Gostaríamos de lembrar que estamos nos referindo a um período passado há mais de 30 anos", disse o Departamento de Relações Públicas da Toyota do Brasil.
A Reuters entrevistou 10 pessoas cujos nomes apareceram na "lista negra". A maioria relatou ter sido despedida pelas empresas no início dos anos 1980, na época que o documento apareceu. Alguns disseram que foram presos pelo menos uma vez, às vezes em piquetes. A maioria relatou problemas para encontrar trabalho mais tarde.
Nenhum dos trabalhadores disse ter enfrentado tortura ou prisão prolongada nos anos após o surgimento da lista. Isso condiz com relatos de historiadores de que as táticas mais duras dos militares cessaram em grande parte em meados da década dos anos 1970, com grupos guerrilheiros armados diminuindo em número e generais mais moderados ganhando influência.
Manoel Boni, de 59 anos, disse que foi demitido pela Mercedes-Benz depois de participar de uma greve em 1980. Nos anos que se seguiram, ele aplicou repetidamente para cargos como torneiro mecânico em outras montadoras fora de São Paulo, incluindo algumas fábricas que tinham vagas disponíveis para essa função.
As empresas se recusaram a contratá-lo. Boni disse que dependeu por longos períodos de ajuda da igreja ou da assistência de amigos. Ele finalmente encontrou trabalho em uma pequena fábrica perto do centro de São Paulo.
Quando viu a lista a qual a Reuters teve acesso pela primeira vez, Boni disse: "Meu Deus, meu Deus".
"Setor 381", disse ele, lendo em voz alta a anotação manuscrita ao lado de seu nome. "Sim, isso era a inspeção de qualidade, onde eu trabalhava."
Ele ficou em silêncio por um longo período, lendo outros nomes no documento. "Muitas coisas fazem sentido agora", disse ele, finalmente.
Keiji Kanashiro, 70, foi assessor econômico para a Mercedes-Bens antes de perder o emprego em 1980. Nos anos seguintes, ele disse que muitas vezes enviou 20 currículos por semana, sem sucesso.
Uma vez, Kanashiro disse que se reuniu com um representante de recursos humanos de uma outra grande montadora estrangeira na Grande São Paulo. "Ele me disse: 'Você está em uma lista, e você nunca mais vai trabalhar no setor privado de novo'", afirmou Kanashiro.
Nem todos na lista tiveram essas experiências ruins. Geovaldo Gomes dos Santos, que trabalhou na prevenção de acidentes para a Volkswagen, disse que sentiu como se seus chefes estivessem tentando empurrá-lo para fora da empresa no início dos anos 1980. Ele continuou no trabalho mesmo assim e, finalmente, se aposentou em 2003.
De todo modo, ele tem lembranças vívidas dos anos duros. "Se você apoiou o sindicato, eles trataram você como um inseto", disse. "Eu gostaria de ver alguma justiça pelo que aconteceu com os outros."
LEI DE ANISTIA COMPLICA AS COISAS
A grande questão que paira sobre o trabalho da comissão da verdade é qual tipo de justiça é possível de ser feita.
Diferentemente de alguns outros países na América do Sul que passaram por ditaduras durante a Guerra Fria, o Brasil nunca tinha visto um esforço assim para investigar abusos graves.
Isso é em parte porque o regime militar do Brasil matou muito menos pessoas do que seus pares regionais. A ditadura na Argentina entre 1976 e 1983 matou até 30 mil pessoas-- cerca de 100 vezes o número de mortes no Brasil, em um país com cerca de um quinto da população brasileira. O regime militar do Brasil também foi capaz de negociar uma anistia abrangente para proteger os seus líderes da acusação antes de entregar o poder de volta aos civis em 1985.
Como resultado, alguns juristas são cautelosos sobre as chances de processos judiciais bem-sucedidos.
