Konstantinos - Uranus
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Governo dá como certo pedido de impeachment de Dilma
Governo dá como certo pedido de impeachment de Dilma
Estadão Conteúdo Em Brasília 12/10/2015
Pedro Ladeira/Folhapress
O governo já dá como certa a abertura de um processo de impeachment contra Dilma Rousseff no Congresso e montou um time de advogados e juristas para defender a presidente. A decisão do Palácio do Planalto é recorrer ao Supremo Tribunal Federal assim que algum requerimento solicitando o afastamento de Dilma for aceito pela Câmara.
Em nova reunião realizada ontem (11) com ministros, no Palácio da Alvorada, Dilma foi informada de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comandará uma "manobra" pró-impeachment.
A avaliação do governo é de que, acuado após a denúncia do Ministério Público da Suíça mostrando contas secretas atribuídas a ele e abastecidas com dinheiro desviado da Petrobrás, Cunha vai pôr em prática o jogo combinado com a oposição para atingir Dilma.
Por esse script, o presidente da Câmara rejeitará, amanhã, o pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, propondo a deposição da presidente. A ideia, porém, seria deixar o caminho aberto para que um deputado da oposição apresente recurso ao plenário da Câmara. Nesse caso, ainda no roteiro idealizado por Cunha, esse recurso poderia ser aprovado por maioria simples, composta por 50% mais um dos deputados, com qualquer número de presentes à sessão.
O advogado Flávio Caetano, coordenador jurídico da campanha de Dilma à reeleição, foi escalado para coordenar a defesa da presidente na possível ação de impeachment. O governo pretende contestar a questão do quórum para a abertura do processo pela Câmara, uma vez que a Constituição exige dois terços dos parlamentares.
Na reunião de ontem (11), os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Aldo Rebelo (Defesa) e o assessor especial Giles Azevedo traçaram cenários para a presidente e disseram que a decisão do PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade de divulgar uma nota pedindo o afastamento de Cunha do comando da Câmara não passa de um jogo de cena. "Fizeram isso para dar satisfação às bases, mas precisam dele para deflagrar o impeachment", disse ao Estado um auxiliar direto de Dilma. "É tudo combinado."
Acordo Ministros ainda continuam conversando com Cunha, na tentativa de fazer um acordo com ele, mas têm poucas esperanças. Uma das propostas consiste em segurar o PT para não pedir a cassação do mandato do peemedebista no Conselho de Ética da Câmara, em troca da salvação de Dilma.
No diagnóstico do Planalto, o maior sustentáculo da presidente, agora, está no Senado, que pode barrar o impeachment. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é aliado do governo.
Além de Caetano, nomes de peso do meio jurídico, como Celso Antonio Bandeira de Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e Dalmo Dallari, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), farão parte da equipe que defenderá Dilma. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto também foi sondado para se juntar ao grupo.
Os juristas prepararam pareceres para dar sustentação à defesa de Dilma. Documento assinado por Bandeira de Mello e Fabio Konder Comparato diz que a reprovação das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU) não representa crime de responsabilidade e, portanto, é insuficiente para embasar a abertura de um processo de impeachment no Congresso.
Na semana passada, diante da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de abrir uma ação de impugnação contra a chapa formada por Dilma e pelo vice Michel Temer, Dalmo Dallari também sustentou que o órgão não tem competência para cassar mandato de presidente da República.
http://noticias.uol.com.br/
Professores listam 10 filmes para estudar para o Enem
Professores listam 10 filmes para estudar para o Enem
Marcelle Souza
Do UOL, em São Paulo
Na reta final para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o tempo é curto para aprender novos conteúdos e o mais indicado nessas últimas semanas, dizem os professores, é se dedicar às revisões e aos simulados. Mas você já pensou em estudar assistindo a filmes? Alguns podem ser boas fontes para aprender ou lembrar fatos históricos e assuntos importantes de geografia e atualidades. Além disso, pode ser uma boa ferramenta para estudar possíveis temas para a redação. Confira abaixo a lista preparada por professores ouvidos pelo UOL.
Estude com 10 filmes
1- Entre os muros da escola
O professor Ademar Celedônio, diretor de ensino e de tecnologia educacional do Sistema Ari de Sá, indica o filme "Entre os muros da escola" para entender melhor temas como imigração. "O filme retrata uma sala de aula de uma escola francesa de periferia, ocupada por alunos de diversas nacionalidades: africanos, latino-americanos, asiáticos e franceses. Na trama, o professor de língua francesa tenta ensinar a matéria, além de disciplinar e educar seus alunos, apesar das diferenças culturais e do xenofobismo", explica.
2- Encontro com Milton Santos:
O mundo global visto do lado de cá
Para o professor Greckson Ulisses, que dá aulas de geografia na Escola Dínamis, o documentário é importante porque trata do capitalismo global, dos efeitos do consumo e da desigualdade social. Segundo o professor, o filme pode ser lido a partir de três pensamentos: "o primeiro, seria o mundo que nos é mostrado, o fabuloso; o segundo, seria o mundo em que realmente vivemos; e o terceiro, um mundo como ele pode ser. Por meio dessas perspectivas, o geógrafo (que, em 1994, ganhou o Prêmio Vautrim Lud, estimado como o 'Nobel da geografia') Milton Santos nos faz pensar, desenvolver ideias e refletir sobre o tema", Diz reprodução.
3- 13 dias que abalaram o mundo
O professor de história Francisco Moreira Junior, da Escola Dínamis, diz que a Guerra Fria é um tema recorrente nas provas do Enem e, por se tratar de "um conjunto de acontecimentos que alterou profundamente os rumos da história" merece mesmo destaque. "Nesse filme é abordado de maneira clara e ampla o episódio conhecido como 'Crise dos Mísseis', quando o governo soviético instalou mísseis em Cuba capazes de carregar ogivas nucleares. Como os EUA já haviam instalado ogivas nucleares na Turquia, apontadas para a URSS, o mundo ficou à beira de uma guerra de características nucleares", diz.
4- Trabalho Interno
"O documentário conta a história da crise econômica de 2008, que resultou na perda de casas e empregos para milhões de pessoas. O filme, dividido em cinco partes, retrata a realidade da globalização atual e demonstra as mudanças no ambiente político e nas práticas bancárias para combater a crise financeira", indica Ademar Celedônio, diretor de ensino e de tecnologia educacional do Sistema Ari de Sá.
5- Notícias de uma guerra particular
O professor de geografia Greckson Ulisses indica o filme "Notícias de uma guerra particular" para entender melhor a violência urbana. "Ao longo do documentário, conhecemos o dia a dia dos três lados mais diretamente envolvidos (e prejudicados) por essa 'guerra particular': o policial, o traficante e o morador da favela. Os lados fortemente armados do conflito fazem afirmações chocantes, porém já conhecidas: os traficantes que aprendem a matar desde criança acham tudo normal e os policiais que matam sentem a sensação de 'dever cumprido'. Já os moradores, presos no meio do fogo cruzado, ficam divididos e acabam sendo prejudicados de todas as formas possíveis, já que a ameaça é constante e vem tanto dos criminosos como do Estado", afirma o docente da Escola Dínamis.
6- Getúlio
O filme brasileiro "Getúlio" pode ser interessante para entender os debates políticos da época do presidente brasileiro que morreu em 1954, segundo professor de história Francisco Moreira Junior. "A obra destaca os ataques sofridos por Vargas por meio da imprensa, as hostilidades entre ele e Carlos Lacerda (líder da UDN, União Democrática Nacional), o apoio dos trabalhadores ao 'pai dos pobres', entre outras características. Tudo isso tendo como pano de fundo a crise desencadeada pelo atentado da rua Tonelero, que acaba com o suicídio do próprio presidente", afirma o professor da Escola Dínamis.
7 -Uma verdade inconveniente
O professor Ademar Celedônio, do Sistema Ari de Sá, indica o filme "Uma verdade inconveniente" para discutir meio ambiente. "No documentário, o ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise sobre o aquecimento global, retratando os mitos e as verdades que englobam o tema. Além disso, ele também fala sobre possíveis soluções para evitar que o planeta sofra uma catástrofe climática nas próximas décadas", diz.
8- Lincoln
O professor Francisco Moreira Junior indica "Lincoln", porque o filme retrata a Guerra de Secessão, colocando em pauta as divergências de interesses entre os Estados sulistas e nortistas, escravistas e não escravistas, respectivamente. "O debate mais importante do filme gira em torno da 13ª emenda, que viria proibir a escravatura em território norte-americano. Embora fale pouco nas questões econômicas que levaram o sul e o próprio Lincoln a defenderem o projeto antiescravista, o filme revisita uma parte fundamental da história dos EUA", diz o professor de história da Escola Dínamis.
9- Cortina de fumaça
"Um documentário ousado sobre um tema polêmico que interessa a todos e que precisa ser debatido de forma honesta: a política de drogas no Brasil e no mundo, baseada na proibição de determinadas práticas relacionadas a algumas substâncias. Ela precisa ser repensada, uma vez que muitas de suas consequências diretas, como a violência e a corrupção, atingiram níveis inaceitáveis", afirma o professor de geografia Greckson Ulisses.
10- Promessas de um novo mundo
Documentário israelense, ?Promessas de um novo mundo? retrata a realidade do conflito entre Israel e Palestina a partir do olhar de sete crianças. "Além de apresentar o evento político, a trama dá voz a estas crianças que, apesar de morarem a pouco distância umas das outras, habitam mundos completamente diferentes", professor Ademar Celedônio, do Sistema Ari de Sá.
domingo, 11 de outubro de 2015
Turquia vê Estado Islâmico como responsável por explosões no sábado, dizem fontes
domingo, 11 de outubro de 2015
Familiares e amigos carregam caixão de Karkmaz Tedik, vítima do atentado na Turquia (Foto: Umit Bektas/Reuters)
ANCARA (Reuters) - As indicações iniciais sugerem que o Estado Islâmico foi responsável pelas explosões na capital turca Ancara e o foco das investigações é o grupo radical islâmico, disseram à Reuters duas fontes sêniores de seguranças da Turquia neste sábado.
Uma das fontes disse que as explosões de sábado - que um partido de oposição pró-curdo disse que foram mortas 128 pessoas - contêm semelhanças extraordinárias com um ataque suicida em julho na cidade de Suruc, perto da fronteira com a Síria e também acusou o Estado Islâmico.
"Este ataque foi no estilo de Suruc e todos os sinais são de que foi uma cópia daquele ataque... os indícios apontam para o Estado Islâmico", disse a fonte em condição de anonimato.
"Todos os sinais indicam que o ataque pode ter sido realizado pelo Estado Islâmico. Nós estamos completamente focados no Estado Islâmico", disse a segunda fonte à Reuters.
(Por Orhan Coskun)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
Familiares e amigos carregam caixão de Karkmaz Tedik, vítima do atentado na Turquia (Foto: Umit Bektas/Reuters)
ANCARA (Reuters) - As indicações iniciais sugerem que o Estado Islâmico foi responsável pelas explosões na capital turca Ancara e o foco das investigações é o grupo radical islâmico, disseram à Reuters duas fontes sêniores de seguranças da Turquia neste sábado.
Uma das fontes disse que as explosões de sábado - que um partido de oposição pró-curdo disse que foram mortas 128 pessoas - contêm semelhanças extraordinárias com um ataque suicida em julho na cidade de Suruc, perto da fronteira com a Síria e também acusou o Estado Islâmico.
"Este ataque foi no estilo de Suruc e todos os sinais são de que foi uma cópia daquele ataque... os indícios apontam para o Estado Islâmico", disse a fonte em condição de anonimato.
"Todos os sinais indicam que o ataque pode ter sido realizado pelo Estado Islâmico. Nós estamos completamente focados no Estado Islâmico", disse a segunda fonte à Reuters.
(Por Orhan Coskun)
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Bancos centrais não podem mais salvar o mundo, diz Grupo dos 30
Bancos centrais não podem mais salvar o mundo, diz Grupo dos 30
sábado, 10 de outubro de 2015
LIMA (Reuters) - Em 2008, os bancos centrais liderados pelo Federal Reserve foram ao resgate do sistema financeiro global. Sete anos e trilhões de dólares depois, eles já não têm as respostas e podem até representar um grande risco para a economia global.
