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terça-feira, 17 de maio de 2016

AQUARIUS - Kleber Mendonça Filho Film Clip (Cannes 2016 Competition)

Equipe de 'Aquarius' protesta em Cannes contra impeachment de Dilma




Equipe de 'Aquarius' protesta em Cannes contra impeachment de Dilma
Atores mostraram cartazes no tapete vermelho do festival nesta terça.
Filme do diretor Kleber Mendonça Filho concorre à Palma de Ouro.
Da France Presse
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A equipe de "Aquarius", liderada pelo diretor Kleber Mendonça Filho e pela atriz Sônia Braga, protestou nesta terça-feira (17) contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff durante a estreia do filme em Cannes.
"Um golpe ocorreu no Brasil", "Resistiremos" e "Brasil não é mais uma democracia" eram alguns dos cartazes que o cineasta e sua equipe seguravam no tapete vermelho, antes de voltar a se manifestar ao grito "Fora!" na sala do Grande Teatro Lumiere, minutos antes da projeção.
Dilma Rousseff, em sua conta oficial no Twitter, agradeceu o apoio da equipe do filme "Aquarius". "Obrigada, Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho), Sonia Braga (@bragasonia) e Maeve Jinkings - o talento do Brasil em Cannes. Ao elenco extraordinário do filme #Aquarius um beijo em nome da democracia. #Cannes2016", escreveu.
Da esq. para dir., Maeve Jinkings, Sonia Braga, Carla Ribas, Kleber Mendonça Filho e Humberto Carrão protestam contra o impeachment da presidente Dilma no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
Da esq. para dir., Maeve Jinkings, Sonia Braga, Carla Ribas, Kleber Mendonça Filho e Humberto Carrão protestam contra o impeachment da presidente Dilma no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)

Diretor e atores de 'Aquarius' fazem no Festival de Cannes ato contra o impeachment (Foto:  REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
Diretor e atores de 'Aquarius' fazem no Festival de Cannes ato contra o impeachment (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
 http://g1.globo.com/

Atuação de Sônia Braga em 'Aquarius' recebe elogios em Cannes


Atuação de Sônia Braga em 'Aquarius' recebe elogios em Cannes

Filme de Kleber Mendonça Filho foi aplaudido na exibição no festival.

Ela vive uma mulher que se recusa a deixar de viver do modo como deseja.

Da France Presse

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 Sônia Braga divulga o filme 'Aquarius' no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)

Sônia Braga divulga o filme 'Aquarius' no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
O filme brasileiro "Aquarius", com Sônia Braga no papel de uma mulher que se recusa a deixar de viver do modo como deseja, entrou nesta terça-feira (17) na disputa pela Palma de Ouro em Cannes.
saiba mais

FOTOS: imagens do Festival de Cannes
Equipe de 'Aquarius' protesta em Cannes contra impeachment de Dilma
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Atrizes vão descalças ao Festival de Cannes como forma de protesto
O filme do diretor Kleber Mendonça Filho, de 47 anos, foi aplaudido na exibição para a imprensa, antes da projeção no Grande Teatro Lumière, na presença do elenco.
Aos 65 anos, Sônia Braga interpreta Clara, uma ex-crítica musical que mora no "Aquarius", um edifício dos anos 1940 construído na orla do Recife, cercada por seus discos, livros e recordações.
As coisas se complicam quando o prédio é adquirido por uma empresa que planeja demolir o edifício para construir um complexo residencial moderno.
Clara rejeita a proposta apresenta pelo promotor imobiliário e, apesar do relacionamento difícil com os filhos e do câncer de mama que a fez perder um seio, ela não está disposta a ceder.
Em uma entrevista à AFP em um hotel de Cannes, a atriz disse que sua personalidade e a de Clara "se uniram em uma só".
"É uma mulher da minha idade que tem três filhos - eu nunca tive filhos, esta seria a diferença - e a situação em que se encontra, a pressão, a luta, o 'não faça isto', eu vivi, no Brasil e em toda minha vida", afirmou.

Da esq. para dir., Maeve Jinkings, Sonia Braga, Carla Ribas, Kleber Mendonça Filho e Humberto Carrão protestam contra o impeachment da presidente Dilma no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
Da esq. para dir., Maeve Jinkings, Sonia Braga, Carla Ribas, Kleber Mendonça Filho e Humberto Carrão protestam contra o impeachment da presidente Dilma no Festival de Cannes (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)

Testemunho de mudanças violentas

O filme de Mendonça Filho começa com uma série de fotografias em preto e branco do Recife, da época da construção do edifício, um recurso que o diretor também utilizou em seu primeiro longa-metragem, "O Som ao Redor", premiado em vários festivais e considerado pelo jornal New York Times um dos 10 melhores filmes de 2012.
"Tenho fascínio pelos documentos e arquivos", disse o diretor à AFP.
"Estas fotografias do fim dos anos 1960 e início dos 70, feitas no bairro onde rodamos o filme, são para mim documentos históricos".
As duas produções mostram as mudanças avassaladoras na paisagem urbana e na vida de seus moradores por causa da especulação imobiliária.
"Uma cidade pode mudar de maneira normal ou violenta", afirma o cineasta, que admite a dimensão política do filme, "mas não de uma maneira clássica, pela escala reduzida" em que se desenvolve a trama, explica.
A interpretação de Sônia Braga é responsável por boa parte dos elogios reservados ao filme. Alguns críticos apostam que "Aquarius" não deve sair de mãos vazias da cerimônia de premiação.
Um diretor que sabe escutar
"O filme fala sobre viver da maneira que alguém realmente deseja e não terminar seguindo os desígnios de outras pessoas com interesses comerciais", disse Mendonça.
Desta maneira, tanto "O Som ao Redor" como "Aquarius" pertencem de algum modo ao gênero "siege movie", ou filme de assédio, no qual os protagonistas resistem a uma ameaça externa.
Apesar do tom realista, o longa-metragem também abre espaço para elementos do cinema de terror. Um horror que, segundo o diretor brasileiro, "procede do sistema social" implacável contra o qual Clara se rebela.
Os dois filmes reservam ao som um lugar especial: os ruídos urbanos em "O Som ao Redor" e os vinis que a protagonista coleciona em "Aquarius", que possibilitam a Clara recriar um mundo próprio e viajar no tempo.
"Sempre sonhei em ser parte de um filme no qual toda a equipe é parte dele e fazer o filme todos juntos", disse Sônia Braga sobre as filmagens no Recife.
Para Gustavo Jahn, ator brasileiro radicado em Berlim que trabalhou em "O Som ao Redor", Kleber Mendonça "é um diretor com ótimos ouvidos".
"Segue sua intuição e escuta a equipe, o que dá um ótimo equilíbrio ao trabalho em seu conjunto".
tópicos:

Festival de Cannes
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domingo, 15 de maio de 2016

Agradecimento a uma Professora Especial Adriana Carvalho pela sua trajetória.




