terça-feira, 21 de março de 2023

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 Figuras com obras dos pintores Simbolistas

1. Jovens Tatianas com flores de manga, Paul Gaugin

2. A Noite,1890, Ferdinand Hodler

3. Autorretrato com retrato de Gaugin, 1888, Émile Bernard

4. O Balão, 1870, Puvis de Chavannes

5. Jasão, 1865, Gustave Moreau

6. Moça no Trigal,  Eliseu Visconti, 1906


SIMBOLISMO

Corrente artística de timbre espiritualista que floresce na França, nas décadas de 1880 e 1890, o simbolismo encontra expressão nas mais variadas expressões artísticas, pensadas em estreita relação umas com as outras. O objetivo último das diferentes modalidades artísticas é a expressão da vida interior, da “alma das coisas”, que a linguagem poética – mais do que qualquer outra – permite alcançar, por detrás das aparências.


A poesia simbolista, de Gérard de Nerval (1808-1855) e Stéphane Mallarmé (1842-1898) por exemplo, sonda os mistérios do mundo e o universo inconsciente por meio de sugestões, do ritmo musical e do poder encantatório das palavras. Do mesmo modo, a força da pintura reside no poder evocativo das imagens. O seu fim é dar expressão visual ao que está oculto por meio da linha e da cor que, menos do que representar diretamente a realidade, exprimem ideias.


Os princípios orientadores do simbolismo encontram suporte teórico nas formulações do poeta Jean Moreás (1856-1910), autor do Manifesto do Simbolismo (1886), e no Tratado do Verbo, escrito no mesmo ano por René Ghil (1862-1925). Nos termos de Moreás, a arte deve ser pensada como fusão de elementos sensoriais e espirituais. Reagindo à sociedade industrial, os simbolistas se refugiam em sua torre de marfim, buscando uma beleza ideal e intocada. Desejando salvar o mundo do seu materialismo extremado, identificam-se com a natureza e a religião (Ocultismo, Espiritismo, Rosa-Cruz), buscando seus temas na Bíblia e na mitologia. Aproximam-se também dos Pré-Rafaelitas ingleses.


É conhecida a frase de Maurice Denis: “Antes de representar um cavalo de batalha, uma mulher nua ou uma anedota qualquer, um quadro é essencialmente uma superfície recoberta de cores dispostas em uma ordem determinada.” A pintura não era cópia da realidade, mas sim a sua transposição mágica, imaginativa e alegórica.


Em 1880, alguns escritores se manifestaram contra a falta de conteúdo espiritual da arte naturalista e a crítica que lhe fizeram depressa chegou às artes plásticas. Criticavam o objetivismo da realidade levado a cabo pelos realistas, impressionistas e pontilhistas. Apontavam uma ausência de profundidade espiritual e de uma ideia fundamental nas suas obras.Basearam-se nos estados emocionais e anímicos, angústias, sonhos e fantasias, afastando a arte da representação da natureza.


É possível compreender o simbolismo como uma reação ao cientificismo que acompanha o desenvolvimento da sociedade industrial da segunda metade do século 19. Contra as associações frequentes entre arte, objeto e técnica, e as inclinações naturalistas de parte da produção artística, os simbolistas sublinham um ideal estético amparado na expressão poética e lírica.


O simbolismo surge paralelamente ao neoimpressionismo de Georges Seurat e de Paul Signac, e se apresenta como mais uma tentativa de superação da pura visualidade defendida pelo impressionismo. Só que, enquanto Seurat e Signac fundam a pintura sobre leis científicas da visão, o simbolismo segue uma trilha espiritualista e anticientífica: a arte não representa a realidade mas revela, através de símbolos, uma realidade que escapa à consciência.


Se o impressionismo fornece sensações visuais, o simbolismo almeja apreender valores transcendentes – o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado – que se encontram situados no polo oposto a razão analítica. A arte visa a retomar a paixão, o sonho, a fantasia e o mistério, explorando um universo situado além das aparências sensíveis.


O simbolismo, ao contrário, mobiliza um imaginário povoado de símbolos religiosos, de imagens tiradas da natureza, de fantasias oníricas, de figuras femininas, dos temas da doença e da morte. A mulher, tema recorrente das obras simbolistas. Ao mesmo tempo musa, deusa, ninfa, adúltera, cortesã e prostituta. É cisne e serpente. Estes sentimentos contraditórios de sensualidade e ascetismo ganham em suas obras uma carga quase mágica ou hipnótica.


A composição se organiza de modo linear, em primeiro plano, com a composição se fechando em alvéolos ou em escorço. Como não se desenvolveu um estilo uniforme, é difícil dar uma definição que englobe todos os quadros, trata-se por isso de um conjunto de quadros elaborados por indivíduos distintos e de artistas que se demarcaram da pintura objetivista materializando as emoções e estados de alma.


