Konstantinos - Uranus

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Tizuka Yamazaki grava filme sobre episódio importante da história de Pernambuco///Filmagens de "1817 - A revolução esquecida", dirigido pela cineasta radicada em São Paulo, ocorrem até a próxima sexta-feira na capital pernambucana///

Tizuka Yamazaki grava filme sobre episódio importante da história de Pernambuco
Filmagens de "1817 - A revolução esquecida", dirigido pela cineasta radicada em São Paulo, ocorrem até a próxima sexta-feira na capital pernambucana

Por: Daniel Medeiros, da Folha de Pernambuco em 18/07/17 às 07H03, atualizado em 17/07/17 às 18H28

Bruno Ferrari (ao centro) vive Domingos Martins
Bruno Ferrari (ao centro) vive Domingos Martins
Foto: Henrique Genecy/Folha de Pernambuco
Um dos mais importantes momentos históricos de Pernambuco, em breve, deve ser levado à telinha pelas mãos de Tizuka Yamazaki. A cineasta gaúcha (que dirigiu "Parahyba mulher macho" e "Gaijin", entre outros) está no Recife para as filmagens de "1817 - A revolução esquecida", filme produzido para a TV Escola e que mistura ficção e documentário.

As gravações das cenas ficcionais terminaram ontem, no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José. A partir de amanhã, a equipe retoma os trabalhos, colhendo depoimentos de especialistas sobre o tema.

Tizuka e sua equipe chegaram à capital pernambucana no início de julho e permanecem até o dia 21. Desde então, eles têm realizado filmagens em locações espalhadas pela cidade, como o Sítio de Pai Adão, o Forte do Brum, a ponte Maurício de Nassau, o Marco Zero e a Avenida Cruz Cabugá e o Pátio de São Pedro.

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De acordo com a diretora, o mau tempo no Recife não prejudicou as atividades. "Quando a chuva dava uma trégua, a gente corria para filmar. Conseguimos nos adequar a esse clima meio instável e o cronograma seguiu sem problemas", revela.

Baseado no romance "A noiva da revolução", do jornalista Paulo Santos de Oliveira, o filme aborda o movimento emancipatório pernambucano, que eclodiu há 200 anos. No filme, passado e presente se encontram.

"A gente sabia que não teria nem verba, nem tempo para reconstruir os cenários ao modo da época. Então, fizemos uma mistura. Na ponte, por exemplo, gravamos com figurinos de época, mas com carros passando", conta a cineasta.

Para estas gravações, foi necessário interditar, por algumas horas, a Ponte Maurício de Nassau, entre os bairros de Santo Antônio e do Recife, gerando engarrafamento no trânsito no final da tarde e começo da noite da última quinta-feira (13).

"Os protagonistas contracenam entre si e, às vezes, falam para a câmera. Eles são também narradores. Há várias brincadeiras. Por exemplo: o Domingos Martins encontra com o Cabugá na Avenida Cruz Cabugá, quando ele está apontando para uma placa com o nome dele. Depois, eles começam a conversar e voltam para a ficção", afirma a diretora.

Os atores Klara Castanho ("Amor à vida") e Bruno Ferrari ("Liberdade, liberdade") vivem a pernambucana Maria Teodora da Costa e o comerciante capixaba Domingos Martins, casal central da trama. O elenco conta ainda com 24 atores pernambucanos, além de 170 figurantes.

O intérprete paraibano Paulo Vieira interpreta o comandante Leão Coroado, que matou com golpes de espada o brigadeiro Barbosa de Castro (o pernambucano Walmir Chagas, mais conhecido por interpretar o Veio Mangaba), dando início ao levante. "Está sendo um trabalho muito rico. A cena do assassinato, em especial, foi muito emocionante, pois exigia uma contenção, no primeiro momento, e depois, bastante dinamismo", relata Tizuka.

Estreia em outubro

Para a parte documental da obra, serão entrevistadas personalidades como o historiador Leonardo Dantas e o arquiteto José Luiz da Mota Menezes. Além deles, também estão na lista o antropólogo Caesar Sobreira, a historiadora Socorro Ferraz, e a arquiteta Betânia Corrêa de Araújo, diretora do Museu da Cidade.

Com 50 minutos de duração, o filme deve estrear em outubro, abrindo a série "História". A produção foi aprovada graças ao incentivo do banco de projetos da Roquette Pinto Comunicação Educativa, instituição ligada ao Ministério da Educação (MEC), responsável pelos canais públicos TV Escola e TV INES.

Rô Nascimento, figurinista de "1817 - A revolução esquecida", participa de um bate-papo sobre a produção do filme hoje, a partir das 19h, no Marco Pernambucano Da Moda (Rua Da Moeda, 46, Recife Antigo). Na ocasião, a profissional irá falar sobre o processo de criação dos figurinos do longa-metragem. A entrada é gratuita.


Documentário “1817, a Revolução esquecida”, de Tizuka Yamasaki, abre nova série da TV Escola para apoio ao mercado audiovisual
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Documentário “1817, a Revolução esquecida”, de Tizuka Yamasaki, abre nova série da TV…
 27 de abril de 2017  MEC, Roquette Pinto, TV Escola, TV INES


O projeto da cineasta Tizuka Yamasaki de filmar o documentário “1817, a Revolução Esquecida” foi aprovado pelo Banco de Projetos da Roquette Pinto Comunicação Educativa/TV Escola e vai ser produzido em Pernambuco. O documentário, de 50 minutos, baseado no livro “A Noiva da Revolução”, do escritor Paulo Santos, será lançado em outubro, em comemoração ao segundo centenário da Revolução Pernambucana.

O filme de Tizuka é o primeiro projeto aprovado na nova série de documentários e produtos audiovisuais produzidos pela Roquette Pinto Comunicação Educativa – “História na TV Escola”. Os produtos da nova série serão exibidos nos dois canais públicos da instituição, a TV Escola e a TV INES (único canal brasileiro que transmite 24 horas diárias de programação bilíngue – Português e Libras, a Língua Brasileira de Sinais). Demais projetos serão examinados pelo Comitê de Seleção do Banco de Projetos e podem ser inscritos pelo site “roquettepinto.org.br”.

