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domingo, 13 de março de 2022
Guerra na Ucrânia: a corrida para salvar tesouros artísticos do país em meio à invasão russa
Guerra na Ucrânia: a corrida para salvar tesouros artísticos do país em meio à invasão russa
Katie Razzall
BBC News
Há 3 horas
A Catedral de Santa Sofia, em Kiev
CRÉDITO,GETTY IMAGES
A Ucrânia abriga sete locais que são patrimônio mundial da Unesco, entre eles a Catedral de Santa Sofia, em Kiev
O vídeo mostrava uma fila ziguezagueando do lado de fora do Museu de Belas Artes de Odessa, na Ucrânia. Era domingo, 20 de fevereiro, e, talvez pela última vez, homens, mulheres e crianças aguardavam para observar os seus tesouros: 10 mil obras de arte do século 16 em diante, incluindo as primeiras pinturas do pioneiro da arte abstrata, o russo Wassily Kandinsky, que morou em Odessa. Apenas quatro dias depois, a Rússia invadiu a Ucrânia.
Agora, como muitas outras cidades em todo o país, Odessa prepara-se para ser atacada. Foi fundada por Catarina, a Grande, no final do século 18, com sua arquitetura do século 19 perfeitamente preservada e bela ópera em estilo neobarroco. A diretora em exercício do museu, Oleksandra Kovalchuk, fugiu para a Bulgária para garantir a segurança do seu filho, de um ano de idade. Mas ela está terrivelmente abalada.
"Sinto-me uma traidora", afirma ela. "Decepcionei a minha equipe. É claro que me sinto culpada. O Museu de Belas Artes de Odessa tem sido um filho para mim há muitos anos, de forma que foi basicamente uma decisão sobre qual filho eu queria abandonar. Decidi que sou obrigada a cuidar do meu filho pequeno."
Museu de Belas Artes de Odessa
O Museu de Belas Artes de Odessa está se preparando para a possibilidade de ser atacado
Na capital ucraniana, Kiev, a diretora de outro museu, Olesia Ostrovska-Liuta, tomou uma decisão diferente, mas igualmente difícil. Ela permaneceu, embora diga que "a situação dos museus e instituições culturais não é diferente dos hospitais, escolas e áreas residenciais". "Estamos todos sob bombardeio."
O Arsenal de Mystetskyi é um dos maiores museus de arte da Europa e abriga obras ucranianas de vanguarda e contemporâneas. Protegê-las é sua missão, e Olesia afirma que permanecerá em Kiev "enquanto pudermos proteger nossa instituição". "Quando não for mais possível, a situação muda."
"Estamos enfrentando não apenas um ataque à Ucrânia, mas um ataque à nossa cultura", afirmou ela em uma ligação de vídeo que picotou e travou. Ela está em zona de guerra. Talvez o mais surpreendente é que a ligação tenha sido completada.
A Ucrânia abriga sete locais de patrimônio mundial da Unesco, braço da ONU, incluindo a Catedral de Santa Sofia em Kiev, com suas maravilhosas cúpulas douradas e o deslumbrante afresco bizantino da Virgem Maria, além do conjunto arquitetônico histórico do centro de Lviv, no oeste do país.
Anna Reid, autora do livro Borderland: a Journey through the History of Ukraine ("Zona de fronteira: uma viagem através da história da Ucrânia", em tradução livre), afirma que o bombardeio de Lviv, Odessa, Kiev ou Chernihiv, no norte, com suas igrejas medievais, monastérios e sua inigualável coleção de monumentos arquitetônicos seria "uma perda cultural para a Europa comparável com a destruição de Dresden, na Segunda Guerra Mundial".
Com relação aos museus do país, seus funcionários podem fazer pouco para proteger as construções contra os ataques russos. E, segundo Kovalchuk, os museus "não têm um sistema de combate a incêndios", devido à falta de investimentos.
"Qualquer museu que começar a pegar fogo", segundo ela, "será destruído pelo incêndio e perderemos muitos artefatos históricos, belas obras de arte e patrimônio."
Mas existe uma corrida em andamento para proteger os tesouros no interior dos museus e uma compreensão assustadora do alto preço que já está sendo pago.
Relatos em Ivankiv, cidade a noroeste de Kiev, dão conta de que o museu local e suas obras de arte já foram queimados pelas forças russas. No museu havia 25 quadros da consagrada artista popular ucraniana Maria Prymachenko, cujas cores brilhantes e estilo idílico levaram Pablo Picasso a considerá-la um "milagre artístico".
Os relatos informam que poucas obras de arte se salvaram. Segundo o jornal britânico The Times, um morador entrou correndo no edifício em chamas para resgatar todas as obras que conseguisse. Acredita-se que ele tenha salvado cerca de dez obras de arte grandes do incêndio, embora ainda não se saiba quais foram.
Poucas semanas antes da guerra, segundo o crítico de arte Konstantin Akinsha, nascido em Kiev, o Ministério da Cultura e Política da Informação da Ucrânia publicou orientações de proteção e possível evacuação das coleções dos museus. Akinsha estava desesperado para que as obras de arte fossem evacuadas imediatamente.
"O nosso presidente é um herói, mas [a publicação das orientações] foi em uma época em que ele dizia que não havia motivo para pânico, que não haveria invasão", afirma ele. "As autoridades evitaram a evacuação das obras de arte, porque temiam criar pânico."
Tomamos conhecimento de alguns dos esforços sendo realizados agora nos milhares de museus da Ucrânia. Eles incluem tentativas apressadas de criar um inventário digital completo das obras para o caso delas caírem nas mãos dos russos e de mover as peças para locais não revelados e até casos de funcionários dos museus dormindo em barricadas nos porões com as obras de arte mais preciosas ao seu lado.
Esculturas, pinturas e outros patrimônios culturais estão ameaçados em Chernihiv, no norte da Ucrânia
Ninguém quer falar em público sobre o que está acontecendo, por medo de alertar os invasores russos ou saqueadores. Mas Kovalchuk contou que "em quase todos os museus, os funcionários estão dormindo, ficando por dias para permanecer perto das obras de arte e poder tomar decisões urgentes. Infelizmente, não posso dizer mais".
E, com relação ao Museu de Belas Artes de Odessa, ela conta que fez "todo o possível, tudo o que pudemos, para manter a coleção segura".
Tudo o que Ostrovska-Liuta conta sobre o museu Arsenal de Mystetskyi é que "quando a guerra começou, tínhamos instruções de como agir nessa situação". "Fizemos nossos planos de segurança e estamos seguindo esses planos. O museu está fechado e protegido."
Com os russos se aproximando de Kiev, agora pode ser tarde demais para mover alguns dos tesouros menores para fora da cidade (muitos esperam que isso possa ter ocorrido secretamente, pelo menos em alguns casos).
Mas existe pressão para proteger as obras de arte guardadas em lugares que ainda não estão sob ataque. Anna Reid afirma que as cidades que ainda não foram ocupadas e possuem museus com ricas coleções, como Odessa e Lviv, "deverão receber o máximo de ajuda possível para levarmos essas coleções para um local seguro", seja em abrigos antiaéreos ou mesmo para fora do país.
Já quanto às construções, que naturalmente não podem ser transportadas, a história é outra. "Lviv é como Salzburgo [na Áustria]", afirma ela. "Odessa é uma cidade do século 19 perfeitamente preservada, famosa por suas belas árvores, suas ruas de paralelepípedos e sua orla marítima. É uma joia que precisa de defesas antiaéreas."
Museu de Belas Artes de Odessa
A diretora em exercício do Museu de Belas Artes de Odessa afirma que se sente uma "traidora" por fugir para a Bulgária com seu filho de um ano de idade
Kiev já está sob ataque. Ostrovska-Liuta conta: "Estamos todos correndo grande perigo vindo do céu. É por isso que há um forte apelo de todos os ucranianos para que seja estabelecida uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia".
Claramente, o povo da Ucrânia é a prioridade, e protegê-lo ao máximo possível é fundamental. Mas trata-se de uma nação com orgulho da sua história e um passado recente que viu figuras culturais e obras de arte destruídas pelas antigas administrações soviéticas. O medo é que os russos queiram repetir essa destruição.