Agradecimento a uma Professora Especial

Para a nossa querida amiga e professora Adriana Carvalho

Pela nossa vida académica passam muitos professores, cada um diferente do outro, mas para o bem e nunca para o mal, todos deixam uma marca e a sua é especial grande amiga.

Hoje eu posso dizer que nenhum deixou marca tão positiva e permanente quanto você, querida professora Adriana Carvalho.

Por tudo o que aprendemos  com você, não apenas sobre a matéria, mas também como uma grande amiga fiel que sempre foi e será, mas também sobre a vida e como ser uma pessoa melhor, nós  te agradecemos por fazer parte de nossas vidas!

Você é um exemplo de pessoa e professora, uma grande profissional,  uma inspiração que sempre soube motivar para aprender e despertar através do caminho árduo e até mesmo prazeroso de ser educador. Um agradecimento do fundo do coração, professora especial!

Professor Alarcon José.

Adaptado do original

Machismo e rancor da direita pesaram em queda de Dilma, diz jornal britânico

Machismo e rancor da direita pesaram em queda de Dilma, diz jornal britânico

A mídia internacional deu grande destaque à troca de poder ocorrida no Brasil na quinta-feira após o afastamento pelo Senado da presidente Dilma Rousseff.
Como era esperado, a repercussão foi dominada pela percepção de que o governo de Michel Temer precisará investir pesado em um arrefecimento do clima de polarização política no país, ao mesmo tempo em que busca a estabilização econômica.
Leia também: Como o PMDB virou o partido mais poderoso do país
Mas novamente houve espaço para críticas ao establishment político brasileiro. Abaixo, um resumo da visão de algumas dos principais veículos de mídia do mundo.

The Guardian, Reino Unido
Em editorial com o título "O sistema político deveria ir a julgamento, não apenas uma mulher", o jornal britânico diz que o Brasil "meteu-se em uma imensa bagunça e é difícil ver como pode sair dela".
Apesar de ressaltar que a presidente cometeu erros que, na opinião do jornal, contribuíram para sua queda, o Guardian classifica o impeachment como prova clara de problemas estruturais na política brasileira. "Não foi apenas a carreira de Dilma que caiu, mas o sistema democrático brasileiro como um todo".
Para o jornal, "o preconceito contra uma líder mulher e rancores de uma direita que nunca aceitou totalmente a ascensão do PT" tiveram papel nessa queda.
O jornal classifica o sistema político brasileiro como "disfuncional ao ponto de tornar a corrupção virtualmente inevitável e obstruir a boa governança".
O Guardian defende a necessidade de mudanças constitucionais radicais para tornar a política mais executável e "honesta" no Brasil, mas disse duvidar da capacidade do governo Temer de fazer o que definiu como uma guinada.

Para o 'Guardian' Dilma não deveria ser a única em julgamento

New York Times, EUA

Com uma reportagem de seu correspondente no Brasil, Simon Romero, o NYT dá destaque para o anúncio do ministério de Temer, mencionando a ausência de mulheres, negros e a escolha do líder ruralista e megaprodutor Blairo Maggi para o Ministério da Agricultura.
Mas vê como positiva a escolha do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para a pasta da Fazenda, lembrando que este havia feito parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em editorial, o jornal diz que Dilma "está certa ao questionar as motivações e autoridade moral dos políticos que a querem tirar do poder", apesar de classificar a agora presidente suspensa como uma "péssima política". O NYT considera que Dilma parece destinada a pagar "um preço altamente desproporcional por seu problemas administrativos enquanto seus acusadores mais ardentes são acusados crimes mais graves".
"Eles podem descobrir que muito da ira dirigida a ela poderá em breve ser redirecionada", diz o jornal.

Wall Street Journal, EUA

Adotando um tom mais pragmático, apesar de identificar Temer como um "orquestrador" do impeachment de Dilma, a publicação americana diz que o principal desafio do presidente interino é demonstrar se a troca de poder poderá reanimar a economia brasileira tendo em vista sua falta de apoio popular e o fato de que terá pela frente o PT na oposição - que é o segundo maior partido do Congresso.
Escolha de Meirelles para a Fazenda foi elogiada

Financial Times, Reino Unido

Com o título "Novo líder do Brasil enfrenta crise tripla", o FT volta a defender a realização de novas eleições e reforma política com a melhor saída para o país. Mas elogia a escolha do que chamou de "equipe econômica com credibilidade", destacando a escolha de Henrique Meirelles para a Fazenda e prevendo uma mensagem positiva para o mercado.
O jornal britânico diz ainda que Temer precisa permitir que a Operação Lava Jato prossiga, mesmo que isso possa deixar o presidente interino "mais exposto"
.
La Nación, Argentina

A publicação sul-americana destaca a troca de poder como uma "demonstração da face anacrônica de um país de aspirações modernas".

"Na bandeira do Brasil há o lema 'Ordem e Progresso', mas a imagens deixadas pelas sessões do processo de impeachment de Dilma Rousseff mostraram o contrário", escreve o correspondente no Brasil, Alberto Almendariz.

