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quinta-feira, 5 de maio de 2022
quarta-feira, 4 de maio de 2022
segunda-feira, 2 de maio de 2022
Os principais filósofos iluministas e suas ideias mais polêmicas
Jean Jacques Rousseau
Os principais filósofos iluministas e suas ideias mais polêmicas
Gessica Borges
Os filósofos iluministas começaram a surgir em território francês em meados do século dezessete. A palavra iluminismo remete ao movimento que desejava clarear, iluminar a sociedade europeia que, para os pensadores da época, encontrava-se nas trevas, principalmente por causa de crenças religiosas.
Acreditando que o pensamento racional deveria substituir a religião e o misticismo, alguns nomes tomaram a frente do movimento iluminista em épocas e países diferentes. Veja quais foram os principais pensadores iluministas e seus ideais, em muitos casos, polêmicos.
John Locke (1632-1704)
principais filósofos iluministas
Filósofo inglês que defendia a liberdade de expressão, considerado o "pai" do que hoje chamamos de liberalismo e fundador do empirismo, ou seja, a ideia de que homem era uma folha em branco, que se preenchia apenas com as experiência.
Sua principal obra foi Ensaio sobre o entendimento humano (1689).
A polêmica de Locke:
Além de não acreditar que Deus tinha poder sobre o destino dos homens, o que era um escândalo na época, Locke acreditava no direito de propriedade como sendo natural do ser humano, e isso incluía escravos. O pensador investia no tráfico de escravos de pessoas negras e defendida a liberdade e a tolerância, mas não aos homens primitivos, ou seja, povos que não estavam ou não sabiam como conviver com dinheiro.
Voltaire (1694-1778)
principais filósofos iluministas
O filósofo francês que tem uma imagem marcada como símbolo da revolução iluminista, que depois influenciou a Revolução Francesa. O pensador escrevia muito, foram mais de setenta obras, em forma de livros, peças de teatro, romances, poemas e outros. Sua obra mais conhecida é Cândido, ou O Otimismo (1759)
Polêmicas que envolveram Voltaire:
Chegou a ser preso duas vezes por ser um crítico mordaz da Igreja Católica, que na época interferia muito no sistema político francês. Defendia uma linha de pensamento conhecida por Liberalismo, que resguardava as liberdades civis. Se por um lado isso soa positivo, suas ideias se espalharam de forma controversa ao longo do tempo. Por exemplo, na queda da monarquia e instauração de repúblicas que, por sua vezes, aumentaram impostos para financiar guerras de poder.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
principais filósofos iluministas
Filósofo suíço que defendia a democracia direta, onde cada indivíduo seria capaz de participar de todas as decisões políticas, ou seja, fazer prevalecer a soberania popular. Suas principais obras foram Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens (1755) e Do Contrato Social (1762).
As polêmicas de Rousseau:
Ao contrário de todos os outros iluministas, Rousseau não acreditava no individualismo, indo contra as teorias liberalistas da época. Para ele, com a igualdade não seria possível que as pessoas tivessem propriedades privadas, e que o bem estar social só seria possível se a posse de bens acabasse. Ou seja: nada de bens próprios para ninguém, todo mundo deveria ter as mesmas coisas, ser tratado da mesma forma, ter o mesmo poder. Imagina como seria um mundo assim?
Montesquieu (1689-1755)
principais filósofos iluministas
Conhecido principalmente pela sua teoria de separação de poderes - em Legislativo, Executivo e Judiciário - , como é hoje no Brasil, esse filósofo francês fez parte da primeira geração de pensadores iluministas e atuou principalmente no ramo da política e da psicologia. Sua principal obra é a O Espírito das Leis (1748).
Ideias polêmicas de Montesquieu:
Contra a monarquia absolutista, o filósofo acreditava que o poder precisava ser dividido em três âmbitos, para ser melhor controlado e evitar o domínio absoluto por parte dos reais da época. O problema dessa ideia é que ele também defendia o critério censitário, ou seja: apenas pessoas com renda e propriedades poderiam fazer parte da estrutura de poder, inclusive votar. A população de camadas empobrecidas ficariam de fora.
Denis Diderot (1713-1784)
principais filósofos iluministas
Devemos a este escritor e filósofo iluminista francês a criação da primeira enciclopédia do mundo. Como um grande defensor da expansão do conhecimento, juntamente com Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), o escritor passou boa parte da sua vida organizando pensamentos e conhecimentos da época, para divulgar a filosofia iluminista no mundo.
As polêmicas envolvendo Diderot:
Tudo que foi organizado por Diderot e d´Alembert negava a influência de Deus na humanidade. Toda ciência só poderia ser alcançada pela razão. Denis desprezava qualquer forma religiosa e acreditava ainda que a religião destruía paixões e desequilibrava o homem.
Entenda melhor essa dinâmica do pensamento através da biografia completa do filósofo.
Adam Smith (1723-1790)
principais filósofos iluministas
Filósofo e economista escocês, que é considerado o pai da economia moderna e o nome mais importante quando se fala em liberalismo econômico. Adorado pela burguesia, é em seu livro A Riqueza das Nações de 1776 que fala pela primeira vez em conceitos de auto-interesse e "mão invisível".
Ideias polêmicas de Adam Smith:
Contra a intervenção do Estado na economia, a favor do livre mercado, Smith falava da "mão invisível" que regia a economia, por exemplo, a lei da oferta e da procura. Suas ideias deram origem a uma filosofia voltada para a riqueza, acumulação de capital, ou capitalismo. O que, convenhamos, por si só já é bastante polêmico!
Série: Escritores Latino-Americanos: Eduardo Galeano Escritor uruguaio
Biografia de Eduardo Galeano
Por Dilva Frazão
Eduardo Galeano (1940-2015) foi um escritor e jornalista uruguaio, autor do livro “As Veias Abertas da América Latina”, uma obra que exerceu profunda influência no pensamento de esquerda latino-americano.
Eduardo Galeano (1940-2015) nasceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940. Descendente de uma família de classe média, de formação católica, pensava em se tornar jogador de futebol, mas percebeu que não tinha habilidade necessária para isso, mas veio a escrever muito sobre o esporte. Acabou exercendo trabalhos diferenciados, como caixa de banco e datilógrafo.
Embora aos 14 anos ele já houvesse enviado uma charge para o jornal El Sol, do Partido Socialista, sua carreira na imprensa só se firmaria na década de 60, quando se tornou editor do jornal “Marcha”, ao lado de colaboradores como Vargas Llosa (futuro Prêmio Nobel) e Mario Benedetti.
Nos anos 70, com regime militar no Uruguai, foi perseguido pela publicação de seu livro “As Veias Abertas da América Latina” (1971), obra de referência de esquerda, na qual o autor analisa a história da América Latina do colonialismo ao século 20. Em 1973, foi preso em decorrência do golpe militar em seu país, exilou-se, posteriormente na Argentina, onde lançou a revista cultural “Crisis”.
Em 1976, Eduardo Galeano mudou-se para a Espanha, por causa da crescente violência da ditadura argentina. Em 1985, lançou na Espanha o livro “Memória do Fogo”. Nesse mesmo ano voltou ao Uruguai.
Autor de mais de trinta livros, traduzidos para cerca de vinte idiomas, Galeano declarou, em 2014, que não se identificava mais com sua anticapitalista obra “As Veias Abertas da América Latina”. Sobre ela, disse o autor: “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera”.
Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange, instituição humanitária americana.
Eduardo Galeano faleceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 13 de abril de 2015.
(Fonte https://www.ebiografia.com/eduardo_galeano/)
Lista de publicações de Eduardo Galeano ( Fonte Wikipedia)
Los días siguientes (1963)
China (1964)
Guatemala (1967)
Reportagens (1967)
Los fantasmas del día del léon y otros relatos (1967)
Su majestad el fútbol (1968)
As veias abertas da América Latina (1971)(P)
Siete imágenes de Bolivia (1971)
Violencía y enajenación (1971)
Crónicas latinoamericanas (1972)
Vagamundo (1973)(P)
La cancion de nosotros (1975)
Conversaciones con Raimón (1977)
Días y noches de amor y de guerra (1978)(P)
La piedra arde (1980)
Voces de nuestro tiempo (1981)
Memória do fogo - trilogia - (1982-1986)(P)
A Pedra Arde (1983)
Aventuras de los jóvenes dioses (1984)
Ventana sobre Sandino (1985)
Contraseña (1985)
El descubrimiento de América que todavía no fue y otros escritos (1986)
El tigre azul y otros artículos (1988)
Entrevistas y artículos (1962-1987) (1988)
O Livro dos Abraços (1989)(P)
Nós Dizemos Não (1989)
América Latina para entenderte mejor (1990)
Palabras: antología personal (1990)
An Uncertain Grace com Fred Ritchin, fotos de Sebastião Salgado (1990)
Ser como ellos y otros artículos (1992)
Amares (1993)
Las palabas andantes (1993)(P)
úselo y tírelo (1994)
O futebol ao sol e à sombra (1995)(P)
Ser como eles (1997)(P)
Mulheres (1997)(P)
Patas arriba: la escuela del mundo al revés (1998)(P)
Bocas del Tiempo (2004)(P)
O Teatro do Bem e do Mal (2002)(P)
Espelhos - uma quase história universal (2008)(P)
Espelhos. Uma história quase universal (2008) (P)
Os Filhos dos Dias (2012) (P)
domingo, 3 de abril de 2022
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Série: Escritores Latino-Americanos: Lygia Fagundes Telles, Escritora brasileira
Série: Escritores Latino-Americanos: Lygia Fagundes Telles, Escritora brasileira
Por Dilva Frazão
Lygia Fagundes Telles (1923) é uma escritora brasileira. Romancista e contista, é a grande representante do movimento Pós-Modernista. É membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.
Infância e Formação
Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923. Filha do promotor Durval de Azevedo Fagundes e da pianista Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, passou sua infância em várias cidades do interior em função do trabalho do pai.
Seu interesse por literatura começou na adolescência. Com 15 anos, com a ajuda do pai, publicou seu primeiro livro de contos, "Porão e Sobrado".
De volta à capital, estudou no Instituto de Educação Caetano de Campos. Em seguida, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. Nessa mesma época, cursou Educação Física na mesma universidade.
Ainda estudante, colaborava com os jornais “Arcádia” e “A Balança”, ambos vinculados à Academia de Letras da faculdade. Nessa época, frequentava os encontros de literatura com Mário e Oswald de Andrade.
Careira Literária
A estreia oficial de Lygia Fagundes Telles na literatura ocorreu em 1944, com o volume de contos "Praia Viva". Em 1947, casou-se com um de seus professores, o jurista Goffredo Telles Júnior, com quem teve um filho.
Lygia seguiu com a contínua produção de contos e romances, entre eles, “Ciranda de Pedra” (1954), no qual relata a história de um casal que se separa e a caçula vai morar com a mãe, onde vive os dramas ocultos de uma jovem de pais separados. (A obra foi posteriormente adaptada para uma novela na TV Globo).
Em 1958, Lygia publicou o livro de contos, "História do Desencontro", que recebeu o Prêmio Artur Azevedo do Instituto Nacional do Livro. Em 1960 separou-se do marido. Em 1963 casou-se com o ensaísta e crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes. Nesse mesmo ano, publicou seu segundo romance “Verão no Aquário”, que recebeu o Prêmio Jabuti.
Junto com Paulo Emílio, escreveu o roteiro para o filme Capitu (1967), baseado na obra Dom Casmurro de Machado de Assis, uma encomenda de Paulo César Saraceni, que recebeu o Prêmio Candango de Melhor Roteiro Cinematográfico.
Prêmios e a Academia
A década de 70 foi um período da consagração de Lygia: O livro de contos “Antes do Baile Verde” (1970) recebeu o Prêmio Internacional de Escritoras, na França.
