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sexta-feira, 4 de junho de 2021
CELIBATO, PINTURA E DISCURSO DE ÓDIO: A VIDA DE HITLER, ANTES DO REICH, EM 10 FATOS
OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia
FMI, Banco Mundial, OMS e OMC defenderam esforço para melhorar o acesso à vacinação para chegar mais rápido ao fim da pandemia| Foto: BigStock
OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia
Por Helen Mendes
https://www.gazetadopovo.com.br/
Os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgaram um plano para aumentar o acesso global às vacinas da Covid-19 e encerrar a pandemia mais rapidamente. Em um comunicado publicado em vários jornais pelo mundo na terça-feira (1º), os dirigentes apelaram aos governos das nações mais ricas que promovam ações de financiamento e também doem mais vacinas aos países mais pobres. As doações serviriam não apenas para melhorar a distribuição global de vacinas, como também para evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus e a necessidade de mais restrições da pandemia em todo o mundo.
As organizações estimaram que investimentos adicionais de US$ 50 bilhões podem encerrar a pandemia mais rápido nos países em desenvolvimento, reduzir as infecções e a perda de vidas, acelerar a recuperação econômica e ainda gerar retornos econômicos de cerca de US$ 9 trilhões em produção global adicional até 2025. O apelo para o esforço coletivo e uma ação global coordenada tem base em um estudo anterior do FMI.
"Todos saem ganhando", dizem os líderes, que calculam que cerca de 60% desses ganhos iriam para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, e os 40% restantes beneficiariam o mundo desenvolvido - além dos "benefícios inestimáveis para a vida e a saúde das pessoas".
"Tornou-se bastante claro que não haverá uma recuperação ampla da pandemia de Covid-19 sem o fim da crise de saúde", afirma a nota conjunta. "O acesso à vacinação é fundamental para ambos". A carta foi publicada em preparação ao encontro do G7 no Reino Unido na semana que vem.
Nesta sexta-feira (4), Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, deve apresentar o plano de expansão da vacinação durante um encontro de ministros de Finanças do G7 em Londres.
O que precisa ser feito
O FMI e o Banco Mundial já haviam alertado, no ano passado, que a pandemia iria atrasar o progresso dos países mais pobres, agravando a pobreza. Agora, as entidades dizem que a falta de acesso às vacinas irá prolongar a pandemia.
Em primeiro lugar, é preciso vacinar mais pessoas mais rapidamente, dizem os líderes. A OMS e a sua iniciativa Covax têm a meta de vacinar cerca de 30% da população em todos os países até o final deste ano. O grupo afirma que essa meta pode aumentar até 40%, com novos acordos e investimentos, e até pelo menos 60% até a metade de 2022.
Para alcançar esses números, seriam necessários investimentos adicionais a países de baixa e média renda, principalmente em forma de subsídios e concessões, além da doação imediata de doses aos países em desenvolvimento.
Em segundo lugar está a redução do risco de surgimento de novas variantes do coronavírus que podem provocar a necessidade de doses de reforço. Para isso, é preciso aumentar a capacidade de produção de vacinas e diversificar a produção para outras regiões.
Em terceiro, o aumento imediato de testagem e rastreamento de contatos, suprimentos de oxigênio, produtos terapêuticos e medidas de saúde pública. O grupo pede ainda que os membros da OMC acelerem as negociações para uma solução pragmática sobre a propriedade intelectual das vacinas.
Distribuição global de vacinas
Mais de 2 bilhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus já foram aplicadas em pelo menos 176 países, segundo monitoramento da Bloomberg. A quantidade seria suficiente para imunizar 13,2% da população do planeta. Porém, a distribuição global está longe de ser proporcional, já que os países e regiões mais ricos estão vacinando até mais de 30 vezes mais rápido do que as nações de menor renda.
Para ilustrar a diferença de acesso às vacinas, o levantamento da Bloomberg aponta que os 27 locais mais ricos têm 28,6% das vacinações, embora tenham apenas 10,4% da população mundial.
Os Estados Unidos, por exemplo, têm 4,3% da população mundial, mas 15,2% de todas as vacinas contra Covid no mundo foram aplicadas no país norte-americano.
As nações de baixa renda receberam juntas menos de 1% das vacinas até o momento. De acordo com um relatório recente da Rockefeller Foundation, metade dos americanos e um quarto dos europeus já receberam pelo menos uma primeira dose de vacina, enquanto apenas 14% das pessoas na América do Sul, 4,8% na Ásia e 1,2% na África já estão vacinadas ao menos parcialmente. Com o ritmo atual de vacinação no mundo, levaria mais de um ano para que houvesse imunidade global capaz de conter os contágios. A nota do FMI, OMS, OMC e Banco Mundial afirma que uma pandemia de duas rotas está se formando; com os países ricos tendo acesso a vacinação e os mais pobres deixados para trás.
"Enquanto algumas nações mais prósperas já estão discutindo campanhas de doses de reforço para suas populações, a vasta maioria de pessoas em países em desenvolvimento - mesmo trabalhadores da linha de frente - ainda não receberam sua primeira dose", afirma o grupo quadrilateral, que diz ainda que as consequências da vacinação desigual são negativas para todos, mesmo para os países com vacinação avançada.
Aliança forte e lealdade pesam mais para vice de Lula do que aceno ao PIB ( REPORTAGEM KENNEDY ALENCAR,Colunista do UOL )
11.nov.2019 - Ex-presidente Lula e sua namorada, a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja
Aliança forte e lealdade pesam mais para vice de Lula do que aceno ao PIB ( REPORTAGEM KENNEDY ALENCAR,Colunista do UOL )
https://noticias.uol.com.br/colunas/kennedy-alencar
Fazer aliança com um partido forte e ter um companheiro de chapa leal pesarão mais na escolha do candidato a vice-presidente do que optar por um nome que sinalize moderação econômica ao empresariado e ao mercado financeiro. Assim pensa o ex-presidente Lula, virtual candidato do PT ao Palácio do Planalto em 2022.