"Em tese, se uma empresa contribuiu ou se beneficiou da violação de direitos humanos, ela pode ser responsabilizada", disse o procurador regional da República e especialista em direito internacional de direitos humanos, Marlon Weichert. O Ministério Público é um órgão que poderia iniciar ações judiciais com base em conclusões da CNV.
Ciente do trabalho da comissão da verdade até o momento, Weichert disse por e-mail que os resultados são importantes, mas ressaltou que ele precisa ver a prova completa antes de dizer se e como um processo contra as empresas poderia ser fundamentado.
No ano passado, o Ministério Público da Argentina apresentou acusações criminais contra três ex-executivos da Ford, que supostamente deram nomes, endereços e imagens de trabalhadores para as forças de segurança do país durante a ditadura. Alguns desses trabalhadores foram presos e torturados. Os três homens negam as acusações e se declararam inocentes. O caso ainda está fazendo seu caminho nas instâncias da Justiça argentina.
No Brasil, a comissão da verdade pode convocar ou convidar as empresas que aparecem com mais frequência na "lista negra" para dar a sua versão da história nas próximas semanas, disse Sebastião Neto, que está supervisionando a investigação sobre as companhias.
"VOCÊ TEM QUE PROVAR ISSO"
Augusto Portugal, um ex-funcionário da Rolls-Royce que está na lista, está esperando por indenizações das empresas. Mas ele teme que se a comissão solicitar seu testemunho com base em provas inconclusivas, isso poderia fazer com que as empresas se escondam atrás de uma muralha de advogados.
Portugal já entrevistou cerca de 30 pessoas na lista ao escrever uma tese de pós-graduação sobre o tema, e diz que não é completamente claro de onde a informação veio. "É óbvio que as empresas colaboraram (com os militares)", disse ele. "Mas você tem que provar isso."
Também não está claro quão ativamente Dilma, apesar de seu passado, apoiaria qualquer esforço de acusação. Alguns em seu partido queriam incluir um apoio para uma "revisão" da lei de anistia de 1979 em seu programa de governo para a reeleição. Mas a proposta encontrou resistência por parte de alguns de seus assessores, que se preocupam com o fato de ela já ter muito trabalho com uma economia estagnada e uma popularidade em queda.
Outros dizem que a atenção pública dada à comissão da verdade tem sido a sua própria recompensa, por despertar um debate mais amplo na sociedade sobre os crimes da época da ditadura. O jornal O Globo, que defendeu o regime militar, publicou um editorial no ano passado dizendo "que o apoio foi um erro" --o que levou a especulações de que outras empresas possam seguir o mesmo caminho em breve.
Enquanto isso, alguns na lista se confortam por acreditar que no fim venceram.
A agitação sindical nas montadoras instaladas na Grande São Paulo acabou se espalhando, enfraquecendo as forças armadas e levando a uma transição para a democracia em 1985. Do movimento sindical encorajado nasceu um novo partido político: o Partido dos Trabalhadores (PT).
Um de seus fundadores, o ex-líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se presidente do Brasil em 2003. Dilma também é integrante do PT, e o Brasil agora tem algumas das leis trabalhistas mais generosos do mundo.
"Lula sempre nos disse que, para realmente vencer em nossa batalha, tínhamos necessidade de fundar um partido e tentar mudar a sociedade", disse Kanashiro, o ex-empregado da Mercedes-Benz na lista, que agora é do PT em Brasília . "Nunca pensei que isso iria acontecer tão rápido. Mas isso não muda o fato de que nós queremos justiça para esses abusos."
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Página da chamada "lista negra". Ao lado dos nomes dos funcionários, está escrito à mão o número ou o nome do departamento em que eles trabalhavam. João Paulo de Oliveira, por exemplo, trabalhava na "Produção". REUTERS/Brian Winter.
Por Brian Winter
SÃO PAULO (Reuters) - Quando João Paulo de Oliveira foi demitido em 1980 pela Rapistan, um fabricante de esteiras transportadoras com sede em Michigan, nos Estados Unidos, seus problemas estavam apenas começando.