Sistema político brasileiro está desacreditado na visão internacional

Le Monde, França

O jornal europeu desta a polêmica formação do ministério de Temer ("23 homens, todos brancos"), mencionando ainda as ligações da Operação Lava Jato com o novo partido do governo, o PMDB.
O Le Monde elogia a intenção de Temer de criar um governo de união nacional ao abrir espaço para Meirelles e José Serra. Mas diz ver o Brasil em uma crise de confiança e classifica a suspensão de Dilma como "resultado de manobras de uma classe política altamente desacreditada".

http://www.bbc.com/portuguese/brasil/

Cuba: Golpe de Estado no Brasil é golpe contra os BRICS



Cuba: Golpe de Estado no Brasil é golpe contra os BRICS

O Ministério das Relações Exteriores de Cuba "condena energicamente o golpe de Estado parlamentar que está em marcha no Brasil", de acordo com uma declaração publicada pelo jornal Granma.

Manifestantes contra o impeachment se reúnem nos Arcos da Lapa, para assistirem a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff

Expressando sua crítica em relação à situação atual no Brasil, a chancelaria cubana destaca que o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rouseff consiste em um ataque baseado em "acusações sem provas ou fundamentos legais, contra a legitimidade de um governo eleito nas urnas pela maioria do povo".
Da mesma forma, o ministério cubano reconhece os resultados do rumo político brasileiro estabelecido desde 2003, graças ao qual 25 milhões "deixaram de viver na pobreza".

Além disso, segundo Havana, o Brasil se transformou em um "influente ator internacional" e em "promotor da unidade e da integração latino-americana e caribenha".

Ainda de acordo com o comunicado, o golpe no Brasil também é dirigido contra os BRICS, "que desafiaram a hegemonia do dólar norte-americano".

http://br.sputniknews.com/

Impeachment nao é solução, dizem “brasilianistas”




Impeachment nao é solução, dizem “brasilianistas”

Publicado 15 mars 2015   Andrea Rego

Apesar da imprensa européia está chamando de “o maior escândalo de corrupção da história do país”, especialistas em Brasil na Europa não corroboram com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A RFI conversou com dois “brasilianistas” sobre o assunto: Jean Hébrard, que é co-diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), de Paris, e do outro lado do canal da Mancha, com Anthony Pereira,  diretor do King’s Brasil Institute, do King’s College de Londres. No dia programado para os protestos contra a corrupção na Petrobras e pelo impeachment da presidente, brasileuro.info reproduz, na integra, a entrevista que os dois professores concederam à radio:

A situação atual de Dilma Rousseff se parece com outros pedidos de impeachment que vimos desde a redemocratização no Brasil?

Jean Hébrard: A situação não parece nem um pouco com a de Fernando Collor. O impeachment é um tipo de espantalho que aparece de vez em quando na política brasileira, mas dessa vez ele não tem muito significado. Se há um problema – e há um problema sério –, ele diz respeito a todos, não só à presidente. O desastroso no Brasil atualmente é que o sistema político está morto, como diz o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É preciso encontrar uma maneira de relançar a máquina. Mas não é com um impeachment da presidente que podemos fazer avançar alguma coisa.
Anthony Pereira: É muito diferente da situação de Collor em 92. Pelo menos até agora, falta evidência do envolvimento direto de Dilma. Ela tem responsabilidade, porque gerenciava o Conselho da Petrobras na época, mas não há evidência direta. É interessante a postura do PSDB: ele está apoiando os protestos de 15 de março, mas não está endossando o “Fora Dilma”. Há um certo grau de relutância por parte dos críticos de Dilma sobre a possibilidade de impeachment. Porque pode gerar instabilidade e tem também a questão da sucessão. Quando Collor caiu, Itamar teve um papel muito ativo em assegurar continuidade e diálogo. Até onde sei, Michel Temer não está agindo de maneira equivalente.

O fato de Dilma ter sido presidente do Conselho de Administração da Petrobras é o suficiente para implicá-la no escândalo?

Jean Hébrard: Sim e não. Veja como Lula escapou de todas as situações. Não podemos imaginar que Lula não soubesse de nada. Mas no momento do Mensalão, ele escapou. Estamos agora um pouco na mesma situação. Não é porque vamos resolver o caso da presidente que vamos resolver a corrupção do país como um todo. O verdadeiro problema no Brasil é que não há alternância no poder há muito tempo. E em países onde a corrupção é muito forte, como é o caso do Brasil, a falta de alternância se soma à corrupção e abre a possibilidade de os partidos criarem sistemas mafiosos.
Anthony Pereira: No caso do Mensalão, alguns réus foram julgados nessa perspectiva: sendo ocupante do cargo, é o responsável. Mas duvido que essa interpretação vá ser consensual no caso de Dilma. Faltando evidência direta de responsabilidade dela, a classe política vai hesitar em progredir com o impeachment.

Há quem diga hoje no Brasil que as condições jurídicas para o impeachment estão dadas, mas não as condições políticas. As manifestações de domingo podem mudar isso?

Jean Hébrard: O judiciário no Brasil mostra sua força e sua seriedade há muitos anos, e isso é muito importante para a democracia, de certa maneira até mais importante que a democracia da rua. Na rua teremos um conjunto de pessoas que, por razões totalmente diferentes, estão cansadas da gestão do PT. Mas é interessante saber se elas querem um retorno à direita dura – os que sonham com um retorno dos militares – ou querem uma democracia horizontal, sem chefe, como nas jornadas de junho. Ou será uma classe média que está furiosa por pagar caro pelo trabalho doméstico? Não acho que será com essa coalizão inverossímil que vai às ruas no domingo que encontraremos a solução para a corrupção. A corrupção no Brasil é horizontal e envolve o mundo político, dos negócios e, de certa maneira, também as pessoas comuns. Quem não trapaceia no Brasil?

Anthony Pereira: Pode ser que este seja um dos objetivos dos manifestantes. É preciso saber qual vai ser o alvo: protestar contra a corrupção ou pedir o impeachment de Dilma.
Um presidente da França ou um primeiro-ministro do Reino Unido resistiria no cargo depois de um escândalo como esse da Petrobras?