O Termo de Cooperação entre a produtora de Tizuka Yamasaki, a Rio de Cinema Produções Culturais, a TV Escola e o Ministério da Educação será assinado na Fundação Joaquim Nabuco, no próximo dia 5, com a presença do Ministro da Educação, Mendonça Filho, e do Diretor Geral da Roquette Pinto Comunicação Educativa, Fernando Veloso.



Sobre a TV Escola e a TV INES

A TV Escola é o canal do Ministério da Educação, distribuído em multiplataforma, que tem como objetivo democratizar o ensino básico e elevar a qualidade da educação brasileira. Há mais de 20 anos no ar, o canal tem como público professores, coordenadores e gestores escolares, além de alunos da Pré-escola ao Ensino Médio da Rede Pública. Mas sua programação também procura atender às demandas de pais preocupados com a educação de seus filhos e de todos os interessados em aprender. Ele pode ser acessado através de satélite, parabólica, DTH, TV a cabo e TV Digital, somando mais de 80 milhões de espectadores, além da web, presente em aplicativos para smartphones, tablets, smartTVs e computadores. Em sua grade, destaca-se o “Hora do Enem” – programa diário apresentado pelo jovem Land Vieira, com participação de professores experientes e voltado para estudantes que se preparam para o ENEM.

No ar desde 2013, a TV INES é uma parceria da Roquette Pinto com o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), sendo o primeiro canal brasileiro para surdos e ouvintes. Sua programação é 100% bilíngue (Libras e Português) com legendas descritivas, disponível 24 horas na web, além de ser acessado através de satélite e parabólica em todo território nacional. O principal objetivo é levar educação, informação, cultura e entretenimento a uma grande parcela da população brasileira que se comunica em Libras. No Brasil, cerca de 9 milhões de pessoas apresentam algum grau de deficiência auditiva, sendo 2 milhões deles com surdez profunda, que não conseguem assimilar integralmente as informações disponíveis nos veículos de comunicação tradicionais. Por isso, grande parte de sua produção é pensada para o público surdo, desde a roteirização até a exibição, com destaque para os apresentadores surdos da TV INES.



Sobre a obra: “1817 – A Revolução esquecida”

Obra audiovisual em formato de DocuDrama com conteúdo referente a revolução de 1817, com duração de 50 (cinquenta) minutos.

Prazo de produção de seis meses, entrega prevista para outubro de 2017.

Trata-se de uma obra audiovisual em comemoração a efeméride do segundo centenário da revolução de 1817. O conteúdo será roteirizado tendo como base uma obra literária reconhecida, “A noiva da Revolução” de Paulo Santos de Oliveira, complementado com imagens, depoimentos e entrevistas, feitas a partir de pesquisa dos fatos históricos ocorridos durante o período. A adaptação da obra literária com cenas de dramaturgia e outros materiais captados de forma documental e entrevistas terá como resultado audiovisual o formato de um DocuDrama.

No dia seis de março de 1817, aconteceu no nordeste brasileiro a primeira revolução popular de cunho republicano e democrático. Planejado para se iniciar em abril simultaneamente em Pernambuco, Rio de Janeiro e na Bahia, o movimento é denunciado. A revolução então eclode prematuramente em Recife, logo se estendendo à Paraíba e ao Rio Grande do Norte. O levante acabou de forma violenta, vitimada por uma terrível repressão dos portugueses. Mas a Revolução de 1817, mesmo derrotada, deixou plantadas sementes que germinaram. Ela influenciaria o caminho para independência do Brasil, em 1822.

Dois personagens permeiam a narrativa: o líder revolucionário Domingos José Martins e a jovem Maria Teodora da Costa, que, segundo a literatura viveram um caso do amor em meio a revolução.

A direção geral do DocuDrama deverá ficar a cargo de um profissional reconhecido no mercado da área do audiovisual, assim como a equipe da produtora que realizará o serviço e o autor da obra literária a ser adaptada.

Sobre a produtora

A empresa proponente, Rio de Cinema Produções Culturais, atua desde 2002 na atividade audiovisual e tem como sócio e administrador Ricardo Favilla, Diretor e Produtor com larga atuação e reconhecimento no mercado audiovisual.

Sobre a direção geral e artística

A direção geral do DocuDrama ficará a cargo da premiada diretora Tizuka Yamasaki que é a coprodutora e responsável pela direção artística da obra, tendo em vista o seu currículo que atesta a sua notória especialidade.

Sobre a obra literária adaptada

A Rio de Cinema Produções Culturais detém, também, contrato de exclusividade de liberação dos direitos autorais e patrimoniais para adaptação audiovisual da obra literária “A noiva da Revolução” de Paulo Santos de Oliveira, na qual se baseia a obra “1817 – A Revolução”.



Informações para a imprensa:

ASCOM – Roquette Pinto Comunicação Educativa

Veronica Cobas – Assessora de Comunicação

veronicacobas@roquettepinto.org.br

(21) 3282-6777 – (21) 99315-7972

Rafael Lima – Analista de Comunicação

rafaellima@roquettepinto.org.br

(21) 3282-6634

Paulo Santos e A Noiva da Revolução

terça-feira, 31 de outubro de 2017

200 anos da Revolução Pernambucana de 1817














Revolução Pernambucana de 1817

A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817 na então Capitania de Pernambuco, no Brasil.

Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano e brasileiro.

Foi o único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder.

Contou com relativo apoio internacional: os Estados Unidos, que dois anos antes tinham instalado no Recife o seu primeiro Consulado no Brasil e no Hemisfério Sul devido às relações comerciais com Pernambuco, se mostraram favoráveis à revolução, bem como os ex-oficiais de Napoleão Bonaparte que pretendiam resgatar o seu líder do cativeiro em Santa Helena, levá-lo a Pernambuco e depois a Nova Orleans.

