Konstantinos - Uranus

terça-feira, 13 de outubro de 2015

HOMENS QUE MARCARAM O SÉCULO XX: Leonid Brejnev






Leonid Brejnev

Leonid Ilitch Brejnev, em russo Loudspeaker.svg? Леони́д Ильи́ч Бре́жнев, transl. Leonid Ilitch Brejnev, pron. Lyeaníd Ilítch Bryéjnyév (Kamenskoe, 19 de Dezembro de 1906 — Moscou, 10 de Novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da liderança da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido o Soviete Supremo de 1977 até a sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do neoliberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neostalinista, por seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.

As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retomada das relações diplomáticas soviéticas com diversos países, as iniciativas de cooperação, junto das potências ocidentais, pela paz mundial e a criação de um bem-estar social em seu país, que entretanto potencializou a crise econômica que estremeceu a URSS. Ele também teve influente participação na expansão do socialismo a sua maior extensão, através do investimento em revoluções ao redor do globo.

Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder stalinista, tendo ele inclusive tentado uma má sucedida reabilitação do nome de seu antecessor Joseph Stalin.

Em termos culturais, deu fim às campanhas antirreligiosas iniciadas em 1958 e premiou o patriarca Pemeno I com a Ordem do Estandarte Vermelho, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a tradição cultural e religiosa da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.

Em 1972, foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz. Por suas contribuições na Grande Guerra Patriótica, recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética.

Morre de forma suspeita em 1982, provavelmente de overdose, estimulada por sua enfermeira, associada à polícia secreta, chefiada por Iuri Andropov, o presumido sucessor de Brejnev.  Menos de dez anos após a sua morte, durante o governo de Mikhail Gorbatchov, uma crise tomaria conta da URSS, levando o país ao caos e posteriormente à desintegração. Por esse motivo, os anos Brejnev são muitas vezes lembrados como anos dourados.

Biografia

Inícios na política

Brejnev era filho de um metalúrgico russo. Apesar de sua ascendência russa, manteve fortes costumes ucranianos durante toda sua vida. Igual a outros jovens proletários dos tempos da Revolução Russa de 1917, realiza estudos técnicos em metalurgia. Em 1923 se inscreve na organização juvenil do Partido Comunista e em 1931 no próprio PCUS.

Em 1935-36 realiza seu serviço militar obrigatório. Primeiro se emprega em uma companhia de Cavaleiros, e segue cursos relacionados com os carros de combate antes de passar a exercer o cargo de comissário político. Depois, passa a ser o diretor do colégio técnico de metalurgia de Dniprodzerzhinsk. É encaminhado bastante cedo ao centro regional de Dniepropetrovsk e em 1939 se converte em secretário do Partido, a cargo das importantes indústrias pesadas de Defesa. Brejnev pertence a primeira geração de soviéticos que não conheceram a época anterior à Revolução Russa e incluso demasiado jovem para participar de verdade nas lutas sobre a sucessão de Lênin como líder revolucionário em 1924. Na época em que Brejnev entra no Partido, Josef Stalin já era o Secretário-Geral do Partido. Brejnev, como outros muitos jovens comunistas de sua época cresceu aceitando o stalinismo. Os que sobreviveram ao Grande Expurgo de 1937-39 alcançaram rapidamente diversas promoções,já que a eliminação de muita gente deixava livres muitos postos nos níveis altos e médios do Partido, do Governo e das Forças Armadas.


Em junho de 1941 a Alemanha nazi, que havia firmado um pacto de não-agressão com a União Soviética antes de se iniciar a Segunda Guerra Mundial, o rompe e inicia sua invasão. Assim como outros milhões de jovens, Brejnev é rapidamente chamado, em 22 de junho, e participa na evacuação das indústrias de Dniepropetrovsk . Tal como os membros de partido de nível médio, ingressa no Exército Vermelho como politruk, um comissário político. Em efeito, o Exército Vermelho seguia o princípio de duplo mando: todas as formações militares estavam às ordens de um militar profissional e de um comissário político. Esta organização não era do gosto dos militares. Em outubro, Brejnev se converte em delegado da administração política para a frente sul, com o cargo de Comissário de Brigada.

Em 1942, enquanto os alemães invadem a Ucrânia, Brejnev é destinado ao Cáucaso como delegado da administração. Em abril de 1943, se converte em chefe de departamento político do XVIII Exército. Nesse mesmo ano esse exército ruma até a frente ucraniana para apoiar ao Exército Vermelho que acabava de tomar a iniciativa de dirigir-se ao oeste através da Ucrânia. O comandante daquela linha de frente é Nikita Khrushchov, que ironicamente passa a ser um importante aliado de Brejnev durante os conflitos. Ao fim da guerra, Brejnev ocupa o posto de comissário político da IV Frente Ucraniana que entra em Praga, coincidentemente a mesma cidade que futuramente, já como líder da URSS, Brejnev autorizaria a invasão, em 1968.

Em agosto de 1946, deixa o Exército Vermelho com o grau de Comandante Geral. Desempenhou, durante toda a guerra, a função de comissário. Após participar nos projetos de reconstrução da Ucrânia, passa a ser o primeiro-secretário em Dniepropetrovsk. Em 1950 torna-se delegado do Soviete Supremo, o parlamento da URSS. Nesse mesmo ano, é nomeado primeiro-secretário do partido na Moldávia, território romeno que se incorpora à União Soviética pela primeira vez em 1940 e de modo definitivo em 1944. Em 1952, se converte em membro do Comitê Central e se apresenta como candidato para o Presidium do Comitê Central do PCUS, o politburô.

Escalada durante a era Khrushchev

Stálin morre em março de 1953 e a reorganização que segue elimina o Presidium do Comitê Central do partido para reconstruir um politburô mais reduzido. Apesar de não ser membro do politburô, Brejnev é nomeado chefe do diretório político do Exército e da Armada, com o grau de Tenente General, um posto de enorme importância. Esta promoção se deve provavelmente à imagem que Brejnev passou, durante a guerra, ao seu superior que agora Khrushchev sucedia a Stálin na chefia do Partido Comunista. Em 1955, é nomeado primeiro-secretário do Partido no Cazaquistão, um posto estratégico.


Em fevereiro de 1956, Brejnev é requerido em Moscou para controlar a indústria de Defesa. Com o programa espacial, a indústria pesada é a mais importante do país. Desse momento adiante, passa a ser um personagem chave, e em junho de 1957, apoia Khrushchov em sua luta contra a velha-guarda encabeçada por Viatcheslav Molotov, Gueórgui Malenkov e Lazar Kaganovitch pela direção do partido. A derrota da velha-guarda lhe abre as portas do politburô. Em 1959, Brejnev se converte em Segundo Secretário do Comitê Central, e em maio de 1960, obtém o cargo de Presidente do Presidium do Soviete Supremo, ou seja, de Chefe de Estado, cargo que lhe permitiu representar a URSS no exterior. Durante esse período, Brejnev passa a promover o seu cargo, que posteriormente se tornaria mais importante que a própria chefia do Partido Comunista.

Até 1962, aproximadamente, o posto de Khrushchev na liderança soviética permanece sólido, mas em vista da derrota na Crise dos mísseis, políticas demasiado liberais e diversos comentários inoportunos, os membros do partido começam a se preocupar com o futuro do país. Para piorar, aumento das dificuldades econômicas da União Soviética aumentou a pressão. Aparentemente, Brejnev segue leal a Khrushchev, mas em 1963 se vê implicado em uma conspiração iniciada pelo armênio Anastas Mikoyan, cujo objetivo é depor Khrushchev. Neste ano, sucede a Frol Kozlov na liderança do Comitê Central, e passa a ser, por esse posto, o sucessor oficial de Khrushchev. Em 14 de outubro de 1964, aproveitando as férias de Khrushchev, os conspiradores executam seu golpe de estado e o retiram do poder, instituindo um triunvirato, cuja versão soviética seria denominada troika. Brejnev se converte em chefe do PCUS, Alexey Kosygin em chefe de governo, e Mikoyan em chefe de estado, sendo sucedido, quatro anos depois, por Nikolai Podgorny.

Como líder soviético

Em um discurso comemorativo do XX Aniversário da Vitória sobre a Alemanha, em maio de 1965, Brejnev menciona pela primeira vez, desde 1953 e de maneira oficial, o nome de Stalin de modo positivo, contrariando o posicionamento de seu antecessor. Em abril de 1966, rebatizou a chefia do partido com o título de Secretário-Geral, o mesmo utilizado por Stalin. Ao mando de Iuri Andropov, a inteligência soviética, comandada pelo KGB, recuperou quase todo o poder de que havia desfrutado na época de Stalin, ainda que não chegasse aos excessos da época.

Ao alcançar o poder, sua política, em especial a internacional, se baseou em uma atualização do marxismo, vindo a ser chamada de Doutrina de Brejnev, ou Teoria da Soberania Limitada. Declarou que a União Soviética era o Estado responsável pela manutenção do comunismo, e que por essa razão, teria direito de intervir, inclusive militarmente, em países socialistas que demonstrassem qualquer tipo de dissidência que pudesse abalar o movimento comunista internacional. Com essa doutrina, o Estado soviético pôde justificar as intervenções na Tchecoslováquia, em 1968, e no Afeganistão, em 1979, lembrando o precedente de 1956 na Hungria. Essa foi a primeira crise da era Brejnev, que iniciou-se em julho daquele ano, quando Brejnev criticou publicamente alguns dirigentes checoslovacos, acusando-os de revisionistas e antissoviéticos, e em agosto, organizou a invasão do país pelas tropas do Pacto de Varsóvia e a substituição de Alexander Dubček. A invasão foi duramente criticada, inclusive por grupos socialistas.

No âmbito do mandato de Brejnev, que estabeleceu uma política de détente, com o objetivo de reparar as relações da URSS com os demais países do mundo, as relações com a República Popular da China, que vinham se deteriorando, tiveram um período de congelamento, o que permitiu a retomada de negociações econômicas e a tentativa de negociações políticas. Em 1965, o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai visitou Moscou para prosseguir com essas negociações, mas o conflito não se resolveu, levando ao enfrentamento entre tropas soviéticas e chinesas em diversas regiões fronteiriças. Contudo, Brejnev seguiu apoiando o Vietnã do Norte na Guerra do Vietnã, ao lado dos chineses. Por outro lado, o avanço nas relações entre China e Estados Unidos no princípio de 1971 marcou uma nova fase nas relações internacionais. Para evitar a formação de uma aliança entre os Estados Unidos e a China, Brejnev então mudou o foco, e iniciou uma série de negociações com os norte-americanos. Em maio de 1972, o presidente Gerald Ford visitou Vladivostok, e os líderes firmaram o SALT I. Os acordos de paz de Paris, em janeiro de 1973, fazem com que se finalizasse oficialmente a guerra do Vietnã, o que elimina um importante obstáculo nas relações entre os soviéticos e os norte-americanos. Para alguns analistas internacionais, o interesse dos EUA em negociações políticas com a China era justamente incentivar os soviéticos a realizarem acordos de paz. Para os soviéticos, entretanto, os acordos pacíficos foram interessantes, já que poderiam diminuir os gastos com armamentos e investir na indústria, que vinha crescendo, e posteriormente administrar melhor o orçamento, que crescia com a crise petrolífera. Favoravelmente, a URSS de Brejnev obteve êxito na aproximação com a Iugoslávia de Tito, que havia abandonado o próprio Comintern, durante o governo de Stálin.


Leonid Brejnev assina acordo de cooperação pacífica da energia atômica com Richard Nixon em 21 de junho de 1973, Washington
O ponto culminante na política de distensão, conhecida como détente ou razryadka, foi o tratado da Conferência de Helsinki de 1975, que determinava, de maneira categórica, as fronteiras europeias posteriores à Segunda Guerra Mundial.

Durante os anos 1970, a União Soviética alcança o máximo de seu poder político e estratégico com o escândalo do Watergate, e por meio de Cuba pode intervir inclusive militarmente na África[carece de fontes]. Pessoalmente, Brejnev consolida a sua posição interna. Em maio de 1976, é nomeado Marechal da União Soviética, e em junho de 1977, Podgorny se aposenta. Com isso, Brejnev unifica os cargos de chefe do partido e de Estado, tornando-se o líder supremo da URSS. Em 18 de junho de 1979 firma em Viena, junto ao Presidente Jimmy Carter, os acordos do SALT II, e de limitação de armas estratégicas norte-americanas e soviéticas.

O governo Brejnev

Foi o segundo mais duradouro mandato do partido: 18 anos, tempo só superado por Stálin, que governou por 31. Seu governo foi marcado por bloqueios a possíveis golpes e revoluções democráticas favoráveis ao capitalismo e aos interesses dos EUA que pudessem acontecer nos países socialistas que procuravam se libertar do regime comunista. Brejnev não pode ser considerado um governante extremamente comunista, já que defendia os interesses de seu país e de um sistema político muito mais que a própria ideologia. Por outro lado, ele não era, de forma alguma, liberal, uma vez condenando e atuando de forma intensa pelo fracasso do liberalismo e do capitalismo mundial. Foi o último chefe que conseguiu manter a estabilidade do socialismo real, tendo Mikhail Gorbachev assistido à ruína do país que estava incumbido de governar. Como estadista, Brejnev raramente calculava suas estratégias, como a exemplo da invasão do Afeganistão e do desperdício dos ganhos durante a crise do petróleo. Ainda assim, foi em muito responsável por transformar o Exército soviético no maior do mundo e administrar, por quase vinte anos, um país que mal havia se recuperado da guerra e tinha de enfrentar, desprezando as dificuldades, uma outra superpotência, que por sua vez já se encontrava estruturada. Brejnev é considerado um dos mais importantes e influentes chefes soviéticos, o que o faz ser comparado à imagem de Stálin.

