Konstantinos - Uranus
domingo, 19 de maio de 2013
Coreia do Norte dispara outro míssil de curto alcance
Por Jane Chung
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte disparou um míssil de curto alcance da costa leste do país neste domingo, um dia depois de ter lançado três destes mísseis, afirmou uma agência de notícias da Coreia do Sul.
Os lançamentos de mísseis de curto alcance pelo Norte não são incomuns, mas, depois de uma série de alertas feitos por Pyongyang sobre uma iminente guerra nuclear, tais disparos elevaram as preocupações sobre a segurança da região.
"A Coreia do Norte disparou um míssil de curto alcance, assim como aconteceu ontem, em direção ao mar no leste", disse a agência sul-coreana Yonhap, citando uma autoridade militar.
Um representante do Ministério da Defesa sul-coreano confirmou o relato da agência, mas não deu mais detalhes.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que está preocupado com os lançamentos da Coreia do Norte e pediu para Pyongyang evitar novos disparos e retornar às negociações nucleares com as potências mundiais.
Ban, que falou à agência estatal russa RIA Novosti durante uma visita a Moscou, chamou os lançamentos do sábado de "ação provocativa".
A tensão na península coreana diminuiu no último mês depois de ficar em níveis elevados por várias semanas após a imposição de sanções mais duras das Nações Unidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte promoveu um terceiro teste nuclear em fevereiro.
O Norte tem emitido alertas quase que diários há semanas sobre uma iminente guerra nuclear com o Sul e os Estados Unidos.
sábado, 18 de maio de 2013
Era Meiji ( Japão 1868/1912 )
Era Meiji constitui-se no período de quarenta e cinco anos do reinado do Imperador Meiji do Japão, que se estendeu de 8 de setembro de 1868 a 30 de julho de 1912. Nessa fase, o Japão conheceu uma acelerada modernização, vindo a constituir-se em uma potência mundial.
Antecedentes
Ao final do Período Edo (1603-1868), o Japão era um país feudal, economicamente atrasado, e que permanecia isolado em termos de Relações Internacionais ora comerciais, ora políticas.
Em 1853, os Estados Unidos invadiram a Baía de Uraga e forçaram o Japão a abrir-se ao comércio internacional. A partir de então iniciou-se um período de turbulência que perdurou até à chamada Restauração Meiji.
A Restauração Meiji
Em 3 de fevereiro de 1867, Mutsuhito (que passaria a ser conhecido como Imperador Meiji), então com dezesseis anos de idade, sucedeu ao seu pai, o Imperador Komei, e a nova era, a de Meiji (regime iluminado) foi proclamada. A restauração Meiji, que teve lugar em 1868, terminou com o sistema feudal de 256 anos dos Xogunato Tokugawa.
O último shogun, Tokugawa Yoshinobu, renunciou em 1867 e, em 1868, o império foi restaurado. Os exércitos dos feudos de Satsuma, Choshu e Tosa, que agora compunham as forças imperiais, dominaram os seguidores dos Tokugawa e, pouco depois, asseguraram a restauração Meiji.
O governo Meiji assegurou às potências internacionais que iria seguir os antigos tratados negociados pelo bakufu e anunciou que iria agir de acordo com a lei internacional. Mutsuhito selecionou o novo título para seu regime (Meiji), para marcar o início de uma nova era da história do Japão.
As mudanças (políticas, econômicas e sociais)
A unidade política do país permitiu a centralização da administração pública, e a intervenção do Estado na economia. Isso, por sua vez, possibilitou reformas econômicas que consistiram na eliminação de entraves e resquícios do modo de produção feudal, na liberação da mão-de-obra, e na assimilação da tecnologia ocidental, preparando o Japão para o capitalismo.
Os antigos feudos foram extintos e os privilégios pessoais foram eliminados através de uma reforma agrária e da reformulação da legislação do imposto territorial rural.
Entre as principais mudanças ocorridas nesse período podemos citar a criação do IENE (moeda japonesa), criação do Banco do Japão, ensino primário obrigatório, centralização do poder, fortalecimento do Estado, criação de ferrovias etc.
Em paralelo, foram criadas universidades e um gabinete parlamentar (1885). Em 1889, foi promulgada a primeira constituição, instaurando-se uma monarquia constitucional.
Surgiram então os zaibatsus, os grandes conglomerados empresariais originados dos clãs familiares, como a Mitsubishi, a Mitsui, a Sumitomo, a Yasuda, dentre outros, que passaram a dominar cada vez mais a economia japonesa, atuando praticamente em todos os setores industriais, além do comércio e das finanças. Estes logo incorporaram as indústrias menores e, inclusive, as indústrias do Estado. Com esse processo de modernização, o Japão industrializou-se rapidamente, fortalecendo a sua economia.
Economia
A Revolução Industrial no Japão ocorreu durante o período Meiji.
Existem pelo menos duas razões para a velocidade da modernização japonesa: o emprego de mais de 3 mil especialistas estrangeiros (chamados o-yatoi gaikokujin ou estrangeiros contratados) em várias áreas como o ensino de inglês, ciências, engenharia, o exército e a marinha etc; e o envio de muitos estudantes japoneses para intercâmbio na Europa e América, baseado no quinto e último artigo da Carta de Juramento de 1868: 'O conhecimento deve ser buscado ao redor do mundo a fim de fortalecer as bases do domínio imperial'. Esses processo de modernização foi monitorado de perto e intensamente subsidiado pelo governo Meiji, aumentando o poder das grandes zaibatsus como a Mitsui e a Mitsubishi.
Juntos, os zaibatsu e o governo guiaram a nação, emprestando tecnologia do ocidente. O Japão gradativamente tomou controle da maior parte do mercado asiático de bens manufaturados, a começar com os têxteis. A estrutura econômica tornou-se muito mercantilística, importando matérias-primas e exportando produtos finalizados - um reflexo da relativa escassez de commodities no país.
O Japão emergiu da transição xogunato Tokugawa-Tenno (Keio-Meiji) em 1868 como a primeira nação industrializada da Ásia. As atividades comerciais domésticas e o limitado comércio estrangeiro supriram a demanda por cultura material até o período Keio, mas o modernizado período Meiji tinha demandas muito diferentes. Desde o início, os governadores Meiji abraçaram o conceito de economia de mercado e adotaram os modelos britânico e norte-americano de capitalismo de livre empreendedorismo. O setor privado, em um país com uma abundância de empreendedores agressivos, celebraram essa mudança. Inicialmente, a economia cresceu apenas moderadamente e baseou-se na agricultura tradicional japonesa para financiar uma moderna infraestrutura industrial. Quando a Guerra Russo-Japonesa começou em 1904, 65% dos trabalhadores e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) estavam concentrados na agricultura, mas a indústria moderna começava a expandir substancialmente. No final da década de 1920, a manufatura e a mineração respondiam por 23% do PIB, sendo que a agricultura era responsável por 21%.1 Foram feitos grandes investimentos nos transportes e nas comunicações para sustentar o grande desenvolvimento industrial.
As reformas econômicas incluíram uma moeda moderna baseada no iene, sistema comercial, leis comercias e tributárias, bolsas de valores e uma rede de comunicações. O estabelecimento de uma estrutura institucional moderna que levou a uma avançada economia capitalista tomou tempo mas foi completada na década de 1890. Nessa época, o governo acabou abandonando o controle direito do processo de modernização, principalmente por razões orçamentárias.
Muitos dos antigos daimyos, cujas pensões eram pagas em valor único, foram muito beneficiados através de investimentos que eles fizeram nas indústrias emergentes. Aqueles que também se envolveram informalmente no comércio exterior antes da Restauração Meiji também tiveram sucesso. Antigas empresas que serviam o bafuku e que se agarravam às suas formas tradicionais de conduzir os negócios faliram no novo ambiente econômico.
O governo inicialmente envolveu-se na modernização econômica, fornecendo várias "indústrias-modelo" para facilitar a transição para o período moderno. Após os primeiros vinte anos do período Meiji, a economia industrial expandiu rapidamente até por volta de 1920, com o recebimento de tecnologias avançadas do ocidente e grandes volumes de investimentos.2 Estimulado pelas guerras e pelo planejamento econômico cuidadoso, o Japão emergiu da Primeira Guerra Mundial como um grande país industrial.
Consequências
Após a morte do imperador Meiji, em 1912, o imperador Taisho tomou o trono, dando início ao período Taisho.
O Japão enfrentou graves problemas estruturais que, se não fossem superados, poderiam comprometer o seu crescimento econômico. Esses problemas consistiam em escassez de matéria-prima e de fontes de energia, e na limitação do seu mercado interno. Para tentar solucionar esse problema, o Japão investiu em seu poderio bélico, a fim de obter uma expansão militar. O exército japonês ocupou a Coreia, Taiwan, as ilhas Sacalinas e a Manchúria. Essa disputa, principalmente contra a China, conduziu o Japão à Primeira e à Segunda Guerra Mundial, e à sua derrota nesta última. (Fonte Wikipedia em português)
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Tombini:BC agirá de forma tempestiva para inflação cair no 2º semestre
RIO DE JANEIRO, (Reuters) - O Banco Central fará o que for necessário e de forma tempestiva para a inflação cair na segunda metade do ano, afirmou o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, nesta quinta-feira.
"O Banco Central está vigiliante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", afirmou ele, ao participar do Seminário Anual de Metas para a Inflação do BC.
Ele reforçou ainda que a inflação no Brasil está e continuará sob controle. O IPCA fechou abril a 0,55 por cento, ficando em 12 meses em 6,49 por cento, muito próximo do teto da meta de inflação do governo de 6,50 por cento, ainda pressionado pelos preços dos alimentos.
Tombini disse que houve choques de oferta de alimentos, entre outros fatores, que contribuíram para manter a inflação em niveis elevados, mas que ela está sob controle.
"A inflação está e continuará sob controle", afirmou ele, acrescentando que a comunicação é parte integrante da política monetária.
No mercado futuro de juros, as taxas passaram a subir após a fala de Tombini. Em abril passado, o BC deu início a mais um ciclo de aperto monetário, ao elevar a Selic a 7,50 por cento, dando sinais de que o movimento deve continuar.
Tombini também repetiu que a economia brasileira está se recuperando e que as projeções indicam expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano ao redor de 3 por cento.
Segundo ele, o principal suporte à economia brasileira continuará sendo o mercado interno e que, nesse sentido, o consumo das famílias tem se mostrado robusto ao longo dos anos e tende a apoiar o crescimento.
Tombini voltou a repetir que a cena externa continua complexa e com riscos elevados, mas que os países emergentes têm mostrado melhora.