Um relatório do Grupo dos Trinta, órgão internacional liderada pelo ex-presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, alertou neste sábado que taxas zero e impressão de dinheiro não foram suficientes para retomar o crescimento económico e adotando medidas arriscadas quase permanentemente.
"Os bancos centrais têm descrito suas ações como 'compra de tempo para os governos resolverem a crise ... Mas o tempo está passando e as compras tiveram o seu preço", diz o relatório.
Nos Estados Unidos, o Fed terminou o seu programa de compra de títulos em 2014, e podia começar a elevar as taxas de juro em junho passado. Mas pode ter dificuldade para fazer a primeira alta em quase 10 anos até dezembro. As apostas futuras apostam que esse movimento acontecerá apenas em março de 2016.
O Banco da Inglaterra também atrasou, enquanto o Banco Central Europeu parece fadado a implementar uma nova rodada de flexibilização, como faz o Banco do Japão, que está preso nesse processo desde 2001.
A Reuters calcula que os bancos centrais desses mercados ter passado de 7 trilhões de dólares em compras de títulos. O fluxo de dinheiro levantou os preços de ativos como ações e imóveis em muitos países, mesmo sem promover crescimento econômico.
Com estimativas de crescimento tendendo mais baixo e dinheiro fácil aumentar a alavancagem da empresa, a leitura de uma armadilha da dívida está agora assombrando economias avançadas, o Grupo dos Trinta disse.
(Reportagem de David Chance)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Governo busca diálogo com Cunha para conter ameaça de impeachment no Congresso, dizem fontes
Governo busca diálogo com Cunha para conter ameaça de impeachment no Congresso, dizem fontes
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 06/08/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - O governo está tentando um caminho mais político para lidar com a ameaça de impeachment e tenta abrir canal de diálogo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio do novo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disseram à Reuters três fontes do governo federal.
Um dia depois de tomar posse, Wagner procurou Cunha na terça-feira e foi à casa do presidente da Câmara para uma conversa privada, segundo as fontes. Uma das fontes disse que o governo considera importante conversar com Cunha mesmo com a intensificação das denúncias contra o deputado no âmbito da operação Lava Jato.
De acordo com as fontes, o diálogo não tratou explicitamente da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff ou da análise das contas de 2014 do governo pelo Congresso, mas a conversa teve como objetivo criar uma ponte com o presidente da Câmara, que está rompido com o Palácio do Planalto desde julho.
Um dos interlocutores de Wagner ouvidos pela Reuters relatou, nesta sexta-feira, que o ministro disse que "prefere construir pontes do que ter de ir à nado depois".
Wagner, conhecido por ser um político habilidoso e capaz de dialogar com diferentes forças políticas, também conversou com o vice-presidente Michel Temer e ainda procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"O governo tem de conversar com o Cunha. Mesmo enfraquecido por conta das denúncias, ele tem força. Ele faz a agenda das votações na Câmara", disse outra fonte, que também participa da articulação política do governo, fazendo referência às denúncias contra Cunha no âmbito da operação Lava Jato.
Uma terceira fonte do governo, com ótima interlocução no Congresso, avaliou, no entanto, que dificilmente a aproximação com Cunha dará resultado. O presidente da Câmara, disse a fonte, não está interessado em acordos com o governo e tem outras prioridades.
"Ele responsabiliza o Planalto pelas investigações em que está sendo acusado", afirmou a fonte, que disse não ter nem segurança de que Cunha seguirá o script programado pela oposição de rejeitar o pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo para depois os oposicionistas apresentarem um recurso ao Plenário. A outra opção seria Cunha aceitar o pedido diretamente. SEMANA DECISIVA
Cunha é o responsável direto por ditar o ritmo dos trâmites relativos às ações de impeachment que chegam ao Congresso, e tem influência sobre muitos parlamentares. Apaziguado, o presidente da Câmara pode dar mais tempo ao governo para se reorganizar e se defender.
Nos últimos meses, porém, Cunha não tinha mais interlocução com o Planalto, mesmo com uma tentativa da própria presidente de conversar com o deputado.
A estratégia do governo é tentar evitar primeiro politicamente o avanço dos pedidos de impeachment no Congresso, sem ter de apelar para recursos jurídicos, que, ao menos no caso do julgamento das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), se mostraram infrutíferos.
Na reunião ministerial de quinta-feira, Dilma pediu atenção dos ministros a movimentos surpresa da oposição, enquanto o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, prometeu um roteiro de perguntas e respostas para municiar a base com instrumentos para defesa do governo.
Ao mesmo tempo, Dilma cobrou dos ministros soluções para nomeações e emendas paradas nos ministérios para tentar acalmar os parlamentares insatisfeitos.
A próxima semana pode acumular capítulos decisivos para o governo e o próprio Cunha no roteiro da crise política.
A expectativa é de que o presidente da Câmara se manifeste até o fim da semana sobre os pedidos de impeachment ainda pendentes. Além disso, pode ser escolhido o relator na Comissão Mista de Orçamento (CMO) da análise da recomendação do TCU pela rejeição das contas do governo no ano passado, um dos campos de batalha em torno do impeachment da presidente.
Em relação a Cunha, o PSOL anunciou que irá apresentar na próxima terça-feira ao Conselho de Ética da Câmara representação contra o deputado depois que a Procuradoria-Geral da República confirmou, em resposta ao partido, a existência de contas na Suíça em nome do deputado e familiares.
(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 06/08/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - O governo está tentando um caminho mais político para lidar com a ameaça de impeachment e tenta abrir canal de diálogo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio do novo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disseram à Reuters três fontes do governo federal.
Um dia depois de tomar posse, Wagner procurou Cunha na terça-feira e foi à casa do presidente da Câmara para uma conversa privada, segundo as fontes. Uma das fontes disse que o governo considera importante conversar com Cunha mesmo com a intensificação das denúncias contra o deputado no âmbito da operação Lava Jato.
De acordo com as fontes, o diálogo não tratou explicitamente da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff ou da análise das contas de 2014 do governo pelo Congresso, mas a conversa teve como objetivo criar uma ponte com o presidente da Câmara, que está rompido com o Palácio do Planalto desde julho.
Um dos interlocutores de Wagner ouvidos pela Reuters relatou, nesta sexta-feira, que o ministro disse que "prefere construir pontes do que ter de ir à nado depois".
Wagner, conhecido por ser um político habilidoso e capaz de dialogar com diferentes forças políticas, também conversou com o vice-presidente Michel Temer e ainda procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"O governo tem de conversar com o Cunha. Mesmo enfraquecido por conta das denúncias, ele tem força. Ele faz a agenda das votações na Câmara", disse outra fonte, que também participa da articulação política do governo, fazendo referência às denúncias contra Cunha no âmbito da operação Lava Jato.
Uma terceira fonte do governo, com ótima interlocução no Congresso, avaliou, no entanto, que dificilmente a aproximação com Cunha dará resultado. O presidente da Câmara, disse a fonte, não está interessado em acordos com o governo e tem outras prioridades.
"Ele responsabiliza o Planalto pelas investigações em que está sendo acusado", afirmou a fonte, que disse não ter nem segurança de que Cunha seguirá o script programado pela oposição de rejeitar o pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo para depois os oposicionistas apresentarem um recurso ao Plenário. A outra opção seria Cunha aceitar o pedido diretamente. SEMANA DECISIVA
Cunha é o responsável direto por ditar o ritmo dos trâmites relativos às ações de impeachment que chegam ao Congresso, e tem influência sobre muitos parlamentares. Apaziguado, o presidente da Câmara pode dar mais tempo ao governo para se reorganizar e se defender.
Nos últimos meses, porém, Cunha não tinha mais interlocução com o Planalto, mesmo com uma tentativa da própria presidente de conversar com o deputado.
A estratégia do governo é tentar evitar primeiro politicamente o avanço dos pedidos de impeachment no Congresso, sem ter de apelar para recursos jurídicos, que, ao menos no caso do julgamento das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), se mostraram infrutíferos.
Na reunião ministerial de quinta-feira, Dilma pediu atenção dos ministros a movimentos surpresa da oposição, enquanto o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, prometeu um roteiro de perguntas e respostas para municiar a base com instrumentos para defesa do governo.
Ao mesmo tempo, Dilma cobrou dos ministros soluções para nomeações e emendas paradas nos ministérios para tentar acalmar os parlamentares insatisfeitos.
A próxima semana pode acumular capítulos decisivos para o governo e o próprio Cunha no roteiro da crise política.
A expectativa é de que o presidente da Câmara se manifeste até o fim da semana sobre os pedidos de impeachment ainda pendentes. Além disso, pode ser escolhido o relator na Comissão Mista de Orçamento (CMO) da análise da recomendação do TCU pela rejeição das contas do governo no ano passado, um dos campos de batalha em torno do impeachment da presidente.
Em relação a Cunha, o PSOL anunciou que irá apresentar na próxima terça-feira ao Conselho de Ética da Câmara representação contra o deputado depois que a Procuradoria-Geral da República confirmou, em resposta ao partido, a existência de contas na Suíça em nome do deputado e familiares.
(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Quem é Krzysztof Charamsa, o padre que se declarou gay às vésperas de sínodo católico
Quem é Krzysztof Charamsa, o padre que se declarou gay às vésperas de sínodo católico
BBC
04/10/2015
Tiziana Fabi/AFP
Monsenhor Krzysztof Charamsa e seu parceiro, o espanhol Eduard
Ele queria provocar um alvoroço --e conseguiu. Krzysztof Charamsa virou o primeiro padre que trabalhava no Vaticano a se declarar abertamente gay.
E ele fez isso em um momento crítico: na véspera do Sínodo da Família, que o papa Francisco abriu neste domingo, e em que prelados de todos o mundo irão debater temas como o tratamento a divorciados e homossexuais.
Ao celebrar a missa de abertura do evento neste domingo, o papa Francisco pediu que a Igreja fosse mais aberta àqueles que não conseguem cumprir seus ensinamentos, mas destacou a centralidade do casamento heterossexual.
Ao sair do armário, Charamsa não tentou ser discreto: concedeu longa entrevista publicada neste sábado no "Il Corriere della Sera", jornal de maior circulação na Itália, em que convida a Igreja a aceitar plenamente os fiéis homossexuais.
"Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou disposto a pagar as consequências, mas é hora de a Igreja abrir seus olhos para os fiéis homossexuais e entender que a solução oferecida, a abstinência total da vida amorosa, é desumana", disse.
Coração do Vaticano
Charamsa não é um padre qualquer. Passou 17 anos de seus 43 morando em Roma, onde desde 2003 é oficial da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada precisamente de defender a doutrina da Igreja.
Além disso, é secretário da Comissão Teológica Internacional do Vaticano e professor de Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana e da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum em Roma.
Como punição por sua declaração, o Vaticano anunciou que ele não poderá continuar em seus cargos.
Debate sobre pressão
As palavras de Charamsa caíram como uma bomba na Igreja e foram classificadas de "irresponsáveis" pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, sobretudo por terem sido feita às vésperas do Sínodo Ordinário para a Família, que será celebrado até o dia 25 de outubro.
"Apesar do respeito que merecem os feitos e circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas, a escolha de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo é muito grave e irresponsável", disse Lombardi em um comunicado.
O porta-voz afirmou que as declarações de Charamsa buscavam "submeter a assembleia sinodal a uma pressão midiática injustificada".
Charamsa não nega isso. Pelo contrário, disse que a revelação pública busca levar uma mensagem à Igreja. "Quero, com minha história, sacudir um pouco a consciência da Igreja", afirmou.
"Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todas as pessoas, incluindo os gays, lésbicas e transexuais, têm no coração o desejo de amar e de ter relações familiares", acrescentou.
Significado
Além da entrevista ao jornal, Charamsa concedeu uma entrevista coletiva acompanhado de seu parceiro. Ele também planejava participar da primeiro reunião internacional de homossexuais católicos, organizada na véspera do Sínodo da Família.
O correspondente da BBC em Roma, David Willey, explica que o Sínodo vai discutir como assegurar que famílias católicas sigam os ensinamentos da Igreja. A proibição ao uso de anticoncepcionais, por exemplo, é hoje mais descumprida do que seguida.
Mas, para ele, a revelação do padre polonês leva a outra discussão: será que a Igreja poderia iniciar um relaxamento da tradicional hostilidade em relação a gays em uma época em que o próprio papa afirma "quem sou eu para julgar"?
