Konstantinos - Uranus

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Há 50 anos, o homem pisava na Lua: o que mudou na corrida espacial desde 1969

Buzz Aldrin na Lua é o título da famosa foto tirada por Neil Armstrong em 20 de julho de 1969, quando o homem chegou lá



Há 50 anos, o homem pisava na Lua: o que mudou na corrida espacial desde 1969
Conquista completa meio século em julho e já começa a inspirar reflexões e homenagens, sobretudo nos EUA, ressaltando o interesse recorrente pelo espaço sideral

Quando tinha oito anos, Luiz Augusto da Silva assistiu, admirado, ao primeiro homem pisar na Lua. Era uma transmissão em preto e branco – em 1969, os aparelhos de televisão em cores eram raros no Brasil –, a imagem era de péssima qualidade, mas lá estava o astronauta norte-americano Neil Armstrong, saindo do módulo lunar Eagle ("águia", em inglês), naquele dia 20 de julho que ficará para sempre marcado na história da humanidade.


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Depois de Armstrong, Buzz Aldrin também desceu, enquanto o bem menos lembrado - mas não menos importante – Michael Collins orbitava o satélite natural da Terra à espera dos dois. "A Águia pousou", havia alertado o comandante da missão, algumas horas antes: foram seis horas e 38 minutos entre a chegada na Lua e o primeiro toque humano na superfície de um novo corpo celeste. Aquela seria apenas uma das várias frases emblemáticas proferidas pelos astronautas na ocasião. Por duas horas e 30 minutos, Armstrong e Aldrin exploraram o local, coletando amostras e tirando fotos.

— Aquilo deixou todo mundo impressionado. Fiquei sensibilizado de ver. Me marcou muito, e talvez até inconscientemente tenha me levado a optar pela carreira que eu escolhi — relembra Luiz Augusto, que hoje, claro, é astrônomo.

Como ele, mais de meio bilhão de pessoas, conforme a Nasa - a agência espacial norte-americana - viram a transmissão naquele dia. Os três astronautas voltaram à Terra sãos e salvos, e dois deles continuam vivos. Armstrong morreu em 2012, aos 82 anos.

É lamentável que essas viagens tenham cessado. O interesse científico permanece, mas não há mais o mesmo interesse político.
LUIZ AUGUSTO DA SILVA
professor de Física e Astronomia na UFRGS

Aldrin e Collins são atualmente alguns dos nomes mais proeminentes no incentivo para que a humanidade retome esse tipo de exploração espacial. Desde aquele dia marcante, outras cinco expedições, todas dos EUA, cumpriram o mesmo feito. A última foi em 1972. Há 50 anos, portanto, um astronauta pisava na Lua. Já faz 47 anos, porém, que nenhum outro volta para lá.

— É lamentável que essas viagens tenham cessado. Cientistas vêm afirmando que a Lua ainda tem muitos segredos que a gente não conhece. O interesse científico permanece, mas não há mais o mesmo interesse político — avalia Luiz Augusto, professor de Física e Astronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Não que a humanidade tenha interrompido seus progressos no espaço. Descobriu-se, de lá para cá, que existe água na Lua e em Marte, que há uma série de exoplanetas potencialmente habitáveis por aí, que Plutão não é exatamente um planeta. Que uma sonda criada por humanos pode cruzar os limites do Sistema Solar (a Voyager 1 e a Voyager 2, lançadas em 1977, entraram no espaço interestelar), sabe-se lá para chegar até onde. E que a união de diversos países consegue erguer e manter ativa uma Estação Espacial Internacional.

Depois de uma década marcada por tantos feitos espaciais quanto a de 1960, essa lista, ainda que deixe de lado inúmeros avanços, parece surpreendentemente curta. Antes de pisar na Lua, a humanidade viu o primeiro homem chegar ao espaço (o soviético Yuri Gagarin, em 1961), a primeira mulher a realizar o mesmo feito (a russa Valentina Tereshkova, em 1963) e a primeira caminhada espacial (do cosmonauta Alexei Leonov, em 1965) - tudo em um curto período de tempo e em meio a muitos testes para avaliar a possibilidade de uma viagem ao satélite ser bem-sucedida.

— Agora, a percepção que tenho é de que as coisas andam mais devagar — comenta o astrônomo gaúcho, que coordenador do Núcleo de Astromídia da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica.

Mas a mobilização de agências espaciais parece indicar que essa desaceleração não há de continuar por muito tempo. Sem a disputa da Guerra Fria, mais países estão se unindo à retomada do interesse pela exploração espacial com humanos. E ninguém esconde que Marte deve ser o próximo grande marco.


Para marcar os 50 anos da chegada do homem à Lua, evento Nasa Science Says trouxe cientistas ligados à agência espacial norte-americana e levou pessoas de todas as idades ao shopping Iguatemi, em Porto Alegre

De volta à Lua?
Muitas teorias da conspiração foram criadas para apoiar a ideia de que o homem nunca realmente pisou na Lua, e que as imagens difundidas a partir do Programa Apollo não foram mais do que montagens feitas em estúdios de televisão. Depois que isso foi "descoberto", dizem, as viagens deixaram de ser realizadas. A verdade, porém, não tem a ver com qualquer encenação.


China faz primeiro pouso da história na face oculta da LuaChina faz primeiro pouso da história na face oculta da Lua
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Passada a competição pela "conquista" do espaço, em que os EUA, depois de largarem atrás da Rússia, acabaram mostrando sua soberania, não havia mais motivação política para manter uma corrida espacial. Com o passar dos anos – e sem razões que levassem a crer na necessidade de ter homens e mulheres, e não robôs, viajando até a Lua seria importante –, pisar no satélite começou a perder o interesse. Argumentava-se, inclusive, que o grandioso e custoso programa que fez a humanidade chegar lá foi marcante, mas pouco produtivo do ponto de vista científico.

Com isso, outros projetos começaram a tomar a frente. Satélites, sondas, a Estação Espacial Internacional, a descoberta de outros planetas, a busca por vida fora da Terra passaram a ser questões mais valorizadas não só pela Nasa, mas também pelos outros países que, além da Rússia, passaram a angariar relevância na exploração espacial.

"A verdade é que a Nasa nunca deixou de ir à Lua, ainda que os astronautas não tenham estado lá há algum tempo. Missões envolvendo robôs continuem incrementando nosso conhecimento científico sobre a Lua", afirmou, em nota, a agência espacial norte-americana.


"Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade": assim Armstrong definiu o feito

Mas não foram apenas imagens incríveis, transmissões históricas, frases memoráveis e uma maior noção do alcance da tecnologia humana que o trio de astronautas que primeiro pousou na Lua trouxe consigo no retorno à Terra. O feito também representou uma série de avanços científicos posteriores à missão.

— O Programa Apollo mudou completamente a ideia do que era a Lua. Trouxe uma série de informações a partir do material que foi coletado, analisado em laboratório e comparado. Um dos pontos mais importantes é que, em laboratório, foi possível tratar as rochas (trazidas pela equipe), saber a composição química delas, desde os elementos comuns até aqueles incomuns ou raros na Terra — avalia Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).