Uma capacidade de Brejnev, reconhecida até mesmo pelos Estados Unidos foi a sua habilidade em promover uma imagem mais pacífica da União Soviética para o Ocidente, por meio de seu carisma e política internacional, aproximando seu país dos países ocidentais, diferentemente de Khrushchov, cuja ambição em se aproximar demais dos EUA acabou o tornando suspeito, tanto por parte de soviéticos quanto pelos americanos. Após 25 anos da morte de Brejnev, muitos dos russos consideravam a sua época como "boa", com um alto grau de bem estar, de acordo com enquetes.  Economicamente, embora seu governo seja recorrentemente relacionado à estagnação, houve uma elevação no nível econômico das massas, com apenas 2,5% do povo fora da classe média, enquanto somente 1,5% da população encontrava-se abaixo do nível de pobreza.

Durante a gestão de Brejnev, junto à nova Constituição, o hino soviético ganhou uma nova letra, em 1977. A antiga letra do hino, que foi composto durante a guerra, fazia citações ao conflito, e portanto tornou-se defasado, passados mais de trinta anos desde o final da guerra. Com isso, foi instituída uma nova letra para o hino, que desta vez fazia referências à paz e a um futuro de união e prosperidade, bandeiras defendidas pela propaganda política de Brejnev. O hino seria abolido em 1991, com o fim da URSS, e recuperado em 2000, pelo presidente Vladimir Putin.

Relações com Reagan e Thatcher

De 1979 até sua morte, travou uma batalha suja com duas das maiores figuras conservadoras e anti-comunistas da época, Margaret Thatcher e Ronald Reagan, quando, cometendo uma gafe, rebaixou publicamente Thatcher e depois, em outra situação, difamou a Reagan e sua esposa Nancy, durante baterias de piadas e chacotas sobre a União Soviética lançadas por Reagan. Em 1979 durante uma assembleia aberta com chefes de governo na ONU, ofendeu Margaret Thatcher e sua política, quando esta lhe acusou, afirmando que até mesmo a família real e todo o povo britânico deveria sentir vergonha de tal representante.

Em uma conversa discreta e informal com Chernenko, Brejnev acabou deixando vazar ofensas e chulidades à primeira-ministra, logo após esta dizer durante o congresso que a política de paz de Brejnev era um mero disfarce e que a União Soviética era uma ameaça aos direitos humanos, referindo-se à Guerra do Afeganistão. Após a gafe, ele mudou o tom do discurso e afirmou que a política imperialista e de colonização feria os direitos humanos por pura natureza, acusando o governo inglês de colonizador e arcaico. O discurso final de Brejnev atraiu a atenção de muitos socialistas e humoristas ingleses e foi por muitos anos usado para criticar o regime de Thatcher.

Em 1981, logo na chegada de Ronald Reagan ao poder, Brejnev chegou a ser desafiado por piadas que criticavam o regime comunista, segundo Brejnev, "piadas infames de um presidente infame". Até a morte de Brejnev, os dois líderes trocaram ofensas, que envolviam inclusive, a esposa de Reagan. A idade avançada dos dois presidentes também era motivo de chacotas dos dois lados.

A Doutrina Brejnev

A Doutrina Brejnev, chamada também de Teoria da Soberania Limitada, ou simplesmente Brejnevismo, foi um conjunto de teses e teorias geopolíticas criado por Leonid Ilitch Brejnev, diante do novo quadro internacional que se encontrava a União Soviética. Consistia basicamente na defesa do direito da URSS de intervir em países cujo governo socialista estivesse sendo ameaçado por forças vinculadas ao liberalismo ou ao fascismo, por fatores externos ou internos.
A doutrina foi posta em prática pela primeira vez em 1968, durante as manifestações liberais na Tchecoslováquia, durante a chamada "Primavera de Praga". Na prática, a doutrina limitou a independência de partidos comunistas em todo o mundo, não permitiu a saída de qualquer estado do Pacto de Varsóvia, estabelecendo o monopólio político do Partido Comunista.

Esta doutrina, apesar de invocar a paz, incentivou diversas guerras em nome da hegemonia soviética, entre elas se encontram as bem sucedidas revoluções socialistas em Angola, Moçambique, Etiópia e Nicarágua, a invasão do Afeganistão a pedido do então governo socialista, a Guerra do Vietnã, o apoio à Indira Gandhi na Guerra do Paquistão, contra os Estados Unidos e China, e outros golpes fracassados em demais localidades, como Belize, Guatemala, Congo e Benim.

Também aumentou os vínculos com a França, até então muito desgastados. Com isso, iniciou um enorme e sem precedentes processo de distensão, que levou a União Soviética ao ápice democrático, a uma condição democrática jamais vista, com significativas negociações com os países socialistas, como a China  e Iugoslávia , considerados grandes feitos, uma vez que durante o governo de Khrushchov, a China distanciou-se severamente da URSS, enquanto que a Iugoslávia, ainda no governo de Stálin, abandonara o eixo soviético. Brejnev seguiu adotando lemas pacifistas, invocando à preservação da vida e à colaboração pacífica entre países capitalistas e socialistas. Na prática, não deixavam de se estender pelo globo as invasões, guerras e revoluções em nome de uma ou outra ideologia.

Crises do regime

No final do mandato de Brejnev, a União Soviética, que naturalmente dependia de sua economia para se manter, acabou enfrentando uma recessão e posteriores dificuldades econômicas, devido a dois fatores. O primeiro foi a demora da agricultura, que embora obtivesse resultados significativos, vinham se tornando cada vez mais medíocres, chegando ao extremo de forçar a importação de trigo. Este trigo só poderia provir de países ocidentais, que dispunham assim de uma eficaz ferramenta de pressão sobre a URSS. Por sorte, a crise encerrou-se graças ao isolamento internacional da Argentina e sua ditadura de direita,  o que permitiu aos soviéticos obter dela grandes quantidades de trigo a preço de mercado e sem perturbações políticas. Já o segundo obstáculo, muito mais grave, era a impossibilidade de se modernizar uma economia estatal em um mundo em que as condições sociais dos trabalhadores estavam sempre por detrás dos resultados econômicos, ou seja, com a economia em crise, os trabalhadores em geral se desmotivavam, o que comprometia ainda mais a economia, que por sua vez desmotivaria cada vez mais o trabalhador, em um ciclo vicioso.

Atentado

Em 22 de Janeiro de 1969, Leonid Brejnev sofre um atentado, por parte de um dissidente da União Soviética. Brejnev estava presente em uma carreata em homenagem aos quatro cosmonautas dos programas Soyuz 4 e Soyuz 5, quando Viktor Ilyin, partidário da Revolução Tcheca de 1968, atirou em seu automóvel. O motorista morreu na mesma hora, e os tiros atingiram alguns dos cosmonautas, sem causar graves problemas. Brejnev, justamente, saiu ileso. Ilyin havia roubado duas pistolas Makarov durante seu serviço militar e um uniforme de polícia pertencente a seu irmão. Vestido como policial, Ilyin teve acesso a uma platéia que aguardava no Kremlin, sob o portão de Borovitsky, onde era esperada a carreata, que deveria conduzir os cosmonautas para uma cerimônia de honra. Os membros da tripulação Soyuz: Vladimir Shatalov, Boris Volynov, Yevgeny Khrunov, e Aleksei Yeliseyev, esperavam o conversível que os levaria para a cerimônia. Eis que os automóveis passam pelo portão, Ilyin saca as armas em suas duas mãos, e ignorando a presença dos cosmonautas, abre fogo no segundo carro que passava, que na realidade deveria conduzir apenas Brejnev. Sem que Ilyin soubesse, a limusine modelo Zil estava ainda conduzindo ilustres astronautas: Alexei Leonov, o primeiro humano a realizar uma caminhada espacial, Valentina Tereshkova, a primeira cosmonauta da história e a primeira mulher a ir ao espaço, Georgi Beregovoi, que foi ao espaço em outubro de 1968, na missão Soyuz 3, e Andrian Nikolayev, o terceiro soviético no espaço. Ilyin disparou à limusine quatorze vezes, matando o motorista, Ilya Zharkov. Em seguida, o assassino foi atropelado por uma motocicleta conduzida por um guarda, sem que mais nenhum dos presentes sofresse graves ferimentos. Mesmo após o incidente, a cerimônia pôde ser concluída, ainda que com atrasos.

Ilyin passou por um longo interrogatório com o então chefe do KGB, Iuri Andropov. Foi considerado insano e enviado para o Hospital Psiquiátrico de Kazan, onde foi mantido em confinamento até 1988, quando foi solto e mudou-se para São Petersburgo. Até hoje, a limusine com os tiros é conservada em um museu. Após o colapso da União Soviética, Alexei Leonov, que na hora do ocorrido estava junto de Brejnev no automóvel, revelou as palavras do líder após o incidente: Essas balas não eram para você, Alexei, eram para mim. Por isso, peço desculpas.

Últimos anos

Uma das últimas ações de importância de Brejnev foi deixar uma herança negativa aos seus sucessores, a invasão do Afeganistão em 1979, enquanto o país era atacado por islamistas radicais. Esta intervenção deteriorou bruscamente a distensão. Brejnev participou e promoveu os jogos da Olimpíada de 1980, em que houve muitos boicotes da parte ocidental, alegando o que havia acontecido no Afeganistão no ano passado ao evento. Brejnev, pessoalmente, passou a se interessar mais pelas questões internacionais, e já no fim de seu mandato, não se interessava pelos problemas internos como antes, deixando-os a seus subordinados. Entre eles, o responsável pela agricultura era Mikhail Gorbatchov, que estava convencido de que era necessária uma reforma em profundidade. Sem a necessidade de que se organizasse algum tipo de conspiração, esta opinião se generalizava, ao mesmo tempo em que se deteriorava a saúde de Brejnev.

Morte e legado

O nome de Leonid Ilitch Brejnev - grandioso progressor da grande causa de Lênin, e fervoroso defensor da paz e do comunismo, para sempre viverá no coração do povo soviético e de toda a humanidade progressista. Cquote.
— Anúncio da morte de Brejnev
 Três dias antes de sua morte, Brejnev participou da parada militar em comemoração ao jubileu de 65 anos da Revolução Russa, e foi aplaudido fervorosamente. Estava claramente abatido, ainda que tenha comentado com o marechal Dmitri Ustinov que passava bem, tendo suportado duas horas de comemorações públicas.

A enfermeira de Brejnev, membro do KGB, e a esposa, foram as únicas que visitaram o presidente em seus últimos dias. Um médico também visitava periodicamente o presidente e lhe determinava os medicamentos corretos, repassando-os para a enfermeira. Nos últimos meses, entretanto, isso não vinha acontecendo, e a própria enfermeira passou a selecionar os medicamentos.

A polícia soviética, chefiada por Iuri Andropov, sucessor presumido de Brejnev, preferiu não divulgar a investigação, ocultando a morte do líder por algumas horas, e portanto não se sabe com detalhes o que ocorreu na noite da morte. O que foi revelado é que Brejnev, que dormia sozinho em sua dacha federal, recebeu quantidades excessivas de medicamentos pro parte da enfermeira, que não consultou os médicos. Na autópsia, foi identificada a fortíssima droga Nembutal, o que acabou envenenando e causando uma overdose no então líder soviético.   Amanhecendo, seu corpo foi encontrado ainda quente pelos guardas, às 8:30 da manhã. Provavelmente, teria sofrido silenciosamente, ou enquanto dormia, um derrame ou ataque cardíaco na madrugada do dia 9 de novembro para o dia 10 de novembro.

Houve rumores sobre uma possível conspiração dos médicos, tal como Stalin, onde em um ambiente de saúde frágil, médicos contrários ao regime se aproveitam das habilidades para atentados de longo ou curto prazo contra o líder, tais como remédios falsos, nocivos ou simplesmente a situação entre paciente e médico. Por razão dos fortes argumentos, a enfermeira passou por vários interrogatórios, porém os rumores não foram confirmados pelo governo soviético, que na verdade, nada confirmou oficialmente, sequer a causa da morte.
O corpo foi levado para um hospital, mas já era tarde demais, não obtiveram sucesso em retomar a vida de Brejnev.

Na manhã de 11 de Novembro, às onze horas, Igor Kirillov, conhecido âncora do telejornal, que há anos era responsável por comunicar as notícias relativas ao presidente, anunciava a morte para o público, enquanto um anúncio por rádio elogiava e lembrava a distensão promovida pelo líder soviético, mas sem revelar as causas da morte.
Foi homenageado por um dos maiores e mais impressionantes funerais da história, e um luto de quatro dias foi anunciado. O atraso deveu-se a uma tentativa do governo de não relacionar a data da revolução fundadora do estado soviético com a morte de um de seus líderes.

Delegações de diversos países estiveram presentes no funeral. Entre elas, estavam as cabeças de todos os estados socialistas europeus e Cuba , o presidente do Presidium da Grã Popular Hural da Mongólia, Iumjaagiin Tsedenbal , o presidente de Zimbábue, Canaan Sodino, o presidente do Comitê Executivo da OLP, Yasser Arafat , o presidente do Conselho Revolucionário do Afeganistão Babrak Karmal , o Secretário Geral do Partido Comunista do Chile, Luis Corvalán, o secretário-geral do Partido Comunista francês Georges Marchais, o primeiro-ministro grego Andreas Papandreou, o presidente do Chipre Spyros Kyprianou, o presidente da Finlândia Mauno Koivisto, o primeiro-ministro sueco Olof Palme, o presidente paquistanês Muhammad Zia-ul-Haq, a primeira-ministra indiana Indira Gandhi , o secretário de Estado dos Estados Unidos, George P. Shultz, o vice-presidente George H. W. Bush, o príncipe dinamarquês Henrik, o Secretário Geral da ONU Pérez de Cuéllar, a representante pessoal do Papa João Paulo II, Marina Bettolo, e muitos outros, um funeral para definir um cenário que não mudou desde a morte de Stalin.

Entre 12 e 14 de novembro, o Salão das Colunas, na Câmara dos Sindicatos, local onde os corpos de Lênin e Stálin foram expostos para honra pública, recebeu o corpo de Leonid Brejnev.Os trabalhadores tiveram acesso à despedida. Em 15 de novembro, dia do funeral, as escolas e universidades pararam as aulas, trabalhadores prestaram homenagens em seus locais de trabalho e a cerimônia foi televisionada por todas as televisões locais  . Após vários minutos de despedida ao som da melodia de luto, o caixão foi levado para fora da sala, e instalado num tanque de guerra.  Atrás do caixão andaram estadistas, dirigentes, os parentes e os membros do público. À frente da procissão, centenas de coroas de flores e um retrato de Brejnev, carregado por soldados. Mais para trás, membros da Câmara dos Sindicatos, do Comitê Central, do Soviete Supremo da União Soviética, do Conselho de Ministros da União Soviética, das repúblicas soviéticas, dos territórios e regiões, dos organismos de partido soviéticos e não-governamentais, de trabalhos coletivos do país, além das delegações estrangeiras. O cortejo fúnebre parou em frente ao Mausoléu de Lenin, onde no topo, Iuri Andropov, Anatoli Alexandrov, Dmitri Ustinov e um operário elogiavam emocionadamente Brejnev. Após o discurso, os líderes desceram do pódio e caminharam até o pedestal, junto ao caixão. A procissão rapidamente chegou à Necrópole da muralha do Kremlin. Às 12 horas e 40 minutos, as atividades no país inteiro foram paralisadas para que os trabalhadores prestassem respeito. Todos os membros do politburo usavam uma fita vermelha no braço esquerdo, em sinal de luto. Devido ao grande número de medalhas que Brejnev possuía, foram necessários quase duzentos oficiais para levar cada condecoração, em uma pequena almofada de cetim durante a procissão.

O serviço memorial foi realizado em todo o país. Centenas de milhares de pessoas, em cada cidade, vila, em cada fábrica, em todas as escolas, pararam neste dia. Para o estado, a solenidade foi importante: a ampla participação de uma esmagadora massa de admiradores de Brejnev foi uma forma de de superar e retocar as crises na sociedade.

Após a cerimônia, as tropas do Exército Vermelho, carregando estandartes vermelhos com fitas negras, marcharam sob uma marcha de despedida, diante de seu retrato, representando as últimas saudações ao até então Comandante Supremo das Forças Armadas da União Soviética, mesmas saudações prestadas havia uma semana antes, na última aparição em público do líder.

A cerimônia encerrou-se com a passagem das delegações estrangeiras diante do retrato de Brejnev, propositadamente colocado no caminho que levava à reunião com o então recém-empossado presidente, Iuri Andropov.

Depois da morte de Brejnev, a cidade das proximidades do rio Volga, Naberezhnyye Chelny, recebeu o nome de Brejnev em sua homenagem, mas em menos de dez anos, o nome original voltou a ser utilizado.

Repercussão da Morte

A Morte de Brejnev repercutiu em todo mundo. Muitos jornais estrangeiros lançaram notas  noticiando a morte do líder soviético.
As rádios anunciavam o comunicado oficial, que veio depois de 27 horas de sua morte. O comunicado oficial da morte veio das lideranças do Kremlin, endereçado ao Partido Comunista e ao povo soviético, lido no rádio e na televisão. No momento do anúncio, não havia indicação sobre qualquer substituto de Brejnev. Chernenko, Andropov, Gorbachov e Grishin eram os mais fortes candidatos. O presidente americano Ronald Reagan foi acordado entre três e meia e quatro horas da madrugada, recebendo a notícia pelo porta-voz da segurança nacional. O governo americano recebeu a notícia da morte de Brejnev pouco antes dos noticiários televisivos americanos, da revista Time e dos jornais Los Angeles Times e Anchorage Daily News. No dia 11 de Novembro, a manchete da revista era:
Leonid Ilitch Brejnev: o homem que durante 18 anos guiou com mão de ferro o maior país do mundo ao status de superpotência militar está morto.

Os chefes soviéticos prometeram prosseguir com a política diplomática de Brejnev, com o desarmamento e a distensão. Em Moscou, tudo parecia normal, e os trabalhadores permaneciam junto aos rádios para ouvir solenemente, às onze horas da manhã, o anúncio:

Центральный Комитет Коммунистической партии Советского Союза, Президиум Верховного Совета СССР и Совет Министров СССР с глубокой скорбью извещают партию, весь советский народ, что 10 ноября 1982 года в 8 часов 30 минут утра скоропостижно скончался Генеральный секретарь Центрального Комитета КПСС, Председатель Президиума Верховного Совета СССР Леонид Ильич БРЕЖНЕВ.
Имя Леонида Ильича Брежнева - великого продолжателя великого ленинского дела, пламенного борца за мир и коммунизм, будет всегда жить в сердцах советских людей и всего прогрессивного человечества.

(O comitê central do Partido Comunista da União Soviética, o Soviete Supremo da União Soviética e o Conselho de Ministros da URSS, com profunda tristeza, informa ao partido, assim como ao povo soviético, que em 10 de novembro do ano de 1982, às 8h 30 min, morreu repentinamente o Secretário-geral do Comitê Central do PCUS e Presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS, Leonid Ilitch BREJNEV.

O nome de Leonid Ilitch Brejnev - grandioso progressor da grande causa de Lênin, e fervoroso defensor da paz e do comunismo, para sempre viverá no coração do povo soviético e de toda a humanidade progressista.
O chefe do Comitê Central, Iuri Andropov, foi cotado para chefiar o comitê do funeral. O primeiro anúncio não revelou a causa da morte. Brejnev, pouco antes de completar 76 anos, foi visto publicamente pela última vez na celebração dos 65 anos da Revolução Russa, em 7 de novembro, na Praça vermelha, e em uma recepção diplomática, mais tarde. Ele se encontrava estático e calado, o que não era de costume, sobre a tribuna do Kremlin. Em certo momento, o Marechal Dmitri Ustinov bateu levemente em seu ombro e perguntou se ele estava se sentindo bem, ao que Brejnev assentiu e respondeu positivamente. Ele havia sofrido uma série de padecimentos cardiorrespiratórios e mandibulares desde meados da década de 1970, e havia rumores de que o líder soviético estava muito doente, mas ele próprio desmentia todas as afirmações.

Em Washington, o Presidente Reagan expressou pesar, e afirmou que torcia por um novo governo, produtivo e otimista, como havia sido o do falecido presidente. A Casa Branca informou que o presidente Reagan gostaria de manter fortes e sérias relações com o Kremlin, e que uma grande delegação deveria estar presente no memorial, mas os nomes dos dignitários não foram divulgados.

"Como líder soviético por quase duas décadas, o presidente Brejnev foi uma das mais importantes figuras em todo o mundo", afirmou a Casa Branca. "O presidente Brejnev progrediu bastante nas relações Estados Unidos-União Soviética durante seu mandato, construindo um produtivo e otimista governo."

A morte de Brejnev ocorreu poucos dias antes de um encontro do Comitê Central, previsto para 15 de novembro, que anunciaria a aposentadoria de Andrei Kirilenko, um veterano do politburo. Kirilenko, de 76 anos, estava doente após uma série de ataques cardíacos.

Brejnev havia sofrido um ataque cardíaco havia menos de um ano, e chegou-se a noticiar a sua morte. Porém, o presidente sobreviveu, e no ano seguinte, quando Brejnev morreu de fato, as autoridades soviéticas preferiram aguardar e ter mais informações antes de qualquer anúncio. Por essa razão e devido às circunstâncias da morte, as notícias chegaram apenas no dia seguinte.

O primeiro indício de morte de um veterano do partido chegou quando trabalhadores da mídia estatal em Moscou foram ordenados a cancelar a exibição de um concerto em comemoração ao dia da polícia soviética. O famoso concerto anual foi substituído por um filme patriótico.

Poucas horas antes do anúncio oficial, o jornal Pravda publicou um documento oficial sem a assinatura de Brejnev, o que foi considerado um descuido do governo, que deixou vestígios de que o chefe da nação não estava, ao menos, presente. Não era possível inferir, contudo, que ele estava morto.

Durante a gestão de Brejnev, os Estados Unidos viveram cinco trocas de presidente: Johnson, Nixon, Ford, Carter e Reagan, períodos em que a URSS ganhou e perdeu no jogo diplomático Oeste-Leste durante a distensão.

Em Pequim, a agência oficial de notícias Notícias da Nova China informou a morte sem comentários. O informe chinês foi feito dezoito minutos após o informe oficial pelos soviéticos.

Em Varsóvia, o porta-voz polonês disse que a morte de Brejnev foi "uma grande perda para a nação polonesa", pois ele foi "um grande amigo da Polônia e entendia nossos problemas".

Em Camberra, o primeiro-ministro Malcolm Fraser declarou:

"Em nome da nação australiana, estendo as condolências ao povo da União Soviética e à família do falecido presidente, o governo australiano espera sinceramente que, para o bem de todas as pessoas, os novos líderes em Moscou sinceramente sigam o caminho da paz que o falecido presidente Brejnev sempre invocava como a política de seu país, assim, haverá enormes benefícios para toda a humanidade se a paz vier com o novo presidente."

O líder da oposição australiana disse que espera que a morte do presidente não seja seguida por aumento de incertezas e imprevisibilidades nos assuntos internacionais, especialmente nas relações entre Leste e Oeste, e que prossigam-se os planos pelo controle de armas estratégicas.

Um membro do atualmente extinto Partido Comunista da Austrália disse que o partido "espera que a sociedade soviética evolua num sentido democrático após a morte do presidente Brejnev."

No Afeganistão, um porta-voz disse que seus compatriotas receberam a notícia da morte do presidente Brejnev com um grande prazer. "Todos os afegãos corretos estão felizes e muito contentes com a morte de Brejnev, e esperamos que o novo líder soviético ache uma solução para o problema do Afeganistão, mas nós entendemos que o Politburo continuará a cultuar e fazer a política de Brejnev."

Em Nova Deli, a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, enviou uma mensagem de solidariedade para o Kremlin, dizendo que o mundo perdeu um arquiteto da paz e um amigo valorizado pelo povo da Índia. Ela ainda disse que a vida do presidente Brejnev era uma mistura de dedicação inexplicável, tenacidade e realização.

Em Tóquio, o porta-voz do governo do Japão disse que a morte de Brejnev foi lamentável para as relações de amizade entre o Japão e a União Soviética.

Em Frankfurt, o nervosismo tomou conta dos mercados após o anúncio da morte do chefe soviético. O dólar e o preço do ouro subiram rapidamente. Minutos depois do anúncio oficial, o dólar atingiu seu nível mais alto, em quase sete anos. Especuladores financeiros imaginavam a possibilidade de que as relações entre EUA e URSS entrassem em um período incerto depois da morte do presidente soviético, que foi o principal fator de pressão da elevação do preço do dólar e do ouro. Mas o pânico inicial diminuiu e o dólar caiu, fazendo com que os investidores tivessem lucros rápidos e esperassem a nova figura no Kremlin.


Família

A família de Brejnev tornou-se um malogro para o líder soviético, que mesmo após a morte vê seu nome de família envolvido em situações constrangedoras e ilícitas. Brejnev casou-se com Viktoria Petrovna (1912-1995), e com ela teve dois filhos, Galina e Iuri. A família vivia na conhecida Avenida Kutuzovski, em Moscou, e passava as férias na dacha federal em Zavidovo.
Quando alcançou posições destacadas no partido, Brejnev abandonou sua família para se dedicar à vida política, o que desagradou a esposa e desestabilizou o casamento. A família não se entendia, e Viktoria era uma figura somente simbólica na vida do chefe soviético, mesmo que dificilmente Brejnev fosse visto com a esposa. Em seus anos finais, Brejnev passava boa parte do tempo na dacha, que tornou-se um refúgio para se distanciar dos problemas familiares e da esposa, sem que se causassem grandes distúrbios na sociedade, tanto que o líder tenha passado suas últimas horas e achado morto nesta mesma casa de campo. Por sua proximidade com o poder e sem saber lidar com as situações, a filha Galina muitas vezes utilizava o poder para o próprio bem, sujando o nome da família. Por essa razão, Brejnev perde a confiança na própria filha e afasta radicalmente Galina da proximidade do poder, o que sacrificou as relações entre o pai e a filha.

Galina torna-se um infortúnio para as autoridades soviéticas: o vício pelo poder e a tristeza pelo distanciamento do pai fazem Galina se infiltrar no mundo da criminalidade e se envolver em escândalos surpreendentes dentro da sociedade soviética, como contrabandos, prostituição e embriaguez, relacionando-se com excêntricos artistas anti-comunistas, como Igor Kio e Māris Liepa, e participando de atividades clandestinas e subversivas contra o governo do próprio pai.
O filho, Iuri, um orgulho para seu pai, que diferentemente da irmã encontrava-se como uma figura completamente retraída e livre de escândalos, foi descoberto e denunciado por desvios de dinheiro e corrupção, e teve seus bens confiscados durante o governo de Chernenko, um aliado e amigo próximo de Brejnev. Viktoria passa os anos seguintes da morte do marido simplesmente abandonada, sofrendo de diabetes e praticamente cega, até morrer em 1995. Galina é vista publicamente pela última vez durante o funeral de seu pai, onde recusa-se a abraçar o então presidente Andropov, e continua com seus escândalos. Mais tarde, é internada pelo último marido e morre esquecida em um hospital psiquiátrico em uma cidade próxima a Moscou. Após a prisão, Iuri torna-se alcoólatra e é abandonado pelos filhos. Andrei Brejnev, filho de Iuri, logo após a desintegração soviética, criticou o Partido Comunista da Federação Russa.

O túmulo de Leonid Brejnev se localiza na mais prestigiada localização da Rússia, aos pés da grande muralha do Kremlin.[41] Em 2005, a televisão russa lançou uma série chamada Brezhnev, uma biografia sobre os últimos meses de Brejnev, que relata em detalhes o distanciamento do líder soviético de sua família e a aproximação de seus assessores, combinados com as memórias dos tempos de guerra e juventude.

Elogios e críticas

Brejnev foi reverenciado, inclusive por adversários das potências rivais, por tirar da União Soviética a face de vilã da Guerra Fria, e dar ao mundo um sinal de paz, ainda que mínimo, por meio de atitudes consideradas pacifistas para o cargo que ocupava, como a proibição de armas estratégicas e as políticas de distensão e cooperação. Ele também elevou o padrão social de seu povo, por meio de políticas públicas que iam de acordo com o ideal socialista. Entretanto, foi muito criticado, principalmente pelo Ocidente, pela estagnação na economia soviética que se deu durante o seu governo, assim como por ter exigido que os países socialistas da Europa se subordinasse à vontade de Moscou.

Muitos consideram que sua gestão foi uma etapa para a renovação que a economia soviética necessitava e um tempo de estabilidade política, mas também consideram que seus últimos anos foram de declínio, sem que fossem tomadas novas atitudes e que o líder, mesmo idoso, continuasse no poder.

O nome de Brejnev esteve e está envolvido em inúmeras anedotas contadas pelo povo russo, desde as características de desatento e confuso do antigo líder até o fato de terem noticiado sua morte sem que ele tenha morrido, o que o fez ser chamado de morto-vivo e ter vindo de volta do mundo dos mortos, incluindo adaptações de diversas outras anedotas. Após sua morte, as anedotas se cessaram gradualmente.

Foi acusado de ter autorizado e instruído assassinos soviéticos a promoverem o atentado ao papa João Paulo II em 1981, porém escreveu uma carta pessoal ao líder católico, desculpando-se por não ter participado da visita da delegação soviética ao Vaticano, por motivos de saúde, ocorrida naquele mesmo ano. O nome de Brejnev também se destacou fortemente após um vazamento de documentos, nos quais Brejnev autorizava o envolvimento e planejamento do serviço secreto soviético na execução do cruel ditador nicaraguense Anastasio Somoza Debayle.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

STF concede liminares que barram rito de impeachment definido por Cunha



terça-feira, 13 de outubro de 2015

 Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em sessão em Brasília.

 22/09/2015   REUTERS/Ueslei Marcelino



Por Leonardo Goy e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta terça-feira liminares que, na prática, seguram momentaneamente o desenvolvimento de eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que ganha mais tempo em meio à intensa disputa política que trava no Congresso.

A Corte, por meio dos ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, concedeu três liminares suspendendo as decisões do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre questão de ordem da oposição em torno do trâmite de eventual impeachment.

Com isso, todos os procedimentos envolvidos na resposta de Cunha à questão de ordem, incluindo prazos e a possibilidade de a oposição recorrer no caso de eventual arquivamento de pedido de impeachment, ficam suspensos até o plenário do STF julgar o mérito de dois mandados de segurança e uma reclamação apresentados por deputados governistas. A data para isso ainda não foi definida.

Respondendo a pedido de liminar feito pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ), o ministro Teori Zavascki avaliou como "inusitado" o modo de formatação do procedimento adotado por Cunha, completando que os fundamentos do pedido de liminar eram "relevantes".

"Ora, em processo de tamanha magnitude institucional, que põe a juízo o mais elevado cargo do Estado e do Governo da Nação, é pressuposto elementar a observância do devido processo legal, formado e desenvolvido à base de um procedimento cuja validade esteja fora de qualquer dúvida de ordem jurídica", disse.

A ministra Rosa Weber foi na mesma linha ao conceder uma liminar em mandado de segurança do deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB-MA) e outra em reclamação dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS).

"Não há como desconsiderar, pelo menos em juízo precário de delibação, a controvérsia como um todo... a ferir tema de inegável relevância e envergadura constitucional", assinalou em uma de suas decisões.

O presidente da Câmara dos Deputados ressaltou, porém, que sua autoridade para aceitar ou rejeitar um pedido de impedimento não muda com as liminares dadas pelo STF. "A prerrogativa da decisão (sobre impeachment) é constitucional. Ela não está atacada. Eu continuo com a prerrogativa e o farei", afirmou Cunha a jornalistas.  Se a decisão do STF não interfere no poder de Cunha deliberar sobre os pedidos do impeachment, na prática deixa incerto o plano da oposição de apresentar recurso em plenário para eventual rejeição de Cunha ao pedido de impeachment, como era o script elaborado pelos oposicionistas.

"Se eu indeferir, não sou eu que vou apresentar recurso contra minha decisão. Quem está, de certo forma, tendo seu direito impedido, é que vai ter cuidar de lutar", disse o presidente da Câmara.

Cunha, porém, disse que existem questões de ordem anteriores à dele tratando de impeachment e que podem ser consultadas caso o texto dele continue suspenso pelo STF.

O presidente da Câmara disse também que não deve despachar nesta terça-feira o pedido de impeachment elaborado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, porque a oposição apresentará um aditamento ao texto, incluindo supostas irregularidades fiscais cometidas pelo governo também em 2015.

"Não deverei despachar esse (pedido de impeachment) do Hélio Bicudo hoje, já que vai haver aditamento", disse. "Vou aguardar."

Segundo o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), a inclusão da acusação de pedaladas fiscais pelo governo será feita ainda nesta terça-feira no pedido elaborado pelos juristas, tido como um dos mais importantes a ser analisado.

A oposição espera com isso preencher um dos requisitos apresentados pelo presidente da Câmara, de que não é possível aceitar pedido de impeachment baseado em irregularidades ocorridas no primeiro mandato da presidente Dilma.

Mas o deputado Wadih Damous, autor de um dos mandados de segurança, interpreta que as liminares concedidas pelo STF impedem a decisão de Cunha sobre um pedido com aditamento.

"A decisão estabelece que o pedido tem que ser processado nos termos da Constituição", disse o deputado petista a jornalistas. "De fato, isso não impede que o presidente da Câmara decida sobre esse pedido. Agora, se decidir, ele não pode decidir é com pedido aditado, isso é ilegal."  1 de 1Versão na íntegra
No Palácio do Planalto, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse a jornalistas após reunião de coordenação política que o país não pode resolver suas questões políticas com "ruptura institucional" e que o governo está aberto ao diálogo e quer buscar a "paz política".

Segundo duas fontes do governo que participaram da reunião de coordenação política com a presidente Dilma pela manhã, o governo ainda vai esperar os desdobramentos da decisão do STF para estabelecer eventual nova estratégia de defesa.

O movimento pelo impeachment de Dilma, num cenário de recessão econômica e baixíssima popularidade, ganhou ainda mais força com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada que rejeitou as contas do governo de 2014 devido às chamadas pedaladas fiscais.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres)


© Thomson Reuters 2015 All rights reserved

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fiat 127 Concept / Abarth 127 Concept _ HQ

Anos 50, Os Anos Dourados / Professora Amanda / Universidade Infantil








Anos 50, Os Anos Dourados / Professora Amanda / Universidade Infantil
Introdução

Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. No campo da política internacional, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista (Guerra Fria) ganhavam cada vez mais força. A década de 1950 é conhecida como o período dos "anos dourados".

 FATOS

Esportes

Em 4 de julho, a tenista brasileira Maria Ester Bueno, de apenas 19 anos, torna-se a primeira sul-americana a vencer o tradicional torneio de tênis de Wimbledon, na Inglaterra 1959
- Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950. O Uruguai sagrou-se campeão após vencer a seleção brasileira, em pleno Maracanã, pelo placar de 2 a 1.
Em 27 de julho de 1957, Pelé estréia na seleção brasileira com 16 anos e marca o único gol na derrota para a Argentina por 2 a 1
- Em 29 de junho de 1958, o Brasil torna-se, pela primeira na história, campeão da Copa do Mundo de Futebol. O evento ocorreu na Suécia.

Comunicações

- A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950,  é o primeiro canal de televisão da América Latina. A primeira emissora de TV do Brasil, a TV Tupi, inicia suas transmissões no dia 19 de setembro. Assis Chateaubriand, proprietário da cadeia de emissoras de rádio e jornais "Diários Associados", foi quem trouxe esse novo veículo ao Brasil, quarto país do mundo a tê-lo.

Cultura e Arte

- No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. no dia 20 de outubro, mais de cinco mil pessoas presenciam a abertura da primeira Bienal de Artes de São Paulo, num pavilhão no parque Trianon.
No dia 24 de julho de 1954, a miss Brasil, a baiana Marta Rocha, não consegue o título de miss Universo, por ter duas polegadas a mais nos quadris
Em 16 de fevereiro 1957, o prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, proíbe o rock and roll nos bailes
1958, Em 10 de julho, a Odeon lança um disco de João Gilberto com as músicas "Chega de Saudade", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e "Bim-Bom", do próprio João. A forma intimista de cantar, o arranjo econômico e os acordes dissonantes e saltos melódicos das músicas, surpreendem e vem modificar todo o cenário musical da época. É o início da bossa nova

 Política

-Getúlio Vargas, candidato do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) é eleito para a presidência da República com quase 50% dos votos, no dia 3 de outubro
- Em 24 de agosto de 1954, ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
- Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) é eleito presidente do Brasil.
Em 1º de fevereiro de 1956, o presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, expõe, em seu primeiro dia de governo, um plano desenvolvimentista em que promete fazer o país avançar "50 anos em 5"
- No Brasil, o Congresso Nacional aprova, no dia 17 de julho, a lei que considera crime qualquer ato de racismo e pode punir com prisão os infratores

 Economia

- Criação da empresa estatal Petrobrás, em 1953.
Música
- O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso. Os maiores representantes deste movimento foram: Tom Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto.

Ciência

1958, Nesse ano, uma grande epidemia de graves deformações congênitas é atribuída à talidomida, um remédio vendido na Europa como pílula para dormir e tratamento contra o enjôo matinal durante a gravidez.

O Brasil de JK > Sociedade e cultura nos anos 1950

Sociedade e cultura nos anos 1950 / Complemento

O fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, alterou significativamente o cenário internacional, com a divisão do mundo em dois blocos político-militares liderados pelas duas superpotências emergentes: EUA e URSS. O Cruzeiro, n.27, 16 abr. 1960 O esforço de ampliação da área de influência econômica, política e ideológica dos EUA implicou o estímulo à penetração da cultura norte-americana não só em países latino-americanos como o Brasil - na verdade, esse processo já se iniciara aqui desde os tempos da guerra, com o alinhamento do Brasil aos EUA -, mas também na Europa. Reforçado pela prosperidade econômica norte-americana no pós-guerra, difundia-se em todo o mundo ocidental um espírito de otimismo e de esperança, um novo modo de viver propiciado pela produção em massa de bens manufaturados de uso pessoal e doméstico.

O Cruzeiro, n.27, 16 abr. 1960 No Brasil, essas transformações foram se consolidando ao longo da década de 1950, e alteraram o consumo e o comportamento de parte da população que habitava os grandes centros urbanos. A paisagem urbana também se modernizava, com a construção de edifícios e casas de formas mais livres, mais funcionais e menos adornadas, acompanhadas por uma decoração de interiores mais despojada, segundo os princípios da arquitetura e do mobiliário moderno. Através da propaganda veiculada pela imprensa escrita, é possível avaliar a mudança nos hábitos de uma sociedade em processo de modernização: produtos fabricados com materiais plásticos e/ou fibras sintéticas tornavam-se mais práticos e mais acessíveis. O Cruzeiro, n.27, 16 abr. 1960 Consolidava-se a chamada sociedade urbano-industrial, sustentada por uma política desenvolvimentista que se aprofundaria ao longo da década, e com ela um novo estilo de vida, difundido pelas revistas, pelo cinema - sobretudo norte-americano - e pela televisão, introduzida no país em 1950.

A consolidação da chamada sociedade de massa no Brasil trouxe consigo a expansão dos meios de comunicação, tanto no que se refere ao lazer quanto à informação, muito embora seu raio de ação ainda fosse local. O rádio cresceu no início dos anos 50, quando houve um aumento da publicidade. As populares radionovelas, por exemplo, tinham como complemento propagandas de produtos de limpeza e toalete. Na televisão, a publicidade não se limitava a vender produtos, e as próprias empresas eram produtoras dos programas que patrocinavam. Houve um aumento da tiragem dos jornais e revistas, e popularizaram-se as fotonovelas, lançadas Grande Otelo no espetáculo Mister Samba, produzido por Carlos Machado. Em 1º plano Elizabeth Gaper (1ª da esq.) e Aurora Miranda (4ª). Rio de Janeiro, dez. 1957 no início da década. O cinema e o teatro também participaram desse processo, tanto do lado das produções de caráter popular quanto das produções mais sofisticadas. No caso do cinema, as populares chanchadas, comédias musicais produzidas pela Atlântida, empresa criada nos anos 40, tiveram seu auge nos anos 50, e seus atores foram consagrados pelo público. O teatro de revista, que também misturava humor e música, fazia bastante sucesso. Apesar de originárias da década de 1940, as experiências tanto de um cinema industrial, como foi o caso daquele produzido pela Vera Cruz, quanto de um teatro menos popular, como o do Teatro Brasileiro de Comédia, ainda perduraram ao longo dos anos 50.

Se o otimismo e a esperança implicaram profundas alterações na vida da população em todo o mundo, permitindo, não a todos, mas a uma parcela - os setores médios dos centros urbanos -, consumir novos e mais produtos, por outro lado, a vontade do novo trazia embutido, em várias áreas da cultura, o desejo de transformar a realidade de um país subdesenvolvido, de retirá-lo do atraso, de construir uma nação realmente independente.

O entusiasmo pela possibilidade de construir algo novo implicou o surgimento e/ou o impulso a vários movimentos no campo artístico. Eram novas formas de pensar e fazer o cinema, o teatro, a música, a literatura e a arte que se aprofundavam, como revisão do que fora feito até então. Em alguns casos, consolidou-se um movimento que já se iniciara em décadas passadas. Mas outros movimentos nasceram exatamente naquele momento e se tornaram marcos e/ou referências de renovações estéticas que viriam a se firmar mais plenamente depois. Guardando suas especificidades, e em graus diferenciados, tanto o cinema, quanto o teatro, a música, a poesia e a arte, movidos pela crença na construção de uma nova sociedade - fosse ela industrial, fosse ela centrada na valorização do elemento nacional e popular - abraçavam expressões artísticas e estéticas inovadoras que vinham sendo praticadas não só em outras partes do mundo, mas também no próprio país. Essa foi, em linhas gerais, a marca do processo de renovação estética em curso ao longo da década de 1950. Por outro lado, o vigor do movimento cultural encontrava eco junto a setores das camadas médias urbanas em franca expansão, sobretudo universitárias, sintonizadas com o espírito nacionalista da época, e com a crença nas possibilidades de desenvolvimento do país.