Nos anos seguintes, a ditadura militar no Brasil prendeu ou deteve Oliveira por cerca de 10 vezes. Carros de polícia passavam por sua casa nos subúrbios industriais de São Paulo, disse ele, e os oficiais faziam gestos intimidadores ou apontavam armas em sua direção.
O crime aparente de Oliveira: ser um sindicalista durante uma época em que os militares consideravam greves como subversão comunista.
"Eu costumava brincar que a minha casa era a mais segura no bairro com tanta polícia por perto", disse Oliveira, hoje com 63 anos. "Mas era difícil, realmente assustador, como uma tortura psicológica."
Pior, disse ele, outras fabricantes locais se recusaram a contratá-lo por muitos anos depois, vagamente citando seu passado. Outros colegas tiveram o mesmo destino. "Nós sempre suspeitamos que as empresas estavam passando informações sobre nós para a polícia", afirmou. "Mas nunca soubemos com certeza."
Evidências recentemente descobertas sugerem que as suspeitas de Oliveira eram bem fundamentadas.
Uma comissão apontada pelo governo para investigar abusos durante a ditadura no Brasil de 1964 a 1985 encontrou documentos que diz mostrarem que a Rapistan e outras empresas secretamente ajudaram os militares a identificar suspeitos "subversivos" e ativistas sindicais em suas folhas de pagamento.
Empresas estrangeiras e brasileiras são citadas nos documentos, incluindo algumas das maiores montadoras do mundo: Volkswagen, Ford, Toyota e Mercedes-Benz, unidade da Daimler, entre outras.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ainda tem que publicar as suas conclusões, e as empresas não foram até aqui acusadas de qualquer crime. Está em debate se elas colaboraram com a ditadura e se sim, em que medida. No entanto, defensores dos direitos humanos e alguns dos trabalhadores citados nos documentos dizem que podem mover ações cíveis ou legais como resultado das conclusões da comissão.
Alguns trabalhadores querem que as empresas paguem reparações por salários perdidos. Outros, incluindo aqueles que duvidam que o relatório da CNV será conclusivo o suficiente para um caso nos tribunais, dizem que ficariam satisfeitos com um pedido de desculpas.
A CNV foi instituída em 2012 pela presidente Dilma Rousseff, ela própria uma ex-militante de esquerda que foi presa e torturada por militares na década dos anos 1970.
A comissão tem a tarefa de lançar nova luz sobre os abusos cometidos durante essa época, e quem foram os responsáveis por isso. A ditadura apoiada pelos Estados Unidos matou cerca de 300 pessoas, e torturou ou prendeu milhares mais, como parte do que o regime via como uma luta para parar o esforço de esquerdistas de transformar o Brasil em uma versão muito maior da Cuba de Fidel Castro.
Dilma, que está concorrendo à reeleição em outubro, expressou a esperança de que um registro histórico mais completo ajudará a garantir que o Brasil, agora uma democracia próspera e um crescente poder econômico, nunca repita erros daquela época.
As empresas, em geral, se beneficiaram das políticas conservadoras da ditadura. Acadêmicos há muito acreditam que as empresas locais e multinacionais ajudaram o regime a identificar os funcionários que estavam fomentando conflitos trabalhistas ou representavam uma suposta ameaça à estabilidade.
Agora, os investigadores da comissão descobriram evidências que acreditam comprovar tal relação. A CNV planeja incluir as alegações no seu relatório oficial, previsto para sair em dezembro. Seus membros permitiram que à Reuters tivesse acesso a documentos com evidências sobre as empresas à medida que a investigação se aproxima do fim.
"LISTA NEGRA"
Os documentos não fornecem um registro completo da repressão do Estado durante a ditadura. Alguns jornais da época foram queimados pelos militares ou desapareceram; alguns foram encontrados no ano passado nas casas de ex-oficiais depois que eles morreram; outros estão espalhados em arquivos do Estado.
