Por Ana Lucia Santana
Isadora Duncan era o pseudônimo artístico de Dora Ângela Duncanon, nascida a 27 de maio de 1877, em São Francisco, no seio dos EUA. Ela foi influenciada profundamente pelo ambiente no qual nasceu, uma vez que era filha do poeta Joseph Charles e da pianista e professora musical Dora Gray Duncan. Seus pais eram divorciados, e assim a futura bailarina foi criada pela mãe, ao lado de mais três irmãos. Embora sua infância fosse marcada pela pobreza, a educação foi considerada pela figura materna como algo primordial, sempre complementada por aulas particulares de literatura, poesia, música e artes plásticas.
Aos quatro anos, Isadora passou a cursar balé clássico, e quando adolescente ela se exibia publicamente ao lado dos irmãos, acompanhada pelo piano de sua mãe. A futura profetisa da dança moderna logo apresentou uma natureza rebelde, sempre muitos passos á frente de sua época. Ela não tardou a questionar os parâmetros rígidos e tradicionais do balé clássico então vigente, que reservava às mulheres apenas um papel coadjuvante, no qual eram constantemente conduzidas e protegidas pelos homens.
Menina precoce, já revelava uma tendência singular aos onze anos, instituindo já neste momento um estilo coreográfico próprio, e transmitindo-o a quem estivesse interessado nesta técnica inovadora. Ela se inspirava nos movimentos da Natureza e nas posturas assumidas pelas esculturas da Antiga Grécia, buscando constantemente a máxima liberdade na dança e na vida. Assim, ela optou por dançar descalça e com o corpo coberto apenas por túnicas de seda. As músicas escolhidas também eram subversivas, pois na época peças de Chopin e Wagner não eram aprovadas para a prática coreográfica, reservadas apenas para a audição humana.
Isadora precedeu o movimento de ruptura que se instauraria no âmago do balé, privilegiando a leveza desta arte, a energia que emana da alma através da expressão corporal, sendo assim dispensável qualquer adorno. Ela considerava o balé uma arte artificial, preocupada em excesso com simetrias geométricas, enquanto ela preferia uma dança impregnada de gestos nada simétricos e sem prévia preparação.
A bailarina ousa na vida, ao deixar os Estados Unidos e partir para a União Soviética, à procura da liberdade de que tanto necessita, no trabalho e na esfera afetiva, na qual demonstra constante instabilidade emocional. E subverte igualmente nas coreografias, inspirando-se nas danças sagradas da Grécia Antiga. Os cenários eram igualmente despojados, geralmente decorados apenas com uma cortina azul. Seu trajeto profissional se desenrolou principalmente nos palcos europeus, em princípios do século XX, quando ela brilhou intensamente, principalmente pela curiosidade despertada em torno de sua técnica inovadora e também por sua vida tumultuada e intensa.
Isadora morreu cedo, pouco tempo após a publicação de sua autobiografia Minha Vida, vítima de um acidente trágico, quando ao partir em seu carro conversível, sua echarpe prendeu-se nas rodas do veículo, asfixiando-a. Ela partiu no auge do sucesso, mas deixou como herança um estilo seguido até hoje por muitas bailarinas ao redor do planeta.
Dados da Nasa mostram que seca no Brasil é pior do que se pensava
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Vista parcial do sistema Cantareira em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, em janeiro. 28/01/2015 REUTERS/Roosevelt Cassio
TORONTO, Canadá (Thomson Reuters Foundation) - Novos dados de satélite mostram que a seca no Brasil é pior do que se pensava, com o Sudeste perdendo 56 trilhões de litros de água em cada um dos últimos três anos, disse um cientista da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa) nesta sexta-feira.
A pior seca do país nos últimos 35 anos também tem levado o Nordeste brasileiro, região maior, mas menos povoada, a perder 49 trilhões de litros de água a cada ano nos últimos três anos, comparando com os níveis normais, afirmou o hidrólogo da Nasa, Augusto Getirana.
Os brasileiros estão bastante conscientes da seca, dado o racionamento de água, blecautes e reservatórios vazios em partes do país, mas esse é o primeiro estudo que documenta exatamente a quantidade de água que tem desaparecido dos lençóis de água e reservatórios, disse Getirana.
"É muito maior do que eu imaginava", disse Getirana à Thomson Reuters Foundation. "Com as mudanças climáticas, isso vai acontecer com mais e mais frequência."
O sistema da Cantareira, que fornece água para 8,8 milhões de moradores de São Paulo, tinha, por exemplo, menos de 11 por cento da sua capacidade no ano passado, segundo autoridades locais.
A pesquisa de Getirana, publicada nesta semana no Journal of Hydrometeorology, tem como base 13 anos de informações dos satélites Recuperação da Gravidade e Experimento Climático (Grace, na sigla em inglês) da Nasa, que circulam a Terra detectando mudanças no campo de gravidade causadas pelos movimentos da água no planeta.
O país não tem uma falta de água absoluta, afirmou o pesquisador. O problema é que as regiões muito povoadas, particularmente o Sudeste, dependem de aquíferos e reservatórios locais, que não estão sendo reabastecidos devido à seca.
Teoricamente, a água pode ser transportada de outras partes do país para cidades afetadas, disse ele, mas os custos financeiros e logísticos seriam enormes.
As novas informações de satélite devem representar um chamado de alerta para os políticos gerenciarem melhor a água e atuarem em relação às mudanças climáticas para lidar com a crise, declarou Getirana.
Os dados não permitem que os pesquisadores façam previsões de quanto tempo a seca vai durar, disse ele, acrescentando que os níveis de água continuaram a cair nos últimos meses.
Zlata Filipović (Sarajevo, 3 de dezembro de 1980) é a autora do livro O diário de Zlata, no qual conta os horrores que presenciou durante a guerra em Sarajevo, de 1991 a 1993.
Biografia
Durante a infância em Sarajevo, Zlata, filha única de Malik e Alica Filipovic (advogado e engenheira química, respectivamente), costumava ter aulas de piano e canto no coral, gostava de jogar tênis durante o verão e praticar esqui durante o inverno.
Ao contrário de muitos amigos e familiares que deixaram Sarajevo com a chegada da guerra, em 1992, Zlata e os seus pais tomaram a decisão de ficar juntos. O modo de vida tornou-se primitivo, sem água, eletricidade nem gasolina, e os suprimentos de comida eram extremamente limitados. Na época, a UNICEF estava pedindo às crianças que tivessem mantidos diários durante a guerra para que mostrassem seu trabalho. Através da escola de Zlata, seu diário foi descoberto e selecionado para publicação em julho de 1993. Quase imeditamente, o diário recebeu enorme publicidade e Zlata foi proclamada a "Anne Frank de Sarajevo", um título que sempre a deixou desconfortável, porque, diferentemente de Anne, ela teve a sorte de sobreviver. Zlata e sua família refugiaram-se em Paris em dezembro de 1993. Após passar uma temporada na Inglaterra, transferiram-se para Dublin, na Irlanda.
Em 2001, Zlata obteve bacharelado em ciência humanas pela Universidade de Oxford, e em 2004, mestrado na área de saúde pública em estudos da paz internacional pelo Trinity College, em Dublin. Foi convidada por diversas escolas e universidades em todo o mundo para falar sobre sua experiência, e já trabalhou em diversas ocasiões com diferentes organizações, como a Casa Anne Frank, a ONU e a UNICEF, além de ter sido três vezes jurada do Prêmio de Literatura para Crianças e Jovens em nome da Tolerância, da UNESCO.
Em 2008 publicou Vozes Roubadas - Diários de Guerra, e esteve no Brasil divulgando o novo livro.
Referências
O Diario de Zlata - A Vida de Uma Menina na Guerra
Filipovic, Zlata
Cia Das Letras
Sobre o produto
Zlata Filipovic começou seu diário pouco antes de completar onze anos. Oito meses depois, eclode a guerra na Bósnia-Herzegóvina. Durante dois anos ela registra o terror ao seu redor e, com uma surpreendente clareza mental, mostra-nos como. Zlata Filipovic começou seu diário pouco antes de completar onze anos. Oito meses depois, eclode a guerra na Bósnia-Herzegóvina. Durante dois anos ela registra o terror ao seu redor e, com uma surpreendente clareza mental, mostra-nos como a selvageria invadiu o seu cotidiano.
Helmut Josef Michael Kohl GCC • GCIH (Ludwigshafen am Rhein, 3 de abril de 1930) é um político alemão, chanceler do país de 1982 a 1998. É católico e democrata cristão.
Kohl participou na fase final da Segunda Guerra Mundial como jovem soldado. Juntou-se à CDU em 1947. Depois decidiu tirar um Doutoramento em História. De 1969 a 1976 foi Primeiro-Ministro do Estado da Renânia-Palatinado, e posteriormente tornou-se membro do Parlamento Federal para se tornar o líder da oposição da CDU contra o governo liderado pelo SPD da altura.
A 1 de Outubro de 1982 sucedeu a Helmut Schmidt como Chanceler através de um Voto Construtivo de Inconfidência, o único da história da Alemanha do pós-guerra até à data. Kohl tem o recorde de ser o Chanceler da Alemanha durante mais tempo desde Otto von Bismarck, até ter sido sucedido por Gerhard Schröder a 27 de Outubro de 1998, depois de uma vitória do SPD nas eleições federais de 1998.
A 14 de Maio de 1984 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Em 1983, deu inicio a um processo de privatizações com a venda de ações da Volkswagen, da VEBA (setor elétrico e indústria química) e da Deutsche Lufthansa (aviação) .
Helmut Kohl em 1990.