Jean Hébrard: A grande diferença entre Brasil e França é Michel Rocard. Quando foi primeiro-ministro, ele teve a coragem de mudar o sistema de financiamento dos partidos políticos. A comparação não deve ser com a França, mas com os Estados Unidos. O sistema brasileiro se parece mais com o americano do que com o francês. O que os americanos conseguiram fazer foi regular um sistema onde o dinheiro faz a política. O Brasil não conseguiu. Mas não podemos dizer que o sistema americano produziu mais democracia ao regular a entrada de dinheiro no sistema político.
Anthony Pereira: O Reino Unido não tem empresas com a estrutura da Petrobras. E no sistema parlamentar é mais provável que membros do parlamento derrubem o governo. No sistema presidencial é mais difícil, a crise tem que ser maior. Em geral, a corrupção é um problema na Europa também, e a tolerância é diferente em cada país. Na Inglaterra, o financiamento de campanha causa indignação. Grandes grupos são financiadores de campanha e por causa disso têm tratamento privilegiado em termos de impostos. A linha entre corrupção legal e “corrupção ética” é uma zona cinza. Na Inglaterra, muitas vezes esse tráfico de influência causa indignação, mas não é ilegal. Já o caso da Petrobras é claramente ilegal e antiético.

A crise econômica e política na Argentina, Brasil e Venezuela significa um fim de ciclo para a esquerda na América Latina?

Jean Hébrard: Nunca considerei que houvesse uma esquerda homogênea na América Latina. O chavismo e o lulismo não têm estritamente nada a ver um com o outro. Esquerda na América Latina não quer dizer nada. Há poderes completamente diferentes em cada país, jogando em sistemas políticos completamente diferentes. O que está em questão na América Latina é a luta contra a pobreza, que teve mais sucesso no Brasil. Será que ela vai continuar? Quando comparamos a maneira como Chávez e Lula lidaram com isso, temos dois opostos. O Brasil se saiu muito melhor que a Venezuela.

Anthony Pereira: Não necessariamente. É o fim do ciclo do modelo de desenvolvimento que aproveitou as commodities. Agora todos, esquerda e direita, estão buscando um modelo que vai valorizar mais o capital humano para elevar a qualidade de produção. O que é mais difícil do que vender commodities. A América Latina vai continuar dividida em vários segmentos ideológicos. A simplificação de duas esquerdas, que é uma tese de dez anos atrás, é simples demais. A América Latina tem três ou quatro vertentes de esquerdismo. Não vejo necessariamente como o fim dessa onda.

http://brasileuro.info/politica/impeachment-nao-e-solucao-dizem-brasilianistas/

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Jornais de todo o mundo, brasilianistas americanos, intelectuais europeus, OEA e até a ONU afirmam que o que acontece no Brasil é um GOLPE



 Jornais de todo o mundo, brasilianistas americanos, intelectuais europeus, OEA e até a ONU afirmam que o que acontece no Brasil é um GOLPE

Jornais de todo o mundo, brasilianistas americanos, intelectuais europeus, OEA e até a ONU afirmam que o que acontece no Brasil é um GOLPE







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A Democracia Brasileira Sofrerá um Duro Revés com a Posse de um Inelegível e Corrupto Neoliberal


A Democracia Brasileira Sofrerá um Duro Revés com a Posse de um Inelegível e Corrupto Neoliberal

Glenn Greenwald

May 11 2016, 12:43 p.m.

(The English version of this article can be read by clicking here)

Em 2002, o Partido dos Trabalhadores (PT), de centro-esquerda, chegou à presidência depois da expressiva vitória de Lula da Silva sobre o candidato de centro-direita do PSDB (ao longo do ano de 2002, os “mercados” ficaram indignados com a mera possibilidade de vitória do PT). O PT permaneceu no poder quando Lula, em 2006, foi reeleito com outra expressiva vitória contra um candidato diferente, também do PSDB. Os inimigos do PT pensaram que teriam sua chance de acabar com o partido em 2010, quando Lula não podia mais disputar as eleições por limites legais, mas suas esperanças foram esmagadas quando a sucessora escolhida por Lula, a anteriormente desconhecida Dilma Roussef, ganhou com uma vantagem de 12 pontos, do mesmo candidato do PSDB que foi derrotado por Lula em 2002. Em 2014, os inimigos do PT investiram enormes quantias de dinheiro e recursos para derrotá-la, acreditando que ela estaria vulnerável e que finalmente teriam encontrado um candidato bem-aventurado no PSDB, mas perderam novamente, dessa vez numa eleição apertada, quando Dilma foi reeleita com 54 milhões de votos.

Em resumo, o PT ganhou quatro eleições nacionais consecutivas – a última há apenas 18 meses. Seus oponentes tentaram vigorosamente derrotá-lo nas urnas e fracassaram, em grande parte por conta do apoio que o PT tem entre os pobres e os trabalhadores no Brasil.

Então, se você é um plutocrata dono dos maiores e mais influentes meios de comunicação, o que você faz? Você ignora a democracia por completo – afinal, ela segue empoderando candidatos e políticas que o desagradam – explorando seus meios para incitar distúrbios e depois implantar um candidato que jamais seria eleito por conta própria, mas que seguirá fielmente sua agenda política e ideologia.

Isso é exatamente o que o Brasil fará hoje. O Senado brasileiro votará à tarde a admissibilidade do processo de Impeachment iniciado na Câmara, que resultará no afastamento automático da Presidente Dilma até o fim do julgamento.

Seu sucessor será o Vice-Presidente Michel Temer, do PMDB. Ele está submerso em corrupção: foi acusado por delatores de envolvimento em um esquema ilegal de compra de etanol, acaba de ser considerado culpado, e multado, por irregularidades nos gastos de campanha, e enfrenta a possibilidade de ficar inelegível por 8 anos. Ele é profundamente impopular: apenas 2% dos brasileiros o apoiariam como presidente, e quase 60% querem seu impeachment. Mas ele servirá fielmente aos interesses dos ricos do Brasil: ele está planejando indicar executivos do Goldman Sachs e do FMI para controlar a economia e instalar uma equipe neoliberal sem nenhuma representatividade (composta em parte pelo mesmo partido – PSDB – que perdeu quatro eleições seguidas para o PT).