Lula não escolheu um vice. Esse debate ainda é incipiente na cabeça dele. Há mais especulação de petistas sobre nomes do que articulações em andamento para fechar a chapa que o partido apresentará em outubro do ano que vem.
No entanto, Lula já amadureceu alguns critérios para formar a chapa. O primeiro é que o vice não será do PT, como aconteceu em 2018 quando ele se lançou candidato com o ex-ministro Fernando Haddad como número dois.
Na última eleição, o PT viveu o auge do isolamento político. Quando o partido anunciou Haddad como vice em agosto de 2018, Lula estava preso na Polícia Federal em Curitiba. Haddad era um plano B caso a candidatura de Lula fosse inviabilizada, o que aconteceu por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para 2022, o cenário é outro. Lula decidiu que precisa ter um vice que não seja do PT e que pertença a um partido que amplie alianças e possa formar palanques estaduais mais fortes. Ele acredita que o PT só deva lançar candidatos a governador em estados nos quais tiver chance de vencer. Do contrário, deve preferir alianças que reforcem a candidatura nacional e o projeto de fazer bancadas maiores no Senado e na Câmara dos Deputados.
O PC do B, um aliado tradicional, tem menos chance de compor a chapa presidencial em 2022. Manuela D'Ávila, que é do PC do B, ficou numa espécie de reserva para ser vice de Haddad em 2018, o que acabou ocorrendo.
PSB e PC do B
Um vice do PC do B não está descartado, mas, no ano que vem, o ideal seria um companheiro de chapa de um partido de maior peso político, como o PSB. Seria melhor ainda se o PSB e o PC do B se fundissem numa só legenda (Socialistas), mas essa é uma operação que tem certos graus de dificuldade. Lula, entretanto, ainda acha possível ocorrer a fusão diante dos critérios mais rígidos de cláusula de barreira nas próximas eleições.
Nos últimos meses, cresceram articulações para que Flávio Dino, governador do Maranhão e estrela do PC do B, e Marcelo Freixo, deputado federal do PSOL que deverá disputar o governo do Rio, filiem-se ao PSB. O ex-juiz federal Flávio Dino, por exemplo, é visto por Lula como um nome que sinalizaria respeitabilidade jurídica e lealdade política com companheiro de chapa.
Gato escaldado
Diante da experiência da aliança com o PMDB em 2010 e 2014, que terminou no golpe parlamentar de 2016 que levou Michel Temer ao poder, Lula deseja um vice à prova de conspiração. Temer virou companheiro de chapa de Dilma com aval direto de Lula. Nos cenários que o ex-presidente traça, ele considera que um vice do Estado de Minas Gerais seria uma boa, mas há dificuldade para achar nomes que preencham os dois critérios anteriores (aliança com um grande partido e fidelidade política) no quarto maior colégio eleitoral do país.
O mineiro Josué Gomes, filho de José Alencar, que foi vice de Lula nas eleições de 2002 e 2006, foi aventado para ser companheiro de chapa do petista em 2018. Mas Josué é candidato à presidência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em chapa única na eleição prevista para 5 de julho. Não parece ser uma decisão fácil trocar a presidência da Fiesp por um projeto político. Tal operação teria complicadores partidários e pessoais, diante da conquista da presidência de uma das maiores entidades empresariais do país.
Um fator de maior peso em 2022 do que em 2002 é a avaliação de Lula de que não precisa mais dar mais sinais de moderação econômica. Há 20 anos, o petista vinha de três derrotas eleitorais seguidas (1989, 1994 e 1998). Era importante sinalizar para o empresariado e o mercado financeiro que um governo do PT seria responsável na economia. Naquele ano, a escolha de José Alencar, então no PL, caiu uma como uma luva. Além de agregar à aliança um partido conservador, José Alencar era um nome de Minas e um grande empresário respeitado nacionalmente. Lula e Alencar ficaram realmente muito amigos. O vice nunca conspirou contra o presidente.
Hoje, o governo real feito por Lula entre 2003 e 2010 seria a sua melhor credencial perante o PIB e investidores estrangeiros. O ex-presidente não pretende fazer encontros na Faria Lima em 2022. Está mais preocupado em apresentar propostas para reconstruir um país destruído por Bolsonaro.
Moderado pra valer
Lula tem demonstrado verdadeira moderação ao abordar temas da economia e da política. Esse figurino paz e amor com atenção ainda maior ao lado social não é mero cálculo político para se fazer palatável aos conservadores a fim de realizar um governo radical. Se voltar ao poder, Lula certamente fará um governo mais à esquerda do que os anteriores, mas não será uma administração radical. Ele acha que, nos EUA, o presidente Joe Biden está fazendo algo parecido em relação a Barack Obama. Ou seja, indo além de Obama, mas com cuidado.
Lula tem elogiado o presidente americano e buscado conhecer melhor as suas políticas públicas. No seu plano de governo, além de propostas de emprego e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o petista pretende dar mais espaço a questões ambientais e aos movimentos sociais que vêm sofrendo com o governo Bolsonaro. Lula acredita que a sua eventual nova gestão será comparada com os resultados que apresentou nos oito anos em que governou o Brasil. O sarrafo é alto. Ele deixou o Palácio do Planalto com popularidade recorde nas pesquisas. A capacidade de dialogar com amplos setores foi um dos segredos do seu sucesso como presidente.
Lula está retomando conversas com empresários e políticos que se afastaram nos últimos anos. Está feliz com o reencontro no início de maio com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um ato que teve grande repercussão política. Deverá se reunir em breve com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que rompeu com o PT no governo Dilma. O petista tem sinalizado interesse em reforçar laços com militares legalistas. Um Brasil pós-Bolsonaro exigirá mais construção de pontes do que eventuais acertos de contas com os responsáveis por mágoas que o ex-presidente carrega no seu foro íntimo.