BBC
04/10/2015
Tiziana Fabi/AFP
Monsenhor Krzysztof Charamsa e seu parceiro, o espanhol Eduard
Ele queria provocar um alvoroço --e conseguiu. Krzysztof Charamsa virou o primeiro padre que trabalhava no Vaticano a se declarar abertamente gay.
E ele fez isso em um momento crítico: na véspera do Sínodo da Família, que o papa Francisco abriu neste domingo, e em que prelados de todos o mundo irão debater temas como o tratamento a divorciados e homossexuais.
Ao celebrar a missa de abertura do evento neste domingo, o papa Francisco pediu que a Igreja fosse mais aberta àqueles que não conseguem cumprir seus ensinamentos, mas destacou a centralidade do casamento heterossexual.
Ao sair do armário, Charamsa não tentou ser discreto: concedeu longa entrevista publicada neste sábado no "Il Corriere della Sera", jornal de maior circulação na Itália, em que convida a Igreja a aceitar plenamente os fiéis homossexuais.
"Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou disposto a pagar as consequências, mas é hora de a Igreja abrir seus olhos para os fiéis homossexuais e entender que a solução oferecida, a abstinência total da vida amorosa, é desumana", disse.
Coração do Vaticano
Charamsa não é um padre qualquer. Passou 17 anos de seus 43 morando em Roma, onde desde 2003 é oficial da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada precisamente de defender a doutrina da Igreja.
Além disso, é secretário da Comissão Teológica Internacional do Vaticano e professor de Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana e da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum em Roma.
Como punição por sua declaração, o Vaticano anunciou que ele não poderá continuar em seus cargos.
Debate sobre pressão
As palavras de Charamsa caíram como uma bomba na Igreja e foram classificadas de "irresponsáveis" pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, sobretudo por terem sido feita às vésperas do Sínodo Ordinário para a Família, que será celebrado até o dia 25 de outubro.
"Apesar do respeito que merecem os feitos e circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas, a escolha de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo é muito grave e irresponsável", disse Lombardi em um comunicado.
O porta-voz afirmou que as declarações de Charamsa buscavam "submeter a assembleia sinodal a uma pressão midiática injustificada".
Charamsa não nega isso. Pelo contrário, disse que a revelação pública busca levar uma mensagem à Igreja. "Quero, com minha história, sacudir um pouco a consciência da Igreja", afirmou.
"Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todas as pessoas, incluindo os gays, lésbicas e transexuais, têm no coração o desejo de amar e de ter relações familiares", acrescentou.
Significado
Além da entrevista ao jornal, Charamsa concedeu uma entrevista coletiva acompanhado de seu parceiro. Ele também planejava participar da primeiro reunião internacional de homossexuais católicos, organizada na véspera do Sínodo da Família.
O correspondente da BBC em Roma, David Willey, explica que o Sínodo vai discutir como assegurar que famílias católicas sigam os ensinamentos da Igreja. A proibição ao uso de anticoncepcionais, por exemplo, é hoje mais descumprida do que seguida.
Mas, para ele, a revelação do padre polonês leva a outra discussão: será que a Igreja poderia iniciar um relaxamento da tradicional hostilidade em relação a gays em uma época em que o próprio papa afirma "quem sou eu para julgar"?
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Homens Que Marcaram O Século XX: Jacques Chirac
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jacques René Chirac GColIH (Paris, 29 de novembro de 1932) é um político neoliberal[1] francês filiado à UMP. Foi primeiro-ministro da França, de 1974 a 1976 e de 1986 a 1988. Foi também o vigésimo segundo presidente da França, de 1995 a 2007. Como presidente, foi também co-príncipe de Andorra, por inerência.
Biografia
Jacques Chirac nasceu a 29 de novembro de 1932 na Clínica Geoffroy-Saint-Hilaire, em Paris. O seu pai, Abel-François Chirac (1893-1968), era administrador de empresas, e mãe Marie-Louise Valette (1902-1973), dona de casa. Os avós eram de origem camponesa, se bem que os seus dois avôs eram professores primários em Sainte-Féréole, no departamento da Corrèze. Conforme o próprio Chirac, o seu apelido de família tem origem nas línguas da Occitânia, as línguas dos trovadores e da poesia.
Jacques era filho único. Uma irmã mais velha morreu muito jovem antes mesmo de Jacques nascer. Estudou no Liceu Carnot e passou depois ao Liceu Louis-le-Grand. Ao finalizar o ensino secundário, esteve embarcado durante três meses como marujo num navio de transporte de carvão. Em 1951, matriculou-se no Institut d'études politiques de Paris (Sciences-Po Paris), onde se graduou em 1954. Passou também pela Summer school da Universidade de Harvard, em 1953. Durante este período militou brevemente no Partido Comunista Francês. Serviu de ardina ao L'Humanité (o jornal do PC francês) e participou pelo menos de uma reunião de uma célula comunista. Em 1950, assinou o Apelo de Estocolmo contra a bomba atómica. Dada a inspiração comunista de tal documento, teve dificuldades quando mais tarde pediu o seu primeiro visto para viajar aos Estados Unidos.
Torna-se noivo de Bernadette Chodron de Courcel em 17 de Outubro de 1953. No Outono de 1954, começou a estudar na ENA, a famosa escola de administração francesa. Casa-se com Barnadette a 16 de Março de 1956, embora com as dúvidas da família desta em aceitar um jovem saído duma família de origem razoavelmente humilde. Por isso, foi-lhes mesmo recusado celebrar o casamento na Basílica de Santa Clotilde, no bairro de Saint-Germain. Em seu lugar, a cerimónia decorreu na capela conhecida como Las Cases, um anexo da basílica, reservado às aulas de catequese e às cerimónias apressadas. Bernadette e Jacques têm duas filhas, Laurence (nascida em 1958) e Claude.
Logo após o casamento, presta serviço militar, entre 1956 e 1957. Sendo um prometedor jovem diplomado, talvez tivesse podido evitar a guerra da Argélia. No entanto, Chirac apresenta-se como voluntário e é incorporado no 2° regimento de Caçadores de África (Chasseur d'Afrique) em Souk-el-Barba. Passa à disponibilidade em 3 de Junho de 1957.
O casamento com Bernadette Chodron de Courcel leva-o a mudar completamente de meio social. Em 1957, entra na famosa Escola Nacional de Administração École nationale d'administration, de onde sairá diplomado (o segundo classificado no seu ano) em 1959. Jacques Chirac é em seguida destacado como reforço administrativo junto de Jacques Pélissier, o director-geral da Agricultura da Argélia.
Ao regressar à França, Chirac foi nomeado auditor do Tribunal de Contas francês e foi nomeado professor (maître de conférences) no Instituto de Estudos Políticos (Institut d'études politiques). Em Junho de 1962, é nomeado em comissão de serviço no secretariado-geral do governo de Pompidou, e depois no próprio gabinete do primeiro-ministro. Um ano mais tarde, é nomeado conselheiro no Tribunal de Contas. Em 1965, foi eleito vereador (conseiller municipal) em Sainte-Féréole, na região da Corrèze, de onde a sua família é originária. Um ano mais tarde, Georges Pompidou escolhe-o para tentar ganhar a circunscrição eleitora de Ussel, um bastião do Partido Comunista. Com o apoio de Marcel Dassault e do seu jornal, bate o seu adversário comunista após uma campanha aguerrida.
Ministérios (1967-1976)
Menos de um mês depois, em 8 de maio de 1967, Jacques Chirac — chamado "minha escavadora" por Georges Pompidou — foi nomeado secretário do Estado do Emprego (à l'Emploi), no governo Pompidou. Ainda serviria nos governos posteriores, dirigidos por Maurice Couve de Murville, Jacques Chaban-Delmas e Pierre Messmer até 1974.
Uma de suas primeiras realizações foi a criação da Agência Nacional Para o Emprego (Agence Nationale Pour l'Emploi). Durante Maio de 68, teve papel importante nos Acordos de Grenelle e tornou-se o arquétipo do jovem tecnocrata brilhante, parodiado em Astérix. Após Maio de 68, foi nomeado secretário do Estado da Economia e das Finanças (à l'Économie et aux Finances), supervisionado pelo jovem ministro Valéry Giscard d'Estaing. Os dois desconfiam um do outro, mesmo trabalhando juntos: Chirac não é responsabilizado pela desvalorização do franco francês, em 1969.
Em 1971, tornou-se ministro encarregado das relações com o Parlamento; em 5 de Julho de 1972, foi nomeado ministro da Agricultura e do Desenvolvimento rural, no governo Messmer, onde se destacou ao obter os votos em massa dos agricultores. Em Novembro de 1973, apoiado pelo Presidente, alterou decisões de Valéry Giscard d'Estaing, que estava em viagem.
Em Março de 1974, provavelmente após as escutas do Canard enchaîné, Chirac "trocou" seu posto com o de Raymond Marcellin, então ministro do Interior. Morto Georges Pompidou, resolveu apoiar Pierre Messmer, candidato por curto tempo, e depois Valéry Giscard d'Estaing, contra o candidato gaullista Jacques Chaban-Delmas. Reuniu contra Chaban-Delmas 43 deputados e contribui muito à vitória de Giscard d'Estaing na eleição. Também beneficiou de um conhecimento do terreno e de ligações regionais conseguidos em menos de dois anos no Ministério da Agricultura, e sobretudo, da sua posição num ministério "estratégico" onde tinha na mão os prefeitos, a Informações gerais.
Em 27 de Maio de 1974, por seu papel decisivo na eleição, Giscard d'Estaing o nomeou Primeiro-ministro. Conservou o apoio da Union Pour La Défense De La République- União Pela Defesa Da República (somente cinco ministros) da qual se tornou o secretário-geral, sem ter sido membro. No Matignon, onde trabalham os Primeiros-Ministros, estabeleceu um estilo relaxado e estudioso, começando ao mesmo tempo a disputar espaço com o Presidente. Ambos desejavam governar o país, e tinham caráter muito diferente: a rivalidade persiste desde suas tensões no Ministério das Finanças. Em 11 de Janeiro de 1976, o Presidente efectuou remanejamento ministerial contra o parecer do Primeiro Ministro, que denunciou o poder exercido por Giscard d'Estaing e pediu reformulação completa da sua política. Após um encontro no forte de Brégançon, Chirac decidiu demitir-se, gesto que anuncia a 25 de Agosto de 1976. Declarou à televisão: " Não disponho mais dos meios que considero necessários para desempenhar com eficácia as funções de Primeiro ministro". Chirac teria afirmado a Giscard d'Estaing "que queria deixar a vida política [...] e que se interrogava sobre a sua vida, e que falava mesmo montar uma galeria de arte".
Prefeito de Paris, rumo ao Eliseu (1976-1995)
Após ter anunciado sua candidatura à prefeitura de Paris (inicialmente hostil à sua reconstituição), Chirac criou o Rassemblement pour la République. O partido gaullista readquiriu as bases da UDR e Chirac se tornou seu presidente. Em 20 de março de 1977, apesar da oposição de Raymond Barre, que apoiava Michel d’Ornano, tornou-se o primeiro prefeito de Paris após Jules Ferry. O posto, recentemente criado, é de grande importância: quinze bilhões de francos de orçamento (naquela época), 40 000 funcionários, um verdadeiro trampolim eleitoral.
Analisando as eleições presidenciais de 1981, Chirac transformou o RPR em poderosa máquina política: sempre dentro da maioria, e mais importante, com 150 deputados, mais que a Union pour la démocratie française (UDF, partido criado em 1978 para apoiar o Presidente), era muito crítico do Governo. A 26 de novembro de 1978, Chirac foi vítima de acidente numa estrada de Corrèze e transportado para o Hospital Cochin, em Paris. Do Hospital, lançou o “Apelo de Cochin” que denunciava o “partido do estrangeiro”, ou seja UDF. Em 1979, fracassou nas eleições européias, pois sua chapa obteve apenas 16,3% dos votos, contra os 27,6% de Simone Veil, cabeça da chapa do UDF.