A identificação dos chamados "anos dourados" com o espírito otimista que consagrou o governo Kubitschek acabou, assim, por englobar todo um conjunto de mudanças sociais e manifestações artísticas e culturais que ocorreram dentro de um debate mais geral sobre a reconstrução nacional, em curso desde o início dos anos 50 até os primeiros anos da década seguinte.

Mônica Almeida Kornis

Governo dá como certo pedido de impeachment de Dilma



Governo dá como certo pedido de impeachment de Dilma
Estadão Conteúdo Em Brasília 12/10/2015
Pedro Ladeira/Folhapress

O governo já dá como certa a abertura de um processo de impeachment contra Dilma Rousseff no Congresso e montou um time de advogados e juristas para defender a presidente. A decisão do Palácio do Planalto é recorrer ao Supremo Tribunal Federal assim que algum requerimento solicitando o afastamento de Dilma for aceito pela Câmara.

Em nova reunião realizada ontem (11) com ministros, no Palácio da Alvorada, Dilma foi informada de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comandará uma "manobra" pró-impeachment.

A avaliação do governo é de que, acuado após a denúncia do Ministério Público da Suíça mostrando contas secretas atribuídas a ele e abastecidas com dinheiro desviado da Petrobrás, Cunha vai pôr em prática o jogo combinado com a oposição para atingir Dilma.

Por esse script, o presidente da Câmara rejeitará, amanhã, o pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, propondo a deposição da presidente. A ideia, porém, seria deixar o caminho aberto para que um deputado da oposição apresente recurso ao plenário da Câmara. Nesse caso, ainda no roteiro idealizado por Cunha, esse recurso poderia ser aprovado por maioria simples, composta por 50% mais um dos deputados, com qualquer número de presentes à sessão.

O advogado Flávio Caetano, coordenador jurídico da campanha de Dilma à reeleição, foi escalado para coordenar a defesa da presidente na possível ação de impeachment. O governo pretende contestar a questão do quórum para a abertura do processo pela Câmara, uma vez que a Constituição exige dois terços dos parlamentares.

Na reunião de ontem (11), os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Aldo Rebelo (Defesa) e o assessor especial Giles Azevedo traçaram cenários para a presidente e disseram que a decisão do PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade de divulgar uma nota pedindo o afastamento de Cunha do comando da Câmara não passa de um jogo de cena. "Fizeram isso para dar satisfação às bases, mas precisam dele para deflagrar o impeachment", disse ao Estado um auxiliar direto de Dilma. "É tudo combinado."

Acordo Ministros ainda continuam conversando com Cunha, na tentativa de fazer um acordo com ele, mas têm poucas esperanças. Uma das propostas consiste em segurar o PT para não pedir a cassação do mandato do peemedebista no Conselho de Ética da Câmara, em troca da salvação de Dilma.

No diagnóstico do Planalto, o maior sustentáculo da presidente, agora, está no Senado, que pode barrar o impeachment. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é aliado do governo.

Além de Caetano, nomes de peso do meio jurídico, como Celso Antonio Bandeira de Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e Dalmo Dallari, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), farão parte da equipe que defenderá Dilma. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto também foi sondado para se juntar ao grupo.

Os juristas prepararam pareceres para dar sustentação à defesa de Dilma. Documento assinado por Bandeira de Mello e Fabio Konder Comparato diz que a reprovação das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU) não representa crime de responsabilidade e, portanto, é insuficiente para embasar a abertura de um processo de impeachment no Congresso.

Na semana passada, diante da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de abrir uma ação de impugnação contra a chapa formada por Dilma e pelo vice Michel Temer, Dalmo Dallari também sustentou que o órgão não tem competência para cassar mandato de presidente da República.

http://noticias.uol.com.br/

Xenofobia na Europa

Atentado ao Jornal Charlie Hebdo

Professores listam 10 filmes para estudar para o Enem






Professores listam 10 filmes para estudar para o Enem

Marcelle Souza
Do UOL, em São Paulo

Na reta final para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o tempo é curto para aprender novos conteúdos e o mais indicado nessas últimas semanas, dizem os professores, é se dedicar às revisões e aos simulados. Mas você já pensou em estudar assistindo a filmes? Alguns podem ser boas fontes para aprender ou lembrar fatos históricos e assuntos importantes de geografia e atualidades. Além disso, pode ser uma boa ferramenta para estudar possíveis temas para a redação. Confira abaixo a lista preparada por professores ouvidos pelo UOL.

Estude com 10 filmes


1- Entre os muros da escola


O professor Ademar Celedônio, diretor de ensino e de tecnologia educacional do Sistema Ari de Sá, indica o filme "Entre os muros da escola" para entender melhor temas como imigração. "O filme retrata uma sala de aula de uma escola francesa de periferia, ocupada por alunos de diversas nacionalidades: africanos, latino-americanos, asiáticos e franceses. Na trama, o professor de língua francesa tenta ensinar a matéria, além de disciplinar e educar seus alunos, apesar das diferenças culturais e do xenofobismo", explica.

2- Encontro com Milton Santos:

 O mundo global visto do lado de cá
Para o professor Greckson Ulisses, que dá aulas de geografia na Escola Dínamis, o documentário é importante porque trata do capitalismo global, dos efeitos do consumo e da desigualdade social. Segundo o professor, o filme pode ser lido a partir de três pensamentos: "o primeiro, seria o mundo que nos é mostrado, o fabuloso; o segundo, seria o mundo em que realmente vivemos; e o terceiro, um mundo como ele pode ser. Por meio dessas perspectivas, o geógrafo (que, em 1994, ganhou o Prêmio Vautrim Lud, estimado como o 'Nobel da geografia') Milton Santos nos faz pensar, desenvolver ideias e refletir sobre o tema", Diz reprodução.

3- 13 dias que abalaram o mundo

O professor de história Francisco Moreira Junior, da Escola Dínamis, diz que a Guerra Fria é um tema recorrente nas provas do Enem e, por se tratar de "um conjunto de acontecimentos que alterou profundamente os rumos da história" merece mesmo destaque. "Nesse filme é abordado de maneira clara e ampla o episódio conhecido como 'Crise dos Mísseis', quando o governo soviético instalou mísseis em Cuba capazes de carregar ogivas nucleares. Como os EUA já haviam instalado ogivas nucleares na Turquia, apontadas para a URSS, o mundo ficou à beira de uma guerra de características nucleares", diz.

4- Trabalho Interno

"O documentário conta a história da crise econômica de 2008, que resultou na perda de casas e empregos para milhões de pessoas. O filme, dividido em cinco partes, retrata a realidade da globalização atual e demonstra as mudanças no ambiente político e nas práticas bancárias para combater a crise financeira", indica Ademar Celedônio, diretor de ensino e de tecnologia educacional do Sistema Ari de Sá.

5- Notícias de uma guerra particular

O professor de geografia Greckson Ulisses indica o filme "Notícias de uma guerra particular" para entender melhor a violência urbana. "Ao longo do documentário, conhecemos o dia a dia dos três lados mais diretamente envolvidos (e prejudicados) por essa 'guerra particular': o policial, o traficante e o morador da favela. Os lados fortemente armados do conflito fazem afirmações chocantes, porém já conhecidas: os traficantes que aprendem a matar desde criança acham tudo normal e os policiais que matam sentem a sensação de 'dever cumprido'. Já os moradores, presos no meio do fogo cruzado, ficam divididos e acabam sendo prejudicados de todas as formas possíveis, já que a ameaça é constante e vem tanto dos criminosos como do Estado", afirma o docente da Escola Dínamis.

6- Getúlio

O filme brasileiro "Getúlio" pode ser interessante para entender os debates políticos da época do presidente brasileiro que morreu em 1954, segundo professor de história Francisco Moreira Junior. "A obra destaca os ataques sofridos por Vargas por meio da imprensa, as hostilidades entre ele e Carlos Lacerda (líder da UDN, União Democrática Nacional), o apoio dos trabalhadores ao 'pai dos pobres', entre outras características. Tudo isso tendo como pano de fundo a crise desencadeada pelo atentado da rua Tonelero, que acaba com o suicídio do próprio presidente", afirma o professor da Escola Dínamis.

7 -Uma verdade inconveniente

O professor Ademar Celedônio, do Sistema Ari de Sá, indica o filme "Uma verdade inconveniente" para discutir meio ambiente. "No documentário, o ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise sobre o aquecimento global, retratando os mitos e as verdades que englobam o tema. Além disso, ele também fala sobre possíveis soluções para evitar que o planeta sofra uma catástrofe climática nas próximas décadas", diz.

8- Lincoln

O professor Francisco Moreira Junior indica "Lincoln", porque o filme retrata a Guerra de Secessão, colocando em pauta as divergências de interesses entre os Estados sulistas e nortistas, escravistas e não escravistas, respectivamente. "O debate mais importante do filme gira em torno da 13ª emenda, que viria proibir a escravatura em território norte-americano. Embora fale pouco nas questões econômicas que levaram o sul e o próprio Lincoln a defenderem o projeto antiescravista, o filme revisita uma parte fundamental da história dos EUA", diz o professor de história da Escola Dínamis.

9- Cortina de fumaça


"Um documentário ousado sobre um tema polêmico que interessa a todos e que precisa ser debatido de forma honesta: a política de drogas no Brasil e no mundo, baseada na proibição de determinadas práticas relacionadas a algumas substâncias. Ela precisa ser repensada, uma vez que muitas de suas consequências diretas, como a violência e a corrupção, atingiram níveis inaceitáveis", afirma o professor de geografia Greckson Ulisses.


10-  Promessas de um novo mundo

Documentário israelense, ?Promessas de um novo mundo? retrata a realidade do conflito entre Israel e Palestina a partir do olhar de sete crianças. "Além de apresentar o evento político, a trama dá voz a estas crianças que, apesar de morarem a pouco distância umas das outras, habitam mundos completamente diferentes", professor Ademar Celedônio, do Sistema Ari de Sá.

domingo, 11 de outubro de 2015

Turquia vê Estado Islâmico como responsável por explosões no sábado, dizem fontes

domingo, 11 de outubro de 2015
Familiares e amigos carregam caixão de Karkmaz Tedik, vítima do atentado na Turquia (Foto: Umit Bektas/Reuters)

ANCARA (Reuters) - As indicações iniciais sugerem que o Estado Islâmico foi responsável pelas explosões na capital turca Ancara e o foco das investigações é o grupo radical islâmico, disseram à Reuters duas fontes sêniores de seguranças da Turquia neste sábado.

Uma das fontes disse que as explosões de sábado - que um partido de oposição pró-curdo disse que foram mortas 128 pessoas - contêm semelhanças extraordinárias com um ataque suicida em julho na cidade de Suruc, perto da fronteira com a Síria e também acusou o Estado Islâmico.

"Este ataque foi no estilo de Suruc e todos os sinais são de que foi uma cópia daquele ataque... os indícios apontam para o Estado Islâmico", disse a fonte em condição de anonimato.

"Todos os sinais indicam que o ataque pode ter sido realizado pelo Estado Islâmico. Nós estamos completamente focados no Estado Islâmico", disse a segunda fonte à Reuters.

(Por Orhan Coskun)

© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.




Bancos centrais não podem mais salvar o mundo, diz Grupo dos 30



Bancos centrais não podem mais salvar o mundo, diz Grupo dos 30
sábado, 10 de outubro de 2015
LIMA (Reuters) - Em 2008, os bancos centrais liderados pelo Federal Reserve foram ao resgate do sistema financeiro global. Sete anos e trilhões de dólares depois, eles já não têm as respostas e podem até representar um grande risco para a economia global.

Um relatório do Grupo dos Trinta, órgão internacional liderada pelo ex-presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, alertou neste sábado que taxas zero e impressão de dinheiro não foram suficientes para retomar o crescimento económico e adotando medidas arriscadas quase permanentemente.

"Os bancos centrais têm descrito suas ações como 'compra de tempo para os governos resolverem a crise ... Mas o tempo está passando e as compras tiveram o seu preço", diz o relatório.

Nos Estados Unidos, o Fed terminou o seu programa de compra de títulos em 2014, e podia começar a elevar as taxas de juro em junho passado. Mas pode ter dificuldade para fazer a primeira alta em quase 10 anos até dezembro. As apostas futuras apostam que esse movimento acontecerá apenas em março de 2016.

O Banco da Inglaterra também atrasou, enquanto o Banco Central Europeu parece fadado a implementar uma nova rodada de flexibilização, como faz o Banco do Japão, que está preso nesse processo desde 2001.

A Reuters calcula que os bancos centrais desses mercados ter passado de 7 trilhões de dólares em compras de títulos. O fluxo de dinheiro levantou os preços de ativos como ações e imóveis em muitos países, mesmo sem promover crescimento econômico.

Com estimativas de crescimento tendendo mais baixo e dinheiro fácil aumentar a alavancagem da empresa, a leitura de uma armadilha da dívida está agora assombrando economias avançadas, o Grupo dos Trinta disse.

(Reportagem de David Chance)

© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Governo busca diálogo com Cunha para conter ameaça de impeachment no Congresso, dizem fontes

Governo busca diálogo com Cunha para conter ameaça de impeachment no Congresso, dizem fontes
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
 Presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 06/08/2015  REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy

BRASÍLIA (Reuters) - O governo está tentando um caminho mais político para lidar com a ameaça de impeachment e tenta abrir canal de diálogo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio do novo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disseram à Reuters três fontes do governo federal.