A decisão de não entrar num jogo de troca de ataques com o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) são evidências de que Lula está seguro a respeito de suas chances de voltar ao poder. Não quer gastar munição à toa. Ele acredita que vai ganhar a próxima eleição. O ex-presidente não vê espaço para uma terceira via.
Avalia que a estratégia de Ciro dará com os burros n'água. E crê que a disputa dura será mesmo contra Bolsonaro, que recorre a fake news e agressões de baixo calão como método político. Depois de 580 dias preso em Curitiba, o ex-presidente vive uma fase feliz na vida pessoal com a namorada Rosângela da Silva, a Janja. Com 75 anos, goza de boa saúde. Lula tem feito exames médicos preventivos e exercícios físicos com regularidade para enfrentar o jogo pesado que ainda vai esquentar. Não será uma eleição fácil, ele sabe disso.
quinta-feira, 3 de junho de 2021
EUA anunciam doação de vacinas para Ásia, América Latina e África. Lote faz parte das 80 milhões de doses que serão compartilhadas
EUA anunciam doação de vacinas para Ásia, América Latina e África
Lote faz parte das 80 milhões de doses que serão compartilhadas
Publicado em 03/06/2021 - Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou hoje (3) que os Estados Unidos doarão quase 19 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para o consórcio global de vacinas Covax Facility.
A proposta de Biden é de que estas doses sejam compartilhadas entre países do sul e do sudeste asiático (7 milhões); América Latina e Caribe (6 milhões) e da África (5 milhões). O Brasil é citado entre os mais de 14 países latino-americanos e caribenhos que dividirão, entre si, as 6 milhões de unidades que o consórcio deverá destinar às duas regiões.
Além das 19 milhões de doses, pouco mais de 6 milhões de unidades de imunizante serão fornecidas diretamente aos países com alto número de casos da doença e, nas palavras de Biden, “parceiros e vizinhos, incluindo Canadá, México, Índia e Coreia do Sul.”
As 25 milhões de doses da vacina fazem parte dos 80 milhões de imunizantes que, no mês passado, o presidente norte-americano anunciou que compartilharia com outros países até o fim de junho.
Países
As quase 19 milhões de doses que serão entregues ao consórcio Covax Facility serão compartilhadas da seguinte forma:
» Cerca de 6 milhões para os seguintes países das américas do Sul e Central: Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti. República Dominicana e outros países da Comunidade do Caribe;
» Aproximadamente 7 milhões para os seguintes países asiáticos: Índia, Nepal, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka, Afeganistão, Maldivas, Malásia, Filipinas, Vietnã, Indonésia, Tailândia, Laos, Papua Nova Guiné, Taiwan e Ilhas do Pacífico;
» Cerca de 5 milhões para países do continente africano que serão selecionados em coordenação com a União Africana.
Já as seis milhões de doses prometidas a países “prioritários e parceiros” serão direcionadas para o México, Canadá, Coreia do Sul, Cisjordânia, Gaza, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Índia, Iraque e Iêmen, e também para imunizar trabalhadores da linha de frente da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segurança Global
“Compartilharemos essas vacinas para salvar vidas e para liderar o mundo no sentido de pôr fim à pandemia, com a força do nosso exemplo e de valores”, declarou Biden ao detalhar a iniciativa, esta manhã, e prometer, para os próximos dias, mais informações sobre os procedimentos de distribuição das doses.
“Reconhecemos que extinguir esta pandemia significa acabar com ela em todos os lugares. Enquanto o vírus [da covid-19] continuar se alastrando em qualquer outra parte do mundo, o povo americano seguirá vulnerável”, acrescentou Biden.
O presidente norte-americano lembrou que os Estados Unidos já transferiram mais de 4 milhões de doses de vacina para o Canadá e o México. E que seu governo apoia a renúncia temporária a direitos de propriedade intelectual no caso dos imunizantes como forma de acelerar a produção global de vacinas.
“Meu governo apoia os esforços de renúncia temporária aos direitos de propriedade intelectual para as vacinas contra a covid-19 porque, com o tempo, precisaremos de mais empresas as produzindo para que possamos compartilhá-las de forma equânime”, comentou Biden durante seu pronunciamento.
“A forte liderança norte-americana é essencial para acabarmos com esta pandemia e para fortalecermos a segurança global da saúde para o futuro – a fim de melhor prevenir, detetar e responder à próxima ameaça”, concluiu.
Edição: Pedro Ivo de Oliveira
terça-feira, 1 de junho de 2021
Copa América: o ano em que outra epidemia impediu que Brasil sediasse evento esportivo
Copa América: o ano em que outra epidemia impediu que Brasil sediasse evento esportivo
André Bernardo
Do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil
Brasil durante ditadura militar, quando houve a mais grave epidemia de meningite de sua história
*Esta reportagem foi publicada originalmente em junho de 2020 e atualizada em 31/05/2021
A realização da Copa América de futebol no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus, anunciada na segunda-feira (31/05), vem sendo alvo de críticas e temores de diversos tipos.
Mas também trouxe a memória de outro momento em que uma epidemia - esta, de meningite - "parou o país", provocando cancelamento de outro grande evento esportivo: os Jogos Panamericanos de 1975.
Em 1974, durante o período da ditadura militar, o Brasil enfrentava a pior epidemia de meningite de sua história. O país já tivera dois surtos da doença - um em 1923 e outro em 1945 -, mas, nenhum deles tão grave ou letal.
Isso porque o Brasil foi vítima não de um, mas de dois subtipos de meningite meningocócica: do tipo C, que teve início em abril de 1971, e do tipo A, em maio de 1974.
Para evitar o contágio, o governo tomou medidas drásticas: decretou a suspensão das aulas e suspendeu eventos esportivos. Os Jogos Pan-Americanos de 1975, que estavam marcados para acontecer em São Paulo, tiveram que ser transferidos para a Cidade do México. Hospitais, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ficaram superlotados.
A que viria a ser a maior epidemia de meningite da história do Brasil teve início em 1971, no distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Logo, a população mais carente começou a se queixar de sintomas clássicos, como dor de cabeça, febre alta e rigidez na nuca. Nos bairros mais pobres, muitos morreram sem diagnóstico ou tratamento.