A descoberta mais valorizada da Comissão até aqui é um documento encontrado nos arquivos do governo do Estado de São Paulo que investigadores chamam informalmente de "lista negra".
A lista datilografada contém os nomes e endereços residenciais de cerca de 460 trabalhadores de 63 empresas do ABC paulista, que às vezes é chamado de "Detroit do Brasil" por ter muitas montadoras estrangeiras baseadas na região.
A lista, que data de início de 1980, foi elaborada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), uma agência de inteligência da polícia que existia principalmente para monitorar e reprimir os esquerdistas. Historiadores dizem que o Dops deteve um número indeterminado de pessoas, incluindo a presidente Dilma, e torturou muitas delas.
A Volkswagen é a empresa que tem mais funcionários na lista do Dops, com 73. A Mercedes-Benz aparece em seguida, com 52.
O documento não diz para qual finalidade o Dops usou a lista, ou quais critérios foram usados para selecionar os nomes. O documento também não indica como o Dops obteve as informações.
A advogada Rosa Cardoso, que lidera a subcomissão da CNV que investiga supostos abusos contra trabalhadores, disse que a lista parece ter sido usada para monitorar ativistas sindicais num momento em que os sindicatos da Grande São Paulo foram se tornando mais assertivos em suas demandas por melhores salários e condições de trabalho. A lista, ou alguma versão dela, também pode ter sido distribuída a empresas para impedir os trabalhadores de conseguir emprego em outro lugar após serem demitidos, disse ela, com base em entrevistas que a comissão realizou.
O documento inclui informações que, segundo Rosa, só podem ter sido fornecidas pelas empresas. Mais da metade dos nomes na lista têm o setor da fábrica onde os funcionários trabalhavam. Esse dado, escrito à mão ao lado dos nomes dos empregados, é altamente específico, denotando a função do departamento ("Manutenção") ou sua nomenclatura interna ("Setor 4530").
"É uma prova de que essas empresas conspiraram para reprimir os seus trabalhadores", disse Rosa.
Alguns estudiosos alertam que é possível que as informações sobre os trabalhadores tenham sido obtidas por outros meios --por exemplo, através de informantes dentro dos sindicatos ou pelo próprio Dops. Questionado sobre as explicações alternativas, Rosa disse: "Não com esse detalhe".
Alguns documentos descobertos pela comissão indicam mais claramente que as empresas passaram informações para os militares.
Investigadores encontraram uma carta de duas páginas da polícia civil de São Paulo para o Dops, datada de 9 de março de 1981, sobre David Rumel, então um médico para o sindicato dos metalúrgicos.
A carta inclui data de nascimento e endereço residencial do Rumel, mas é mais concentrada em seu passado esquerdista. A carta observa que ele ingressou no Partido Comunista Brasileiro, como estudante, em 1971, e foi preso por cinco meses entre 1975 e 1976.
Na carta, a polícia diz que a informação foi "recolhida pelo serviço de segurança Volkswagen do Brasil".
Em resposta a perguntas detalhadas da Reuters sobre se forneceu tais informações aos militares, a Volkswagen do Brasil disse que ainda não foi contactada pela CNV. No entanto, em um desenvolvimento que pode ser o primeiro do tipo no Brasil, a Volkswagen informou que vai iniciar a sua própria investigação.
"Sem o conhecimento dos documentos concretos, não somos capazes de dar respostas a todas as suas perguntas", disse o porta-voz da Volkswagen Renato Acciarto via e-mail. "Mas a Volkswagen vai investigar todas as indicações para obter mais informações sobre a empresa e as instituições do Estado durante o período (do regime) militar."
"A Volkswagen lançará luz sobre esse assunto para obter pleno conhecimento (do que aconteceu)", escreveu ele.
A porta-voz do Dematic Group, com sede em Luxemburgo e que agora controla a Rapistan, Cheryl Falk, disse que a empresa "não tem documentação ou registros" em relação aos empregados em sua unidade brasileira em 1980.
