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domingo, 13 de março de 2022

Série Escritores Latino-Americanos: Isabel Allende Escritora chilena


 Isabel Allende

Escritora chilena

Por Dilva Frazão

https://www.ebiografia.com/isabel_allende/

Biografia de Isabel Allende

Isabel Allende (1942) é uma escritora e jornalista chilena. Seu livro mais conhecido, A Casa dos Espíritos, foi adaptado para o cinema em 1993. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas.


Isabel Allende Llona nasceu em Lima, no Peru, no dia 2 de agosto de 1942. Seu pai, Thomás Allende, era um diplomata chileno e sua mãe, Francisca Llona, era dona de casa.


Em 1945, seus pais se separaram e sua mãe voltou para Santiago, capital do Chile, levando seus três filhos, onde Isabel passou sua infância e parte de sua juventude.


Após sua mãe casar-se com outro diplomata, em 1953, a família foi morar em La Paz, na Bolívia, onde Isabel estudou em uma escola americana. Em seguida, mudaram-se para Beirute, no Líbano, onde ela ingressou em uma escola inglesa.


Em 1958, Isabel Allende voltou para Santiago e iniciou no curso de jornalismo. Nessa época, começou a escrever contos infantis e peças para o teatro.


Em 1960, Isabel Allende entrou para a seção chilena da Organização das Nações Unidas (FAO), que trabalha pela melhoria do nível de vida da população carente.


Em 1962, Isabel casou-se com Miguel Frias, com quem teve dois filhos, Paula e Nicolás.


Carreira literária

Em 1967, Isabel passou a escrever para uma revista feminina e também pra uma revista infantil. Em 1970 começou a trabalhar na televisão, apresentando um programa de entrevistas. Sua peça de teatro, “O Embaixador”, estreou em 1972.



Em 1973, ocorreu um golpe militar no Chile, encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que depôs o presidente Salvador Allende, tio de Isabel Allende. Com a instauração de uma ditadura militar no Chile e a morte de Salvador Allende, Isabel deixou o país, junto com sua família, refugiou-se em Caracas, na Venezuela.


A Casa dos Espíritos (1982)

No dia 8 de janeiro de 1981, Isabel soube que seu avô estava muito doente e, impossibilitada de voltar ao Chile, começou a escrever uma carta para seu avô, que era visto como uma figura paterna para ela, uma vez que não tinha memórias do seu pai.


A carta foi o ponto de partida para o livro A Casa dos Espíritos, publicado em 1982. A obra foi baseada nas lembranças de sua infância e juventude passadas no velho casarão familiar, onde vivia seus avós e seus tios, rodeada de uma atmosfera liberal.


No livro "A Casa dos Espíritos", a família Trueba vê um golpe militar depor um presidente socialista e instalar uma ditadura militar, semelhante ao que se passou no Chile entre 1973 e 1990. época em que o Chile viveu sob o “punho de ferro” de Augusto Pinochet.


A fantasia da escritora vai se desdobrando em meio aos principais acontecimentos políticos da história levando o leitor a se situar nos dramáticos períodos de perseguição e terror da sangrenta ditadura militar.



A obra, publicada em 1982, se tornou um best-seller em diversos países da América do Sul e da Europa e consagrou Isabel Allende como uma das grandes escritoras chilenas.


Onze anos depois, A Casa dos Espíritos foi adaptada para o cinema pelo sueco Bille August, que contou com a colaboração da escritora e com a participação de atores consagrados como: Meryl Streep, Jeremy Irons, Glen Close, Antônio Banderas, Vanessa Redgrave e Winona Ryder.


De Amor e de Sombra (1984)

Dois anos depois da publicação de A Casa dos Espíritos, Isabel Allende publicou De Amor e de Sombra (1984). A obra mescla uma história de amor de dois jovens jornalistas que são forçados a se exilarem depois de investigarem o desaparecimento de uma mulher numa ditadura militar.


A obra relata a descoberta de um cemitério clandestino, em uma mina no norte do Chile, onde estavam sepultados os desaparecidos durante a ditadura.


A obra, que está próxima do chamado “realismo mágico, que mistura fantasia com realidade, recebeu elogios dos leitores e da crítica o que veio selar o êxito internacional da escritora.


Paula (1994)

Isabel Allende viveu na Venezuela até 1987, ano em que se divorciou do marido e se mudou para os Estados Unidos.


Em 1991, morando nos Estados Unidos, Isabel descobriu que sua filha Paula tinha uma grave doença neurológica e, depois de um longo período em coma, acabou morrendo.


Durante o coma da filha, Isabel começou a escrever a obra Paula. O luto e a depressão levaram a escritora a relatar os fatos ocorridos durante a grave doença.


Publicada em 1994, a obra Paula, foi seu primeiro trabalho de não ficção e muitos críticos consideram essa a melhor obra da escritora.


Fundação Isabel Allende

Após a morte de sua filha e da publicação da obra “Paula”, a escritora passou por um forte bloqueio criativo e aceitou o convite de uma amiga para conhecer a Índia na tentativa de superar o luto.


Na Índia, Isabel viveu um momento que mudaria sua vida, quando uma mulher lhe entregou uma criança recém-nascida. O bebê lhe foi oferecido porque o nascimento de uma menina não era bem aceito na sociedade local.


Depois do choque da experiência, a escritora decidiu criar a “Fundação Isabel Allende”, para ajudar mulheres e crianças em situação de risco.


Morando nos Estados Unidos e ainda escrevendo, suas obras estão sempre nos primeiros lugares da lista dos livros mais vendidos nas Américas e na Europa.


Alguns personagens de “A Casa dos Espíritos” voltaram a aparecer nos romances “Filha da Fortuna” (1998) e “Retrato a Sépia” (2000), o que resultou em uma trilogia não oficial.


No livro “Para Lá do Inverno” (2017), a autora escreveu sobre os flagelos da imigração ilegal e dos refugiados. Em “Longa Pétala de Mar” (2019), a autora se inspirou na história dos refugiados espanhóis que chegaram ao Chile a bordo do navio Winnipeg.