Destacamos os artistas:


Paul Gauguin (1848-1903), depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887, entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século 20.


Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.


No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique.


Ferdinand Hodler (1853 – 1918) pintor suiço, recebeu aulas do  paisagista Ferdinand Sommer de 1868 a 1871, depois estudou na Escola de Belas Artes de Genebra em companhia do professor de desenho Barthélemy Menn,. Fez várias viagens durante sua juventude. Depois de entrar em contato com o simbolismo que imperava na França, ele definiu seu estilo e temática com alusão metafísica, existencialista e filosófica. Não é em vão, os estados oníricos, o peso da morte, os rituais ou os elementos alegóricos passaram a ser a identidade de sua obra. Consagrado desde 1890 como um dos autores simbolistas, através de sua obra “A Noite”. Uma obra escandalosa para a sociedade suíça da época. Representa o sono como prefiguração da morte, ao seu redor homens e mulheres dormindo abraçados, nos rostos estão representados autorretratos e retratos das mulheres que Hodler teve durante a vida: Augustine Dupin, companheira sentimental e mãe de seu filho, e Bertha Stucki, esposa de um curto e cansativo casamento, mas o presidente da Câmara de Genebra não conseguiu ver além dos corpos nus e excluiu-o da exposição.


Émile Bernard (1868 – 1941) pintor e escritor francês. Manteve amizade com os pintores Vincent van Gogh, Paul Gauguin, Eugène Boch e Paul Cézanne. O seu trabalho mais notável foi realizado em uma idade jovem, nos anos 1886 a 1897. Ele era associado com Cloisonnisme (Alveolismo) e o Sintetismo, dois movimentos artísticos do século 19. Suas obras literárias, como poesia e críticas de arte, são menos conhecidas. Iniciou seus estudos na Escola de Artes Decorativas. Em 1884 juntou-se ao Atelier Cormon onde ele experimentou com o impressionismo e pontilhismo e fez amizade com outros artistas Louis Anquetin e Henri de Toulouse-Lautrec. Depois de ser suspenso pela Escola de Belas Artes porque demostrava tendências expressivas em suas pinturas, ele visitou Bretanha a pé , onde ele se apaixonou pela paisagem. Em agosto 1886, Bernard conheceu Gauguin em Pont-Aven. Ele acreditava que o seu estilo de arte incentivou consideravelmente no desenvolvimento do estilo maduro de Gauguin.


Puvis de Chavannes (1824-1898) pintor francês. Realizou trabalhos de sucesso com decorações em edifícios públicos na Europa e nos Estados Unidos. Atraiu ao mesmo louvor tempo e críticas ferozes. Sua técnica favorita foi o óleo sobre tela, mas com uma característica que o fez muito especial, que foi a de simular o afresco. Organizava as obras sobre telas de grande formato que logo encobria as paredes. Sus temas eram inspirados na mitologia, história e literatura. As referências clássicas na sua forma de trabalhar foram inspiradas nos artistas que conheceu durante sua viajem para Itália. Se dedicou a simplificar o desenho e a aplicação das cores, trabalhava em grandes superfícies em um mesmo tom, alguns consideram antecipar-se à Paul Gauguin nesse quesito. Suas obras apresentam uma atmosfera de quietude. Parecem visões que vão além do tempo e do espaço.


Gustave Moreau (1826-1898) pintor francês. Começou como pintor realista, posteriormente, sob a influência dos impressionistas e pré-rafaelitas, evoluiu para uma pintura mais romântica e espiritual. Teve aulas de artes pelos mestres Chassériau e Picot em seus respectivos ateliês. Suas obras foram expostas pela primeira vez ao público e à crítica no Salão de 1852. Ele pregava que a inspiração nunca seria encontrada no objeto a ser pintado, pois ela seria única e exclusiva do pintor, ou seja, a obra seria executada a partir do que foi sentido por ele. Seus temas favoritos eram as cenas bíblicas, principalmente a história de Salomé, em moda no final do século 19, e as obras literárias clássicas. Mestre da cor, soube representar mulheres de uma beleza rara com traços de anjo e pele aveludada, cobertas apenas por ousadas transparências. A luz foi utilizada por Moreau para obter essa atmosfera ao mesmo tempo mística e mágica, que caracterizou a pintura simbolista.


SaibaMaisNo Brasil, o movimento simbolista influenciou a obra de pintores como Eliseu Visconti e Rodolfo Amoedo. O quadro “Recompensa de São Sebastião”, de Eliseu Visconti, medalha de ouro na Exposição Universal de Saint Louis, em 1904, é um exemplo da influência simbolista nas artes plásticas do Brasil.


COMO CITAR:

Para citar esta página do História das Artes como fonte de sua pesquisa utilize o texto abaixo:

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Simbolismo. História das Artes, 2023. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-19/simbolismo/>. Acesso em 21 Mar 2023. Todos os Direitos reservados: https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-19/simbolismo/

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