Em novembro daquele ano, o que parecia ser um surto restrito a uma determinada localidade logo se alastrou e, aos poucos, ganhou proporções epidêmicas. Dali, não parou mais.
Placa com cultura de bactérias
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Meningites causadas por bactérias, como a meningocócica, estão entre as formas mais grave da doeça
Em setembro de 1974, a epidemia atingiu seu ápice. A proporção era de 200 casos por 100 mil habitantes. Algo semelhante só se via no "Cinturão Africano da Meningite", área que hoje compreende 26 países e se estende do Senegal até a Etiópia.
Das regiões mais carentes, a epidemia migrou para os bairros mais nobres. Até julho daquele ano, um único hospital em São Paulo atendia pacientes com meningite. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas tinha 300 leitos disponíveis, mas chegou a internar 1,2 mil pacientes.
"Não houve quarentena porque o período de incubação da meningite é muito curto", explica a epidemiologista Rita Barradas Barata, doutora em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. Na época, Rita trabalhava como aluna do internato em medicina no Emílio Ribas. "O atendimento foi além de sua capacidade máxima. Trabalhávamos muitas horas por dia", recorda.
De agosto em diante, outras 26 unidades passaram a fazer parte de uma rede de atendimento a pacientes com sintomas de meningite. "Depois de um ou dois dias recebendo tratamento injetável, os casos mais leves eram transferidos para outras unidades, onde recebiam a medicação oral. Já os pacientes mais graves permaneciam no Emílio Ribas", complementa a médica.
Atentados, passeatas e epidemias eram assuntos vetados na imprensa
Até então, uma pequena parcela da população, quase nula, sabia da existência da epidemia. O governo procurou escondê-la ao máximo, segundo explica quem acompanhou o caso de perto.
Policial na ditadura
CRÉDITO,ARQUIVO NACIONAL
Legenda da foto,
A ditadura procurou esconder ao máximo epidemia de meningite
"Assim que surgiu, foi tratada como uma questão de segurança nacional, e os meios de comunicação proibidos de falar sobre a doença", afirma a jornalista Catarina Schneider, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autora da tese A Construção Discursiva dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo sobre a Epidemia de Meningite na Ditadura Militar Brasileira (1971-1975). "Essa tentativa de silenciamento impediu que ações rápidas e adequadas fossem tomadas".
Durante os anos da ditadura, alguns temas foram proibidos de serem divulgados - através de notícias, entrevistas ou comentários - em jornais e revistas, rádios e TVs. A epidemia de meningite que castigou o Brasil na primeira metade da década de 1970 foi um deles.
Sob o pretexto de não causar pânico na população, a censura proibiu toda e qualquer reportagem que julgasse "alarmista" ou "tendenciosa", sobre a moléstia.
Em 1971, quando foram registrados os primeiros casos, o epidemiologista José Cássio de Moraes, doutor em Saúde Pública pela USP e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, integrava uma comissão de médicos de diferentes áreas, como epidemiologistas, infectologistas e sanitaristas.
Juntos, detectaram um surto da doença e procuraram alertar as autoridades. Não conseguiram. Em tempos de 'milagre econômico', o governo se recusou a admitir a existência de uma epidemia.
"Os militares proibiram a divulgação de dados. Pensavam que conseguiriam deter a epidemia por decreto. Se eu não divulgo, é como se não existisse. Não sabiam que o vírus era analfabeto e não sabia ler Diário Oficial", ironiza o médico.
Dali por diante, médicos de instituições públicas foram proibidos de conceder entrevistas à imprensa. O jeito era dar declarações em "off" para jornalistas de confiança, como Demócrito Moura, do Jornal da Tarde. Mesmo assim, as poucas matérias publicadas, alertando a população dos riscos da meningite, eram desmentidas pelas autoridades.
"Ao governo não interessava a divulgação de notícias negativas. Negar a existência da epidemia foi um erro porque facilitou sua propagação e atrasou a adoção de medidas necessárias ao seu combate. Numa situação dessas, quanto mais rapidamente essas medidas forem adotadas, menores serão as perdas de vidas e os danos à economia", afirma o historiador Carlos Fidelis Ponte, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Vacina
CRÉDITO,FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Legenda da foto,
Em 1975, o Brasil deu início à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica
Medo
Em 1974, quando a verdade veio à tona, pelo menos sete Estados totalizavam 67 mil casos - 40 mil deles só em São Paulo. A população, quando soube da epidemia, entrou em pânico. Com medo da propagação da doença, as pessoas evitavam passar na frente do Emílio Ribas. De dentro de carros e ônibus, fechavam suas janelas. Na falta de remédios e de vacinas, recorriam a panaceias milagrosas, como a cânfora.
"Naquela época, não havia rede social, mas já existiam 'fake news'. A boataria atrapalhou bastante", recorda José Cássio.
O governo suspendeu as aulas e mandou os estudantes de volta para casa. Quando era registrado algum caso nas dependências das escolas, as autoridades sanitárias passavam formol nas mesas e carteiras. Em algumas cidades, as escolas públicas foram transformadas em hospitais de campanha para atender os doentes.
Nos hospitais, a epidemia sobrecarregou especialistas em doenças infecciosas. Médicos de outras áreas, para evitar a contaminação, usavam capacetes, óculos e botas. Outros, ao contrário, atendiam pacientes sem qualquer tipo de proteção. Um terceiro grupo preferiu mudar para o interior, com suas famílias.
Uma das primeiras medidas foi prescrever sulfa. Na esperança de deter o avanço da epidemia, a população passou a tomar o antibiótico por conta própria. "O estoque acabou rapidamente e a bactéria ficou resistente", recorda José Cássio.
Todos os dias, a comissão médica da qual o médico fazia parte procurava atualizar os números e divulgá-los no quadro de avisos do Palácio da Saúde, onde funcionava a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Os setoristas da área até tinham acesso às informações, mas não podiam divulgá-las.