Um dia depois de tomar posse, Wagner procurou Cunha na terça-feira e foi à casa do presidente da Câmara para uma conversa privada, segundo as fontes. Uma das fontes disse que o governo considera importante conversar com Cunha mesmo com a intensificação das denúncias contra o deputado no âmbito da operação Lava Jato.

De acordo com as fontes, o diálogo não tratou explicitamente da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff ou da análise das contas de 2014 do governo pelo Congresso, mas a conversa teve como objetivo criar uma ponte com o presidente da Câmara, que está rompido com o Palácio do Planalto desde julho.

Um dos interlocutores de Wagner ouvidos pela Reuters relatou, nesta sexta-feira, que o ministro disse que "prefere construir pontes do que ter de ir à nado depois".

Wagner, conhecido por ser um político habilidoso e capaz de dialogar com diferentes forças políticas, também conversou com o vice-presidente Michel Temer e ainda procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"O governo tem de conversar com o Cunha. Mesmo enfraquecido por conta das denúncias, ele tem força. Ele faz a agenda das votações na Câmara", disse outra fonte, que também participa da articulação política do governo, fazendo referência às denúncias contra Cunha no âmbito da operação Lava Jato.

Uma terceira fonte do governo, com ótima interlocução no Congresso, avaliou, no entanto, que dificilmente a aproximação com Cunha dará resultado. O presidente da Câmara, disse a fonte, não está interessado em acordos com o governo e tem outras prioridades.

"Ele responsabiliza o Planalto pelas investigações em que está sendo acusado", afirmou a fonte, que disse não ter nem segurança de que Cunha seguirá o script programado pela oposição de rejeitar o pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo para depois os oposicionistas apresentarem um recurso ao Plenário. A outra opção seria Cunha aceitar o pedido diretamente. SEMANA DECISIVA

Cunha é o responsável direto por ditar o ritmo dos trâmites relativos às ações de impeachment que chegam ao Congresso, e tem influência sobre muitos parlamentares. Apaziguado, o presidente da Câmara pode dar mais tempo ao governo para se reorganizar e se defender.

Nos últimos meses, porém, Cunha não tinha mais interlocução com o Planalto, mesmo com uma tentativa da própria presidente de conversar com o deputado.  

A estratégia do governo é tentar evitar primeiro politicamente o avanço dos pedidos de impeachment no Congresso, sem ter de apelar para recursos jurídicos, que, ao menos no caso do julgamento das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), se mostraram infrutíferos.

Na reunião ministerial de quinta-feira, Dilma pediu atenção dos ministros a movimentos surpresa da oposição, enquanto o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, prometeu um roteiro de perguntas e respostas para municiar a base com instrumentos para defesa do governo.

Ao mesmo tempo, Dilma cobrou dos ministros soluções para nomeações e emendas paradas nos ministérios para tentar acalmar os parlamentares insatisfeitos.

A próxima semana pode acumular capítulos decisivos para o governo e o próprio Cunha no roteiro da crise política.

A expectativa é de que o presidente da Câmara se manifeste até o fim da semana sobre os pedidos de impeachment ainda pendentes.  Além disso, pode ser escolhido o relator na Comissão Mista de Orçamento (CMO) da análise da recomendação do TCU pela rejeição das contas do governo no ano passado, um dos campos de batalha em torno do impeachment da presidente.

Em relação a Cunha, o PSOL anunciou que irá apresentar na próxima terça-feira ao Conselho de Ética da Câmara representação contra o deputado depois que a Procuradoria-Geral da República confirmou, em resposta ao partido, a existência de contas na Suíça em nome do deputado e familiares.

(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)


© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Quem é Krzysztof Charamsa, o padre que se declarou gay às vésperas de sínodo católico

Quem é Krzysztof Charamsa, o padre que se declarou gay às vésperas de sínodo católico
 BBC
04/10/2015
Tiziana Fabi/AFP
Monsenhor Krzysztof Charamsa e seu parceiro, o espanhol Eduard
Ele queria provocar um alvoroço --e conseguiu. Krzysztof Charamsa virou o primeiro padre que trabalhava no Vaticano a se declarar abertamente gay.

E ele fez isso em um momento crítico: na véspera do Sínodo da Família, que o papa Francisco abriu neste domingo, e em que prelados de todos o mundo irão debater temas como o tratamento a divorciados e homossexuais.

Ao celebrar a missa de abertura do evento neste domingo, o papa Francisco pediu que a Igreja fosse mais aberta àqueles que não conseguem cumprir seus ensinamentos, mas destacou a centralidade do casamento heterossexual.

Ao sair do armário, Charamsa não tentou ser discreto: concedeu longa entrevista publicada neste sábado no "Il Corriere della Sera", jornal de maior circulação na Itália, em que convida a Igreja a aceitar plenamente os fiéis homossexuais.

"Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou disposto a pagar as consequências, mas é hora de a Igreja abrir seus olhos para os fiéis homossexuais e entender que a solução oferecida, a abstinência total da vida amorosa, é desumana", disse.


Coração do Vaticano
Charamsa não é um padre qualquer. Passou 17 anos de seus 43 morando em Roma, onde desde 2003 é oficial da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada precisamente de defender a doutrina da Igreja.

Além disso, é secretário da Comissão Teológica Internacional do Vaticano e professor de Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana e da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum em Roma.

Como punição por sua declaração, o Vaticano anunciou que ele não poderá continuar em seus cargos.

Debate sobre pressão
As palavras de Charamsa caíram como uma bomba na Igreja e foram classificadas de "irresponsáveis" pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, sobretudo por terem sido feita às vésperas do Sínodo Ordinário para a Família, que será celebrado até o dia 25 de outubro.

"Apesar do respeito que merecem os feitos e circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas, a escolha de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo é muito grave e irresponsável", disse Lombardi em um comunicado.

O porta-voz afirmou que as declarações de Charamsa buscavam "submeter a assembleia sinodal a uma pressão midiática injustificada".

Charamsa não nega isso. Pelo contrário, disse que a revelação pública busca levar uma mensagem à Igreja. "Quero, com minha história, sacudir um pouco a consciência da Igreja", afirmou.

"Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todas as pessoas, incluindo os gays, lésbicas e transexuais, têm no coração o desejo de amar e de ter relações familiares", acrescentou.

Significado
Além da entrevista ao jornal, Charamsa concedeu uma entrevista coletiva acompanhado de seu parceiro. Ele também planejava participar da primeiro reunião internacional de homossexuais católicos, organizada na véspera do Sínodo da Família.

O correspondente da BBC em Roma, David Willey, explica que o Sínodo vai discutir como assegurar que famílias católicas sigam os ensinamentos da Igreja. A proibição ao uso de anticoncepcionais, por exemplo, é hoje mais descumprida do que seguida.

Mas, para ele, a revelação do padre polonês leva a outra discussão: será que a Igreja poderia iniciar um relaxamento da tradicional hostilidade em relação a gays em uma época em que o próprio papa afirma "quem sou eu para julgar"?

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Homens Que Marcaram O Século XX: Jacques Chirac


Jacques Chirac


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Jacques René Chirac GColIH (Paris, 29 de novembro de 1932) é um político neoliberal[1] francês filiado à UMP. Foi primeiro-ministro da França, de 1974 a 1976 e de 1986 a 1988. Foi também o vigésimo segundo presidente da França, de 1995 a 2007. Como presidente, foi também co-príncipe de Andorra, por inerência.


Biografia

Jacques Chirac nasceu a 29 de novembro de 1932 na Clínica Geoffroy-Saint-Hilaire, em Paris. O seu pai, Abel-François Chirac (1893-1968), era administrador de empresas, e mãe Marie-Louise Valette (1902-1973), dona de casa. Os avós eram de origem camponesa, se bem que os seus dois avôs eram professores primários em Sainte-Féréole, no departamento da Corrèze. Conforme o próprio Chirac, o seu apelido de família tem origem nas línguas da Occitânia, as línguas dos trovadores e da poesia.

Jacques era filho único. Uma irmã mais velha morreu muito jovem antes mesmo de Jacques nascer. Estudou no Liceu Carnot e passou depois ao Liceu Louis-le-Grand. Ao finalizar o ensino secundário, esteve embarcado durante três meses como marujo num navio de transporte de carvão. Em 1951, matriculou-se no Institut d'études politiques de Paris (Sciences-Po Paris), onde se graduou em 1954. Passou também pela Summer school da Universidade de Harvard, em 1953. Durante este período militou brevemente no Partido Comunista Francês. Serviu de ardina ao L'Humanité (o jornal do PC francês) e participou pelo menos de uma reunião de uma célula comunista. Em 1950, assinou o Apelo de Estocolmo contra a bomba atómica. Dada a inspiração comunista de tal documento, teve dificuldades quando mais tarde pediu o seu primeiro visto para viajar aos Estados Unidos.

Torna-se noivo de Bernadette Chodron de Courcel em 17 de Outubro de 1953. No Outono de 1954, começou a estudar na ENA, a famosa escola de administração francesa. Casa-se com Barnadette a 16 de Março de 1956, embora com as dúvidas da família desta em aceitar um jovem saído duma família de origem razoavelmente humilde. Por isso, foi-lhes mesmo recusado celebrar o casamento na Basílica de Santa Clotilde, no bairro de Saint-Germain. Em seu lugar, a cerimónia decorreu na capela conhecida como Las Cases, um anexo da basílica, reservado às aulas de catequese e às cerimónias apressadas. Bernadette e Jacques têm duas filhas, Laurence (nascida em 1958) e Claude.

Logo após o casamento, presta serviço militar, entre 1956 e 1957. Sendo um prometedor jovem diplomado, talvez tivesse podido evitar a guerra da Argélia. No entanto, Chirac apresenta-se como voluntário e é incorporado no 2° regimento de Caçadores de África (Chasseur d'Afrique) em Souk-el-Barba. Passa à disponibilidade em 3 de Junho de 1957.

O casamento com Bernadette Chodron de Courcel leva-o a mudar completamente de meio social. Em 1957, entra na famosa Escola Nacional de Administração École nationale d'administration, de onde sairá diplomado (o segundo classificado no seu ano) em 1959. Jacques Chirac é em seguida destacado como reforço administrativo junto de Jacques Pélissier, o director-geral da Agricultura da Argélia.

Ao regressar à França, Chirac foi nomeado auditor do Tribunal de Contas francês e foi nomeado professor (maître de conférences) no Instituto de Estudos Políticos (Institut d'études politiques). Em Junho de 1962, é nomeado em comissão de serviço no secretariado-geral do governo de Pompidou, e depois no próprio gabinete do primeiro-ministro. Um ano mais tarde, é nomeado conselheiro no Tribunal de Contas. Em 1965, foi eleito vereador (conseiller municipal) em Sainte-Féréole, na região da Corrèze, de onde a sua família é originária. Um ano mais tarde, Georges Pompidou escolhe-o para tentar ganhar a circunscrição eleitora de Ussel, um bastião do Partido Comunista. Com o apoio de Marcel Dassault e do seu jornal, bate o seu adversário comunista após uma campanha aguerrida.

Ministérios (1967-1976)

Menos de um mês depois, em 8 de maio de 1967, Jacques Chirac — chamado "minha escavadora" por Georges Pompidou — foi nomeado secretário do Estado do Emprego (à l'Emploi), no governo Pompidou. Ainda serviria nos governos posteriores, dirigidos por Maurice Couve de Murville, Jacques Chaban-Delmas e Pierre Messmer até 1974.

Uma de suas primeiras realizações foi a criação da Agência Nacional Para o Emprego (Agence Nationale Pour l'Emploi). Durante Maio de 68, teve papel importante nos Acordos de Grenelle e tornou-se o arquétipo do jovem tecnocrata brilhante, parodiado em Astérix. Após Maio de 68, foi nomeado secretário do Estado da Economia e das Finanças (à l'Économie et aux Finances), supervisionado pelo jovem ministro Valéry Giscard d'Estaing. Os dois desconfiam um do outro, mesmo trabalhando juntos: Chirac não é responsabilizado pela desvalorização do franco francês, em 1969.

Em 1971, tornou-se ministro encarregado das relações com o Parlamento; em 5 de Julho de 1972, foi nomeado ministro da Agricultura e do Desenvolvimento rural, no governo Messmer, onde se destacou ao obter os votos em massa dos agricultores. Em Novembro de 1973, apoiado pelo Presidente, alterou decisões de Valéry Giscard d'Estaing, que estava em viagem.

Em Março de 1974, provavelmente após as escutas do Canard enchaîné, Chirac "trocou" seu posto com o de Raymond Marcellin, então ministro do Interior. Morto Georges Pompidou, resolveu apoiar Pierre Messmer, candidato por curto tempo, e depois Valéry Giscard d'Estaing, contra o candidato gaullista Jacques Chaban-Delmas. Reuniu contra Chaban-Delmas 43 deputados e contribui muito à vitória de Giscard d'Estaing na eleição. Também beneficiou de um conhecimento do terreno e de ligações regionais conseguidos em menos de dois anos no Ministério da Agricultura, e sobretudo, da sua posição num ministério "estratégico" onde tinha na mão os prefeitos, a Informações gerais.

Em 27 de Maio de 1974, por seu papel decisivo na eleição, Giscard d'Estaing o nomeou Primeiro-ministro. Conservou o apoio da Union Pour La Défense De La République- União Pela Defesa Da República (somente cinco ministros) da qual se tornou o secretário-geral, sem ter sido membro. No Matignon, onde trabalham os Primeiros-Ministros, estabeleceu um estilo relaxado e estudioso, começando ao mesmo tempo a disputar espaço com o Presidente. Ambos desejavam governar o país, e tinham caráter muito diferente: a rivalidade persiste desde suas tensões no Ministério das Finanças. Em 11 de Janeiro de 1976, o Presidente efectuou remanejamento ministerial contra o parecer do Primeiro Ministro, que denunciou o poder exercido por Giscard d'Estaing e pediu reformulação completa da sua política. Após um encontro no forte de Brégançon, Chirac decidiu demitir-se, gesto que anuncia a 25 de Agosto de 1976. Declarou à televisão: " Não disponho mais dos meios que considero necessários para desempenhar com eficácia as funções de Primeiro ministro". Chirac teria afirmado a Giscard d'Estaing "que queria deixar a vida política [...] e que se interrogava sobre a sua vida, e que falava mesmo montar uma galeria de arte".