Durante as eleições presidenciais, fez campanha pela redução de impostos — a exemplo de Ronald Reagan — e obteve 18% dos votos no primeiro turno, amplamente distanciado por Valéry Giscard d’Estaing (28%) e François Mitterrand (26%), o que levou ao segundo turno. Anunciara que “pessoalmente” votaria no chefe do UDF. Mas seus militantes, e sobretudo os jovens, entenderam que havia pouca convicção na mensagem e votam em bloco na oposição.
Enfraquecido pela derrota, o RPR só obteve 83 cadeiras nas eleições legislativas. Chirac se tornou cada vez mais popular como prefeito de Paris, principalmente por sua política do transporte público, vindo em socorro dos idosos, dos deficientes físicos e das mães solteiras, incentivando as empresas a se manter na cidade. Em 1983, foi reeleito triunfalmente no total dos 20 bairros. Tornava-se assim o chefe da oposição. Em março de 1986, na as eleições legislativas, a união RPR-UDF obteve por pouco a maioria e aconteceu o que Raymond Barre batizou “coabitação”. Chirac, chefe da maioria, tornou-se Primeiro-Ministro.
A coabitação foi motivo de uma guerra aberta entre o Primeiro Ministro e o Presidente. Mitterrand, criticando a ação de seu Primeiro Ministro, colocava-se como um presidente imparcial. Recusou-se a assinar os projetos de lei e Chirac teve de recorrer ao Artigo 49 parágrafo 3 (Constituição da Quinta República Francesa). A estratégia do Presidente favorecia o cansaço da opinião diante de tal método e diante das reformas do governo. O Primeiro Ministro teve que abandonar algumas. Conseguiu frear o aumento do desemprego, mas não a cessá-lo. Desconfiava igualmente dele a juventude, com a qual seu ministro Alain Devaquet se chocou em novembro de 1986. Seu ministro Charles Pasqua era outra figura popular à direita mas detestado à esquerda.
Confrontado com a subida espetacular de François Mitterrand nas sondagens, Chirac se lançou numa biagem rápida por toda a França para explicar sua política. No primeiro turno obteve somente 19,9% e foi seguido por Raymond Barre com 16,5%, muito distante deMitterrand e seus 34,1%. Enfrentou o Presidente, saindo durante um debate televisionado muito áspero, sendo derrotado no segundo turno quando só conseguiu 45,98%dos votos.
Sua base ficou desmoralizada, sua esposa chegou a afirmar: “Os franceses não gostam do meu marido”. De novo na oposição, continuou prefeito de Paris, reeleito triunfalmente em 1989 e trabalhou para se manter à testa da oposição. Em 1991, declarou ser “absolutamente hostil ao plano Delors aspirando a instituir na Europa uma moeda única”.
Em face às grandes dificuldades do governo da esquerda, ele participa da campanha legislativa de 1993 que vê a vitória esmagadora da direita. Escaldado pela experiência anterior, ele prefere ficar recuado e deixa Édouard Balladur se tornar primeiro-ministro, formando assim a “segunda coabitação”. O acordo tácito entre os dois homens é simples: a Édouard Balladur Matignon, a Jacques Chirac o Eliseu em 1995.
Entretanto Édouard Balladur, em vista de sua popularidade, decide se apresentar as eleições presidenciais: os partidários do presidente do RPR berram a traição, visto que o Primeiro Ministro leva com ele uma parte dos eleitos dos quais Nicolas Sarkozy e Charles Pasqua. Philippe Seguin, um tempo hesitando, lança-se na batalha ao lado do candidato “legítimo” e se torna com Alain Juppé e Alain Madelin um dos principais apoios de Jacques Chirac. Este empreende uma campanha dinâmica e centrada nos temas da “fratura social”. Jacques Chirac consegue a passar a frente de Édouard Balladur no primeiro turno, tendo levado o segundo frente a Lionel Jospin, candidato dos socialistas, com 52,64% dos votos: ele se tornou Presidente da República.
Primeira Presidência da República (1995-2002)
Com a sua chegada ao Eliseu, a 17 de Maio, Chirac nomeou Alain Juppé Primeiro Ministro. Juppé acentuou a luta contra o déficit público, respeitando o pacto de estabilidade da União Europeia e de assegurar a adoção do Euro.
Chirac com o presidente russo Vladimir Putin. Ambos foram contrários à decisão norte-americana de invadir o Iraque.
Em Julho de 1995, uma das primeiras decisões foi efetuar a última campanha de testes nucleares antes de assinar o Tratado de interdição completa de testes nucleares, para permitir ao CEA desenvolver seu programa de simulação. Tal decisão provocou fortes protestos, sobretudo na Austrália, nos Estados Unidos, no Japão, na Nova Zelândia e entre os ecologistas, mas não teve efeito prático pois começou a campanha de testes no Oceano Pacífico.
A política internacional de França alterou-se subitamente na Iugoslávia quando o Presidente ordenou represálias após a morte de soldados franceses, em manobras com o NATO que deram fim à guerra civil. Seguiu paralelamente uma política que aproximava a França dos países árabes, trabalhando no processo de paz do conflito israelo-palestiniano. A França voltou a se juntar ao comando integrado da NATO.
Cada vez mais impopular, o governo de Alain Juppé enfrentou grandes greves no Inverno 1995-1996, devidas à reforma das aposentadorias particulares e ao congelamento dos salários dos funcionários públicos. Diante de sua maioria, provavelmente aconselhado por Dominique de Villepin, Chirac arriscou a dissolução da Assembléia meses antes do previsto. Tomado de surpresa, seu partido e seu eleitorado não compreenderam o seu gesto, mas a oposição denunciou a manobra. As eleições seguinters assistiram à vitória da esquerda pluralista, conduzida por Lionel Jospin; Chirac o nomeou Primeiro Ministro.
Esta “terceira coabitação” foi bem mais longa que as anteriores, durando cinco anos. O Presidente e o Primeiro Ministro tentaram falar com voz única no seio da União Européia ou em matéria de política estrangeira, comparecendo juntos a reuniões europeias (como durante as duas outras coabitações), mesmo se às vezes existissem alfinetadas verbais entre ambos. Nesta época estouraram os escândalos político-financeiros sobre o RPR e a prefeitura de Paris. O RPR (como o UDF, o OS e o PC) foi acusado de ter aumentado seu orçamento com ajuda de comissões dadas por empresas de construção, que receberam da região da Ile-de-France em contrapartida importantes empreitadas públicas. Chirac era então Presidente do RPR. Era igualmente prefeito de Paris quando dos processos de falsos eleitores no quinto distrito. Havia um inquérito a respeito do financiamento de viagens aéreas de caráter privado do antigo prefeito. Bertrand Delanoë, novo prefeito de Paris, ignorando as primeiras acusações, pediu mais tarde a abertura de um inquérito sobre dois milhões de euros gastos por Chirac no caso “frais de bouche” (despesa com refeições). Por iniciativa do deputado socialista Arnaud Montebourg, 30 deputados (19 do Partido Socialista (PS), quatro dos “Verdes”, quatro do Partido Radial de Esquerda, dois PCF e um MDC) requereram por escrito explicações de Chirac à Suprema Corte. O Conselho Constitucional, porém, presidido por Roland Dumas, confirmou ao presidente sua imunidade, como é definida na constituição.
A 4 de Fevereiro de 1999 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
O governo de Lionel Jospin conheceu popularidade importante, marcada pela lei de “35 horas”, a queda do desemprego e a retomada econômica mundial. Sendo por conseguinte favorito, o Primeiro Ministro decidiu restabelecer o calendário inicial das eleições (presidencial antes das legislativas) e sobretudo, obteve do Presidente, no início reticente, que propusesse uma alteração na Constituição de modo a transformar o mandato de sete anos em qüinqüenal. Frente à pressão dos seus partidários, mesmo com sondagens pouco favoráveis, Chirac decidiu anunciar mais cedo que o previsto sua candidatura às eleições de 2002, adiantando-se a Lionel Jospin.
Apoiando-se sobre a jovem guarda de deputados do RPR, favoreceu a formação progressiva dum novo partido que deveria fundir o RPR, a UDF e aDemocracia Liberal: a “União para uma Maioria Presidencial”. As futuras bases do novo partido (ao qual a UDF, dirigido por François Bayrou, recusa adesão) são os temas da segurança e a redução de impostos. Com de sua grande experiência de campanhas presidenciais, Chirac conduziu uma campanha dinâmica, principalmente sobre o tema da insegurança; Lionel Jospin viu a sua campanha desmoronar. Em 21 de abril, de surpresa, “como um trovão”, Lionel Jospin foi derrotado já no primeiro turno. Chirac chegou à frente com 19,88% e viu-se oposto a Jean Marie Le Pen. Freqüentemente descrito como anti-racista visceral, seguro de vencer, decidiu recusar debates com o adversário, declarando que “frente à intolerância e ao ódio, não há transação possível, nem comprometimento possível, nem debate possível”. Os dois se detestam, notoriamente. Deixou a esquerda e a juventude se manifestar, chamando a votar nele (o slogan de seus opositores mais ferozes era “Votez escroc, pas facho!”, (“Vote no escroque, não no fascista!”)), foi eleito com a percentagem incomum de 82,21%.
Presidência da República (2002 a 2007)
Lionel Jospin lhe apresentou imediatamente sua demissão. Chirac nomeou como Primeiro Ministro um membro da Democracia Liberal, Jean-Pierre Raffarin, o qual governa por decretos durante algumas semanas: o UMP, recém criado, venceu com amplidão as eleições legislativas seguintes. Chirac tinha outra vez uma maioria. Jean-Pierre Rafarrin começou a executar algumas promessas da campanha: redução do imposto de renda e a multiplicação das ações contra a delinqüência, com seu muito mediático e popular ministro de Interior, Nicolas Sarkozy atacando a insegurança rodoviária com ajuda do ministro dos Transportes Gilles de Robien. Virão em seguida a flexibilização das 35 horas, a reforma das aposentadorias e da segurança social, a descentralização.
Jacques Chirac durante o desfile no 14 de julho de 2003
Na situação internacional, marcada pelos atentados de 11 de setembro, houve a intensificação da política externa do presidente norte-americano George W. Bush, com quem Jacques Chirac se entende mal. Como Chirac não o apoiou quando da intervenção norte-americana no Afeganistão, Bush se alinhou com Gerhard Schröder. Junto de Vladimir Putin, Chirac foi o oponente principal dos Estados Unidos na invasão do Iraque. Apoiado por seu ministro de Assuntos Estrangeiros Dominique de Villepin, Chirac conseguiu que os Estados Unidos passassem fugazmente pela ONU antes de recorrer às armas, invadindo o Iraque. Aproveitando o consenso nacional sobre o assunto, Chirac se fez o centro dum “mundo multipolar”. Apoiado pela opinião pública européia e por muitos governantes (com exceção dos Primeiros Ministros britânico, italiano e espanhol, sempre favoráveis aos americanos, e os dirigentes do leste da União Européia), Chirac se opôs à invasão norte-americana e deixou claro que usaria o direito de veto da França no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tal aviso valeu-lhe uma campanha hostil, sobretudo na mídia anglo-saxônica. O jornal The Sun chega a escrever então: “Chirac is a worm” --- “Chirac é um verme”. As relações com os Estados Unidos se tornam execráveis, começando a se normalizar apenas a partir da comemoração do desembarque na Normandia, 15 meses mais tarde.
Depois de uma derrota importante nas eleições cantonais (subdivisão dos departamentos) e regionais de 2004 (20 das 22 regiões da França metropolitana passaram ou voltaram à esquerda), Chirac nomeou Nicolas Sarkozy ministro de estado, ministro da Economia, das Financias e da Indústria: a maior parte dos editores políticos (entre eles os do “Canard Enchaîné”, do “Nouvel Observateur”e do “Express”) viram nisso a maneira de fazer baixas sua popularidade tão forte (contrariamente à do Primeiro Ministro, no ponto mais baixo das sondagens). Diante às ambições presidenciais manifestadas por Nicolas Sarkozy, ele cobrou dele, na época de seu discurso de 14 de julho de 2004, escolher entre sua poltrona ministerial e o posto de presidente da UMP. Em novembro, Sarkozy foi eleito presidente do partido e deixou o ministério, que foi confiado a Hervé Gaymard. Em feverero de 2005, Gaymard foi obrigado a se demitir após um escândalo, sendo substituído por Thierry Breton.