Os números de casos e de óbitos são contraditórios. O estudo A Doença Meningocócica em São Paulo no Século XX: Características Epidemiológicas, de autoria de José Cássio de Moraes e Rita Barradas Barata, calcula que, no período epidêmico, que durou de 1971 a 1976, foram registrados 19,9 mil casos da doença e 1,6 mil óbitos. Já a edição de 30 de dezembro de 1974 do jornal O Globo divulgou que, só naquele ano, a epidemia deixou um saldo de 111 mortos no Rio Grande do Sul, 304 no Rio de Janeiro e 2,5 mil em São Paulo.
Ministério censurado
Em março de 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência no lugar do general Médici. Para ministro da Saúde, ele nomeou o médico sanitarista Paulo de Almeida Machado.
Ernesto Geisel
CRÉDITO,PRESIDENCIA DA REPUBLICA
Legenda da foto,
Em março de 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência no lugar do general Médici; textos da imprensa eram censurados
Naquele ano, a jornalista Eliane Cantanhêde, então na revista Veja, conseguiu uma exclusiva com o ministro, em Brasília. Pela primeira vez, uma autoridade admitia publicamente que o Brasil vivia uma epidemia. Mais que isso. Ele alertou sobre os riscos da meningite e ensinou medidas de higiene à população.
De volta à redação, Cantanhêde começou a bater a matéria e a enviá-la, via telex, para a sede da Veja, em São Paulo. Dali a pouco, ficou sabendo que a entrevista tinha sido censurada. Motivo? "Não havia vacina para todo mundo", explica Eliane. "As pessoas não sabiam o que era meningite. Muitas delas morriam e, por falta de informação, não sabiam do quê".
No dia 26 de julho de 1974, o jornalista Clóvis Rossi também teve um de seus textos censurados. No espaço reservado ao artigo A Epidemia do Silêncio, a direção da Folha de S. Paulo se viu obrigada a publicar um trecho do poema Os Lusíadas, de Luís de Camões. "Desde que, há dois anos, começaram a aumentar em ritmo alarmante os casos de meningite em São Paulo, as autoridades cuidaram de ocultar fatos, negar informações e reduzir os números a proporções incompatíveis com a realidade", alertou Rossi no artigo censurado.
Naquele mesmo ano, o governo brasileiro assinou um acordo com o Instituto Pasteur Mérieux e importou em torno de 80 milhões de doses da vacina contra meningite. "O laboratório francês precisou construir uma nova fábrica porque a que existia não comportava uma produção tão grande", relata o historiador Carlos Fidelis. "Foi a partir dessa emergência que se criou, na Fiocruz, a fábrica de fármacos, a Farmanguinhos, e a de vacinas, a Bio-Manguinhos".
Vacinação
Em 1975, o Brasil deu início à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica (Camem). Foi quando, para estimular a ida em massa da população aos postos de saúde, o governo passou a divulgar os números da doença.
"A letalidade da meningite é de 10%, mas, no auge da epidemia, caiu para 2%", afirma Rita Barradas Barata. "O diagnóstico era feito de maneira precoce e o tratamento com antibiótico reduzia o risco de morte".
Em apenas quatro dias, foram aplicadas 9 milhões de doses na região metropolitana de São Paulo. Logo, estenderam a campanha para outros municípios e estados. A imunização não era feita com seringa e agulha e, sim, com uma "pistola" injetora de vacina. "Conseguimos uma cobertura vacinal de quase 90% da população", orgulha-se José Cássio.
Além de superlotar hospitais e de fechar escolas, a epidemia de meningite teria causado outros "estragos". Um deles é a transferência dos Jogos Pan-Americanos de 1975, da cidade de São Paulo para a do México. Bem, pelo menos essa é a versão oficial. A extraoficial é contada pelo advogado Alberto Murray Neto. "Em 1975, o número de casos já tinha reduzido e o que se dizia é que a epidemia estava controlada. Em tese, a meningite não seria um impeditivo para os Jogos", revela Alberto.
Seu avô, Sylvio de Magalhães Padilha, era o então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e vice do Comitê Olímpico Internacional (COI). Durante reunião em Brasília, foi avisado pelo ministro da Educação, Ney Braga, que não teria recursos do governo federal para os Jogos. Em suma: o Pan deveria ser cancelado, a três meses de sua realização.
"Meu avô cancelou os Jogos, sem esconder que a questão crucial era o corte de verbas", relata Alberto. Os Jogos Pan-Americanos de 1975 deixaram para a cidade o velódromo, a raia olímpica e o Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP)".
a BBC
domingo, 30 de maio de 2021
Protestos contra Bolsonaro: país tem manifestações em 24 Estados e no DF
Protestos contra Bolsonaro: país tem manifestações em 24 Estados e no DF
Manifestação contra Bolsonaro no Rio de JaneiroCRÉDITO,GETTY IMAGES
No Rio de Janeiro, manifestantes tomaram a Avenida Presidente Vargas, em direção à Candelária
Uma série de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tomou as ruas de municípios em 24 Estados do país e no Distrito Federal neste sábado (29/05).
Com pautas diversas, os protestos pediram o impeachment de Bolsonaro, a aceleração da vacinação contra a covid-19 e o aumento do valor e extensão por mais tempo do auxílio emergencial.
A mobilização foi organizada por partidos de oposição ao governo, movimentos sociais, organizações sindicais e entidades estudantis, com protestos registrados em pelo menos 180 cidades do país e do exterior, segundo o portal G1.
'Bolsonaro é mais perigoso que vírus': aglomeração em protestos divide críticos
Apoio de Pazuello a Bolsonaro 'põe em xeque disciplina do Exército', diz ministra do Superior Tribunal Militar
No Recife (PE), o ato foi reprimido pela Polícia Militar com uso de balas de borracha e gás lacrimogênio. A vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que o comandante e demais policiais envolvidos na agressão serão afastados de suas funções e investigados.