Antecedentes

No começo do século XIX, Pernambuco era a capitania mais rica do Brasil Colônia.[6] Recife e Olinda, as duas maiores urbes pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 60 mil habitantes). O porto do Recife escoava grande parte da produção de açúcar — das centenas de engenhos da Zona da Mata, cujo litoral se estendia da foz do rio São Francisco até a vila de Goiana —, e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de Olinda.


A cidade do Recife meio século após a Revolução Pernambucana.
As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais foram o Areópago de Itambé, a Patriotismo, a Restauração, a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discussão e difusão das "infames ideias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.

A fundação do Seminário de Olinda, filiado a ideias iluministas, deve ser levada em consideração. Não é por outro motivo que o levante ficaria conhecido como "revolução dos padres", dada a participação do clero católico. Frei Caneca tornar-se-ia um símbolo disso.

Causas imediatas

A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817 (imagem) inspirou a atual bandeira de Pernambuco. As três estrelas representam Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e outras estrelas seriam inseridas ao passo que outras capitanias do Brasil aderissem oficialmente à confederação.
Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública;
Criação de novos impostos por Dom João VI provocando a insatisfação da população pernambucana. Segundo escritor inglês então residente no Recife, era grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se pagarem impostos para a manutenção da iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente inexistente a dita iluminação;
Grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuando a fome e a miséria e ocasionando uma queda na produção do açúcar e do algodão, produtos que eram a base da economia de Pernambuco e que começaram a sofrer concorrência do algodão nos Estados Unidos e do açúcar na Jamaica;
Influências externas com a divulgação das ideias liberais e iluministas, que estimularam as camadas populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817;
A crescente pressão dos abolicionistas da Europa que vinha criando restrições gradativas ao tráfico de escravos, mão de obra que se tornava cada vez mais cara e que era o motor de toda a economia agrária pernambucana,
O movimento queria a Independência de Pernambuco sob um regime republicano.
O decorrer da revolução
A revolução iniciou-se com a ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como "Leão Coroado", reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo.

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio dos religiosos Padre João Ribeiro, Padre Miguelinho, Padre Roma, Vigário Tenório, Frei Caneca e mais Antônio Carlos de Andrada e Silva (irmão de José Bonifácio), José de Barros Lima, Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, Manuel Correa de Araújo, Cruz Cabugá, José Luiz de Mendonça e Gervásio Pires, entre outros. Tendo conseguido dominar o Governo de Pernambuco, se apossaram do tesouro, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

Em 29 de março foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas. Nela, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial — porém com liberdade de culto —; foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); e foram abolidos alguns impostos. A escravidão, entretanto, foi mantida.


Luís do Rego Barreto, o algoz da Revolução Pernambucana.

Em punição pelo movimento, diversos revoltosos foram enforcados, arcabuzados e esquartejados, e a então Comarca das Alagoas (imagem), importante região açucareira, foi desmembrada de Pernambuco.
À medida que o calor das discussões e a revolta contra a opressão portuguesa aumentavam, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.

Expansão

As tentativas de obter apoio das capitanias vizinhas fracassaram. Na Bahia, o emissário da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André de Albuquerque Maranhão, que depois de prender o governador, José Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotenciário da nova república em Londres, mas recusou.

A tranquilidade da futura Vila Imperial dos Patos (atual cidade de Patos) foi quebrada pela efervescência da Revolução Pernambucana, que culminaria no movimento denominado Confederação do Equador. O vigário de Pombal, José Ferreira Nobre, assumiu a função de propagá-la em todo o Sertão da Paraíba. Como único caminho que ligava o interior ao mundo civilizado, Patos também se tornou rota dos revolucionários.

No Ceará, Bárbara de Alencar, pernambucana radicada no Cariri, e seu filho, Tristão Gonçalves, aderiram ao movimento, mas foram detidos pelo Capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras, por ordem do governador cearense Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire. José Pereira Filgueiras participou mais tarde da luta pela Independência do Brasil no Maranhão e da Confederação do Equador, quando se uniu a Tristão Gonçalves contra o governo imperial, sendo considerado um de seus heróis.

Repressão

A repressão ao movimento foi sangrenta. Tropas portuguesas chefiadas por Luís do Rego Barreto avançaram pelo sertão de Pernambuco a partir do território baiano, enquanto uma força naval despachada do Rio de Janeiro bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8 mil homens cercavam a capitania. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas entraram na cidade e a encontraram abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.

Nove réus foram enforcados e quatro foram arcabuzados. Muitos deles tiveram seus corpos mutilados depois de mortos. O Padre João Ribeiro suicidou-se, mas o seu corpo foi desenterrado, esquartejado e sua cabeça exposta em praça pública. Um episódio que emocionou até os carrascos foi o de Vigário Tenório, que foi enforcado e decepado, teve as suas mãos cortadas e o corpo arrastado pelas ruas do Recife. Outras dezenas de revoltosos morreram na prisão.

Também em retaliação, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de João VI de Portugal, a Comarca das Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como recompensa, puderam formar uma capitania autônoma.

Apesar de os revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João VI. A coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa.

IMAGENS

Domingos José Martins, líder da Revolução Pernambucana, foi um dos treze revoltosos executados pelo crime de lesa-majestade.

O Padre João Ribeiro, líder moral do movimento, suicidou-se, mas o seu corpo foi desenterrado, esquartejado e sua cabeça exposta em praça pública.

Frei Caneca, que esteve no cárcere por quatro anos, foi fuzilado anos mais tarde, por ter liderado a Confederação do Equador.

Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, irmão de José Bonifácio, passou quatro anos na prisão pelo seu envolvimento na Revolução Pernambucana.

Bárbara de Alencar, primeira presa política do Brasil, é considerada uma heroína do movimento.
Auxílio externo
Em maio de 1817, Antônio Gonçalves da Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia (Estados Unidos) com 800 mil dólares (atualizado ao câmbio de 2007 em aproximadamente 12 milhões de dólares) na bagagem com três missões:

Comprar armas para combater as tropas de Dom João VI;
Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro;
Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado ao Recife.

Grupo de esculturas representando Os Revolucionários Pernambucanos de 1817 na lateral direita do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo.
Porém na data de chegada do emissário aos Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados conde Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet, muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.

Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o secretário de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento.

Data Magna
Em 2007, o dia 6 de março foi declarado a Data Magna de Pernambuco, em virtude da Revolução Pernambucana

Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou outra lei, alterando a Data Magna do Estado para o primeiro domingo de março.

Em 2017, por ocasião do bicentenário da Revolução Pernambucana, o Governo de Pernambuco aprovou uma nova lei, alterando novamente a Data Magna do Estado para 6 de março e reinstituindo assim o dia como feriado civil.


200 anos da Revolução Pernambucana de 1817
 
No dia 9 de março, às 17 horas, na sala Calouste Gulbenkian, na Fundaj/Casa Forte, as fundações Joaquim Nabuco e Astrojildo Pereira e o Centro Josué de Castro promoveram a mesa redonda “1817 A Contestação da Ordem Monárquica”, em comemoração aos 200 anos da Revolução Pernambucana de 1817. O evento foi aberto com palavras do presidente da Fundação, Luiz Otávio de Melo Cavalcanti e do senador Cristovam Buarque, do PPS, partido ao qual a Fundação Astrojildo Pereira é ligada. 



Os palestrantes foram a historiadora e professora da UFPE, Socorro Ferraz, que abordou o tema “Os Contos Loucos e as Fantásticas Carrancas”, o professor Flávio Cabral, que discorreu sobre “A Missão Cabugá nos EUA: uma Página da Revolução Pernambucana”  e o arquiteto e professor da UFPE, José Luiz Mota Menezes, que enfocou o assunto: “Um Campo do Erário Régio, Dois Pátios e uma Revolução Republicana”.

Veja Aqui a fala de abertura do evento, feita pelo presidente da Fundaj, Luiz Otávio de Melo Cavalcanti.

História

No dia 6 de março, Pernambuco comemora 200 anos da deflagração da Revolução Pernambucana, uma revolta influenciada pelas ideias iluministas da França e da América contra o Governo Português, naquele momento instalado no Rio de Janeiro.

Embora a capitania de Pernambuco fosse, naquele início do século XIX, umas das mais prósperas economias do Brasil, centro produtor e exportador de açúcar e algodão, a capital do reino de Portugal foi transferida para o Rio de Janeiro, por ocasião das guerras napoleônicas.

Para financiar os elevados gastos da Coroa Portuguesa, o monarca passou a cobrar pesados impostos que atingiam, principalmente, a economia de Pernambuco. A natural insatisfação com o Governo Português, ampliada com a cobrança de novos impostos, alimentou e fortaleceu o ambiente intelectual, político e econômico que germinava no Recife e em Olinda, propício à descolonização.

A revolução foi liderada por destacados membros da maçonaria, como o comerciante Domingos José Martins, por militares, como José de Barros Lima, conhecido como o Leão Coroado, Pedro da Silva Pedroso e vários religiosos, Muniz Tavares, João Ribeiro, Padre Roma e Padre Miguelinho.

O governo provisório instalado declarou independência de Portugal e proclamou a república; decretou liberdade religiosa e de imprensa, mas não alterou as relações de trabalho escrevo dominantes na produção canavieira.

A República de Pernambuco resistiu por mais de dois meses à ofensiva de D.João VI que enviou cerca de 8 mil homens e uma frota naval para bloquear o porto do Recife, conseguindo esmagar o movimento republicano no dia 19 de maio.

O historiador Carlos Guilherme Mota considera a Revolução Pernambucana de 1817 como o maior movimento de contestação à ordem monárquica até então ocorrido no mundo afro-luso-brasileiro, abrangendo todo o Nordeste brasileiro.

domingo, 22 de outubro de 2017

Donna Summer - Bad Girls (Casablanca Records 1979)


"Bad Girls" é uma canção da cantora americana Donna Summer, co-escrita por Summer e Brooklyn Dreams.

A música atingiu o 1º lugar no Billboard, pop, R & B e discotecas singles charts simultaneamente, ao lado de "Hot Stuff", seu single mais bem sucedido. Bad Girls the single, passou 5 semanas no topo do "Hot 100 chart" e vendeu mais de 2 milhões de cópias nos EUA. A música ajudou o álbum do mesmo nome a atingir o status multi-platina nos Estados Unidos. Um single de 12 "da música foi lançado como um medley com" Hot Stuff ".

Embora "Hot Stuff" fosse estendido para o single de 12 "," Bad Girls "permaneceu na versão do álbum 4:55. Um" Bad Girls "12" single com um tempo de 6:55 foi produzido, mas nunca foi lançado comercialmente. Uma versão demo da música foi lançada no "Deluxe Edition" do CD "Bad Girls".

Bad Girls é o sétimo álbum de estúdio da cantora e compositora americana Donna Summer, lançado em 25 de abril de 1979 em Casablanca Records. Originalmente emitido como um álbum duplo, incorpora estilos musicais como pop, disco, soul, rock, funk e país. Bad Girls tornou-se o álbum mais vendido da carreira de verão, obtendo certificação de vendas de platina dupla nos Estados Unidos.

LaDonna Adrian Gaines (31 de dezembro de 1948 - 17 de maio de 2012), conhecida pelo nome artístico Donna Summer, era uma cantora, compositora e pintora americana. Ela ganhou destaque durante a era do Disco no final da década de 1970. Ganhadora cinco vezes  do Grammy, ela foi a primeira artista a ter três álbuns duplos consecutivos, alcançando o número 1 na parada de álbuns do Billboard dos Estados Unidos e traçou quatro singles número um nos Estados Unidos dentro de um período de 12 meses. Summer teria vendido mais de 140 milhões de discos, tornando-se um dos artistas mais bem sucedidas do mundo em todos os tempos.