"Nas economias emergentes, de maneira geral, o ritmo de atividade tem melhorado. Em grande parte isso se deve à demanda doméstica", afirmou ele.
(Reportagem de Walter Brandimarte; Texto de Patrícia Duarte)
terça-feira, 14 de maio de 2013
O MUNDO E A CRISE DO PETRÓLEO DE 1973
Os automóveis buscam tecnologias mais econômicas como também diminuem de tamanho nos Anos 70 e 80 sucessivamente.
Descoberto no início do século XX, o petróleo passou a ser o principal fornecedor de energia, gerando um progresso acelerado aos países que se industrializaram e formaram grandes potências económicas.
Se o petróleo era o elemento principal da economia das grandes potências, originando progresso e riqueza, o mesmo não acontecia aos países que produziam o precioso ouro negro. O Oriente Médio tornou-se desde o fim da Primeira Guerra Mundial, o principal produtor de petróleo do mundo, o que levou à cobiça dos europeus, que dominaram a região por décadas, colonizando e explorando as suas riquezas. Aos poucos, os países do Oriente Médio foram adquirindo a sua independência política, mas sem ter o controle da sua principal riqueza, que até 1970, tinha mais de 90% da sua produção petrolífera controlada por sete companhias, as chamadas “Sete Irmãs”.
Nas décadas de 1960 e 1970, a economia mundial estava totalmente dependente do petróleo, sem ele não havia progresso. Cientes desta dependência, os países produtores decidiram unir suas forças, rompendo com o cartel das “Sete Irmãs”. Surgia a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP (OPEC, em inglês), e a luta contra as grandes companhias petrolíferas começou a ser travada, com vitórias lentas, mas definitivas, para os países produtores do óleo negro.
A crise do petróleo de 1973 não seria a única, mais duas viriam, uma em 1979, com a queda do Xá Reza Pahlavi e a Revolução Islâmica Iraniana, outra em 1990, quando deflagrou a Guerra do Golfo; mas seria a pior delas, pois só então o mundo se apercebeu da dependência que tinha em relação ao petróleo e, de quem eram os verdadeiros donos do petróleo, ou seja, os países que o produziam e o exportavam. Desde então, os países buscaram alternativas ao petróleo, investindo noutras fontes de energia. E o mundo árabe passou a ter voz no cenário político internacional. A crise de 1973 pôs fim à fartura do petróleo, iniciando a consciência de que o ouro negro era finito, e que a sua extinção é uma questão de tempo.
A Criação da OPEP
Como reação à baixa no valor do barril do petróleo, os países produtores responderam com energia ao cartel dos consórcios internacionais, com uma reunião em Bagdad, no Iraque, em 14 de Setembro de 1960, da qual participaram representantes da Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait e Venezuela. Na reunião foi assinado o “Convénio de Bagdad”, documento que criou a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP). A organização definiu como objectivo principal do seu estatuto, a coordenação e unificação das políticas petrolíferas dos países membros, determinando melhores meios de salvaguardarem seus interesses perante as companhias petrolíferas. Além dos cinco países fundadores, outros se juntaram a OPEP, constituindo 12 membros na época da crise, em 1973: Irão, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Venezuela, Líbia, Argélia, Indonésia, Emiratos Árabes, Nigéria, Qatar e Equador. Actualmente, 13 países são membros da OPEP, sendo Angola o décimo terceiro membro, que entrou para a organização em 2007. O Gabão fez parte da OPEP de 1975 a 1994, sendo um ex-membro. O Equador, que se tornou membro em 1973, deixou a organização em 1992, voltando a fazer parte dela em 2007. A participação da Indonésia está em processo de revisão, pois já não é considerado pela OPEP um país exportador de petróleo líquido.
Até 1970, dez anos passados da fundação da OPEP, os resultados obtidos pelos países exportadores de petróleo foram restritos a um pequeno aumento de impostos pagos pelas companhias estrangeiras, que continuavam a controlar 80% das exportações de petróleo bruto e 90% da produção do Oriente Médio e da África do Norte. Médio Oriente e África possuíam 60% das reservas mundiais de petróleo, estando vinculados a contratos das grandes companhias, que previam a estas, mediante o pagamento de determinadas quantias, a concessão sem limites da exploração do óleo extraído do subsolo árabe. 97% deste óleo ia para as mãos dasconcessionárias a preços que se mantinham praticamente inalterados desde a Segunda Guerra Mundial.
Os três maiores campos petrolíferos do mundo estavam no golfo Pérsico, em El Ghuar, na Arábia Saudita; Borkan, no Kuwait; e Kirkut, no Iraque. Os três países decidem aumentar os impostos sobre os lucros das concessionárias.
Em Novembro de 1970, Houari Boumédienne, presidente da Argélia, nacionalizou a Mobil Oil e a Newmont. Em Dezembro, a OPEP reuniu-se em Caracas, na Venezuela, decidindo que a partir de então, o preço do petróleo seria unificado, eliminando assim, as diferenças que haviam de um país produtor para o outro. Os preços foram alinhados pelo mais alto, sendo aumentados. Na reunião, constituíram ainda, um comité especial para negociar com as sociedades petrolíferas em nome dos países do Golfo Pérsico. O petróleo tornou-se mais caro, conseqüentemente, os produtos nos Estados Unidos e na Europa.
O Prelúdio da Crise de 1973
A derrota na Guerra dos Seis Dias em 1967, deixou os países árabes feridos no seu orgulho. Líderes egípcios como Gamal Abdel Nasser e o seu sucessor Anwar Sadat, proclamavam que somente uma nova guerra poderia obrigar Israel a devolver os territórios anexados. Em 1971, Sadat vociferava que se os israelitas não deixassem a zona de ocupação até o fim do ano, deflagraria a guerra. As ameaças não se concretizaram naquele ano.
Em Fevereiro de 1971, as companhias petrolíferas internacionais são obrigadas a ceder, fazendo uma oferta superior às pretensões dos produtores: 35 centavos de dólar como referência do preço do barril de petróleo, com dois aumentos anuais correspondentes à inflação e à demanda; contra os 12 e 17 centavos de dólar por barril que a OPEP esperava. As concessionárias garantiram assim, os investimentos e o controle da produção, indo buscar o lucro exorbitante aos principais compradores do golfo Pérsico, a Europa e o Japão, que reféns do petróleo, arcaram com os aumentos na sua economia, pagando um grande preço social. Esta crise travou o crescimento dos japoneses e dos europeus, favorecendo os Estados Unidos, ameaçados pela concorrência nipónica e europeia. Esta garantia das grandes companhias fez com que elas reinvestissem os lucros com a venda do petróleo em pesquisas de novas fontes de energia, satisfazendo os norte-americanos.
As divergências entre os membros da OPEP precipitaram os acontecimentos. A Argélia e a Líbia foram as que mais protestaram contra as decisões, exigindo que as companhias fossem obrigadas a reinvestir maior parte dos lucros do petróleo nos países produtores. Diante do impasse, a Líbia terminou por privatizar a British Petroleum Company, composta pela Esso, Shell, Britsh Petroleum, Mobil Oil e Compagnie Française de Pétroles. A Argélia, por sua vez, nacionalizou as empresas petrolíferas francesas.
Em 1972, realizou-se o Congresso Árabe do Petróleo, em Argel, onde os participantes recomendaram à OPEP que o petróleo fosse posto a serviço da nação árabe. Era o prelúdio do uso do petróleo como “arma económica”, que seria usada no próximo conflito árabe contra Israel. A consciência desse poderio atingia todos os países árabes, o incentivo às nações produtoras de petróleo de se apropriarem progressivamente das suas próprias riquezas alastrou-se. Era preciso valorizar esta riqueza e através dela, consolidar uma maior participação dos árabes na política internacional. Estes objectivos começariam a ser testados em Outubro de 1973, quando explodiu uma nova guerra entre árabes e israelitas.
A Crise de 1973 e as Consequências para o Mundo
O uso do petróleo como arma de guerra teve consequências dramáticas para a economia dos países que dele dependiam. A Europa consumia 80% do petróleo que provinha do Oriente Médio e o Japão 90%. Quando os árabes iniciaram o embargo do petróleo, reduzindo a produção até ao limite oficial de 15% com variações de um produtor para o outro, os europeus foram obrigados a racionar combustível, impondo a proibição da circulação de veículos em dias definidos da semana; os japoneses fizeram reduções drásticas de consumo de energia, afectando a produtividade das suas indústrias.
A crise atingiu aos países em desenvolvimento, considerados amigos pelos árabes, de forma indelével, já que utilizavam o petróleo como fonte de energia barata, tendo o seu valor aumentado bruscamente. Curiosamente, o embargo que tinha como objectivo principal atingir os Estados Unidos, não consegue o propósito. Os Estados Unidos eram menos dependentes do petróleo árabe, tomando medidas de cautela relativas às reservas que possuíam e ao consumo. Foram beneficiados pelo travão nas economias europeias e japonesa, concorrentes directas dos seus produtos.
As companhias petrolíferas, conhecidas por “Sete Irmãs”, tiveram grandes lucros com a crise, pois eram as únicas com condições de fazer os maiores lances no mercado negro do petróleo, dominando a produção e o transporte do produto árabe, vendendo-o por preços exorbitantes aos consumidores. Com a crise, as “Sete Irmãs” viram os seus lucros, em 1973 atingir um aumento de 159%.
A alta explosiva nos preços do petróleo enriqueceu muitos países árabes, que viram o seu per capita subir para os 5 mil dólares anuais. Qatar, Kuwait, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos e Líbia, formaram o conjunto de países novos ricos do Médio Oriente.
Consequências
A crise do petróleo de 1973 afectou o mundo inteiro. As consequências, no início prejudiciais para a economia do mundo, foram, ao longo do tempo, benéficas e positivas. Foi a partir dela que se teve a consciência da dependência que a economia mundial tinha do petróleo, da fragilidade dessa dependência, e da necessidade de se investir noutras fontes de energia. No Brasil, o desenvolvimento da utilização do álcool como combustível foi uma conseqüência da crise do petróleo.
Se a crise petrolífera de 1973 serviu para a busca de novas fontes de energia no mundo, ela conseguiu aumentar as diferenças económicas entre os países ricos e pobres, fomentando um quadro de desigualdade social por todo o planeta.
Após 1973, o mundo testemunharia mais duas grandes crises do petróleo, que continuou a ser usado como arma política: a de 1979, originada pela deposição do Xá Reza Pahlavi e a Revolução Islâmica, no Irão; a de 1991, desencadeada pela Guerra do Golfo.