"Valorizamos nossos funcionários e respeitamos sua privacidade, e não iríamos tolerar a conduta alegada (pela comissão da verdade)", acrescentou ela.
A assessoria de imprensa da Mercedes-Benz no Brasil disse que a empresa "não confirma" que deu informações aos militares, e disse que "tem entre seus valores ser apartidária e zelar pela confidencialidade dos dados cadastrais de seus empregados".
A Ford se recusou a comentar. A Toyota e a Fiat, que agora é dona da Chrysler, disseram não ter registros de possíveis abusos durante aquela época. "Gostaríamos de lembrar que estamos nos referindo a um período passado há mais de 30 anos", disse o Departamento de Relações Públicas da Toyota do Brasil.
A Reuters entrevistou 10 pessoas cujos nomes apareceram na "lista negra". A maioria relatou ter sido despedida pelas empresas no início dos anos 1980, na época que o documento apareceu. Alguns disseram que foram presos pelo menos uma vez, às vezes em piquetes. A maioria relatou problemas para encontrar trabalho mais tarde.
Nenhum dos trabalhadores disse ter enfrentado tortura ou prisão prolongada nos anos após o surgimento da lista. Isso condiz com relatos de historiadores de que as táticas mais duras dos militares cessaram em grande parte em meados da década dos anos 1970, com grupos guerrilheiros armados diminuindo em número e generais mais moderados ganhando influência.
Manoel Boni, de 59 anos, disse que foi demitido pela Mercedes-Benz depois de participar de uma greve em 1980. Nos anos que se seguiram, ele aplicou repetidamente para cargos como torneiro mecânico em outras montadoras fora de São Paulo, incluindo algumas fábricas que tinham vagas disponíveis para essa função.
As empresas se recusaram a contratá-lo. Boni disse que dependeu por longos períodos de ajuda da igreja ou da assistência de amigos. Ele finalmente encontrou trabalho em uma pequena fábrica perto do centro de São Paulo.
Quando viu a lista a qual a Reuters teve acesso pela primeira vez, Boni disse: "Meu Deus, meu Deus".
"Setor 381", disse ele, lendo em voz alta a anotação manuscrita ao lado de seu nome. "Sim, isso era a inspeção de qualidade, onde eu trabalhava."
Ele ficou em silêncio por um longo período, lendo outros nomes no documento. "Muitas coisas fazem sentido agora", disse ele, finalmente.
Keiji Kanashiro, 70, foi assessor econômico para a Mercedes-Bens antes de perder o emprego em 1980. Nos anos seguintes, ele disse que muitas vezes enviou 20 currículos por semana, sem sucesso.
Uma vez, Kanashiro disse que se reuniu com um representante de recursos humanos de uma outra grande montadora estrangeira na Grande São Paulo. "Ele me disse: 'Você está em uma lista, e você nunca mais vai trabalhar no setor privado de novo'", afirmou Kanashiro.
Nem todos na lista tiveram essas experiências ruins. Geovaldo Gomes dos Santos, que trabalhou na prevenção de acidentes para a Volkswagen, disse que sentiu como se seus chefes estivessem tentando empurrá-lo para fora da empresa no início dos anos 1980. Ele continuou no trabalho mesmo assim e, finalmente, se aposentou em 2003.
De todo modo, ele tem lembranças vívidas dos anos duros. "Se você apoiou o sindicato, eles trataram você como um inseto", disse. "Eu gostaria de ver alguma justiça pelo que aconteceu com os outros."
LEI DE ANISTIA COMPLICA AS COISAS
A grande questão que paira sobre o trabalho da comissão da verdade é qual tipo de justiça é possível de ser feita.
Diferentemente de alguns outros países na América do Sul que passaram por ditaduras durante a Guerra Fria, o Brasil nunca tinha visto um esforço assim para investigar abusos graves.