Helmut Kohl orientou o processo de integração da República Democrática Alemã e da República Federal da Alemanha, que teve início em 1990. Teve o arrojo de assumir esse grande desígnio político, mas enfrentou também as dificuldades sociais e económicas (a elevada taxa de desemprego, por exemplo) que o processo de integração acarretou. Ao mesmo tempo, foi considerado um dos grandes arquitectos da União Europeia e uma das individualidades essenciais na tomada de decisões a este nível no Velho Continente.
Em 1990 foi o grande obreiro da unificação alemã.
A 13 de Agosto de 1998 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[3]
Sua mulher Hannelore, que padecia há alguns anos de uma alergia à luz, cometeu suicídio em 5 de Julho de 2001. Kohl casou em 8 de Maio de 2008 com Maike Richter, com quem tinha relação estável desde 2005.
Parecer técnico da Câmara vai recomendar que pedido de impeachment seja aceito, dizem fontes
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Presidente Dilma Rousseff no Palácio presidencial em Helsinque, na Finlândia. 20/10/2015 REUTERS/Jussi Nukari/Lehtikuva
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse a aliados nesta terça-feira que já está quase pronto um parecer da área técnica da Casa, recomendando que seja aceito o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff formulado por juristas e apoiado pela oposição, segundo duas fontes consultadas pela Reuters.
De acordo com uma dessas fontes, o presidente da Câmara “deu a entender”, ainda, que poderá acatar o parecer caso o Ministério Público peça o seu afastamento do cargo. Cunha não tem a obrigação de seguir a recomendação da área técnica.
A assessoria de imprensa do deputado afirmou que o presidente da Câmara não recebeu “qualquer” parecer da área técnica sobre pedidos de impeachment pendentes.
“Cunha reitera que cabe a ele a decisão sobre o andamento dos processos independente da orientação jurídica”, disse a assessoria do parlamentar em nota.
O deputado é alvo de uma denúncia e de um inquérito apresentado pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal. Na denúncia o MPF o acusou de ter recebido ao menos 5 milhões de dólares em propinas do esquema de corrupção na Petrobras, o que Cunha nega.
Segundo as duas fontes que pediram anonimato, o parecer sobre o impeachment é favorável à petição formulada por Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr., com base em decretos de suplementação orçamentária editados pelo governo sem submetê-los ao Congresso Nacional.
A Secretaria-Geral da Mesa da Câmara não confirmou a informação à Reuters e disse que os estudos sobre a peça, de mais de 3 mil páginas, ainda não foram concluídos.
Mais cedo, o presidente da Câmara havia dito a jornalistas que a baixa popularidade de Dilma não representa motivo para a abertura de um processo de impeachment, assim como já declarou que as manobras fiscais condenadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), as chamadas “pedaladas”, também não configurariam um argumento suficiente por si só para um impedimento de Dilma.
Além de incluir a recomendação do TCU pela rejeição das contas do governo do ano passado e denúncia do Ministério Público junto ao TCU de que as manobras teriam continuado em 2015, o pedido de impeachment redigido por Bicudo e Reale Jr. elenca decretos de liberação de verbas assinados pelo governo federal que não passaram pelo Congresso Nacional.
No Palácio do Planalto, a avaliação de uma fonte próxima à presidente é de que um parecer afirmar que o pedido de impeachment é legal não significa que existe razão para um processo de impedimento e é preciso “esperar para ver”.
“Não tem o que conversar agora”, disse a fonte sobre as ameaças do presidente da Câmara de levar adiante o pedido se o MP pedir seu afastamento. “Precisamos esperar para ver. Se for aceito teremos que ir para o embate no voto”, acrescentou.
PF tem nova fase da operação Zelotes e faz busca em empresa de filho de Lula
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Carro da Polícia Federal no Rio de Janeiro. 28/07/2015 REUTERS/Sergio Moraes
Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão nesta segunda-feira em uma empresa de marketing esportivo de propriedade de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de nova fase da operação Zelotes, que investiga fraude em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda.
A Polícia Federal afirmou, por meio da assessoria, que não divulgaria detalhes sobre os alvos da nova etapa da operação. Uma fonte da PF, que pediu para não ser identificada, confirmou a ação de busca e apreensão em empresa do filho de Lula, mas não tinha detalhes sobre a suposta ligação com o esquema investigado pela Zelotes.
A nova etapa da operação, segundo a PF, aponta que um consórcio de empresas, além de promover a manipulação de processos e julgamentos dentro do Carf, também negociava incentivos fiscais a favor de empresas do setor automobilístico.
"As provas indicam provável ocorrência de tráfico de influência, extorsão e até mesmo corrupção de agentes públicos para que uma legislação benéfica a essas empresas fosse elaborada e posteriormente aprovada", disse a polícia em nota.
Segundo reportagem do jornal o Estado de S. Paulo, uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva recebeu pagamento de um lobista investigado por supostamente ter negociado a aprovação de uma medida provisória durante o governo Lula que prorrogou incentivos fiscais ao setor automotivo.
A defesa do filho do ex-presidente afirmou, por meio de nota, que as duas empresas em nome de Luís Cláudio, a Touchdown Promoção de Eventos Esportivos e a LFT Marketing Esportivo, "jamais tiveram qualquer relação, direta ou indireta" com o Carf.
"No caso da LFT Marketing Esportivo, que se viu indevidamente associada à edição da MP 471 –alvo da Operação Zelotes-, a simples observação da data da constituição da empresa é o que basta afastá-la de qualquer envolvimento com as suspeitas levantadas. A citada MP foi editada em 2009 e a LFT constituída em 2011", afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins em comunicado.
A operação Zelotes tem como objetivo investigar e desarticular organizações criminosas que atuavam na manipulação do trâmite de processos e resultados de julgamentos do Carf, de acordo com a polícia. Nova fase da ação foi deflagrada nesta segunda-feira para cumprimento de 33 mandados judiciais, sendo 6 de prisão, 18 de busca e apreensão e 9 de condução coercitiva nos Estados de São Paulo, Piauí, Maranhão e Distrito Federal.
De acordo com a fonte da PF, entre os presos nesta segunda-feira está o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva.
Segundo o Ministério Público Federal, 74 julgamentos realizados entre 2005 e 2013 pelo Carf que estão sendo analisados somam 19,6 bilhões de reais que deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos.
Alunos 3ºAno Médio/Performance em ritmo de alegria e descontração e preparação para o ENEM neste fim de semana. ( Areópago)
É garotada do 3ºAno Médio/Performance mais um ciclo da vida dos senhores está terminando para começar um novo limiar de uma nova trajetória que começará com o exame do ENEM neste fim de semana e possivelmente com a ingressão de todos vocês na universidade. Estamos torcendo e acreditamos no sucesso de cada um vocês. Está com vocês ao longo desses anos foi um orgulho para todos nós professores. Por isso só temos um sentimento que é desejar boa sorte nesta nova jornada de suas vidas. Queridos acreditem que tudo é possível e antes de tudo lembrem-se que vocês são o futuro brilhante do nosso país. Porque um país só tem futuro quando acreditamos e investimos em nossa juventude. E todos vocês são capazes de vencer. Boa sorte! São os sinceros votos de todos os professores e profissionais do UI/Performance. Alea jacta est ( A sorte está lançada) Com carinho de todos os professores e em especial do Tio Alarcon.
Papéis atribuídos a Cunha comprovariam contas na Suíça, diz TV
Do UOL, em Brasília 16/10/2015
Autoridades do governo da Suíça enviaram à PGR (Procuradoria Geral da República) supostas cópias do passaporte, assinatura e dados pessoais do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comprovariam que a existência das contas atribuídas a Cunha no país europeu. Os papéis foram exibidos pelo "Jornal Hoje", da TV Globo, na tarde desta sexta-feira (16). Eduardo Cunha nega ter contas no exterior.
Os documentos fazem parte do pedido de inquérito contra Cunha, sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz, e a filha do parlamentar, Danielle da Cunha, que foi encaminhado pela PGR e autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta-feira (15). Cláudia já foi apresentadora do Jornal Hoje, veículo que agora a denuncia.
De acordo com a reportagem, as contas de Cunha na Suíça receberam depósitos de pelo menos 4,8 milhões de francos suíços e US$ 1,3 milhão, equivalentes a R$ 23,8 milhões. Segundo a PGR, há indícios de que a origem dos recursos foi o pagamento de propina no esquema investigado pela operação Lava Jato.
Ainda de acordo com a reportagem, investigadores da PGR afirmam que os documentos encaminhados pelas autoridades suíças indicam que Cunha era mesmo o benefício das contas secretas, elo que ainda não estava delineado nas denúncias anteriores.
Entre os documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça estão cópias do passaporte de Cunha, Cláudia Cruz e Danielle Cunha, do visto concedido pelos Estados Unidos para a entrada de parlamentar no território americano e uma autorização de investimentos relativa à uma das contas em que há o registro de uma assinatura do presidente da Câmara.
Segundo com a TV, na documentação estão dados pessoais como nome completo, data de nascimento e endereço em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Em um dos cadastros, a correspondência da conta atribuída a Cunha é enviada a endereço nos Estados Unidos porque o cliente teria informado ao banco que vive em país em que não há serviço postal seguro. Em outro cadastro, Cunha teria informado que deseja trabalhar na Suíça.
As investigações realizadas pelo Ministério Público da Suíça e pela PGR indicam que Cunha manteve quatro contas no país europeu e que elas foram abertas entre 2007 e 2008. Duas delas teriam sido fechadas entre abril e maio de 2014, logo após as primeiras prisões realizadas pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos da Petrobras e da Eletronuclear.