Para envolver os franceses no tema da Constituição Européia, Chirac decidiu organizar um referendo para sua ratificação. Agora favorável à entrada da Turquia na União Européia (seu mais caro desejo ou “vœu le plus cher” --- ”), sabia que uma parte da maioria se opunha, o que ensombrecia as previsões sobre o referendo. A 17 de setembro, os 25 países da UE decidiram abrir as negociações com a Turquia. O projeto de diretrizes Bolkestein desviou parte da inquietação social crescente na Europa, apesar das tentativas de desarticulação do Presidente. As sondagens mudam de resultado três vezes, o debate inflama os franceses e mobiliza a mídia até o dia do referendo. Em 29 de maio, após campanha marcada pelo envolvimento pessoal do Presidente, o “não” venceu com 54,87% dos votos e com forte participação de 69,74%. Dois dias depois, Jean-Pierre Raffarin se demitia: Chirac anunciou como seu substituto um duo, Dominique de Villepin e Nicolas Sarkozy, o primeiro como Primeiro-Ministro e Sarkozy como ministro de Estado do Interior. A imprensa enfureceu-se contra as pouca mudanças no governo, sem deixar de se sentir curiosa com a “coabitação” dos dois (falou-se em “vice-primeiro ministro”). Jacques Chirac deixou a Presidência da França no dia 16 de maio de 2007, após 12 anos de governo.
Percurso político
1950, militou curto espaço de tempo no Partido Comunista Francês.
1962, colaborador de Georges Pompidou.
1967, eleito deputado da Corrèze, moldou sua carreira ministerial.
1974, nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente Valéry Giscard d'Estaing.
1976, demissionário, cedeu lugar a Raymond Barre e criou o partido Reunião pela República ou RPR.
1977, eleito prefeito de Paris; ficou no poder 18 anos (reeleito em 1983 e 1989).
1978, em 6 de dezembro lançou o "Apelo de Cochin" (hospital onde esteve após um acidente) e declarou: “Prepara-se a submissão da França, prepara-se a ideia de seu rebaixamento”. Denunciou "o partido estrangeiro" quando se formava a União pela Democracia Francesa ou UDF.
1981, apresentou-se pela primeira vez numa eleição presidencial contra Valéry Giscard d’Estaing. Obtém apenas 18% dos votos.
1986, vitória do RPR e da UDF nas eleições legislativas. Tornou-se o Primeiro-Ministro da primeira coabitação com François Mitterrand.
1988, eleição presidencial, sendo derrotado no segundo turno por Mitterrand.
Desde os anos 1990, seu nome é evocado nos grandes processos judiciais que envolvem a Prefeitura de Paris. A função presidencial o mantém imune aos inquéritos judiciais.
1995, eleições presidenciais, eleito Presidente da República à frente de Lionel Jospin com 52,6% dos votos. Nomeia Alain Juppé Primeiro Ministro.
1997, dissolução da Assembléia Nacional. A esquerda venceu as eleições legislativas de modo que se vê obrigado a nova coabitação (1997-2002). Nomeia Lionel Jospin (PS) Primeiro-Ministro.
2002, reeleito Presidente da República com 19,88% dos votos no primeiro turno (a cifra mais baixa para um presidente em exercício) e 82% no segundo turno, quantidade histórica na Quinta República que se deveu em grande parte a um consenso geral dos eleitores de todos os partidos políticos. Esta enorme vitória expressa a vontade do povo francês de contrariar o candidato da Frente Nacional. Uma sondagem IPSOS na saída das urnas mostrou que cerca de 82% dos eleitores votara nos candidatos de esquerda ou centro no primeiro turno, e em Chirac no segundo turno.
O Primeiro-Ministro Jean-Pierre Raffarin foi substituído em 31 de maio de 2005 por Dominique de Villepin.
Mandatos eletivos
Vereador e Prefeito :
1965-1971 : membro da câmara de vereadores Sainte-Féréole, Corrèze
1971-1977 : membro da câmara de vereadores de Sainte-Féréole, Corrèze
1977-1983 : membro da câmara de vereadores de Paris e prefeito de Paris
1983-1989 : membro da câmara de vereadores de Paris e prefeito de Paris
1989-1995 : prefeito de Paris, mandato interrompido após sua eleição à Presidência da República em maio de 1995. O mandato de vereador de Paris se completa normalmente nas eleições municipais no mês seguinte, junho de 1995.
Conselheiro Geral:
1968-1970 : membro do Conselho Geral da Corrèze
1970-1976 : membro e presidente do Conselho Geral da Corrèze.
1976-1979 : membro e presidente do Conselho Geral da Corrèze.
1979-1982 : membro do Conselho Geral da Corrèze.
Deputado
1967-1967 : deputado da Corrèze (1)
1968-1968 : deputado da Corrèze (1)
1973-1973 : deputado da Corrèze (1)
1976-1978 : deputado da Corrèze (2)
1978-1981 : deputado da Corrèze (3)
1981-1986 : deputado da Corrèze.
1986-1986 : deputado da Corrèze (1)
1988-1993 : deputado da Corrèze.
1993-1995 : deputado da Corrèze (4)
Eurodeputado:
1979-1980 : membro do Parlamento Europeu, demissionário.
Presidente da República :
1995-2002 : presidente da República
2002-até 2007 : presidente da República
(1) mandatos interrompidos após nomeações no governo
(2) eleições parciais após a demissão de seu suplente
(3) mandato interrompido pela dissolução da Assembléia Nacional
(4) mandato interrompido após sua eleição a presidência da República
Cargos governamentais
1967-1968 : secretário de Estado junto ao Ministro de Assuntos Sociais, encarregado dos dos prolemas trabalhistas (quarto governo de Georges Pompidou)
1968-1968 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (quinto governo de Georges Pompidou)
1968-1969 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (governo de Maurice Couve de Murville)
1969-1972 : secretário de Estado junto ao Ministro de Economia e Finanças (governo de Jacques Chaban-Delmas)
1972-1973 : ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (governo de Pierre Mesmer (1))
1973-1974 : ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (governo de Pierre Mesmer (2))
1974-1974 : ministro do Interior (governo Pierre Mesmer (2))
1974-1976 : Primeiro-ministro (Governo Jacques Chirac (1))
1986-1988 : Primeiro-ministro (Governo Jacques Chirac (2))
Outros
Paródia : les Guignol de l’info parodiam regularmente Jacques Chirac.
Filatelia : os correios da Autoridade Palestina emitiram bloco de quatro selos em homenagem a Chirac em 2004 (Imagem).
Jacques Chirac e Bernadette Chirac] “adotaram de coração” uma vietnamita : Ann Dao Phan, chegada na França em 1979.
É apaixonado pelos Índios Tainos, da América central, e povos primitivos. Chegou a mostrar sua paixão no programa “Cercle de Minuit” de Michel Field em 1994.
Obras[editar | editar código-fonte]
Tese no Instituto de Estudos Políticos (Institut d'Études politiques) sobre o tema: O desenvolvimento do porto de Nova Orléans (Le développement du port de la Nouvelle-Orléans), em 1954 ;
Discours pour la France à l'heure du choix, 1978 (Discurso para a França na hora da escolha)
La lueur de l'espérance : Réflexion du soir pour le matin, 1978; («O clarão da esperança: Reflexão da noite para a manhã»)
Une nouvelle France, Réflexions 1, 1994 ; (Uma nova França, Reflexões)
La France pour tous, 1995. (A França para todos)
Obras ou artigos consagrados a Chirac[editar | editar código-fonte]
À la découverte de leurs racines, tomo I, capítulo Jacques Chirac, de Joseph Valynseele eDenis Grando. (L'Intermédiaire des Chercheurs et Curieux, 1988.) ; (Descobrindo suas raízes).
'Chirac ou la fringale du pouvoir (Chirac e a bulimia do poder) Ed. Alain Moreau, 1977 por Henri Deligny;
Le vrai visage de Jacques Chirac (A verdadeira cara de Jacques Chirac) - Feitos e documentos. 1995 por Emmanuel Ratier;
L'Homme qui ne s'aimait pas (O homem que não se amava) por Éric Zemmour;
Chirac, père et fille (Chirac, pai e filha) por Claude Angéli e Stéphanie Mesnier (Grasset).
Noir Chirac, (Negro Chirac) por François-Xavier Vershaeve, Les Arènes, 2002 ;
Chirac? On vous avait prévenus. (Chirac? Nós tínhamos avisado!) Ed. Syllepse, 2002. por Henri Deligny;
Jacques a dit, (Jacques falou) por Jérôme Duhamel, 1997. Coletânea de citações de Chirac, reunidas maliciosamente.
D'un Chirac l'autre, ()De um Chirac ao outro) por Bernard Billot, Paris : edições Bernard de Fallois, 16 de março de 2005. 558 p. ISBN 2-87706-555-3
Condecorações
Grã-Cruz da Legião de Honra
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito
Grã-Cruz do Mérito da Ordem Soberana de Malta
Cruz do Valor Militar
Medalha da Aeronáutica
Cavaleiro do Mérito agrícola
Cavaleiro das Artes e das Letras
Cavaleiro da Estrela Negra
Cavaleiro do Mérito desportivo.
Actualidade
Chirac foi acusado em 21 de Novembro de 2007 dos crimes de "desvio de fundos públicos" por ter permitido empregos fictícios alegadamente pagos pelo gabinete do presidente da Câmara de Paris.
O ex-presidente foi julgado por um alegado processo de corrupção que foi anunciado em 30 de Outubro de 2009. Com esta decisão, Chirac tornau-se no primeiro ex-presidente francês a ser julgado pela justiça.
Em 15 de dezembro de 2011, Chirac foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por "abuso de confiança, desvio de fundos públicos e prevaricação". O caso envolvia empregos fictícios criados na Câmara Municipal de Paris que permitiam financiar o RPR, antigo partido de Chirac enquanto presidente da Câmara Municipal pariense. Com 79 anos de idade e problemas neurológicos, Chirac decidiu não recorrer da decisão.
Rejeição de contas de Dilma no TCU pode turbinar impeachment, diz Cunha
contas, sozinho, não tem o poder de levar ao impeachment da presidente, mas alertou que uma eventual reprovação das contas pelo Congresso Nacional pode levar a novos pedidos de impeachment.
"Se você tiver o parecer e ele provocar a rejeição das contas e essa rejeição for aprovada pelo Congresso Nacional, provavelmente será um outro pedido [de impeachment]. Vai fundamentar um outro tipo de pedido. E mesmo assim, ainda vai ficar naquela discussão de que se trata [de um ato] do mandato anterior ou do atual mandato", afirmou Cunha.
Cunha defende publicamente que processos de impeachment só podem ser abertos se houver indícios de crime de responsabilidade cometido durante o atual mandato da presidente. Como as "pedaladas fiscais" foram cometidas durante o mandato anterior, há divergências sobre se os pedidos de impeachment que acusam o governo de improbidade administrativa em 2014 poderiam tramitar no segundo mandato da presidente.
Como presidente da Câmara, cabe a Cunha dar prosseguimento aos pedidos de impeachment que chegam à Casa. Pelo menos 20 pedidos foram enviados à Câmara desde o início do segundo mandato da presidente Dilma. Na última quarta-feira (30), foi publicado o arquivamento de três pedidos de impeachment contra Dilma.
Cunha disse que deverá despachar todos os pedidos nas próximas duas semanas. Ele disse que deverá passar o final de semana analisando dois pedidos de impeachment "mais substanciais", mas disse que entre eles não está o que foi feito por um dos fundadores do PT Hélio Bicudo.
Novos ministros do PMDB
Mesmo tendo dois peemedebistas tidos como seus aliados entre os novos ministros do governo Dilma, Cunha criticou a reforma ministerial anunciada nesta sexta. Os ministros ligados a Cunha são Celso Pansera (PMDB-RJ), atual ministro da Ciência e Tecnologia, e Marcelo Castro (PMDB-PI), que ficou com o ministério da Saúde. Para Cunha, a economia gerada pelos cortes do governo será mínima e não deverá trazer apoio político na Câmara.
"Acho que o governo deu um primeiro sinal, uma mostra de economia. Ainda pífio. Insuficiente pro tamanho do rombo das contas públicas. Falaram que iam reduzir 10 ministérios, mas reduziram oito. A minha proposta era que viesse a 20. Mas é um sinal positivo", afirmou Cunha.
Ao falar sobre uma possível melhora das relações entre o governo e o PMDB na Câmara, Cunha disse que a reforma não muda a atual conjuntura. "Para efeito da base, eu não vi grande mudança. Quem se posiciona favorável [ao governo] e que é do PMDB, continuará. E quem é contra, continuará. Essa reforma não teve o condão de trazer quem é contra. Para mim, está a mesma coisa", disse o presidente.
Contas na Suíça
Cunha voltou a se recusar a comentar as suspeitas de que ele e sua família mantivessem contas bancárias na Suíça. Nesta semana, o Ministério Público suíço transferiu uma investigação sobre contas bancárias mantidas por Cunha no país europeu. Há suspeitas de que elas eram utilizadas para lavar dinheiro.
No início do ano, Cunha depôs à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara e negou ter contas no exterior, mas as autoridades suíças sustentam que Cunha e sua família mantinham pelo menos quatro contas no país e que US$ 5 milhões foram bloqueados.
"Eu não vou falar sobre esse assunto", disse Cunha ao ser questionado se temia ter o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar por ter supostamente mentido durante seu depoimento à CPI.
No início desta tarde, Cunha emitiu uma nota na qual reitera o teor de seu depoimento à CPI e diz desconhecer o conteúdo das informações sobre suas supostas contas no exterior.
Cunha foi denunciado em agosto pela Procuradoria Geral da República por seu envolvimento no esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de estatais como a Petrobras e a Eletrobras.
Ele é suspeito de ter recebido propina por contratos firmados por empreiteiras junto à Petrobras. Segundo um dos delatores da operação Lava Jato, João Henriques, Cunha recebeu propina por contratos da Petrobras no Benin por meio de contas na Suíça.
"Se você tiver o parecer e ele provocar a rejeição das contas e essa rejeição for aprovada pelo Congresso Nacional, provavelmente será um outro pedido [de impeachment]. Vai fundamentar um outro tipo de pedido. E mesmo assim, ainda vai ficar naquela discussão de que se trata [de um ato] do mandato anterior ou do atual mandato", afirmou Cunha.
Cunha defende publicamente que processos de impeachment só podem ser abertos se houver indícios de crime de responsabilidade cometido durante o atual mandato da presidente. Como as "pedaladas fiscais" foram cometidas durante o mandato anterior, há divergências sobre se os pedidos de impeachment que acusam o governo de improbidade administrativa em 2014 poderiam tramitar no segundo mandato da presidente.
Como presidente da Câmara, cabe a Cunha dar prosseguimento aos pedidos de impeachment que chegam à Casa. Pelo menos 20 pedidos foram enviados à Câmara desde o início do segundo mandato da presidente Dilma. Na última quarta-feira (30), foi publicado o arquivamento de três pedidos de impeachment contra Dilma.
Cunha disse que deverá despachar todos os pedidos nas próximas duas semanas. Ele disse que deverá passar o final de semana analisando dois pedidos de impeachment "mais substanciais", mas disse que entre eles não está o que foi feito por um dos fundadores do PT Hélio Bicudo.
Novos ministros do PMDB
Mesmo tendo dois peemedebistas tidos como seus aliados entre os novos ministros do governo Dilma, Cunha criticou a reforma ministerial anunciada nesta sexta. Os ministros ligados a Cunha são Celso Pansera (PMDB-RJ), atual ministro da Ciência e Tecnologia, e Marcelo Castro (PMDB-PI), que ficou com o ministério da Saúde. Para Cunha, a economia gerada pelos cortes do governo será mínima e não deverá trazer apoio político na Câmara.
"Acho que o governo deu um primeiro sinal, uma mostra de economia. Ainda pífio. Insuficiente pro tamanho do rombo das contas públicas. Falaram que iam reduzir 10 ministérios, mas reduziram oito. A minha proposta era que viesse a 20. Mas é um sinal positivo", afirmou Cunha.
Ao falar sobre uma possível melhora das relações entre o governo e o PMDB na Câmara, Cunha disse que a reforma não muda a atual conjuntura. "Para efeito da base, eu não vi grande mudança. Quem se posiciona favorável [ao governo] e que é do PMDB, continuará. E quem é contra, continuará. Essa reforma não teve o condão de trazer quem é contra. Para mim, está a mesma coisa", disse o presidente.
Contas na Suíça
Cunha voltou a se recusar a comentar as suspeitas de que ele e sua família mantivessem contas bancárias na Suíça. Nesta semana, o Ministério Público suíço transferiu uma investigação sobre contas bancárias mantidas por Cunha no país europeu. Há suspeitas de que elas eram utilizadas para lavar dinheiro.
No início do ano, Cunha depôs à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara e negou ter contas no exterior, mas as autoridades suíças sustentam que Cunha e sua família mantinham pelo menos quatro contas no país e que US$ 5 milhões foram bloqueados.
"Eu não vou falar sobre esse assunto", disse Cunha ao ser questionado se temia ter o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar por ter supostamente mentido durante seu depoimento à CPI.
No início desta tarde, Cunha emitiu uma nota na qual reitera o teor de seu depoimento à CPI e diz desconhecer o conteúdo das informações sobre suas supostas contas no exterior.
Cunha foi denunciado em agosto pela Procuradoria Geral da República por seu envolvimento no esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de estatais como a Petrobras e a Eletrobras.
Ele é suspeito de ter recebido propina por contratos firmados por empreiteiras junto à Petrobras. Segundo um dos delatores da operação Lava Jato, João Henriques, Cunha recebeu propina por contratos da Petrobras no Benin por meio de contas na Suíça.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Balança comercial brasileira tem melhor setembro desde 2011
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Ministro Armando Monteiro, em Brasília. 3/3/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,944 bilhões de dólares em setembro, melhor marca para o mês em quatro anos, consolidando uma das poucas frentes em que o país tem registrado dados positivos.
O resultado veio acima da expectativa de 2,4 bilhões de dólares apontada em pesquisa Reuters com economistas, ajudando o superávit no acumulado do ano a alcançar 10,246 bilhões de dólares, o mais alto para o acumulado de janeiro a setembro desde 2012, quando foi de 15,695 bilhões de dólares.
O desempenho, contudo, segue refletindo a deterioração econômica, já que as importações vêm caindo mais que as exportações em meio à fraqueza na atividade e valorização do dólar frente ao real.
Em setembro, a queda nas importações foi de 32,7 por cento sobre um ano antes pela média diária, a 13,204 bilhões de dólares, ao passo que o recuo nas exportações na mesma base foi de 13,8 por cento, a 16,148 bilhões de dólares.
Com isso, o saldo positivo para setembro foi o mais forte desde 2011, quando somou 3,074 bilhões de dólares.
Nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, estimou que o superávit no ano chegará a cerca de 15 bilhões de dólares, melhorando a projeção sobre leitura anterior de até 12 bilhões de dólares.
A balança comercial no azul vem diminuindo o déficit brasileiro em conta corrente, apesar da vertiginosa queda no preço de importantes commodities para a pauta comercial brasileira continuar ofuscando o aumento dos volumes exportados.
Foi o que aconteceu em setembro com o minério de ferro e o farelo de soja, que viram os embarques em dólares caírem 40,4 por cento e 23,7 por cento, respectivamente, na comparação com igual mês do ano passado.
A exportação de produtos básicos, em geral, sofreu recuo de 19,6 por cento no mês sobre um ano antes, enquanto semimanufaturados tiveram queda de 12,2 por cento e manufaturados, declínio de 4,6 por cento.
Na ponta das importações, houve retração em setembro em todas as categorias, sendo de 61,9 por cento em combustíveis e lubrificantes, de 27,4 por cento em bens de capital, de 26,0 por cento em matérias-primas e intermediários e de 23,4 por cento em bens de consumo.
(Por Marcela Ayres)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
Ministro Armando Monteiro, em Brasília. 3/3/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,944 bilhões de dólares em setembro, melhor marca para o mês em quatro anos, consolidando uma das poucas frentes em que o país tem registrado dados positivos.
O resultado veio acima da expectativa de 2,4 bilhões de dólares apontada em pesquisa Reuters com economistas, ajudando o superávit no acumulado do ano a alcançar 10,246 bilhões de dólares, o mais alto para o acumulado de janeiro a setembro desde 2012, quando foi de 15,695 bilhões de dólares.
O desempenho, contudo, segue refletindo a deterioração econômica, já que as importações vêm caindo mais que as exportações em meio à fraqueza na atividade e valorização do dólar frente ao real.
Em setembro, a queda nas importações foi de 32,7 por cento sobre um ano antes pela média diária, a 13,204 bilhões de dólares, ao passo que o recuo nas exportações na mesma base foi de 13,8 por cento, a 16,148 bilhões de dólares.
Com isso, o saldo positivo para setembro foi o mais forte desde 2011, quando somou 3,074 bilhões de dólares.
Nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, estimou que o superávit no ano chegará a cerca de 15 bilhões de dólares, melhorando a projeção sobre leitura anterior de até 12 bilhões de dólares.
A balança comercial no azul vem diminuindo o déficit brasileiro em conta corrente, apesar da vertiginosa queda no preço de importantes commodities para a pauta comercial brasileira continuar ofuscando o aumento dos volumes exportados.
Foi o que aconteceu em setembro com o minério de ferro e o farelo de soja, que viram os embarques em dólares caírem 40,4 por cento e 23,7 por cento, respectivamente, na comparação com igual mês do ano passado.
A exportação de produtos básicos, em geral, sofreu recuo de 19,6 por cento no mês sobre um ano antes, enquanto semimanufaturados tiveram queda de 12,2 por cento e manufaturados, declínio de 4,6 por cento.
Na ponta das importações, houve retração em setembro em todas as categorias, sendo de 61,9 por cento em combustíveis e lubrificantes, de 27,4 por cento em bens de capital, de 26,0 por cento em matérias-primas e intermediários e de 23,4 por cento em bens de consumo.
(Por Marcela Ayres)
© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Suíça transfere para Brasil investigação criminal contra Cunha
Suíça transfere para Brasil investigação criminal contra Cunha
Estadão Conteúdo De São Paulo 30/09/2015 http://noticias.uol.com.br/
A Suíça transferiu para o Brasil investigação criminal contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Com a remessa das informações contra o peemedebista naquele país europeu, a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, poderá investigá-lo e processá-lo. Eduardo Cunha teria recebido, na Suíça, propina relativa a contratos da Petrobras.
A transferência da investigação criminal foi feita por meio da autoridade central dos dois países (Ministério da Justiça). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aceitou a transferência feita pelo Ministério Público da Confederação Helvética.
As informações do MP da Suíça relatam contas bancárias em nome de Cunha e familiares. As investigações na Suíça iniciaram em abril deste ano e houve bloqueio de valores.
Os autos serão recebidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e posteriormente serão remetidos à PGR.
Por ser brasileiro nato, Eduardo Cunha não pode ser extraditado para a Suíça. O instituto da transferência de processo é um procedimento de cooperação internacional, em que se assegura a continuidade da investigação ou processo ao se verificar a jurisdição mais adequada para a persecução penal.
"Com a transferência do processo, o Estado suíço renuncia a sua jurisdição para a causa, que passa a ser do Brasil e de competência do Supremo Tribunal Federal, em virtude da prerrogativa de foro do presidente da Câmara", diz nota da PGR.
Este é o primeiro processo a ser transferido para o Supremo a pedido da Procuradoria-Geral da República e o segundo da Operação Lava Jato. A primeira transferência de investigação foi a de Nestor Cerveró para Curitiba.
Estadão Conteúdo De São Paulo 30/09/2015 http://noticias.uol.com.br/
A Suíça transferiu para o Brasil investigação criminal contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Com a remessa das informações contra o peemedebista naquele país europeu, a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, poderá investigá-lo e processá-lo. Eduardo Cunha teria recebido, na Suíça, propina relativa a contratos da Petrobras.
A transferência da investigação criminal foi feita por meio da autoridade central dos dois países (Ministério da Justiça). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aceitou a transferência feita pelo Ministério Público da Confederação Helvética.
As informações do MP da Suíça relatam contas bancárias em nome de Cunha e familiares. As investigações na Suíça iniciaram em abril deste ano e houve bloqueio de valores.
Os autos serão recebidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e posteriormente serão remetidos à PGR.
Por ser brasileiro nato, Eduardo Cunha não pode ser extraditado para a Suíça. O instituto da transferência de processo é um procedimento de cooperação internacional, em que se assegura a continuidade da investigação ou processo ao se verificar a jurisdição mais adequada para a persecução penal.
"Com a transferência do processo, o Estado suíço renuncia a sua jurisdição para a causa, que passa a ser do Brasil e de competência do Supremo Tribunal Federal, em virtude da prerrogativa de foro do presidente da Câmara", diz nota da PGR.
Este é o primeiro processo a ser transferido para o Supremo a pedido da Procuradoria-Geral da República e o segundo da Operação Lava Jato. A primeira transferência de investigação foi a de Nestor Cerveró para Curitiba.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?
De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?
Mariano Aguirre (*)
Para especialista, Estado Islâmico é "um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e financiamento abundante"
"Isso vai além do que vimos antes", disse há poucos dias o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, referindo-se ao Estado Islâmico (EI), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, na sigla em inglês).
Segundo Hagel, o EI não seria um grupo terrorista, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo, o que permitiria ao grupo continuar sua ofensiva e lançar as bases de seu califado.
Até alguns meses atrás, o Isis era apenas um dos vários grupos armados sunitas radicais que se opunham ao regime de Bashar al-Assad na Síria. A organização havia ganhado notoriedade por ser uma dissidência da Al-Qaeda, a qual acusou de não ser suficientemente radical.
Mais recentemente, o Isis tornou-se EI e agora é a manifestação mais violenta da insurgência sunita que tenta impor uma versão ultraconservadora do Islã, contra o que considera uma expansão do xiismo liderado pelo Irã, com forte influência no Iraque, na região.
O cerco e a expulsão das minorias cristãs yazidis do Iraque e a decapitação do jornalista americano James Foley são os últimos exemplos da crueldade com que o EI atua.
Mas, diferentemente de outros grupos de insurgentes, o EI chama atenção por seu poderio econômico.
Estado Islâmico tem uma grande capacidade econômica
Uma das razões origens do dinheiro que financia o grupo está na principal matéria-prima do Iraque: o petróleo.
O país é o segundo maior produtor do óleo no mundo, depois da Arábia Saudita.
Há alguns meses, o EI controla uma parte importante da indústria do petróleo iraquiano no norte do país. Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia.
O EI também controla a planta de gás de Shaar e Baiji, cidade onde se localiza a maior refinaria de petróleo do país.
A partir desta área, os insurgentes cortaram o fornecimento de petróleo para a Turquia enquanto tentam avançar sobre as fontes de energia abundantes do Curdistão iraquiano.
O EI não destrói as fontes energéticas que conquista militarmente. O objetivo é usar os lucros para construir o tão propalado Estado islâmico ou califado.
A estratégia é semelhante à de outros grupos armados que estabeleceram nas últimas décadas redes econômicas ilícitas para seu financiamento, compra de armas e enriquecimento de suas lideranças.
Na Libéria e em Serra Leoa, por exemplo, proliferaram na década de 90 grupos insurgentes que competiam entre si pela exploração e pelo tráfico de diamantes.
No Afeganistão, por outro lado, o cultivo da papoula é a principal fonte de renda para o Talebã e outros setores políticos. Já na Colômbia há diversos vínculos entre grupos insurgentes, paramilitares, políticos e traficantes de drogas.
No caso do Estado islâmico, o grupo ganhou experiência na Síria antes de cruzar a fronteira e se estabelecer no Iraque.
"Uma das razões pelas quais o EI tem sido capaz de crescer tão fortemente é que pode importar recursos e ativistas da Síria", diz Patrick Cockburn, em seu livro The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising ("O Retorno dos Jihadistas: Isis e o Novo Levante Sunita", em tradução livre do inglês).
No Iraque, o EI ganhou rapidamente terreno junto à comunidade sunita após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003.
Com a queda de Saddam Hussein, os sunitas foram marginalizados e reprimidos por governos xiitas que se revezaram no poder, especialmente o do premiê Nouri al-Maliki.
Ao mesmo tempo, comandantes militares de Saddam Hussein e funcionários do Partido Baath, expulsos de seus cargos após a invasão, se aliaram ao EI.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do grupo.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do EI
Peter Custers, autor do livro Questioning Globalized Militarism ("Questionando o Militarismo Globalizado", em tradução livre do inglês), indica que muitos governos da região usam a renda proveniente do petróleo para comprar armamento pesado e armas dos Estados Unidos e Europa e poder, assim, reprimir seus povos.
Os circuitos e as ligações
Theodore Karasik, do Institute for Near East and Gulf Military Analysis (INEGMA) e Robin Mills, autor do livro The Myth of the Oil Crisis ("O Mito da Crise do Petróleo", em tradução livre do inglês), calculam que o EI ganhe U$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por dia somente com a exploração do petróleo iraquiano.
Os especialistas argumentam que o valor poderia chegar, no entanto, a US$ 100 milhões (R$ 230 milhões) se somadas as rendas provenientes do comércio da matéria-prima no Iraque e na Síria.
Com visão de mercado, o EI vende o barril a US$ 30 no mercado negro – enquanto o preço internacional supera os US$ 100 – por meio de intermediários na Turquia e na Síria.
Mas o petróleo não é a única fonte de renda para EI.
No caso da Síria, um estudo do Centro de Análise do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR na sigla em Inglês) indica que o EI e outros grupos armados estão instalando um sistema de impostos em áreas conquistadas ao mesmo tempo em que promovem atividades ilegais como roubo de reservas de dinheiro de bancos locais, contrabando de carros e armas, sequestros e bloqueios de estradas.
"Uma economia de guerra está tomando conta da Síria, em particular nas zonas controladas pela oposição, criando novas redes e atividades econômicas que alimentam a violência", diz o estudo.
A pesquisa afirma que o EI também apreendeu grandes quantidades de armas do Exército iraquiano e grupos armados sírios contra os quais luta.
Na Síria, o grupo chegou, inclusive, a desmantelar fábricas inteiras e vender as estruturas na Turquia.
Segundo Jihad Yazigi, autor do relatório para o ECFR, lideranças de grupos armados também estariam interessadas em prolongar o conflito para continuar a receber remessas internacionais de países aliados.
Essa 'economia de guerra', diz ele, cria incentivos para diferentes indivíduos e atores que não teriam interesse no fim do conflito.
Segundo os especialistas, esses novos agentes econômicos, que controlam fontes de energia, contrabando, roubo e venda de armas, sequestros e impostos especiais a minorias religiosas, operariam sem conexão com autoridades do governo.
Ocidente vem financiando os peshmerga - braço armado do governo curdo - para combater o EI no Iraque
Mas alguns outros mantêm laços com o poder institucionalizado, aponta o relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores. O resultado é uma desintegração do Estado a partir de sua base econômica.
Estados fracos e sectarismo
O apoio da Arábia Saudita e dos países do Golfo aos sunitas para combater xiitas e seus aliados está na raiz do sucesso econômico do EI e de outros grupos jihadistas, afirma o jornalista Patrick Cockburn e outros analistas.
Segundo eles, esses países já teriam canalizado centenas de milhões de dólares para insurgentes sunitas na Síria.
Como ocorreu no Afeganistão com o apoio que os insurgentes recebiam dos países ocidentais nos anos 80, o EI tem crescido através de uma combinação de fraqueza do Estado, do sectarismo por parte do Estado, e do apoio econômico e militar externo para a insurgência.
Para o regime do presidente sírio Bashar Assad, essa fragmentação da economia levará à perda de receita de que ele precisa para prestar serviços básicos e manter o apoio popular nas áreas que controla, pagar o Exército e começar a reconstruir a Síria.
No Iraque, o novo primeiro-ministro, Haidar Abadi, tem menos território e recursos energéticos para lançar uma política mais inclusiva.
Especialistas em terrorismo questionam se o EI pode instaurar um Estado e consolidar uma estrutura econômica.
Para Yezid Sayigh, do Carnegie Middle East Center, o EI só é forte onde tem apoio, o qual poderia diminuir dado à brutalidade das ações do grupo. A resistência dos curdos iraquianos e o que restou do Estado iraquiano, que é apoiado pelos Estados Unidos, pode freá-lo, mas não fazê-lo desaparecer.
Além disso, criar e manter uma economia estatal é complicado. Em muitos casos, a infraestrutura de exploração de petróleo e gás é antiga e necessita de uma renovação tecnológica difícil de ser obtida.
O Estado Islâmico e seu modelo de economia política, bem como o papel de atores externos, têm tornado a região ainda mais complicada.
(*) Mariano Aguirre é diretor do instituto Norwegian Peacebuidling Resource Centre (NOREF) www.peacebuilding.nowww.bbc.com/portuguese
De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?
Mariano Aguirre (*)
Para especialista, Estado Islâmico é "um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e financiamento abundante"
"Isso vai além do que vimos antes", disse há poucos dias o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, referindo-se ao Estado Islâmico (EI), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, na sigla em inglês).
Segundo Hagel, o EI não seria um grupo terrorista, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo, o que permitiria ao grupo continuar sua ofensiva e lançar as bases de seu califado.
Até alguns meses atrás, o Isis era apenas um dos vários grupos armados sunitas radicais que se opunham ao regime de Bashar al-Assad na Síria. A organização havia ganhado notoriedade por ser uma dissidência da Al-Qaeda, a qual acusou de não ser suficientemente radical.
Mais recentemente, o Isis tornou-se EI e agora é a manifestação mais violenta da insurgência sunita que tenta impor uma versão ultraconservadora do Islã, contra o que considera uma expansão do xiismo liderado pelo Irã, com forte influência no Iraque, na região.
O cerco e a expulsão das minorias cristãs yazidis do Iraque e a decapitação do jornalista americano James Foley são os últimos exemplos da crueldade com que o EI atua.
Mas, diferentemente de outros grupos de insurgentes, o EI chama atenção por seu poderio econômico.
Estado Islâmico tem uma grande capacidade econômica
Uma das razões origens do dinheiro que financia o grupo está na principal matéria-prima do Iraque: o petróleo.
O país é o segundo maior produtor do óleo no mundo, depois da Arábia Saudita.
Há alguns meses, o EI controla uma parte importante da indústria do petróleo iraquiano no norte do país. Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia.
O EI também controla a planta de gás de Shaar e Baiji, cidade onde se localiza a maior refinaria de petróleo do país.
A partir desta área, os insurgentes cortaram o fornecimento de petróleo para a Turquia enquanto tentam avançar sobre as fontes de energia abundantes do Curdistão iraquiano.
O EI não destrói as fontes energéticas que conquista militarmente. O objetivo é usar os lucros para construir o tão propalado Estado islâmico ou califado.
A estratégia é semelhante à de outros grupos armados que estabeleceram nas últimas décadas redes econômicas ilícitas para seu financiamento, compra de armas e enriquecimento de suas lideranças.
Na Libéria e em Serra Leoa, por exemplo, proliferaram na década de 90 grupos insurgentes que competiam entre si pela exploração e pelo tráfico de diamantes.
No Afeganistão, por outro lado, o cultivo da papoula é a principal fonte de renda para o Talebã e outros setores políticos. Já na Colômbia há diversos vínculos entre grupos insurgentes, paramilitares, políticos e traficantes de drogas.
No caso do Estado islâmico, o grupo ganhou experiência na Síria antes de cruzar a fronteira e se estabelecer no Iraque.
"Uma das razões pelas quais o EI tem sido capaz de crescer tão fortemente é que pode importar recursos e ativistas da Síria", diz Patrick Cockburn, em seu livro The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising ("O Retorno dos Jihadistas: Isis e o Novo Levante Sunita", em tradução livre do inglês).
No Iraque, o EI ganhou rapidamente terreno junto à comunidade sunita após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003.
Com a queda de Saddam Hussein, os sunitas foram marginalizados e reprimidos por governos xiitas que se revezaram no poder, especialmente o do premiê Nouri al-Maliki.
Ao mesmo tempo, comandantes militares de Saddam Hussein e funcionários do Partido Baath, expulsos de seus cargos após a invasão, se aliaram ao EI.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do grupo.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do EI
Peter Custers, autor do livro Questioning Globalized Militarism ("Questionando o Militarismo Globalizado", em tradução livre do inglês), indica que muitos governos da região usam a renda proveniente do petróleo para comprar armamento pesado e armas dos Estados Unidos e Europa e poder, assim, reprimir seus povos.