O livro “As Meninas”, publicado em 1973, que se tornaria um dos seus mais importantes romances, recebeu o Prêmio Jabuti, em 1974 e foi adaptado para o cinema em 1975, dirigido por Emiliano Ribeiro. A obra traça um paralelo entre a vida de três pessoas que agitaram a juventude em um período conturbado da história do Brasil.
A obra “Seminário dos Ratos” (1977) recebeu o Prêmio PEN Clube do Brasil. “A Disciplina do Amor” (1980) recebeu o Prêmio Jabuti e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Em 1982, Lygia Fagundes Telles foi eleita para a Academia Paulista de Letras. Em 1985, tornou-se a terceira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira n.º 16, no dia 12 de maio de 1987. Foi eleita para a Academia das Ciências de Lisboa.
lygia fagundes telles
A consagração de Lygia veio em 2001, quando recebeu o Prêmio Camões, que lhe foi entregue em 13 de outubro de 2005, durante a VIII Cúpula Luso-brasileira, realizada na cidade do Porto, Portugal. Em 2016 e aos 92 anos de idade, Lygia Fagundes Telles tornou-se a primeira mulher brasileira a ser indicada para receber o prêmio Nobel de Literatura.
Características da obra de Lygia Fagundes Telles
A obra de Lygia Fagundes Telles apresenta um universo marcadamente feminino, embora comprometida em documentar a difícil condição de vida de uma sociedade frágil nos centros urbanos, uma literatura engajada, destinada a documentar a história trágica do país, como se lê em “As Meninas”.
Por sua vasta produção literária é considerada uma das maiores romancista e contistas da literatura brasileira. É uma das mais destacadas representantes do Movimento Pós-Modernista no Brasil.
Frases de Lygia Fagundes Telles
Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente.
Não peça coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo.
Se é difícil carregar a solidão, mais difícil ainda é carregar uma companhia.
A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida.
O menino então sorri e nem o inimigo mais feroz resistirá a esse sorriso de quem se oferece tão sem defesa.
A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio tom, nessa incerteza.
Obras de Lygia Fagundes Telles
Porão e Sobrado, contos, 1938
Praia Viva, contos, 1944
O Cacto Vermelho, contos, 1949
Ciranda de Pedra, romance, 1954
Histórias do Desencontro, contos, 1958
Verão no Aquário, romance, 1964
Histórias Escolhidas, contos, 1964
O Jardim Selvagem, contos, 1965
Antes do Baile Verde, contos, 1970
As Meninas, romance, 1973
Seminário dos Ratos, contos, 1977
Filhos Prodígios, contos, 1978
A Disciplina do Amor, contos, 1980
Mistérios, contos, 1981
Venha Ver o Por do Sol e Outros Contos, 1987
As Horas Nuas, romance, 1989
A Noite Escura e Mais Eu, contos, 1995
Invenção e Memória, contos, 2000
Biruta, contos, 2004
Histórias de Mistérios, contos, 2004
Conspiração de Nuvens, contos, 2007
Passaporte para a China, contos, 2011
https://www.ebiografia.com/lygia_fagundes_telles/
domingo, 20 de março de 2022
domingo, 13 de março de 2022
Série: Escritores Latino-Americanos.Machado de Assis Escritor brasileiro
Machado de Assis
Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
Biografia de Machado de Assis
Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira do século XIX. Destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha escrito crônicas, poesias, crítica literária e peças de teatro.
Machado de Assis escreveu nove romances. Os primeiros – Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia -, apresentam alguns traços românticos na caracterização dos personagens.
A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, teve início sua fase propriamente realista quando revelou seu incrível talento na análise do comportamento humano, descobrindo, por trás dos atos bons e honestos, a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia.
Infância e adolescência
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na Chácara do Livramento no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839. Foi o primeiro filho do mulato Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes, e da imigrante portuguesa Maria Leopoldina.
Machado de Assis passou sua infância e adolescência no bairro do Livramento. Seus pais viviam na chácara do falecido senador Bento Barroso Pereira e sua mãe era a protegida da dona da casa, D. Maria José Pereira.
Machado fez seus primeiros estudos na escola pública do bairro de São Cristóvão. Tornou-se amigo do padre Silveira Sarmento, o ajudava nas missas e familiarizava-se com o latim.
Quando tinha dez anos perdeu sua mãe. Seu pai resolveu sair da chácara e foi morar em São Cristóvão com Maria Inês da Silva, só vindo a casar-se em 1854.
Sua madrasta trabalhava como doceira em uma escola e levava o enteado para assistir algumas aulas. À noite, Machado ia para uma padaria, local onde aprendia francês com o forneiro. À luz de velas, Machado lia tudo que passava em suas mãos e já escrevia suas primeiras poesias.
Carreira literária
Em busca de um emprego, com 15 anos, Machado conheceu Francisco de Paula Brito, dono da livraria, do jornal e da tipografia da cidade. No dia 12 de fevereiro de 1855, a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o poema “Ela”, de Machado de Assis:
"Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um sim
Para alívio do coração"...
Daí por diante, Machado não parou de escrever na Marmota e de fazer amizades com os políticos e literatos, frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia.
Em 1856, Machadinho, como era conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas além de mau funcionário, escondia-se para ler tudo que lhe interessava.
O diretor decidiu incentivar o jovem e o apresentou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiuva.
Otaviano e Pedro dirigiam o Correio-Mercantil e para lá foi Machado de Assis, em 1858, como revisor de provas. Colaborava também para outros jornais. Estreou como crítico teatral na revista “Espelho”.
Com 20 anos, Machado de Assis já frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.
machado de assis
Machado de Assis com 20 anos
Em 1960, Machado de Assis foi chamado por Quintino Bocaiuva para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”. Além de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária, Machado tornou-se representante do jornal no Senado.
Machado também escrevia no “Jornal das Famílias”, onde suas histórias inconsequentes e açucaradas eram lidas nos serões familiares.
Primeiro livro de poesias
Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e a Francisco.
Em 1867, o Imperador concedeu a Machado o grau de "Cavaleiro da Ordem da Rosa", por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8 de abril Machado foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando sua "carreira burocrática".
Em 1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta, irmã do poeta português Faustino Xavier de Novais, que lhe revelou os clássicos lusitanos.
No dia 12 de novembro de 1869, o casamento de Machado e Carolina é realizado, tendo como testemunhas, Artur Napoleão e o Conde de São Mamede, em cuja residência se realizou a cerimônia. O casal não teve filhos.
Em 1873, ele foi nomeado primeiro oficial da Secretaria do Estado do Ministério da Agricultura. Três anos depois assumiu a chefia da seção.
Machado de Assis com 40 anos
Machado de Assis aos 40 anos
Academia Brasileira de Letras
O primeiro livro de contos de Machado de Assis, Contos Fluminenses (1870) e seu primeiro romance, Ressurreição (1872), sedimentaram a imagem de um escritor que usava muito bem a língua portuguesa e que preferia os relatos psicológicos às narrativas de ação constante.
No dia 30 de janeiro de 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contemporâneo”, periódico do Rio de Janeiro, colocou lado a lado as fotos de José de Alencar, até então o maior romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.
Machado de Assis se impôs, antes mesmo de ter publicado suas obras-primas, como a maior expressão da literatura brasileira e, sem muita dificuldade, em 1896, fundou com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras.
Nomeado para a cadeira n.º 23, tornou-se, em 1897, seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte.
Na entrada do prédio há uma estátua de bronze do escritor. Em sua homenagem, a academia chama-se também “Casa de Machado de Assis”.
Obra de Machado de Assis
Machado de Assis teve uma carreira literária ininterrupta, produziu de 1855 a 1908. Escreveu poesias, romances, contos, crônicas, críticas e peças de teatro. O ponto alto de sua produção literária é o romance e o conto, onde se observa duas fases:
Fase Romântica – obras e características
A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a algum aspecto do “Romantismo”, com uma história cheia de mistérios, com final feliz ou trágico e uma narrativa linear.
Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos descritiva, menos adjetivada e sem o exagero sentimental. As personagens têm um comportamento não só movido pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os romances:
Ressurreição (1872)
A Mão e a Luva (1874)
Helena (1876)
Iaiá Garcia (1878)
O Realismo – obras e características
A segunda fase das obras de Machado de Assis inicia-se com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), onde retrata a miséria humana, indo até seu último romance, “Memorial de Aires” (1908) - o livro da saudade, escrito após a morte de Carolina.
É nesse período que se encontram suas mais ricas criações literárias. Diferente de tudo quanto havia sido escrito no Brasil, Machado inaugura o “Realismo”.
O estilo realista de Machado de Assis difere de seus contemporâneos, porque ele aprofunda-se na análise psicológica dos personagens desvendando a fragilidade existencial na relação consigo mesmo e com os outros personagens. São dessa fase os romances:
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Quincas Borba (1891)
Dom Casmurro (1899)
Esaú e Jacó (1904)
Memorial de Aires (1908, seu último romance)
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Em 1881, Machado de Assis publicou o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que marcou o início da fase acentuadamente realista de sua obra. A obra havia sido publicada, no ano anterior, em folhetins na Revista Brasileira.
Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", o narrador era um defunto que resolveu distrair-se um pouco saindo da monotonia da eternidade escrevendo suas memórias, livre das convenções sociais, pois está morto.
O narrador fala não só da vida, mas de todos os que com ele conviveram, revelando a hipocrisia das relações humanas.
Esse romance foi adaptado para o cinema em 2001, sendo considerado o melhor filme do festival de Gramado.
Quincas Borba
O romance Quincas Borba representa um dos pontos altos da obra de Machado de Assis. É rico de vida e substância humana.
O herói da história é o modesto professor Rubião, que recebe, em Barbacena, grande herança do falecido Quincas Borba, com a condição de cuidar de seu cachorro, também chamado Quincas Borba.
Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado, explorado e enlouquece, vindo a morrer miserável e solitário em sua cidade natal, Barbacena.
Dom Casmurro
É considerado o ponto culminante de sua ficção. O tema da obra é o adultério relatado pelo próprio marido traído. O romance é narrado na 1.ª pessoa do singular, começando com a amizade infantil entre Bentinho e Capitu.
Da afeição nasce o amor e o casamento. Capitu, como quase todos os tipos machadianos, é cheia de vivacidade e astúcia, porém dissimulada. Trai o esposo com Escobar, o mais antigo e íntimo amigo do casal.
Mais tarde, nasce Ezequiel e as dúvidas de Betinho se dissipam. Torna-se um indivíduo sisudo e casmurro, que vive a rememorar o passado. Quando Escobar morre, Capitu chora diante do cadáver, confirmando as suspeitas de Bentinho.
As personagens femininas de Machado de Assis
As grandes “personagens femininas” das obras de Machado de Assis ou são adúlteras ou estão a ponto de ser como Virgília de Memórias Póstumas que repele Brás Cubas quando podia casar-se com ele, mas torna-se sua amante depois que está casada com outro homem mais importante na escala social.
Sofia, protagonista de Quincas Borba, fica no limiar do adultério, tentando o pobre Rubião até levá-lo à loucura, para tirar dele seu último centavo e assim enriquecer seu esposo.
Capitu, sua heroína mais famosa, personagem de Dom Casmurro, é o protótipo de mulher dissimulada, que engana vilmente o marido.
Apenas Fidélia, de Memorial de Aires, é a mulher honesta e fiel, como seu próprio nome sugere.
Contos e características
Contos Fluminenses (1870)
História da Meia Noite (1873)
Papéis Avulsos (1882)
Histórias Sem Data (1884)
Várias Histórias (1896)
Páginas Recolhidas (1899)
Relíquias da Casa Velha (1906)
Alguns dos melhores contos “realistas” contidos nesses livros e que abordam os mais diversos temas, são:
Cantigas de Esponsais – a desesperada busca da expressão,
Noites de Almirantes – análise de uma desilusão amorosa,
Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição,
O Alienista – o problema da loucura. Foi adaptado para o cinema em 1970).
Missa do Galo – o despertar do adolescente para o amor,
Teoria do Medalhão – como vencer na vida sem fazer força,
O Espelho – a dualidade da alma humana.
Últimos anos e morte
Em outubro de 1904 morreu sua esposa, Carolina, companheira de 35 anos, que além de revisora de suas obras era também sua enfermeira, pois Machado de Assis tinha a saúde abalada pela epilepsia.
Após a morte da esposa o romancista raramente saía de casa. Em homenagem à sua amada, escreveu o poema "À Carolina":
À Carolina
"Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos."
Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908. Em seu velório, compareceram as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, um dos juristas mais aplaudidos da época, fez um discurso de despedida com elogios ao homem e escritor.
Levado em uma carreta do Arsenal de Guerra, só destinada às grandes personalidades, um grande cortejo fúnebre saiu da Academia para o cemitério de São João Batista, onde foi enterrado.
O escritor Machado de Assis é uma figura tão importante para o nosso país que a sua biografia foi escolhida para figurar no artigo A biografia das 20 pessoas mais importantes para a história do Brasil.
https://www.ebiografia.com/machado_assis/
Série Escritores Latino-Americanos: Isabel Allende Escritora chilena
Isabel Allende
Escritora chilena
Por Dilva Frazão
https://www.ebiografia.com/isabel_allende/
Biografia de Isabel Allende
Isabel Allende (1942) é uma escritora e jornalista chilena. Seu livro mais conhecido, A Casa dos Espíritos, foi adaptado para o cinema em 1993. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas.
Isabel Allende Llona nasceu em Lima, no Peru, no dia 2 de agosto de 1942. Seu pai, Thomás Allende, era um diplomata chileno e sua mãe, Francisca Llona, era dona de casa.
Em 1945, seus pais se separaram e sua mãe voltou para Santiago, capital do Chile, levando seus três filhos, onde Isabel passou sua infância e parte de sua juventude.
Após sua mãe casar-se com outro diplomata, em 1953, a família foi morar em La Paz, na Bolívia, onde Isabel estudou em uma escola americana. Em seguida, mudaram-se para Beirute, no Líbano, onde ela ingressou em uma escola inglesa.
Em 1958, Isabel Allende voltou para Santiago e iniciou no curso de jornalismo. Nessa época, começou a escrever contos infantis e peças para o teatro.
Em 1960, Isabel Allende entrou para a seção chilena da Organização das Nações Unidas (FAO), que trabalha pela melhoria do nível de vida da população carente.
Em 1962, Isabel casou-se com Miguel Frias, com quem teve dois filhos, Paula e Nicolás.
Carreira literária
Em 1967, Isabel passou a escrever para uma revista feminina e também pra uma revista infantil. Em 1970 começou a trabalhar na televisão, apresentando um programa de entrevistas. Sua peça de teatro, “O Embaixador”, estreou em 1972.
Em 1973, ocorreu um golpe militar no Chile, encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que depôs o presidente Salvador Allende, tio de Isabel Allende. Com a instauração de uma ditadura militar no Chile e a morte de Salvador Allende, Isabel deixou o país, junto com sua família, refugiou-se em Caracas, na Venezuela.
A Casa dos Espíritos (1982)
No dia 8 de janeiro de 1981, Isabel soube que seu avô estava muito doente e, impossibilitada de voltar ao Chile, começou a escrever uma carta para seu avô, que era visto como uma figura paterna para ela, uma vez que não tinha memórias do seu pai.
A carta foi o ponto de partida para o livro A Casa dos Espíritos, publicado em 1982. A obra foi baseada nas lembranças de sua infância e juventude passadas no velho casarão familiar, onde vivia seus avós e seus tios, rodeada de uma atmosfera liberal.
No livro "A Casa dos Espíritos", a família Trueba vê um golpe militar depor um presidente socialista e instalar uma ditadura militar, semelhante ao que se passou no Chile entre 1973 e 1990. época em que o Chile viveu sob o “punho de ferro” de Augusto Pinochet.
A fantasia da escritora vai se desdobrando em meio aos principais acontecimentos políticos da história levando o leitor a se situar nos dramáticos períodos de perseguição e terror da sangrenta ditadura militar.
A obra, publicada em 1982, se tornou um best-seller em diversos países da América do Sul e da Europa e consagrou Isabel Allende como uma das grandes escritoras chilenas.
Onze anos depois, A Casa dos Espíritos foi adaptada para o cinema pelo sueco Bille August, que contou com a colaboração da escritora e com a participação de atores consagrados como: Meryl Streep, Jeremy Irons, Glen Close, Antônio Banderas, Vanessa Redgrave e Winona Ryder.
De Amor e de Sombra (1984)
Dois anos depois da publicação de A Casa dos Espíritos, Isabel Allende publicou De Amor e de Sombra (1984). A obra mescla uma história de amor de dois jovens jornalistas que são forçados a se exilarem depois de investigarem o desaparecimento de uma mulher numa ditadura militar.
A obra relata a descoberta de um cemitério clandestino, em uma mina no norte do Chile, onde estavam sepultados os desaparecidos durante a ditadura.
A obra, que está próxima do chamado “realismo mágico, que mistura fantasia com realidade, recebeu elogios dos leitores e da crítica o que veio selar o êxito internacional da escritora.
Paula (1994)
Isabel Allende viveu na Venezuela até 1987, ano em que se divorciou do marido e se mudou para os Estados Unidos.
Em 1991, morando nos Estados Unidos, Isabel descobriu que sua filha Paula tinha uma grave doença neurológica e, depois de um longo período em coma, acabou morrendo.
Durante o coma da filha, Isabel começou a escrever a obra Paula. O luto e a depressão levaram a escritora a relatar os fatos ocorridos durante a grave doença.
Publicada em 1994, a obra Paula, foi seu primeiro trabalho de não ficção e muitos críticos consideram essa a melhor obra da escritora.
Fundação Isabel Allende
Após a morte de sua filha e da publicação da obra “Paula”, a escritora passou por um forte bloqueio criativo e aceitou o convite de uma amiga para conhecer a Índia na tentativa de superar o luto.
Na Índia, Isabel viveu um momento que mudaria sua vida, quando uma mulher lhe entregou uma criança recém-nascida. O bebê lhe foi oferecido porque o nascimento de uma menina não era bem aceito na sociedade local.
Depois do choque da experiência, a escritora decidiu criar a “Fundação Isabel Allende”, para ajudar mulheres e crianças em situação de risco.
Morando nos Estados Unidos e ainda escrevendo, suas obras estão sempre nos primeiros lugares da lista dos livros mais vendidos nas Américas e na Europa.
Alguns personagens de “A Casa dos Espíritos” voltaram a aparecer nos romances “Filha da Fortuna” (1998) e “Retrato a Sépia” (2000), o que resultou em uma trilogia não oficial.
No livro “Para Lá do Inverno” (2017), a autora escreveu sobre os flagelos da imigração ilegal e dos refugiados. Em “Longa Pétala de Mar” (2019), a autora se inspirou na história dos refugiados espanhóis que chegaram ao Chile a bordo do navio Winnipeg.
Prêmios
Medalha Nacional de Literatura do Chile (2010)
Medalha Presidencial da Liberdade (EUA, 2014)
Obras de Isabel Allende
A Casa dos Espíritos (1982)
A Lagoa Azul (1983)
De Amor e de Sombra (1984)
Eva Luna (1987)
O Plano Infinito (1991)
Paula (1995)
Afrodite (1998)
Filha da Fortuna (1999)
Retrato a Sépia (2000)
A Cidade das Feras (2002)
O Reino do Dragão de Ouro (2003)
O Bosque dos Pigmeus (2004)
Zorro, Começa a Lenda (2005)
Inês da Minha Alma (2006)
A Soma dos Dias (2007)
A Ilha Sob o Mar (2009)
O Caderno de Maya (2011)
O Jogo de Ripper (2014)
O Amante Japonês (2015)
Para Além do Inverno (2017)
Longa Pétala do Mar (2019)
As Mulheres de Minha Alma (2020)
Violeta (2021)
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Última atualização: 05/08/2021
Dilva Frazão
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.