A apresentação de documentos que comprovam a abertura de contas em favor de Cunha e sua família no exterior acontece na mesma semana em que o PSOL e a Rede denunciaram o parlamentar junto ao Conselho de Ética da Câmara.
Cunha é acusado de ter mentido durante seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, em março deste ano. Na ocasião, Cunha negou ter contas no exterior.
Desde que as primeiras informações sobre as supostas contas de Cunha na Suíça foram reveladas, o presidente da Câmara tem evitado se manifestar sobre o assunto. Ele emitiu duas notas oficiais nas quais nega ter tido contas no exterior e reiteira o depoimento prestado à CPI da Petrobras.
Em agosto deste ano, a PGR denunciou Cunha por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.
A reportagem do UOL ligou para o telefone celular do advogado de Eduardo Cunha, Antônio Fernando de Souza para comentar o assunto, mas ele não atendeu às chamadas.
Morre coronel Ustra, ex-chefe do DOI-Codi durante a ditadura
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília 15/10/2015
Sérgio Lima - 10.mai.2013 - /Folhapress
O coronel reformado e ex-comandante do DOI-CODI em SP Carlos Alberto Brilhante Ustra presta depoimento à Comissão da Verdade
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu na madrugada desta quinta-feira (15) aos 83 anos no hospital Santa Helena, em Brasília.
O coronel chefiou, entre 1970 e 1974, o DOI-Codi de São Paulo, um dos principais centros de repressão do Exército durante a ditadura, e era acusado de ter comandado torturas a presos políticos.
O DOI-Codi foi o maior órgão de repressão aos grupos de esquerda contrários à ditadura militar (1964-85).
Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital no final da manhã, Ustra morreu às 4h45 desta quinta-feira, em razão de falência múltipla de órgãos provocada por um grave quadro de pneumonia. Ele estava internado na UTI do hospital desde 24 de setembro.
À Comissão da Verdade, Ustra negou tortura
Em depoimento à Comissão da Verdade em 2013, o coronel afirmou que a presidente Dilma Rousseff pertenceu a quatro "organizações terroristas".
Ustra disse ainda que, se não fossem os militares, o Brasil estaria sob uma "ditadura do proletariado".
Ainda no depoimento à CNV, ele negou ter praticado tortura. O militar disse que obedecia a ordens superiores e não havia "nenhum anjinho" preso ali. "Quem deveria estar aqui é o Exército brasileiro", disse. "Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei." Em muitos momentos do depoimento, Ustra se limitou a dizer que as respostas ele havia dado nos livros que publicou.
Retomada de ação
Em junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a retomada de ação contra Ustra na Justiça Paulista na qual o coronel é acusado de sequestro e cárcere privado de um ex-preso do DOI-Codi.
Levantamento do projeto "Brasil: Nunca Mais" aponta 502 casos de tortura no DOI-Codi no período em que o órgão esteve sob o comando do coronel.
Em 2008, Ustra se tornou o primeiro militar a ser declarado pela Justiça como responsável por casos de tortura praticados durante o regime militar e, em 2012, foi o primeiro agente da ditadura condenado a pagar indenização a parentes de uma vítima da repressão, no caso do jornalista Luiz Eduardo Merlino. O coronel recorria à Justiça em ambos os casos.
Lula nega tráfico de influência e diz se "orgulhar" de palestras no exterior
Do UOL, em Brasília 15/10/2015
Juliana Knobel - 24.jun.2014/Frame/Agência O Globo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em palestra para empresários dos países da União Europeia
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) prestou depoimento de forma voluntária nesta quinta-feira (15) ao Ministério Público Federal, em Brasília, segundo informou o Instituto Lula.
Segundo a nota do instituto, o ex-presidente esclareceu palestras e viagens ao exterior que estão sob investigação no MPF e disse que as mesmas são "motivo de orgulho". "Lula respondeu às perguntas do procurador e argumentou que os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior. Afirmou também que para ele isso é motivo de orgulho. Disse que todas as suas palestras feitas estão declaradas e contabilizadas, com os devidos impostos pagos, e que jamais interferiu na autonomia do BNDES e nas decisões do banco sobre concessões de empréstimos", afirma a nota.
Em julho, o MPF do Distrito Federal abriu um inquérito para investigar o suposto tráfico de influência do ex-presidente junto a políticos de outros países para conseguir contratos para a construtora Odebrecht. As obras investigadas pelo MPF seriam financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Lula nega.
"Nesta quinta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esteve com o Procurador da República, Ivan Cláudio Marx, e prestou voluntariamente depoimento acerca do inquérito aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPF-DF) pedindo esclarecimentos a respeito das palestras e viagens ao exterior do ex-presidente.
Lula respondeu às perguntas do procurador e argumentou que os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior. Afirmou também que para ele isso é motivo de orgulho. Disse que todas as suas palestras feitas estão declaradas e contabilizadas, com os devidos impostos pagos, e que jamais interferiu na autonomia do BNDES e nas decisões do banco sobre concessões de empréstimos. Em seu depoimento afirmou: "quem desconfia do BNDES não tem noção da seriedade da instituição". Lula ressaltou "jamais ter interferido" em qualquer contrato celebrado entre o BNDES e empresas privadas. Mas que sempre procurou ampliar as oportunidades de divulgação dessas companhias no exterior, com vistas à geração de empregos e de divisas para o Brasil."
Lobby para empreiteira
As relações entre o ex-presidente Lula e a Odebrecht têm estado sob suspeita nos últimos meses.
Em setembro deste ano, veio à tona a troca de e-mails do empresário Marcelo Odebrecht e seus executivos que revela a proximidade da maior empreiteira do país com o petista, seus assessores e ministros e as tratativas para atuação do ex-presidente em defesa dos interesses da construtora em negócios dentro e fora do Brasil. Em um e-mail, segundo avaliação da PF, Odebrecht e dois executivos da empreiteira, Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, conversam com o então ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes (do Brasil e da Namíbia) e que 'PR fez o lobby', provável referência ao presidente Lula", registra análise prévia feita pela PF.
Em abril, uma reportagem do jornal "O Globo" revelou que a Odebrecht pagou viagens do ex-presidente Lula para três países: Cuba, República Dominicana e Estados Unidos. Segundo a empreiteira, as viagens faziam parte da agenda do presidente na República Dominicana, onde Lula fez uma palestra paga pela Odebrecht.
Entre as pessoas com quem Lula viajou durante esse trajeto estaria Alexandrino Alencar, diretor de Relações Institucionais, preso pela operação Lava Jato e apontado por delatores do esquema como o responsável pelo pagamento de propinas da empresa no exterior. A operação Lava Jato investiga irregularidades em contratos da Petrobras com grandes empreiteiras, entre elas a Odebrecht.
Segundo as investigações, parte do dinheiro desviado por meio de contratos superfaturados era direcionada a partidos e políticos. Os investigadores estimam que os desvios na Petrobras cheguem a R$ 10 bilhões.
No início do mês, o ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a Polícia Federal a colher depoimento do ex-presidente como "informante" nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras. O pedido para ouvir Lula, feito pela PF, teve parecer favorável por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, semana passada.
De acordo com o MPF, somente ao final do inquérito é que os procuradores federais poderão decidir se oferecem ou não uma denúncia contra o ex-presidente junto à Justiça Federal.
(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que o país deve aproveitar as oportunidades criadas pela desvalorização do real, tanto do lado das exportações como na substituição de importações.
"Se o câmbio se desvalorizou, é hora de nós apostarmos no que já está acontecendo, que é o aumento das nossas exportações", disse Dilma em discurso durante cerimônia de inauguração do Laboratório de Biotecnologia Agrícola do Centro de Tecnologia Canavieira, em Piracicaba (SP).
O dólar saltou quase 50 por cento em relação ao real neste ano até terça-feira, refletindo a apreensão dos investidores com a crise política e econômica brasileira e a pespectiva de elevação dos juros nos Estados Unidos, que reduziria a atratividade de investimentos em países emergentes.
"Essa desvalorização cambial, até porque nosso câmbio estava sem sombra de dúvidas extremamente valorizado, vai implicar numa alteração nas condições de substituição de importação", acrescentou a presidente.
A balança comercial brasileira reverteu o déficit do ano passado e registra no ano até setembro superávit de quase 3 bilhões de dólares. No entanto, a melhora do saldo comercial vem principalmente da queda das importações mais acentuada que das exportações, em meio à fragilidade da economia brasileira.
A presidente, que em evento de entrega de moradias mais cedo nesta quarta havia dito que seu governo está "tomando todas as medidas" para o Brasil voltar a crescer, defendeu em Piracicaba união para fazer as mudanças necessárias para a retomada econômica.
"Essa é a hora de nós nos unirmos e buscarmos fazer aquelas mudanças, aquelas alterações, aquelas iniciativas, aquelas obras que vão de fato construir as pontes que nos levarão para um outro estágio de desenvolvimento do nosso país", disse a presidente.
"O Brasil sem dúvida é mais robusto, mais resiliente, mais forte agora do que foi em qualquer um dos momentos anteriores", disse a presidente (Por Eduardo Simões, em São Paulo)
Leonid Ilitch Brejnev, em russo Loudspeaker.svg? Леони́д Ильи́ч Бре́жнев, transl. Leonid Ilitch Brejnev, pron. Lyeaníd Ilítch Bryéjnyév (Kamenskoe, 19 de Dezembro de 1906 — Moscou, 10 de Novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da liderança da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido o Soviete Supremo de 1977 até a sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do neoliberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neostalinista, por seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retomada das relações diplomáticas soviéticas com diversos países, as iniciativas de cooperação, junto das potências ocidentais, pela paz mundial e a criação de um bem-estar social em seu país, que entretanto potencializou a crise econômica que estremeceu a URSS. Ele também teve influente participação na expansão do socialismo a sua maior extensão, através do investimento em revoluções ao redor do globo.
Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder stalinista, tendo ele inclusive tentado uma má sucedida reabilitação do nome de seu antecessor Joseph Stalin.
Em termos culturais, deu fim às campanhas antirreligiosas iniciadas em 1958 e premiou o patriarca Pemeno I com a Ordem do Estandarte Vermelho, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a tradição cultural e religiosa da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.
Em 1972, foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz. Por suas contribuições na Grande Guerra Patriótica, recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética.
Morre de forma suspeita em 1982, provavelmente de overdose, estimulada por sua enfermeira, associada à polícia secreta, chefiada por Iuri Andropov, o presumido sucessor de Brejnev. Menos de dez anos após a sua morte, durante o governo de Mikhail Gorbatchov, uma crise tomaria conta da URSS, levando o país ao caos e posteriormente à desintegração. Por esse motivo, os anos Brejnev são muitas vezes lembrados como anos dourados.
Biografia
Inícios na política
Brejnev era filho de um metalúrgico russo. Apesar de sua ascendência russa, manteve fortes costumes ucranianos durante toda sua vida. Igual a outros jovens proletários dos tempos da Revolução Russa de 1917, realiza estudos técnicos em metalurgia. Em 1923 se inscreve na organização juvenil do Partido Comunista e em 1931 no próprio PCUS.
Em 1935-36 realiza seu serviço militar obrigatório. Primeiro se emprega em uma companhia de Cavaleiros, e segue cursos relacionados com os carros de combate antes de passar a exercer o cargo de comissário político. Depois, passa a ser o diretor do colégio técnico de metalurgia de Dniprodzerzhinsk. É encaminhado bastante cedo ao centro regional de Dniepropetrovsk e em 1939 se converte em secretário do Partido, a cargo das importantes indústrias pesadas de Defesa. Brejnev pertence a primeira geração de soviéticos que não conheceram a época anterior à Revolução Russa e incluso demasiado jovem para participar de verdade nas lutas sobre a sucessão de Lênin como líder revolucionário em 1924. Na época em que Brejnev entra no Partido, Josef Stalin já era o Secretário-Geral do Partido. Brejnev, como outros muitos jovens comunistas de sua época cresceu aceitando o stalinismo. Os que sobreviveram ao Grande Expurgo de 1937-39 alcançaram rapidamente diversas promoções,já que a eliminação de muita gente deixava livres muitos postos nos níveis altos e médios do Partido, do Governo e das Forças Armadas.
Em junho de 1941 a Alemanha nazi, que havia firmado um pacto de não-agressão com a União Soviética antes de se iniciar a Segunda Guerra Mundial, o rompe e inicia sua invasão. Assim como outros milhões de jovens, Brejnev é rapidamente chamado, em 22 de junho, e participa na evacuação das indústrias de Dniepropetrovsk . Tal como os membros de partido de nível médio, ingressa no Exército Vermelho como politruk, um comissário político. Em efeito, o Exército Vermelho seguia o princípio de duplo mando: todas as formações militares estavam às ordens de um militar profissional e de um comissário político. Esta organização não era do gosto dos militares. Em outubro, Brejnev se converte em delegado da administração política para a frente sul, com o cargo de Comissário de Brigada.
Em 1942, enquanto os alemães invadem a Ucrânia, Brejnev é destinado ao Cáucaso como delegado da administração. Em abril de 1943, se converte em chefe de departamento político do XVIII Exército. Nesse mesmo ano esse exército ruma até a frente ucraniana para apoiar ao Exército Vermelho que acabava de tomar a iniciativa de dirigir-se ao oeste através da Ucrânia. O comandante daquela linha de frente é Nikita Khrushchov, que ironicamente passa a ser um importante aliado de Brejnev durante os conflitos. Ao fim da guerra, Brejnev ocupa o posto de comissário político da IV Frente Ucraniana que entra em Praga, coincidentemente a mesma cidade que futuramente, já como líder da URSS, Brejnev autorizaria a invasão, em 1968.
Em agosto de 1946, deixa o Exército Vermelho com o grau de Comandante Geral. Desempenhou, durante toda a guerra, a função de comissário. Após participar nos projetos de reconstrução da Ucrânia, passa a ser o primeiro-secretário em Dniepropetrovsk. Em 1950 torna-se delegado do Soviete Supremo, o parlamento da URSS. Nesse mesmo ano, é nomeado primeiro-secretário do partido na Moldávia, território romeno que se incorpora à União Soviética pela primeira vez em 1940 e de modo definitivo em 1944. Em 1952, se converte em membro do Comitê Central e se apresenta como candidato para o Presidium do Comitê Central do PCUS, o politburô.
Escalada durante a era Khrushchev
Stálin morre em março de 1953 e a reorganização que segue elimina o Presidium do Comitê Central do partido para reconstruir um politburô mais reduzido. Apesar de não ser membro do politburô, Brejnev é nomeado chefe do diretório político do Exército e da Armada, com o grau de Tenente General, um posto de enorme importância. Esta promoção se deve provavelmente à imagem que Brejnev passou, durante a guerra, ao seu superior que agora Khrushchev sucedia a Stálin na chefia do Partido Comunista. Em 1955, é nomeado primeiro-secretário do Partido no Cazaquistão, um posto estratégico.
Em fevereiro de 1956, Brejnev é requerido em Moscou para controlar a indústria de Defesa. Com o programa espacial, a indústria pesada é a mais importante do país. Desse momento adiante, passa a ser um personagem chave, e em junho de 1957, apoia Khrushchov em sua luta contra a velha-guarda encabeçada por Viatcheslav Molotov, Gueórgui Malenkov e Lazar Kaganovitch pela direção do partido. A derrota da velha-guarda lhe abre as portas do politburô. Em 1959, Brejnev se converte em Segundo Secretário do Comitê Central, e em maio de 1960, obtém o cargo de Presidente do Presidium do Soviete Supremo, ou seja, de Chefe de Estado, cargo que lhe permitiu representar a URSS no exterior. Durante esse período, Brejnev passa a promover o seu cargo, que posteriormente se tornaria mais importante que a própria chefia do Partido Comunista.
Até 1962, aproximadamente, o posto de Khrushchev na liderança soviética permanece sólido, mas em vista da derrota na Crise dos mísseis, políticas demasiado liberais e diversos comentários inoportunos, os membros do partido começam a se preocupar com o futuro do país. Para piorar, aumento das dificuldades econômicas da União Soviética aumentou a pressão. Aparentemente, Brejnev segue leal a Khrushchev, mas em 1963 se vê implicado em uma conspiração iniciada pelo armênio Anastas Mikoyan, cujo objetivo é depor Khrushchev. Neste ano, sucede a Frol Kozlov na liderança do Comitê Central, e passa a ser, por esse posto, o sucessor oficial de Khrushchev. Em 14 de outubro de 1964, aproveitando as férias de Khrushchev, os conspiradores executam seu golpe de estado e o retiram do poder, instituindo um triunvirato, cuja versão soviética seria denominada troika. Brejnev se converte em chefe do PCUS, Alexey Kosygin em chefe de governo, e Mikoyan em chefe de estado, sendo sucedido, quatro anos depois, por Nikolai Podgorny.
Como líder soviético
Em um discurso comemorativo do XX Aniversário da Vitória sobre a Alemanha, em maio de 1965, Brejnev menciona pela primeira vez, desde 1953 e de maneira oficial, o nome de Stalin de modo positivo, contrariando o posicionamento de seu antecessor. Em abril de 1966, rebatizou a chefia do partido com o título de Secretário-Geral, o mesmo utilizado por Stalin. Ao mando de Iuri Andropov, a inteligência soviética, comandada pelo KGB, recuperou quase todo o poder de que havia desfrutado na época de Stalin, ainda que não chegasse aos excessos da época.
Ao alcançar o poder, sua política, em especial a internacional, se baseou em uma atualização do marxismo, vindo a ser chamada de Doutrina de Brejnev, ou Teoria da Soberania Limitada. Declarou que a União Soviética era o Estado responsável pela manutenção do comunismo, e que por essa razão, teria direito de intervir, inclusive militarmente, em países socialistas que demonstrassem qualquer tipo de dissidência que pudesse abalar o movimento comunista internacional. Com essa doutrina, o Estado soviético pôde justificar as intervenções na Tchecoslováquia, em 1968, e no Afeganistão, em 1979, lembrando o precedente de 1956 na Hungria. Essa foi a primeira crise da era Brejnev, que iniciou-se em julho daquele ano, quando Brejnev criticou publicamente alguns dirigentes checoslovacos, acusando-os de revisionistas e antissoviéticos, e em agosto, organizou a invasão do país pelas tropas do Pacto de Varsóvia e a substituição de Alexander Dubček. A invasão foi duramente criticada, inclusive por grupos socialistas.