Nada disso é uma defesa do PT. Este partido – como o próprio Lula reconheceu em entrevista concedida a mim – está cheio de casos de corrupção. Dilma falhou como presidente em aspectos cruciais, e é extremamente impopular. Por muitas vezes se alinharam e serviram às elites do país em detrimento dos mais pobres, que são sua base de apoio. O país está sofrendo com a economia e em muitos outros aspectos.

Mas a solução para isso é vencê-los nas urnas, não simplesmente removê-los e colocar em seu lugar alguém mais conveniente aos interesses dos ricos. Apesar dos danos que o PT está causando ao país, os plutocratas e seus jornalistas-propagandistas e a corja de bandidos em Brasília que arquitetam essa farsa são muito mais nocivos. Eles estão literalmente destruindo a democracia do quinto maior país do mundo.

Mesmo a The Economist – que é hostil aos mais moderados partidos de esquerda, odeia o PT e quer a renúncia de Dilma – denunciou o impeachment como um “pretexto para a deposição de uma presidente impopular” e apenas duas semanas atrás alertou que “o que é alarmante é que aqueles que estão trabalhando pela remoção dela são, em muitos aspectos, piores”. Antes de se tornar um agente ativo de sua própria ascensão, o próprio Temer disse, no ano passado, que “o impeachment é impensável, geraria uma crise institucional. Não tem base jurídica em nem política.”

A maior fraude é o fato de que as elites da mídia estão justificando tudo isso em nome da “corrupção” e da “democracia.” Como alguém com um mínimo de razão pode acreditar que se trata de “corrupção” quando estão prestes a instalar na presidência alguém muito mais implicado em problemas de corrupção que a pessoa que está sendo removida, e quando as facções que estão ascendendo ao poder são indescritivelmente corruptas? E se estivessem realmente preocupados com a “democracia”, por que também não impedem Temer e convocam novas eleições, deixando os eleitores decidirem quem deve substituir Dilma? A resposta é óbvia: novas eleições provavelmente resultariam em uma vitória de Lula ou outros candidatos que não os agradam, por isso seu maior temor é deixar que a população brasileira decida quem vai governa-la. Essa é a própria definição de destruição da democracia.

Para além da óbvia importância global deste assunto, a razão pela qual eu dediquei tanto tempo e energia escrevendo sobre estes eventos é porque tem sido espantoso – e irritante – assistir ao desenrolar dos acontecimentos, particularmente a forma pela qual os meios dominantes de comunicação, dominados por um pequeno grupo de famílias muito ricas, sufocam qualquer pluralidade de opinião. Ao invés disso, como disseram os Repórteres Sem Fronteiras neste mês: “De maneira pouco velada, os principais meios de comunicação do país incitaram o público a auxiliar na derrubada da Presidente Dilma Rousseff. Os jornalistas que trabalham para estes grupos estão claramente sob influência dos interesses privados e partidários, e esses conflitos permanentes de interesses estão em óbvio detrimento da qualidade de suas reportagens.”

Como alguém que vive no Brasil há 11 anos, tem sido inspirador e revigorante assistir a um país de 200 milhões de pessoas se livrar dos grilhões de 21 anos de uma ditadura militar de direita (apoiada pelos EUA e pelo Reino Unido) e amadurecer para se tornar uma jovem e vibrante democracia, e prosperar sob ela. Constatar como isso pode ser rápida e facilmente revertido – eliminando todos os valores da democracia mantendo apenas seu nome – é ao mesmo tempo triste e assustador. É também uma lição para todos que, em países do mundo todo, ingenuamente presumem que as coisas continuarão como estão e que a estabilidade e o progresso estão garantidos.

Na semana passada, eu falei no Democracy Now por cerca de 10 minutos sobre o porquê eu acho que esses eventos no Brasil são tão significantes:


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El Salvador diz não reconhecer novo governo do Brasil e chama embaixadora de volta/// Itamaraty critica declaração de secretário-geral da Unasul sobre impeachment de Dilma




El Salvador diz não reconhecer novo governo do Brasil e chama embaixadora de volta

sábado, 14 de maio de 2016

SÃO SALVADOR (Reuters) - O presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, disse neste sábado que não reconhece o novo governo do Brasil, encabeçado por Michel Temer, que assumiu a presidência interinamente após a decisão do Senado brasileiro de iniciar um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Dilma Rousseff foi afastada do cargo por até 180 dias em meio a acusações de violações às leis de responsabilidade fiscal.

"Tomamos uma decisão de não reconhecer esse governo provisório, porque há uma manipulação política, e vamos mandar chamar nossa embaixadora para que volte ao país", disse Sánchez Cerén em discurso em um povoado ao oeste da capital.

Dilma foi "suspensa e submetida a julgamento por algo que não se comprovou ser um crime. É uma manipulação política que aconteceu", disse Sánchez, cujo partido, o ex-guerrilheiro Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional (FMLN) tem fortes vínculos com o Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil.

Governos esquerdistas da América Latina têm dito que a líder brasileira é vítima de um golpe de Estado, enquanto o secretário-geral do bloco sulamericano Unasul, Ernesto Samper, afirmou que a suspensão de Dilma afeta a governabilidade democrática no país.

(Por Gerardo Arbaiza)


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Itamaraty critica declaração de secretário-geral da Unasul sobre impeachment de Dilma

sexta-feira, 13 de maio de 2016

(Reuters) - O Ministério das Relações Exteriores repudiou nesta sexta-feira as declarações do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, que questionou o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Na véspera, Samper advertiu que o processo provoca turbulências que afetam a região e disse que a decisão do Senado não tem justificativa e abre "questões preocupantes" sobre o Estado de Direito.

"Os argumentos apresentados, além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e as leis brasileiras", afirmou o Itamaraty em comunicado.

"Além disso, transmitem a interpretação absurda de que as liberdades democráticas, o sistema representativo, os direitos humanos e sociais e as conquistas da sociedade brasileira se encontrariam em perigo."

O Ministério das Relações Exteriores passou a ser comandado pelo senador José Serra (PSDB-SP) a partir de quinta-feira, quando o vice-presidente Michel Temer assumiu o governo no lugar de Dilma, que foi afastada temporariamente após aprovação pelo Senado a abertura de um processo de impeachment por suposto crime de responsabilidade.