Em São Paulo (SP), os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista e chegaram a ocupar dez quarteirões da via, num protesto que terminou sem registros de violência.
No Rio de Janeiro (RJ), o protesto começou já de manhã na região central, com início aos pés da estátua de Zumbi de Palmares, na Praça Mauá, e uma caminhada pela Avenida Presidente Vargas, em direção à Candelária.
No fim de semana anterior, a capital fluminense foi palco de uma "motocada" com a participação de Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que participaram da aglomeração sem máscaras.
Uso de máscaras foi disseminado entre a maioria dos manifestantes neste sábado
Neste sábado, nos protestos contrários ao governo, o uso do equipamento de proteção foi disseminado entre a maioria dos participantes, mas momentos de aglomeração foram registrados.
Na capital federal, os manifestantes se concentraram pela manhã próximo ao Museu Nacional da República e depois caminharam pela Esplanada dos Ministérios, rumo ao Congresso Nacional, ocupando todas as seis faixas da via.
Repercussão internacional
A imprensa internacional repercutiu os protestos deste sábado.
O jornal britânico The Guardian destacou a manifestação como notícia principal do seu site durante a tarde e a noite do sábado, afirmando que esta foi a maior mobilização anti-Bolsonaro desde o início da pandemia de covid-19 no país.
Site do jornal The Gurdian com os protestos no Brasil em destaque
O jornal britânico The Guardian destacou a manifestação como notícia principal do seu site
A rede de televisão francesa France 24 destacou a queda de popularidade de Bolsonaro em meio à pandemia e o fato de o presidente ter feito pouco caso da severidade da doença, desincentivado o uso de máscaras e levantado dúvidas sobre a eficácia das vacinas, enquanto o país supera as 450 mil mortes pelo vírus.
A rede Al Jazeera, do Catar, lembrou que os protestos acontecem enquanto o governo está sob escrutínio de uma investigação pelo Senado sobre sua atuação no combate à pandemia.
A emissora turca TRT destacou a presença de imagens do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em meio aos cartazes de protesto e lembrou que o petista tem se articulado com outros políticos para tentar barrar a reeleição de Bolsonaro.
O presidente da República, que esteve na quinta e sexta-feira (27 e 28/05) no Amazonas, onde inaugurou uma ponte de madeira e um painel solar num quartel, não comentou os protestos em suas redes sociais neste sábado.
Seu filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro, postou diversas críticas aos protestos e à cobertura da imprensa ao longo do dia.
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sexta-feira, 28 de maio de 2021
Doria e Carla Zambelli batem boca durante evento: “genocida!”
Carla Zambelli e João Doria© Reprodução Instagram/ Governo de São Paulo/Divulgação Carla Zambelli e João Doria
Doria e Carla Zambelli batem boca durante evento: “genocida!”
Redação VEJA São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) trocaram farpas durante um evento nesta sexta-feira (28). O momento ocorreu na Zona Leste da capital, na entrega de conjuntos habitacionais no Itaim Paulista.
O projeto contou com recursos da prefeitura de São Paulo, do governo estadual e federal. Zambelli discursava quando começou a falar sobre o presidente Jair Bolsonaro, mandando indiretas para Doria. "Bolsonaro não fechou comércios, Bolsonaro não decretou lockdown e também não destruiu empregos", disse ela.
Na sequência, Doria se irrita e, sentado no palco ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), responde. "Destruiu vidas! Destruiu vidas! Foi isso que fez Bolsonaro. Destruidor de vidas. Genocida!".
Zambelli criticou o governador por interrompê-la: "o senhor está sendo deselegante, é o meu momento de falar, o senhor vai ter o seu momento de falar". E emendou afirmando que o episódio é "natural vindo de um governador que já mandou eu engraxar botas de militares. Digo para os senhores, prefeito ter que engraxar bota de militares, como o meu marido, por exemplo, é militar, e engraxo com muito orgulho a bota dele pra ele poder ir trabalhar", disse a parlamentar, enquanto era vaiada. Confira o momento:
Na ocasião, foram entregues 213 moradias na Vila Curaçá e 200 no Itaim Paulista, ambos os bairros na Zona Leste. Além de Doria, Zambelli e Ricardo Nunes, também estavam no evento o ministro Rogério Marinho do Desenvolvimento Regional e Flavio Amary, secretário estadual da Habitação.
Covid-19: China reage a anúncio de que EUA investigará teoria de vazamento de laboratório em Wuhan
Covid-19: China reage a anúncio de que EUA investigará teoria de vazamento de laboratório em Wuhan
Três agentes fardados e de máscara em frente a fachada com dizeres: Wuhan Institute of Virology CRÉDITO,REUTERS
Agentes de segurança vigiam área externa do Instituto de Virologia de Wuhan durante a visita de equipe da OMS em fevereiro
A decisão do governo americano de investigar o possível papel de um laboratório na cidade de Wuhan na disseminação do coronavírus gerou reações de autoridades chinesas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quarta-feira (26/05) que as agências de inteligência do país vão apurar, em 90 dias, se o vírus responsável pela pandemia de covid-19 se espalhou após escapar acidentalmente do Instituto de Virologia de Wuhan, na China, ou se evoluiu naturalmente em um animal hospedeiro até começar a infectar humanos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país asiático, Zhao Lijian, disse que a decisão pela investigação mostra que os EUA "não se importam com fatos ou verdades e têm interesse zero em um estudo sério sobre as origens (do vírus) com base científica". A China rejeita qualquer conexão entre a covid-19 e as pesquisas com diversos vírus realizadas no laboratório.
"O objetivo deles (EUA) é usar a pandemia para seguir com a estigmatização, a manipulação política e a transferência de culpa. Eles estão sendo desrespeitosos com a ciência, irresponsáveis com a vida das pessoas e contraproducentes para os esforços conjuntos para combater o vírus", disse o porta-voz, acrescentando que as agências de inteligência americanas têm uma "história sombria" de disseminação da desinformação.