No âmbito do mandato de Brejnev, que estabeleceu uma política de détente, com o objetivo de reparar as relações da URSS com os demais países do mundo, as relações com a República Popular da China, que vinham se deteriorando, tiveram um período de congelamento, o que permitiu a retomada de negociações econômicas e a tentativa de negociações políticas. Em 1965, o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai visitou Moscou para prosseguir com essas negociações, mas o conflito não se resolveu, levando ao enfrentamento entre tropas soviéticas e chinesas em diversas regiões fronteiriças. Contudo, Brejnev seguiu apoiando o Vietnã do Norte na Guerra do Vietnã, ao lado dos chineses. Por outro lado, o avanço nas relações entre China e Estados Unidos no princípio de 1971 marcou uma nova fase nas relações internacionais. Para evitar a formação de uma aliança entre os Estados Unidos e a China, Brejnev então mudou o foco, e iniciou uma série de negociações com os norte-americanos. Em maio de 1972, o presidente Gerald Ford visitou Vladivostok, e os líderes firmaram o SALT I. Os acordos de paz de Paris, em janeiro de 1973, fazem com que se finalizasse oficialmente a guerra do Vietnã, o que elimina um importante obstáculo nas relações entre os soviéticos e os norte-americanos. Para alguns analistas internacionais, o interesse dos EUA em negociações políticas com a China era justamente incentivar os soviéticos a realizarem acordos de paz. Para os soviéticos, entretanto, os acordos pacíficos foram interessantes, já que poderiam diminuir os gastos com armamentos e investir na indústria, que vinha crescendo, e posteriormente administrar melhor o orçamento, que crescia com a crise petrolífera. Favoravelmente, a URSS de Brejnev obteve êxito na aproximação com a Iugoslávia de Tito, que havia abandonado o próprio Comintern, durante o governo de Stálin.
Leonid Brejnev assina acordo de cooperação pacífica da energia atômica com Richard Nixon em 21 de junho de 1973, Washington
O ponto culminante na política de distensão, conhecida como détente ou razryadka, foi o tratado da Conferência de Helsinki de 1975, que determinava, de maneira categórica, as fronteiras europeias posteriores à Segunda Guerra Mundial.
Durante os anos 1970, a União Soviética alcança o máximo de seu poder político e estratégico com o escândalo do Watergate, e por meio de Cuba pode intervir inclusive militarmente na África[carece de fontes]. Pessoalmente, Brejnev consolida a sua posição interna. Em maio de 1976, é nomeado Marechal da União Soviética, e em junho de 1977, Podgorny se aposenta. Com isso, Brejnev unifica os cargos de chefe do partido e de Estado, tornando-se o líder supremo da URSS. Em 18 de junho de 1979 firma em Viena, junto ao Presidente Jimmy Carter, os acordos do SALT II, e de limitação de armas estratégicas norte-americanas e soviéticas.
O governo Brejnev
Foi o segundo mais duradouro mandato do partido: 18 anos, tempo só superado por Stálin, que governou por 31. Seu governo foi marcado por bloqueios a possíveis golpes e revoluções democráticas favoráveis ao capitalismo e aos interesses dos EUA que pudessem acontecer nos países socialistas que procuravam se libertar do regime comunista. Brejnev não pode ser considerado um governante extremamente comunista, já que defendia os interesses de seu país e de um sistema político muito mais que a própria ideologia. Por outro lado, ele não era, de forma alguma, liberal, uma vez condenando e atuando de forma intensa pelo fracasso do liberalismo e do capitalismo mundial. Foi o último chefe que conseguiu manter a estabilidade do socialismo real, tendo Mikhail Gorbachev assistido à ruína do país que estava incumbido de governar. Como estadista, Brejnev raramente calculava suas estratégias, como a exemplo da invasão do Afeganistão e do desperdício dos ganhos durante a crise do petróleo. Ainda assim, foi em muito responsável por transformar o Exército soviético no maior do mundo e administrar, por quase vinte anos, um país que mal havia se recuperado da guerra e tinha de enfrentar, desprezando as dificuldades, uma outra superpotência, que por sua vez já se encontrava estruturada. Brejnev é considerado um dos mais importantes e influentes chefes soviéticos, o que o faz ser comparado à imagem de Stálin.
Uma capacidade de Brejnev, reconhecida até mesmo pelos Estados Unidos foi a sua habilidade em promover uma imagem mais pacífica da União Soviética para o Ocidente, por meio de seu carisma e política internacional, aproximando seu país dos países ocidentais, diferentemente de Khrushchov, cuja ambição em se aproximar demais dos EUA acabou o tornando suspeito, tanto por parte de soviéticos quanto pelos americanos. Após 25 anos da morte de Brejnev, muitos dos russos consideravam a sua época como "boa", com um alto grau de bem estar, de acordo com enquetes. Economicamente, embora seu governo seja recorrentemente relacionado à estagnação, houve uma elevação no nível econômico das massas, com apenas 2,5% do povo fora da classe média, enquanto somente 1,5% da população encontrava-se abaixo do nível de pobreza.
Durante a gestão de Brejnev, junto à nova Constituição, o hino soviético ganhou uma nova letra, em 1977. A antiga letra do hino, que foi composto durante a guerra, fazia citações ao conflito, e portanto tornou-se defasado, passados mais de trinta anos desde o final da guerra. Com isso, foi instituída uma nova letra para o hino, que desta vez fazia referências à paz e a um futuro de união e prosperidade, bandeiras defendidas pela propaganda política de Brejnev. O hino seria abolido em 1991, com o fim da URSS, e recuperado em 2000, pelo presidente Vladimir Putin.
Relações com Reagan e Thatcher
De 1979 até sua morte, travou uma batalha suja com duas das maiores figuras conservadoras e anti-comunistas da época, Margaret Thatcher e Ronald Reagan, quando, cometendo uma gafe, rebaixou publicamente Thatcher e depois, em outra situação, difamou a Reagan e sua esposa Nancy, durante baterias de piadas e chacotas sobre a União Soviética lançadas por Reagan. Em 1979 durante uma assembleia aberta com chefes de governo na ONU, ofendeu Margaret Thatcher e sua política, quando esta lhe acusou, afirmando que até mesmo a família real e todo o povo britânico deveria sentir vergonha de tal representante.
Em uma conversa discreta e informal com Chernenko, Brejnev acabou deixando vazar ofensas e chulidades à primeira-ministra, logo após esta dizer durante o congresso que a política de paz de Brejnev era um mero disfarce e que a União Soviética era uma ameaça aos direitos humanos, referindo-se à Guerra do Afeganistão. Após a gafe, ele mudou o tom do discurso e afirmou que a política imperialista e de colonização feria os direitos humanos por pura natureza, acusando o governo inglês de colonizador e arcaico. O discurso final de Brejnev atraiu a atenção de muitos socialistas e humoristas ingleses e foi por muitos anos usado para criticar o regime de Thatcher.
Em 1981, logo na chegada de Ronald Reagan ao poder, Brejnev chegou a ser desafiado por piadas que criticavam o regime comunista, segundo Brejnev, "piadas infames de um presidente infame". Até a morte de Brejnev, os dois líderes trocaram ofensas, que envolviam inclusive, a esposa de Reagan. A idade avançada dos dois presidentes também era motivo de chacotas dos dois lados.
A Doutrina Brejnev
A Doutrina Brejnev, chamada também de Teoria da Soberania Limitada, ou simplesmente Brejnevismo, foi um conjunto de teses e teorias geopolíticas criado por Leonid Ilitch Brejnev, diante do novo quadro internacional que se encontrava a União Soviética. Consistia basicamente na defesa do direito da URSS de intervir em países cujo governo socialista estivesse sendo ameaçado por forças vinculadas ao liberalismo ou ao fascismo, por fatores externos ou internos.
A doutrina foi posta em prática pela primeira vez em 1968, durante as manifestações liberais na Tchecoslováquia, durante a chamada "Primavera de Praga". Na prática, a doutrina limitou a independência de partidos comunistas em todo o mundo, não permitiu a saída de qualquer estado do Pacto de Varsóvia, estabelecendo o monopólio político do Partido Comunista.
Esta doutrina, apesar de invocar a paz, incentivou diversas guerras em nome da hegemonia soviética, entre elas se encontram as bem sucedidas revoluções socialistas em Angola, Moçambique, Etiópia e Nicarágua, a invasão do Afeganistão a pedido do então governo socialista, a Guerra do Vietnã, o apoio à Indira Gandhi na Guerra do Paquistão, contra os Estados Unidos e China, e outros golpes fracassados em demais localidades, como Belize, Guatemala, Congo e Benim.
Também aumentou os vínculos com a França, até então muito desgastados. Com isso, iniciou um enorme e sem precedentes processo de distensão, que levou a União Soviética ao ápice democrático, a uma condição democrática jamais vista, com significativas negociações com os países socialistas, como a China e Iugoslávia , considerados grandes feitos, uma vez que durante o governo de Khrushchov, a China distanciou-se severamente da URSS, enquanto que a Iugoslávia, ainda no governo de Stálin, abandonara o eixo soviético. Brejnev seguiu adotando lemas pacifistas, invocando à preservação da vida e à colaboração pacífica entre países capitalistas e socialistas. Na prática, não deixavam de se estender pelo globo as invasões, guerras e revoluções em nome de uma ou outra ideologia.
Crises do regime
No final do mandato de Brejnev, a União Soviética, que naturalmente dependia de sua economia para se manter, acabou enfrentando uma recessão e posteriores dificuldades econômicas, devido a dois fatores. O primeiro foi a demora da agricultura, que embora obtivesse resultados significativos, vinham se tornando cada vez mais medíocres, chegando ao extremo de forçar a importação de trigo. Este trigo só poderia provir de países ocidentais, que dispunham assim de uma eficaz ferramenta de pressão sobre a URSS. Por sorte, a crise encerrou-se graças ao isolamento internacional da Argentina e sua ditadura de direita, o que permitiu aos soviéticos obter dela grandes quantidades de trigo a preço de mercado e sem perturbações políticas. Já o segundo obstáculo, muito mais grave, era a impossibilidade de se modernizar uma economia estatal em um mundo em que as condições sociais dos trabalhadores estavam sempre por detrás dos resultados econômicos, ou seja, com a economia em crise, os trabalhadores em geral se desmotivavam, o que comprometia ainda mais a economia, que por sua vez desmotivaria cada vez mais o trabalhador, em um ciclo vicioso.