Os circuitos e as ligações
Theodore Karasik, do Institute for Near East and Gulf Military Analysis (INEGMA) e Robin Mills, autor do livro The Myth of the Oil Crisis ("O Mito da Crise do Petróleo", em tradução livre do inglês), calculam que o EI ganhe U$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por dia somente com a exploração do petróleo iraquiano.
Os especialistas argumentam que o valor poderia chegar, no entanto, a US$ 100 milhões (R$ 230 milhões) se somadas as rendas provenientes do comércio da matéria-prima no Iraque e na Síria.
Com visão de mercado, o EI vende o barril a US$ 30 no mercado negro – enquanto o preço internacional supera os US$ 100 – por meio de intermediários na Turquia e na Síria.
Mas o petróleo não é a única fonte de renda para EI.
No caso da Síria, um estudo do Centro de Análise do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR na sigla em Inglês) indica que o EI e outros grupos armados estão instalando um sistema de impostos em áreas conquistadas ao mesmo tempo em que promovem atividades ilegais como roubo de reservas de dinheiro de bancos locais, contrabando de carros e armas, sequestros e bloqueios de estradas.
"Uma economia de guerra está tomando conta da Síria, em particular nas zonas controladas pela oposição, criando novas redes e atividades econômicas que alimentam a violência", diz o estudo.
A pesquisa afirma que o EI também apreendeu grandes quantidades de armas do Exército iraquiano e grupos armados sírios contra os quais luta
.
Na Síria, o grupo chegou, inclusive, a desmantelar fábricas inteiras e vender as estruturas na Turquia.
Segundo Jihad Yazigi, autor do relatório para o ECFR, lideranças de grupos armados também estariam interessadas em prolongar o conflito para continuar a receber remessas internacionais de países aliados.
Essa 'economia de guerra', diz ele, cria incentivos para diferentes indivíduos e atores que não teriam interesse no fim do conflito.
Segundo os especialistas, esses novos agentes econômicos, que controlam fontes de energia, contrabando, roubo e venda de armas, sequestros e impostos especiais a minorias religiosas, operariam sem conexão com autoridades do governo.
Ocidente vem financiando os peshmerga - braço armado do governo curdo - para combater o EI no Iraque
Mas alguns outros mantêm laços com o poder institucionalizado, aponta o relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores. O resultado é uma desintegração do Estado a partir de sua base econômica.
Estados fracos e sectarismo
O apoio da Arábia Saudita e dos países do Golfo aos sunitas para combater xiitas e seus aliados está na raiz do sucesso econômico do EI e de outros grupos jihadistas, afirma o jornalista Patrick Cockburn e outros analistas.
Segundo eles, esses países já teriam canalizado centenas de milhões de dólares para insurgentes sunitas na Síria.
Como ocorreu no Afeganistão com o apoio que os insurgentes recebiam dos países ocidentais nos anos 80, o EI tem crescido através de uma combinação de fraqueza do Estado, do sectarismo por parte do Estado, e do apoio econômico e militar externo para a insurgência.
Para o regime do presidente sírio Bashar Assad, essa fragmentação da economia levará à perda de receita de que ele precisa para prestar serviços básicos e manter o apoio popular nas áreas que controla, pagar o Exército e começar a reconstruir a Síria.
No Iraque, o novo primeiro-ministro, Haidar Abadi, tem menos território e recursos energéticos para lançar uma política mais inclusiva.
Especialistas em terrorismo questionam se o EI pode instaurar um Estado e consolidar uma estrutura econômica.
Para Yezid Sayigh, do Carnegie Middle East Center, o EI só é forte onde tem apoio, o qual poderia diminuir dado à brutalidade das ações do grupo. A resistência dos curdos iraquianos e o que restou do Estado iraquiano, que é apoiado pelos Estados Unidos, pode freá-lo, mas não fazê-lo desaparecer.
Além disso, criar e manter uma economia estatal é complicado. Em muitos casos, a infraestrutura de exploração de petróleo e gás é antiga e necessita de uma renovação tecnológica difícil de ser obtida.
O Estado Islâmico e seu modelo de economia política, bem como o papel de atores externos, têm tornado a região ainda mais complicada.
(*) Mariano Aguirre é diretor do instituto Norwegian Peacebuidling Resource Centre (NOREF) www.peacebuilding.no
De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?
Mariano Aguirre (*)
Para especialista, Estado Islâmico é "um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e financiamento abundante"
"Isso vai além do que vimos antes", disse há poucos dias o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, referindo-se ao Estado Islâmico (EI), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, na sigla em inglês).
Segundo Hagel, o EI não seria um grupo terrorista, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo, o que permitiria ao grupo continuar sua ofensiva e lançar as bases de seu califado.
Até alguns meses atrás, o Isis era apenas um dos vários grupos armados sunitas radicais que se opunham ao regime de Bashar al-Assad na Síria. A organização havia ganhado notoriedade por ser uma dissidência da Al-Qaeda, a qual acusou de não ser suficientemente radical.
Mais recentemente, o Isis tornou-se EI e agora é a manifestação mais violenta da insurgência sunita que tenta impor uma versão ultraconservadora do Islã, contra o que considera uma expansão do xiismo liderado pelo Irã, com forte influência no Iraque, na região.
O cerco e a expulsão das minorias cristãs yazidis do Iraque e a decapitação do jornalista americano James Foley são os últimos exemplos da crueldade com que o EI atua.
Mas, diferentemente de outros grupos de insurgentes, o EI chama atenção por seu poderio econômico.
Estado Islâmico tem uma grande capacidade econômica
Uma das razões origens do dinheiro que financia o grupo está na principal matéria-prima do Iraque: o petróleo.
O país é o segundo maior produtor do óleo no mundo, depois da Arábia Saudita.
Há alguns meses, o EI controla uma parte importante da indústria do petróleo iraquiano no norte do país. Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia.
O EI também controla a planta de gás de Shaar e Baiji, cidade onde se localiza a maior refinaria de petróleo do país.
A partir desta área, os insurgentes cortaram o fornecimento de petróleo para a Turquia enquanto tentam avançar sobre as fontes de energia abundantes do Curdistão iraquiano.
O EI não destrói as fontes energéticas que conquista militarmente. O objetivo é usar os lucros para construir o tão propalado Estado islâmico ou califado.
A estratégia é semelhante à de outros grupos armados que estabeleceram nas últimas décadas redes econômicas ilícitas para seu financiamento, compra de armas e enriquecimento de suas lideranças.
Na Libéria e em Serra Leoa, por exemplo, proliferaram na década de 90 grupos insurgentes que competiam entre si pela exploração e pelo tráfico de diamantes.
No Afeganistão, por outro lado, o cultivo da papoula é a principal fonte de renda para o Talebã e outros setores políticos. Já na Colômbia há diversos vínculos entre grupos insurgentes, paramilitares, políticos e traficantes de drogas.
No caso do Estado islâmico, o grupo ganhou experiência na Síria antes de cruzar a fronteira e se estabelecer no Iraque.
"Uma das razões pelas quais o EI tem sido capaz de crescer tão fortemente é que pode importar recursos e ativistas da Síria", diz Patrick Cockburn, em seu livro The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising ("O Retorno dos Jihadistas: Isis e o Novo Levante Sunita", em tradução livre do inglês).
No Iraque, o EI ganhou rapidamente terreno junto à comunidade sunita após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003.
Com a queda de Saddam Hussein, os sunitas foram marginalizados e reprimidos por governos xiitas que se revezaram no poder, especialmente o do premiê Nouri al-Maliki.
Ao mesmo tempo, comandantes militares de Saddam Hussein e funcionários do Partido Baath, expulsos de seus cargos após a invasão, se aliaram ao EI.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do grupo.
Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do EI
Peter Custers, autor do livro Questioning Globalized Militarism ("Questionando o Militarismo Globalizado", em tradução livre do inglês), indica que muitos governos da região usam a renda proveniente do petróleo para comprar armamento pesado e armas dos Estados Unidos e Europa e poder, assim, reprimir seus povos.
Os circuitos e as ligações
Theodore Karasik, do Institute for Near East and Gulf Military Analysis (INEGMA) e Robin Mills, autor do livro The Myth of the Oil Crisis ("O Mito da Crise do Petróleo", em tradução livre do inglês), calculam que o EI ganhe U$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por dia somente com a exploração do petróleo iraquiano.
Os especialistas argumentam que o valor poderia chegar, no entanto, a US$ 100 milhões (R$ 230 milhões) se somadas as rendas provenientes do comércio da matéria-prima no Iraque e na Síria.
Com visão de mercado, o EI vende o barril a US$ 30 no mercado negro – enquanto o preço internacional supera os US$ 100 – por meio de intermediários na Turquia e na Síria.
Mas o petróleo não é a única fonte de renda para EI.
No caso da Síria, um estudo do Centro de Análise do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR na sigla em Inglês) indica que o EI e outros grupos armados estão instalando um sistema de impostos em áreas conquistadas ao mesmo tempo em que promovem atividades ilegais como roubo de reservas de dinheiro de bancos locais, contrabando de carros e armas, sequestros e bloqueios de estradas.
"Uma economia de guerra está tomando conta da Síria, em particular nas zonas controladas pela oposição, criando novas redes e atividades econômicas que alimentam a violência", diz o estudo.
A pesquisa afirma que o EI também apreendeu grandes quantidades de armas do Exército iraquiano e grupos armados sírios contra os quais luta.
Na Síria, o grupo chegou, inclusive, a desmantelar fábricas inteiras e vender as estruturas na Turquia.
Segundo Jihad Yazigi, autor do relatório para o ECFR, lideranças de grupos armados também estariam interessadas em prolongar o conflito para continuar a receber remessas internacionais de países aliados.
Essa 'economia de guerra', diz ele, cria incentivos para diferentes indivíduos e atores que não teriam interesse no fim do conflito.
Segundo os especialistas, esses novos agentes econômicos, que controlam fontes de energia, contrabando, roubo e venda de armas, sequestros e impostos especiais a minorias religiosas, operariam sem conexão com autoridades do governo.
Ocidente vem financiando os peshmerga - braço armado do governo curdo - para combater o EI no Iraque
Mas alguns outros mantêm laços com o poder institucionalizado, aponta o relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores. O resultado é uma desintegração do Estado a partir de sua base econômica.
Estados fracos e sectarismo
O apoio da Arábia Saudita e dos países do Golfo aos sunitas para combater xiitas e seus aliados está na raiz do sucesso econômico do EI e de outros grupos jihadistas, afirma o jornalista Patrick Cockburn e outros analistas.
Segundo eles, esses países já teriam canalizado centenas de milhões de dólares para insurgentes sunitas na Síria.
Como ocorreu no Afeganistão com o apoio que os insurgentes recebiam dos países ocidentais nos anos 80, o EI tem crescido através de uma combinação de fraqueza do Estado, do sectarismo por parte do Estado, e do apoio econômico e militar externo para a insurgência.
Para o regime do presidente sírio Bashar Assad, essa fragmentação da economia levará à perda de receita de que ele precisa para prestar serviços básicos e manter o apoio popular nas áreas que controla, pagar o Exército e começar a reconstruir a Síria.
No Iraque, o novo primeiro-ministro, Haidar Abadi, tem menos território e recursos energéticos para lançar uma política mais inclusiva.
Especialistas em terrorismo questionam se o EI pode instaurar um Estado e consolidar uma estrutura econômica.
Para Yezid Sayigh, do Carnegie Middle East Center, o EI só é forte onde tem apoio, o qual poderia diminuir dado à brutalidade das ações do grupo. A resistência dos curdos iraquianos e o que restou do Estado iraquiano, que é apoiado pelos Estados Unidos, pode freá-lo, mas não fazê-lo desaparecer.
Além disso, criar e manter uma economia estatal é complicado. Em muitos casos, a infraestrutura de exploração de petróleo e gás é antiga e necessita de uma renovação tecnológica difícil de ser obtida.
O Estado Islâmico e seu modelo de economia política, bem como o papel de atores externos, têm tornado a região ainda mais complicada.
(*) Mariano Aguirre é diretor do instituto Norwegian Peacebuidling Resource Centre (NOREF) www.peacebuilding.no
http://www.bbc.com/portuguese
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