Prêmios

Medalha Nacional de Literatura do Chile (2010)

Medalha Presidencial da Liberdade (EUA, 2014)

Obras de Isabel Allende

A Casa dos Espíritos (1982)

A Lagoa Azul (1983)

De Amor e de Sombra (1984)

Eva Luna (1987)

O Plano Infinito (1991)

Paula (1995)

Afrodite (1998)

Filha da Fortuna (1999)

Retrato a Sépia (2000)

A Cidade das Feras (2002)

O Reino do Dragão de Ouro (2003)

O Bosque dos Pigmeus (2004)

Zorro, Começa a Lenda (2005)

Inês da Minha Alma (2006)

A Soma dos Dias (2007)

A Ilha Sob o Mar (2009)

O Caderno de Maya (2011)

O Jogo de Ripper (2014)

O Amante Japonês (2015)

Para Além do Inverno (2017)

Longa Pétala do Mar (2019)

As Mulheres de Minha Alma (2020)

Violeta (2021)

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Última atualização: 05/08/2021

Dilva Frazão

Dilva Frazão

É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.

A origem operária do 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher | Ouça 6 minutos PODCAST

Guerra na Ucrânia: a corrida para salvar tesouros artísticos do país em meio à invasão russa

 



Guerra na Ucrânia: a corrida para salvar tesouros artísticos do país em meio à invasão russa

Katie Razzall

BBC News

Há 3 horas

A Catedral de Santa Sofia, em Kiev

CRÉDITO,GETTY IMAGES


A Ucrânia abriga sete locais que são patrimônio mundial da Unesco, entre eles a Catedral de Santa Sofia, em Kiev


O vídeo mostrava uma fila ziguezagueando do lado de fora do Museu de Belas Artes de Odessa, na Ucrânia. Era domingo, 20 de fevereiro, e, talvez pela última vez, homens, mulheres e crianças aguardavam para observar os seus tesouros: 10 mil obras de arte do século 16 em diante, incluindo as primeiras pinturas do pioneiro da arte abstrata, o russo Wassily Kandinsky, que morou em Odessa. Apenas quatro dias depois, a Rússia invadiu a Ucrânia.


Agora, como muitas outras cidades em todo o país, Odessa prepara-se para ser atacada. Foi fundada por Catarina, a Grande, no final do século 18, com sua arquitetura do século 19 perfeitamente preservada e bela ópera em estilo neobarroco. A diretora em exercício do museu, Oleksandra Kovalchuk, fugiu para a Bulgária para garantir a segurança do seu filho, de um ano de idade. Mas ela está terrivelmente abalada.


"Sinto-me uma traidora", afirma ela. "Decepcionei a minha equipe. É claro que me sinto culpada. O Museu de Belas Artes de Odessa tem sido um filho para mim há muitos anos, de forma que foi basicamente uma decisão sobre qual filho eu queria abandonar. Decidi que sou obrigada a cuidar do meu filho pequeno."


Museu de Belas Artes de Odessa

O Museu de Belas Artes de Odessa está se preparando para a possibilidade de ser atacado


Na capital ucraniana, Kiev, a diretora de outro museu, Olesia Ostrovska-Liuta, tomou uma decisão diferente, mas igualmente difícil. Ela permaneceu, embora diga que "a situação dos museus e instituições culturais não é diferente dos hospitais, escolas e áreas residenciais". "Estamos todos sob bombardeio."


O Arsenal de Mystetskyi é um dos maiores museus de arte da Europa e abriga obras ucranianas de vanguarda e contemporâneas. Protegê-las é sua missão, e Olesia afirma que permanecerá em Kiev "enquanto pudermos proteger nossa instituição". "Quando não for mais possível, a situação muda."

"Estamos enfrentando não apenas um ataque à Ucrânia, mas um ataque à nossa cultura", afirmou ela em uma ligação de vídeo que picotou e travou. Ela está em zona de guerra. Talvez o mais surpreendente é que a ligação tenha sido completada.

A Ucrânia abriga sete locais de patrimônio mundial da Unesco, braço da ONU, incluindo a Catedral de Santa Sofia em Kiev, com suas maravilhosas cúpulas douradas e o deslumbrante afresco bizantino da Virgem Maria, além do conjunto arquitetônico histórico do centro de Lviv, no oeste do país.


Anna Reid, autora do livro Borderland: a Journey through the History of Ukraine ("Zona de fronteira: uma viagem através da história da Ucrânia", em tradução livre), afirma que o bombardeio de Lviv, Odessa, Kiev ou Chernihiv, no norte, com suas igrejas medievais, monastérios e sua inigualável coleção de monumentos arquitetônicos seria "uma perda cultural para a Europa comparável com a destruição de Dresden, na Segunda Guerra Mundial".


Com relação aos museus do país, seus funcionários podem fazer pouco para proteger as construções contra os ataques russos. E, segundo Kovalchuk, os museus "não têm um sistema de combate a incêndios", devido à falta de investimentos.


"Qualquer museu que começar a pegar fogo", segundo ela, "será destruído pelo incêndio e perderemos muitos artefatos históricos, belas obras de arte e patrimônio."


Mas existe uma corrida em andamento para proteger os tesouros no interior dos museus e uma compreensão assustadora do alto preço que já está sendo pago.


Relatos em Ivankiv, cidade a noroeste de Kiev, dão conta de que o museu local e suas obras de arte já foram queimados pelas forças russas. No museu havia 25 quadros da consagrada artista popular ucraniana Maria Prymachenko, cujas cores brilhantes e estilo idílico levaram Pablo Picasso a considerá-la um "milagre artístico".


Os relatos informam que poucas obras de arte se salvaram. Segundo o jornal britânico The Times, um morador entrou correndo no edifício em chamas para resgatar todas as obras que conseguisse. Acredita-se que ele tenha salvado cerca de dez obras de arte grandes do incêndio, embora ainda não se saiba quais foram.


Poucas semanas antes da guerra, segundo o crítico de arte Konstantin Akinsha, nascido em Kiev, o Ministério da Cultura e Política da Informação da Ucrânia publicou orientações de proteção e possível evacuação das coleções dos museus. Akinsha estava desesperado para que as obras de arte fossem evacuadas imediatamente.


"O nosso presidente é um herói, mas [a publicação das orientações] foi em uma época em que ele dizia que não havia motivo para pânico, que não haveria invasão", afirma ele. "As autoridades evitaram a evacuação das obras de arte, porque temiam criar pânico."


Tomamos conhecimento de alguns dos esforços sendo realizados agora nos milhares de museus da Ucrânia. Eles incluem tentativas apressadas de criar um inventário digital completo das obras para o caso delas caírem nas mãos dos russos e de mover as peças para locais não revelados e até casos de funcionários dos museus dormindo em barricadas nos porões com as obras de arte mais preciosas ao seu lado.

Esculturas, pinturas e outros patrimônios culturais estão ameaçados em Chernihiv, no norte da Ucrânia


Ninguém quer falar em público sobre o que está acontecendo, por medo de alertar os invasores russos ou saqueadores. Mas Kovalchuk contou que "em quase todos os museus, os funcionários estão dormindo, ficando por dias para permanecer perto das obras de arte e poder tomar decisões urgentes. Infelizmente, não posso dizer mais".


E, com relação ao Museu de Belas Artes de Odessa, ela conta que fez "todo o possível, tudo o que pudemos, para manter a coleção segura".


Tudo o que Ostrovska-Liuta conta sobre o museu Arsenal de Mystetskyi é que "quando a guerra começou, tínhamos instruções de como agir nessa situação". "Fizemos nossos planos de segurança e estamos seguindo esses planos. O museu está fechado e protegido."


Com os russos se aproximando de Kiev, agora pode ser tarde demais para mover alguns dos tesouros menores para fora da cidade (muitos esperam que isso possa ter ocorrido secretamente, pelo menos em alguns casos).


Mas existe pressão para proteger as obras de arte guardadas em lugares que ainda não estão sob ataque. Anna Reid afirma que as cidades que ainda não foram ocupadas e possuem museus com ricas coleções, como Odessa e Lviv, "deverão receber o máximo de ajuda possível para levarmos essas coleções para um local seguro", seja em abrigos antiaéreos ou mesmo para fora do país.


Já quanto às construções, que naturalmente não podem ser transportadas, a história é outra. "Lviv é como Salzburgo [na Áustria]", afirma ela. "Odessa é uma cidade do século 19 perfeitamente preservada, famosa por suas belas árvores, suas ruas de paralelepípedos e sua orla marítima. É uma joia que precisa de defesas antiaéreas."


Museu de Belas Artes de Odessa

A diretora em exercício do Museu de Belas Artes de Odessa afirma que se sente uma "traidora" por fugir para a Bulgária com seu filho de um ano de idade


Kiev já está sob ataque. Ostrovska-Liuta conta: "Estamos todos correndo grande perigo vindo do céu. É por isso que há um forte apelo de todos os ucranianos para que seja estabelecida uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia".


Claramente, o povo da Ucrânia é a prioridade, e protegê-lo ao máximo possível é fundamental. Mas trata-se de uma nação com orgulho da sua história e um passado recente que viu figuras culturais e obras de arte destruídas pelas antigas administrações soviéticas. O medo é que os russos queiram repetir essa destruição.


Como afirma Kovalchuk: "Acredito que faria sentido para eles destruir obras de arte que demonstrem nosso patrimônio ucraniano, que mostrem que nossa história é diferente, que somos diferentes e não russos. Para essa arte, não haverá lugar na Federação Russa. Ela deixará de existir".



https://www.bbc.com/portuguese/

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sexta-feira, 11 de março de 2022

Marina diz que Bolsonaro é candidato competitivo: ‘Não podemos ser negacionistas

Charles Bukowski, escritor alemão


 Charles Bukowski

Escritor alemão

Por Dilva Frazão

Biblioteconomista e professora

https://www.ebiografia.com/charles_bukowski/


Biografia de Charles Bukowski

Charles Bukowski (1920-1994) foi um escritor alemão, que viveu e morreu nos Estados Unidos. Poeta, contista, romancista e novelista foi considerado o último “escritor maldito” da literatura norte-americana.


Henry Charles Bukowski Jr. (1920-1994) nasceu em Andernach, Alemanha, no dia 16 de agosto de 1920. Filho de um soldado norte-americano e de uma jovem alemã, que fugindo da crise instalada na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, se mudam para os Estados Unidos, quando Charles tinha três anos. Com 15 anos de idade começou a escrever suas primeiras poesias. Instalados em Baltimore, mais tarde vão morar no subúrbio de Los Angeles. Em 1939 ingressou o curso de Literatura na Los Angeles City College, onde permaneceu durante dois anos.


Com 24 anos Charles Bukowski escreveu seu primeiro conto “Aftermath of a Length of a Rejectio Slip”, que foi publicado na Story Magazine. Dois anos mais tarde publica “20 Tanks From Kasseidown”. Depois de escrever durante uma década se desilude com o processo de publicação de seu trabalho e resolve viajar pelos Estados Unidos fazendo trabalhos temporários e morando em pensões baratas.


Em 1952 se empregou como carteiro no Correio Postal de Los Angeles, onde permanece durante 3 anos. Entrega-se à bebida e em 1955 se hospitaliza com uma úlcera hemorrágica muito grave. Quando deixou o hospital começou a escrever poesias. Em 1957 casou-se com a escritora e poeta Barbara Frye, mas depois de dois anos se divorciaram. Continuou bebendo e escrevendo poesia.


No início dos anos 60 voltou a trabalhar nos correios. Mais tarde viveu em Tucson, onde fez amizade com Jon Webb e Gypsy Lon, que o incentivaram a publicar e viver de sua literatura. Começou a publicar alguns poemas em revistas de literatura. Loujon Press publicou “It Catches My Heart in Its Hands” (1963) e “Crucifix in a Deathhand” (1965). Em 1964 teve uma filha com sua namorada Frands Smith.



Em 1969, foi convidado pelo editor John Martin da Black Sparrow Press, por uma boa remuneração, para se dedicar integralmente a escrever seus livros. A maioria de seus livros foi publicada nessa época. Em 1971 publicou “Cartas na Rua”, em que o protagonista, seu alter ego, o acompanhou em quase todos os seus romances. Em 1976 conhece Linda Lee Beighle e se mudou para São Pedro, no sul da cidade de Los Angeles, onde permaneceram juntos até 1985. Bukowski fala dela em suas novelas “Mulheres” (1978) e “Hollywood” (1989), através do personagem Sara.


Charles Bukowski deixou uma vasta obra marcada por seu humor ferino e seu estilo obsceno, sendo comparado com Henry Miller, Louis-Ferdinand e Ernest Hemingway. Sua forma descuidada com a escrita, onde predominam personagens marginais, como prostitutas, corrida de cavalos, pessoas miseráveis etc. Foi visto como um ícone da decadência norte-americana e da representação niilista característica presente após a Segunda Guerra Mundial. Publicou: “Notas de Um Velho Safado”, “Crônicas de Um Amor Louco”, “Ao Sul de Lugar Nenhum” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”, entre outros.


Charles Bukouwski faleceu em São Pedro, Califórnia, Estados Unidos, no dia 9 de março de 1994.

O que é o 'Russkiy Mir'? O que é o 'Mundo Russo' que Putin quer unificar /As origens históricas do conflito entre Rússia e Ucrânia



O que é o 'Russkiy Mir'? O que é o 'Mundo Russo' que Putin quer unificar


Fernanda Paúl

BBC News Mundo

A dramática guerra que acontece neste momento na Ucrânia ameaça ser o evento mais transformador e perigoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Nos últimos dias, o presidente russo, Vladimir Putin, intensificou o ataque às principais cidades do país, como Kherson, Kharkiv e a capital, Kiev.

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Guerra na Ucrânia: por que Putin é tão popular na Rússia — e como isso pode mudar agora
E ele não dá sinais de que vai parar, apesar das duras sanções impostas à Rússia pelo Ocidente.
Muitos analistas estão se perguntando recentemente o que está realmente se passando pela cabeça de Putin.

Uma das respostas mais conhecidas em outros países, especialmente nos Estados Unidos, é que a Rússia é e sempre foi um Estado expansionista e que Putin é a personificação desta ambição: construir um novo império russo.
Como Fiona Hill, uma das maiores especialistas em Rússia dos Estados Unidos, disse em entrevista ao site Politico, Putin vem articulando a ideia de que existe um espaço em que ucranianos e russos são "o mesmo povo", e que sua missão é reunir todos os falantes de russo de diferentes lugares que já pertenceram ao czarismo.

Mas como se define exatamente o Russkiy Mir, que sinais Putin deu de que quer unificá-lo e como a invasão da Ucrânia pode ser fundamental para alcançar este objetivo? A seguir, explicamos para você.

O que é o 'Russkiy Mir'?

Embora não haja uma definição acadêmica clara do que Russkiy Mir significa especificamente, diferentes analistas tentaram explicar o conceito.
Para alguns, é o mundo que compreende toda a comunidade associada à cultura russa, que compartilha uma história, uma língua e certas tradições. Pela mesma razão, é difícil definir uma fronteira.
Para outros, há um conjunto territorial básico que poderia ser o núcleo deste mundo e que poderia incluir a própria Rússia, assim como Belarus, Ucrânia e Cazaquistão, entre outros.

"Há dois critérios para definir o Russkiy Mir. O primeiro é o cultural, que engloba a cultura russa como um todo, incluindo fora do território", explica Juan Manuel de Faamiñán Gilbert, professor emérito da Universidade de Jaén, na Espanha.

"O segundo conceito é geográfico e se baseia no que foi o antigo império czarista criado por Catarina, a Grande. Poderia se estender até a região sul, junto ao Mar Negro ou até mesmo à Geórgia", acrescenta.

Mas para Sergey Goryashko, jornalista do serviço de notícias em russo da BBC, a definição do mundo russo na cabeça de Putin não tem fronteiras.

"Alguns anos atrás, alguns alunos de escola perguntaram a Putin onde termina a fronteira russa. E ele respondeu que não termina em lugar nenhum", lembra ele à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.

"E essa pode ser a definição do que o mundo russo realmente significa para Putin. Porque se olharmos para suas ações desde 2014 (quando a Crimeia foi anexada), elas provam exatamente que o mundo russo não termina em lugar nenhum. O mundo russo é o mundo inteiro", acrescenta.

Outro elemento importante a ser considerado ao definir o Russkiy Mir é o papel da Igreja Ortodoxa Russa, com milhões de seguidores em todo o mundo.

Dentro desta religião, se promove a ideia de uma unidade espiritual e cultural da comunidade russa como um todo, que se consagra por meio deste conceito.

Assim, a igreja é uma grande aliada da ideologia por trás do mundo russo.

Que sinais Putin deu?

Putin sempre promoveu o ressurgimento da Rússia como potência mundial.
E criticou fortemente alguns ex-líderes russos que, na sua opinião, condenaram a União Soviética à sua desintegração (que finalmente se materializou em 1991).

"Putin disse muito claramente que (Vladimir Illich) Lenin destruiu o mundo russo e que não estabeleceu uma verdadeira Rússia. Nesse sentido, ele admira mais os czares, como Catarina, a Grande ou Ivan, o Terrível", diz Juan Manuel de Faramiñán Gilbert.

Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética

"Depois, ele disse que Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin são os autores do desmembramento do verdadeiro coração da Rússia", acrescenta o acadêmico.

Para Putin, após a dissolução da União Soviética, as fronteiras foram "definidas de forma absolutamente arbitrária e nem sempre justificada".

Foi o que ele afirmou em um ato de seu movimento político em 2016.

"Donbas, por exemplo, foi transferida para a Ucrânia sob o pretexto de aumentar a porcentagem do proletariado na Ucrânia para ganhar mais apoio social lá. Um disparate", declarou o presidente russo.

Em 12 de julho de 2021, em um longo artigo sobre as relações com a Ucrânia publicado no site do Kremlin, Putin deu mais pistas sobre seu interesse em reunificar o mundo russo.

O mandatário remontou à época do antigo povo rus, considerado o ancestral comum da população da Rússia, Belarus e Ucrânia, e destacou os vários marcos da história comum para defender sua visão de que russos e ucranianos são "um só povo".

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Putin quer 'construir um império'

Além disso, nos últimos anos, Putin reforçou sua retórica contra países ocidentais, o que para alguns especialistas também faz parte dessa ambição de aumentar o poder da Rússia no mundo.

"Ele diz cada vez mais em seus discursos que tudo de ruim é por causa do Ocidente, por causa de suas ações hostis contra a Rússia", explica Sergey Goryashko.

"Depois de 2014, o que aconteceu na Crimeia, tudo se voltou para a construção do Mundo Russo e também para a retórica hostil do Ocidente", acrescenta.

Em 2007, Putin criou uma fundação chamada Russkiy Mir destinada a promover a língua e a cultura russas no mundo, como um projeto global.

Por que a Ucrânia é importante?


A Ucrânia não é apenas mais um país no mundo para Vladimir Putin.

Um dos momentos mais difíceis de sua longa trajetória como presidente ocorreu em 2004, quando após a "revolução laranja" Viktor Yushchenko, considerado pelo Kremlin um "fantoche" de Washington, venceu as eleições ucranianas.

Foi uma enorme humilhação para Putin, pois foi percebida como se ele tivesse perdido a Ucrânia. Analistas garantem que o presidente russo nunca esqueceu esta derrota e tampouco a perdoou.

"A visão dominante do nacionalismo russo é que a Ucrânia é uma nação irmã eslava e, além disso, é o coração da nação dos rus. É uma ideologia muito poderosa que faz da Ucrânia um elemento central da identidade russa", explica Gerald Toal, professor de Relações Internacionais da Universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, à BBC News Mundo.

"Por isso, há emoções muito fortes quando a Ucrânia como nação se define em oposição à Rússia. Isso causa muita raiva e frustração na Rússia, que se sente traída por um irmão", acrescenta.
"Kiev é desde o início o que se chamou de mãe das cidades russas. Kiev é mais a capital de todo este conjunto do Mundo Russo que Moscou ou São Petersburgo", diz Juan Manuel de Faramiñán Gilbert.

"Se Putin tomar a Ucrânia, tenho certeza de que ele mudaria a capital para Kiev, porque para ele o imaginário espiritual de Kiev é muito mais forte do que o de Moscou."

É que para a Igreja Ortodoxa Russa, Kiev é vital. Tanto que, em 2019, o Patriarca de Moscou e Toda a Rússia, Kirill, comparou a capital ucraniana com o significado de Jerusalém para o cristianismo global, segundo o meio de comunicação russo TASS.

O que vai acontecer?


De acordo com Fiona Hill, isso não significa que Putin queira anexar todos os territórios "Russkiy Mir", como fez com a Crimeia.

Mas, como disse a especialista ao Politico, "pode ​​estabelecer o domínio margeando os países regionais, garantindo que seus líderes sejam completamente dependentes de Moscou", vinculados às redes econômicas, políticas e de segurança russas.

Em parte, ele já vem fazendo isso.

O Cazaquistão foi nomeado "aliado número um de Moscou", e esta relação próxima foi demonstrada em janeiro deste ano, quando Putin decidiu enviar tropas de apoio ao governo local para conter os violentos protestos que surgiram após o aumento considerável do preço do petróleo no país.

Aleksander Lukashenko, presidente de Belarus
Aleksander Lukashenko, presidente de Belarus, ofereceu seu país como base para tropas russas invadirem a Ucrânia

Belarus, por sua vez, está completamente subjugada a Moscou. E desde a invasão russa da Ucrânia tem desempenhado um papel fundamental, servindo como base para operações militares da Rússia.

Mas para Sergey Goryashko, do serviço de notícias em russo da BBC, ninguém sabe realmente o que vai acontecer.

"Vou ser honesto. Apenas duas semanas atrás, eu tinha 100% de certeza de que não haveria uma guerra real na Ucrânia. E agora acho que a Ucrânia não é o principal objetivo de Putin. É apenas mais um de seus objetivos", conclui.

Qual é a posição do Brasil sobre a invasão russa à Ucrânia?

Forças ucranianas se preparam para defender Kiev de ataque russo

terça-feira, 1 de março de 2022

"Todos precisam parar com essa luta", diz Zelensky à CNN | VISÃO CNN

Zelenskii aplaudido de pé no Parlamento Europeu: "Provem-nos que estão conosco

Guerra na Ucrânia: Vídeos mostram torre de TV atingida por ataque russo ...

Homens Que Marcam O Século XXI. Volodymyr Zelensky


 "Desejamos ver nossos filhos vivos. Acho justo."

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi aplaudido de pé pelo Parlamento Europeu após um discurso poderoso que fez com que o tradutor da UE no feed em inglês engasgasse de emoção.

01/03/22

BIOGRAFIA 


Volodymyr Olexandrovytch Zelensky (em ucraniano: Володимир Олександрович Зеленський; Krivoi Roh, 25 de janeiro de 1978) é um político, ator, roteirista, comediante e produtor/diretor cinematográfico ucraniano. É o atual presidente da Ucrânia, cargo para o qual foi empossado em maio de 2019.

Zelensky cresceu em Kryvyi Rih, uma região falante de russo localizada no sudeste da Ucrânia.Se formou em direito na Universidade Nacional de Economia de Kyiv. Depois, seguiu carreira como comediante e fundou o estúdio Kvartal 95, que produz filmes, desenhos e programas de televisão como a série Servo do Povo, onde Zelensky faz o papel do presidente da Ucrânia. A série durou de 2015 a 2019 e foi extremamente popular. Em março de 2018, os empregados do Kvartal 95 criaram um partido político com o mesmo nome do programa.

No dia 31 de dezembro de 2018, Zelensky anunciou sua candidatura para a eleição presidencial ucraniana de 2019 ao mesmo tempo que o discurso de Ano Novo do presidente Petro Poroshenko no canal de televisão 1+1. Por ser alguém de fora da política, as pesquisas não o retrataram com chances reais de vitória. Ele disputou o segundo turno com Poroshenko e venceu com 73,2% dos votos. Ele se identifica como populista, e diz ser antissistema e anticorrupção.

Na presidência, Zelensky foi um defensor do governo eletrônico e da união entre as metades falante de russo e ucraniano do país. Ele utiliza redes sociais como seu principal meio de comunicação, principalmente o Instagram.  Seu partido obteve vitória esmagadora em eleições antecipadas do legislativo que ocorreram logo após sua chegada na presidência. Durante sua administração, supervisionou a suspensão da imunidade legal dos membros do Verkhovna Rada, o parlamento ucraniano  e a resposta do país à pandemia de COVID-19 e a subsequente recessão econômica, e obteve algum progresso em sua luta contra a corrupção.  Seus críticos alegam que ele está tirando o poder dos oligarcas como um meio de centralizar autoridade e fortalecer a si mesmo.

Em sua campanha presidencial, Zelensky prometeu acabar com a Guerra Russo-Ucraniana e tentou dialogar com o presidente russo Vladimir Putin. Sua administração resultou em uma escalada de tensões com a Rússia que culminou em uma invasão russa em fevereiro de 2022. Sua estratégia durante o fortalecimento das forças russas foi de acalmar a população ucraniana e assegurar à comunidade internacional que a Ucrânia não revidaria. Ele inicialmente se distanciou dos avisos de guerra iminente ao mesmo tempo que pedia garantias de segurança e suporte militar da OTAN para resistirem à ameaça. Depois do início da invasão, Zelensky declarou lei marcial por toda Ucrânia e mobilização geral.

Em Outubro de 2021, a Pandora Papers revelou uma rede de empresas offshore fundada e mantida por Volodymyr Zelensky e a sua comitiva. Entre as disposições financeiras estão pelo menos dez empresas que lhe pagaram dividendos (cujo montante permanece desconhecido) após a sua chegada à cabeça do país. Através destas empresas, é proprietário de bens imobiliários de luxo no coração da capital britânica Londres.


Juventude, família e educação



Volodymyr Oleksandrovych Zelensky é filho de um casal de judeus. Nasceu em 25 de janeiro de 1978 na cidade de Kryvyi Rih, então parte da República Socialista Soviética da Ucrânia. Seu pai, Oleksandr Zelensky, é um matemático e professor, além de responsável pelo departamento de cibernética do Instituto de Economia de Kryvyi Rih. Sua mãe, Rymma Zelenska, era engenheira. Seu avô paterno, Semyon (Simon) Ivanovych Zelenskyy, serviu no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial; o pai de Semyon e três irmãos foram mortos no Holocausto. Além de Semyon, uma avó de Zelensky escapou dos nazistas ao ser evacuada para o Cazaquistão.

Zelenskyy referiu que cresceu em uma "família judia soviética comum", não muito religiosa, eis que a religião era reprimida pela União Soviética.  Quando era criança, sua família se mudou para a cidade de Erdenet, na Mongólia, diante de compromissos profissionais de Oleksandr  Ali a família permaneceu durante quatro anos e Zelensky aprendeu a língua mongol, embora posteriormente afirmou que, por conta da falta de prática, não sabia mais pronunciar nenhuma palavra em mongol. Também é um falante nativo de russo, assim como muitos moradores da região de Dnipropetrovsk, e atingiu fluência em ucraniano e inglês.

Após quatro anos na Mongólia, Zelensky e sua família retornaram para Kryvyi Rih, onde ingressou no ensino primário. Durante a juventude, tinha a aspiração de ser guarda fronteiriço; posteriormente, desejava seguir carreira diplomática. Aos 16 anos, foi aprovado no Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira e recebeu uma bolsa de estudos para estudar em Israel, mas seu pai não permitiu a mudança para aquele país. Em 1995, matriculou-se no Instituto de Economia de Kryvyi Rih e graduou-se em Direito por esta instituição em 2000. Zelensky não exerceu nenhuma atividade jurídica.

Em 2003, Zelensky se casou com Olena Zelenska. Ambos eram colegas de escola em Kryvyi Rih, embora só se conheceram durante a universidade. Relacionaram-se durante oito anos antes do casamento. Tiveram dois filhos: Oleksandra, nascida em julho de 2004, e Kyrylo, nascido em janeiro de 2013.

Carreira no entretenimento


Aos 17 anos de idade, Zelensky ingressou em uma equipe da Klub Vesyólykh i Nakhódchivykh (KVN), traduzido em língua portuguesa para "Clube das Pessoas Divertidas e Inventivas". Trata-se de uma competição de humor criada em 1961 em que seus participantes são geralmente estudantes universitários. Sua equipe venceu a competição em 1997 e, no mesmo ano, criou sua própria equipe, a Kvartal 95. De 1998 a 2003, o Kvartal 95 atuou na liga principal da KVN, levando os membros da equipe a passarem muito tempo em Moscou e a realizarem excursões nos antigos países soviéticos. Em 2003, a Kvartal 95 começou a produzir programas televisivos para o canal de TV ucraniano 1+1 e, em 2005, a equipe mudou-se para o canal ucraniano Inter.

Em 2008, Zelensky estrelou o longa-metragem Love in the Big City e sua sequência Love in the Big City 2. Nos anos a seguir, participou dos filmes Office Romance. Our Time (2011), Rzhevsky Versus Napoleon (2012), Love in the Big City 3 (2014) e 8 First Dates (2012, 2015 e 2016). De 2010 a 2012, integrou o conselho administrativo e ocupou o cargo de produtor-geral do canal de televisão Inter.

Em 2014, Zelenskyy manifestou-se contrariamente à intenção do Ministério da Cultura ucraniano de banir artistas russos do país. A partir de 2015, os ucranianos começaram a banir obras culturais da Rússia. Em 2015, os russos baniram o filme Love in the Big City 2, estrelado por Zelensky. Quando a mídia ucraniana relatou que a Kvartal 95 havia doado recursos financeiros ao exército do país, alguns políticos russos demandaram a proibição de suas obras na Rússia.

Em 2015, Zelensky se tornou a estrela da série de televisão O Servo do Povo, interpretando o papel de presidente da Ucrânia. Seu personagem era um professor de história do ensino médio na casa dos 30 anos que ganhou a eleição presidencial depois que um vídeo viral o mostrou fazendo um discurso contra a corrupção do governo ucraniano. A série tornou-se o programa com maior audiência do país.

Campanha presidencial de 2019 


Em março de 2018, membros do Kvartal95 registram o Servo do Povo como um partido político. No mesmo ano, Zelensky tinha em torno de 10% das intenções de votos para a eleição presidencial de 2019. Em 31 de dezembro de 2018, no especial de final de ano do canal 1+1, anunciou sua candidatura à presidência.  Sua campanha foi quase que inteiramente virtual, através das redes sociais, evitando engajar-se em entrevistas com jornalistas. Zelensky rapidamente assumiu a liderança nas pesquisas de opinião.

A ascendência de Zelensky nas pesquisas foi fruto da rejeição às elites e aos políticos, vistos por boa parte da população como incapazes de superar as dificuldades econômicas e os escândalos de corrupção. Além de cultivar a imagem de ousider, defendeu a renovação da política e o combate à corrupção. Afirmou que buscaria diminuir a burocracia, promover a meritocracia na escolha dos cargos governamentais, despolitizar o Poder Judiciário e eliminar o foro privilegiado dos deputados, juízes e do presidente. Propôs ainda estipular a realização de referendos e afirmou que não seria candidato à reeleição.

Na política externa, Zelensky externou o desejo de terminar com a guerra com a Rússia, assim como a retirada das forças militares russas no país e de exigir uma compensação pelos conflitos. Zelensky prometeu manter a aproximação com o mundo ocidental e defendeu a entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Não obstante, preferia que ambas as questões fossem decididas em um referendo.

No primeiro turno, no final de março, Zelensky recebeu 30,2% dos votos, superando o presidente Petro Poroshenko, que atingiu 15,9%, e Iúlia Timochenko, com 13,4%. O presidente Poroshenko então buscou explorar a inexperiência política de Zelensky, afirmando que seria o único capaz de enfrentar a Rússia e garantir a integridade territorial ucraniana.Também foi questionada sua ligação com o oligarca bilionário Ihor Kolomoyskyi.

Zelensky foi eleito presidente em 21 de abril, derrotado Poroshenko com facilidade. Em uma votação com participação de 62,8% dos eleitores, alcançou 13,5 milhões de votos, ou 73,22%, ante os 4,5 milhões de votos do presidente incumbente, correspondente a 24,45%. Zelensky venceu em quase todas as regiões, salvo em Lviv; nas demais, atingiu 60% em Kiev, 70% na região de Kiev, 86% em Kharkiv e 89% em Luhansk. Em seu discurso de vitória, declarou: "Embora eu ainda não seja presidente, posso falar como cidadão da Ucrânia: a todos os países da antiga União Soviética, olhe para nós. Tudo é possível."


Presidente da Ucrânia


Cerimônia de posse de Zelensky na presidência ucraniana
Zelensky foi empossado como presidente da Ucrânia em 20 de maio de 2019. Tornou-se o presidente mais jovem da história do país, o primeiro judeu[nota 1] e o sexto desde sua independência. Em seu discurso de posse, anunciou a dissolução do Parlamento (Verkhovna Rada) e convocação de eleições legislativas antecipadas. Na formação de seu governo, escolheu Andriy Bohdan como seu assessor mais importante; Bohdan era funcionário do controverso bilionário Ihor Kolomoyskyi. Antigos membros do Kvartal95 foram nomeados para cargos-chave. Ivan Bakanov, ex-CEO do grupo, foi designado para a chefia do Serviço de Segurança.

Na primeira semana de governo, o Parlamento rejeitou sua proposta de alterar a legislação eleitoral. Zelensky propunha mudar o sistema de maioria simples para o de representação proporcional, com lista fechada, além de reduzir a cláusula de barreira de 5% para 3%. A proposta necessitava de 226 votos (metade dos 450 deputados), mas alcançou apenas 92 votos a favor. Em junho, os parlamentares rejeitaram outras duas propostas do presidente: a remoção dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa e do chefe do Serviço de Segurança e a responsabilização criminal por atos de enriquecimento ilícito.

Em julho de 2019, o Servo do Povo, partido do presidente, venceu as eleições legislativas, conquistando a primeira maioria absoluta na história política da Ucrânia. O partido recebeu 43% dos votos válidos, elegendo 254 deputados. O partido Plataforma de Oposição - pela Vida ficou em um distante segundo lugar, com 13% dos votos e 43 cadeiras. Os partidos liderados por Yulia Tymoshenko e Poroshenko tiveram 8% dos votos cada e elegeram 26 e 25 parlamentares, respetivamente. A revista The Economist pontuou que os resultados refletiam o desgosto dos eleitores com sua elite dominante e deram fôlego às reformas defendidas por Zelensky.

Política doméstica


Reformas eleitoral e política
O presidente Zelensky introduziu uma agenda reformista que incluiu alterações nos processos eleitorais e políticos. Em setembro de 2019, sancionou mudanças na legislação sobre o impeachment presidencial. O jornalista Mikhail Minakov considerou que as modificações tornaram "impossível" remover um presidente do cargo. Em dezembro, o Parlamento aprovou o código eleitoral proposto por Zelensky. As normas estabeleceram um sistema de votação por representação proporcional com listas partidárias abertas para eleições parlamentares e locais. Também eliminou o voto distrital e estabeleceu cota de gênero de 40% para parlamentares mulheres, que naquele momento detinham 20% das cadeiras.