Atentado
Em 22 de Janeiro de 1969, Leonid Brejnev sofre um atentado, por parte de um dissidente da União Soviética. Brejnev estava presente em uma carreata em homenagem aos quatro cosmonautas dos programas Soyuz 4 e Soyuz 5, quando Viktor Ilyin, partidário da Revolução Tcheca de 1968, atirou em seu automóvel. O motorista morreu na mesma hora, e os tiros atingiram alguns dos cosmonautas, sem causar graves problemas. Brejnev, justamente, saiu ileso. Ilyin havia roubado duas pistolas Makarov durante seu serviço militar e um uniforme de polícia pertencente a seu irmão. Vestido como policial, Ilyin teve acesso a uma platéia que aguardava no Kremlin, sob o portão de Borovitsky, onde era esperada a carreata, que deveria conduzir os cosmonautas para uma cerimônia de honra. Os membros da tripulação Soyuz: Vladimir Shatalov, Boris Volynov, Yevgeny Khrunov, e Aleksei Yeliseyev, esperavam o conversível que os levaria para a cerimônia. Eis que os automóveis passam pelo portão, Ilyin saca as armas em suas duas mãos, e ignorando a presença dos cosmonautas, abre fogo no segundo carro que passava, que na realidade deveria conduzir apenas Brejnev. Sem que Ilyin soubesse, a limusine modelo Zil estava ainda conduzindo ilustres astronautas: Alexei Leonov, o primeiro humano a realizar uma caminhada espacial, Valentina Tereshkova, a primeira cosmonauta da história e a primeira mulher a ir ao espaço, Georgi Beregovoi, que foi ao espaço em outubro de 1968, na missão Soyuz 3, e Andrian Nikolayev, o terceiro soviético no espaço. Ilyin disparou à limusine quatorze vezes, matando o motorista, Ilya Zharkov. Em seguida, o assassino foi atropelado por uma motocicleta conduzida por um guarda, sem que mais nenhum dos presentes sofresse graves ferimentos. Mesmo após o incidente, a cerimônia pôde ser concluída, ainda que com atrasos.
Ilyin passou por um longo interrogatório com o então chefe do KGB, Iuri Andropov. Foi considerado insano e enviado para o Hospital Psiquiátrico de Kazan, onde foi mantido em confinamento até 1988, quando foi solto e mudou-se para São Petersburgo. Até hoje, a limusine com os tiros é conservada em um museu. Após o colapso da União Soviética, Alexei Leonov, que na hora do ocorrido estava junto de Brejnev no automóvel, revelou as palavras do líder após o incidente: Essas balas não eram para você, Alexei, eram para mim. Por isso, peço desculpas.
Últimos anos
Uma das últimas ações de importância de Brejnev foi deixar uma herança negativa aos seus sucessores, a invasão do Afeganistão em 1979, enquanto o país era atacado por islamistas radicais. Esta intervenção deteriorou bruscamente a distensão. Brejnev participou e promoveu os jogos da Olimpíada de 1980, em que houve muitos boicotes da parte ocidental, alegando o que havia acontecido no Afeganistão no ano passado ao evento. Brejnev, pessoalmente, passou a se interessar mais pelas questões internacionais, e já no fim de seu mandato, não se interessava pelos problemas internos como antes, deixando-os a seus subordinados. Entre eles, o responsável pela agricultura era Mikhail Gorbatchov, que estava convencido de que era necessária uma reforma em profundidade. Sem a necessidade de que se organizasse algum tipo de conspiração, esta opinião se generalizava, ao mesmo tempo em que se deteriorava a saúde de Brejnev.
Morte e legado
O nome de Leonid Ilitch Brejnev - grandioso progressor da grande causa de Lênin, e fervoroso defensor da paz e do comunismo, para sempre viverá no coração do povo soviético e de toda a humanidade progressista.Cquote.
— Anúncio da morte de Brejnev
Três dias antes de sua morte, Brejnev participou da parada militar em comemoração ao jubileu de 65 anos da Revolução Russa, e foi aplaudido fervorosamente. Estava claramente abatido, ainda que tenha comentado com o marechal Dmitri Ustinov que passava bem, tendo suportado duas horas de comemorações públicas.
A enfermeira de Brejnev, membro do KGB, e a esposa, foram as únicas que visitaram o presidente em seus últimos dias. Um médico também visitava periodicamente o presidente e lhe determinava os medicamentos corretos, repassando-os para a enfermeira. Nos últimos meses, entretanto, isso não vinha acontecendo, e a própria enfermeira passou a selecionar os medicamentos.
A polícia soviética, chefiada por Iuri Andropov, sucessor presumido de Brejnev, preferiu não divulgar a investigação, ocultando a morte do líder por algumas horas, e portanto não se sabe com detalhes o que ocorreu na noite da morte. O que foi revelado é que Brejnev, que dormia sozinho em sua dacha federal, recebeu quantidades excessivas de medicamentos pro parte da enfermeira, que não consultou os médicos. Na autópsia, foi identificada a fortíssima droga Nembutal, o que acabou envenenando e causando uma overdose no então líder soviético. Amanhecendo, seu corpo foi encontrado ainda quente pelos guardas, às 8:30 da manhã. Provavelmente, teria sofrido silenciosamente, ou enquanto dormia, um derrame ou ataque cardíaco na madrugada do dia 9 de novembro para o dia 10 de novembro.
Houve rumores sobre uma possível conspiração dos médicos, tal como Stalin, onde em um ambiente de saúde frágil, médicos contrários ao regime se aproveitam das habilidades para atentados de longo ou curto prazo contra o líder, tais como remédios falsos, nocivos ou simplesmente a situação entre paciente e médico. Por razão dos fortes argumentos, a enfermeira passou por vários interrogatórios, porém os rumores não foram confirmados pelo governo soviético, que na verdade, nada confirmou oficialmente, sequer a causa da morte.
O corpo foi levado para um hospital, mas já era tarde demais, não obtiveram sucesso em retomar a vida de Brejnev.
Na manhã de 11 de Novembro, às onze horas, Igor Kirillov, conhecido âncora do telejornal, que há anos era responsável por comunicar as notícias relativas ao presidente, anunciava a morte para o público, enquanto um anúncio por rádio elogiava e lembrava a distensão promovida pelo líder soviético, mas sem revelar as causas da morte.
Foi homenageado por um dos maiores e mais impressionantes funerais da história, e um luto de quatro dias foi anunciado. O atraso deveu-se a uma tentativa do governo de não relacionar a data da revolução fundadora do estado soviético com a morte de um de seus líderes.
Delegações de diversos países estiveram presentes no funeral. Entre elas, estavam as cabeças de todos os estados socialistas europeus e Cuba , o presidente do Presidium da Grã Popular Hural da Mongólia, Iumjaagiin Tsedenbal , o presidente de Zimbábue, Canaan Sodino, o presidente do Comitê Executivo da OLP, Yasser Arafat , o presidente do Conselho Revolucionário do Afeganistão Babrak Karmal , o Secretário Geral do Partido Comunista do Chile, Luis Corvalán, o secretário-geral do Partido Comunista francês Georges Marchais, o primeiro-ministro grego Andreas Papandreou, o presidente do Chipre Spyros Kyprianou, o presidente da Finlândia Mauno Koivisto, o primeiro-ministro sueco Olof Palme, o presidente paquistanês Muhammad Zia-ul-Haq, a primeira-ministra indiana Indira Gandhi , o secretário de Estado dos Estados Unidos, George P. Shultz, o vice-presidente George H. W. Bush, o príncipe dinamarquês Henrik, o Secretário Geral da ONU Pérez de Cuéllar, a representante pessoal do Papa João Paulo II, Marina Bettolo, e muitos outros, um funeral para definir um cenário que não mudou desde a morte de Stalin.
Entre 12 e 14 de novembro, o Salão das Colunas, na Câmara dos Sindicatos, local onde os corpos de Lênin e Stálin foram expostos para honra pública, recebeu o corpo de Leonid Brejnev.Os trabalhadores tiveram acesso à despedida. Em 15 de novembro, dia do funeral, as escolas e universidades pararam as aulas, trabalhadores prestaram homenagens em seus locais de trabalho e a cerimônia foi televisionada por todas as televisões locais . Após vários minutos de despedida ao som da melodia de luto, o caixão foi levado para fora da sala, e instalado num tanque de guerra. Atrás do caixão andaram estadistas, dirigentes, os parentes e os membros do público. À frente da procissão, centenas de coroas de flores e um retrato de Brejnev, carregado por soldados. Mais para trás, membros da Câmara dos Sindicatos, do Comitê Central, do Soviete Supremo da União Soviética, do Conselho de Ministros da União Soviética, das repúblicas soviéticas, dos territórios e regiões, dos organismos de partido soviéticos e não-governamentais, de trabalhos coletivos do país, além das delegações estrangeiras. O cortejo fúnebre parou em frente ao Mausoléu de Lenin, onde no topo, Iuri Andropov, Anatoli Alexandrov, Dmitri Ustinov e um operário elogiavam emocionadamente Brejnev. Após o discurso, os líderes desceram do pódio e caminharam até o pedestal, junto ao caixão. A procissão rapidamente chegou à Necrópole da muralha do Kremlin. Às 12 horas e 40 minutos, as atividades no país inteiro foram paralisadas para que os trabalhadores prestassem respeito. Todos os membros do politburo usavam uma fita vermelha no braço esquerdo, em sinal de luto. Devido ao grande número de medalhas que Brejnev possuía, foram necessários quase duzentos oficiais para levar cada condecoração, em uma pequena almofada de cetim durante a procissão.