Embora influenciado pela contracultura dos anos 60, ela se tornou a cantora de uma banda de rock psicodélico chamada Crow e se mudou para a cidade de Nova York. Juntando uma versão itinerante do  musical Hair, ela saiu de Nova York e passou vários anos vivendo, atuando e cantando na Europa, onde conheceu produtores  músicais, Giorgio Moroder e Pete Bellotte.

Summer voltou para os EUA, em 1975 com o sucesso comercial da música "Love to Love You Baby", seguido por uma série de outros sucessos, como "I Feel Love", "Last Dance", "MacArthur Park", "Heaven Knows "," Hot Stuff "," Bad Girls "," Dim All the Lights "," No More Tears (Enough Is Enough)" (duet with Barbra Streisand) "e" On the Radio ". Ela ficou conhecida como a "Rainha da Disco", enquanto sua música ganhava um seguimento global.

Donna Summer morreu em 17 de maio de 2012, em sua casa em Naples, Flórida. Em seu obituário no The Times, ela foi descrita como a "rainha incontestável da década de 1970", que atingiu o status de "uma das principais cantoras do mundo". Moroder descreveu o trabalho de Donna com ele na música 'I Feel Love' como "realmente o começo da música  disco eletrônica". Em 2013, Summer foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame.



Donna Summer - Bad Girls (Casablanca Records 1979)

Bad girls
Talking about the sad girls
Sad girls
Talking about bad girls, yeah

See them out on the street at night, walkin'
Picking up on all kinds of strangers
If the price is right
You can't score if you're pocket's tight
But you want a good time

You ask yourself
Who they are
Like everybody else
They come from near and far

Bad girls
Talking about the sad girls, yea
Sad girls
Talking about bad girls, yeah

Friday night and the strip is hot
Sun's gone down and they're out to trot
Spirit's high and legs look hot
Do you want to get down

Now don't you ask yourself
Who they are
Like everybody else
They want to be a star

Bad girls
Sad girls
You're such a dirty bad girl
(repeat)

Beep beep uh uh
Now you and me we're both the same
But you call yourself by different names
Now your mama won't like it when she finds out
Her girl is out at night

Bad girls
Sad girls
You're such a dirty bad girl
Beep beep uh uh

You Bad girls
You Sad girls
You're such a dirty bad girl
Beep beep uh uh

Hey, Mister, have you got a dime
Mister, do you want to spent some time, oh, yeah
I got what you want, you got what I need
I'll be your baby, come and spend it on me

Bad girls
Bad girls
Talking aboud bad girls
Sad girls

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Operação Condor (Ditadura Militar)


Operação Condor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Países participantes da Operação Condor. Em verde: membros ativos (Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai). Em verde claro: membros esporádicos (Colombia, Peru, Venezuela). Em azul: EUA.
A Operação Condor (também conhecida como Carcará, no Brasil)  foi uma aliança político-militar entre os vários regimes militares da América do Sul — Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai com a CIA dos Estados Unidos, levada a cabo nas décadas de 1970 e 1980 — criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores dessas ditaduras, eliminar líderes de esquerda instalados nos países do Cone Sul e para reagir à OLAS,(Organização Latino-Americana de Solidariedade), criada por Fidel Castro.

Montada por iniciativa do governo chileno, a Operação Condor durou até a onda de redemocratização, na década seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada com o nome do condor, abutre típico dos Andes que se alimenta de carniça, como os urubus.
Financiamento e treinamento
Os países participantes foram o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai, e o Chile. O governo do general Hugo Banzer na Bolívia também colaborou.

A ação foi conjunta e o governo norte-americano dela tinha conhecimento, conforme demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001. Entretanto, o governo dos EUA alega que dentre todos os papéis liberados, nada há que comprove a participação ativa dos Estados Unidos na Operação Condor.[carece de fontes]

A função principal era eliminar qualquer grupo de oposição aos regimes militares vigentes nestes países, fossem movimentos revolucionários armados como Tupamaros no Uruguai, Montoneros na Argentina, MIR no Chile, ALN no Brasil, ou mesmo lideranças políticas civis e militares como os casos de Orlando Letelier ou Carlos Prats. O primeiro passo da Operação Condor foi executar a imediata unificação de esforços de todos os aparatos repressivos dos países participantes.

Participantes das ações
Foi comprovada, em 1992, através de documentos da polícia secreta do Paraguai, a existência de uma ação de Estado implantada em todo o cone Sul. Na verdade, a Operação Condor foi um acordo costurado por todos os países da região com o intento de facilitar a cooperação regional na repressão aos opositores dos regimes militares que então governavam o Brasil, a Argentina, o Chile e a Bolívia.

Negativa de direitos jurídicos e políticos
A jurisdição da Operação se estendia, portanto, a todos os países envolvidos. A ausência de procedimentos burocrático-formais facilitava as trocas de informações e de prisioneiros (eventualmente dados como "desaparecidos") de diferentes nacionalidades. Aos acusados e perseguidos pelos agentes, eram negados todos os direitos humanos e políticos. Podiam facilmente ser levados de um território a outro sob a acusação de terrorismo.

O sequestro dos uruguaios

O episódio com maior reconhecimento internacional, envolvendo a Operação Condor, aconteceu em novembro de 1978, numa colaboração entre as ditaduras do Uruguai e Brasil, mais tarde conhecida como "O sequestro dos uruguaios". Nesta ocasião, sob consentimento do regime militar brasileiro, altos oficiais do exército uruguaio viajaram clandestinamente a Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul. Alí sequestraram um casal de militantes da oposição política uruguaia, Universindo Rodríguez Díaz e Lilian Celiberti, junto com seus dois filhos, Camilo e Francesca, de 8 e 3 anos de idade, respectivamente.

A operação ilegal fracassou quando dois jornalistas brasileiros, o repórter Luiz Cláudio Cunha e o fotógrafo João Baptista Scalco, da sucursal da revista Veja em Porto Alegre -RS — alertados por um telefonema anônimo, foram ao apartamento onde vivia o casal, no bairro Menino Deus da capital gaúcha.[5] Alí, confundidos com companheiros dos uruguaios, os jornalistas foram recebidos por homens armados que mantinham Lílian presa. Universindo e os filhos de Lílian já haviam sido levados ao Uruguai clandestinamente.[6] A inesperada chegada dos jornalistas quebrou o sigilo da operação, obrigando os militares a levarem rapidamente Lílian a Montevidéu.

Em 1980, dois inspetores do DOPS (Departamento de Ordem Político e Social, uma ramificação oficial da polícia a serviço da repressão política durante o regime militar), e que haviam participado da prisão dos jornalistas no apartamento de Lilian em Porto Alegre, foram condenados pela Justiça brasileira. Eram João Augusto da Rosa e Orandir Portassi Lucas (um ex jogador de futebol conhecido como Didi Pedalada), ambos identificados pelos jornalistas e pelo casal de uruguaios como sendo participantes na operação de sequestro, o que confirmou a participação do governo do Brasil na Operação Condor. Em 1991, através da iniciativa do governador Pedro Simon, o Estado do Rio Grande do Sul reconheceu oficialmente o sequestro dos uruguaios e indenizou-os, inspirando o governo democrático do presidente Luis Alberto Lacalle do Uruguai a fazer o mesmo um ano depois. Lilian, Universindo e as duas crianças são os únicos sobreviventes conhecidos a terem sofrido uma ação da Operação Condor.

Justiça italiana
Existem documentos que comprovam que o procurador Giancarlo Capaldo, magistrado italiano, investigou a ação de militares argentinos, paraguaios, chilenos e brasileiros que torturaram e assassinaram cidadãos italianos na época das ditaduras militares da América Latina.

No caso de acusados brasileiros de assassinato, sequestros e torturas, havia uma lista com o nome de onze brasileiros além de muitos militares de altas patentes dos outros países envolvidos na operação.

Segundo as palavras do Magistrado, em 26 de outubro de 2000, "(...) Nada posso confirmar nem desmentir porque até dezembro militares argentinos, brasileiros, paraguaios e chilenos serão submetidos a julgamento penal..."

Ainda em dezembro de 2000 a Justiça italiana iniciou o julgamento dos onze brasileiros, todos militares e policiais. Eram acusados pelo desaparecimento de três argentinos descendentes de italianos. Os brasileiros eram atuantes da Operação Condor . Por segredo de justiça, os resultados dos julgamentos e as punições dos criminosos, se houve, não foram noticiados.[9] Em dezembro de 2007 foram decretadas por autoridades italianas, prisões preventivas de diversos envolvidos, entre ele os já falecidos João Figueiredo (ex-presidente) e Octávio Aguiar de Medeiros (ex-chefe do SNI)

Jango, JK e Lacerda
Em entrevista concedida em março de 2001, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes declarou que a Operação Condor decorreu do impasse na Guerra do Vietnã, que fez os Estados Unidos temerem confrontos semelhantes com o movimento guerrilheiro da América Latina. Mas a decisão da operação foi de setores da direita do Cone Sul. Quanto a João Goulart, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, a condição para a abertura era o desaparecimento de lideranças políticas e por isso foram eliminados.

A família do ex-presidente João Goulart entrou com ação na Procuradoria Geral da República em que pede a investigação sobre o suposto complô que teria levado ao assassinato por envenenamento do ex-presidente, deposto pelo golpe de 1964 e morto no exílio, na Argentina, em 1976.

O pedido foi acompanhado pela gravação de uma entrevista feita pelo filho de Jango, João Vicente Goulart, com o uruguaio Mario Neira Barreiro, de 53 anos, que atualmente cumpre pena em penitenciária gaúcha, por roubo, formação de quadrilha e posse ilegal de armas. Barreiro descreve seu trabalho no Grupo Gama, o serviço de inteligência uruguaio, nos anos 1970, e detalha a Operação Escorpião (subordinada à Condor), que teria levado ao assassinato de Jango por envenenamento, mediante a adulteração de seus medicamentos de uso contínuo. Ele era cardiopata. "Não me lembro se colocamos no Isordil, no Adelpan ou no Nifodin. Conseguimos colocar um comprimido nos remédios importados da França. Ele não poderia ser examinado por 48 horas, aquela substância poderia ser detectada" - contou Barreiro. Jango morreu na madrugada de 6 de dezembro de 1976, oficialmente de ataque cardíaco, aos 57 anos, em sua Fazenda La Villa, na cidade de Mercedes, Argentina. Seu corpo foi enterrado em São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por autópsia. Há seis anos, uma comissão externa da Câmara dos Deputados investigou a morte de Jango, sem nada concluir.

Porém no dia 13 de novembro de 2013 o corpo do ex-presidente brasileiro foi exumado com o objetivo de tentar esclarecer as causas de sua morte. A urna com os restos mortais de Jango saiu de São Borja com destino a Brasília, capital federal, onde foi recebida pela presidente Dilma Roussef. Amostras de tecidos também serão enviadas para laboratórios no exterior.

Segundo João Vicente, "surgiram depois informações sobre o serviço secreto do Itamaraty, e a colaboração entre esse serviço e os de outros países, que dão veracidade ao que ele disse. Essa colaboração já existia antes da Operação Condor." João Vicente refere-se à divulgação de documentos sobre o Centro de Informações do Exterior, o serviço secreto do Itamaraty criado nos anos 60 e que vigiava os exilados brasileiros. O CIEX foi revelado numa séria de reportagens do jornalista Claudio Dantas Sequeira publicada em julho de 2007 no Correio Braziliense. Claudio Dantas Sequeira ganhou os prêmios Esso e Embratel, os mais importantes do jornalismo brasileiro. Também foi homenageado com o prêmio Resgate Histórico, do Movimento Nacional de Justiça e Direitos Humanos. Sequeira, que prepara um livro sobre o tema, descobriu mais de 20 mil páginas de informes produzidos entre 1966, ano de criação do CIEX, até 1984, quando foi desativado, que não estavam catalogadas no Arquivo do Itamaraty. Depois da publicação da reportagem, toda a documentação foi enviada ao Arquivo Nacional pelo chanceler Celso Amorim. Pesquisadores têm tentado pesquisá-lo, mas enfrentam limitações de acesso àqueles documentos que contém informações de vítimas do regime militar, cuja consulta só é permitida a familiares.

