Konstantinos - Uranus

sexta-feira, 10 de maio de 2024

A DINASTIA JÚLIO CLAUDIANA (27 a.C. - 68 d.C.) | DOCUMENTÁRIO

Guerras Púnicas

 



Guerras Púnicas

As Guerras Púnicas foram conflitos envolvendo Roma e Cartago pelo domínio do Mar Mediterrâneo. O nome da guerra tem origem na denominação “puni” que os romanos deram aos fenícios. Cartago, localizada no Norte da África, era uma antiga colônia fenícia.

Ao longo dos séculos III e II a.C., Roma e Cartago travaram três guerras, que demonstraram a força militar das duas cidades. Os romanos derrotaram os cartaginenses no final da Terceira Guerra Púnica, destruíram a cidade cartaginense e conquistaram o norte africano, ampliando seus domínios sobre o Mar Mediterrâneo.

Causas das Guerras Púnicas
Ao longo da Idade Antiga, o Mar Mediterrâneo foi o principal centro de comércio marítimo. Suas águas margeavam as civilizações da Antiguidade, como Grécia, Roma, Fenícia, Península Ibérica e Norte da África. A civilização que controlasse o Mediterrâneo praticamente dominaria todo o mundo antigo, por isso ele era bastante disputado.

Em meados do século III a.C., Roma já era uma cidade em expansão e seus domínios ultrapassavam os limites urbanos. Seu exército já era temido na Europa e os despojos de guerra colaboravam para o enriquecimento dos romanos. Os povos conquistados por eles se tornavam mão de obra escrava. Porém, para ampliar ainda mais esse domínio, faltava aos romanos o controle do Mar Mediterrâneo.

Outra cidade de destaque no mundo antigo era Cartago. Localizada no Norte da África, suas origens remontam à colonização fenícia. Essa cidade se desenvolveu economicamente por meio do comércio marítimo realizado no Mar Mediterrâneo. Antes de entrarem em guerra, Roma e Cartago eram aliadas e mantinham acordos comerciais. Com o projeto de expansão romana, as relações foram rompidas e as duas cidades se tornaram inimigas. Ambas almejavam a hegemonia sobre o Mediterrâneo.

Quando Roma dominou a Magna Grécia, Cartago ficou sob ameaça. Os cartagineses trataram de se organizar militarmente, pois o avanço romano aos seus domínios indicava um conflito iminente entre as duas cidades. Além do controle sobre o Mediterrâneo, quem derrotasse o inimigo teria as outras civilizações em suas mãos. Apesar de ter alguns problemas em seu exército, como a presença de mercenários entre seus soldados, a marinha de guerra de Cartago era forte e estava preparada para um possível confronto com Roma.

Romanos e cartaginenses, em 279 a.C., fizeram um acordo que estabeleceu os limites de domínios das duas cidades. Estabeleceu-se o Estreito de Messina, que fazia a ligação entre a Sicília e a Península Itálica. Porém, quando a cidade de Messina foi invadida pelos samnios, povo que habitava a Península Itálica, os messânios pediram ajuda militar a Cartago para expulsar os invasores. O exército cartaginense ocupou a cidade, e Roma considerou essa medida uma ruptura do acordo firmado em 279 a.C.

Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.)
Ruínas da antiga cidade de Cartago, destruída pelos romanos logo após as Guerras Púnicas.
Ruínas da antiga cidade de Cartago, destruída pelos romanos logo após as Guerras Púnicas.
O primeiro conflito armado envolvendo Roma e Cartago começou no ano de 264 a.C., quando o exército romano foi enviado para a região da Sicília. A Primeira Guerra Púnica mostrou as táticas eficientes dos dois exércitos. Enquanto Cartago obteve vantagem ao atacar os romanos por via marítima, Roma respondeu ao obter ajuda dos gregos na construção de embarcações e de pontes até os barcos inimigos.

Os romanos conseguiram reverter as derrotas sofridas nos primeiros anos da guerra e impuseram aos cartagineses inúmeras derrotas nas batalhas ocorridas no litoral siciliano. Em 256 a.C., o exército romano desembarcava pela primeira vez no Norte da África, dando início ao primeiro conflito fora da Península Itálica. Ao desembarcar em Cartago, os romanos tentaram tomar a cidade, mas foram surpreendidos pelo exército de mercenários e tiveram que fugir da África.