Prefeito de Paris, rumo ao Eliseu (1976-1995)

Após ter anunciado sua candidatura à prefeitura de Paris (inicialmente hostil à sua reconstituição), Chirac criou o Rassemblement pour la République. O partido gaullista readquiriu as bases da UDR e Chirac se tornou seu presidente. Em 20 de março de 1977, apesar da oposição de Raymond Barre, que apoiava Michel d’Ornano, tornou-se o primeiro prefeito de Paris após Jules Ferry. O posto, recentemente criado, é de grande importância: quinze bilhões de francos de orçamento (naquela época), 40 000 funcionários, um verdadeiro trampolim eleitoral.

Analisando as eleições presidenciais de 1981, Chirac transformou o RPR em poderosa máquina política: sempre dentro da maioria, e mais importante, com 150 deputados, mais que a Union pour la démocratie française (UDF, partido criado em 1978 para apoiar o Presidente), era muito crítico do Governo. A 26 de novembro de 1978, Chirac foi vítima de acidente numa estrada de Corrèze e transportado para o Hospital Cochin, em Paris. Do Hospital, lançou o “Apelo de Cochin” que denunciava o “partido do estrangeiro”, ou seja UDF. Em 1979, fracassou nas eleições européias, pois sua chapa obteve apenas 16,3% dos votos, contra os 27,6% de Simone Veil, cabeça da chapa do UDF.

Durante as eleições presidenciais, fez campanha pela redução de impostos — a exemplo de Ronald Reagan — e obteve 18% dos votos no primeiro turno, amplamente distanciado por Valéry Giscard d’Estaing (28%) e François Mitterrand (26%), o que levou ao segundo turno. Anunciara que “pessoalmente” votaria no chefe do UDF. Mas seus militantes, e sobretudo os jovens, entenderam que havia pouca convicção na mensagem e votam em bloco na oposição.

Enfraquecido pela derrota, o RPR só obteve 83 cadeiras nas eleições legislativas. Chirac se tornou cada vez mais popular como prefeito de Paris, principalmente por sua política do transporte público, vindo em socorro dos idosos, dos deficientes físicos e das mães solteiras, incentivando as empresas a se manter na cidade. Em 1983, foi reeleito triunfalmente no total dos 20 bairros. Tornava-se assim o chefe da oposição. Em março de 1986, na as eleições legislativas, a união RPR-UDF obteve por pouco a maioria e aconteceu o que Raymond Barre batizou “coabitação”. Chirac, chefe da maioria, tornou-se Primeiro-Ministro.

A coabitação foi motivo de uma guerra aberta entre o Primeiro Ministro e o Presidente. Mitterrand, criticando a ação de seu Primeiro Ministro, colocava-se como um presidente imparcial. Recusou-se a assinar os projetos de lei e Chirac teve de recorrer ao Artigo 49 parágrafo 3 (Constituição da Quinta República Francesa). A estratégia do Presidente favorecia o cansaço da opinião diante de tal método e diante das reformas do governo. O Primeiro Ministro teve que abandonar algumas. Conseguiu frear o aumento do desemprego, mas não a cessá-lo. Desconfiava igualmente dele a juventude, com a qual seu ministro Alain Devaquet se chocou em novembro de 1986. Seu ministro Charles Pasqua era outra figura popular à direita mas detestado à esquerda.

Confrontado com a subida espetacular de François Mitterrand nas sondagens, Chirac se lançou numa biagem rápida por toda a França para explicar sua política. No primeiro turno obteve somente 19,9% e foi seguido por Raymond Barre com 16,5%, muito distante deMitterrand e seus 34,1%. Enfrentou o Presidente, saindo durante um debate televisionado muito áspero, sendo derrotado no segundo turno quando só conseguiu 45,98%dos votos.

Sua base ficou desmoralizada, sua esposa chegou a afirmar: “Os franceses não gostam do meu marido”. De novo na oposição, continuou prefeito de Paris, reeleito triunfalmente em 1989 e trabalhou para se manter à testa da oposição. Em 1991, declarou ser “absolutamente hostil ao plano Delors aspirando a instituir na Europa uma moeda única”.

Em face às grandes dificuldades do governo da esquerda, ele participa da campanha legislativa de 1993 que vê a vitória esmagadora da direita. Escaldado pela experiência anterior, ele prefere ficar recuado e deixa Édouard Balladur se tornar primeiro-ministro, formando assim a “segunda coabitação”. O acordo tácito entre os dois homens é simples: a Édouard Balladur Matignon, a Jacques Chirac o Eliseu em 1995.

Entretanto Édouard Balladur, em vista de sua popularidade, decide se apresentar as eleições presidenciais: os partidários do presidente do RPR berram a traição, visto que o Primeiro Ministro leva com ele uma parte dos eleitos dos quais Nicolas Sarkozy e Charles Pasqua. Philippe Seguin, um tempo hesitando, lança-se na batalha ao lado do candidato “legítimo” e se torna com Alain Juppé e Alain Madelin um dos principais apoios de Jacques Chirac. Este empreende uma campanha dinâmica e centrada nos temas da “fratura social”. Jacques Chirac consegue a passar a frente de Édouard Balladur no primeiro turno, tendo levado o segundo frente a Lionel Jospin, candidato dos socialistas, com 52,64% dos votos: ele se tornou Presidente da República.

Primeira Presidência da República (1995-2002)

Com a sua chegada ao Eliseu, a 17 de Maio, Chirac nomeou Alain Juppé Primeiro Ministro. Juppé acentuou a luta contra o déficit público, respeitando o pacto de estabilidade da União Europeia e de assegurar a adoção do Euro.


Chirac com o presidente russo Vladimir Putin. Ambos foram contrários à decisão norte-americana de invadir o Iraque.
Em Julho de 1995, uma das primeiras decisões foi efetuar a última campanha de testes nucleares antes de assinar o Tratado de interdição completa de testes nucleares, para permitir ao CEA desenvolver seu programa de simulação. Tal decisão provocou fortes protestos, sobretudo na Austrália, nos Estados Unidos, no Japão, na Nova Zelândia e entre os ecologistas, mas não teve efeito prático pois começou a campanha de testes no Oceano Pacífico.

A política internacional de França alterou-se subitamente na Iugoslávia quando o Presidente ordenou represálias após a morte de soldados franceses, em manobras com o NATO que deram fim à guerra civil. Seguiu paralelamente uma política que aproximava a França dos países árabes, trabalhando no processo de paz do conflito israelo-palestiniano. A França voltou a se juntar ao comando integrado da NATO.

Cada vez mais impopular, o governo de Alain Juppé enfrentou grandes greves no Inverno 1995-1996, devidas à reforma das aposentadorias particulares e ao congelamento dos salários dos funcionários públicos. Diante de sua maioria, provavelmente aconselhado por Dominique de Villepin, Chirac arriscou a dissolução da Assembléia meses antes do previsto. Tomado de surpresa, seu partido e seu eleitorado não compreenderam o seu gesto, mas a oposição denunciou a manobra. As eleições seguinters assistiram à vitória da esquerda pluralista, conduzida por Lionel Jospin; Chirac o nomeou Primeiro Ministro.

Esta “terceira coabitação” foi bem mais longa que as anteriores, durando cinco anos. O Presidente e o Primeiro Ministro tentaram falar com voz única no seio da União Européia ou em matéria de política estrangeira, comparecendo juntos a reuniões europeias (como durante as duas outras coabitações), mesmo se às vezes existissem alfinetadas verbais entre ambos. Nesta época estouraram os escândalos político-financeiros sobre o RPR e a prefeitura de Paris. O RPR (como o UDF, o OS e o PC) foi acusado de ter aumentado seu orçamento com ajuda de comissões dadas por empresas de construção, que receberam da região da Ile-de-France em contrapartida importantes empreitadas públicas. Chirac era então Presidente do RPR. Era igualmente prefeito de Paris quando dos processos de falsos eleitores no quinto distrito. Havia um inquérito a respeito do financiamento de viagens aéreas de caráter privado do antigo prefeito. Bertrand Delanoë, novo prefeito de Paris, ignorando as primeiras acusações, pediu mais tarde a abertura de um inquérito sobre dois milhões de euros gastos por Chirac no caso “frais de bouche” (despesa com refeições). Por iniciativa do deputado socialista Arnaud Montebourg, 30 deputados (19 do Partido Socialista (PS), quatro dos “Verdes”, quatro do Partido Radial de Esquerda, dois PCF e um MDC) requereram por escrito explicações de Chirac à Suprema Corte. O Conselho Constitucional, porém, presidido por Roland Dumas, confirmou ao presidente sua imunidade, como é definida na constituição.

A 4 de Fevereiro de 1999 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.

O governo de Lionel Jospin conheceu popularidade importante, marcada pela lei de “35 horas”, a queda do desemprego e a retomada econômica mundial. Sendo por conseguinte favorito, o Primeiro Ministro decidiu restabelecer o calendário inicial das eleições (presidencial antes das legislativas) e sobretudo, obteve do Presidente, no início reticente, que propusesse uma alteração na Constituição de modo a transformar o mandato de sete anos em qüinqüenal. Frente à pressão dos seus partidários, mesmo com sondagens pouco favoráveis, Chirac decidiu anunciar mais cedo que o previsto sua candidatura às eleições de 2002, adiantando-se a Lionel Jospin.

Apoiando-se sobre a jovem guarda de deputados do RPR, favoreceu a formação progressiva dum novo partido que deveria fundir o RPR, a UDF e aDemocracia Liberal: a “União para uma Maioria Presidencial”. As futuras bases do novo partido (ao qual a UDF, dirigido por François Bayrou, recusa adesão) são os temas da segurança e a redução de impostos. Com de sua grande experiência de campanhas presidenciais, Chirac conduziu uma campanha dinâmica, principalmente sobre o tema da insegurança; Lionel Jospin viu a sua campanha desmoronar. Em 21 de abril, de surpresa, “como um trovão”, Lionel Jospin foi derrotado já no primeiro turno. Chirac chegou à frente com 19,88% e viu-se oposto a Jean Marie Le Pen. Freqüentemente descrito como anti-racista visceral, seguro de vencer, decidiu recusar debates com o adversário, declarando que “frente à intolerância e ao ódio, não há transação possível, nem comprometimento possível, nem debate possível”. Os dois se detestam, notoriamente. Deixou a esquerda e a juventude se manifestar, chamando a votar nele (o slogan de seus opositores mais ferozes era “Votez escroc, pas facho!”, (“Vote no escroque, não no fascista!”)), foi eleito com a percentagem incomum de 82,21%.

Presidência da República (2002 a 2007)

Lionel Jospin lhe apresentou imediatamente sua demissão. Chirac nomeou como Primeiro Ministro um membro da Democracia Liberal, Jean-Pierre Raffarin, o qual governa por decretos durante algumas semanas: o UMP, recém criado, venceu com amplidão as eleições legislativas seguintes. Chirac tinha outra vez uma maioria. Jean-Pierre Rafarrin começou a executar algumas promessas da campanha: redução do imposto de renda e a multiplicação das ações contra a delinqüência, com seu muito mediático e popular ministro de Interior, Nicolas Sarkozy atacando a insegurança rodoviária com ajuda do ministro dos Transportes Gilles de Robien. Virão em seguida a flexibilização das 35 horas, a reforma das aposentadorias e da segurança social, a descentralização.


Jacques Chirac durante o desfile no 14 de julho de 2003

Na situação internacional, marcada pelos atentados de 11 de setembro, houve a intensificação da política externa do presidente norte-americano George W. Bush, com quem Jacques Chirac se entende mal. Como Chirac não o apoiou quando da intervenção norte-americana no Afeganistão, Bush se alinhou com Gerhard Schröder. Junto de Vladimir Putin, Chirac foi o oponente principal dos Estados Unidos na invasão do Iraque. Apoiado por seu ministro de Assuntos Estrangeiros Dominique de Villepin, Chirac conseguiu que os Estados Unidos passassem fugazmente pela ONU antes de recorrer às armas, invadindo o Iraque. Aproveitando o consenso nacional sobre o assunto, Chirac se fez o centro dum “mundo multipolar”. Apoiado pela opinião pública européia e por muitos governantes (com exceção dos Primeiros Ministros britânico, italiano e espanhol, sempre favoráveis aos americanos, e os dirigentes do leste da União Européia), Chirac se opôs à invasão norte-americana e deixou claro que usaria o direito de veto da França no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tal aviso valeu-lhe uma campanha hostil, sobretudo na mídia anglo-saxônica. O jornal The Sun chega a escrever então: “Chirac is a worm” --- “Chirac é um verme”. As relações com os Estados Unidos se tornam execráveis, começando a se normalizar apenas a partir da comemoração do desembarque na Normandia, 15 meses mais tarde.

Depois de uma derrota importante nas eleições cantonais (subdivisão dos departamentos) e regionais de 2004 (20 das 22 regiões da França metropolitana passaram ou voltaram à esquerda), Chirac nomeou Nicolas Sarkozy ministro de estado, ministro da Economia, das Financias e da Indústria: a maior parte dos editores políticos (entre eles os do “Canard Enchaîné”, do “Nouvel Observateur”e do “Express”) viram nisso a maneira de fazer baixas sua popularidade tão forte (contrariamente à do Primeiro Ministro, no ponto mais baixo das sondagens). Diante às ambições presidenciais manifestadas por Nicolas Sarkozy, ele cobrou dele, na época de seu discurso de 14 de julho de 2004, escolher entre sua poltrona ministerial e o posto de presidente da UMP. Em novembro, Sarkozy foi eleito presidente do partido e deixou o ministério, que foi confiado a Hervé Gaymard. Em feverero de 2005, Gaymard foi obrigado a se demitir após um escândalo, sendo substituído por Thierry Breton.