Em setembro de 2019, Zelensky sancionou a emenda à Constituição que extinguiu o foro privilegiado de parlamentares. As normas existentes impediam a detenção ou responsabilização dos deputados sem o consentimento do Parlamento. A falta de autorização parlamentar impedia investigações de deputados mesmo em face de claras evidências de cometimento de crimes. A proposta já havia sido apoiada pelo presidente anterior, Poroshenko, que a apresentou em 2017. Durante a campanha, Zelensky comprometeu-se ainda a eliminar o foro privilegiado de juízes e do presidente, mas a ideia não avançou.


Relações com a imprensa


O partido Servo do Povo propôs reformas nas leis de mídia com a intenção de aumentar a concorrência e afrouxar o domínio dos oligarcas ucranianos nas emissoras de televisão e de rádio. Os críticos alegaram que a proposta poderia aumentar o risco de censura pois a previsão de responsabilização criminal pela distribuição de desinformação poderia ser má utilizada. Zelensky defendeu a necessidade de combater notícias falsas e a propaganda russa – para tanto, propôs impedir que cidadãos russos possuíssem ou financiassem veículos midiáticos.

Entre 10 e 11 de outubro de 2019, Zelensky realizou a mais longa entrevista coletiva da história mundial, com duração de 14 horas. O recorde foi registrado no Guinness Book e superou o previamente estabelecido por Alexander Lukashenko. O presidente respondeu a cerca de 500 perguntas, formuladas por 300 jornalistas.

Reforma agrária
Uma das metas de Zelensky em seu primeiro ano como presidente era a reforma agrária. Em 2001, foi sancionada a proibição da venda de terras agrícolas, sob o argumento de que era necessário regulamentar o mercado e impedir que fosse tomado por estrangeiros. A moratória foi prorrogada nos anos seguintes. Seus apoiadores argumentavam que a proibição evitava a monopolização do mercado e garantia a autonomia nacional, enquanto seus opositores previam um considerável aumento dos investimentos com seu término. A União Europeia manifestou apoio à abertura do mercado. No entanto, as pesquisas de opinião indicaram que a ampla maioria da população a rejeitava. A proposta ocasionou protestos violentos, inclusive no Parlamento, que presenciou uma luta entre deputados durante o debate sobre a matéria.

Em maio de 2021, Zelensky sancionou a reforma agrária. O texto permitiu a compra e a venda de terras agrícolas, desde que entre pessoas físicas ou jurídicas ucranianas, nomeadamente os cidadãos, as entidades jurídicas, as comunidades territoriais (uma espécie de unidade administrativa) e o Estado. Foram impostas limitações sobre o domínio da propriedade: um único indivíduo não poderia possuir mais de 35% das terras agrícolas de uma comunidade territorial, 8% de um oblast ou 0,5% do território nacional. Apenas um referendo poderia permitir a atuação de cidadãos e empresas estrangeiras no mercado. Zelensky defendeu a nova legislação referindo que esta devolvia às comunidades o direito de dispor sobre suas terras. A reforma agrária, juntamente com a bancária, era um dos requisitos para a concessão de um empréstimo pelo Fundo Monetário Internacional.


Pandemia de COVID-19


Zelensky foi vacinado contra a COVID-19 em março de 2021
Diante da pandemia de COVID-19, Zelensky determinou a introdução da quarentena e medidas de distanciamento social e de uso de máscaras. O presidente defendeu as ações como forma de salvaguardar as vidas e a economia. O modo de combater a pandemia foi semelhante ao adotado nos demais países europeus.  Zelensky recusou-se a comprar a vacina russa Sputnik V, arguindo que sua efetividade não foi comprovada. O presidente foi vacinado com a vacina Oxford-AstraZeneca e incentivou a população a também ser imunizada, como forma de "nos permitir viver sem restrições novamente. No entanto, o ritmo da imunização era um dos menores da região, com metade dos habitantes recusando a vacina. Apenas 36% dos ucranianos estava completamente imunizado em fevereiro de 2022 e, na mesma época, o país havia registrado 112 mil mortos pela doença.


Reforma judicial


Zelensky prometeu promover reformas no Poder Judiciário, visando garantir sua independência e o Estado de Direito, bem como combater a corrupção. As demandas para a concretização de tal reforma possuíam apoio do eleitorado e dos parceiros internacionais do país. Em novembro de 2019, sancionou uma lei modificando o processo de escolha dos membros da Alta Comissão de Qualificações Judiciais, responsável pela seleção de juízes e condução de processos disciplinares. Também reduziu o salário e o número de membros da Suprema Corte, de 200 para 100 magistrados. Foi formada ainda uma comissão junto ao Conselho Superior de Justiça para lidar com questões disciplinares envolvendo os integrantes da Suprema Corte e demais cortes superiores. A comissão poderia fiscalizar as atividades dos juízes e seus rendimentos e ativos financeiros. O Tribunal Constitucional anulou os efeitos da legislação pois julgou que suas disposições feriam a independência judicial.

Em março de 2021, Zelensky revogou a nomeação de dois magistrados da Corte Constitucional, inclusive a de Oleksandr Tupytsky, o presidente do tribunal que ocupava o cargo desde 2013. Tupytsky havia sido implicado em um escândalo de corrupção, com gravações que demonstrariam seu suposto envolvimento em esquemas de corrupção. Ainda assim, a autoridade do presidente para remover-lhe do cargo foi questionada. Nos meses anteriores, Zelensky e o Tribunal Constitucional estavam em conflito diante da decisão da corte de revogar normas que visavam impedir a corrupção de funcionários públicos. O impasse envolvendo o Poder Judiciário manteve-se nos meses seguintes e o presidente afirmou que continuaria tentando reformá-lo. Em julho, Zelensky sancionou a criação de um painel independente responsável pela nomeação de juízes.



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