Konstantinos - Uranus

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Os principais filósofos iluministas e suas ideias mais polêmicas

 

Jean Jacques Rousseau


Os principais filósofos iluministas e suas ideias mais polêmicas


Gessica Borges

Os filósofos iluministas começaram a surgir em território francês em meados do século dezessete. A palavra iluminismo remete ao movimento que desejava clarear, iluminar a sociedade europeia que, para os pensadores da época, encontrava-se nas trevas, principalmente por causa de crenças religiosas.


Acreditando que o pensamento racional deveria substituir a religião e o misticismo, alguns nomes tomaram a frente do movimento iluminista em épocas e países diferentes. Veja quais foram os principais pensadores iluministas e seus ideais, em muitos casos, polêmicos.


John Locke (1632-1704)

principais filósofos iluministas    

Filósofo inglês que defendia a liberdade de expressão, considerado o "pai" do que hoje chamamos de liberalismo e fundador do empirismo, ou seja, a ideia de que homem era uma folha em branco, que se preenchia apenas com as experiência.


Sua principal obra foi Ensaio sobre o entendimento humano (1689).


A polêmica de Locke:


Além de não acreditar que Deus tinha poder sobre o destino dos homens, o que era um escândalo na época, Locke acreditava no direito de propriedade como sendo natural do ser humano, e isso incluía escravos. O pensador investia no tráfico de escravos de pessoas negras e defendida a liberdade e a tolerância, mas não aos homens primitivos, ou seja, povos que não estavam ou não sabiam como conviver com dinheiro.


Voltaire (1694-1778)

principais filósofos iluministas    

O filósofo francês que tem uma imagem marcada como símbolo da revolução iluminista, que depois influenciou a Revolução Francesa. O pensador escrevia muito, foram mais de setenta obras, em forma de livros, peças de teatro, romances, poemas e outros. Sua obra mais conhecida é Cândido, ou O Otimismo (1759)



Polêmicas que envolveram Voltaire:


Chegou a ser preso duas vezes por ser um crítico mordaz da Igreja Católica, que na época interferia muito no sistema político francês. Defendia uma linha de pensamento conhecida por Liberalismo, que resguardava as liberdades civis. Se por um lado isso soa positivo, suas ideias se espalharam de forma controversa ao longo do tempo. Por exemplo, na queda da monarquia e instauração de repúblicas que, por sua vezes, aumentaram impostos para financiar guerras de poder.



Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

principais filósofos iluministas    

Filósofo suíço que defendia a democracia direta, onde cada indivíduo seria capaz de participar de todas as decisões políticas, ou seja, fazer prevalecer a soberania popular. Suas principais obras foram Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens (1755) e Do Contrato Social (1762).



As polêmicas de Rousseau:


Ao contrário de todos os outros iluministas, Rousseau não acreditava no individualismo, indo contra as teorias liberalistas da época. Para ele, com a igualdade não seria possível que as pessoas tivessem propriedades privadas, e que o bem estar social só seria possível se a posse de bens acabasse. Ou seja: nada de bens próprios para ninguém, todo mundo deveria ter as mesmas coisas, ser tratado da mesma forma, ter o mesmo poder. Imagina como seria um mundo assim?



Montesquieu (1689-1755)

principais filósofos iluministas    

Conhecido principalmente pela sua teoria de separação de poderes - em Legislativo, Executivo e Judiciário - , como é hoje no Brasil, esse filósofo francês fez parte da primeira geração de pensadores iluministas e atuou principalmente no ramo da política e da psicologia. Sua principal obra é a O Espírito das Leis (1748).



Ideias polêmicas de Montesquieu:


Contra a monarquia absolutista, o filósofo acreditava que o poder precisava ser dividido em três âmbitos, para ser melhor controlado e evitar o domínio absoluto por parte dos reais da época. O problema dessa ideia é que ele também defendia o critério censitário, ou seja: apenas pessoas com renda e propriedades poderiam fazer parte da estrutura de poder, inclusive votar. A população de camadas empobrecidas ficariam de fora.



Denis Diderot (1713-1784)

principais filósofos iluministas    

Devemos a este escritor e filósofo iluminista francês a criação da primeira enciclopédia do mundo. Como um grande defensor da expansão do conhecimento, juntamente com Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), o escritor passou boa parte da sua vida organizando pensamentos e conhecimentos da época, para divulgar a filosofia iluminista no mundo.


As polêmicas envolvendo Diderot: 


Tudo que foi organizado por Diderot e d´Alembert negava a influência de Deus na humanidade. Toda ciência só poderia ser alcançada pela razão. Denis desprezava qualquer forma religiosa e acreditava ainda que a religião destruía paixões e desequilibrava o homem.


Entenda melhor essa dinâmica do pensamento através da biografia completa do filósofo.


Adam Smith (1723-1790)

principais filósofos iluministas    

Filósofo e economista escocês, que é considerado o pai da economia moderna e o nome mais importante quando se fala em liberalismo econômico. Adorado pela burguesia, é em seu livro A Riqueza das Nações de 1776 que fala pela primeira vez em conceitos de auto-interesse e "mão invisível".


Ideias polêmicas de Adam Smith:


Contra a intervenção do Estado na economia, a favor do livre mercado, Smith falava da "mão invisível" que regia a economia, por exemplo, a lei da oferta e da procura. Suas ideias deram origem a uma filosofia voltada para a riqueza, acumulação de capital, ou capitalismo. O que, convenhamos, por si só já é bastante polêmico!



https://www.ebiografia.com/principais_filosofos_iluministas_suas_ideias_mais_polemicas/

Série: Escritores Latino-Americanos: Eduardo Galeano Escritor uruguaio


 Biografia de Eduardo Galeano

Por Dilva Frazão

Eduardo Galeano (1940-2015) foi um escritor e jornalista uruguaio, autor do livro “As Veias Abertas da América Latina”, uma obra que exerceu profunda influência no pensamento de esquerda latino-americano.


Eduardo Galeano (1940-2015) nasceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940. Descendente de uma família de classe média, de formação católica, pensava em se tornar jogador de futebol, mas percebeu que não tinha habilidade necessária para isso, mas veio a escrever muito sobre o esporte. Acabou exercendo trabalhos diferenciados, como caixa de banco e datilógrafo.


Embora aos 14 anos ele já houvesse enviado uma charge para o jornal El Sol, do Partido Socialista, sua carreira na imprensa só se firmaria na década de 60, quando se tornou editor do jornal “Marcha”, ao lado de colaboradores como Vargas Llosa (futuro Prêmio Nobel) e Mario Benedetti.


Nos anos 70, com regime militar no Uruguai, foi perseguido pela publicação de seu livro “As Veias Abertas da América Latina” (1971), obra de referência de esquerda, na qual o autor analisa a história da América Latina do colonialismo ao século 20. Em 1973, foi preso em decorrência do golpe militar em seu país, exilou-se, posteriormente na Argentina, onde lançou a revista cultural “Crisis”.


Em 1976, Eduardo Galeano mudou-se para a Espanha, por causa da crescente violência da ditadura argentina. Em 1985, lançou na Espanha o livro “Memória do Fogo”. Nesse mesmo ano voltou ao Uruguai.


Autor de mais de trinta livros, traduzidos para cerca de vinte idiomas, Galeano declarou, em 2014, que não se identificava mais com sua anticapitalista obra “As Veias Abertas da América Latina”. Sobre ela, disse o autor: “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera”.


Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange, instituição humanitária americana.


Eduardo Galeano faleceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 13 de abril de 2015.

(Fonte https://www.ebiografia.com/eduardo_galeano/)


Lista de publicações de Eduardo Galeano ( Fonte Wikipedia)

Los días siguientes (1963)

China (1964)

Guatemala (1967)

Reportagens (1967)

Los fantasmas del día del léon y otros relatos (1967)

Su majestad el fútbol (1968)

As veias abertas da América Latina (1971)(P)

Siete imágenes de Bolivia (1971)

Violencía y enajenación (1971)

Crónicas latinoamericanas (1972)

Vagamundo (1973)(P)

La cancion de nosotros (1975)

Conversaciones con Raimón (1977)

Días y noches de amor y de guerra (1978)(P)

La piedra arde (1980)

Voces de nuestro tiempo (1981)

Memória do fogo - trilogia - (1982-1986)(P)

A Pedra Arde (1983)

Aventuras de los jóvenes dioses (1984)

Ventana sobre Sandino (1985)

Contraseña (1985)

El descubrimiento de América que todavía no fue y otros escritos (1986)

El tigre azul y otros artículos (1988)

Entrevistas y artículos (1962-1987) (1988)

O Livro dos Abraços (1989)(P)

Nós Dizemos Não (1989)

América Latina para entenderte mejor (1990)

Palabras: antología personal (1990)

An Uncertain Grace com Fred Ritchin, fotos de Sebastião Salgado (1990)

Ser como ellos y otros artículos (1992)

Amares (1993)

Las palabas andantes (1993)(P)

úselo y tírelo (1994)

O futebol ao sol e à sombra (1995)(P)

Ser como eles (1997)(P)

Mulheres (1997)(P)

Patas arriba: la escuela del mundo al revés (1998)(P)

Bocas del Tiempo (2004)(P)

O Teatro do Bem e do Mal (2002)(P)

Espelhos - uma quase história universal (2008)(P)

Espelhos. Uma história quase universal (2008) (P)

Os Filhos dos Dias (2012) (P)


Como o declínio do petróleo afeta a Petrobras, que planeja aumentar produção

Como guerra na Ucrânia força Alemanha a rever relação com a Rússia

domingo, 3 de abril de 2022

Entrevista: 'Historiadores dirão que momento atual iniciou a 3ª Guerra Mundial

Metropolis (1927) - [HD] Legendado completo (Multi sub)/ Um dos melhores filmes de todos os tempos



4 de novembro de 1927 No cinema / 2h 33min / Ficção científica , Suspense
Direção: Fritz Lang
Roteiro Fritz Lang , Thea von Harbou
Elenco: Brigitte Helm , Alfred Abel , Rudolf Klein-Rogge
Título original Metropolis

Série: Escritores Latino-Americanos: Lygia Fagundes Telles, Escritora brasileira


 Série: Escritores Latino-Americanos: Lygia Fagundes Telles, Escritora brasileira

Por Dilva Frazão

Lygia Fagundes Telles (1923) é uma escritora brasileira. Romancista e contista, é a grande representante do movimento Pós-Modernista. É membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa. 


Infância e Formação

Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923. Filha do promotor Durval de Azevedo Fagundes e da pianista Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, passou sua infância em várias cidades do interior em função do trabalho do pai.


Seu interesse por literatura começou na adolescência. Com 15 anos, com a ajuda do pai, publicou seu primeiro livro de contos, "Porão e Sobrado".


De volta à capital, estudou no Instituto de Educação Caetano de Campos. Em seguida, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. Nessa mesma época, cursou Educação Física na mesma universidade.


Ainda estudante, colaborava com os jornais “Arcádia” e “A Balança”, ambos vinculados à Academia de Letras da faculdade. Nessa época, frequentava os encontros de literatura com Mário e Oswald de Andrade.


Careira Literária


A estreia oficial de Lygia Fagundes Telles na literatura ocorreu em 1944, com o volume de contos "Praia Viva". Em 1947, casou-se com um de seus professores, o jurista Goffredo Telles Júnior, com quem teve um filho.


Lygia seguiu com a contínua produção de contos e romances, entre eles, “Ciranda de Pedra” (1954), no qual relata a história de um casal que se separa e a caçula vai morar com a mãe, onde vive os dramas ocultos de uma jovem de pais separados. (A obra foi posteriormente adaptada para uma novela na TV Globo).



Em 1958, Lygia publicou o livro de contos, "História do Desencontro", que recebeu o Prêmio Artur Azevedo do Instituto Nacional do Livro. Em 1960 separou-se do marido. Em 1963 casou-se com o ensaísta e crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes. Nesse mesmo ano, publicou seu segundo romance “Verão no Aquário”, que recebeu o Prêmio Jabuti.


Junto com Paulo Emílio, escreveu o roteiro para o filme Capitu (1967), baseado na obra Dom Casmurro de Machado de Assis, uma encomenda de Paulo César Saraceni, que recebeu o Prêmio Candango de Melhor Roteiro Cinematográfico.


Prêmios e a Academia

A década de 70 foi um período da consagração de Lygia: O livro de contos “Antes do Baile Verde” (1970) recebeu o Prêmio Internacional de Escritoras, na França.


O livro “As Meninas”, publicado em 1973, que se tornaria um dos seus mais importantes romances, recebeu o Prêmio Jabuti, em 1974 e foi adaptado para o cinema em 1975, dirigido por Emiliano Ribeiro. A obra traça um paralelo entre a vida de três pessoas que agitaram a juventude em um período conturbado da história do Brasil.


A obra “Seminário dos Ratos” (1977) recebeu o Prêmio PEN Clube do Brasil. “A Disciplina do Amor” (1980) recebeu o Prêmio Jabuti e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.



Em 1982, Lygia Fagundes Telles foi eleita para a Academia Paulista de Letras. Em 1985, tornou-se a terceira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira n.º 16, no dia 12 de maio de 1987. Foi eleita para a Academia das Ciências de Lisboa.


lygia fagundes telles


A consagração de Lygia veio em 2001, quando recebeu o Prêmio Camões, que lhe foi entregue em 13 de outubro de 2005, durante a VIII Cúpula Luso-brasileira, realizada na cidade do Porto, Portugal. Em 2016 e aos 92 anos de idade, Lygia Fagundes Telles tornou-se a primeira mulher brasileira a ser indicada para receber o prêmio Nobel de Literatura.


Características da obra de Lygia Fagundes Telles

A obra de Lygia Fagundes Telles apresenta um universo marcadamente feminino, embora comprometida em documentar a difícil condição de vida de uma sociedade frágil nos centros urbanos, uma literatura engajada, destinada a documentar a história trágica do país, como se lê em “As Meninas”.


Por sua vasta produção literária é considerada uma das maiores romancista e contistas da literatura brasileira. É uma das mais destacadas representantes do Movimento Pós-Modernista no Brasil.


Frases de Lygia Fagundes Telles

Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente.

Não peça coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo.

Se é difícil carregar a solidão, mais difícil ainda é carregar uma companhia.

A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida.

O menino então sorri e nem o inimigo mais feroz resistirá a esse sorriso de quem se oferece tão sem defesa.

A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio tom, nessa incerteza.

Obras de Lygia Fagundes Telles

Porão e Sobrado, contos, 1938

Praia Viva, contos, 1944

O Cacto Vermelho, contos, 1949

Ciranda de Pedra, romance, 1954

Histórias do Desencontro, contos, 1958

Verão no Aquário, romance, 1964

Histórias Escolhidas, contos, 1964

O Jardim Selvagem, contos, 1965

Antes do Baile Verde, contos, 1970

As Meninas, romance, 1973

Seminário dos Ratos, contos, 1977

Filhos Prodígios, contos, 1978

A Disciplina do Amor, contos, 1980

Mistérios, contos, 1981

Venha Ver o Por do Sol e Outros Contos, 1987

As Horas Nuas, romance, 1989

A Noite Escura e Mais Eu, contos, 1995

Invenção e Memória, contos, 2000

Biruta, contos, 2004

Histórias de Mistérios, contos, 2004

Conspiração de Nuvens, contos, 2007

Passaporte para a China, contos, 2011



https://www.ebiografia.com/lygia_fagundes_telles/

domingo, 13 de março de 2022

Martha Wash - I'm Not Coming Down (Tony Moran Radio Mix) Uma das vozes mais belas do Século

Todd Terry - Something's Going On (Extended Vídeo)

Série: Escritores Latino-Americanos.Machado de Assis Escritor brasileiro


 

Machado de Assis

Escritor brasileiro

Por Dilva Frazão

Biblioteconomista e professora


Biografia de Machado de Assis

Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira do século XIX. Destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha escrito crônicas, poesias, crítica literária e peças de teatro.


Machado de Assis escreveu nove romances. Os primeiros – Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia -, apresentam alguns traços românticos na caracterização dos personagens.


A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, teve início sua fase propriamente realista quando revelou seu incrível talento na análise do comportamento humano, descobrindo, por trás dos atos bons e honestos, a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia.


Infância e adolescência

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na Chácara do Livramento no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839. Foi o primeiro filho do mulato Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes, e da imigrante portuguesa Maria Leopoldina.


Machado de Assis passou sua infância e adolescência no bairro do Livramento. Seus pais viviam na chácara do falecido senador Bento Barroso Pereira e sua mãe era a protegida da dona da casa, D. Maria José Pereira.


Machado fez seus primeiros estudos na escola pública do bairro de São Cristóvão. Tornou-se amigo do padre Silveira Sarmento, o ajudava nas missas e familiarizava-se com o latim.


Quando tinha dez anos perdeu sua mãe. Seu pai resolveu sair da chácara e foi morar em São Cristóvão com Maria Inês da Silva, só vindo a casar-se em 1854.



Sua madrasta trabalhava como doceira em uma escola e levava o enteado para assistir algumas aulas. À noite, Machado ia para uma padaria, local onde aprendia francês com o forneiro. À luz de velas, Machado lia tudo que passava em suas mãos e já escrevia suas primeiras poesias.


Carreira literária

Em busca de um emprego, com 15 anos, Machado conheceu Francisco de Paula Brito, dono da livraria, do jornal e da tipografia da cidade. No dia 12 de fevereiro de 1855, a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o poema “Ela”, de Machado de Assis:


"Dos lábios de Querubim

Eu quisera ouvir um sim

Para alívio do coração"...


Daí por diante, Machado não parou de escrever na Marmota e de fazer amizades com os políticos e literatos, frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia.


Em 1856, Machadinho, como era conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas além de mau funcionário, escondia-se para ler tudo que lhe interessava.


O diretor decidiu incentivar o jovem e o apresentou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiuva.



Otaviano e Pedro dirigiam o Correio-Mercantil e para lá foi Machado de Assis, em 1858, como revisor de provas. Colaborava também para outros jornais. Estreou como crítico teatral na revista “Espelho”.


Com 20 anos, Machado de Assis já frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.


machado de assis

Machado de Assis com 20 anos

Em 1960, Machado de Assis foi chamado por Quintino Bocaiuva para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”. Além de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária, Machado tornou-se representante do jornal no Senado.


Machado também escrevia no “Jornal das Famílias”, onde suas histórias inconsequentes e açucaradas eram lidas nos serões familiares.


Primeiro livro de poesias

Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e a Francisco.


Em 1867, o Imperador concedeu a Machado o grau de "Cavaleiro da Ordem da Rosa", por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8 de abril Machado foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando sua "carreira burocrática".



Em 1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta, irmã do poeta português Faustino Xavier de Novais, que lhe revelou os clássicos lusitanos.


No dia 12 de novembro de 1869, o casamento de Machado e Carolina é realizado, tendo como testemunhas, Artur Napoleão e o Conde de São Mamede, em cuja residência se realizou a cerimônia. O casal não teve filhos.


Em 1873, ele foi nomeado primeiro oficial da Secretaria do Estado do Ministério da Agricultura. Três anos depois assumiu a chefia da seção.


Machado de Assis com 40 anos

Machado de Assis aos 40 anos

Academia Brasileira de Letras

O primeiro livro de contos de Machado de Assis, Contos Fluminenses (1870) e seu primeiro romance, Ressurreição (1872), sedimentaram a imagem de um escritor que usava muito bem a língua portuguesa e que preferia os relatos psicológicos às narrativas de ação constante.


No dia 30 de janeiro de 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contemporâneo”, periódico do Rio de Janeiro, colocou lado a lado as fotos de José de Alencar, até então o maior romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.


Machado de Assis se impôs, antes mesmo de ter publicado suas obras-primas, como a maior expressão da literatura brasileira e, sem muita dificuldade, em 1896, fundou com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras.



Nomeado para a cadeira n.º 23, tornou-se, em 1897, seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte.


Na entrada do prédio há uma estátua de bronze do escritor. Em sua homenagem, a academia chama-se também “Casa de Machado de Assis”.


Obra de Machado de Assis

Machado de Assis teve uma carreira literária ininterrupta, produziu de 1855 a 1908. Escreveu poesias, romances, contos, crônicas, críticas e peças de teatro. O ponto alto de sua produção literária é o romance e o conto, onde se observa duas fases:


Fase Romântica – obras e características

A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a algum aspecto do “Romantismo”, com uma história cheia de mistérios, com final feliz ou trágico e uma narrativa linear.


Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos descritiva, menos adjetivada e sem o exagero sentimental. As personagens têm um comportamento não só movido pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os romances:


Ressurreição (1872)

A Mão e a Luva (1874)

Helena (1876)

Iaiá Garcia (1878)

O Realismo – obras e características

A segunda fase das obras de Machado de Assis inicia-se com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), onde retrata a miséria humana, indo até seu último romance, “Memorial de Aires” (1908) - o livro da saudade, escrito após a morte de Carolina.


É nesse período que se encontram suas mais ricas criações literárias. Diferente de tudo quanto havia sido escrito no Brasil, Machado inaugura o “Realismo”.


O estilo realista de Machado de Assis difere de seus contemporâneos, porque ele aprofunda-se na análise psicológica dos personagens desvendando a fragilidade existencial na relação consigo mesmo e com os outros personagens. São dessa fase os romances:


Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

Quincas Borba (1891)

Dom Casmurro (1899)

Esaú e Jacó (1904)

Memorial de Aires (1908, seu último romance)

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Em 1881, Machado de Assis publicou o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que marcou o início da fase acentuadamente realista de sua obra. A obra havia sido publicada, no ano anterior, em folhetins na Revista Brasileira.


Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", o narrador era um defunto que resolveu distrair-se um pouco saindo da monotonia da eternidade escrevendo suas memórias, livre das convenções sociais, pois está morto.


O narrador fala não só da vida, mas de todos os que com ele conviveram, revelando a hipocrisia das relações humanas.


Esse romance foi adaptado para o cinema em 2001, sendo considerado o melhor filme do festival de Gramado.


Quincas Borba

O romance Quincas Borba representa um dos pontos altos da obra de Machado de Assis. É rico de vida e substância humana.


O herói da história é o modesto professor Rubião, que recebe, em Barbacena, grande herança do falecido Quincas Borba, com a condição de cuidar de seu cachorro, também chamado Quincas Borba.


Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado, explorado e enlouquece, vindo a morrer miserável e solitário em sua cidade natal, Barbacena.


Dom Casmurro

É considerado o ponto culminante de sua ficção. O tema da obra é o adultério relatado pelo próprio marido traído. O romance é narrado na 1.ª pessoa do singular, começando com a amizade infantil entre Bentinho e Capitu.


Da afeição nasce o amor e o casamento. Capitu, como quase todos os tipos machadianos, é cheia de vivacidade e astúcia, porém dissimulada. Trai o esposo com Escobar, o mais antigo e íntimo amigo do casal.


Mais tarde, nasce Ezequiel e as dúvidas de Betinho se dissipam. Torna-se um indivíduo sisudo e casmurro, que vive a rememorar o passado. Quando Escobar morre, Capitu chora diante do cadáver, confirmando as suspeitas de Bentinho.


As personagens femininas de Machado de Assis

As grandes “personagens femininas” das obras de Machado de Assis ou são adúlteras ou estão a ponto de ser como Virgília de Memórias Póstumas que repele Brás Cubas quando podia casar-se com ele, mas torna-se sua amante depois que está casada com outro homem mais importante na escala social.


Sofia, protagonista de Quincas Borba, fica no limiar do adultério, tentando o pobre Rubião até levá-lo à loucura, para tirar dele seu último centavo e assim enriquecer seu esposo.


Capitu, sua heroína mais famosa, personagem de Dom Casmurro, é o protótipo de mulher dissimulada, que engana vilmente o marido.


Apenas Fidélia, de Memorial de Aires, é a mulher honesta e fiel, como seu próprio nome sugere.


Contos e características

Contos Fluminenses (1870)

História da Meia Noite (1873)

Papéis Avulsos (1882)

Histórias Sem Data (1884)

Várias Histórias (1896)

Páginas Recolhidas (1899)

Relíquias da Casa Velha (1906)

Alguns dos melhores contos “realistas” contidos nesses livros e que abordam os mais diversos temas, são:


Cantigas de Esponsais – a desesperada busca da expressão,

Noites de Almirantes – análise de uma desilusão amorosa,

Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição,

O Alienista – o problema da loucura. Foi adaptado para o cinema em 1970).

Missa do Galo – o despertar do adolescente para o amor,

Teoria do Medalhão – como vencer na vida sem fazer força,

O Espelho – a dualidade da alma humana.

Últimos anos e morte

Em outubro de 1904 morreu sua esposa, Carolina, companheira de 35 anos, que além de revisora de suas obras era também sua enfermeira, pois Machado de Assis tinha a saúde abalada pela epilepsia.


Após a morte da esposa o romancista raramente saía de casa. Em homenagem à sua amada, escreveu o poema "À Carolina":


À Carolina


"Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.


Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda a humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs o mundo inteiro.


Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa separados.


Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos."


Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908. Em seu velório, compareceram as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, um dos juristas mais aplaudidos da época, fez um discurso de despedida com elogios ao homem e escritor.


Levado em uma carreta do Arsenal de Guerra, só destinada às grandes personalidades, um grande cortejo fúnebre saiu da Academia para o cemitério de São João Batista, onde foi enterrado.


O escritor Machado de Assis é uma figura tão importante para o nosso país que a sua biografia foi escolhida para figurar no artigo A biografia das 20 pessoas mais importantes para a história do Brasil.



https://www.ebiografia.com/machado_assis/