No comunicado, o Itamaraty disse ainda que as interpretações do secretário-geral "são incompatíveis com as funções que exerce e com o mandato que recebeu do conjunto de países sul-americanos" da Unasul.

(Por Tatiana Ramil)

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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Em 3 pontos: o que deu errado no governo Dilma

Em 3 pontos: o que deu errado no governo Dilma

 BBC

Adriano Brito

Da BBC Brasil, em São Paulo

Ueslei Marcelino/Reuters

10.mai.2016 - A presidente Dilma Rousseff diz que há preconceito de gênero em seu processo de impeachment durante conferência sobre política para mulheres, no centro de convenções Ulysses Guimaraes, em Brasília (DF)
10.mai.2016 - A presidente Dilma Rousseff diz que há preconceito de gênero em seu processo de impeachment durante conferência sobre política para mulheres, no centro de convenções Ulysses Guimaraes, em Brasília (DF)
A presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo após a decisão do Congresso de iniciar o processo de impeachment contra ela, vinha chefiando um governo duramente criticado até mesmo por correligionários.

A BBC Brasil conversou com professores e pesquisadores de algumas das principais faculdades brasileiras para tentar explicar os motivos pelos quais sua gestão, pelo menos até agora, vinha falhando em três áreas importantes: econômico, político e administrativo. Confira:

1. Economia
As acusações que embasam o pedido de afastamento de Dilma – as "pedaladas fiscais" e a assinatura de decretos de suplementação orçamentária sem a autorização do Congresso – refletem, de certa forma, a crise econômica que afeta o país.

Revelam as dificuldades que o governo enfrentou para fechar as contas públicas em um momento de baixíssimo crescimento ou, como agora, de recessão.

Segundo João Luiz Mascolo, professor de economia do MBA do Insper, Dilma errou ao não entender que a taxa de crescimento sustentada do país, ou seja, aquela que é possível manter por vários anos consecutivos, é de cerca de 2% anuais. E isso remonta ao governo Lula.

Para criar um "surto temporário de felicidade" em prol da candidata à sua sucessão, avalia Mascolo, o então presidente adotou uma série de medidas de estímulo, levando o PIB (Produto Interno Bruto) a crescer 7,5%, índice comparável ao da China, em 2010.

"Dilma pensou que isso era uma coisa permanente, e não temporária. Que bastaria fazer o que Lula fez para elegê-la, que o país ia crescer 7,5% todo ano, o que é um baita equívoco. A nossa taxa sustentada é 2%. Se você cresce 7,5% num ano, obviamente que os anos pela frente serão ruins."

Ao tentar repetir como "uma receita de bolo", a petista "disparou a inflação, que bateu 11% no ano passado, estourou a conta corrente e as contas externas", continua Mascolo, que aponta as sucessivas reduções da taxa básica de juros no início do governo dela como o "início do fim".

Dilma aumentou os gastos do governo e "comprometeu totalmente as contas públicas" para tentar estimular a demanda privada, conclui. "A prova é que a gente perdeu o grau de investimento: a trajetória de dívida/PIB é explosiva."

Já Bruno De Conti, docente do Instituto de Economia da Unicamp, vê "certo exagero" em dizer que o governo gastou demais.

A dívida bruta brasileira cresceu, na sua avaliação, por causa dos repasses do Tesouro ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para dar crédito barato às empresas e das perdas ocorridas, após a disparada do dólar, com os leilões de contratos de swaps cambiais (instrumentos que equivalem à venda futura da moeda americana, usados para conter a desvalorização do real e dar estabilidade ao mercado).

Ele vê três razões principais para o fracasso econômico – e, diferente de Mascolo, não coloca todas na conta de Dilma.

A primeira delas é o cenário internacional. Como o Brasil é "muito dependente" do que ocorre no exterior, ainda é largamente afetado pelo movimento no preço das commodities (matérias-primas), explica. "A gente viveu a bonança oriunda desse boom externo, mas vive agora o efeito contrário. Não temos a resiliência que se julgava em relação à crise."

Como segunda, elenca o que vê como erros da política econômica: segurar investimento público e "estender o tapete vermelho" para o privado com as desonerações (reduções de impostos) a determinados setores, com pouco retorno.

O terceiro aspecto, afirma, são os problemas estruturais que não foram resolvidos desde os governos anteriores e, em alguns casos, "podem até ter sido aprofundados" sob Dilma, como a fragilidade da indústria.

A época de real forte, diz, foi prejudicial à competitividade do setor, levando a uma alta importação principalmente de bens intermediários, como peças.

Assim, foram criadas lacunas na estrutura industrial, levando o crescimento registrado no governo Lula a "vazar para o exterior". Ele explica: a demanda aquecida alimentou a indústria externa, como a chinesa, em vez de diversificar a nacional.

2. Política
O cientista político Milton Lahuerta, professor da Unesp, evoca o clássico livro político "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel (1469-1527), para descrever o desempenho ruim de Dilma na área política.

"Maquiavel diz que o pior tipo de principado é o herdado. Por que o príncipe não teve 'virtù' (em linhas gerais, qualidades pessoais) para conquistar o principado. Ele foi beneficiado pela 'fortuna', pela sorte", diz.

"Por que é o pior tipo de principado? Porque vai ser marcado pela instabilidade, já que diante da crise o príncipe não saberá como agir. Ele não foi preparado para isso, não conquistou sua sabedoria ao conquistar o poder."

Para ele, esse é o "nó inicial": Lula "criou" a sucessora. "Dilma não tem vida própria como política."

A petista se beneficiou das boas condições que permitiram o sucesso do segundo governo Lula, bem como do carisma do antecessor, continua Lahuerta. Mas, ao se reeleger, encontrou um país dividido e uma problemática agenda de ajuste fiscal, o que "exigiria mais habilidade do príncipe, no caso a princesa".

Ele lista uma sucessão de erros a partir daí:

"Primeiro, Dilma tentou reafirmar sua autonomia em relação a Lula. De outra parte, isolou o (vice Michel) Temer. E, cercada por trapalhões na operação política, quis criar um novo partido, com Cid Gomes e Gilberto Kassab, para esvaziar o lado fisiológico do PMDB, em vez de iniciar uma negociação para colar mais a legenda politicamente a seu governo. Como se o PMDB fosse ficar quieto", diz, sobre a tentativa frustrada de recriar o PL.

Cita ainda a disputa com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que, na sua opinião, deveria ter sido evitada, pela força e influência que tem entre os deputados.

Vera Chaia, professora do Departamento de Política da PUC-SP, avalia que Dilma foi bem no primeiro ano de governo, ao se afirmar e demitir uma série de ministros acusados de corrupção, mas perdeu o controle da equipe e delegou poder demais ao PMDB no segundo mandato.

"Pôr Temer como articulador é como colocar um gato para tomar conta dos ratos."

A presidente afastada, diz, não soube montar seu time, e a chegada de articuladores hábeis, como Jaques Wagner e Lula, ocorreu tarde demais. Ela, lembra, por exemplo, a insistência em manter Aloizio Mercadante, agora na Educação, como ministro da Casa Civil, contra a vontade do PT e de seu mentor: "Ele era um desarticulador das bases".

Dilma não soube o que confiar aos peemedebistas e, segundo a professora, mudou radicalmente de estilo: de alguém tido como centralizadora, passou a dividir demais a tomada de decisões. "Não conseguiu coordenar conflitos. Foi inábil, e o PMDB nunca foi fiel."

3. Administração
Dilma não estaria sob processo de impeachment se tivesse adotado uma agenda de reformas para melhorar a gestão pública no país, avalia Gustavo Fernandes, professor do Departamento de Gestão Pública da EAESP-FGV, para quem os debates jurídicos sobre o impeachment ignoram o fato de o Brasil ainda ter um sistema que permite as "pedaladas".

"Se há a possibilidade de você esconder um gasto público, tem alguma coisa errada com a sua forma de fazer orçamento", opina. "Se o planejamento e a transparência fossem maiores, uma 'pedalada' contábil não poderia acontecer."

O sistema contábil brasileiro, explica, é baseado em uma lei de 1964, (a Lei de Contabilidade Pública), na ideia do Plano Plurianual (instituído na Constituição de 1988) e na Lei de Responsabilidade Fiscal (criada no fim do governo FHC). "Algo envelhecido, completamente descolado do que se faz hoje nas principais economias do mundo."

O Plano Plurianual fica congelado por quatro anos, diz, o que não ocorre no Reino Unido, por exemplo, onde é atualizado anualmente. A Lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez, não foi feita para melhorar o planejamento, mas para "segurar o gasto público" e evitar a "explosão da dívida", afirma.

Um segundo problema, continua, é a forma como o gasto é controlado no país pelos Tribunais de Contas, que se preocupam apenas com o "formalismo", ou seja, se o dinheiro foi aplicado seguindo os moldes legais, e pela CGU (Controladoria-Geral da União), que se dedica a procurar corrupção. Não há, avalia, quem questione a "eficiência do gasto".

Ele usa novamente o sistema britânico como exemplo: lá, a questão principal é saber o que foi feito com o dinheiro, e não se as contas cumpriram as regras burocráticas.

Para completar, Fernandes critica a "política de campeões nacionais do BNDES" por não conseguir encontrar os "perdedores", ou seja, aqueles setores ou empresas em que o investimento do governo não deu certo, e deveria ser cortado.

"Se você tem um sistema de gastos transparente, tem uma forma de controle que procura ver o que o gestor fez com o dinheiro", observa. "Estou no BNDES e dei dinheiro para essas empresas: elas fizeram a renda daquela região crescer ou não? As pessoas vivem melhor ou não?", questiona.

Para ele, o país não avançou "uma vírgula" nessas questões institucionais sob Dilma. "Mas, para ser sincero e justo, eu não vejo também em nenhum programa dos partidos de oposição no nível federal grandes avanços nesse sentido."

*Esta reportagem foi publicada originalmente em 18 de abril de 2016 e atualizada na manhã desta quinta-feira (12 de maio)

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Temer se torna presidente interino e anuncia 21 ministros

Temer se torna presidente interino e anuncia 21 ministros
quinta-feira, 12 de maio de 2016
 Presidente interino da República, Michel Temer. REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Michel Temer assumiu interinamente nesta quinta-feira a Presidência da República e já anunciou, por meio de sua assessoria, 21 novos ministros, entre eles Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

Temer foi comunicado nesta manhã da decisão do Senado de dar andamento ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e o consequente afastamento dela do cargo por até 180 dias.

A comunicação foi feita pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário do Senado, no Palácio do Jaburu, logo após o parlamentar ter entregue a Dilma no Palácio do Planalto a notificação sobre a decisão do Senado.

Segundo o senador, ao receber o comunicado, Temer "se comportou de forma, como sempre, muito elegante, muito receptivo e muito esperançoso", tendo vários novos ministros, entre eles Padilha e Meirelles, ao seu lado.

Pouco depois, sua assessoria divulgou a lista com os ministros já definidos, que tomarão posse nesta tarde. Temer deve fazer uma breve pronunciamento.[nE6N17K01P][nL2N18812N]

Segundo Padilha, o presidente interino deve apresentar nesta tarde os rumos do novo governo. A partir de amanhã, segundo Padilha, Meirelles e outros ministros anunciarão medidas.

De acordo com Jucá, o presidente interino provavelmente realizará sua primeira reunião ministerial já na sexta-feira.

A decisão do Senado de dar prosseguimento ao processo de impeachment de Dilma e, por consequência, afastar a petista do cargo por até 180 dias foi tomada nesta manhã, por 55 votos a favor e 22 contra, em uma sessão que virou a madrugada e teve quase 21 horas de duração.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Cesar Raizer)

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Afastada, Dilma reafirma ser alvo de golpe e diz que lutará para voltar à Presidência

quinta-feira, 12 de maio de 2016
 Presidente Dilma Rousseff em pronunciamento no Palácio do Planalto. REUTERS/Adriano Machado

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente afastada Dilma Rousseff reafirmou nesta quinta-feira que acredita ser vítima de golpe e que lutará até o fim para voltar ao comando do Executivo, classificando o processo de impeachment contra ela de uma "farsa jurídica e política" e negando ter cometido qualquer irregularidade para justificar seu impedimento.