Apesar de não se referir explicitamente ao anúncio de Biden, um comunicado da embaixada chinesa nos Estados Unidos também afirmou que "as campanhas de difamação e transferência de culpa estão voltando".
As origens e a situação atual da desconfiança sobre laboratório
O vírus que causa a covid-19 foi detectado pela primeira vez em Wuhan no final de 2019. Desde então, mais de 168 milhões de casos da doença e 3,5 milhões de óbitos foram confirmados no mundo.
Autoridades e diversos países relacionaram os primeiros casos da covid-19 com possíveis transmissões em um mercado de frutos do mar em Wuhan, levando boa parte da comunidade científica a cogitar que o vírus passou de animais para humanos.
Entretanto, no domingo, o jornal americano The Wall Street Journal divulgou trechos de um relatório de inteligência dos EUA que informava que ao menos três funcionários do Instituto de Virologia de Wuhan desenvolveram uma doença em novembro de 2019 que os levou a buscar ajuda médica em hospitais, o que contradizia a versão oficial dos cientistas chinesas.
Primeiros casos da covid-19 foram relacionados a possíveis transmissões no mercado de Huanan, em Wuhan
Por enquanto, não há certeza sobre que tipo de doença acometeu os funcionários do laboratório. Oficialmente, o primeiro caso de covid-19 seria notificado apenas em dezembro daquele ano.
No início deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório escrito em conjunto com cientistas chineses sobre as origens da covid-19, dizendo que as chances de ela ter começado em um laboratório eram "extremamente improváveis".
O documento afirmou que o vírus provavelmente passou dos morcegos para humanos por meio de outro animal intermediário, mas que mais pesquisas eram necessárias.
Na quinta-feira (27/05), um porta-voz da OMS reiterou à BBC que mais estudos sobre a doença são necessários "em uma série de áreas, incluindo a detecção precoce de casos e pontos de contágio, além do potencial papel de mercados de animais, da transmissão através da cadeia alimentar e a hipótese de incidentes laboratoriais".
A hipótese de que o vírus seria resultado de um acidente de laboratório foi extensamente explorada pelo ex-presidente americano Donald Trump em sua campanha eleitoral de 2020, postura rechaçada pelos cientistas.
Um dos que apontavam para a baixa veracidade da hipótese era o médico Anthony Fauci, líder da força-tarefa contra a covid-19 nos EUA. Na última terça, no entanto, Fauci disse que "não está convencido" sobre o desenvolvimento natural do vírus, a partir do mercado de Huanan.
"Acho que deveríamos continuar investigando o que aconteceu na China até descobrirmos exatamente o que houve. As pessoas que investigaram disseram que era mais provável que tenha surgido de um mercado de animais e depois infectado humanos, mas poderia ser algo diferente disso. E precisamos descobrir", afirmou Fauci.
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Lina Bo Bardi, entre o moderno e o primitivo
Lina Bo Bardi, entre o moderno e o primitivo
Escrito por Romullo Baratto
Hoje, 05 de dezembro, celebramos o dia de nascimento da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992). Uma das arquitetas de maior importância e expressividade na arquitetura brasileira do século XX, Lina estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma e, logo após se graduar, mudou-se para Milão, onde foi editora da Revista Quiaderni di Domus após ter trabalhando para Gio Ponti.
Durante a Segunda Guerra Mundial, enfrentou um período difícil após seu escritório ter sido bombardeado. Nesta época fundou, juntamente com Bruno Zevi, a publicação A - Cultura della Vita, e fez parte do Partido Comunista Italiano, vindo a conhecer o crítico e historiador de arte Pietro Maria Bardi, com quem se casou e mudou-se definitivamente para o Brasil.
Morando no Rio de Janeiro, Lina expandiu suas influências, no entanto, consolida sua importância no cenário da arquitetura moderna a partir do momento que se muda para São Paulo, por conta de um convite feito a Pietro para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP. Lina se destacou por compreender a cultura brasileira a partir de uma perspectiva antropológica, atenta sobretudo à convergência entre vanguarda estética e tradição popular.
Em 1950 funda a revista Habitat, e em 1951 projeta sua própria residência, a icônica Casa de Vidro, no bairro Morumbi, em São Paulo, considerada uma das obras paradigmáticas do modernismo brasileiro. Em 1957 começou a construir a nova sede do MASP, na Avenida Paulista, obra emblemática que apresenta um vão de 70 metros sobre uma praça pública - um local ocupado pelas mais diversas manifestações populares até os dias de hoje.
Ao se mudar para Salvador, por convite para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia, segue sua produção projetual, tendo construído importantes edifícios na Bahia, mas também em São Paulo. Da entre os quais se destaca o restauro do Solar do Unhão, um conjunto arquitetônico do século XVI catalogado como patrimônio histórico na década de 1940, o edifício do Sesc Pompéia, de 1977, o Teatro Oficina, de 1984, e a Casa do Chame-Chame. À diferença dos projetos dos anos 50, estes apresentam influências outras, baseadas, sobretudo, no primitivismo e no brutalismo. Uma abordagem voltada mais ao corpo do que ao espaço racionalista parece guiar a produção de Lina após a ida à Bahia.
Sua obra, entretanto, não engloba apenas projetos de arquitetura, mas também trabalhos de cenografia, artes plásticas, desenho de mobiliários e design gráfico. Lina veio a falecer em 1992, em um momento de rica produção e diversos projetos em fase de desenvolvimento.
A arquitetura é criada, 'inventada de novo', por cada homem que anda nela, que percorre o espaço, subindo as escadas, ou descansando sobre um guarda-corpo, levantando a cabeça para olhar, abrir, fechar uma porta, sentar-se ou levantar-se e ter um contato íntimo e ao mesmo tempo criar 'formas' no espaço; o ritual primitivo do qual surgiu a dança, primeira expressão do que viria a ser a arte dramática. Este contato íntimo, ardente, que era outrora percebido pelo homem, é hoje esquecido. A rotina e os lugares comuns fizeram o homem esquecer a beleza de seu 'mover-se no espaço', de seu movimento consciente, dos mínimos gestos, da menor atitude. — Lina Bo Bardi
Atualmente, todos os documentos projetuais, fotografias, desenhos, maquetes, croquis, objetos, textos e filmes de projetos construídos e não construídos encontram-se em seu acervo no Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, localizado na residência onde o casal viver por décadas. Parte destes arquivos pode ser acessada online.