Vivemos a crise actual que ainda não sabemos onde nos irá levar..
Os esforços para substituí-lo por outras fontes exigiram investimentos em estudos, com o objectivo de oferecer outras alternativas quando o ouro negro for esgotado. Esta consciência só foi possível graças à crise de 1973 e às suas conseqüências históricas, que marcaram os últimos anos do século XX.
Governo obtém recorde de R$2,8 bi com leilão de áreas de petróleo
Por Sabrina Lorenzi e Gustavo Bonato
RIO DE JANEIRO, 14 Mai (Reuters) - O primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo e gás no Brasil em quase cinco anos atraiu forte interesse de empresas brasileiras e estrangeiras, garantindo ao governo o valor recorde de 2,8 bilhões de reais com a venda de 140 blocos.
A estimativa inicial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para o leilão, que incluiu 11 bacias sedimentares e terminou um dia antes do previsto, era de uma arrecadação de cerca de 2 bilhões de reais.
O leilão teve como grande ganhadora a britânica BG, disse a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.
"A BG foi uma grande vencedora. Outro contorno importante é ver OGX e Queiroz Galvão se consolidando como operadoras de águas profundas, e a Petra Energia como uma empresa que vai se consolidando como operadora terrestre, com apetite para gás natural", disse Magda.
A ANP estima que a 11a rodada deverá gerar investimentos da ordem de 7 bilhões de reais. O ágio em relação ao preço mínimo estabelecido pelo governo para os blocos licitados foi de quase 800 por cento.
O Brasil não promovia uma rodada desde 2008, ano em que suspendeu os leilões devido à descoberta do pré-sal e enquanto elaborava um novo marco regulatório para elevar o controle sobre essa riqueza. A área do pré-sal ficou fora da 11a rodada e terá uma licitação especial em novembro.
"O que está acontecendo neste leilão mostra que há uma demanda reprimida... As empresas realmente querem expandir suas atividades no Brasil", afirmou a jornalistas o presidente da petrolífera norueguesa Statoil, Thore Kristiansen, logo após participar de lances que garantiram à companhia os direitos de explorar seis blocos na bacia do Espírito Santo.
Na mesma linha, o presidente da Shell no Brasil, André Araújo, afirmou que o leilão é "prova de que país está atrativo". A Shell, uma das maiores companhias globais do setor, ofereceu lances para seis áreas, nas bacias da Foz do Amazonas e Barreirinhas, mas não venceu nenhuma delas.
O resultado da licitação surpreendeu ainda pela força da OGX, do empresário Eike Batista, apesar da difícil situação de caixa da companhia. A OGX arrematou mais de 10 blocos, a maioria como operadora e alguns em parcerias, por mais de 370 milhões de reais, tendo apostado bastante na bacia do Ceará.
Ainda entre as brasileiras, outro destaque foi a Petra Energia. Ela ficou, por exemplo, com todos os blocos de um dos setores da bacia do Parnaíba.
A Petrobras, que sempre entrou com força em leilões de áreas de petróleo, desacelerou seu apetite por operação de blocos marítimos na 11a rodada, em meio a um orçamento comprometido por um robusto portfólio de campos do pré-sal e com a perspectiva de se tornar operadora única de áreas que serão ofertadas no leilão de partilha à frente.
Apesar disso, a estatal integrou o consórcio com a francesa Total e a britânica BP que fez o lance mais alto da rodada, por um bloco da promissora Foz do Amazonas, de 345,9 milhões de reais.
O presidente da Total no Brasil, Denis Palluat, afirmou que a grande aposta na Foz do Amazonas foi impulsionada, entre outros motivos, pela importante descoberta que realizou na Guiana em parceria com a Shell. A área fica próxima aos blocos arrematados no leilão desta terça-feira.
DISPUTA ACIRRADA
Mais de 60 companhias estavam habilitadas para o leilão. Segundo a ANP, 39 empresas de 12 países participaram, das quais 30 foram vencedoras --12 nacionais e 18 estrangeiras.
Chamou a atenção a grande concorrência na bacia do Foz do Amazonas, em região conhecida como margem equatorial. A semelhança geológica com a costa oeste africana --importante área petrolífera-- fez dessa área uma das mais valorizadas do leilão.
Somente com oito blocos do Foz do Amazonas, a ANP arrecadou em lances mais de 750 milhões de reai
Atualmente, a atividade de petróleo da bacia se resume a apenas dois blocos, ainda em fase de exploração, operados pela Petrobras. Não há área em etapa de produção.
Na bacia do Parnaíba, todos os blocos foram arrematados, uma situação rara em leilões da ANP. Descobertas de elevado potencial já foram realizadas nessa bacia, que tem área aproximada de 680 mil quilômetros quadrados e está distribuída entre Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia.
Desde janeiro de 2012, a ANP recebeu oito notificações de descobertas na bacia Do Parnaíba. A OGX já produz gás a partir do campo Gavião Real na região, e a extração tem apresentado bons resultados. Petrobras e BP também são operadoras na bacia.
Na bacia de Barreirinhas, a principal vencedora foi a BG, sozinha ou em consórcio. A OGX arrematou um bloco em águas profundas e outro em águas rasas nesta bacia. Pelo último, a petrolífera de Eike deu lance de 80 milhões de reais, mais de 130 vezes o valor mínimo de 588 mil reais.
Também surpreenderam os elevados lances pela bacia do Espírito Santo, com dois deles superando o patamar de 100 milhões de reais, feitos pela Petrobras em parceria com estrangeiras. A estatal brasileira, a Perenco e a Repsol já operam na bacia marítima do Espírito Santo, inclusive com produção de petróleo e gás natural.
O total arrematado na a rodada foi equivalente a 100 mil quilômetros quadrados, ou dois terços da área ofertada, e ajudará a elevar a área exploratória de petróleo e gás no Brasil, que vem recuando nos últimos anos como consequência da suspensão dos leilões no período.
Segundo a ANP, os 149 lotes de áreas de exploração e produção em terra e no mar que não atraíram interessados poderão ser relicitados no futuro.
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, Jeb Blount e Walter Brandimarte)
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Milagre econômico brasileiro (1969/1973)
Delfim Neto
O "milagre econômico brasileiro" é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico ocorrido durante o Regime militar no Brasil, também conhecido pelos oposicionistas como "anos de chumbo", especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. Nesse período áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurou-se um pensamento ufanista de "Brasil potência", que se evidencia com a conquista da terceira Copa do Mundo de Futebol em 1970 no México, e a criação do mote: "Brasil, ame-o ou deixe-o".
As três vitórias na Copa do Mundo ajudaram a manter no ar um clima de euforia generalizada, nunca antes vista, e daquilo que Elio Gaspari apelidou de "patriotadas". O Brasil cantava a canção Pra frente Brasil.
Foi um período paradoxal da História do Brasil. Ainda diz Elio Gaspari em sua obra A Ditadura Escancarada :
O Milagre Brasileiro e os Anos de Chumbo foram simultâneos. Ambos reais, co-existiam negando-se. Passados mais de trinta anos, continuam negando-se. Quem acha que houve um, não acredita (ou não gosta de admitir) que houve o outro.
Como se iniciou
Após o governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961, no qual o Brasil passou por acelerado crescimento econômico graças ao Plano de Metas - o programa "cinquenta anos em cinco" - que era baseado na política de substituição de importações sob a inspiração da CEPAL, e com a construção de Brasília, surgiu uma forte pressão inflacionária no País, já sentida no final do governo JK e que se agravou com a renúncia de Jânio Quadros e com os impasses institucionais que marcaram o período de João Goulart (1961-1964). Tais fatos fizeram com que se elevassem os défices do governo de tal forma que se formou uma forte inflação de demanda.
Logo após o Golpe Militar que se seguiu em abril de 1964, no início do governo Castelo Branco, foi criado um primeiro Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG , com dois objetivos básicos: formular políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas estruturais, que permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários causados pela política de substituição de importações e das dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico; o que requeria, agora, que fosse dado um segundo passo no processo: a expansão da então pequena indústria de base (siderurgia, energia, petroquímica) para evitar que o aumento da produção de bens industriais de consumo final, ampliada pela política de substituição de importações, provocasse um aumento insustentável nas importações brasileiras de insumos básicos, que a indústria nascente consumia de forma crescente.
Após um período inicial recessivo, de ajuste, que foi de março de 1964 até fins de 1967 - com a reorganização do sistema financeiro, a recuperação da capacidade fiscal do Estado e com uma maior estabilidade monetária - iniciou-se em 1968 um período de forte expansão econômica no Brasil.
De 1968 a 1973 o PIB brasileiro cresceu a uma taxa média acima de 10% ao ano, a inflação oscilou entre 15% e 20% ao ano e a construção civil cresceu, em média, 15% ao ano. Durante essa fase, o grande arquiteto e executor das políticas econômicas no Brasil foi Antônio Delfim Netto, que chegou a ser chamado de "super-ministro".
Em análises posteriores justifica-se esse grande crescimento afirmando que os mercados em que os investimentos se concentraram eram todos (usando a expressão inglesa) Green Field Market, ou seja, novas áreas para se investir. O mesmo ocorre nos dias atuais na República Popular da China. Mais do que uma consequência de política econômica bem planejada (apesar de muitas vezes pouco ética), o crescimento chinês é fruto do fato de muitos novos setores estarem se abrindo, possibilitando um rápido e vertiginoso aumento da atividade econômica.
O papel das estatais nesse processo
Delfim Netto.
Em 1967, assume o comando da economia Antônio Delfim Netto e seu interino José Flávio Pécora. Para Delfim, o PAEG teria provocado uma queda da demanda indesejada, causando recessão e redução do nível de empregos. Segundo Delfim, o desenvolvimento interno do mercado brasileiro poderia por si só gerar crescimento.[carece de fontes] Nesse contexto de recessão, o governo adotou medidas de inspiração keynesiana, aumentado o investimento nas empresas estatais, agora recapitalizadas graças à política da chamada verdade tarifária (isto é, fixação das tarifas sem influências políticas), que as tornavam lucrativas e competitivas - conceito esse que foi amplamente defendido pelos economistas e intelectuais brasileiros da época.
O Estado investiu muito na indústria pesada, siderurgia, petroquímica, construção naval e geração de energia hidrelétrica. O sucesso dessa política econômica logo se tornou evidente: o crescimento da produção de bens duráveis de consumo no Brasil daquele período alcançou a taxa média de 23,6% ao ano, e o de bens de capital 18,1%. As empresas estatais cresceram e, bem administradas, obtiveram lucros imensos.
"Obras Faraônicas"
Durante o Milagre Econômico, com intuito de romper a estagnação gerada pelo governo pós Juscelino Kubitschek e incentivar a integração nacional e o crescimento econômico, o governo militar impôs vários programas nas áreas de transportes, de energia e de estratégia militar . A imprensa na época, que com a atuação da censura vigente, não podia criticar diretamente o governo e chamou tais obras de "faraônicas" , aludindo a infraestruturas enormes e de pouca importância útil. Porém, ao longo dos anos, a maioria das obras, como Itaipu e a Ponte Rio-Niterói provaram-se importantes e necessárias. Mesmo com Itaipu o Brasil já sofreu com crises energéticas e a Ponte Rio-Niterói hoje se encontra em estado de saturamento máximo durante várias horas ao dia.
Programa nuclear brasileiro
Em 1972, é iniciada a construção de Angra 1 através da aquisição de um reator nuclear francês. Para os militares da época, o domínio da tecnologia nuclear era indispensável para soberania nacional, sendo que a construção da usina era o início para a obtenção de armas de destruição em massa secretamente.
Usina Hidrelétrica de Itaipu
Por meio de negociações com o Paraguai no início da década de 70 que pretendia melhorar os laços de cooperação entre os dois países e o aumento da capacidade de produção de eletricidade do país, a usina hidrelétrica é iniciada em 1975 e finalizada em 1982, sendo a maior usina hidrelétrica do país até a atualidade.
Integração econômica da Região Norte
Rodovia Transamazônica, Projeto Radambrasil e Zona Franca de Manaus
Visando a integração da Região Norte com o resto do país, o governo tomou uma série de medidas que permitiriam sua ocupação e desenvolvimento. Para isso, o antigo Projeto Radam fora retomado - cujo objetivo seria mapear e monitorar a vasta região amazônica - e uma zona especial de incentivo fiscal foi criada em Manaus, para romper com a estagnação econômica da cidade vivenciada na época. Também construiu-se uma extensa rodovia não-pavimentada, que partia do Nordeste e cruzava a maior parte da Amazônia Legal. Embora os dois primeiros projetos tenham apresentado grande importância para o país até hoje, a estrada não apresentou o objetivo esperado, devido às dificuldades em se mantê-la em um ambiente equatorial e devido a maior praticidade do transporte hidroviário na área.
Concentração de renda
Apesar do equilíbrio obtido nas contas externas, a dívida nacional cresceu exponencialmente nesse período, o que se tornou possível pelo elevado grau de liquidez internacional que então prevalecia. Os países produtores de petróleo, com a elevação ocorrida em seu preço a partir de 1971 e, sobretudo, após a crise do petróleo em 1974, dispunham de grande liquidez e estavam acumulando bilhões de dólares em seus caixas, que ofereciam, sob forma de empréstimos a juros relativamente baixos, aos países importadores de petróleo, seus clientes. O Brasil se utilizou amplamente desses financiamentos para consolidar seu crescimento e para aumentar suas reservas internacionais.
Esse forte crescimento econômico do Brasil, contribuiu, de forma paradoxal, para agravar ainda mais sua desigualdade sócio-econômica.
Como o Brasil necessitava - para crescer - de aumentar sua poupança interna, prevaleceu um conceito segundo o qual não se deveria adotar políticas econômicas de distribuição de renda já que as classes de renda mais elevada poupavam mais que as de baixa renda. Assim, segundo essa teoria, se a renda nacional fosse dirigida aos mais pobres, a poupança interna cairia (baseado no princípio econômico de que a propensão para consumir é maior nas classes de renda mais baixa).
Ficaram famosas as explicações dadas por Delfim na televisão, em que defendia: "É preciso primeiro aumentar o 'bolo' (da renda nacional), para depois reparti-lo".
Com isso adotou-se uma política salarial que os sindicatos apelidaram de "arrocho salarial". O salário mínimo real, apesar de cair menos do que no período entre 1964 e 1966, quando sofreu uma diminuição de 25%, baixou mais 15% entre 1967 e 1973.
Dessa forma, as vantagens do crescimento econômico não foram igualmente distribuídas pelas diversas camadas da população e ficaram concentradas, principalmente, nos capitalistas e nas classes sociais de renda mais alta. O salário mínimo continuou a ser achatado; graças à situação de "pleno emprego", que havia no período, os operários mais especializados conseguiram, na sua maioria, "descolar" seus salários do salário mínimo oficial e foram, assim, parcialmente beneficiados pelo crescimento econômico ocorrido.
A correção monetária das poupanças protegia, contra os efeitos da inflação, a classe média e média alta - que tinham contas bancárias - mas proteção não havia para as classes muito pobres, que viam seu dinheiro desvalorizar dia a dia nos seus bolsos. Isso provocava uma transfrência de renda das classes mais baixas para as mais altas, contribuindo para uma maior concentração de renda.
Os dados de 1970 mostram que os 5% mais ricos da população aumentaram sua participação na renda nacional em 9% (em relação a 1960) e detinham 36,3% da renda nacional. Já a faixa dos 80% mais pobres diminuíra sua participação em 8,7% no período, e ficara com 36,8% da renda.
Apesar do rápido crescimento econômico e da condição de pleno emprego que isso provocou, houve um "empobrecimento dos mais pobres": eles simplesmente não aumentaram sua renda, que era corroída em valor real pela inflação.
O crescimento econômico foi vigoroso: o consumo de energia elétrica crescia 10% ao ano10 , as montadoras de veículos produziram, em 1970, 307 mil carros de passeio, o triplo de 1964 . Os trabalhadores tinham em casa 4,58 milhões de televisores, contra 1,66 milhão em 1964.
Viveu-se um ciclo inédito de desenvolvimento no Brasil; o governo divulgava estes números na sua publicidade pela TV, e eles constituíam a viga mestra da política de sustentação publicitária do governo militar; criavam-se motes de "Brasil Potência", "Brasil Grande" e o mais famoso deles, "Brasil, ame-o ou deixe-o" ("slogan" amplamente divulgado, sob o patrocínio do Centro de Informações do Exército (CIE), que distribuía gratuitamente os adesivos nas cores verde-amarela, para serem exibidos, com orgulho, nos pára-choques de muitos carros particulares. Os opositores ao regime viam nesse mote mais uma "patriotada").
Segundo dados divulgados pelo IPEA Data, o coeficiente de Gini brasileiro era de 50,0 em 1960, tendo piorado para 57,0 em 1970 e para 62,0 em 1977, oscilando em torno desses números até hoje (2008), quando atingiu 52,0, o que revela uma lenta melhora, não tendo retomado aos patamares da década de 60.
Essa análise é correta quanto aos fatos mas é uma análise simplista dos acontecimentos no seu todo. Só comparar os coeficientes de Gini do início e do fim da fase de rápido crescimento econômico no Brasil distorce a compreensão do que realmente ocorreu nesse período. Embora tenha se tornado frequente repetir "ad nauseam" que "durante o milagre brasileiro não houve distribuição de renda", é preciso tentarmos entender como e por que esses índices não mudaram.
Não resta dúvida a ninguém que aqueles trabalhadores - e foram milhões - que conseguiram abandonar a propriedade rural onde trabalhavam - num regime muitas vezes degradante - e encontraram emprego formal na cidade - em algum ofício como, por exemplo, o de pedreiro na construção civil - passaram a viver muito melhor do que seus antepassados. Nesse sentido houve uma clara melhora de distribuição de renda, só tornada possível pela abertura dos novos postos de trabalho de maior produtividade, como consequência direta do crescimento econômico acelerado.
Ocorreu, durante todo o período do "Milagre Brasileiro", um dos maiores fluxos migratórios da história do país, com os trabalhadores rurais - que trabalhavam num regime arcaico e ineficiente, de baixa produtividade - sendo praticamente "expulsos" das propriedades rurais, onde viviam há gerações, em virtude da promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural de 1963, alterado em 1973.
Parte dessa imensa massa migratória foi absorvida pela indústria, sobretudo, mas não só de construção civil, mas também pelas indústrias pesadas que não exigiam escolaridade, e até mesmo pelo comércio. Mas parte considerável desse enorme contingente migratório habitou as favelas no entorno das grandes cidades, onde sua situação econômica, que já era precária, piorou ainda mais em relação à baixa escolaridade média e à estrutura ineficiente (quando não total ausência) dos serviços públicos. Se viviam com renda quase nula nas fazendas, agora convivem nas favelas com a pouca renda e com uma série de novos encargos monetários a arcar, aos quais não estavam habituados: têm que pagar pelo aluguel, água, luz, gás, transporte coletivo, etc.
O trabalho regular, "com carteira assinada", chegou a cobrir mais de 2/3 da população de São Paulo. O subemprego - os que trabalham nas ocupações de menor produtividade - sofreu queda marcante ao longo daqueles anos de crescimento. A mera transferência de contingentes expressivos de mão-de-obra ocupada na agricultura para empregos na indústria, na construção civil e nos serviços funcionais teve impacto significativo no grau de pobreza.
Cabe a nós nos indagarmos o que teria acontecido com o coeficiente de Gini no Brasil se a migração para as cidades não tivesse coincidido com um período de forte expansão da economia, em que pelo menos uma parte dos migrantes, expulsos do campo, encontrou emprego formal nas cidades.
Houve uma única tentativa do governo militar no sentido de cuidar do problema de distribuição de renda que, embora meritória, além de se revelar insuficiente atendia apenas à zona rural: em 1971 foi criado, pela Lei Complementar nº 11 de 25 de maio de 1971, durante o governo Médici, o Prorural, que concedia meio salário mínimo mensal a todo lavrador ou pequeno proprietário que completasse 65 anos.
O "milagre econômico" evidenciou a má distribuição de renda, conforme afirmado em O MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO de 30 de agosto de 2003, escrito por Carlos Frederico Pereira da Silva Gama: Em 1979, apenas 4% da população economicamente ativa do Rio de Janeiro e São Paulo ganha acima de dez salários mínimos. A maioria, 40%, recebe até três salários mínimos. Além disso, o valor real do salário mínimo cai drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse salário mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar os alimentos necessários à sua família. No final da década de 70 o número de horas necessárias passa para 153. No campo, a maior parte dos trabalhadores não recebe sequer o salário mínimo.
Este fenômeno de concentração de renda é uma consequência direta do próprio desenvolvimento econômico.
Para evitar que distorções indesejáveis na distribuição de renda tivessem ocorrido o governo precisaria ter adotado, deliberadamente, políticas econômicas específicas para corrigir a concentração de renda (o que não fez), sem as quais ela aumenta, naturalmente, ainda mais, durante os períodos de crescimento.
A concentração de renda no Brasil permaneceu praticamente inalterada - seus índices oscilando dentre as piores posições do mundo - durante as últimas quatro décadas. Uma análise desse problema, que perdura até os tempos atuais, se encontra no artigo sobre distribuição de renda.
Crescimento da miséria
Confirmando a premissa do parágrafo anterior, a miséria no Brasil também sofreu um bom incremento com as omissões da política de crescimento econômico adotada, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas:
A mortalidade infantil no estado mais rico da federação, São Paulo, teve um incremento da ordem de 10%.
Registrou-se o aterrador número de 600 mil menores abandonados na Grande São Paulo.
30 % dos municípios da federação não tinham abastecimento de água.
O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas. Um estudo do Banco Mundial, feito em 1976, mostrava que 70 milhões de brasileiros eram desnutridos ou subnutridos, cerca de 64,5% da população da época.
O fim do milagre
A partir de 1973 o crescimento da economia brasileira diminuiu e em 1974 ocorreu o primeiro choque do petróleo, quando seu preço foi elevado abruptamente de US$3,37 para US$11,25 por barril. A crise do petróleo provocou uma aceleração da taxa de inflação no mundo todo e principalmente no Brasil, onde passou de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. O crescimento diminuiu no período 1974-1979 passando a 6,5% em média; na época do "milagre" as taxas de crescimento eram, em média, superiores a 10% anuais, tendo alcançado picos de 13% anuais.
A balança comercial brasileira, a partir de 197415 , apresentou enormes défices causados principalmente pela importação de petróleo, que ultrapassaram os 4 bilhões de dólares ao ano. A capacidade de geração de divisas tornou-se insuficiente para sustentar o ritmo do crescimento. No final dessa década, a inflação chegou a 94,7% ao ano; em 1980 já era de aproximadamente 110 %, e em 1983 alcançou o patamar de 200%.
A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-econômica da ditadura militar brasileira, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anti-comunistas autoritários na América Latina.
A dívida externa brasileira chegou a US$ 90 bilhões. Para pagá-la, eram usados 90% da receita oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica que duraria até a década de 1990 e que tem como maior fruto o desemprego, que se agravou com o passar dos anos.
O "milagre econômico brasileiro" é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico ocorrido durante o Regime militar no Brasil, também conhecido pelos oposicionistas como "anos de chumbo", especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. Nesse período áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurou-se um pensamento ufanista de "Brasil potência", que se evidencia com a conquista da terceira Copa do Mundo de Futebol em 1970 no México, e a criação do mote: "Brasil, ame-o ou deixe-o".
As três vitórias na Copa do Mundo ajudaram a manter no ar um clima de euforia generalizada, nunca antes vista, e daquilo que Elio Gaspari apelidou de "patriotadas". O Brasil cantava a canção Pra frente Brasil.
Foi um período paradoxal da História do Brasil. Ainda diz Elio Gaspari em sua obra A Ditadura Escancarada :
O Milagre Brasileiro e os Anos de Chumbo foram simultâneos. Ambos reais, co-existiam negando-se. Passados mais de trinta anos, continuam negando-se. Quem acha que houve um, não acredita (ou não gosta de admitir) que houve o outro.
Como se iniciou
Após o governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961, no qual o Brasil passou por acelerado crescimento econômico graças ao Plano de Metas - o programa "cinquenta anos em cinco" - que era baseado na política de substituição de importações sob a inspiração da CEPAL, e com a construção de Brasília, surgiu uma forte pressão inflacionária no País, já sentida no final do governo JK e que se agravou com a renúncia de Jânio Quadros e com os impasses institucionais que marcaram o período de João Goulart (1961-1964). Tais fatos fizeram com que se elevassem os défices do governo de tal forma que se formou uma forte inflação de demanda.
Logo após o Golpe Militar que se seguiu em abril de 1964, no início do governo Castelo Branco, foi criado um primeiro Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG , com dois objetivos básicos: formular políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas estruturais, que permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários causados pela política de substituição de importações e das dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico; o que requeria, agora, que fosse dado um segundo passo no processo: a expansão da então pequena indústria de base (siderurgia, energia, petroquímica) para evitar que o aumento da produção de bens industriais de consumo final, ampliada pela política de substituição de importações, provocasse um aumento insustentável nas importações brasileiras de insumos básicos, que a indústria nascente consumia de forma crescente.
Após um período inicial recessivo, de ajuste, que foi de março de 1964 até fins de 1967 - com a reorganização do sistema financeiro, a recuperação da capacidade fiscal do Estado e com uma maior estabilidade monetária - iniciou-se em 1968 um período de forte expansão econômica no Brasil.
De 1968 a 1973 o PIB brasileiro cresceu a uma taxa média acima de 10% ao ano, a inflação oscilou entre 15% e 20% ao ano e a construção civil cresceu, em média, 15% ao ano. Durante essa fase, o grande arquiteto e executor das políticas econômicas no Brasil foi Antônio Delfim Netto, que chegou a ser chamado de "super-ministro".
Em análises posteriores justifica-se esse grande crescimento afirmando que os mercados em que os investimentos se concentraram eram todos (usando a expressão inglesa) Green Field Market, ou seja, novas áreas para se investir. O mesmo ocorre nos dias atuais na República Popular da China. Mais do que uma consequência de política econômica bem planejada (apesar de muitas vezes pouco ética), o crescimento chinês é fruto do fato de muitos novos setores estarem se abrindo, possibilitando um rápido e vertiginoso aumento da atividade econômica.
O papel das estatais nesse processo
Delfim Netto.
Em 1967, assume o comando da economia Antônio Delfim Netto e seu interino José Flávio Pécora. Para Delfim, o PAEG teria provocado uma queda da demanda indesejada, causando recessão e redução do nível de empregos. Segundo Delfim, o desenvolvimento interno do mercado brasileiro poderia por si só gerar crescimento.[carece de fontes] Nesse contexto de recessão, o governo adotou medidas de inspiração keynesiana, aumentado o investimento nas empresas estatais, agora recapitalizadas graças à política da chamada verdade tarifária (isto é, fixação das tarifas sem influências políticas), que as tornavam lucrativas e competitivas - conceito esse que foi amplamente defendido pelos economistas e intelectuais brasileiros da época.
O Estado investiu muito na indústria pesada, siderurgia, petroquímica, construção naval e geração de energia hidrelétrica. O sucesso dessa política econômica logo se tornou evidente: o crescimento da produção de bens duráveis de consumo no Brasil daquele período alcançou a taxa média de 23,6% ao ano, e o de bens de capital 18,1%. As empresas estatais cresceram e, bem administradas, obtiveram lucros imensos.
"Obras Faraônicas"
Durante o Milagre Econômico, com intuito de romper a estagnação gerada pelo governo pós Juscelino Kubitschek e incentivar a integração nacional e o crescimento econômico, o governo militar impôs vários programas nas áreas de transportes, de energia e de estratégia militar . A imprensa na época, que com a atuação da censura vigente, não podia criticar diretamente o governo e chamou tais obras de "faraônicas" , aludindo a infraestruturas enormes e de pouca importância útil. Porém, ao longo dos anos, a maioria das obras, como Itaipu e a Ponte Rio-Niterói provaram-se importantes e necessárias. Mesmo com Itaipu o Brasil já sofreu com crises energéticas e a Ponte Rio-Niterói hoje se encontra em estado de saturamento máximo durante várias horas ao dia.
Programa nuclear brasileiro
Em 1972, é iniciada a construção de Angra 1 através da aquisição de um reator nuclear francês. Para os militares da época, o domínio da tecnologia nuclear era indispensável para soberania nacional, sendo que a construção da usina era o início para a obtenção de armas de destruição em massa secretamente.
Usina Hidrelétrica de Itaipu
Por meio de negociações com o Paraguai no início da década de 70 que pretendia melhorar os laços de cooperação entre os dois países e o aumento da capacidade de produção de eletricidade do país, a usina hidrelétrica é iniciada em 1975 e finalizada em 1982, sendo a maior usina hidrelétrica do país até a atualidade.
Integração econômica da Região Norte
Rodovia Transamazônica, Projeto Radambrasil e Zona Franca de Manaus
Visando a integração da Região Norte com o resto do país, o governo tomou uma série de medidas que permitiriam sua ocupação e desenvolvimento. Para isso, o antigo Projeto Radam fora retomado - cujo objetivo seria mapear e monitorar a vasta região amazônica - e uma zona especial de incentivo fiscal foi criada em Manaus, para romper com a estagnação econômica da cidade vivenciada na época. Também construiu-se uma extensa rodovia não-pavimentada, que partia do Nordeste e cruzava a maior parte da Amazônia Legal. Embora os dois primeiros projetos tenham apresentado grande importância para o país até hoje, a estrada não apresentou o objetivo esperado, devido às dificuldades em se mantê-la em um ambiente equatorial e devido a maior praticidade do transporte hidroviário na área.
Concentração de renda
Apesar do equilíbrio obtido nas contas externas, a dívida nacional cresceu exponencialmente nesse período, o que se tornou possível pelo elevado grau de liquidez internacional que então prevalecia. Os países produtores de petróleo, com a elevação ocorrida em seu preço a partir de 1971 e, sobretudo, após a crise do petróleo em 1974, dispunham de grande liquidez e estavam acumulando bilhões de dólares em seus caixas, que ofereciam, sob forma de empréstimos a juros relativamente baixos, aos países importadores de petróleo, seus clientes. O Brasil se utilizou amplamente desses financiamentos para consolidar seu crescimento e para aumentar suas reservas internacionais.
Esse forte crescimento econômico do Brasil, contribuiu, de forma paradoxal, para agravar ainda mais sua desigualdade sócio-econômica.
Como o Brasil necessitava - para crescer - de aumentar sua poupança interna, prevaleceu um conceito segundo o qual não se deveria adotar políticas econômicas de distribuição de renda já que as classes de renda mais elevada poupavam mais que as de baixa renda. Assim, segundo essa teoria, se a renda nacional fosse dirigida aos mais pobres, a poupança interna cairia (baseado no princípio econômico de que a propensão para consumir é maior nas classes de renda mais baixa).
Ficaram famosas as explicações dadas por Delfim na televisão, em que defendia: "É preciso primeiro aumentar o 'bolo' (da renda nacional), para depois reparti-lo".
Com isso adotou-se uma política salarial que os sindicatos apelidaram de "arrocho salarial". O salário mínimo real, apesar de cair menos do que no período entre 1964 e 1966, quando sofreu uma diminuição de 25%, baixou mais 15% entre 1967 e 1973.
Dessa forma, as vantagens do crescimento econômico não foram igualmente distribuídas pelas diversas camadas da população e ficaram concentradas, principalmente, nos capitalistas e nas classes sociais de renda mais alta. O salário mínimo continuou a ser achatado; graças à situação de "pleno emprego", que havia no período, os operários mais especializados conseguiram, na sua maioria, "descolar" seus salários do salário mínimo oficial e foram, assim, parcialmente beneficiados pelo crescimento econômico ocorrido.
A correção monetária das poupanças protegia, contra os efeitos da inflação, a classe média e média alta - que tinham contas bancárias - mas proteção não havia para as classes muito pobres, que viam seu dinheiro desvalorizar dia a dia nos seus bolsos. Isso provocava uma transfrência de renda das classes mais baixas para as mais altas, contribuindo para uma maior concentração de renda.
Os dados de 1970 mostram que os 5% mais ricos da população aumentaram sua participação na renda nacional em 9% (em relação a 1960) e detinham 36,3% da renda nacional. Já a faixa dos 80% mais pobres diminuíra sua participação em 8,7% no período, e ficara com 36,8% da renda.
Apesar do rápido crescimento econômico e da condição de pleno emprego que isso provocou, houve um "empobrecimento dos mais pobres": eles simplesmente não aumentaram sua renda, que era corroída em valor real pela inflação.
O crescimento econômico foi vigoroso: o consumo de energia elétrica crescia 10% ao ano10 , as montadoras de veículos produziram, em 1970, 307 mil carros de passeio, o triplo de 1964 . Os trabalhadores tinham em casa 4,58 milhões de televisores, contra 1,66 milhão em 1964.
Viveu-se um ciclo inédito de desenvolvimento no Brasil; o governo divulgava estes números na sua publicidade pela TV, e eles constituíam a viga mestra da política de sustentação publicitária do governo militar; criavam-se motes de "Brasil Potência", "Brasil Grande" e o mais famoso deles, "Brasil, ame-o ou deixe-o" ("slogan" amplamente divulgado, sob o patrocínio do Centro de Informações do Exército (CIE), que distribuía gratuitamente os adesivos nas cores verde-amarela, para serem exibidos, com orgulho, nos pára-choques de muitos carros particulares. Os opositores ao regime viam nesse mote mais uma "patriotada").
Segundo dados divulgados pelo IPEA Data, o coeficiente de Gini brasileiro era de 50,0 em 1960, tendo piorado para 57,0 em 1970 e para 62,0 em 1977, oscilando em torno desses números até hoje (2008), quando atingiu 52,0, o que revela uma lenta melhora, não tendo retomado aos patamares da década de 60.
Essa análise é correta quanto aos fatos mas é uma análise simplista dos acontecimentos no seu todo. Só comparar os coeficientes de Gini do início e do fim da fase de rápido crescimento econômico no Brasil distorce a compreensão do que realmente ocorreu nesse período. Embora tenha se tornado frequente repetir "ad nauseam" que "durante o milagre brasileiro não houve distribuição de renda", é preciso tentarmos entender como e por que esses índices não mudaram.
Não resta dúvida a ninguém que aqueles trabalhadores - e foram milhões - que conseguiram abandonar a propriedade rural onde trabalhavam - num regime muitas vezes degradante - e encontraram emprego formal na cidade - em algum ofício como, por exemplo, o de pedreiro na construção civil - passaram a viver muito melhor do que seus antepassados. Nesse sentido houve uma clara melhora de distribuição de renda, só tornada possível pela abertura dos novos postos de trabalho de maior produtividade, como consequência direta do crescimento econômico acelerado.
Ocorreu, durante todo o período do "Milagre Brasileiro", um dos maiores fluxos migratórios da história do país, com os trabalhadores rurais - que trabalhavam num regime arcaico e ineficiente, de baixa produtividade - sendo praticamente "expulsos" das propriedades rurais, onde viviam há gerações, em virtude da promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural de 1963, alterado em 1973.
Parte dessa imensa massa migratória foi absorvida pela indústria, sobretudo, mas não só de construção civil, mas também pelas indústrias pesadas que não exigiam escolaridade, e até mesmo pelo comércio. Mas parte considerável desse enorme contingente migratório habitou as favelas no entorno das grandes cidades, onde sua situação econômica, que já era precária, piorou ainda mais em relação à baixa escolaridade média e à estrutura ineficiente (quando não total ausência) dos serviços públicos. Se viviam com renda quase nula nas fazendas, agora convivem nas favelas com a pouca renda e com uma série de novos encargos monetários a arcar, aos quais não estavam habituados: têm que pagar pelo aluguel, água, luz, gás, transporte coletivo, etc.
O trabalho regular, "com carteira assinada", chegou a cobrir mais de 2/3 da população de São Paulo. O subemprego - os que trabalham nas ocupações de menor produtividade - sofreu queda marcante ao longo daqueles anos de crescimento. A mera transferência de contingentes expressivos de mão-de-obra ocupada na agricultura para empregos na indústria, na construção civil e nos serviços funcionais teve impacto significativo no grau de pobreza.
Cabe a nós nos indagarmos o que teria acontecido com o coeficiente de Gini no Brasil se a migração para as cidades não tivesse coincidido com um período de forte expansão da economia, em que pelo menos uma parte dos migrantes, expulsos do campo, encontrou emprego formal nas cidades.
Houve uma única tentativa do governo militar no sentido de cuidar do problema de distribuição de renda que, embora meritória, além de se revelar insuficiente atendia apenas à zona rural: em 1971 foi criado, pela Lei Complementar nº 11 de 25 de maio de 1971, durante o governo Médici, o Prorural, que concedia meio salário mínimo mensal a todo lavrador ou pequeno proprietário que completasse 65 anos.
O "milagre econômico" evidenciou a má distribuição de renda, conforme afirmado em O MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO de 30 de agosto de 2003, escrito por Carlos Frederico Pereira da Silva Gama: Em 1979, apenas 4% da população economicamente ativa do Rio de Janeiro e São Paulo ganha acima de dez salários mínimos. A maioria, 40%, recebe até três salários mínimos. Além disso, o valor real do salário mínimo cai drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse salário mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar os alimentos necessários à sua família. No final da década de 70 o número de horas necessárias passa para 153. No campo, a maior parte dos trabalhadores não recebe sequer o salário mínimo.
Este fenômeno de concentração de renda é uma consequência direta do próprio desenvolvimento econômico.
Para evitar que distorções indesejáveis na distribuição de renda tivessem ocorrido o governo precisaria ter adotado, deliberadamente, políticas econômicas específicas para corrigir a concentração de renda (o que não fez), sem as quais ela aumenta, naturalmente, ainda mais, durante os períodos de crescimento.
A concentração de renda no Brasil permaneceu praticamente inalterada - seus índices oscilando dentre as piores posições do mundo - durante as últimas quatro décadas. Uma análise desse problema, que perdura até os tempos atuais, se encontra no artigo sobre distribuição de renda.
Crescimento da miséria
Confirmando a premissa do parágrafo anterior, a miséria no Brasil também sofreu um bom incremento com as omissões da política de crescimento econômico adotada, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas:
A mortalidade infantil no estado mais rico da federação, São Paulo, teve um incremento da ordem de 10%.
Registrou-se o aterrador número de 600 mil menores abandonados na Grande São Paulo.
30 % dos municípios da federação não tinham abastecimento de água.
O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas. Um estudo do Banco Mundial, feito em 1976, mostrava que 70 milhões de brasileiros eram desnutridos ou subnutridos, cerca de 64,5% da população da época.
O fim do milagre
A partir de 1973 o crescimento da economia brasileira diminuiu e em 1974 ocorreu o primeiro choque do petróleo, quando seu preço foi elevado abruptamente de US$3,37 para US$11,25 por barril. A crise do petróleo provocou uma aceleração da taxa de inflação no mundo todo e principalmente no Brasil, onde passou de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. O crescimento diminuiu no período 1974-1979 passando a 6,5% em média; na época do "milagre" as taxas de crescimento eram, em média, superiores a 10% anuais, tendo alcançado picos de 13% anuais.
A balança comercial brasileira, a partir de 197415 , apresentou enormes défices causados principalmente pela importação de petróleo, que ultrapassaram os 4 bilhões de dólares ao ano. A capacidade de geração de divisas tornou-se insuficiente para sustentar o ritmo do crescimento. No final dessa década, a inflação chegou a 94,7% ao ano; em 1980 já era de aproximadamente 110 %, e em 1983 alcançou o patamar de 200%.
A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-econômica da ditadura militar brasileira, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anti-comunistas autoritários na América Latina.
A dívida externa brasileira chegou a US$ 90 bilhões. Para pagá-la, eram usados 90% da receita oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica que duraria até a década de 1990 e que tem como maior fruto o desemprego, que se agravou com o passar dos anos.
Economistas elevam projeção de inflação a 5,80% em 2013 e 2014, diz BC
Por Camila Moreira
SÃO PAULO, 13 Mai (Reuters) - Após sinais de resistência da alta dos preços, economistas de instituições financeiras elevaram a perspectiva para a inflação neste ano e no próximo, mostrou a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira.
Tanto para este ano quanto para o próximo, a projeção para o IPCA foi elevada a 5,80 por cento, ante 5,71 por cento e 5,76 por cento, respectivamente, na semana anterior.
O Top 5 --instituições que mais acertam as projeções-- também elevou a estimativa para o IPCA neste ano para 5,81 por cento, ante 5,76 por cento anteriormente pela mediana e no médio prazo. Mas para 2014 a projeção foi reduzida a 5,40 por cento, ante 6,05 por cento no levantamento anterior.
A inflação ao consumidor brasileiro acelerou em abril a 0,55 por cento, acima da expectativa do mercado, influenciada pelos preços dos alimentos e dos remédios. Mas ao avançar a 6,49 por cento em 12 meses, voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo, de 6,5 por cento.
No Focus, a projeção para os próximos 12 meses foi reduzida a 5,57 por cento, ante 5,59 por cento anteriormente.
Com os fortes sinais de preços ainda pressionados, o governo veio à público para defender que a trajetória da inflação é de queda. Primeiro, foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentando que o governo está tomando as medidas para impedir o contágio da alta dos preços entre os setores da economia.
Na sexta-feira, foi a vez do presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmando que a entidade está vigilante e que fará o necessário para reduzir a inflação e, com isso, aumentar a confiança na economia brasileira.
O fato de os preços mostrarem-se persistentemente elevados vêm preocupando o governo, ao acontecer exatamente num momento de recuperação econômica frágil.
Ainda assim, os temores com a inflação levaram o Banco Central a iniciar mais um ciclo de aperto monetário no mês passado, elevando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 7,50 por cento ao ano.
No Focus, os economistas mantiveram pela terceira semana seguida a perspectiva de que a taxa básica de juros encerrará este ano a 8,25 por cento, mesmo nível esperado para o final de 2014.
No mercado futuro de juros, no entanto, as apostas de que a Selic irá a 8,50 por cento ao ano cresceram, apesar de ainda não serem maioria, justamente pela inflação ainda pressionada.
Para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), neste mês, os economistas também continuam vendo alta de 0,25 ponto percentual, para 7,75 por cento.
Entre o Top 5, também foi mantida a perspectiva de Selic a 8,25 por cento tanto para este ano quanto para 2014.
ATIVIDADE
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os economistas mantiveram a perspectiva de expansão de 3 por cento, acelerando para 3,5 por cento em 2014, conta também inalterada.
Entretanto, para a produção industrial, a perspectiva de crescimento neste ano foi elevada a 2,53 por cento, contra 2,39 por cento na pesquisa anterior. Para 2014, a projeção é de crescimento de 3,55 por cento, sem alteração ante a semana anterior.
O Focus mostrou ainda que os economistas elevaram ligeiramente suas contas sobre o câmbio no final deste ano após dez semanas sem alteração, com o dólar a 2,01 reais, ante 2,00 reais anteriormente.
Os analistas consultados também pioraram suas contas para o saldo da balança comercial e, neste ano, veem superávit de 9,05 bilhões de dólares, quase 1 bilhão de dólares a menos do que na semana anterior. Para 2014, as projeções caíram a 10,20 bilhões de dólares, ante 10,80 bilhões de dólares.
Com isso, mostrou o Focus, as expectativas sobre o déficit em conta corrente do país pioraram neste ano, a 70,05 bilhões de dólares, ante 70 bilhões de dólares.
domingo, 12 de maio de 2013
OEA pode cobrar o Brasil por matança entre índios
Não é só a guerra entre ruralistas e índios que preocupa as autoridades. A organização Pro-Vida de Brasília vai denunciar o governo brasileiro à Comissão de Direitos Humanos da OEA, por fazer vistas grossas à matança entre índios em rituais de sete etnias, em especial a Suruwaha, com tribos entre o Amazonas e Rondônia.
Os nativos enterram vivos recém-nascidos que consideram deficientes ou amaldiçoados, espancam idosas até a morte e promovem estupro coletivo com as meninas de 16 anos.
Há mais de um ano está engavetado em comissão da Câmara projeto do deputado Henrique Afonso (PV-AC) que autoriza intervenção de autoridades para salvar vítimas.
O deputado adotou três crianças indígenas deficientes, que seriam mortas nestes rituais. Um vídeo com cenas chocantes circula entre parlamentares, que se solidarizam.
Em Brasília, casa de apoio já acolhe 16 crianças que seriam sacrificadas. O Pro-Vida quer aproveitar a vinda do Papa Francisco para pedir a adesão do Vaticano à causa.
G7 avança com reformas bancárias, dá sinal verde ao Japão
Por William Schomberg
AYLESBURY, Inglaterra,11 Mai (Reuters) - As autoridades de finanças do G7, grupo das sete principais economias do mundo, concordaram no sábado avançar em medidas para lidar com os bancos em crise e deram luz verde aos esforços do Japão para estimular a sua economia.
O ministro das finanças britânico, George Osborne disse que a reunião entre os ministros das finanças e autoridades dos bancos centrais foi focada nas reformas bancárias inacabadas.
O resgate de emergência do Chipre, em março, funcionou como um lembrete da necessidade de concluir uma reforma do setor bancário, cinco anos depois do início da crise financeira mundial.
"É importante concluir rapidamente o nosso trabalho, para garantir que nenhum banco seja grande demais para escapar da falência," disse Osborne aos repórteres, depois de sediar uma reunião de dois dias numa mansão a 65 quilômetros de Londres.
"Devemos criar normas... para lidar com bancos em crise e para proteger os contribuintes. Precisamos fazer isso de uma forma global e consistente," ele disse.
Como em reuniões internacionais anteriores, o Japão escapou de qualquer censura por imprimir dinheiro numa escala que gerou uma forte queda do iene.
Osborne disse que o G7 - EUA, Alemanha, Japão, Grã Bretanha, Itália, França e Canadá - reafirmou que a política fiscal e monetária deve visar os problemas domésticos e não a manipulação da moeda.
"Não vamos visar as taxas de câmbio," disse Osborne no final da reunião em Hartwell House. "Eu diria que a declaração do G7 no início desse ano, foi uma declaração bem sucedida e que foi seguida."
Alguns países estão preocupados que Tóquio esteja planejando uma recuperação baseada nas exportações que poderá prejudicar a capacidade de crescimento de outras regiões.
O iene atingiu seu nível mais baixo em quatro anos em comparação ao dólar na sexta-feira, além da marca psicologicamente importante dos 100 ienes, impulsionada em parte pela migração dos investidores japoneses para títulos estrangeiros, um movimento que já era esperado, já que o Bank of Japan (Banco do Japão) anunciou um forte plano de resgate.
sábado, 11 de maio de 2013
Crise Econômica de 1929 EUA ( A Grande Depressão)
Presidente Franklin Delano Roosevelt
No início do século XX, os Estados Unidos viviam o seu período de prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a euforia, a economia norte-americana começou a passa por sérias dificuldades. Podemos identificar dois motivos que acarretaram a crise:
- O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego.
- A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas econômicas.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise.
A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.
Efeitos da crise
Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas, passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores.
A crise, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes.
New Deal a solução
Para solucionar o problema, modificações na política econômica tiveram que serem feitas em vários países visando combater os efeitos da crise. Nos EUA, quando o novo presidente, Franklin Delano Roosevelt, foi eleito em 1932, pelo partido democrata as medidas começaram a surtir efeito.
Com uma série de reformas antiliberais, com intensa intervenção do estado na economia, a situação foi se modificando. Esse conjunto de reformas foi denominado de "New Deal" (Nova Organização ou Novo Acordo) e se baseava nas proposta do economista inglês John Maynard Keynes. Essas medidas se resumiam em:
- Empréstimos ilimitados aos bancos para que pudessem disponibilizar uma linha de crédito controlado àqueles que tivessem em dificuldades e pudessem retornar ás atividades produtivas;
- Pagamento aos fazendeiros de uma indenização que cobrisse os prejuízos com a queima do excesso de produção. - Tinha por finalidade equilibrar a oferta de produtos fazendo assim os preços subirem;
- Auxilio aos Estados concedendo-lhes subsídios para que pudessem aumentar os salários dos empregados e criar um seguro-desemprego. Essa medida visava fortalecer o mercado consumidor;
- Controle da jornada de trabalho, fixando-se um salário mínimo, proibição do emprego de crianças e das horas-extras;
- Legalização dos sindicatos para que pudessem negociar contratos coletivos de trabalho;
- Promoção de um amplo programa de obras públicas (barragens, estradas, portos, hidrelétricas, habitação popular) para dar emprego á massa de desempregados;
- Ampliação e estatização do sistema de previdência social, ficando o governo responsável pelo amparo ao trabalhador em caso de invalidês, velhice e desemprego;
- Controle severo sobre os preços dos produtos; cobrança de taxas sobre bebidas e sobre outros produtos supérfluos;
Essas medidas levaram a criação do Estado que se caracterizava pela promoção do bem
estar social ou Welfare State.
Crise na zona do euro não é mais o principal risco para economia global
AYLESBURY, Inglaterra, 11 Mai (Reuters) - A crise da zona do euro não é mais o principal risco para a economia global, disse o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, neste sábado, acrescentando que "um nível relativamente elevado de liquidez" poderia causar problemas.
"É claro que tivemos particularmente intensas discussões com os nossos colegas japoneses ... nós dissemos a eles que já há consequências que podemos ver", disse após reunião do G7 Schaeuble.
Autoridades globais têm expressado preocupação com a possibilidade de o Japão arquitetar uma recuperação liderada pelas exportações. Além disso, temem também que um iene mais fraco poderia prejudicar a capacidade das outras regiões para crescer.
"Os ministros das Finanças disseram às autoridades dos bancos centrais de que estamos cada vez mais preocupados com o nível relativamente elevado de liquidez", disse Schaeuble.
Presidente do Bundesbank, banco central alemão, Jens Weidmann, reiterou que a política monetária não pode resolver problemas estruturais e disse que quanto maior o período de baixa taxa de juros, maiores são os riscos de estabilidade.
(Reportagem de Gernot Heller)
sexta-feira, 10 de maio de 2013
A Era Napoleônica
A Era Napoleônica foi um período revolucionário marcado por autoritarismo, centralização do poder e expansão territorial sob o comando de Napoleão Bonaparte. Nesse período, a sociedade francesa passava por uma série de revoluções internas provocadas pela insatisfação burguesa para com os jacobinos e ainda a monarquia européia temia a expansão das revoluções em seus reinos. Esse período foi dividido em três épocas:
Consulado
Após a queda do diretório, firmou-se um consulado republicano, centralizado e dirigido por militares. O poder executivo era mantido por três cônsules, mas Napoleão possuía mais poder e força que os demais nas decisões. Como primeiro cônsul Napoleão buscou ocultar o centralismo de seu poder criando novas instituições como o Senado, Tribunal, Poder Legislativo e o Conselho de Estado, mas todos estes ocultamente eram comandados por ele.
No período do consulado houve transformações na França. Na economia, a inflação foi reduzida pela criação do Banco da França bem como a regulamentação da moeda. Na religião, Napoleão fez um acordo com a Igreja, firmou o catolicismo como religião oficial enquanto teria o direito de escolher os bispos. Na educação, priorizou o ensino dos cidadãos franceses bem como a reorganização da estrutura de ensino. Para os cargos administrativos Napoleão indicou pessoas de sua confiança e ainda determinou um código civil, denominado Código Napoleônico, que beneficiava principalmente a burguesia.
Império
Nesse período, Napoleão tornou-se imperador mobilizando a opinião do povo no plebiscito ocorrido em 1804, a fim de restaurar a monarquia. Em 02 de dezembro de 1804, houve uma festa de coroação para Napoleão que contava com a presença do Papa Pio VII que se deslocou até a França para a festividade. Napoleão, para demonstrar sua superioridade sobre todas as pessoas, tomou a coroa das mãos do papa e se coroou e fez o mesmo com Josefina, sua esposa.
Em 1806 decretou o Bloqueio Continental que obrigava o fechamento de todos os portos ao comércio inglês para assim tornar a Inglaterra frágil economicamente. Em 1812, a Rússia deixou de considerar o bloqueio continental e passou a abrir os portos para a Inglaterra. Os europeus neste período se aliaram e conseguiram a abdicação de Napoleão.
A partir da coroação, Napoleão construiu grandes monumentos como forma de celebração de seu triunfo ao conquistar novos territórios. Em 1812, aproximadamente, já contava com quase toda a Europa Ocidental e Oriental conquistada.
Governo dos Cem Dias
Em 1814, os europeus fizeram valer o acordo confidencial firmado entre a França e Espanha, em 1807, chamado Tratado de Fontainebleau, exilando o imperador na Ilha de Elba. Um ano após o exílio, Napoleão fugiu e retornou à França com seu exército e reconquistou o poder iniciando o governo dos cem dias que se findou em 1815, quando foi derrotado na Batalha de Waterloo.
Ustra rebate acusações de mortes na ditadura e cita atuação de Dilma em grupo terrorista
Em um depoimento tumultuado, com bate-boca e gritaria, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 80, rebateu nesta sexta-feira (10), durante depoimento à Comissão Nacional da Verdade, acusações de tortura e de assassinatos durante a ditadura. Segundo ele, toda a ação do regime militar teve como objetivo proteger o país de uma ditadura de esquerda.
O ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo entre os anos de 1970 e 1974, auge da repressão violenta aos resistentes ao regime, ainda afirmou que a presidente Dilma Rousseff militou em organizações terroristas. Dilma fez parte de grupos marxistas de resistência armada à ditadura. Durante o período ela foi presa e torturada.
"Com muito orgulho, cumpri minha missão. Portanto, creio quem é que deve estar aqui não é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. É o Exército Brasileiro, que assumiu, por ordem do presidente da República, a ordem de combater o terrorismo e sob os quais eu cumpri todas as ordens, ordens legais, nenhuma ordem ilegal", disse. "Todas as organizações terroristas, e mais de 40 eram elas, em todos os seus programas está lá escrito claramente: o objetivo final é a instalação de uma ditadura do proletariado, do comunismo. [...] Inclusive nas quatro organizações terroristas que a nossa atual presidente da República [Dilma] pertenceu", afirmou ele, no primeiro depoimento público da comissão. O órgão que ele comandava era o principal centro de repressão do regime.
Sérgio Lima/Folhapress
Coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra durante depoimento público na Comissão Nacional da Verdade
Mesmo com uma decisão judicial que lhe dava o direito de não falar, Ustra fez uma defesa inicial e depois decidiu responder, muitas vezes aos gritos e batendo na mesa, diversas perguntas feitas pelos membros da comissão José Carlos Dias e Claudio Fonteles. A outras se manteve calado.
"Nunca cometi assassinatos, nunca ocultei cadáveres, sempre agi segundo a lei e a ordem. Não vou me entregar. Lutei, Lutei e lutei", disse batendo na mesa.
Ele chegou por uma porta lateral do auditório onde ocorreu o depoimento, de óculos escuros e usando uma bengala, acompanhado de seu advogado --que ficou ao seu lado durante todo o tempo.
O coronel reformado foi inquirido sobre casos específicos e de maneira geral sobre os casos de violações aos direitos humanos dos quais é acusado --ele responde diversas ações que tentam responsabilizá-los civilmente pelos fatos, uma vez que ele é beneficiário da Lei da Anistia e não pode ser imputado criminalmente.
Negou todas, como sempre fez nos últimos anos. Mas quando questionado sobre a existência do pau de arara e da "cadeira do dragão", nome dado a um aparelho para a aplicação de choques elétricos, preferiu não responder.
Questionado sobre estupros e corrupção no DOI, ele disse que era sim responsável por tudo o que ocorria dentro do órgão, mas jurou por Deus que esses crimes não ocorreram. "Isso nunca aconteceu. Digo em nome de Deus." Ustra também reiterou que os mortos foram mortos em combate.
O depoimento esquentou de vez quando Fonteles começou a perguntar. Ele citou um documento secreto produzido pelo próprio Exército, já conhecido, mostrando que durante a gestão de Ustra ao menos 50 pessoas morreram dentro do DOI, depois de presos.
Ustra se irritou ainda mais e disse que esse documento não prova que eles morreram dentro das instalações governamentais. Fonteles replicou com mais gritos, dizendo que o documento era claro.
"Você acha que eles eram anjinhos que foram mortos na prisão. Eles eram terroristas armados", gritou Ustra.
Fonteles propôs então uma acareação entre Ustra e o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV), que momentos antes dera um depoimento, na mesma sessão, dizendo que foi torturado com requintes de crueldade por Ustra.
Ustra se negou: "Eu não faço acareação com terrorista". Natalini, que estava na plateia, prontamente se levantou, apontou o dedo para Ustra e gritou: "Eu não sou terrorista. Terrorista é você!".
Neste momento, dois outros homens da plateia, que até então não tinham falado, se levantaram também e gritaram: "Terrorista pode falar? Se terrorista pode falar eu também quero falar!".
A gritaria, em tom de ameaça, se estendeu por alguns minutos. Fonteles teve de, aos gritos, mandar as pessoas se calarem e, poucos minnutos depois, encerrou o depoimento.
Os dois homens que defenderem Ustra acenaram para ele na saída. Um deles não quis se identificar, apesar da insistência de jornalistas. O outro era o general Rocha Paiva, que já deu diversas declarações contra a Comissão da Verdade.
Para Fonteles, o resultado do depoimento foi positivo. "É assim que funciona a democracia."
MARIVAL CHAVES
Mais cedo, antes do depoimento de Ustra e de Natalini, falou o ex-militar Marival Chaves, que trabalhou no DOI-Codi entre 1973 e 1976 --quatro meses sob o comando de Ustra.
Ele repetiu o que vem dizendo há 21 anos (sua primeira entrevista foi à revista "Veja" em 1992) e relatou que ocorriam rotineiramente torturas no DOI e Ustra sabia, além de participar delas.
Apesar de nunca ter presenciado sessões de sevícias, ele diz que elas eram assunto corriqueiro entre os funcionários. "Depois de cada episódio o público interno fervia."
Segundo ele, diversas pessoas morreram nas instalações do órgão, e esses crimes eram escamoteados "pelos chamados 'teatrinhos'": suicídios ou conflitos com a polícia forjados.
"Um capitão era o senhor da vida e da morte", afirmou sobre como as violações poderiam ocorrer.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Homero
Homero (em grego: Ὅμηρος, transl. Hómēros) foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
Os gregos antigos geralmente acreditavam que Homero era um indivíduo histórico, mas estudiosos modernos são céticos: nenhuma informação biográfica de confiança foi transmitida a partir da antiguidade clássica,1 e os próprios poemas manifestamente representam o culminar de muitos séculos de história contadas oralmente e um bem desenvolvido sistema já muitas vezes usado de composição poética. De acordo com Martin West, "Homero" não é "o nome de um poeta histórico, mas um nome fictício ou construído".
A data da existência de Homero foi controversa na antiguidade e não o é menos hoje. Heródoto disse que Homero viveu 400 anos antes de seu próprio tempo, o que o colocaria em torno de 850 a.C., mas outras fontes antigas deram datas muito mais próximas da suposta época da Guerra de Troia. A data da Guerra de Troia foi dada como 1194-1184 a.C. por Eratóstenes, que se esforçou para estabelecer uma cronologia científica dos eventos e esta data tem obtido apoio por causa de pesquisas arqueológicas mais recentes.[carece de fontes]
Para a ciência moderna, "a data de Homero" refere-se à data de concepção dos poemas tanto quanto à vida de um indivíduo. O consenso dos estudiosos é que "a Ilíada e a Odisseia datam dos últimos anos do século IX a.C., ou a partir do século VIII a.C., a Ilíada sendo anterior à Odisseia, talvez por algumas décadas", ou seja, um pouco mais cedo do que Hesíodo, e que a Ilíada é o trabalho mais antigo da literatura ocidental. Ao longo das últimas décadas, alguns estudiosos têm defendido uma data do século VII a.C. Aqueles que acreditam que os poemas homéricos desenvolveram-se gradualmente durante um longo período de tempo, entretanto, geralmente dão uma data posterior para os poemas: de acordo com Pausânias, os textos foram compilados na época do tirano ateniense Pisístrato ; de acordo com Gregory Nagy, tornaram-se textos fixos apenas no século VI a.C.
Alfred Heubeck afirma que a influência formativa dos trabalhos de Homero modelando e influenciando todo o desenvolvimento da cultura grega foi reconhecida por muitos dos próprios gregos, que o consideravam seu instrutor.
Além dessas duas grandes obras, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.
Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero (Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas.
Apesar de "Homero" ser um nome grego, atestado em regiões de fala eólica, nada de concreto se sabe sobre ele; entretanto, tradições surgiram pretendendo dar detalhes sobre o local de seu nascimento e seu contexto: o satírico Luciano, em sua fabulosa Verdadeira História, faz de Homero um Babilônio que assumiu o nome de Homero apenas quando tomado "refém" (homeros) pelos gregos. Quando o imperador Adriano perguntou ao oráculo de Delfos quem Homero era realmente, Pítia proclamou que ele era um ítaco, filho de Jocasta e Telêmaco, da Odisseia. Essas histórias proliferaram e foram incorporadas a um número de Vidas de Homero compiladas a partir do período alexandrino. A versão mais comum diz que Homero nasceu na região jônia da Ásia Menor, em Esmirna, ou na ilha de Quios, morrendo em Ios, nas ilhas Cíclades. A conexão com Esmirna parece ser em alusão a uma lenda que seu nome original era "Melesigenes" ("nascido no Meles", um rio que corria por essa cidade), e da ninfa Creteia. Evidências contidas em seus poemas dão algum apoio a esta versão: a familiaridade com a topografia da área do litoral da Ásia Menor é vista nos nomes dos locais e nos detalhes, e comparações evocativas do cenário local: as aves dos prados, na foz do Caister (Ilíada 2.459ff.), uma tempestade no mar e abisarque Ícaro (Ilíada 2.144ff.), e conhecimento sobre os ventos (Ilíada 2.394ff : 4.422ff: 9,5), ou que as mulheres tanto de Maeonia quanto de Caria tingem marfim com escarlate (Ilíada 4,142).
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