Para envolver os franceses no tema da Constituição Européia, Chirac decidiu organizar um referendo para sua ratificação. Agora favorável à entrada da Turquia na União Européia (seu mais caro desejo ou “vœu le plus cher” --- ”), sabia que uma parte da maioria se opunha, o que ensombrecia as previsões sobre o referendo. A 17 de setembro, os 25 países da UE decidiram abrir as negociações com a Turquia. O projeto de diretrizes Bolkestein desviou parte da inquietação social crescente na Europa, apesar das tentativas de desarticulação do Presidente. As sondagens mudam de resultado três vezes, o debate inflama os franceses e mobiliza a mídia até o dia do referendo. Em 29 de maio, após campanha marcada pelo envolvimento pessoal do Presidente, o “não” venceu com 54,87% dos votos e com forte participação de 69,74%. Dois dias depois, Jean-Pierre Raffarin se demitia: Chirac anunciou como seu substituto um duo, Dominique de Villepin e Nicolas Sarkozy, o primeiro como Primeiro-Ministro e Sarkozy como ministro de Estado do Interior. A imprensa enfureceu-se contra as pouca mudanças no governo, sem deixar de se sentir curiosa com a “coabitação” dos dois (falou-se em “vice-primeiro ministro”). Jacques Chirac deixou a Presidência da França no dia 16 de maio de 2007, após 12 anos de governo.

Percurso político

1950, militou curto espaço de tempo no Partido Comunista Francês.
1962, colaborador de Georges Pompidou.
1967, eleito deputado da Corrèze, moldou sua carreira ministerial.
1974, nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente Valéry Giscard d'Estaing.
1976, demissionário, cedeu lugar a Raymond Barre e criou o partido Reunião pela República ou RPR.
1977, eleito prefeito de Paris; ficou no poder 18 anos (reeleito em 1983 e 1989).
1978, em 6 de dezembro lançou o "Apelo de Cochin" (hospital onde esteve após um acidente) e declarou: “Prepara-se a submissão da França, prepara-se a ideia de seu rebaixamento”. Denunciou "o partido estrangeiro" quando se formava a União pela Democracia Francesa ou UDF.
1981, apresentou-se pela primeira vez numa eleição presidencial contra Valéry Giscard d’Estaing. Obtém apenas 18% dos votos.
1986, vitória do RPR e da UDF nas eleições legislativas. Tornou-se o Primeiro-Ministro da primeira coabitação com François Mitterrand.
1988, eleição presidencial, sendo derrotado no segundo turno por Mitterrand.
Desde os anos 1990, seu nome é evocado nos grandes processos judiciais que envolvem a Prefeitura de Paris. A função presidencial o mantém imune aos inquéritos judiciais.

1995, eleições presidenciais, eleito Presidente da República à frente de Lionel Jospin com 52,6% dos votos. Nomeia Alain Juppé Primeiro Ministro.
1997, dissolução da Assembléia Nacional. A esquerda venceu as eleições legislativas de modo que se vê obrigado a nova coabitação (1997-2002). Nomeia Lionel Jospin (PS) Primeiro-Ministro.
2002, reeleito Presidente da República com 19,88% dos votos no primeiro turno (a cifra mais baixa para um presidente em exercício) e 82% no segundo turno, quantidade histórica na Quinta República que se deveu em grande parte a um consenso geral dos eleitores de todos os partidos políticos. Esta enorme vitória expressa a vontade do povo francês de contrariar o candidato da Frente Nacional. Uma sondagem IPSOS na saída das urnas mostrou que cerca de 82% dos eleitores votara nos candidatos de esquerda ou centro no primeiro turno, e em Chirac no segundo turno.
O Primeiro-Ministro Jean-Pierre Raffarin foi substituído em 31 de maio de 2005 por Dominique de Villepin.

Mandatos eletivos

Vereador e Prefeito :
1965-1971 : membro da câmara de vereadores Sainte-Féréole, Corrèze
1971-1977 : membro da câmara de vereadores de Sainte-Féréole, Corrèze
1977-1983 : membro da câmara de vereadores de Paris e prefeito de Paris
1983-1989 : membro da câmara de vereadores de Paris e prefeito de Paris
1989-1995 : prefeito de Paris, mandato interrompido após sua eleição à Presidência da República em maio de 1995. O mandato de vereador de Paris se completa normalmente nas eleições municipais no mês seguinte, junho de 1995.

Conselheiro Geral:

1968-1970 : membro do Conselho Geral da Corrèze
1970-1976 : membro e presidente do Conselho Geral da Corrèze.
1976-1979 : membro e presidente do Conselho Geral da Corrèze.
1979-1982 : membro do Conselho Geral da Corrèze.

Deputado

1967-1967 : deputado da Corrèze (1)
1968-1968 : deputado da Corrèze (1)
1973-1973 : deputado da Corrèze (1)
1976-1978 : deputado da Corrèze (2)
1978-1981 : deputado da Corrèze (3)
1981-1986 : deputado da Corrèze.
1986-1986 : deputado da Corrèze (1)
1988-1993 : deputado da Corrèze.
1993-1995 : deputado da Corrèze (4)

Eurodeputado:

1979-1980 : membro do Parlamento Europeu, demissionário.
Presidente da República :
1995-2002 : presidente da República
2002-até 2007 : presidente da República
(1) mandatos interrompidos após nomeações no governo

(2) eleições parciais após a demissão de seu suplente

(3) mandato interrompido pela dissolução da Assembléia Nacional

(4) mandato interrompido após sua eleição a presidência da República

Cargos governamentais

1967-1968 : secretário de Estado junto ao Ministro de Assuntos Sociais, encarregado dos dos prolemas trabalhistas (quarto governo de Georges Pompidou)
1968-1968 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (quinto governo de Georges Pompidou)
1968-1969 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (governo de Maurice Couve de Murville)
1969-1972 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (governo de Jacques Chaban-Delmas)
1972-1973 : ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (governo de Pierre Mesmer (1))
1973-1974 : ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (governo de Pierre Mesmer (2))
1974-1974 : ministro do Interior (governo Pierre Mesmer (2))
1974-1976 : Primeiro-ministro (Governo Jacques Chirac (1))
1986-1988 : Primeiro-ministro (Governo Jacques Chirac (2))

Outros

Paródia : les Guignol de l’info parodiam regularmente Jacques Chirac.
Filatelia : os correios da Autoridade Palestina emitiram bloco de quatro selos em homenagem a Chirac em 2004 (Imagem).
Jacques Chirac e Bernadette Chirac] “adotaram de coração” uma vietnamita : Ann Dao Phan, chegada na França em 1979.
É apaixonado pelos Índios Tainos, da América central, e povos primitivos. Chegou a mostrar sua paixão no programa “Cercle de Minuit” de Michel Field em 1994.
Obras[editar | editar código-fonte]
Tese no Instituto de Estudos Políticos (Institut d'Études politiques) sobre o tema: O desenvolvimento do porto de Nova Orléans (Le développement du port de la Nouvelle-Orléans), em 1954 ;
Discours pour la France à l'heure du choix, 1978 (Discurso para a França na hora da escolha)
La lueur de l'espérance : Réflexion du soir pour le matin, 1978; («O clarão da esperança: Reflexão da noite para a manhã»)
Une nouvelle France, Réflexions 1, 1994 ; (Uma nova França, Reflexões)
La France pour tous, 1995. (A França para todos)
Obras ou artigos consagrados a Chirac[editar | editar código-fonte]
À la découverte de leurs racines, tomo I, capítulo Jacques Chirac, de Joseph Valynseele eDenis Grando. (L'Intermédiaire des Chercheurs et Curieux, 1988.) ; (Descobrindo suas raízes).
'Chirac ou la fringale du pouvoir (Chirac e a bulimia do poder) Ed. Alain Moreau, 1977 por Henri Deligny;
Le vrai visage de Jacques Chirac (A verdadeira cara de Jacques Chirac) - Feitos e documentos. 1995 por Emmanuel Ratier;
L'Homme qui ne s'aimait pas (O homem que não se amava) por Éric Zemmour;
Chirac, père et fille (Chirac, pai e filha) por Claude Angéli e Stéphanie Mesnier (Grasset).
Noir Chirac, (Negro Chirac) por François-Xavier Vershaeve, Les Arènes, 2002 ;
Chirac? On vous avait prévenus. (Chirac? Nós tínhamos avisado!) Ed. Syllepse, 2002. por Henri Deligny;
Jacques a dit, (Jacques falou) por Jérôme Duhamel, 1997. Coletânea de citações de Chirac, reunidas maliciosamente.
D'un Chirac l'autre, ()De um Chirac ao outro) por Bernard Billot, Paris : edições Bernard de Fallois, 16 de março de 2005. 558 p. ISBN 2-87706-555-3

Condecorações

Grã-Cruz da Legião de Honra
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito
Grã-Cruz do Mérito da Ordem Soberana de Malta
Cruz do Valor Militar
Medalha da Aeronáutica
Cavaleiro do Mérito agrícola
Cavaleiro das Artes e das Letras
Cavaleiro da Estrela Negra
Cavaleiro do Mérito desportivo.

Actualidade

Chirac foi acusado em 21 de Novembro de 2007 dos crimes de "desvio de fundos públicos" por ter permitido empregos fictícios alegadamente pagos pelo gabinete do presidente da Câmara de Paris.

O ex-presidente foi julgado por um alegado processo de corrupção que foi anunciado em 30 de Outubro de 2009. Com esta decisão, Chirac tornau-se no primeiro ex-presidente francês a ser julgado pela justiça.

Em 15 de dezembro de 2011, Chirac foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por "abuso de confiança, desvio de fundos públicos e prevaricação". O caso envolvia empregos fictícios criados na Câmara Municipal de Paris que permitiam financiar o RPR, antigo partido de Chirac enquanto presidente da Câmara Municipal pariense. Com 79 anos de idade e problemas neurológicos, Chirac decidiu não recorrer da decisão.

Rejeição de contas de Dilma no TCU pode turbinar impeachment, diz Cunha

contas, sozinho, não tem o poder de levar ao impeachment da presidente, mas alertou que uma eventual reprovação das contas pelo Congresso Nacional pode levar a novos pedidos de impeachment.

"Se você tiver o parecer e ele provocar a rejeição das contas e essa rejeição for aprovada pelo Congresso Nacional, provavelmente será um outro pedido [de impeachment]. Vai fundamentar um outro tipo de pedido. E mesmo assim, ainda vai ficar naquela discussão de que se trata [de um ato] do mandato anterior ou do atual mandato", afirmou Cunha.

Cunha defende publicamente que processos de impeachment só podem ser abertos se houver indícios de crime de responsabilidade cometido durante o atual mandato da presidente. Como as "pedaladas fiscais" foram cometidas durante o mandato anterior, há divergências sobre se os pedidos de impeachment que acusam o governo de improbidade administrativa em 2014 poderiam tramitar no segundo mandato da presidente.

Como presidente da Câmara, cabe a Cunha dar prosseguimento aos pedidos de impeachment que chegam à Casa. Pelo menos 20 pedidos foram enviados à Câmara desde o início do segundo mandato da presidente Dilma. Na última quarta-feira (30), foi publicado o arquivamento de três pedidos de impeachment contra Dilma.

Cunha disse que deverá despachar todos os pedidos nas próximas duas semanas. Ele disse que deverá passar o final de semana analisando dois pedidos de impeachment "mais substanciais", mas disse que entre eles não está o que foi feito por um dos fundadores do PT Hélio Bicudo.

Novos ministros do PMDB
Mesmo tendo dois peemedebistas tidos como seus aliados entre os novos ministros do governo Dilma, Cunha criticou a reforma ministerial anunciada nesta sexta. Os ministros ligados a Cunha são Celso Pansera (PMDB-RJ), atual ministro da Ciência e Tecnologia, e Marcelo Castro (PMDB-PI), que ficou com o ministério da Saúde. Para Cunha, a economia gerada pelos cortes do governo será mínima e não deverá trazer apoio político na Câmara.

"Acho que o governo deu um primeiro sinal, uma mostra de economia. Ainda pífio. Insuficiente pro tamanho do rombo das contas públicas. Falaram que iam reduzir 10 ministérios, mas reduziram oito. A minha proposta era que viesse a 20. Mas é um sinal positivo", afirmou Cunha.

Ao falar sobre uma possível melhora das relações entre o governo e o PMDB na Câmara, Cunha disse que a reforma não muda a atual conjuntura. "Para efeito da base, eu não vi grande mudança. Quem se posiciona favorável [ao governo] e que é do PMDB, continuará. E quem é contra, continuará. Essa reforma não teve o condão de trazer  quem é contra. Para mim, está a mesma coisa", disse o presidente.

Contas na Suíça
Cunha voltou a se recusar a comentar as suspeitas de que ele e sua família mantivessem contas bancárias na Suíça. Nesta semana, o Ministério Público suíço transferiu uma investigação sobre contas bancárias mantidas por Cunha no país europeu. Há suspeitas de que elas eram utilizadas para lavar dinheiro.

No início do ano, Cunha depôs à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara e negou ter contas no exterior, mas as autoridades suíças sustentam que Cunha e sua família mantinham pelo menos quatro contas no país e que US$ 5 milhões foram bloqueados.

"Eu não vou falar sobre esse assunto", disse Cunha ao ser questionado se temia ter o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar por ter supostamente mentido durante seu depoimento à CPI.

No início desta tarde, Cunha emitiu uma nota na qual reitera o teor de seu depoimento à CPI e diz desconhecer o conteúdo das informações sobre suas supostas contas no exterior.

Cunha foi denunciado em agosto pela Procuradoria Geral da República por seu envolvimento no esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de estatais como a Petrobras e a Eletrobras.

Ele é suspeito de ter recebido propina por contratos firmados por empreiteiras junto à Petrobras. Segundo um dos delatores da operação Lava Jato, João Henriques, Cunha recebeu propina por contratos da Petrobras no Benin por meio de contas na Suíça.