Na Primeira Guerra Púnica, destacou-se a liderança de Amílcar Barca, que comandou as tropas cartaginenses entre 249 e 241 a.C., derrotando os romanos em várias batalhas. Porém, em 241 a.C., o general romano Lutácio Cátulo conseguiu reverter as derrotas sofridas e venceu as tropas de Cartago em outras batalhas.

Ainda no ano de 241 a.C., romanos e cartaginenses, exaustos por causa das inúmeras batalhas travadas, entraram em um acordo. Cartago concordou com o pagamento de tributos a Roma por 10 anos e em desocupar a região da Sicília. Além disso, os cartaginenses tiveram que entregar os prisioneiros de guerra e destruir grande parte de sua frota.

Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.)
Apesar da assinatura do acordo de paz, Roma e Cartago voltaram a entrar em guerra. Amílcar Barca obteve sucesso ao derrotar o exército romano em algumas batalhas durante a Primeira Guerra Púnica, por isso foi enviado à Península Ibérica para explorar a Hispânia, onde hoje se localiza a Espanha. A exploração obteve êxito e os cartaginenses fundaram cidades e dominaram as minas de prata da região. Essa expansão de Cartago ameaçou as cidades de Ampúrias e Sagunto, que foram fundadas pelos gregos, e ambas solicitaram auxílio de Roma.

Em 229 a.C., Amílcar morreu, e seu genro, Asdrúbal, o Belo, assumiu a colônia hispânica e reforçou a presença de Cartago na região. Os romanos já estavam incomodados com a presença cartaginense na Europa e decidiram fazer um acordo estabelecendo limites entre os dois domínios. Apesar do acordo, Asdrúbal reforçou a presença militar de Cartago ao fundar a cidade de Nova Cartago, em 225 a.C. Essa cidade se tornou a base naval na região. Em 221 a.C., Asdrúbal foi assassinado, e Aníbal, filho de Amílcar Barca, assumiu o comando da Hispânia.

O novo comandante reforçou a presença militar na fronteira com os domínios romanos. A cidade de Sagunto ficava sob o domínio de Cartago e os romanos pediram para que Aníbal não invadisse a cidade. Porém, os apelos não surtiram efeito, e as tropas cartaginenses invadiram a cidade, desencadeando a Segunda Guerra Púnica. Novamente Cartago e Roma estavam em uma batalha.

As tropas romanas se dividiram em duas frentes para atacar os inimigos: o general Plúbio Cornélio Cipião liderou os soldados que se dirigiam para a Hispânia, enquanto o general Semprônio Longo avançou com suas tropas em direção à África. Enquanto o exército romano se organizava para lutar contra as tropas de Cartago, uma rebelião de gauleses, no norte da Península Itálica, alterou os planos militares de Roma.

Cipião teve que deixar o caminho para a Hispânia e ir em direção à Gália para acabar com a revolta. Aníbal soube aproveitar essa mudança repentina nos planos de ataque de Roma e migrou com suas tropas até a Itália, passando pelos Pirineus e os Alpes.

Cipião deixou seu irmão Cneu e uma parte das tropas romanas na Hispânia e se dirigiu à Itália, onde estava Aníbal. Em 218 a.C., começou a guerra entre romanos e cartaginenses. Aníbal saiu vencedor da batalha e ampliou suas alianças contra os romanos, prometendo a liberdade do julgo de Roma. Nessa Segunda Guerra Púnica, os cartaginenses utilizaram elefantes nos combates contra o exército romano. Porém, as tropas romanas lideradas por Cipião conseguiram reverter a situação e saíram vitoriosas do combate contra Aníbal.

Os cartaginenses utilizaram elefantes nas guerras contra os romanos durante as Guerras Púnicas. 

Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.)
Era a segunda vez que Roma e Cartago entravam em guerra e novamente os romanos saíam vitoriosos. Apesar de todas as perdas nos dois confrontos, os cartaginenses mantiveram-se de pé e retomaram sua rotina, dando a impressão de que a derrota para a Roma foi em vão. Cartago desenvolveu sua agricultura e ameaçava a economia romana. Os romanos não aceitaram esse comportamento de Cartago e decidiram que a vitória definitiva só viria se a cidade do Norte da África fosse destruída.