As contribuições que a exploração espacial deu vão muito além disso – e estão presentes no dia a dia das pessoas, ainda que não se saibam suas origens. Talvez o "travesseiro da Nasa", feito à base de viscoelástico, produto desenvolvido para revestir naves espaciais, seja a faceta mais conhecida dos chamados "spinoffs" – tecnologias feitas para missões espaciais que acabam encontrando uso bem mais abrangente. As áreas são diversas: de saúde a aviação civil, passando por meio ambiente, geração de energia e produtividade industrial, todas contêm elementos desenvolvidos a partir de experiências de pesquisa envolvendo o espaço.

— Quando falamos sobre o interesse pelo espaço, muitos pensam: "É tão caro!". Mas quem está envolvido nessas missões contribui para o desenvolvimento de tecnologias que podem ser usadas no nosso dia a dia. Os cientistas trabalham em projetos de exploração espacial pensando "Ei, sabe o que podemos fazer com isso? Um telefone melhor. Um micro-ondas melhor. Uma iluminação melhor". As luzes LED vieram da Nasa — explica Christensen.

Por meio de iniciativas próprias e do apoio a fundações, o foco das agências espaciais tem sido também atrair as novas gerações. As missões envolvendo a Lua entre as décadas de 1950 e 1970 bastaram para motivar jovens a se interessar pelo espaço naquela época. Mas a falta de avanços tão claros como naquele 20 de julho de 1969, quando se pôde ver um ser humano pisando na Lua, diminuiu essa vontade. Por isso, há um esforço para que os mais novos voltem a olhar para o céu – sabendo que, um dia, também podem chegar lá.



Buzz Aldrin na Lua é o título da famosa foto tirada por Neil Armstrong em 20 de julho de 1969, quando o homem chegou lá

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quarta-feira, 17 de julho de 2019

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COMO GIGANTES DA TECNOLOGIA DOS EUA ESTÃO AJUDANDO A CONSTRUIR A VIGILÂNCIA EM MASSA DA CHINA


COMO GIGANTES DA TECNOLOGIA DOS EUA ESTÃO AJUDANDO A CONSTRUIR A VIGILÂNCIA EM MASSA DA CHINA

Ryan Gallagher

16 de Julho de 2019,

UMA ORGANIZAÇÃO AMERICANA fundada pelos gigantes da tecnologia Google e IBM vem trabalhando com uma empresa que está ajudando o governo autoritário da China a conduzir uma vigilância em massa contra seus cidadãos, é o que revela uma investigação inédita do Intercept.

A OpenPower Foundation – uma organização sem fins lucrativos liderada por executivos do Google e da IBM com o objetivo de tentar “impulsionar a inovação” – estabeleceu uma colaboração entre a IBM, a empresa chinesa Semptian e a fabricante de chips americana Xilinx. Juntas essas empresas trabalharam para promover uma série de microprocessadores que permitem que os computadores analisem grandes quantidades de dados com mais eficiência.

De acordo com fontes e documentos, a Semptian, com sede em Shenzhen, está usando os dispositivos para melhorar os recursos da tecnologia de vigilância e censura da internet fornecida às agências de segurança que abusam dos direitos humanos na China. Um funcionário da empresa disse que essa tecnologia está sendo usada para monitorar secretamente a atividade na internet de 200 milhões de pessoas.

Semptian, Google e Xilinx não responderam aos pedidos de comentários a respeito do assunto. Em comunicado, a OpenPower Foundation informou que “não se envolve nem procura ser informada a respeito de estratégias, objetivos ou atividades individuais de seus membros”, devido às leis antitruste e de concorrência. Um porta-voz da empresa afirmou que a IBM, “não trabalhou com a Semptian no desenvolvimento conjunto de tecnologia”, mas se recusou a responder a outras perguntas. Conforme uma fonte familiarizada com as operações da Semptian, a empresa havia trabalhado com a IBM através de uma plataforma de nuvem colaborativa chamada SuperVessel, que é mantida por uma unidade de pesquisa da IBM na China.

O senador Mark Warner, vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado norte-americano, disse ao Intercept que ficou alarmado com as revelações. “É preocupante ver que a China recrutou com sucesso empresas e pesquisadores ocidentais para ajudar em seus esforços de controle de informações”, disse Warner.

Para Anna Bacciarelli, pesquisadora da Anistia Internacional, a decisão da OpenPower Foundation de trabalhar com a Semptian levanta questões sobre sua adesão aos padrões internacionais de direitos humanos. “Todas as empresas têm a responsabilidade de realizar a devida diligência em direitos humanos em todas as suas operações e cadeias de fornecimento”, disse Bacciarelli, “inclusive por meio de parcerias e colaborações.”

A Semptian se apresenta publicamente como uma empresa de análise de “big data” que trabalha com provedores de internet e institutos educacionais. No entanto, uma parcela substancial dos negócios da empresa chinesa é, na realidade, gerada por meio de uma empresa de fachada chamada iNext, que vende as ferramentas de vigilância e censura da internet para governos.

A iNext opera nos mesmos escritórios na China como Semptian, com ambas as empresas ocupando o oitavo andar de uma torre no movimentado distrito de Nanshan, em Shenzhen. Semptian e iNext também compartilham os mesmos 200 funcionários e o mesmo fundador, Chen Longsen.

Depois de receber dicas de fontes confidenciais sobre o papel da Semptian na vigilância em massa, um repórter contatou a empresa usando um nome falso e fingindo ser um cliente em potencial. Em resposta, um funcionário da Semptian enviou documentos mostrando que a empresa – sob a forma de iNext – desenvolveu um sistema de vigilância em massa chamado Aegis que, segundo ele, pode “armazenar e analisar dados ilimitados”.

Nos documentos, a empresa afirma que o Aegis pode oferecer “uma visão completa do mundo virtual”, permitindo que espiões do governo vejam “as conexões de todo mundo”, incluindo “informações de localização para todos no país”.

Os documentos mostram que o sistema também pode “impedir que certas informações [na] internet sejam visitadas”, censurando conteúdos que o governo não quer que os cidadãos vejam.

As agências de segurança estatais chinesas provavelmente estão usando a tecnologia para atacar ativistas de direitos humanos.
Segundo duas fontes familiarizadas com o trabalho de Semptian, o equipamento do Aegis foi colocado nas redes de telefone e internet chinesas, permitindo que o governo do país colete secretamente registros de e-mail, telefonemas, mensagens de texto, localizações de celulares e históricos de navegação.

As agências de segurança estatais chinesas provavelmente estão usando a tecnologia para atacar ativistas de direitos humanos, defensores pró-democracia e críticos do regime do presidente Xi Jinping, disseram as fontes, que falaram sob condição de anonimato devido ao medo de represálias.

Nos e-mails, um representante da Semptian afirmou que o sistema de vigilância em massa Aegis da empresa estava processando enormes quantidades de dados pessoais em toda a China.

“O Aegis é ilimitado. Estamos lidando com milhares de Tbps [terabits por segundo] na China. São mais de 200 milhões de habitantes”, escreveu Zhu Wenying, um funcionário da Semptian, em uma mensagem em abril.

A estimativa é de que existem 800 milhões de usuários de internet na China. Isso quer dizer que, se o número de Zhu for preciso, a tecnologia da Semptian está monitorando um quarto da população total do país. O volume de dados que a empresa alega estar sendo manipulado por seus sistemas – milhares de terabits por segundo – é impressionante: uma conexão à internet de 1.000 terabits por segundo poderia transferir 3,75 milhões de horas de vídeo de alta definição a cada minuto.

“Não deve haver muitos sistemas no mundo com esse tipo de alcance e acesso”, disse Joss Wright, pesquisador sênior do instituto de internet da Universidade de Oxford. É possível que a Semptian tenha inflado seus números, disse Wright. No entanto, acrescentou, um sistema com a capacidade de acessar grandes quantidades de dados é tecnologicamente viável. “Há dúvidas sobre quanto processamento [de dados das pessoas] ocorre”, disse Wright, “mas, por qualquer definição significativa, trata-se de um vasto esforço de vigilância.”

As duas fontes familiarizadas com o trabalho da Semptian na China disseram que os equipamentos da empresa não extraem e armazenam dados de milhões de pessoas aleatoriamente. Em vez disso, disseram as fontes, o equipamento tem visibilidade nas comunicações à medida que elas passam pelas redes telefônicas e da internet e pode filtrar informações associadas a palavras, frases ou pessoas específicas.

Em resposta à solicitação de um vídeo contendo mais detalhes sobre como funciona o Aegis, Zhu concordou em enviar um, desde que o repórter disfarçado assinasse um acordo de confidencialidade. O Intercept está publicando um pequeno trecho do vídeo de 16 minutos por conta da impressionante importância pública de seu conteúdo, que mostra como milhões de pessoas na China estão sujeitas à vigilância do governo. O Intercept removeu informações que poderiam infringir a privacidade individual.

A demonstração em vídeo da Semptian mostra como o sistema Aegis rastreia os movimentos das pessoas. Se um agente do governo digitar o número do celular de uma pessoa, o Aegis pode mostrar onde o dispositivo esteve em um determinado período de tempo: os últimos três dias, a última semana, o último mês ou mais.

O vídeo exibe um mapa da China continental e amplia para seguir eletronicamente uma pessoa em Shenzhen enquanto ela percorre a cidade, indo de um aeroporto, atravessando parques e jardins, a um centro de conferências, a um hotel e passando pelos escritórios de uma empresa farmacêutica.

A tecnologia também permite que usuários do governo executem pesquisas por nome de mensagem instantânea, endereço de e-mail, conta de mídia social, usuário de fórum, comentarista de blog ou outro identificador, como um código IMSI de celular ou um endereço MAC de computador, uma série exclusiva de números associado a cada dispositivo.

Em muitos casos, parece que o sistema é capaz de coletar todo o conteúdo de uma comunicação, como o áudio gravado de uma chamada telefônica ou o corpo escrito de uma mensagem de texto, não apenas os metadados, que mostram o remetente e o destinatário de um e-mail, ou os números de telefone para o qual alguém ligou e quando. Se o sistema pode acessar o conteúdo completo de uma mensagem, isso provavelmente depende de ela ter sido protegido com criptografia forte.

Zhu, o funcionário da Semptian, escreveu em e-mails que a empresa poderia fornecer aos governos uma instalação do Aegis com capacidade para monitorar a atividade de 5 milhões de pessoas na internet por um custo entre US$ 1,5 milhão e US$ 2,5 milhões. Para espionar outras comunicações, o custo aumentaria.

“Se adicionarmos chamadas telefônicas, mensagens SMS, localidades”, segundo Zhu, “serão adicionados de US$ 2 a US$ 5 milhões, dependendo da rede.”

EM SETEMBRO DE 2015, a Semptian se juntou à OpenPower Foundation, uma organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, fundada pelos gigantes da tecnologia Google e IBM. A atual presidente da fundação é Michelle Rankin, da IBM, e seu diretor é Chris Johnson, do Google.

Registrada em Nova Jersey como uma organização de “melhoria da comunidade”, a fundação afirma que seu objetivo é compartilhar os avanços em tecnologia de redes, servidores, armazenamento de dados e processamento. De acordo com seu site, a fundação quer “permitir que os centros de dados de hoje repensem sua abordagem à tecnologia”, bem como “impulsionar a inovação e oferecer mais opções no setor”.

A Semptian se beneficiou da colaboração com empresas americanas obtendo acesso a conhecimento especializado e novas tecnologias. Em seu site, a empresa chinesa se orgulha de estar “trabalhando ativamente com empresas de classe mundial, como a IBM e a Xilinx”. Também afirma que é a única empresa na região da Ásia-Pacífico que pode fornecer a seus clientes novos dispositivos de processamento de dados desenvolvidos com a ajuda dessas empresas dos EUA.

No ano passado, a OpenPower Foundation declarou em seu site que estava “muito feliz” que a Semptian estivesse trabalhando com a IBM, a Xilinx e outras corporações americanas. A fundação afirmou que também estava “trabalhando com grandes universidades e instituições de pesquisa na China”. Em dezembro, os executivos da OpenPower organizaram uma cúpula em Pequim, no hotel cinco estrelas Sheraton Grand, no distrito de Dongcheng. Representantes da Semptian foram convidados a comparecer e demonstrar aos colegas americanos novas tecnologias de análise de vídeo que vêm desenvolvendo para finalidades que incluem “monitoramento da opinião pública”, disse uma fonte ao Intercept.

“Às vezes parece que existe uma política de ‘não perguntar, não contar’, de lucro acima da ética.”
Não está claro por que os gigantes da tecnologia dos EUA escolheram trabalhar com a Semptian. A decisão pode ter sido tomada como parte de uma estratégia mais ampla para estabelecer laços mais estreitos com a China e obter maior acesso ao lucrativo mercado do país do leste asiático. Um porta-voz da OpenPower Foundation se recusou a responder perguntas sobre o trabalho da organização com a Semptian, dizendo apenas que “a tecnologia disponível através da fundação é de uso geral, está comercialmente disponível em todo o mundo e não exige uma licença de exportação dos EUA”.

Segundo Elsa Kania, pesquisadora sênior adjunta do Centro para uma Nova Segurança Americana, um think tank de política, em alguns casos, parcerias comerciais e colaborações acadêmicas entre empresas americanas e chinesas são importantes e valiosas, “mas quando é uma empresa conhecida por estar tão intimamente ligada a censura ou vigilância e é profundamente cúmplice em abusos dos direitos humanos, é algo muito preocupante”.

“Eu esperava que as empresas americanas tivessem processos rigorosos de análise ética antes de qualquer envolvimento”, disse Kania. “Mas às vezes parece que existe uma política de ‘não perguntar, não contar’, de lucro acima da ética.”

A Semptian, que foi fundada em 2003, tem sido uma parceira de confiança do governo da China há anos. O regime concedeu à empresa o status de “Empresa Nacional de Alta Tecnologia”, o que significa que ela passou por várias análises e auditorias conduzidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. As empresas que recebem esse status especial são recompensadas com tratamento preferencial do governo na forma de isenções fiscais e outros tipos de apoio.

Em 2011, a revista alemã Der Spiegel publicou um artigo destacando a estreita relação da Semptian com o estado chinês. A empresa ajudou a estabelecer aspectos do chamado Grande Firewall, um sistema de censura na internet que bloqueia sites que o Partido Comunista considera indesejáveis, como aqueles sobre direitos humanos e democracia. “A tecnologia de controle de rede da Semptian está em uso em algumas das principais cidades chinesas”, informou a Spiegel na época.

Em 2013, a Semptian começou a promover seus produtos em todo o mundo. Os representantes da empresa viajaram para a Europa, onde apareceram em uma feira de segurança realizada em uma sala de conferências no nordeste de Paris. Documentos mostram que, naquele evento, a Semptian ofereceu a funcionários de governos internacionais a chance de copiar o modelo de internet chinês comprando um “Firewall Nacional”, que a empresa disse ser capaz de “bloquear informações indesejáveis da internet”.

Apenas dois anos depois, foi aprovada a participação da Semptian na OpenPower Foundation, e a empresa começou a usar a tecnologia americana para tornar seus sistemas de vigilância e censura mais poderosos.

Tradução: Cássia Zanon

THEINTERCEPT_BRASIL


https://theintercept.com/2019/07/16/vigilancia-em-massa-da-china/

Bolsonaro prevê liberação de recursos do FGTS, equipe econômica propõe alternativas

Bolsonaro prevê liberação de recursos do FGTS, equipe econômica propõe alternativas
Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira, na Argentina, que o governo vai anunciar esta semana a liberação de recursos de contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores e procurou mostrar otimismo sobre a recuperação da economia brasileira.

“Está previsto para essa semana isso aí”, disse Bolsonaro a jornalistas sobre a liberação de recursos do Fundo.

“É uma injeção, uma pequena injeção na economia, né? E é bem-vindo isso aí porque começa a economia, segundo especialistas, aí, a dar sinal de recuperação pelos sinais positivos, em especial, também, que estão vindo do Parlamento”, acrescentou, numa referência a recentes indicadores e à aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados.

Segundo fonte ouvida pela Reuters, a equipe econômica enviará nesta quarta-feira dois projetos para Bolsonaro bater o martelo sobre o tema. Um deles contempla a liberação de contas ativas e inativas do FGTS, com saques escalonados na data de aniversário dos trabalhadores.

O outro projeto envolve apenas as contas inativas, ligadas a vínculos empregatícios já encerrados.

No primeiro caso, as estimativas da equipe econômica apontavam uma liberação mais próxima de 30 bilhões de reais com os saques, em contraposição ao patamar de 42 bilhões de reais apontado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista ao jornal Valor Econômico desta quarta-feira.

A cifra mais modesta deve-se, de acordo com a fonte, a cálculos que foram atualizados para não colocar em risco o funding da habitação. O FGTS responde por quase metade dos recursos direcionados para a compra de moradia via crédito imobiliário.

Uma segunda fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que a operacionalização dos saques ainda não tinha sido formalmente discutida pelo governo.

Oficialmente, o Ministério da Economia se limitou a dizer que, por enquanto, “não há previsão de anúncio oficial de medidas” sobre o assunto.

Em 2017, o governo do ex-presidente Michel Temer abriu uma janela para que as contas do FGTS fossem liberadas, mas apenas as inativas. Com isso, foram sacados 44 bilhões de reais, numa investida considerada fundamental para aquecer a economia naquele ano.

Em nota desta quarta-feira, o vice-presidente de Habitação Popular do SinduCon-SP, Ronaldo Cury, afirmou que a liberação de depósitos do FGTS para fomentar o consumo poderá colocar em risco a sustentabilidade do fundo no longo prazo.

De acordo com a entidade, o fluxo de caixa do FGTS previsto para 2019 indica uma disponibilidade de 112,145 bilhões de reais e saldo em dezembro de 94,004 bilhões de reais, dos quais 31,634 bilhões referentes à reserva legal para cobertura de saques.

“Já aumentou o volume de saques diminuindo sistematicamente assim o valor do saldo total. O alerta foi dado, e provavelmente devemos encarar uma sucessão de revisões para baixo dos orçamentos futuros como forma de honrar compromissos assumidos e manter o FGTS”, disse Cury.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Bolsonaro não recorre e processo que considerou esfaqueador inimputável é encerrado

Bolsonaro não recorre e processo que considerou esfaqueador inimputável é encerrado

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O processo que considerou Adélio Bispo de Oliveira, autor de uma facada contra o presidente Jair Bolsonaro quando ele era candidato no ano passado, foi encerrado depois que nem o Ministério Público nem Bolsonaro, que chegou a manifestar inconformismo com a decisão, recorreram, informou a Justiça Federal de Minas Gerais.

“A sentença foi proferida em 14 de junho de 2019. O Ministério Público Federal foi intimado em 17 de junho de 2019 e não apresentou recurso. O excelentíssimo senhor presidente da República, que atuou na ação penal como assistente da acusação, foi intimado em 28 de junho de 2019 e também não recorreu no prazo legal. Por último, a defesa de Adélio Bispo de Oliveira, intimada da sentença, renunciou ao prazo recursal em 12 de julho de 2019”, disse a Justiça em nota.

“Assim, a sentença transitou em julgado em 12 de julho de 2019, não sendo mais cabível a interposição de qualquer recurso”, acrescenta o comunicado.

No mês passado, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) absolveu Adélio ao considerá-lo inimputável por ser portador de uma doença mental, ao mesmo tempo que determinou que ele fosse internado por tempo indeterminado.

Bolsonaro manifestou contrariedade com a decisão, disse estar certo de que o atentado teve um mandante e afirmou que pretendia recorrer da decisão.

“Tentaram me assassinar, sim. Eu tenho a convicção de quem foi, mas não posso falar, não vou fazer pré-julgamento de ninguém”, disse o presidente a jornalistas na ocasião.

“Pretendo fazer (recorrer). Vou ver quanto custa, se der para pagar... Agora, eu não tenho dúvida que acertaram com o Adélio a tentativa de me matar.”

O então candidato foi esfaqueado em setembro do ano passado quando fazia campanha em Juiz de Fora. Após o ataque ele teve de passar por uma cirurgia de emergência, quando foi instalada uma bolsa de colostomia. Posteriormente, transferido para o hospital Albert Einstein, passou por mais uma operação antes de receber alta.

O presidente passou por uma terceira cirurgia no início deste ano para a retirada da bolsa de colostomia.

'TEM CONTAS NO EXTERIOR?', PERGUNTA GLEISI A MORO, QUE DIZ 'ISSO É MAL...

Glenn Greenwald entrevista Lula: entrevista completa

ANÚNCIOS DA ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO MOSTRAM POR QUE O BRASIL PRECISA ACERTAR AS CONTAS COM O PASSADO

ANÚNCIOS DA ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO MOSTRAM POR QUE O BRASIL PRECISA ACERTAR AS CONTAS COM O PASSADO

Alexandre Andrada

16 de Julho de 2019

AS ELITES BRASILEIRAS parecem ter um hábito secular de pôr uma pedra sobre o nosso passado. Apesar de sermos o país com a maior população negra fora da África, quase não há museus sobre o tema e mal estudamos o assunto nas escolas. O desconhecimento do brasileiro médio em relação aos horrores e às consequências da escravidão é enorme. O esquecimento não é um acaso, é um projeto.

O Brasil é o país mais importante na história da diáspora africana. Foram mais de 4 milhões de escravizados que desembarcaram em nossos portos, principalmente nos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, entre 1530 e 1850.


Na primeira metade do século 19, mais de 2 milhões de africanos aportaram no Brasil. Era uma multidão de gente. No censo de 1872, o primeiro de nossa história, o país tinha 10 milhões de habitantes e mais da metade (58%) da população era formada por pretos e pardos, incluindo livres, libertos e escravizados.

Os escravizados, nascidos no Brasil e na África, foram a mão de obra utilizada na criação da riqueza derivada do açúcar, do algodão, do ouro, do diamante e do café, principais produtos de exportação do país. Mas eles eram também empregados domésticos, amas de leite, sapateiros, barbeiros, vendedores de rua, pedreiros, pescadores, alfaiates, ferreiros. As ruas e as casas brasileiras do século 19 transbordavam escravidão.

Em 1872, apenas 0,08% dos escravizados eram alfabetizados. Isso, por si, só explica a ausência de relatos em primeira pessoa sobre esse drama. Por sorte, existe uma única autobiografia conhecida de um africano que passou pela experiência do navio negreiro e foi escravizado no Brasil. Ele se chamava Mahommah Baquaqua.

Nascido por volta de 1820, Baquaqua era filho de um comerciante muçulmano e frequentou uma escola religiosa localizada no atual estado de Benin. Sequestrado na África, foi trazido como escravo para o Brasil em 1845. O tráfico de escravizados já era proibido no Brasil desde 1830, graças a um acordo com a Inglaterra, e desde de 1831, por força de uma lei de iniciativa nacional. Se valessem essas leis, Baquaqua deveria ser declarado livre assim que pisasse o solo brasileiro; e seu traficante, preso. Mas esse era o mundo imaginário das leis, não o dos fatos.

Em sua autobiografia, publicada originalmente em 1854 nos Estados Unidos, Baquaqua relata o drama comum aos mais de 4 milhões de africanos escravizados que aqui desembarcaram.

Capa-do-livro-de-Baquaqua-1562012079 Imagem da edição do livro de Mahommah G. Baquaqua. Foto: Bruno Veras (Public domain)
O relato dos horrores vividos no navio negreiro é pujante. Baquaqua conta que ele e seus companheiros de infortúnio foram empurrados “para o porão do navio em estado de nudez”, com “os homens amontoados de um lado e as mulheres do outro”. Como “o porão era tão baixo”, eles eram obrigados a “se agachar” ou ficar sentados no chão.

A escravidão implica na desumanização completa do indivíduo. Perder o direito à religião e ao nome escolhido por seus antepassados é parte desse processo.
Uma viagem de navio de Angola até o Recife demorava em torno de 30 dias. Amontoados e acorrentados em posição desconfortável, o porão acumulava resquícios de urina, fezes, vômitos sob um forte calor. Relatos dão conta que as pessoas nas cidades primeiro sentiam o mal cheiro desses navios antes mesmo de os verem no horizonte. “A repugnância e a sujeira daquele lugar horrível nunca será apagada da minha memória”, escreveu Baquaqua.

As terríveis condições de higiene e alimentares faziam com que a taxa de mortalidade nas viagens superasse os 10% dos embarcados. Os que morriam pelo caminho tinham seus corpos atirados ao mar, o que torna o Atlântico um gigantesco cemitério de africanos.

Baquaqua conta que “a única comida” que eles tiveram durante a viagem era um “milho encharcado e cozido”. A água também era racionada: “um pint (equivalente a 400 ml) por dia era tudo o que era permitido e nada mais”.

“Houve um pobre rapaz que ficou tão desesperado por falta de água, que tentou arrancar uma faca do homem branco que trouxe a água, quando foi levado para o convés e eu nunca soube o que aconteceu com ele. Eu suponho que ele foi jogado ao mar.

A violência era crucial para manter a “ordem”. Baquaqua conta que, “quando qualquer um de nós se tornava desobediente, sua carne era cortada com uma faca”, então, “pimenta ou vinagre” eram esfregados na ferida.

Os grandes traficantes de escravos eram brasileiros e portugueses aqui residentes. Eram ricos comerciantes, cuja fortuna superava a dos produtores de açúcar e algodão. Eles eram os ricaços do Rio, Salvador, Recife etc. No Recife, na década de 1820, o maior traficante era o comerciante português Elias Coelho Cintra, que tinha o costume marcar seus escravos com a letra “E” com ferro em brasa no peito, feito gado.

Anúncio do furto de três africanos recém-chegados (“negros novos”) de Angola, que tinham “no peito esquerdo a marca E”, de Elias Coelho Cintra. Anúncio do furto de três africanos recém-chegados (“negros novos”) de Angola, que tinham “no peito esquerdo a marca E”, de Elias Coelho Cintra. Fonte: Diário de Pernambuco, 1829
Anúncio reporta a chegada do paquete Pernambuco, vindo de Angola, numa viagem que durou 26 dias. Embarcaram 257 cativos, sendo que 26 morreram, que se destinavam a Elias Coelho. Anúncio reporta a chegada do paquete Pernambuco, vindo de Angola, numa viagem que durou 26 dias. Embarcaram 257 cativos que se destinavam a Elias Coelho. Vinte e seis morreram na travessia. Fonte: Diário de Pernambuco, 1830
Hoje, um dos bairros ainda hoje mais miseráveis e violentos do centro do Recife é o dos “Coelhos”, nome derivado do fato daquela região ser de propriedade da família do maior traficante de escravos da cidade. Sempre que passo por aquela área, fico pensando que parte dos seus habitantes que sobrevivem em condições desumanas, muitos dos quais em palafitas à beira do rio Capibaribe, pode ser formada por descendentes dos escravizados marcados a ferro quente por Elias.

Ao chegarem no Brasil, esses africanos eram postos em quarentena em portos ou mesmo no interior dos navios. Sobrevivendo a essa fase, os escravizados eram obrigatoriamente batizados na fé católica e recebiam nomes à portuguesa. Viravam todos Josés, Franciscos, Marias, Catarinas – Baquaqua não diz qual era seu nome que teve em seus tempos de Brasil. A escravidão implica na desumanização completa do indivíduo. Perder o direito à religião e ao nome escolhido por seus antepassados é parte desse processo.

A viajante estrangeira Maria Graham, que esteve no país na década de 1820, retrata o horror da visão de uma dessas localidades.

“Mal tínhamos percorrido cinquenta passos no Recife, quando ficamos absolutamente enojados com a primeira vista de um mercado de escravos. Era a primeira vez que (…) estávamos em um país de escravos; e, por mais fortes e pungentes que sejam os sentimentos em casa, quando a imaginação retrata a escravidão, eles não são nada comparados à visão desconcertante de um mercado de escravos. (…) Cerca de cinquenta jovens criaturas, meninos e meninas, com toda a aparência de doença e fome, resultante da escassez de comida e longo confinamento em lugares insalubres, estavam sentados e deitados entre os animais mais sujos das ruas ”.

Ao chegar aqui, sendo ainda “boçal” (termo utilizado para descrever os cativos que não dominavam o português), Baquaqua foi colocado para realizar trabalhos puramente físicos. Seu primeiro ofício foi carregar pedras para a construção de uma casa para o seu proprietário.

Depois de ganhar algum domínio da língua, Baquaqua foi para a rua vender pão. Muitos dos escravizados no Brasil do século 19 eram os chamados “pretos de ganho”, isto é, cativos que trabalhavam na rua vendendo alguma mercadoria ou realizando algum serviço, para garantir uma renda diária ao seu proprietário.

Fotografia do acervo do Instituto Moreira Salles mostra vendedoras de rua no Rio na década de 1870.
Fotografia do acervo do Instituto Moreira Salles mostra vendedoras de rua no Rio na década de 1870. Foto: Acervo/Instituto Moreira Salles
A escravidão não era exclusividade da agricultura para exportação e o escravizado não era “mercadoria” acessível apenas aos ricaços. O Brasil era uma sociedade escravista no sentido mais preciso do termo. Os anúncios de compra, venda, aluguel e fuga de escravos eram a matéria mais ordinária nas páginas dos jornais brasileiros neste período.

Um viajante escocês que passou pelo Recife em 1820 relata sua visão:

“Acho que nenhuma impressão fica mais profundamente impressa em minha mente do que a visão melancólica de centenas… de milhares de escravos negros que vi na cidade… Você não pode se mover em nenhuma direção, sem que a escravidão, com todas as suas misérias multiplicadas, prenda sua atenção. Se você anda pelas ruas, você encontra os escravos, a cada hora do dia, em centenas, gemendo e suando sob seus fardos, e gastando suas vidas miseráveis no desempenho daqueles trabalhos pesados que são feitos por cavalos na Escócia e na Inglaterra”.

Sendo vendedor de rua, Baquaqua conta que tentou ser obediente ao seu proprietário para evitar castigos e ter uma existência um pouco menos miserável. Mas mesmo sendo obediente, era agredido e humilhado. E como tantos outros escravizados, na busca de uma fuga da dureza do cotidiano, abusou do álcool. Além da bebida, Baquaqua imita o comportamento de outros milhares de escravizados: foge. Porém, também como era a regra, acaba recapturado.

Homens, mulheres, jovens e crianças viviam tentando fugir. Era uma luta desigual. Alguns, com sorte, podiam se aquilombar em Catucá, o mais famoso quilombo existente no Recife na primeira metade do século 19, que tanto amedrontava o “cidadão de bem” da cidade.

Trecho de uma carta escrita por um desembargador reclamando do “Quilombo dos negros dos palmares do Catucá”. Trecho de uma carta escrita por um desembargador reclamando do “Quilombo dos negros dos palmares do Catucá”. Fonte: Diário de Pernambuco, 1829
Mesmo “com ferro no pescoço” e com “uma ferida na canela direita”, Sebastião do Rosário tentou fugir da sua condição de escravo. Os anúncios de escravos fugidos eram parte obrigatório dos jornais brasileiros do período. Mesmo “com ferro no pescoço” e com “uma ferida na canela direita”, Sebastião do Rosário tentou fugir da sua condição de escravo. Os anúncios de escravizados que fugiam eram parte obrigatória dos jornais brasileiros do período. Fonte: Diário de Pernambuco, 1829.
Anúncio da fuga de uma criança de nove anos com “marcas pela cara” provocadas pelo uso “de uma máscara de flandres”. Anúncio da fuga de uma criança de nove anos com “marcas pela cara” provocadas pelo uso “de uma máscara de flandres”. Fonte: Diário de Pernambuco
Gravura mostrando um escravizado com ferros no pescoço e máscara de flandres. Gravura mostrando um escravizado com ferros no pescoço e máscara de flandres. Ilustração: Jacques Arago/Museu Afro Brasil (São Paulo)
Baquaqua conta que, após uma recaptura, saiu para vender pão, mas usou o dinheiro arrecadado para comprar bebida. Voltando a casa do senhor embriagado e sem dinheiro. Foi violentamente espancado. Revoltado e humilhado, Baquaqua tenta o suicídio:

“Eu preferiria morrer a viver para ser um escravo. Eu então corri para o rio e me joguei, mas sendo visto por algumas pessoas que estavam em um barco, fui resgatado do afogamento.”

Depois disso, ele é posto à venda.

Anúncio publicado no Diário de Pernambuco em 1830, em que anuncia: “vende-se por [ser] fujão”. O termo “ladino” significava que, apesar de o escravo ser africano, ele já dominava o idioma e os costumes locais. Anúncio publicado no Diário de Pernambuco em 1830, em que anuncia: “vende-se por [ser] fujão”. O termo “ladino” significava que, apesar de o escravo ser africano, ele já dominava o idioma e os costumes locais. Fonte: Diário de Pernambuco
Baquaqua é vendido “para fora da província”. Essa era uma outra forma comum de punição e de controle dos escravizados: os que se comportavam mal eram vendidos sob a condição de serem levados para localidades distantes. Toda a sociabilidade construída pelo escravizado naquela cidade era, de repente, desfeita, em uma repetição das agruras do navio negreiro.

Anúncio de venda de escravo no Diário de Pernambuco. Anúncio de venda de escravo no Diário de Pernambuco. Fonte: Diário de Pernambuco
Seu destino foi o Rio de Janeiro, a capital do Império e maior cidade do país. Passou então a trabalhar a bordo de um navio. Após algumas viagens – ele narra passagens por Santa Catarina e Rio Grande do Sul –, a embarcação teria como destino Nova York.

Em 1847, em solo estadunidense, Baquaqua conseguiu finalmente fugir da condição de escravizado e se tornou, mais uma vez, um homem livre. Seus companheiros no Brasil, porém, teriam que esperar até 1888 para terem a mesma sorte.

Livres, mas sem nenhuma indenização por séculos de trabalho forçado, sem acesso à terra, à educação, marcados pelo preconceito e vítimas do racismo “científico” que ganha força no final do século 19 e começo do século 20. Enquanto os imigrantes italianos que aqui aportavam aos milhares a partir de 1890 tinham passagem subsidiada, salário, terra e liberdade para trocar de emprego depois de cinco anos, os pretos e pardos não tinham nada.

Nos EUA, neste exato momento, está em debate no Congresso a questão da reparação dos descendentes de escravizados. No Brasil, diz-se ainda que cotas são “racismo reverso”. O esquecimento da escravidão é um projeto muito bem elaborado pela elite.

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https://theintercept.com/2019/07/15/baquaqua-escravidao-brasil-elite/

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segunda-feira, 15 de julho de 2019

Manifestantes protestam contra prisões de imigrantes nos EUA


Manifestantes protestam contra prisões de imigrantes nos EUA


REUTERS/Jarrett Renshaw


A ação, que Trump revelou no Twitter no mês passado, adiou e depois disse aos repórteres na sexta-feira que aconteceria, visaria centenas de famílias recém-chegadas em cerca de 10 cidades que receberam ordens de deportação de um juiz de imigração.

As operações de remoção visam deter uma onda de famílias centro-americanas fugindo da pobreza e da violência de gangues em seus países de origem, muitas delas em busca de asilo nos EUA.

Imigrantes e seus defensores estavam se preparando para as prisões em massa, mas até a noite de domingo só surgiram relatos de operações discretas em algumas cidades.


“Estamos realizando ações pontuais contra indivíduos específicos que foram a um tribunal de imigração e sujeitados a ordens de remoção de um juiz de imigração”, disse o diretor interino da Agência de Imigração e de Alfândega (ICE), Matt Albence, à rede Fox News quando lhe pediram uma atualização.

Mary Bauer, da entidade Southern Poverty Law Center (SPLC), disse não haver confirmação de operações em grandes cidades do sul, como Atlanta.

Tampouco surgiram relatos de prisões do Conselho Americano de Imigração, que tem advogados de prontidão para prestar aconselhamento legal no centro de detenção de famílias de imigrantes de Dilley, no Texas, o maior do país.

“Imigrantes e comunidades de imigrantes de todo o país estão escondidos, e pessoas estão vivendo destas maneiras assustadas, aterrorizadas, porque este é o objetivo de toda esta ação, quer as ações de cumprimento aconteçam ou não”, disse Mary Bauer, vice-diretora legal da SPLC.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que houve operações do ICE em sua cidade no sábado, mas sem relatos de prisões, e nenhuma ação da agência no domingo.

“Este é um ato político deste presidente, ele politizou uma agência do governo dos Estados Unidos para ajudá-lo a conseguir a reeleição”, opinou De Blasio, pré-candidato democrata à corrida presidencial de 2020.

Em Denver, a Rede de Reação Rápida do Colorado, um grupo de ativistas pró-imigrantes, disse haver relatos não confirmados de que a ICE ou a polícia deteve três pessoas na área de Potter Highlands no domingo.

Por Andrew Hay em Taos, Novo México; Reportagem adicional de Humeyra Pamuk, em Washington


https://br.reuters.com/article/idBRKCN1UA1DE-OBRWD


Bolsonaro ainda avalia indicação do filho para embaixada em Washington, diz porta-voz


Bolsonaro ainda avalia indicação do filho para embaixada em Washington, diz porta-voz
Reuters

Deputo Eduardo Bolsonaro
BRASÍLIA (Reuters) - O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse nesta segunda-feira que o presidente Jair Bolsonaro ainda avalia a indicação de seu filho Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington, e defendeu que a indicação é “legalmente viável”.

Ao ser questionado sobre se o presidente já teria tomado uma decisão, o porta-voz leu um texto preparado pela Presidência em que são apontadas as razões para uma possível indicação do deputado federal para a embaixada.


Entre outros requisitos, Eduardo teria “acesso facilitado” ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de ter a “total confiança” de Bolsonaro.

Na manhã desta segunda, o presidente divulgou um vídeo de sua visita a Washington, em que Trump elogia Eduardo.

Rêgo Barros disse ainda que o filho do presidente teria outras qualidades para o cargo, como comandar a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, ser “conhecedor de relações internacionais”, ter “acompanhado comitivas do governo” em viagens internacionais, além de ter “internalizado os princípios da atual política externa do Brasil”.

Na manhã desta segunda, Bolsonaro já havia defendido a indicação do filho, afirmando que se estava sendo tão criticada era porque Eduardo é a pessoa “adequada”.

Reportagem de Lisandra Paraguassu

https://br.reuters.com/article/topNews/idBRKCN1UA2HF-OBRTP


O CASAMENTO ENTRE A EXTREMA DIREITA E O MOVIMENTO ANTIVACINA É UM PERIGO PARA O MUNDO

O CASAMENTO ENTRE A EXTREMA DIREITA E O MOVIMENTO ANTIVACINA É UM PERIGO PARA O MUNDO

João Filho

14 de Julho de 2019, 8h48

NO INÍCIO do século passado, o Rio de Janeiro estava tomado por lixo, ratos e mosquitos. Surtos das mais variadas doenças matavam aos milhares. O então prefeito Pereira Passos (1902-1906) iniciou um projeto autoritário de urbanização e saneamento da cidade. Para abrir avenidas e praças, demoliu cortiços e empurrou os pobres para os morros e as periferias.

Oswaldo Cruz, que ocupava cargo similar ao de ministro da saúde, liderou uma campanha de vacinação obrigatória para erradicar a varíola. Mas a falta de conhecimento da população sobre a vacina e o modo truculento com que a campanha foi implantada, invadindo casas e vacinando as pessoas na marra com a ajuda de policiais, foi o estopim para a Revolta da Vacina. A cidade virou um campo de batalha, com depredação de prédios públicos, incêndio de bondes e barricadas espalhadas pelas ruas da capital federal.

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Mais de cem anos depois, o Brasil pode se orgulhar de ter implantado uma política de vacinação que é referência e apresenta um dos maiores índices de cobertura do mundo. Mas o futuro não é animador. Um levantamento do Ministério da Saúde mostrou que sete das oito vacinas obrigatórias para crianças recém-nascidas não alcançaram a meta de 95% de cobertura no ano passado. Desde 2011, o número de crianças vacinadas com até dois anos vem caindo drasticamente. É um dado preocupante.
Um dos motivos apontados por especialistas é a erradicação de algumas doenças, que faz com que alguns pais não vejam necessidade de vacinar seus filhos. O outro é uma crescente onda de desconfiança em relação às vacinas, que vem crescendo no Brasil e no mundo. Doenças que haviam sido banidas estão voltando.

O movimento antivacina não é recente, mas ganhou asas com a internet. Em tempos de pós-verdade, em que o conhecimento científico passou a ser contestado por qualquer youtuber eloquente, a eficácia das vacinas deixou de ser um fato e passou a ser uma questão de opinião. Assim como o terraplanismo e o negacionismo climático, o movimento antivacina tem encontrado guarida na extrema direita mundial. Ele virou parte do pacotão antissistema que agrada os extremistas.

Quando um desses lunáticos que espalham teorias da conspiração passa a ocupar o cargo mais poderoso do mundo, a coisa toma proporções perigosas.


Donald J. Trump
Ao contrário do que afirmou Trump em 2014, nunca houve um caso registrado de criança que se tornou autista após tomar qualquer vacina.

No início do ano passado, quando os EUA passavam por uma temporada de gripe que registrou um recorde de 53 crianças mortas, uma pastora evangélica, conselheira de Trump, orientou a população a não tomar a vacina contra a gripe. Em vez disso, recomendou que se “vacinassem com a palavra de Deus”.

Os EUA têm sofrido com o surto de sarampo. Em janeiro, o estado de Washington declarou estado de emergência após a confirmação de 37 casos, a maioria deles por falta de vacinação. A doença havia sido erradicada no país em 2000, mas voltou a crescer e já bateu o recorde em número de casos em 2019.

A Europa também tem sofrido com a queda da vacinação. Na Itália, a extrema direita está intimamente ligada ao movimento antivacina, que foi impulsionado após a eleição. O político e comediante Beppe Grillo, líder do partido governista Movimento 5 Estrelas, afirmou que as vacinas são tão perigosas como as doenças que pretendem evitar. Em 2015, o partido chegou a propor uma lei contra a vacinação, alegando que ela poderia causar “leucemia, imunodepressão, autismo, câncer, alergias e mutações genéticas hereditárias”.

Massimiliano Fedriga, o maior porta-voz do movimento antivacina da Itália, é também um dos principais políticos da Liga do Norte, o partido de extrema direita do governo italiano. Ele classificou a obrigatoriedade de vacinação do governo anterior como uma medida “stalinista”. Em março deste ano, as crenças de Massimiliano foram atropeladas pela realidade. Ele ficou cinco dias internado por causa de uma catapora e decidiu abandonar a militância antivacina.

No Brasil, a militância não é tão radical nem tão grande como nos EUA e Europa, mas está crescendo. A extrema direita governista, apesar do costume de atacar universidades e rejeitar dados científicos, ainda não abraçou essa conspiração. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem se mostrado preocupado com a queda no índice de vacinação do país. Ele esteve recentemente na Assembleia Mundial da Saúde e defendeu a ampliação da cobertura da vacinação como prioridade para o mundo.

O ministro parece ter juízo nessa seara. O risco é que, se por algum motivo Mandetta cair, há chance de um nome antivacina substituí-lo. Olavo de Carvalho, que costuma indicar ministros ao presidente, é um cético sobre vacinação. Em 2006, o farol intelectual do bolsonarismo afirmou: “Já li provas científicas eloquentes de que (vacinas) são úteis e de que são perniciosas, e me considero humildemente em dúvida até segunda ordem.”

Em 2008, o guru já se mostrou mais incisivo. Ele foi à loucura com uma campanha de vacinação contra a rubéola. “Essa vacina, ao que tudo indica, tal como aconteceu em outros países, tem dentro uma substância esterilizante. Isso é uma campanha de esterilização em massa”, denunciou antes de xingar o ministro da Saúde da época de “vigarista filho da puta” que “merecia uma cuspida na cara”. Se houver uma nova revolta da vacina, certamente já temos um líder.

Segundo relato da sua filha, Olavo não vacinava os filhos e dois deles tiveram que ser internados por complicações do sarampo.

No YouTube brasileiro, as conspirações antivacina começam a engatinhar. Uma reportagem da BBC mostrou como mentiras importadas sobre o assunto têm feito sucesso no país. Depois que você assiste ao primeiro vídeo demonizando as vacinas, o algoritmo do YouTube te joga para dentro de uma bolha conspiratória. Há desde um médico famoso como Lair Ribeiro criticando a vacina da febre amarela para crianças — o que não faz o menor sentido, segundo especialistas da área — até malucos desconhecidos dizendo que a vacinação é um plano de Bill Gates para esterilizar e reduzir a população mundial. Não é difícil imaginar o perigo desse tipo de informação circulando no país em que a mamadeira de piroca ajudou a eleger um presidente.

Um relatório da Organização Mundial da Saúde estima que vacinação evita de 2 milhões a 3 milhões de mortes por ano e poderia evitar mais 1,5 milhão se a cobertura fosse melhorada no mundo. O órgão se mostrou tão preocupado com as consequências do movimento antivacina que o incluiu em uma lista dos dez maiores riscos à saúde global em 2019, ao lado de ebola, HIV, dengue e influenza.

Há mais de cem anos, as vacinas eram uma novidade. Sabia-se quase nada sobre elas. As pessoas tinham razão em desconfiar de um líquido sendo introjetado em seus corpos por um governo autoritário. Hoje, mesmo diante da inequívoca revolução que as vacinas trouxeram para a saúde mundial, o negacionismo da ciência avança, conquistando mentes, corações e influenciando governos.

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João Filho
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domingo, 14 de julho de 2019

Comissão especial da Câmara aprova texto final da reforma da Previdência que será votado em 2º turno

Comissão especial da Câmara aprova texto final da reforma da Previdência que será votado em 2º turno
Reuters


(Reuters) - A comissão especial da reforma da Previdência aprovou na madrugada deste sábado o texto final da matéria que será votado em segundo turno pelo plenário na Câmara dos Deputados, o que deve ocorrer apenas em agosto, na volta do recesso parlamentar.

De acordo com informações da Agência Câmara Notícias, foram 35 votos a favor e 12 contra, em reunião marcada por discursos da oposição, que aproveitou a nova etapa para manter a posição contrária à reforma e reafirmar a disposição de alterar o texto na votação em segundo turno.


Na estratégia de acelerar a análise do texto final na comissão e encerrar a semana de intensos debates, os deputados favoráveis à reforma da Previdência abriram mão dos seus tempos de fala.

A etapa na comissão ocorreu após a Câmara concluir na noite de sexta-feira, após três dias de votações em meio a negociações de última hora e momentos de desarticulação, o primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência.


Terminada a votação, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogerio Marinho, disse que a economia gerada pela reforma em dez anos deve ficar em cerca de 900 bilhões de reais, ante o 1 trilhão de reais inicialmente pretendido pelo governo. Ele ressaltou ainda que esses números serão refinados nos próximos dias.

Marinho estima que a PEC seja analisada em segundo turno pela Câmara no dia 6 de agosto e que a matéria seja aprovada pelo Senado até setembro.

Na Câmara, o texto precisa ser aprovado com o voto favorável de 308 deputados para seguir ao Senado.

Por Paula Arend Laier

Terra Santa News 12/07/2019 /Esse programa está fantástico assistam.