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quinta-feira, 27 de maio de 2021
75 ANOS DA CONFERÊNCIA DE YALTA: O MUNDO REPARTIDO PELA CORTINA DE FERRO
Churchill, Roosevelt e Stalin - Wikimedia Commons
75 ANOS DA CONFERÊNCIA DE YALTA: O MUNDO REPARTIDO PELA CORTINA DE FERRO
Neste dia, em 1945 começava a reunião entre Franklin Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin. Os líderes aliados decidiriam qual seria o futuro do mundo
LETÍCIA YAZBEK PUBLICADO EM 04/02/2020
Entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, os chefes dos governos dos Estados Unidos, União Soviética e Winston Churchill se reuniram em segredo na cidade de Yalta, na Crimeia.
A conferência foi o segundo de três encontros – além de Teerã e Potsdam –, entre Franklin Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin, com o objetivo de encerrar a Segunda Guerra Mundial e repartir as zonas de influência entre o oriente e o ocidente.
Isto é, quem seria influenciado pela União Soviética ou os demais aliados – quem teria um regime marxista e quem seria capitalista. Países tradicionalmente aliados ao mundo ocidental, como a República Checa e a Polônia, caíram sob a órbita soviética.
Os três líderes assinaram um documento confirmando o fim da guerra e a paz entre os países envolvidos.O documento também determinava o fim do nazismo, do fascismo e da influência alemã sobre o resto do mundo, assim como a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação.
Cada zona seria anexada aos respectivos territórios da Grã-Bretanha, Estados Unidos, União Soviética e França. A União Soviética também passou a controlar os países do leste europeu e a parte leste da Alemanha, instalando governos favoráveis nas mãos dos comunistas locais.
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OS 21 CORPOS DE VÍTIMAS DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA, IDENTIFICADOS 80 ANOS DEPOIS
Abaixo o Ditador Francisco Franco
OS 21 CORPOS DE VÍTIMAS DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA, IDENTIFICADOS 80 ANOS DEPOIS
Uma equipe de antropólogos e arqueólogos forenses, que realiza escavações no cemitério civil de Almagro, foi capaz de identificar uma pequena parte das vítimas do conflito
GIOVANNA GOMES, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS PUBLICADO EM 27/05/2021
A equipe está na incessante missão de identificar os corpos
A equipe está na incessante missão de identificar os corpos - Divulgação/Universidade de Cranfield
A Guerra Civil Espanhola, ocorrida entre 1936 e 1939, foi um dos mais conturbados períodos da história da Espanha. Na época, tendências políticas opostas ganhavam força em razão da recém-implantada república.
De um lado, o movimento operário considerava a reforma insuficiente e, de outro, cidadãos católicos de direita e monarquistas preparavam-se para um golpe de Estado.
Foi assim que, no mês de julho de 1936, generais entre os quais estava Francisco Franco, tentaram depor o governo. Conforme a Fgv, o que ocorreu a seguir, foi uma grande cisão, de modo que parte do país permaneceu com o presidente eleito e parte ficou sob domínio dos militares. O lado republicano passou a fornecer armas à população, que, organizando-se em milícias, passou a lutar contra o fascismo.
O Exército de Franco foi apoiado pela Alemanha e pela Itália, enquanto os republicanos receberam apoio da União Soviética e de cerca de 60 mil comunistas e simpatizantes da esquerda vindo de diferentes regiões do mundo, formando as chamadas Brigadas Internacionais de voluntários.
Ao final de três anos, centenas de milhares, ou talvez um milhão de pessoas havia perdido a vida no conflito, que terminou com a instauração da ditadura de Franco, em março de 1939. Este permaneceu no poder até sua morte, no ano de 1975.
Décadas depois, corpos são encontrados
Em maio de 2021, uma equipe de antropólogos do projeto Mapas de Memória, da Universidade Complutense de Madrid (UCM), e arqueólogos forenses da Universidade de Cranfield, na Inglaterra, anunciou o início de uma importante missão: a identificação de dezenas de corpos encontrados em uma vala comum do cemitério civil de Almagro, em Ciudad Real.
A ideia é que, até o final do ano, seja possível identificar todas essas vítimas que, de acordo com a revista Galileu, foram mortas entre os anos de 1939 e 1940, ao final da Guerra Civil Espanhola.
Nos últimos dez anos, o projeto identificou 3.457 vítimas enterradas apenas em Ciudad Real, e, desde o ano 2000, já foram mais de 7 mil corpos em todo o país. Agora a equipe irá escavar uma área separada do cemitério que, há décadas, se encontra isolada. Essas escavações deverão ser encerradas em junho, dando início à fase das análises de DNA.
Buscando familiares
Os estudos serão realizados em laboratórios da UCM e tentarão desvendar de que maneira aquelas pessoas foram mortas, além de buscar indícios de parentesco com famílias que há muito anseiam por enterrar seus entes queridos.
As 21 vítimas identificadas
Com dez dias desde o início da missão, a equipe foi capaz de identificar 21 vítimas, que finalmente puderam ser enterradas dignamente por seus parentes. O grupo conseguiu entrar em contato com os familiares por meio das redes sociais.
“Encontramos corpos de um lado e histórias do outro, que mais tarde se conectaram”, disse o líder do projeto Mapas da Memória, Jorge Moreno.
“Como profissionais da antropologia forense, temos a responsabilidade de colocar a nossa ciência ao serviço dos familiares que procuram seus entes queridos por tanto tempo", afirma Maria Benito Sanchez, diretora da equipe forense do projeto.
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