O senador romano Catão, o Velho, pronunciou uma frase que entrou para a história como a grande motivadora para a Terceira Guerra Púnica. “Delenda est Carthago”, ou seja, “Cartago deve ser destruída”. Se Roma não aniquilasse a cidade, novas guerras aconteceriam, o que poderia abalar o domínio romano no Mar Mediterrâneo.

A Terceira Guerra Púnica começou tal qual as outras duas guerras anteriores: aliados romanos entraram em conflito com Cartago e pediram ajuda a Roma. Na África, Numídia era um reino aliado de Roma. Os númidas atacaram Horóscopa, mas foram derrotados por Cartago.

O ataque cartaginense à Numídia foi o pretexto para que Roma enviasse seu exército para África e, de uma vez por todas, eliminar Cartago do mapa. No primeiro momento, os cartaginenses esboçaram uma rendição, mas não aceitaram a imposição romana de destruir a própria cidade e reconstruí-la 15 km distante. Se isso acontecesse, a economia da cidade seria arruinada. Sem um acordo, os cartaginenses organizaram seu exército e se prontificaram a, mais uma vez, entrar em guerra contra Roma.

De 149 a 146 a.C., os romanos não conseguiram impor uma derrota definitiva contra Cartago. A cidade era murada e o exército romano teve dificuldades para entrar nela. Porém, em 147 a.C., a sorte mudou para Roma com a atuação do general Públio Cornélio Cipião Emiliano, neto adotivo de Cipião, o Africano, que derrotou Aníbal na Segunda Guerra Púnica. Ele era um dos melhores generais da época e foi até a África liderar as tropas romanas contra Cartago.

Como os muros que cercavam Cartago eram altos, dificultando o acesso dos soldados romanos, Cipião Emiliano decidiu cercar completamente a cidade, privando seus moradores de alimentos e água potável. Muitos cartaginenses morreram. Mesmo com a situação desfavorável, em 146 a.C., Cartago dificultou bastante a vitória romana. A cidade foi destruída logo após o final da guerra.

Consequências das Guerras Púnicas
Cartago foi destruída logo após as Guerras Púnicas. Os registros históricos escritos pelos gregos e romanos, apesar dos preconceitos ali presentes, mostram que os cartaginenses eram um povo valente. Roma precisou de três guerras para que a cidade fosse totalmente destruída.

Os romanos foram os maiores beneficiados após a guerra. Sem Cartago no mapa, eles poderiam dominar de forma hegemônica o Mar Mediterrâneo e expandir seus domínios para o Norte da África até a Península Ibérica.

Com o êxito nas Guerras Púnicas, o exército romano se fortaleceu e se tornou uma ameaça para a República romana, que não resistiu ao poder dos generais e foi substituída pelo império.


https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerras-punicas.htm


Inundações no Rio Grande do Sul: a cronologia da maior tragédia ambiental

sábado, 4 de maio de 2024

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Desastre no Rio Grande do Sul: sobe para 56 o número de mortos por chuva

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Os temporais obrigaram a retirada de cerca de 3.393 pessoas em mais de 100 municípios do estado (foto: ANSELMO CUNHA / AFP)

sábado, 27 de abril de 2024

Filho de João Cândido rebate Marinha: “meu pai é um herói popular”

                                           



Agência Brasil
 
João Cândido Felisberto (1880-1969) foi o principal líder da Revolta da Chibata, ocorrida no Rio de Janeiro em 1910, que acabou com os castigos corporais na Marinha de Guerra. Foto:  Prefeitura de São João de Meriti/ Reprodução© Prefeitura de São João de Meriti/Reprodução
Geral

Filho de João Cândido rebate Marinha: “meu pai é um herói popular”

Em carta, comandante questionou homenagem ao marinheiro

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Publicado em 27/04/2024 - 13:30 Por Leo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro
Após a Marinha se manifestar contra o reconhecimento de João Cândido como herói da pátria, o único filho vivo do líder da Revolta da Chibata criticou o posicionamento, mas diz que não se surpreende. Adalberto Cândido, conhecido como seu Candinho, avalia que há uma aversão à figura de João Cândido e conta que os familiares nunca foram procurados pela Marinha. 

"Ela não se envolve em nenhum evento relacionado com meu pai. Quando houve a cerimônia de instalação da estátua do meu pai na Praça XV, no Rio de Janeiro, não tinha ninguém da Marinha presente. Parece que nutrem um ódio. Eles deviam agradecer aos marinheiros por terem feito a Marinha evoluir. Mas não quero que meu pai seja herói da Marinha, quero que seja um herói do povo. Meu pai é um herói popular. A verdade é que a Marinha não se atualizou como deveria", disse seu Candinho, em entrevista à Agência Brasil nesta sexta-feira (26).

A inclusão de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria depende da aprovação do Projeto de Lei 4046/2021, atualmente tramitando na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Na segunda-feira (22), a Marinha enviou uma carta oficial endereçada ao deputado federal Aliel Machado (PV), que preside a comissão. Deflagrada no Rio de Janeiro em 1910 como reação aos castigos corporais aplicados aos marinheiros, a Revolta da Chibata foi descrita pela Marinha como uma "deplorável página da história nacional" que se deu pela "ação violenta de abjetos marinheiros".

A carta foi assinada pelo comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen. "A Força Naval não vislumbra aderência da atuação de João Cândido Felisberto na Revolta dos Marinheiros com os valores de heroísmo e patriotismo; e sim, flagrante que qualifica reprovável exemplo de conduta para o povo brasileiro", registra o texto.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é um livro de aço voltado para perpetuar, através do registro do nome, a memória dos brasileiros que se destacaram na história do país. Desde que foi criado, em 1992, já foram homenageados 64 pessoas, entre eles Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis e Santos Dumont. Ele fica depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, monumento localizado em Brasília. A inclusão de novos nomes só ocorre mediante aprovação de lei pelo Congresso Nacional.

Na carta enviada à Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, o comandante Olsen classifica a revolta como "subversão" e "ruptura de preceitos constitucionais organizadores das Forças Armadas". Ele sustenta que houve desrespeito à hierarquia e à disciplina e menciona ainda que inocentes morreram no episódio.

Seu Candinho contesta. Segundo ele, a Marinha naquela época desrespeitava suas próprias regras internas, prática que mudou graças ao movimento dos marinheiros. "Não havia essa disciplina. Pelo código disciplinar, o limite eram 25 chibatadas. Deram 250 em um marinheiro".

Embora reconheça o "justo pleito pela revogação da prática repulsiva do açoite", Olsen alega que os marinheiros estavam interessados em "vantagens corporativistas e ilegítimas". Também consta no texto que o reconhecimento de João Cândido como herói passaria a "mensagem de que é lícito recorrer às armas que lhe foram confiadas para reivindicar suposto direito individual ou de classe".

Em postagens nas suas redes sociais, o deputado federal Lindbergh Farias (PT), autor do Projeto de Lei 4046/2021, manifestou indignação com a posição da Marinha. "A nossa luta para ver João Cândido herói nacional não vai parar", escreveu o deputado, compartilhando também imagens de uma visita feita a seu Candinho nesta sexta-feira (26).

Rio de Janeiro (RJ), 08/11/2023 - Entrevista com Adalberto Cândido, o Candinho, filho de João Cândido Felisberto, o marinheiro líder da Revolta da Chibata, conhecido como Almirante Negro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 08/11/2023 - Adalberto Cândido, o Candinho, filho de João Cândido Felisberto, o marinheiro líder da Revolta da Chibata, conhecido como Almirante Negro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
 

Tramitação

O Projeto de Lei 4046/2021 já foi aprovado no Senado Federal. Na Câmara dos Deputados, embora tramitando há mais de dois anos, ele ainda encontra-se nas primeiras etapas. A Comissão de Cultura deve ser a primeira a analisá-lo. A deputada Benedita da Silva (PT) foi designada relatora e apresentou seu parecer em julho de 2022, mas até hoje ele não foi votado. A parlamentar se manifestou de forma favorável e considera que a inclusão de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria seria uma "reparação histórica".

"Somente em 2008, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi sancionada anistia póstuma ao marinheiro João Cândido e colocada na Praça XV, na cidade do Rio de Janeiro, uma estátua em homenagem à sua bravura e heroísmo, depois de muita resistência da Marinha", registra o relatório da parlamentar. A estátua que ela menciona foi revitalizada em 2022 e transferida para a Praça Marechal Âncora, localizada de frente para o mar.

O Ministério Público Federal (MPF) também encaminhou um posicionamento favorável ao projeto em novembro do ano passado. No documento, cita-se uma tentativa de silenciamento da história de João Cândido. Há também críticas diretas à posição que vem sendo adotada pela Marinha, acusada de promover "esquecimentos das chibatadas, dos castigos corporais e da resistência contra o tratamento desumano sofrido por aqueles marinheiros".

Há um inquérito do MPF em andamento voltado para para fortalecer a memória em torno do legado de João Cândido, o que inclui, por exemplo, a criação de museus. Além disso, há uma cobrança para que a anistia concedida em 2008 produza efeitos e gere compensação financeira à sua família. Para o MPF, é preciso levar em conta o direito às promoções que João Cândido teria se não tivesse sido expulso da Marinha e a pensão por morte.

Nesta quarta-feira (24), durante uma audiência na Câmara dos Deputados, o MPF voltou a reforçar sua posição. O procurador da República, Julio Araujo, destacou na ocasião que a atuação de João Cândido e seus companheiros foi fundamental para promover mudanças na Marinha, abolindo práticas abomináveis e contribuindo para uma instituição mais justa e deixando para trás práticas do período da escravidão.

Amor pela Marinha

"Meu pai dizia que amava a Marinha, independente de tudo o que ele passou", conta seu Candinho. Seu relato coincide com a conclusão de pesquisas realizadas pelo historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Murilo de Carvalho. Na década de 1980, ele publicou um artigo traçando o perfil de João Cândido. Em sua análise, ele levou em conta bordados que o marinheiro produziu durante horas vagas a bordo de um navio. Em um deles, foi grafado as palavras "liberdade" e "ordem", conceitos que bem poderiam ser considerados antagônicos.

"João Cândido cresceu numa instituição militar onde prevalece a disciplina. Além disso, o lema republicano 'ordem e progresso' tinha forte influência entre os marinheiros. Mesmo após sua expulsão, João Cândido manteve um relacionamento sentimental com a instituição. Ele foi visto idoso se despedindo quando o navio Minas Geraes foi desligado. A liberdade, para ele, significava o direito a um tratamento que não fosse assemelhado aos escravos, como os próprios marinheiros diziam. Mas sem perder de vista a importância da disciplina", explicou José Murilo de Carvalho alguns anos atrás em entrevista à EBC.

Na ocasião, o historiador também destacou que a reputação de João Cândido se tornou alvo de disputa após o fim da revolta. "De um lado, ele era vilipendiado pelo discurso oficial e, de outro, passou a ser exaltado e transformado num mito, sobretudo pelo movimento negro. Sua reputação ficou entre a calúnia e a mitificação".

Revolta da Chibata

Filho de ex-escravos, João Cândido nasceu no ano de 1880 em uma fazenda cuja localização situa-se dentro dos atuais limites do município de Encruzilhada do Sul (RS). Ele ingressou na Marinha aos 15 anos de idade. Por sua atuação à frente da Revolta da Chibata, foi apelidado de almirante negro. A mobilização que ele liderou entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910 contestava os baixos salários, a ausência de um plano de carreira e, sobretudo, as chicotadas aplicadas como punições.

A revolta envolveu a tomada de embarcações atracadas na Baía de Guanabara. A primeira delas foi o navio Minas Geraes e logo se expandiu. Posteriormente, eles assumiram o controle das embarcações São Paulo, Bahia e Deodoro, direcionaram canhões para o Rio de Janeiro e fizeram alguns disparos. João Cândido seria posteriormente homenageado por sua liderança, na letra da música “Mestre Sala dos Mares”, composta por Aldir Blanc na década de 1970.

Diante das ameaças, foi anunciado o fim dos castigos corporais e a anistia aos revoltosos, o que levou os marinheiros a encerrarem a mobilização. Apesar da promessa, diversos participantes foram presos ou expulsos de Marinha. João Cândido e outros líderes chegaram a ser enviados para a solitária no Batalhão Naval na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Posteriormente, foram excluídos da Marinha. Quando morreu em 1969, ele morava em uma casa em uma rua sem saneamento básico ou luz elétrica. Com 89 anos, ele faleceu em decorrência de um câncer de intestino e passou seus últimos dias no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Edição: Sabrina Craide

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-04/filho-de-joao-candido-rebate-marinha-meu-pai-e-um-heroi-popular#


'Portugal deveria confrontar seu passado na escravidão', diz presidente português



#portugal #historia #escravidão
É a primeira vez que um líder português, no caso, o presidente  Marcelo Rebelo de Sousa, sugere tal pedido de desculpas.
#escravidão #portugal #historia 

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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Reformas de Sólon

                                               

 Sólon, governador de Atenas, nascido nesta cidade, histórico como legislador e como fundador da democracia e considerado um dos sete sábios da Grécia. De origem nobre, mas de família empobrecida, dedicou-se na mocidade ao comércio, mas ganhou notoriedade ao liderar os atenienses (600 a. C.), na tomada da ilha de Salamina, que se encontrava sob o domínio de Mégara. Nesta época Atenas era dominada por uma aristocracia hereditária, cujos integrantes recebiam o nome de eupátridas, que possuíam as melhores terras e monopolizavam o poder e o sistema imperante se baseava no critério de riqueza.

Isto gerava violentas lutas políticas, pois os demais cidadãos eram privados de qualquer direito, se tornavam devedores dos eupátridas e chegavam a hipotecar não só seus bens, mas a si próprios para saldarem as dívidas. Assumindo o poder absoluto (594 a. C.) o governador anistiou as dívidas dos camponeses, proibiu a escravidão por dívida, aboliu a hipoteca sobre pessoas e bens, libertou os pequenos proprietários que se encontravam escravizados, e impôs limites à extensão das propriedades agrárias, diminuindo os poderes e arbitrariedades da nobreza. Reestruturou as instituições políticas, deu direito de voto aos trabalhadores livres sem bens e codificou o direito e promulgou uma legislação especial sobre o uso de águas de fontes públicas (594 a. C.). Implantou reformas políticas e regulamentou o exercício do poder nas diversas categorias sociais.

Criou um conselho de 400 membros, instituiu o tribunal popular e quebrou o monopólio dos eupátridas sobre os cargos de alta magistratura. O povo foi dividido em quatro classes, de acordo com o montante de imposto pago, com direito de voto. A última classe, os tetas, era isenta de impostos e tinha participação, embora restrita, na assembléia e tribunal populares. Essas medidas de resguardo da liberdade individual ficaram impressas na história democrática de Atenas, criando os fundamentos político-jurídicos que permitiram o advento da famosa democracia ateniense após a tirania dos psistrátidas.

Seus decretos eram veiculados em brilhantes poemas, verdadeiros documentos históricos, dos quais restam poucos fragmentos. Guiava-se pelo interesse coletivo onde a religião e a moral mostravam-se no respeito a cada homem e pela lealdade para com o estado.

Escritor do artigo
Escrito por: Keilla Renata Costa
Escritor oficial Brasil Escola

https://brasilescola.uol.com.br/biografia/solon.htm

REVOLTA DE ESPÁRTACUS

 

Espártaco (ou Spartacus) Espártaco viveu parte de sua vida como pastor e também serviu nas fileiras do exército romano.  foi um famoso escravo que viveu entre a civilização romana e contra ela se rebelou, comandando uma revolta que agrupou cerca de 70 mil escravos. Durante três anos, entre 73 e 71 a.C., Espártaco e seus seguidores enfrentaram várias legiões do exército romano, vencendo-as em vários momentos.


Nascido na Trácia, região onde hoje se encontra parte dos territórios da Grécia, da Bulgária e da Turquia, Espártaco tornou-se escravo após ter sido soldado do exército romano e, possivelmente, ter desertado, abandonando as fileiras militares.


Capturado por tropas romanas, foi vendido como escravo em Cápua a Lentulus Batiatus, um ex-legionário e ex-gladiador que ganhava a vida como lanista, um negociante e treinador de gladiadores. As lutas de gladiadores eram apreciadas pela população romana, caracterizada pelas ações guerreiras e violentas contra os povos conquistados, o que possivelmente teria explicado o gosto por espetáculos sangrentos. Espártaco era um desses gladiadores.


Espártaco não aceitou as humilhações e violências cometidas por seu senhor contra os escravos e rebelou-se. Fugiu com vários de seus companheiros de cativeiro, iniciando a formação de um exército de escravos.


O governo romano enviou várias legiões para derrotar e prender Espártaco e os demais escravos. Mas elas foram sucessivamente derrotadas pelos fugitivos. A cada vitória, os escravos conseguiam se armar cada vez mais.


A notícia dos feitos do exército liderado por Espártaco espalhou-se pelo território romano, levando outros escravos a se rebelarem e a juntarem-se a Espártaco. Um imenso exército formou-se. As estimativas apontam que entre 70 e 90 mil escravos lutaram ao lado de Espártaco.