Como afirma Kovalchuk: "Acredito que faria sentido para eles destruir obras de arte que demonstrem nosso patrimônio ucraniano, que mostrem que nossa história é diferente, que somos diferentes e não russos. Para essa arte, não haverá lugar na Federação Russa. Ela deixará de existir".
https://www.bbc.com/portuguese/
sexta-feira, 11 de março de 2022
Charles Bukowski, escritor alemão
Charles Bukowski
Escritor alemão
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
https://www.ebiografia.com/charles_bukowski/
Biografia de Charles Bukowski
Charles Bukowski (1920-1994) foi um escritor alemão, que viveu e morreu nos Estados Unidos. Poeta, contista, romancista e novelista foi considerado o último “escritor maldito” da literatura norte-americana.
Henry Charles Bukowski Jr. (1920-1994) nasceu em Andernach, Alemanha, no dia 16 de agosto de 1920. Filho de um soldado norte-americano e de uma jovem alemã, que fugindo da crise instalada na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, se mudam para os Estados Unidos, quando Charles tinha três anos. Com 15 anos de idade começou a escrever suas primeiras poesias. Instalados em Baltimore, mais tarde vão morar no subúrbio de Los Angeles. Em 1939 ingressou o curso de Literatura na Los Angeles City College, onde permaneceu durante dois anos.
Com 24 anos Charles Bukowski escreveu seu primeiro conto “Aftermath of a Length of a Rejectio Slip”, que foi publicado na Story Magazine. Dois anos mais tarde publica “20 Tanks From Kasseidown”. Depois de escrever durante uma década se desilude com o processo de publicação de seu trabalho e resolve viajar pelos Estados Unidos fazendo trabalhos temporários e morando em pensões baratas.
Em 1952 se empregou como carteiro no Correio Postal de Los Angeles, onde permanece durante 3 anos. Entrega-se à bebida e em 1955 se hospitaliza com uma úlcera hemorrágica muito grave. Quando deixou o hospital começou a escrever poesias. Em 1957 casou-se com a escritora e poeta Barbara Frye, mas depois de dois anos se divorciaram. Continuou bebendo e escrevendo poesia.
No início dos anos 60 voltou a trabalhar nos correios. Mais tarde viveu em Tucson, onde fez amizade com Jon Webb e Gypsy Lon, que o incentivaram a publicar e viver de sua literatura. Começou a publicar alguns poemas em revistas de literatura. Loujon Press publicou “It Catches My Heart in Its Hands” (1963) e “Crucifix in a Deathhand” (1965). Em 1964 teve uma filha com sua namorada Frands Smith.
Em 1969, foi convidado pelo editor John Martin da Black Sparrow Press, por uma boa remuneração, para se dedicar integralmente a escrever seus livros. A maioria de seus livros foi publicada nessa época. Em 1971 publicou “Cartas na Rua”, em que o protagonista, seu alter ego, o acompanhou em quase todos os seus romances. Em 1976 conhece Linda Lee Beighle e se mudou para São Pedro, no sul da cidade de Los Angeles, onde permaneceram juntos até 1985. Bukowski fala dela em suas novelas “Mulheres” (1978) e “Hollywood” (1989), através do personagem Sara.
Charles Bukowski deixou uma vasta obra marcada por seu humor ferino e seu estilo obsceno, sendo comparado com Henry Miller, Louis-Ferdinand e Ernest Hemingway. Sua forma descuidada com a escrita, onde predominam personagens marginais, como prostitutas, corrida de cavalos, pessoas miseráveis etc. Foi visto como um ícone da decadência norte-americana e da representação niilista característica presente após a Segunda Guerra Mundial. Publicou: “Notas de Um Velho Safado”, “Crônicas de Um Amor Louco”, “Ao Sul de Lugar Nenhum” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”, entre outros.
Charles Bukouwski faleceu em São Pedro, Califórnia, Estados Unidos, no dia 9 de março de 1994.
O que é o 'Russkiy Mir'? O que é o 'Mundo Russo' que Putin quer unificar /As origens históricas do conflito entre Rússia e Ucrânia
terça-feira, 1 de março de 2022
Homens Que Marcam O Século XXI. Volodymyr Zelensky
"Desejamos ver nossos filhos vivos. Acho justo."
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi aplaudido de pé pelo Parlamento Europeu após um discurso poderoso que fez com que o tradutor da UE no feed em inglês engasgasse de emoção.