O serviço memorial foi realizado em todo o país. Centenas de milhares de pessoas, em cada cidade, vila, em cada fábrica, em todas as escolas, pararam neste dia. Para o estado, a solenidade foi importante: a ampla participação de uma esmagadora massa de admiradores de Brejnev foi uma forma de de superar e retocar as crises na sociedade.
Após a cerimônia, as tropas do Exército Vermelho, carregando estandartes vermelhos com fitas negras, marcharam sob uma marcha de despedida, diante de seu retrato, representando as últimas saudações ao até então Comandante Supremo das Forças Armadas da União Soviética, mesmas saudações prestadas havia uma semana antes, na última aparição em público do líder.
A cerimônia encerrou-se com a passagem das delegações estrangeiras diante do retrato de Brejnev, propositadamente colocado no caminho que levava à reunião com o então recém-empossado presidente, Iuri Andropov.
Depois da morte de Brejnev, a cidade das proximidades do rio Volga, Naberezhnyye Chelny, recebeu o nome de Brejnev em sua homenagem, mas em menos de dez anos, o nome original voltou a ser utilizado.
Repercussão da Morte
A Morte de Brejnev repercutiu em todo mundo. Muitos jornais estrangeiros lançaram notas noticiando a morte do líder soviético.
As rádios anunciavam o comunicado oficial, que veio depois de 27 horas de sua morte. O comunicado oficial da morte veio das lideranças do Kremlin, endereçado ao Partido Comunista e ao povo soviético, lido no rádio e na televisão. No momento do anúncio, não havia indicação sobre qualquer substituto de Brejnev. Chernenko, Andropov, Gorbachov e Grishin eram os mais fortes candidatos. O presidente americano Ronald Reagan foi acordado entre três e meia e quatro horas da madrugada, recebendo a notícia pelo porta-voz da segurança nacional. O governo americano recebeu a notícia da morte de Brejnev pouco antes dos noticiários televisivos americanos, da revista Time e dos jornais Los Angeles Times e Anchorage Daily News. No dia 11 de Novembro, a manchete da revista era:
Leonid Ilitch Brejnev: o homem que durante 18 anos guiou com mão de ferro o maior país do mundo ao status de superpotência militar está morto.
Os chefes soviéticos prometeram prosseguir com a política diplomática de Brejnev, com o desarmamento e a distensão. Em Moscou, tudo parecia normal, e os trabalhadores permaneciam junto aos rádios para ouvir solenemente, às onze horas da manhã, o anúncio:
Центральный Комитет Коммунистической партии Советского Союза, Президиум Верховного Совета СССР и Совет Министров СССР с глубокой скорбью извещают партию, весь советский народ, что 10 ноября 1982 года в 8 часов 30 минут утра скоропостижно скончался Генеральный секретарь Центрального Комитета КПСС, Председатель Президиума Верховного Совета СССР Леонид Ильич БРЕЖНЕВ.
Имя Леонида Ильича Брежнева - великого продолжателя великого ленинского дела, пламенного борца за мир и коммунизм, будет всегда жить в сердцах советских людей и всего прогрессивного человечества.
(O comitê central do Partido Comunista da União Soviética, o Soviete Supremo da União Soviética e o Conselho de Ministros da URSS, com profunda tristeza, informa ao partido, assim como ao povo soviético, que em 10 de novembro do ano de 1982, às 8h 30 min, morreu repentinamente o Secretário-geral do Comitê Central do PCUS e Presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS, Leonid Ilitch BREJNEV.
O nome de Leonid Ilitch Brejnev - grandioso progressor da grande causa de Lênin, e fervoroso defensor da paz e do comunismo, para sempre viverá no coração do povo soviético e de toda a humanidade progressista.
O chefe do Comitê Central, Iuri Andropov, foi cotado para chefiar o comitê do funeral. O primeiro anúncio não revelou a causa da morte. Brejnev, pouco antes de completar 76 anos, foi visto publicamente pela última vez na celebração dos 65 anos da Revolução Russa, em 7 de novembro, na Praça vermelha, e em uma recepção diplomática, mais tarde. Ele se encontrava estático e calado, o que não era de costume, sobre a tribuna do Kremlin. Em certo momento, o Marechal Dmitri Ustinov bateu levemente em seu ombro e perguntou se ele estava se sentindo bem, ao que Brejnev assentiu e respondeu positivamente. Ele havia sofrido uma série de padecimentos cardiorrespiratórios e mandibulares desde meados da década de 1970, e havia rumores de que o líder soviético estava muito doente, mas ele próprio desmentia todas as afirmações.
Em Washington, o Presidente Reagan expressou pesar, e afirmou que torcia por um novo governo, produtivo e otimista, como havia sido o do falecido presidente. A Casa Branca informou que o presidente Reagan gostaria de manter fortes e sérias relações com o Kremlin, e que uma grande delegação deveria estar presente no memorial, mas os nomes dos dignitários não foram divulgados.
"Como líder soviético por quase duas décadas, o presidente Brejnev foi uma das mais importantes figuras em todo o mundo", afirmou a Casa Branca. "O presidente Brejnev progrediu bastante nas relações Estados Unidos-União Soviética durante seu mandato, construindo um produtivo e otimista governo."
A morte de Brejnev ocorreu poucos dias antes de um encontro do Comitê Central, previsto para 15 de novembro, que anunciaria a aposentadoria de Andrei Kirilenko, um veterano do politburo. Kirilenko, de 76 anos, estava doente após uma série de ataques cardíacos.
Brejnev havia sofrido um ataque cardíaco havia menos de um ano, e chegou-se a noticiar a sua morte. Porém, o presidente sobreviveu, e no ano seguinte, quando Brejnev morreu de fato, as autoridades soviéticas preferiram aguardar e ter mais informações antes de qualquer anúncio. Por essa razão e devido às circunstâncias da morte, as notícias chegaram apenas no dia seguinte.
O primeiro indício de morte de um veterano do partido chegou quando trabalhadores da mídia estatal em Moscou foram ordenados a cancelar a exibição de um concerto em comemoração ao dia da polícia soviética. O famoso concerto anual foi substituído por um filme patriótico.
Poucas horas antes do anúncio oficial, o jornal Pravda publicou um documento oficial sem a assinatura de Brejnev, o que foi considerado um descuido do governo, que deixou vestígios de que o chefe da nação não estava, ao menos, presente. Não era possível inferir, contudo, que ele estava morto.
Durante a gestão de Brejnev, os Estados Unidos viveram cinco trocas de presidente: Johnson, Nixon, Ford, Carter e Reagan, períodos em que a URSS ganhou e perdeu no jogo diplomático Oeste-Leste durante a distensão.
Em Pequim, a agência oficial de notícias Notícias da Nova China informou a morte sem comentários. O informe chinês foi feito dezoito minutos após o informe oficial pelos soviéticos.
Em Varsóvia, o porta-voz polonês disse que a morte de Brejnev foi "uma grande perda para a nação polonesa", pois ele foi "um grande amigo da Polônia e entendia nossos problemas".
Em Camberra, o primeiro-ministro Malcolm Fraser declarou:
"Em nome da nação australiana, estendo as condolências ao povo da União Soviética e à família do falecido presidente, o governo australiano espera sinceramente que, para o bem de todas as pessoas, os novos líderes em Moscou sinceramente sigam o caminho da paz que o falecido presidente Brejnev sempre invocava como a política de seu país, assim, haverá enormes benefícios para toda a humanidade se a paz vier com o novo presidente."
O líder da oposição australiana disse que espera que a morte do presidente não seja seguida por aumento de incertezas e imprevisibilidades nos assuntos internacionais, especialmente nas relações entre Leste e Oeste, e que prossigam-se os planos pelo controle de armas estratégicas.
Um membro do atualmente extinto Partido Comunista da Austrália disse que o partido "espera que a sociedade soviética evolua num sentido democrático após a morte do presidente Brejnev."
No Afeganistão, um porta-voz disse que seus compatriotas receberam a notícia da morte do presidente Brejnev com um grande prazer. "Todos os afegãos corretos estão felizes e muito contentes com a morte de Brejnev, e esperamos que o novo líder soviético ache uma solução para o problema do Afeganistão, mas nós entendemos que o Politburo continuará a cultuar e fazer a política de Brejnev."
Em Nova Deli, a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, enviou uma mensagem de solidariedade para o Kremlin, dizendo que o mundo perdeu um arquiteto da paz e um amigo valorizado pelo povo da Índia. Ela ainda disse que a vida do presidente Brejnev era uma mistura de dedicação inexplicável, tenacidade e realização.
Em Tóquio, o porta-voz do governo do Japão disse que a morte de Brejnev foi lamentável para as relações de amizade entre o Japão e a União Soviética.
Em Frankfurt, o nervosismo tomou conta dos mercados após o anúncio da morte do chefe soviético. O dólar e o preço do ouro subiram rapidamente. Minutos depois do anúncio oficial, o dólar atingiu seu nível mais alto, em quase sete anos. Especuladores financeiros imaginavam a possibilidade de que as relações entre EUA e URSS entrassem em um período incerto depois da morte do presidente soviético, que foi o principal fator de pressão da elevação do preço do dólar e do ouro. Mas o pânico inicial diminuiu e o dólar caiu, fazendo com que os investidores tivessem lucros rápidos e esperassem a nova figura no Kremlin.