Representações na cultura
A Operação Condor foi retratada, ainda que de forma especulativa, no filme Estado de Sítio, do cineasta grego Costa-Gavras.
Em 2007, foi lançado o documentário "Condor" de Roberto Mader
Documentário "Escadrons de la mort, l'école française" de 2003 (original em francês com legendas em espanhol) . Em português: "Os Esquadrões da morte: A escola francesa"- O documentário que trata da transferência das técnicas francesas de tortura pelo Serviço secreto francês para os sistemas de tortura de outros países, incluindo os países latinos - da documentarista francesa Marie-Monique Robin.
Documentário Tortura Made in USA - 2009 - de Marie-Monique Robin

sábado, 26 de agosto de 2017

PIB brasileiro deve fechar 2017 crescendo a um ritmo de 2% ao ano, diz Meirelles

PIB brasileiro deve fechar 2017 crescendo a um ritmo de 2% ao ano, diz Meirelles
Por Aluisio Alves

CAMPOS DE JORDÃO, São Paulo (Reuters) - A economia brasileira deve fechar 2017 crescendo a um ritmo anualizado de 2 por cento, refletindo vários dados setoriais que sinalizam que o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a ganhar tração nos últimos meses, disse neste sábado o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

“A retomada da economia vai surpreender a muitos”, afirmou Meirelles, durante o 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais.

Citando dados recentes de vários setores da indústria, além da retomada da criação líquida de empregos, Meirelles também mencionou o processo de desalavancagem das empresas como fatores que dão lastro à leitura de que o país está saindo da maior recessão de sua história.

“A economia está voltando ao normal”, disse o ministro durante palestra.

Meirelles elencou ainda uma série de iniciativas do governo, entre leis e projetos que estão no Congresso Nacional, destinadas a dar maior eficiência à economia e reduzir a burocracia, além dos efeitos esperados de medidas já aprovadas, como a reforma trabalhista, que devem dar tração ao movimento.

O ministro previu, por exemplo, que a combinação da reforma trabalhista e a lei da terceirização devem criar cerca de 6 milhões de empregos num prazo de três a cinco anos.

PREVIDÊNCIA

Meirelles reafirmou sua confiança de que o projeto de reforma da previdência que está no Congresso será aprovado neste ano, sem grandes alterações.

“A chance de aprovação da reforma da previdência é real”, disse.

A afirmação contradiz o que o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou mais cedo no mesmo evento, que o governo do presidente Michel Temer não tem mais energia política para aprovar o projeto, que deve então ficar para 2019, após as eleições do ano que vem.

Para Meirelles, aprovar a reforma previdenciária é um interesse de todos os partidos, já que terá que ser feita de qualquer modo e ninguém vai querer assumir o peso político desse porte logo após a eleição.

Segundo o ministro, a aprovação de todo o pacote de reformas proposto vai ajudar o país a entrar num ciclo prolongado de crescimento, com o PIB per capita subindo a uma média anual de 3,1 por cento nos próximos 10 anos.

ELETROBRAS

Meirelles também se mostrou otimista com a execução do pacote de privatizações e concessões anunciado pelo governo Temer nesta semana.

“É factível concluir esse pacote até o fim de 2018”, disse ele mais tarde a jornalistas.

O principal ativo desse pacote, a Eletrobras, terá um impacto tão ou mais importante do que a privatização do sistema de telecomunicações brasileiro, na década de 1990, disse Meirelles.

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Exército da Venezuela e milícias realizam exercícios após ameaça dos EUA


Exército da Venezuela e milícias realizam exercícios após ameaça dos EUA

Redação Reuters

CARACAS (Reuters) - Forças armadas da Venezuela realizam exercícios em todo o país neste sábado, convocando civis para juntarem-se a unidades da reserva para defenderem contra um possível ataque depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou sobre uma “opção militar” para o país.

Trump fez a ameaça de ação militar contra a Venezuela duas semanas atrás e na sexta-feira assinou uma ordem proibindo negócios envolvendo novas dívidas do governo venezuelano ou de sua companhia petrolífera, a PDVSA. A sanção foi decidida para atingir o financiamento ao que Trump chamou de “ditadura” do presidente Nicolás Maduro.

“Contra as ameaças beligerantes dos Estados Unidos, todos os venezuelanos com idades entre 18 e 60 anos devem contribuir para a defesa integral da nação”, afirma um anúncio transmitido pela televisão estatal.

O governo venezuelano disse que espera que 700 mil membros de milícias civis e 200 mil soldados, marinheiros e integrantes da força aérea devem participar dos treinamentos.

Imagens da TV estatal mostraram jovens venezuelanos e pessoas mais velhas entrando em centros de registro de reservistas. Mas não há evidência de cadastramento para além dos mais fervorosos apoiadores do partido socialista de Maduro.

A ameaça de ação militar feita por Trump está sendo usada por Maduro para apoiar seu discurso de que o “império” norte-americano está travando uma guerra econômica contra a Venezuela e quer invadir o país para roubar suas reservas de petróleo.

A ideia vinha sendo considerada como absurdo pela oposição e por autoridades dos EUA até 11 de agosto, quando Trump disse que “uma operação militar, uma opção militar é certamente algo que podemos buscar” como forma de encerrar a crise na Venezuela.

Por Hugh Bronstein

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sábado, 5 de agosto de 2017

Conselho de Segurança da ONU impõe novas sanções à Coreia do Norte

Conselho de Segurança da ONU impõe novas sanções à Coreia do Norte
Por Michelle Nichols

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) impôs neste sábado novas sanções contra a Coreia do Norte, que podem reduzir em um terço a receita de 3 bilhões de dólares anuais com exportações do país asiático, numa resposta aos testes com mísseis balísticos intercontinentais realizados por Pyongyang em julho.

A resolução, elaborada pelos Estados Unidos, bloqueia as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, minério de ferro, chumbo, minério de chumbo e frutos do mar. A medida também proíbe os países de aumentarem o número atual de trabalhadores norte-coreanos em atividade fora do país, bem como proíbe novas joint ventures com a Coreia do Norte e qualquer novo investimento em joint ventures existentes.

A resolução, aprovada por unanimidade, acrescenta nove pessoas e quatro entidades na lista negra da ONU, incluindo o principal banco de câmbio norte-coreano, que ficam submetidos ao congelamento internacional de ativos e a proibição de viajar.

“Não devemos nos enganar, e achar que resolvemos o problema. Nem perto disso. A ameaça norte-coreana não nos deixou, tem se tornado rapidamente cada vez mais perigosa”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, depois da votação.

“É preciso agir mais. Os Estados Unidos estão agindo e vamos continuar a tomar medida defensivas prudenciais para proteger a nós e a nossos aliados”, disse Haley, acrescentando que Washington manterá seus exercício militares anuais com a Coreia do Sul.

A Coreia do Norte acusa os EUA e a Coreia do Sul de escalarem a tensão ao praticar os exercícios militares.

Desde 2006, a Coreia do Norte está sujeita a sanções da ONU, devido a seus programas de mísseis balísticos e nuclear. O Conselho de Segurança resolveu agora intensificar as medidas, em resposta ao cinco testes com armas nucleares e quatro lançamentos de mísseis de longo alcance.

Os EUA negociaram com a China, principal aliada da Coreia do Norte, por um mês a respeito da resolução, antes de levarem o assunto ao pleno do Conselho, composto por 15 países.

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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Queremos Leopoldo Lopez fora da Prisão (Compartilhem)

LEOPOLDO LOPEZ Líder da oposição contra o governo ditatorial de Nicolas Maduro foi preso injustamente.Latino-Americanos, Anistia Internacional, Direitos Humanos não podemos permitir esse descaso. Todos os órgãos e instituições nacionais e internacionais de proteção a integridade humana acionem em defesa desse cidadão venezuelano e de outros que estão sendo torturados na Venezuela por esse governo tirano.

Líderes de oposição López e Ledezma voltam a ser presos na Venezuela

Líderes de oposição López e Ledezma voltam a ser presos na Venezuela
Por Corina Pons e Alexandra Ulmer

Mitzy de Ledezma, Maria Corina Machado, Lilian Tintori e Antonieta Mendoza (da esquerda para direita) participam de protesto contra Maduro, em abril 24/04/2017
Carlos Garcia Rawlins
CARACAS (Reuters) - Os líderes de oposição venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma foram levados de casa, onde cumpriam prisão domiciliar, durante a madrugada desta terça-feira, no que críticos do presidente Nicolás Maduro disseram ser um aumento da repressão por parte do que afirmam ser um regime ditatorial.

As prisões ocorrem um dia após os Estados Unidos aplicarem sanções contra o impopular Maduro pela eleição de uma nova Assembleia Constituinte, que foi eleita no domingo em uma votação boicotada pela oposição.

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, aliado ao governo, disse em um comunicado publicado no Facebook que determinou as prisões porque os líderes de oposição planejavam fugir.

A oposição rebateu afirmando ser mais um sinal de que Maduro busca esmagar os protestos contra o governo que já duram quatro meses.

"A ditadura de Maduro está no ataque", disse a deputada de oposição Yajaira Forero

Lopez, de 46 anos, e Ledezma, de 62, estavam sob prisão domiciliar, o primeiro por sua participação em protestos contra Maduro em 2014 e o segundo por acusações de planejar um golpe de Estado.

Os dois líderes de oposição tinham divulgado mensagens recentemente em apoio às manifestações contra o governo socialista, que já deixaram cerca de 120 mortos.

A mulher de López, Lilian Tintori, e Vanessa Ledezma, filha de Ledezma, disseram em mensagens no Twitter desconhecer o paradeiro dos líderes políticos, e divulgaram vídeos que mostram agentes do serviço de inteligência venezuelano obrigando López a entrar em um veículo e empurrando Ledezma de pijama na porta de sua casa.

"12:27 da madrugada: momento em que a ditadura sequestra Leopoldo em minha casa. Não irão dobrá-lo!", escreveu Lilian em seu Twitter, responsabilizando o presidente venezuelano Maduro "se algo acontecer".

Maduro já havia alertado sobre futuras prisões de líderes de oposição uma vez que fosse realizada no domingo a eleição para a polêmica Assembleia Constituinte, que reescreverá a Constituição e terá poderes especiais sobre as outras instituições do Estado.

Vários países do mundo não reconheceram a eleição, que foi boicotada pela oposição.

A Justiça venezuelana havia concedido no início de julho a prisão domiciliar a López, após mais de três anos em uma prisão militar acusado de instigar protestos contra o governo. Ledezma também recebeu o benefício em 2015, como medida humanitária.

O advogado de López, Juan Gutiérrez, afirmou em mensagem no Twitter que "não existe justificativa legal para revogar a medida de prisão domiciliar".

Maduro acusa a oposição de buscar um golpe contra ele e diz que a Assembleia Constituinte tem o objetivo de restaurar a paz no país.

A principal autoridade da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, pediu nesta terça-feira a libertação dos líderes de oposição e cobrou uma investigação rápida e independente das mortes de ao menos 10 pessoas durante protestos no fim de semana contra a Constituinte.

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