Isso é em parte porque o regime militar do Brasil matou muito menos pessoas do que seus pares regionais. A ditadura na Argentina entre 1976 e 1983 matou até 30 mil pessoas-- cerca de 100 vezes o número de mortes no Brasil, em um país com cerca de um quinto da população brasileira. O regime militar do Brasil também foi capaz de negociar uma anistia abrangente para proteger os seus líderes da acusação antes de entregar o poder de volta aos civis em 1985.
Como resultado, alguns juristas são cautelosos sobre as chances de processos judiciais bem-sucedidos.
"Em tese, se uma empresa contribuiu ou se beneficiou da violação de direitos humanos, ela pode ser responsabilizada", disse o procurador regional da República e especialista em direito internacional de direitos humanos, Marlon Weichert. O Ministério Público é um órgão que poderia iniciar ações judiciais com base em conclusões da CNV.
Ciente do trabalho da comissão da verdade até o momento, Weichert disse por e-mail que os resultados são importantes, mas ressaltou que ele precisa ver a prova completa antes de dizer se e como um processo contra as empresas poderia ser fundamentado.
No ano passado, o Ministério Público da Argentina apresentou acusações criminais contra três ex-executivos da Ford, que supostamente deram nomes, endereços e imagens de trabalhadores para as forças de segurança do país durante a ditadura. Alguns desses trabalhadores foram presos e torturados. Os três homens negam as acusações e se declararam inocentes. O caso ainda está fazendo seu caminho nas instâncias da Justiça argentina.
No Brasil, a comissão da verdade pode convocar ou convidar as empresas que aparecem com mais frequência na "lista negra" para dar a sua versão da história nas próximas semanas, disse Sebastião Neto, que está supervisionando a investigação sobre as companhias.
"VOCÊ TEM QUE PROVAR ISSO"
Augusto Portugal, um ex-funcionário da Rolls-Royce que está na lista, está esperando por indenizações das empresas. Mas ele teme que se a comissão solicitar seu testemunho com base em provas inconclusivas, isso poderia fazer com que as empresas se escondam atrás de uma muralha de advogados.
Portugal já entrevistou cerca de 30 pessoas na lista ao escrever uma tese de pós-graduação sobre o tema, e diz que não é completamente claro de onde a informação veio. "É óbvio que as empresas colaboraram (com os militares)", disse ele. "Mas você tem que provar isso."
Também não está claro quão ativamente Dilma, apesar de seu passado, apoiaria qualquer esforço de acusação. Alguns em seu partido queriam incluir um apoio para uma "revisão" da lei de anistia de 1979 em seu programa de governo para a reeleição. Mas a proposta encontrou resistência por parte de alguns de seus assessores, que se preocupam com o fato de ela já ter muito trabalho com uma economia estagnada e uma popularidade em queda.
Outros dizem que a atenção pública dada à comissão da verdade tem sido a sua própria recompensa, por despertar um debate mais amplo na sociedade sobre os crimes da época da ditadura. O jornal O Globo, que defendeu o regime militar, publicou um editorial no ano passado dizendo "que o apoio foi um erro" --o que levou a especulações de que outras empresas possam seguir o mesmo caminho em breve.
Enquanto isso, alguns na lista se confortam por acreditar que no fim venceram.
A agitação sindical nas montadoras instaladas na Grande São Paulo acabou se espalhando, enfraquecendo as forças armadas e levando a uma transição para a democracia em 1985. Do movimento sindical encorajado nasceu um novo partido político: o Partido dos Trabalhadores (PT).
Um de seus fundadores, o ex-líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se presidente do Brasil em 2003. Dilma também é integrante do PT, e o Brasil agora tem algumas das leis trabalhistas mais generosos do mundo.
"Lula sempre nos disse que, para realmente vencer em nossa batalha, tínhamos necessidade de fundar um partido e tentar mudar a sociedade", disse Kanashiro, o ex-empregado da Mercedes-Benz na lista, que agora é do PT em Brasília . "Nunca pensei que isso iria acontecer tão rápido. Mas isso não muda o fato de que nós queremos justiça para esses abusos."
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