"Posso ter cometido erros, mas jamais cometi crimes", disse Dilma em sua última fala antes de deixar o Palácio do Planalto, logo após receber a notificação da decisão do Senado.

Dilma afirmou que vai lutar "com todos os instrumentos legais de que disponho" para exercer seu mandato até o fim.

O Senado aprovou mais cedo nesta manhã a abertura do processo de impeachment contra Dilma, que agora fica afastada da Presidência da República por até 180 dias. O aval para andamento do processo foi dado por 55 votos a favor e 22 contra, e agora o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, assume interinamente a Presidência.

No pronunciamento à imprensa, Dilma estava acompanhada de 26 de seus ministros e assessores mais próximos, incluindo todos os petistas, além de Nelson Barbosa (Fazenda), Eugênio Aragão (Justiça) e o embaixador Mauro Vieira --todos exonerados.

A presidente afastada chegou ao salão Leste do Planalto às 11h15 horas e falou por 15 minutos.

"O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato, o que está em jogo é o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição", disse Dilma, repetindo um mantra usado desde a aceitação do pedido de abertura de processo de impeachment contra ela pela Câmara dos Deputados, em dezembro.

"O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média", acrescentou, referindo-se ao governo do PT. Dilma é acusada de crime de responsabilidade por atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por conta do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais, e pela edição de decretos com créditos suplementares sem autorização do Congresso.

Para a defesa, as pedaladas não constituíram operação de crédito junto a instituições financeiras públicas, o que é vedado pela lei, e os decretos serviram apenas para remanejar recursos, sem implicar em alterações nos gastos totais.

"Tratam como crime um ato corriqueiro de gestão... Meus acusadores sequer conseguem dizer que ato teria praticado", afirmou Dilma. "Jamais, em uma democracia, o mandato legítimo de um presidente eleito poderá ser interrompido por atos legítimos de gestão orçamentária."

Em suas últimas horas como presidente, Dilma saiu do Palácio do Alvorada pouco após às 9h30 para esperar em seu gabinete o senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário da Mesa do Senado, com sua intimação de afastamento. Pouco antes, deputados e senadores do PT e do PcdoB chegaram ao Planalto para acompanhar a saída de Dilma.

O senador encarregado de comunicar oficialmente à presidente que precisaria deixar o cargo chegou ao Planalto perto das 11h da manhã, pela garagem, depois de ficar vários minutos preso no engarrafamento na Esplanada dos Ministérios.

Do lado de fora do Planalto, alguns milhares de manifestantes aguardavam a saída da presidente afastada, em um último ato de apoio ao governo que termina.

Dentro do Planalto, os rostos demonstravam a tristeza e a decepção pelo resultado do processo no Senado. Uma senhora, com um buquê de rosas vermelhas para Dilma, não conseguiu conter o choro.

Dilma, logo após seu pronunciamento, desceu para o primeiro andar do Planalto e saiu pela porta da frente. Foi até a ponta da rampa, onde um púlpito foi montado para que fizesse um último discurso para apoiadores.

De lá, Dilma vai de carro até o Alvorada, onde continuará morando até o fim do processo de impeachment.


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Impeachment de Dilma é o fim da era PT

Impeachment de Dilma é o fim da era PT

03/12/2015 Alessandro Lyra Braga |

Impeachment de Dilma é o fim da era PT Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou na noite desta quarta-feira que vai abrir um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff uma nova fase pairou sobre o país: o fim da nefasta “era” PT.

O pedido de impeachment, feito pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Flávio Costa, fora protocolado em outubro por líderes da oposição. O documento baseia-se nas pedaladas fiscais (negadas inicialmente pelo governo, mas já admitidas por Lula), que, segundo o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TCU), voltaram a se repetir em 2015, ano que nossa economia foi para um buraco que de tão fundo, só em muitos anos de árduo trabalho sairemos dele. Aliás, o que este governo de melhor fez foi destruir o país. Destruiu o país economicamente, politicamente e moralmente. Foi e, infelizmente, ainda está sendo o maior exemplo de irresponsabilidade e incompetência que já tivemos. Hoje, somos vistos pelo mundo como a pátria da corrupção.

Nossa história, desde que tivemos a presença do Estado português, é repleta de casos de corrupção. No entanto, nunca tivemos no governo um partido que tivesse como projeto se perpetuar no poder e de forma tão nefasta. Até os governos militares, apesar de inúmeros pontos negativos quanto às liberdades democráticas, por exemplo, tiveram um projeto de crescimento para o país. Tanto isto é verdade que hoje muitos são os brasileiros pedindo a intervenção militar no país, pois estão saturados com tanta corrupção e descaso com os anseios da população.

Agora muitos acusam de Cunha de ter usado o impeachment como forma de se salvar, o que ele descartou, afirmando que abrir o processo de impeachment não foi uma forma de retaliação, já que a decisão foi de “natureza técnica”. Antes que me acusem de estar defendendo Cunha, que salientar que não o defendo de nenhuma das acusações que pairam sobre ele, nem nunca tive por ele a menor simpatia. A verdade é que há motivos sim para impeachment e é da vontade do povo.

Além de todas as mazelas e mentiras apregoadas pelos governos petistas, querer empurrar pela nossa goela abaixo a volta da CPMF, por exemplo, para cobrir rombos que a irresponsabilidade do governo Dilma causou é transferir a solução dos problemas para o povo, sem nenhum prejuízo a quem os causou. Num país sério isto seria motivo de renúncia coletiva do governo. Aliás, este seria um ato de quem tem vergonha na cara, o que não é característica de nossa classe política.

Muita água ainda vai rolar até a saída definitiva de Dilma Rousseff da presidência. O ideal é que ela renunciasse ao governo e poupasse o país de mais angústia e sofrimentos, pois só com sua saída a economia se recuperará. Mas duvido que isto aconteça. Será uma troca de insinuações pra cá e pra lá, até que o desfecho possa acontecer. É o jeito petista de se manter no poder.

*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.

http://www.debatesculturais.com.br/