Família
A família de Brejnev tornou-se um malogro para o líder soviético, que mesmo após a morte vê seu nome de família envolvido em situações constrangedoras e ilícitas. Brejnev casou-se com Viktoria Petrovna (1912-1995), e com ela teve dois filhos, Galina e Iuri. A família vivia na conhecida Avenida Kutuzovski, em Moscou, e passava as férias na dacha federal em Zavidovo.
Quando alcançou posições destacadas no partido, Brejnev abandonou sua família para se dedicar à vida política, o que desagradou a esposa e desestabilizou o casamento. A família não se entendia, e Viktoria era uma figura somente simbólica na vida do chefe soviético, mesmo que dificilmente Brejnev fosse visto com a esposa. Em seus anos finais, Brejnev passava boa parte do tempo na dacha, que tornou-se um refúgio para se distanciar dos problemas familiares e da esposa, sem que se causassem grandes distúrbios na sociedade, tanto que o líder tenha passado suas últimas horas e achado morto nesta mesma casa de campo. Por sua proximidade com o poder e sem saber lidar com as situações, a filha Galina muitas vezes utilizava o poder para o próprio bem, sujando o nome da família. Por essa razão, Brejnev perde a confiança na própria filha e afasta radicalmente Galina da proximidade do poder, o que sacrificou as relações entre o pai e a filha.
Galina torna-se um infortúnio para as autoridades soviéticas: o vício pelo poder e a tristeza pelo distanciamento do pai fazem Galina se infiltrar no mundo da criminalidade e se envolver em escândalos surpreendentes dentro da sociedade soviética, como contrabandos, prostituição e embriaguez, relacionando-se com excêntricos artistas anti-comunistas, como Igor Kio e Māris Liepa, e participando de atividades clandestinas e subversivas contra o governo do próprio pai.
O filho, Iuri, um orgulho para seu pai, que diferentemente da irmã encontrava-se como uma figura completamente retraída e livre de escândalos, foi descoberto e denunciado por desvios de dinheiro e corrupção, e teve seus bens confiscados durante o governo de Chernenko, um aliado e amigo próximo de Brejnev. Viktoria passa os anos seguintes da morte do marido simplesmente abandonada, sofrendo de diabetes e praticamente cega, até morrer em 1995. Galina é vista publicamente pela última vez durante o funeral de seu pai, onde recusa-se a abraçar o então presidente Andropov, e continua com seus escândalos. Mais tarde, é internada pelo último marido e morre esquecida em um hospital psiquiátrico em uma cidade próxima a Moscou. Após a prisão, Iuri torna-se alcoólatra e é abandonado pelos filhos. Andrei Brejnev, filho de Iuri, logo após a desintegração soviética, criticou o Partido Comunista da Federação Russa.
O túmulo de Leonid Brejnev se localiza na mais prestigiada localização da Rússia, aos pés da grande muralha do Kremlin.[41] Em 2005, a televisão russa lançou uma série chamada Brezhnev, uma biografia sobre os últimos meses de Brejnev, que relata em detalhes o distanciamento do líder soviético de sua família e a aproximação de seus assessores, combinados com as memórias dos tempos de guerra e juventude.
Elogios e críticas
Brejnev foi reverenciado, inclusive por adversários das potências rivais, por tirar da União Soviética a face de vilã da Guerra Fria, e dar ao mundo um sinal de paz, ainda que mínimo, por meio de atitudes consideradas pacifistas para o cargo que ocupava, como a proibição de armas estratégicas e as políticas de distensão e cooperação. Ele também elevou o padrão social de seu povo, por meio de políticas públicas que iam de acordo com o ideal socialista. Entretanto, foi muito criticado, principalmente pelo Ocidente, pela estagnação na economia soviética que se deu durante o seu governo, assim como por ter exigido que os países socialistas da Europa se subordinasse à vontade de Moscou.
Muitos consideram que sua gestão foi uma etapa para a renovação que a economia soviética necessitava e um tempo de estabilidade política, mas também consideram que seus últimos anos foram de declínio, sem que fossem tomadas novas atitudes e que o líder, mesmo idoso, continuasse no poder.
O nome de Brejnev esteve e está envolvido em inúmeras anedotas contadas pelo povo russo, desde as características de desatento e confuso do antigo líder até o fato de terem noticiado sua morte sem que ele tenha morrido, o que o fez ser chamado de morto-vivo e ter vindo de volta do mundo dos mortos, incluindo adaptações de diversas outras anedotas. Após sua morte, as anedotas se cessaram gradualmente.
Foi acusado de ter autorizado e instruído assassinos soviéticos a promoverem o atentado ao papa João Paulo II em 1981, porém escreveu uma carta pessoal ao líder católico, desculpando-se por não ter participado da visita da delegação soviética ao Vaticano, por motivos de saúde, ocorrida naquele mesmo ano. O nome de Brejnev também se destacou fortemente após um vazamento de documentos, nos quais Brejnev autorizava o envolvimento e planejamento do serviço secreto soviético na execução do cruel ditador nicaraguense Anastasio Somoza Debayle.
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em sessão em Brasília.
22/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Por Leonardo Goy e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta terça-feira liminares que, na prática, seguram momentaneamente o desenvolvimento de eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que ganha mais tempo em meio à intensa disputa política que trava no Congresso.
A Corte, por meio dos ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, concedeu três liminares suspendendo as decisões do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre questão de ordem da oposição em torno do trâmite de eventual impeachment.
Com isso, todos os procedimentos envolvidos na resposta de Cunha à questão de ordem, incluindo prazos e a possibilidade de a oposição recorrer no caso de eventual arquivamento de pedido de impeachment, ficam suspensos até o plenário do STF julgar o mérito de dois mandados de segurança e uma reclamação apresentados por deputados governistas. A data para isso ainda não foi definida.
Respondendo a pedido de liminar feito pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ), o ministro Teori Zavascki avaliou como "inusitado" o modo de formatação do procedimento adotado por Cunha, completando que os fundamentos do pedido de liminar eram "relevantes".
"Ora, em processo de tamanha magnitude institucional, que põe a juízo o mais elevado cargo do Estado e do Governo da Nação, é pressuposto elementar a observância do devido processo legal, formado e desenvolvido à base de um procedimento cuja validade esteja fora de qualquer dúvida de ordem jurídica", disse.
A ministra Rosa Weber foi na mesma linha ao conceder uma liminar em mandado de segurança do deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB-MA) e outra em reclamação dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS).
"Não há como desconsiderar, pelo menos em juízo precário de delibação, a controvérsia como um todo... a ferir tema de inegável relevância e envergadura constitucional", assinalou em uma de suas decisões.
O presidente da Câmara dos Deputados ressaltou, porém, que sua autoridade para aceitar ou rejeitar um pedido de impedimento não muda com as liminares dadas pelo STF. "A prerrogativa da decisão (sobre impeachment) é constitucional. Ela não está atacada. Eu continuo com a prerrogativa e o farei", afirmou Cunha a jornalistas. Se a decisão do STF não interfere no poder de Cunha deliberar sobre os pedidos do impeachment, na prática deixa incerto o plano da oposição de apresentar recurso em plenário para eventual rejeição de Cunha ao pedido de impeachment, como era o script elaborado pelos oposicionistas.
"Se eu indeferir, não sou eu que vou apresentar recurso contra minha decisão. Quem está, de certo forma, tendo seu direito impedido, é que vai ter cuidar de lutar", disse o presidente da Câmara.
Cunha, porém, disse que existem questões de ordem anteriores à dele tratando de impeachment e que podem ser consultadas caso o texto dele continue suspenso pelo STF.
O presidente da Câmara disse também que não deve despachar nesta terça-feira o pedido de impeachment elaborado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, porque a oposição apresentará um aditamento ao texto, incluindo supostas irregularidades fiscais cometidas pelo governo também em 2015.
"Não deverei despachar esse (pedido de impeachment) do Hélio Bicudo hoje, já que vai haver aditamento", disse. "Vou aguardar."
Segundo o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), a inclusão da acusação de pedaladas fiscais pelo governo será feita ainda nesta terça-feira no pedido elaborado pelos juristas, tido como um dos mais importantes a ser analisado.
A oposição espera com isso preencher um dos requisitos apresentados pelo presidente da Câmara, de que não é possível aceitar pedido de impeachment baseado em irregularidades ocorridas no primeiro mandato da presidente Dilma.
Mas o deputado Wadih Damous, autor de um dos mandados de segurança, interpreta que as liminares concedidas pelo STF impedem a decisão de Cunha sobre um pedido com aditamento.
"A decisão estabelece que o pedido tem que ser processado nos termos da Constituição", disse o deputado petista a jornalistas. "De fato, isso não impede que o presidente da Câmara decida sobre esse pedido. Agora, se decidir, ele não pode decidir é com pedido aditado, isso é ilegal." 1 de 1Versão na íntegra
No Palácio do Planalto, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse a jornalistas após reunião de coordenação política que o país não pode resolver suas questões políticas com "ruptura institucional" e que o governo está aberto ao diálogo e quer buscar a "paz política".
Segundo duas fontes do governo que participaram da reunião de coordenação política com a presidente Dilma pela manhã, o governo ainda vai esperar os desdobramentos da decisão do STF para estabelecer eventual nova estratégia de defesa.
O movimento pelo impeachment de Dilma, num cenário de recessão econômica e baixíssima popularidade, ganhou ainda mais força com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada que rejeitou as contas do governo de 2014 devido às chamadas pedaladas fiscais.
(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres)