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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Mulheres políticas que vem se destacando no cenário da Pandemia no Brasil. ( A senadora Eliziane Gama)

 




Eliziane Gama

Eliziane Pereira Gama Melo (Monção, 27 de fevereiro de 1977) é uma jornalista e política brasileira filiada ao Cidadania. Em 2014 foi eleita deputada federal do Maranhão. Em 17 de abril de 2016 votou a favor do prosseguimento do processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff. No dia 25 de outubro de 2017 votou a favor da investigação contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. 



Biografia

Nasceu em Araguanã (na época parte do município de Monção, MA) no dia 27 de fevereiro de 1977. É a quinta filha do casal Domingos Newton Gama e Dalvina de Jesus Pereira. Na adolescência se mudou para a capital maranhense para cursar jornalismo e aos 17 anos ingressou na Universidade Federal do Maranhão.


Foi candidata pela primeira vez a um cargo político no ano de 2006, sendo eleita deputada estadual. Foi reeleita deputada estadual pelo PPS em 2010. Foi candidata à prefeitura de São Luís em 2012, não se elegendo. Em 2014 foi eleita deputada federal.


Carreira Política

Deputada Estadual

Candidata a um cargo político pela primeira vez no ano de 2006 conseguiu com êxito eleger-se deputada estadual aos 29 anos com mais 15 mil votos. Em 2010 dobrou a quantidade de votos e se reelegeu deputada estadual com 37 mil votos.


Na Assembleia Legislativa se destacou como defensora da causa da criança, adolescente, mulher, idoso e também dos direitos humanos. Ela também presidiu a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e esteve a frente de outras importantes comissões como a CPI de Combate a Pedofilia e Abuso Sexual Infantil, Comissão de Direitos da Mulher, Comissão de Infância, Juventude e Idoso e Comissão de Direitos Humanos e das Minorias. Foi relatora da CPI Euromar, que investigou os esquemas fraudulentos de um concessionária de veículos.


Como presidente da Comissão da Infância, conseguiu a capacitação dos conselheiros tutelares do Maranhão para cuidar com mais eficiência das crianças maranhenses.


No final de 2009, devido aos dados que colocaram o Estado do Maranhão como o terceiro do país com maior número de denúncias no Disque 100, Eliziane Gama presidiu a CPI de Combate a Pedofilia. Como presidente da CPI ouviu mais de cem depoimentos, dezenas de casos, e percorreu 12 cidades do interior do estado, o que resultou em vários encaminhamentos como abertura de processos e prisões durante as audiências da CPI.


Candidata à prefeitura de São Luís

Nas eleições de 2012 para a prefeitura de São Luís Eliziane Gama foi a única mulher que concorreu, ficando em terceiro lugar com mais de 70 mil votos. Candidatou-se novamente sem êxito nas eleições de 2016, ficando em quarto lugar com 31,5 mil votos.


Deputada Federal

Nas eleições de 2014 foi no Maranhão a única mulher eleita deputada federal, com 133.575 votos.


Em 2015 foi considerada uma das mais atuantes pelo Congresso Em Foco e foi a segunda parlamentar que menos gastou na Câmara dos Deputados.


No mesmo ano destacou-se como membro da CPI da Petrobras, coordenadora da Comissão Externa que acompanha o cancelamento das refinarias do Maranhão e Ceará, também é titular da Comissão de Segurança e Comissão do Consumidor. Também deu importantes contribuições na CPI do Sistema Carcerário e no Conselho de Ética.


Senado Federal

No dia 28 de julho de 2018, data da convenção Todos pelo Maranhão, foi homologada, como candidata ao Senado Federal, na chapa do atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). O deputado federal Pedro Fernandes (PTB) foi anunciado como seu primeiro suplente.


Em 7 de outubro de 2018, se elegeu senadora pelo Maranhão. Na eleição presidencial em 2018 apoiou Fernando Haddad à presidência da República.


No início do mandato foi escolhida líder da bancada do PPS na casa.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão. 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Já na CPI da Covid 19 ela se destaca com grandes questionamentos e  representa com algumas colegas senadoras a força feminina e possívelmente uma das poucas parlamentares  que vem lutando para quebrar as estruturas machistas em torno da  nossa política.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Políticos que se destacam no cenário da pandemia no Brasil ( Senador do Amazonas Omar Aziz )


 Omar Aziz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Omar José Abdel Aziz (Garça, 13 de agosto de 1958) é um engenheiro civil e político brasileiro. Foi o 46.º Governador do Amazonas, pelo qual, atualmente, é Senador. Filiado ao PSD, é seu líder no Senado Federal.


Membro de uma família de ascendência árabe e italiana, Omar já ocupou o cargo de vereador em Manaus e deputado estadual do Amazonas na década de 1990. É casado com Nejmi Aziz, com quem têm três filhos, Emjen, Enzo e Johara.


Trajetória política

Em 1996, após ter sido vereador e deputado estadual, foi eleito vice-prefeito de Manaus na chapa de Alfredo Nascimento. Em 2000, foram reeleitos, mas, em maio de 2002, Omar deixou o cargo para concorrer como vice da chapa de Eduardo Braga ao governo do Estado, pleito em que foram eleitos. Em 2006, foi reeleito com Braga.


Nas eleições de 2008, licenciado do cargo de vice-governador, Omar disputou o cargo de prefeito de Manaus pelo PMN , tendo conquistado a terceira colocação.  Em 2010, Braga renunciou ao governo para concorrer ao Senado, ocasião em que Aziz ascendeu ao governo. Nas eleições daquele ano, foi eleito governador no primeiro turno com cerca de 64% dos votos (mais de 940.000 votos) em disputa contra seu antigo aliado, o então senador Alfredo Nascimento (PR). Em 2011, foi um dos co-fundadores do Partido Social Democrático (PSD) e tem sido o líder do PSD no Senado Federal.


Em 4 de abril de 2014, renunciou ao Governo do Amazonas para disputar uma vaga no Senado Federal.  Com isso, o então vice-governador, José Melo de Oliveira, assumiu seu lugar. Ao final, com 58,51% dos votos válidos, venceu a disputa e conquistou seu mandato de Senador da República.


Em 2016, votou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff  e a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos. Em julho de 2017, votou a favor da reforma trabalhista.


Em outubro de 2017 votou a favor da manutenção do mandato do senador Aécio Neves derrubando decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no processo onde ele é acusado de corrupção e obstrução da justiça por solicitar dois milhões de reais ao empresário Joesley Batista.


Nas eleições de 2018, foi novamente candidato ao governo do estado do Amazonas, tendo o então deputado federal Arthur Virgílio Bisneto como candidato a vice. Entretanto, terminou a disputa no quarto lugar e com cerca de 8% dos votos.


Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão.


Em maio de 2021, foi eleito presidente da CPI da COVID-19. E tem feito um trabalho fantástico em torno dessa CPI

AO VIVO: CNN PRIME TIME - 13/07/2021

domingo, 11 de julho de 2021

Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”





 Cubanos saem às ruas sob gritos de “abaixo a ditadura”

Redação

BBC News Mundo


Gritando "liberdade" e "abaixo a ditadura", centenas de cubanos saíram às ruas neste domingo (11/07) em vários locais de Cuba, em um dos maiores protestos na ilha nos últimos 60 anos.


À medida que os protestos se espalhavam, o presidente Miguel Díaz-Canel pediu aos apoiadores do governo que saíssem às ruas para "enfrentá-los".


"Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a tomarem as ruas e irem aos lugares onde essas provocações acontecerão", disse o presidente em uma mensagem transmitida em todas as redes de rádio e televisão da ilha na sequência dos protestos.


Por meio das redes sociais, dezenas de cubanos transmitiram ao vivo as manifestações que começaram na cidade de San Antonio de los Baños, a sudoeste de Havana, e se espalharam para outras cidades, de Santiago de Cuba, no leste, até Pinar del Río, no oeste.


Nas transmissões, um grande grupo de pessoas era visto gritando palavras de ordem contra o governo, contra o presidente Miguel Díaz-Canel e pedindo mudanças.


Segundo Selvia, uma das participantes em San Antonio de los Baños, o protesto foi organizado no sábado por meio das redes sociais para este domingo às 11h30 (horário local).


"Nos encontramos em frente à praça da igreja e seguimos em marcha pela Rua Real", disse ela por telefone à BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol.


"Isso é pela liberdade do povo, não podemos aguentar mais. Não temos medo. Queremos mudança, não queremos mais ditadura", disse.


O que diz o governo

A BBC News Mundo entrou em contato com o Centro Internacional de Imprensa, única instituição governamental autorizada a prestar declarações à imprensa estrangeira, para saber sua posição, mas não obteve resposta imediata.


Na transmissão pela televisão, Díaz-Canel disse que seu governo "está pronto para tudo e que estará nas ruas combatendo".


Quem é Miguel Díaz-Canel, 'discípulo predileto' de Raúl Castro que assume o poder em Cuba

"Sabemos que neste momento há uma massa revolucionária nas ruas fazendo frente a isso", disse ele.


Protesto em Cuba

Protestos tomaram as ruas de Cuba em diversas cidades neste domingo


"Não vamos admitir que nenhum contra-revolucionário, nenhum mercenário, nenhum vendido ao governo dos Estados Unidos, vendido ao império, recebendo dinheiro das agências, se deixando levar por todas as estratégias de subversão ideológica, desestabilize nosso país", adicionou.


"Haverá uma resposta revolucionária", disse ele, conclamando os "comunistas" a enfrentar os protestos com "determinação, firmeza e coragem".


O apelo do presidente cubano provocou questionamentos entre opositores e nas redes sociais da ilha, que apontaram que ele estava "convocando uma guerra civil".


Os protestos

Depois de mais de uma hora e meia, algumas das transmissões foram interrompidas em San Antonio, mas começaram a aparecer de outros lugares da ilha, incluindo Havana.


"Tem muita gente no Galeano e no Malecón. Eles pararam o trânsito e tudo o mais", disse Mairelis à BBC News Mundo, de Centro Habana.


Repressão a manifestantes em Cuba

Policiais e agentes civis reprimiram a manifestação


Três pessoas que participaram do protesto em Pinar del Río, Havana e San Antonio afirmaram à BBC News Mundo que as manifestações foram reprimidas pela polícia.


Vários vídeos postados nas redes sociais também mostram o que parecem ser agentes de tropas especializados detendo vários manifestantes.


Em outras gravações, um grupo grande de cubanos é visto quebrando vidraças e saqueando algumas das chamadas lojas de moeda conversível (moeda estrangeira), que se tornaram a única forma de muitos cubanos terem acesso às suas necessidades básicas.


Protestos em Cuba

Os protestos são os maiores registrados em Cuba nos últimos 60 anos


"Eles estão cortando nossa conexão. Não podemos nem fazer ligações nacionais", disse Selvia.


A BBC News Mundo contatou cubanos das províncias de Havana, Pinar del Río e Artemisa, que afirmam ter perdido a conexão com a Internet.


Alejandro, um dos participantes do protesto em Pinar del Río, disse que dezenas de pessoas pararam em frente a um dos principais parques da cidade e depois marcharam por uma rua principal.


"Vimos o protesto em San Antonio e as pessoas começaram a sair às ruas. Este é o dia, não aguentamos mais", disse o jovem por telefone.


"Não há comida, não há remédio, não há liberdade. Eles não nos deixam viver. Já estamos cansados", acrescentou.


Cuba


Durante o fim de semana, as redes sociais da ilha foram tomadas por mensagens sob as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas para denunciar a situação crítica do coronavírus na ilha, onde, segundo relatos, inúmeros hospitais colapsaram devido ao crescente número de casos.


A BBC News Mundo conversou com vários cubanos que afirmam que seus parentes morreram em casa sem receber atendimento médico ou em hospitais por falta de remédios.


Com o turismo praticamente paralisado, o coronavírus teve um profundo impacto na vida econômica e social da ilha, aliado a uma crescente inflação, apagões elétricos e escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos.


O governo cubano atribui a situação ao embargo dos Estados Unidos e questiona as campanhas #SOSCuba e #SOSMatanzas como uma "campanha midiática" para "lucrar" em uma situação de crise de saúde.


As redes sociais da ilha têm servido nos últimos tempos para que os cubanos expressem seu mal-estar com relação ao governo e à situação no país.


Os protestos em Cuba são muito incomuns e, quando ocorrem, são reprimidos.


Antes deste domingo, o maior protesto ocorrido em Cuba desde 1959 aconteceu em 1994 em frente ao Malecón em Havana, mas se limitou à capital e apenas algumas centenas de pessoas participaram.

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sexta-feira, 9 de julho de 2021

As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina

Um pôster mostrando Karl Marx, Lenin e Mao Tse-Tung.   CRÉDITO,GETTY IMAGES


As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina

Gerardo Lissardy

BBC News Mundo

https://www.bbc.com/


Em 1º de outubro de 1949, Mao Tse-Tung estabeleceu a República Popular da China, com base nas teorias de Marx e Lenin

Quando Mikhail Gorbachev visitou Pequim em maio de 1989 para a primeira cúpula sino-soviética em 30 anos, os dois maiores Estados comunistas do mundo enfrentaram uma encruzilhada histórica.

Na praça Tiananmen, naquela cidade, estudantes e trabalhadores clamaram por reformas democráticas, em protestos descritos como o maior desafio ao Estado chinês desde a Revolução de 1949.

Gorbachev promoveu transformações políticas e econômicas na União Soviética (URSS) que, de fato, inspiraram muitos dos manifestantes em Pequim.

Mas, alguns meses depois naquele mesmo ano, o colapso surpresa da URSS começaria com a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, que separava o mundo entre o Oriente e o Ocidente.

Por sua vez, o Partido Comunista Chinês resolveu suas divisões internas sobre como responder aos protestos domésticos, com o triunfo da ala linha-dura, e o massacre de manifestantes que se seguiu em Tiananmen abalou o mundo.


Nesta quinta-feira (1/7), o Partido Comunista Chinês comemora seu centenário de fundação, em 1921, consolidando-se como um dos partidos políticos mais poderosos do planeta, com uma influência que chega até à América Latina.


Longe de considerar esse resultado fortuito, diferenças cruciais entre o comunismo chinês e o soviético explicam por que um permanece no poder enquanto o outro desapareceu.


"O interessante é que, embora os sistemas soviético e chinês tenham adotado a forma do partido leninista como principal veículo político, na URSS, isso levou à atrofia e à esclerose, enquanto na China continua sendo uma organização adaptável e flexível", diz Anthony Saich, professor de Relações Internacionais da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.


'Reinvente-se para sobreviver'

Após sua fundação e até assumir o poder sob a liderança de Mao Tse-Tung, o partido desenvolveu uma revolução local com características próprias por quase três décadas.


Saich, autor de De rebelde a governante: 100 anos do Partido Comunista Chinês, observa que isso deu ao grupo experiência em lidar com diferentes ambientes antes de exercer o poder e representa uma grande diferença em relação aos comunistas soviéticos.


Mao Tse Tung proclama a República Popular do Portão da Paz Celestial em 1º de outubro de 1949

O maoísmo promoveu uma pregação beligerante contra o Ocidente


Depois disso, a República Popular da China passou por vários estágios, desde "O Grande Salto À Frente" para industrializar a economia até a "Revolução Cultural" para eliminar os rivais políticos.


Milhões de pessoas morreram nesses períodos, principalmente de fome, após a escassez de alimentos entre 1959 e 1961, mas também como resultado da perseguição política desencadeada em 1965.


No entanto, Saich enfatiza que o partido "foi capaz de se reinventar para sobreviver àqueles traumas que teriam derrubado quase qualquer outro partido" e, então, provou "ser muito flexível desde 1978", com a reforma e abertura promovidas por seu líder Deng Xiaoping.


Para ele, esse pragmatismo chinês marcou outra diferença com a URSS, que já havia alcançado uma maior industrialização quando entrou em apuros e a "esclerose" do sistema atrapalhou as reformas econômicas de Gorbachev.


O líder soviético Mikhail Gorbachev durante sua visita à China em maio de 1989

Mikhail Gorbachev visitou a China em uma época desafiadora para ambos os Estados comunistas

Mario Esteban, pesquisador do Instituto Real Elcano, na Espanha, explica que, depois das mudanças implementadas por Deng, o partido chinês combinou a manutenção de um regime de partido-Estado com o capitalismo de Estado.


"O sistema capitalista na China teve ou tem muito mais peso do que jamais teve na URSS", diz Esteban, que também é professor de Estudos do Leste Asiático na Universidade Autônoma de Madri.


O progresso econômico das últimas décadas permitiu que a China melhorasse a qualidade de vida de sua população e que o Partido Comunista Chinês evitasse novos protestos como os de Tiananmen, mesmo sem implementar reformas democráticas como fez Gorbachev.


Recentemente, o atual presidente chinês, Xi Jinping, deixou claro que está determinado a manter o poder do partido, sem dar espaço para opiniões divergentes, assim como fez a URSS durante sua existência.


O paradoxo latino-americano

Outra diferença que Esteban destaca entre o comunismo chinês e o soviético é que a revolução maoísta foi baseada mais nos camponeses do que a revolução russa, em que o proletariado industrial era a chave.


Mao baseou seu apoio popular no campesinato chinês


Por outro lado, após chegar ao poder, o Maoísmo promoveu uma pregação mais beligerante contra o Ocidente do que a URSS, que defendia uma "coexistência pacífica" na Guerra Fria, um dos fatores por trás da ruptura sino-soviética na década de 1960.


Tanto o caráter rural da revolução maoísta quanto a atitude combativa de seu líder para com o mundo capitalista fizeram com que alguns esquerdistas na América Latina vissem a China como um modelo.


De fato, na década de 1960, surgiram partidos comunistas "pró-chineses" no Brasil, na Bolívia e em todos os países da costa sul-americana do Pacífico.


Marisela Connelly, especialista em História Chinesa do Colegio de México que estudou esse fenômeno, argumenta que os países da região que mais foram influenciados pelo maoísmo são a Colômbia e o Peru, onde grupos com essa tendência política, como o Exército de Libertação Popular e Sendero Luminoso, praticaram a luta armada por décadas.


Durante a presidência de Xi Jinping, a China ampliou sua influência na América Latina


Durante a Guerra Fria, explica Connelly, a China deu às organizações da América Latina alinhadas com seu partido comunista apoio ideológico, cooperação agrícola e, em alguns casos, treinamento de guerrilha.


Mas a influência do partido chinês era muito maior em outras regiões, começando com o sudeste da Ásia, e nenhum grupo maoísta latino-americano chegou ao poder ou esteve perto de conseguir isso.


Por outro lado, sem ser vista como um modelo ideológico ou revolucionário, nos últimos 20 anos, a China alcançou uma influência sem precedentes na América Latina com seu crescente poder econômico, tornando-se um importante parceiro comercial e financeiro da região.


"O interessante também é que agora sim os países latino-americanos estão vendo a China como um modelo, apesar da relação econômica assimétrica", argumenta Connelly."É como outro paradoxo da história."


 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

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Haiti: com quase 20 governos em 35 anos, país tem sucessão incerta após assassinato de presidente


 Jovenel Moïse, em foto de 2016  CRÉDITO,REUTERS


https://www.bbc.com/portuguese


Haiti: com quase 20 governos em 35 anos, país tem sucessão incerta após assassinato de presidente

 


Jovenel Moïse governava desde 2017, sob crescentes protestos, em um país onde uma crise política sucede a outra


O assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, pode colocar o país mais pobre do Ocidente em uma nova espiral de instabilidade e caos, em meio a incertezas sobre quem o sucederá.


Moïse foi morto a tiros na residência oficial durante a madrugada, segundo informou o premiê interino Claude Joseph, que decretou estado de emergência no país de 11 milhões de habitantes e se disse no comando.


"Meus compatriotas, permaneçam calmos porque a situação está sob controle", declarou Joseph em pronunciamento na TV.


Mas, em um país cada vez mais polarizado, com pobreza latente e vivendo há meses sob o aumento da violência de gangues na capital Porto Príncipe, cresce o medo de que se avizinhe mais um período grave de crises.


Não está claro como ficará o governo com a morte do presidente. Ele havia recém-nomeado um novo premiê, Ariel Henry, que não chegou a tomar posse oficialmente.


O chefe da Corte Suprema do Haiti, que também seria um possível sucessor sob as regras da Constituição do país, morreu no mês passado de covid-19 e ainda não foi substituído.


Antes do assassinato de Moïse, Airel Henry havia dito em entrevista à agência France Presse que sua prioridade, segundo ordem emitida pelo presidente, seria a preparação de novas eleições em um "ambiente favorável".


Cenário pós-protesto, em fevereiro

CRÉDITO,VALERIE BAERISWYL/GETTY IMAGES


Haiti viveu, em fevereiro, semanas de intensos protestos contra Jovenel Moïse


Moïse, que antes de entrar para a política era um exportador de banana, estava no poder desde 2017, mas enfrentava crescentes protestos por acusações de corrupção e pela deterioração econômica do país.


Neste ano, líderes da oposição acusaram-no de tentar instalar uma nova ditadura no Haiti, ao endurecer a repressão a protestos e tomar medidas consideradas autoritárias — algo que ele negava.


Moïse vinha governando por decreto havia mais de um ano, depois de ter dissolvido o Parlamento e o país fracassar em realizar eleições legislativas.


O presidente ainda tentou promover uma polêmica reforma constitucional que, segundo ele, ajudariam a conter a instabilidade da política haitiana.


Em fevereiro deste ano, chegou a haver um ultimato de setores da oposição, advogados, acadêmicos e igrejas para Moïse deixar o cargo, tendo em vista que seu mandato de cinco anos estava perto do fim. Ele respondia que planejava se manter no poder até 2022.


Palco de devastação constante pela passagem de furacões e ainda sofrendo com os efeitos do intenso terremoto de 2010, o Haiti já teve quase 20 governos nos últimos 35 anos, entre líderes militares, presidentes eleitos ou interinos, conselhos de ministros ou governos de transição.


Desde que a dinastia Duvalier foi derrubada, em 1986, o Haiti sofre sucessivas crises de poder, eleições contestadas, intervenções e golpes de Estado, que a tornam a nação do continente que teve mais governos (não parlamentaristas) no menor intervalo de tempo desde o final do século 20.


De 'Papa Doc' a Jovenel Moïse

François "Papa Doc" Duvalier tomou posse em um golpe militar em 1957 e fez um governo linha-dura, com amplos abusos aos direitos humanos, até 1971, quando morreu e foi sucedido por seu filho, Jean-Claude, o "Baby Doc".


Ele aumentou a repressão no país, mas foi forçado a se exilar em 1986, após intensa pressão popular.


Mural de Moïse em Porto Príncipe

CRÉDITO,EPA

Legenda da foto,

Mural de Moïse em Porto Príncipe; presidente governava por decreto havia um anos


Começou aí um período (que ainda não terminou) de disputas de poder, rebeliões e trocas constantes de governo.


Uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), protagonizada pelo Brasil, foi levada ao Haiti com o objetivo de restaurar a ordem após uma rebelião que derrubou o então presidente Jean-Bertrand Aristide e terminou em 2019 (a participação do Brasil foi até 2017).


Isso, embora tenha ajudado o país na transição à democracia, não foi capaz de solucionar o caos político.


Nesse interim, houve o catastrófico terremoto de 2010, que deixou entre 100 mil e 300 mil mortos, segundo diferentes contagens, e causou estragos profundos (e ainda não sanados) no país, exacerbando os problemas políticos, sociais e econômicos.


A instabilidade se manteve com o governo de Moïse, que defendia que seu mandato deveria terminar apenas em 7 de fevereiro de 2022, enquanto críticos queriam que ele tivesse deixado o poder em 7 de fevereiro deste ano.


A divergência temporal se deve ao fato de que Moïse foi eleito inicialmente em 2015, mas a votação foi anulada por suspeitas de fraude. Ele venceu o novo pleito em novembro de 2016.


As eleições legislativas, por sua vez, foram sucessivamente adiadas. Sem um Parlamento, a crise política se aprofundou em 2020, enquanto Moïse governava por decreto.


Com seu assassinato, o Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência a respeito do Haiti. O órgão, bem como Estados Unidos e países da Europa, pediram que o Haiti realize eleições legislativas e presidenciais "justas e transparentes" até o final deste ano.


Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, pediu que os haitianos "permaneçam unidos diante do terrível ato (desta quarta) e rejeitem a violência".


*Com reportagem da Reuters, da France Presse e de Lioman Lima, da BBC News Mundo.