A amplitude de um exército desse tipo pode ser explicada no fato de Roma basear sua organização social no escravismo, impondo essa condição social a inúmeros povos que foram conquistados. As humilhações, violências, condições de trabalho e a perda da vida levaram esses escravos à rebelião.


Suas qualidades morais e militares, além de inteligência e força notáveis, foram apontadas como o que possibilitou a Espártaco liderar tão grande quantidade de pessoas. A luta dos escravos era pela liberdade individual, e não contra o sistema do escravismo.


Os escravos rebelados viviam também de pilhagens feitas em cidades e propriedades de romanos. Nessa função, deslocaram-se por várias partes da Península Itálica. Um dos objetivos era atravessar os Alpes, no norte da península, e, assim, alcançar a Gália e a partir de lá se dispersarem.


Porém, houve discórdias que impediram ações unificadas entre os escravos. Um grupo liderado por Crixus permaneceu no Sul da península e foi dizimado. Espártaco dirigiu-se ao Norte, para atravessar os Alpes, mas voltou para o Sul, derrotando no caminho várias legiões de romanos. Contornando a cidade de Roma, pretendia chegar ao mar e atravessá-lo rumo à Sicília.

Quem faria a travessia seriam piratas com os quais Espártaco havia estabelecido relações. Mas o líder escravo foi traído e seus planos foram informados aos generais romanos. O Senado romano destacou o general Crasso para enfrentar Espártaco. Este buscou negociar uma rendição, mas não foi atendido.


Crasso e seus soldados foram atacados por Espártaco no norte da Lâcania, em 71 a.C. O objetivo do escravo era matar Crasso, mas não conseguiu. O exército de escravos rebeldes foi derrotado. Vários escravos morreram e outros foram novamente levados para o cativeiro. Espártaco provavelmente morreu em batalha.


Outros seis mil escravos foram crucificados ao longo dos 200 quilômetros da Via Ápia de Cápua. O objetivo era atemorizar outros escravos que poderiam querer se rebelar. A história de Espártaco ficou famosa por representar um grande perigo para Roma e também por ser um símbolo da luta contra a exploração e injustiça social.



Por Tales Pinto

Mestre em História


https://escolakids.uol.com.br/historia/revolta-de-espartaco.htm#:~:text=Esp%C3%A1rtaco%20(ou%20Spartacus)%20foi%20um,vencendo%2Das%20em%20v%C3%A1rios%20momentos.


FRANÇA RECEBE PEDIDO PARA QUE MONA LISA SEJA 'ELIMINADA' DO ACERVO DO LOUVRE


 Em ação enviada à Justiça francesa, associação, que alega trabalhar para 'descendentes do herdeiro do pintor', pede restituição da Mona Lisa

POR FABIO PREVIDELLi

FPREVIDELLI_COLAB@CARAS.COM.B

'Mona Lisa' (1503), de Leonardo da Vinci - Domínio Público via Wikimedia Commons


Na última quinta-feira, 25, a Justiça francesa avaliou um inusitado pedido para restituição de Mona Lisa. Embora italiano, a obra-prima de Leonardo da Vinci está em exposição no Museu do Louvre, na França. 

Conforme repercutido pela AFP, a International Restitutions enviou um pedido ao Conselho de Estado da França, mais alto tribunal administrativo do país, para que o órgão "declare inexistente" a decisão do rei Francisco I de "se apropriar" da Mona Lisa. 

O que chama a atenção, no caso, é que a associação, que não revela onde está sua sede e tampouco quem faz parte de sua equipe diretiva, alega que trabalha "em nome dos descendentes do herdeiro do pintor".

Além disso, a International Restitutions aponta esperar que 'La Gioconda', como também é conhecida a obra do artista renascentista, seja "eliminada" do acervo do Museu do Louvre. O quadro, há anos, é alvo de intrigas entre a França e a Itália. 

Se Leonardo da Vinci é italiano, por que a Mona Lisa está na França?

Processo viável?

A AFP repercute que muito provável que o pedido não seja favorável à International Restitutions, visto que a associação já entrou com pedidos similares de quadros com menos valor histórico, mas até mesmo essas ações não foram adiante. 

Fabio Previdelli

Jornalista de formação, curioso de nascença, escrevo desde eventos históricos até personagens únicos e inspiradores. Entusiasta por entender a sociedade através do esporte. Vez ou outra você também pode me achar no impresso!


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